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Nome do(a) aluno (a): Flávia Helena do Espírito Santo

Matrícula: 21/0039191

Data: Fev-Mar. 2021

Referência bibliográfica: LÉVY, Pierre. A esfera semântica: Tomo 1: computação,


cognição, economia da informação. São Paulo: Annablume, 2014.

Sobre o(a) autor(a): Pierre Lévy é filósofo e sociólogo, graduado em História e


Mestre em História da Ciência pela Universidade de Sorbonne, em Paris. É PHD em
Comunicação e Sociologia e Ciências da Informação na mesma universidade. Seu foco
em pesquisa se dá na área de cibernética e inteligência artificial. Nomeado como
filósofo da informação, lecionou na Universidade de Quebec, no Canadá no campo da
comunicação digital e, posteriormente, retornou à França como professor de Ciências
Educacionais. Escreveu inúmeros livros nos campos da cyber cultura, conhecimento no
mundo digital, democratização da informação e metalinguagem.

Objetivo: O objetivo do autor é estudar o significado de natureza da informação e suas


camadas; partindo do pensamento humano e da formação da inteligência coletiva,
justificando filosoficamente e cientificamente a capacidade de comunicação e de
cognição, para o desenvolvimento da esfera do pensamento lógico e da metalinguagem
computacional.

Argumento central: O capítulo 2 do livro traz uma reflexão filosófica e científica a


respeito da organização da natureza baseada na noção de informação, bem como as
camadas de codificação da Natureza da Informação e seus desdobramentos para a
cultura humana e para o conhecimento científico. O autor aborda os conceitos que
caracterizam a informação e os processos de comunicação contemporâneos, abrindo
espaço para a compreensão das capacidades de comunicação do ser humano, assim
como a evolução cognitiva diante dos novos mecanismos informacionais.

Ideias principais: Lévy divide a natureza da informação em três esferas: os fenômenos,


ou seja, a forma subjetiva de capturar o tempo, o espaço, a matéria e a energia, aquilo
que se articula no ambiente biológico de interação, uma comunicação universal. Ao
meio está o “espírito humano” onde o indivíduo comunica suas memórias em uma “teia
funcional” formando uma inteligência coletiva. E por fim os símbolos, onde ocorre a
comunicação e manipulação simbólica, ou seja, mensagens significantes impulsionadas
por redes de transmissão, interfaces do pensamento humano. Segundo o autor essas
mensagens podem ter sistemas simbólicos distintos, com os mesmos significantes,
porém diferentes significados (P.81).

Todas as situações presentes se constroem com base em situações passadas


abrindo espaço para diferentes percepções que irão influenciar no futuro. Todo
indivíduo como ser social comunica suas experiências através de redes de memórias
partilhadas em suas comunidades. Essas memórias são desenvolvidas pelos símbolos, de
onde emergem sensações e ideias, formando um fenômeno significante. Não há
cognição sem afeto e nem conexão entre significante e significado sem um contexto
prático e o poder intensivo do pensar.

O autor busca compreender as fontes do paradigma informacional através das


inovações técnicas no campo da comunicação e da natureza informacional. Destaca-se
maneiras de moldar a informação através de símbolos (elemento particular, objeto
abstrato) e simbólicos (vários símbolos que compõem uma estrutura) usando como
exemplo a “linguagem geométrica” onde ocorre a descrição e codificação de um
“Sistema Simbólico” (P.84).

Nos anos 30 do séc. XX psiquiatras, médicos, matemáticos e engenheiros


começaram a desmaterializar e quantificar a informação através de programas e
ferramentas, surgindo a Teoria dos autômatos manipuladores de símbolos. Segundo
Shannon e Wiener, dedicados a quantificar a informação, para uma mensagem se
configurar em informação ela é acometida de uma improbabilidade decorrente da
memória ou do conhecimento prévio do receptor (P.89).

