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PRINCÍPIOS DE IR

O conceito de informação e o de
Recuperação da Informação (IR)
Maria Manuel Borges
FLUC
e-mail: mmb@fl.uc.pt
A informação
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¨  O que é a informação?
¨  Informação e comunicação são sinónimas ou implicam-
se mutuamente?
¨  A informação é uma substância indefinida e etérea
ou um fenómeno cognoscível?
¤  Aresposta a esta questão tem implicações determinantes
na constituição da(s) Ciência(s) da Informação
¨  É algo de que há necessidade (útil) ou ultrapassa o
nível pragmático?
¨  A informação nasce, vive e morre. Porquê?
A informação
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¨  Olhar para a informação como uma “substância”


permite estudá-la matematicamente
¤  ateoria da informação de Shannon transforma-a numa
quantidade matemática correspondendo a uma alternativa
“sim”/”não”
¨  Isto significa a redução da complexidade a pares de
simples opostos (neomecanicismo cartesiano)
¨  A sua aplicabilidade está muito em voga com a
informática
¨  O seu valor reside no seu potencial de ser
transformada em conhecimento
O conhecimento
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¨  O conhecimento é a gestão estratégica da


informação em função de um fim
¤  Por
exemplo, tratamento de uma doença, invenção de
uma máquina, etc.
¨  Por outras palavras, é a informação interiorizada
com a capacidade de a usar
A sabedoria
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¨  A sabedoria é a gestão estratégico-ética do


conhecimento dentro da escala da vida individual
ou colectiva. Questões como “que escolhas fazer
para o futuro?”, “que fazer da nossa vida?”, etc.
¨  Isto significa que a sabedoria, estádio superior, é a
gestão do conhecimento em função de valores
O que é a informação?
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¨  “O espírito/cérebro estrutura e organiza


representações, isto é, produz uma imagem do real.
Essa produção é uma “tradução” e não uma
reprodução ou um reflexo. (...) Quer dizer que
devemos desconfiar do testemunho dos ‘nossos olhos’
porque não foram os nossos olhos que viram, foi sim o
nosso espírito por intermédio dos nossos olhos) (Morin,
1981, p. 16-17)
Redundância e ruído
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¨  Um acontecimento portador de informação é aquele


que ou põe termo a uma incerteza ou traz uma
novidade
¨  O que depende do já sabido é, na terminologia da

teoria da informação shannoniana, redundância


¨  Tudo o que surge em desordem, sem significado,
constitui ruído. Contudo, o que pode ser ruído para
um pode ser informação para outro e vice-versa
Definir a informação
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¨  A dificuldade na sua definição reside nisto: embora


possamos armazená-la usando vários tipos de
meios físicos, a informação em si não é física, é
abstracta (Keith Devlin)
¨  A informação não é física, mas será puramente

mental, isto é, abstracta?


Gestão da informação
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¨  O primeiro passo para uma efectiva gestão da


informação é perceber
¤  O que é a informação
¤  Como surge
¤  Como é transmitida
Informação e codificação
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¨  Para recuperar informação de uma representação


armazenada é necessário estar de posse das regras
da codificação
¨  Para calcular o custo real de qualquer informação é

necessário adicionar
¤  O custo na obtenção ou armazenamento da representação
¤  O custo da implementação do procedimento necessário
para recuperar essa informação a partir da representação
Informação e Informática
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¨  Os computadores e os sistemas de informação


trabalham exclusivamente com representações da
informação
Informação
=
Representação + convenções/constrangimentos
(que permitem configurar os objectos que representam ou armazenam a
informação
Informação e contexto
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¨  A chave para obter informação encontra-se sempre


no contexto, não na representação
¨  A informação não é algo intrínseco a um objecto, é

algo que lhe é atribuído por alguma forma de


processador de informação
¨  Barwise introduziu o termo “situação” para se
referir a qualquer ambiente ou contexto
Informação e contexto
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¨  Uma vez que a representação da informação é


sempre relativa a um contexto, para compreender a
informação é necessário compreender o contexto
¨  Diferentes contextos podem resultar na diferente

interpretação para o mesmo termo


¤  assituações equívocas são mais fáceis de acontecer em
outras situações que não a comunicação face-a-face onde o
contexto é partilhado
Informação e contexto
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¨  Os contextos podem ser leis, regras, convenções, leis


naturais e físicas, etc.
¨  O contexto relaciona a informação com a sua

representação
Informação e comunicação
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¨  Comunicação: 4 características-chave segundo


