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Informação e Redundância
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Informação e Redundância
Os Quadros da Incerteza∗
António Fidalgo
Universidade da Beira Interior
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2 António Fidalgo
mento” são aqui utilizados. Cometer-se-ia o de significado e outra não tenha qualquer
erro de reduzir o cartesianismo a uma con- sentido, podem ser exactamente equivalen-
cepção patrimonial de conhecimento, o que tes.”2 Ou, dito de uma forma mais exacta, o
sabemos é aquilo de que já estamos certos, e “termo informação na teoria da comunicação
de o contrapor a uma concepção processual não respeita tanto ao que de facto se diz, mas
de informação, do que ainda não sabemos. como ao que poderia ser dito. Isto é, infor-
São, contudo, coisas distintas e não podem mação é uma medida da liberdade de escolha
ser contrapostas sem mais. Aliás, nada im- quando se selecciona uma mensagem.”3
pede de considerar que o processo cartesiano É claro agora que, perante o sentido proba-
de adquirir certezas é um processo informa- bilístico de informação, não é possível con-
tivo, pois que a incerteza é condição de no- trapor a certeza cartesiana do conhecimento
vos conhecimentos. Conhecer não seria re- à incerteza da informação, nem tão pouco
pisar o já sabido, mas em tornar o incerto e o associá-las. O conhecimento cartesiano é um
desconhecido em certo e conhecido. conhecimento substantivo, ou seja, um con-
Uma e outra posição estariam erradas, ou hecimento certo de algo bem determinado.
seja, tanto a contraposição como a com- As percepções claras e distintas que consitu-
paginação dos dois modelos descuram ou tem o conhecimento cartesiano são unidades
ignoram a especificidade radical da noção de repletas de significado.
informação na teoria matemática da comu- Ora, e esta é a tese que me proponho de-
nicação, especificidade essa que impede de fender aqui, a incerteza informativa e proba-
estabelecer quaisquer associações apressa- bilística tem como condição a certeza sub-
das entre os dois modelos. É que a certeza stantiva enquanto quadro de incerteza. Só
cartesiana é substantiva, isto é, tem-se a cer- tem sentido falar de incerteza probabilística
teza do conteúdo de uma percepção, ao passo se houver um quadro não infinito de possi-
que a certeza da teoria matemática da co- bilidades, quadro esse que é escolhido por
municação é de cariz meramente probabilí- razões já não probabilísticas, mas de con-
stico, não tendo minimamente em conta o teúdo ou de estratégia. Veremos que é esse
conteúdo ou o sentido da informação. o sentido essencial de redundância.
Weaver chama explicitamente a atenção
para o facto de o termo “informação” ser
2 Os bits de informação
usado num sentido muito especial e não de-
ver ser confundido com o seu sentido habi- Sendo a informação unicamente probabilí-
tual.1 De um ponto de vista probabilístico, stica, uma unidade de informação não é uma
“duas mensagens, uma das quais seja repleta mensagem, a percepção ou a intelecção de
1 2
Claude E. Shannon and Warren Weaver, The ibidem.
Mathematical Theory of Communication, Urbana and 3
- ibidem, p.8. No ensaio original, Shannon es-
Chicago, University of Illinois Press, (1949) 1963. creve que: “These semantic aspects of communica-
“The word information, in this theory, is used in a tion are irrelevant to the engineering problem. The
special sense that must not be confused with its or- significant aspect is that the actual message is one se-
dinary usage. In particular, information must not be lected from a set of possible messages”. Ibidem, p.
confused with meaning.”, pg. 8 31.
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