O autor busca compreender o conceito de informação baseando-se em duas


dimensões: forma e diferença. Segundo ele a forma está associada às noções de código,
transmissão, ruído e redundância. Os ruídos são imprevisíveis e sugerem
improbabilidade à informação, já a redundância, quanto maior, ou seja, menos
informação, melhor para preservar a forma. A diferença traduz-se em uma rede
semântica onde conceitos de operação, operador e transformação desempenham papéis
principais. Desta maneira, a informação pode atravessar o tempo e o espaço físico por
transmissão e/ou tradução de códigos (p.94)

Na abordagem de Lévy, a natureza informacional e seu universo de formas, está


associada à uma estrutura de camadas de codificação assim como a complexidade da
natureza nos campos da biologia, química e física.

“Em suma, a biologia estuda as formas orgânicas dos processos informacionais


em diferentes níveis de composição (células, tecidos, organismos propriamente ditos,
espécies e ecossistemas). No interior dos processos biológicos, importantes mecanismos
de leitura-escrita do texto genético garantem uma transcodificação entre memória
molecular e formas orgânicas bem como uma transmissão da memória genética entre
organismos da mesma linhagem. Os textos genéticos codificam - ou inscrevem - as
formas orgânicas na camada molecular onde eles emergem” (p.99).

“O sistema nervoso forma um ponto computacional entre a informação orgânica


e a informação fenomênica. De um lado da ponte, o sistema nervoso se enraíza no
mundo das formas biológicas, pois ele é composto por urna rede de células
estreitamente interconectadas onde se desenvolvem as dinâmicas de impulsões elétricas
e de descargas químicas. Além disso, o sistema nervoso se encontra em interação
contínua com o resto do organismo, bem como com o ambiente físico imediato. Do
outro lado da ponte, o sistema nervoso computa as dinâmicas de formas fenomênicas
que se desenvolvem na experiência sensório-motora e afetiva dos animais. Entre os dois
rios, o sistema nervoso traduz um no outro os processos orgânicos e a experiência
fenomênica ao longo de um circuito cognitivo auto-organizado. Ele codifica as formas
fenomênicas no mundo das formas orgânicas donde elas emergem” (p.102).

Ao caracterizar o último estágio da hierarquia informacional, o símbolo garante


a interface de duas camadas fenomênicas (significado e significante) mantendo-as
juntas. O significado é abstrato e sem sentido (depende do receptor), já o significante é
um conjunto de combinações fenomenológicas da língua. O autor ressalta que o
universo semântico compreende o conjunto dos conceitos – ou categorias abstratas - que
a cognição humana pode visar graças ao manejo dos sistemas simbólicos.
O homem, tendo a capacidade de reconhecer o sentido moral das coisas se difere
dos animais e recodifica as camadas informacionais. Lévy destaca a importância entre
diferenciação da linguagem (inerente ao ser humano) e da capacidade de reconhecer
signos ou comunicá-los.

Os processos informacionais são provenientes da produção e diferenciação de


formas simbólicas, pertencentes à natureza da informação. Nesses processos os
conhecimentos tradicionais e científicos são construções da camada pré-simbólica que
se codificam simbolicamente.

“Toda cultura depende do seu ambiente ecossistêmico e a inteligência coletiva


humana é impensável sem seu suporte somático e técnico. Assim, a natureza da
informação manifesta urna espécie de implicação recíproca das camadas simbólicas e
pré-simbólicas ao longo de um circuito autopoiético onde os fenômenos empíricos (de
um lado) e a inteligência reflexiva das comunidades humanas (de outro) emergem em
co- dependência” (P.116)

“Uma vez que os paradigmas científicos se sucedem no tempo, e claro que


nenhuns deles representa qualquer exterioridade estável da natureza material, que
contrastaria com o arbitrário e a variabilidade das convenções culturais. Em outros
termos, não existe mundo material objetivo que seja independente do contexto social,
cultural técnico que nos permite construí-lo e pensá-lo coletivamente” (P.117)

Referências:

Pontos de Leitura. Pierre Lévy, apresentação e bibliografia comentada. Ateliê de


Humanidades. Disponível em: <https://ateliedehumanidades.com/2020/12/19/pontos-
de-leitura-pierre-levy/>. Acesso em: 1 mar. 2022.

PENSAMENTO, FRONTEIRAS. Pierre Lévy. Fronteiras do Pensamento. Disponível


em: <https://www.fronteiras.com/conferencistas/pierre-levy>. Acesso em: 1 mar.
2022.

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