Devlin (1999b, p. 235):
¨  1. Significado

¨  2. Contexto ou situação

¨  3. Conhecimento cultural

¨  4. A estrutura da conversação
A atitude informacional
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¨  A cognição pode ser considerada como o processo


de adquirir informação e o raciocínio como o meio de
alargar a nossa reserva de informação, fazendo
derivar nova informação daquela já existente
¤  Porexemplo, a partir da observação de que o céu está
cheio de nuvens negras (cognição), podemos deduzir que há
fortes probabilidades de chover (raciocínio)
Compreender a informação
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¨  A informação só pode ser compreendida ao nível


de sistema. Para analisar o modo como a
informação flui num sistema é necessário:
1.  Identificar as situações críticas contextuais
2.  Identificar acerca do que versa a informação e o
que ela diz acerca daquela entidade
3.  Identificar os contextos que suportam a codificação
e a transmissão da informação
Compreender a informação
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¨  Uma das concepções erradas mais comuns sobre a


informação é confundi-la com a sua representação,
quer essa representação seja sob a forma de
palavras no papel, bits ou qualquer outra forma
Compreender a informação
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¨  Dizemos que “as bibliotecas estão cheias de


informação”.
¤  Elas estão é cheias de livros.
¨  “Mas os livros contêm informação”.
Compreender a informação
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¨  Os livros contêm páginas e nessas páginas há várias


marcas pequenas, linhas, curvas, pontos, etc., mas não
há informação
¨  A informação entra através da respectiva

codificação por meio dessas marcas nas páginas.


Estar codificada não é o mesmo que estar contida.
¨  As palavras não são a mesma coisa que as coisas a

que se referem, nem as frases


Compreender a informação
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¨  Como é possível que possamos armazenar e


processar informação de modo cada vez mais
eficiente, e, mesmo assim, tenhamos dificuldade em
definir a informação?
¨  Em parte, é porque não processamos nem
armazenamos informação; em vez disso,
armazenamos e processamos representações da
informação
¨  Um primeiro passo para tentar compreender a
informação é observar atentamente a forma como
ela pode ser representada
Definir a informação
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¨  “Whatever it is, information exists somewhere in between the physical world


around us and the mental world of human thoughts” (Devlin, 1999b, p. 23)

The information level

Mental world

Information

Physical world
A visão de Popper
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¨  Os 3 mundos de Popper
1.  O mundo dos corpos físicos
2.  O mundos dos estados ou processos mentais
3.  O mundos dos produtos da mente humana (que
pode incluir coisas físicas, tais como as esculturas,
pinturas desenhos e construções de Miguel Ângelo).
O conhecimento objectivo pertence a este mundo
(consiste em suposições, hipóteses ou teorias,
habitualmente publicados sob a forma de livros,
revistas ou palestras)
A visão de Popper
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Mundo dos
produtos
da mente
humana

Mundo dos
estados ou
processos
mentais

Mundo dos
corpos
físicos
Em suma
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Informação
(implica processadores)

Características O que não é


- Transmissão - Comunicação
- Reprodutibilidade - Conhecimento
- Invariância - Sabedoria
- Reinterpretação (reutilização) - A sua representação

Ciência da Informação

Evolução
- Documentação
- IR (Recuperação)
- ISR (Armazenamento e recuperação)

Informação registada
Criação, pesquisa, recuperação e uso

Informação é produzida por agentes


humanos

Estudo da estrutura da Informação


Referências bibliográficas
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¨  BATES, Marcia J. (2000) – The invisible substrate of information science. JASIS. Vol.
50, nº 12 (2000), p. 1043-1050.
¨  CUNHA, Isabel Férin (1997) – Contra a fragmentação: da Informação ao
Conhecimento. Leituras. ISSN 0873-7045. Nº 1 (1997), p. 75-83.
¨  DEVLIN, Keith (1999a) – Infosense: turning information into knowledge. New York: W.
H. Freeman. ISBN 0-7167-3484-2.
¨  DEVLIN, Keith (1999b) – Adeus Descartes: o fim da lógica e a procura de uma nova
cosmologia do pensamento. Mem Martins: Europa-América. (Fórum da Ciência; 41).
ISBN 972-1-04547-0
¨  MORIN, Edgar (1981) – As grandes questões do nosso tempo. 2ª ed. Lisboa:
Notícias.
¨  POPPER, Karl (1996) – O conhecimento e o problema corpo-mente. Lisboa: Ed. 70.
(Biblioteca de Filosofia Contemporânea; 224). ISBN 972-44-0961-9.
¨  WELLISCH, Hans (1972) – From Information Science to Informatics: a terminological
investigation. J. of Librarianship. Vol. 4, nº 3 (1972), p. 157-187.

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