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A LOGÍSTICA COMO FERRAMENTA ESTRATÉGICA

Rita de Cássia Souza Mota1

RESUMO

Este texto aborda a influência da utilização dos sistemas de informações logísticas nos processos de
gestão, e os seus impactos no auxílio à tomada de decisão e controle, bem como a redução dos
desperdícios. Partindo do pressuposto de que as empresas estão vivendo uma fase de instabilidade
econômica, percebe-se a necessidade de estudar fatores que podem tornar os seus processos mais
eficientes e eficazes. Realizou-se uma pesquisa bibliográfica, considerando as ponderações de
autores como BALLOU (2001), CALIXTO (2011) E CHRISTOPHER (1999), entre outros, procurando
estabelecer, de forma sintética, meios de manter viva a competitividade e de diminuir a distância
entre empresa e consumidor, tendo em vista que diante de um contexto de rápido crescimento e
mudanças tecnológicas, as organizações que conseguem se posicionar a frente ganham destaque
devido à agilidade em atender as ações do mercado e incorporar as inovações tecnológicas com
flexibilidade, conclui-se que a logística é uma ferramenta estratégica poderosa para a empresa.

Palavras-chave: Informação. Tecnologia. Gerenciamento. Competitividade.

Introdução

O presente trabalho tem como tema a logística como ferramenta estratégica,


sobre o enfoque de uma concepção moderna na busca pela competitividade e
sobrevivência, em um contexto de evolução tecnológica com consumidores mais
atentos e exigentes.

Nesta perspectiva, levantou-se questões que direcionaram este trabalho:


• Pode-se considerar a informação como um recurso na empresa?
• De que forma a utilização de novas tecnologias pode influenciar na
satisfação do cliente?
• Como a logística pode se tornar estratégica na busca pela
competitividade do mercado.
A cada dia que passa as empresas são obrigadas a aderir ou produzir maior
volume de inovações e provar a sua capacidade de adaptação e progressão. E
pode-se afirmar que em meio a essa competitividade, para uma empresa se

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Graduada em Bacharel em Administração pelo Centro Universitário UNIABEU (2012), instrutora de
processos administrativos e profissional de referência em tecnologias no SENAI.
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estabelecer no mercado, é necessário estar atento às tendências, identificar as


oportunidades e neutralizar as ameaças.
Segundo Ballou (2001, p. 39),

A seleção de uma boa estratégia logística exige muitos dos mesmos


processos criativos que o desenvolvimento de uma boa estratégia
corporativa. As abordagens inovadoras para a estratégia logística podem
oferecer uma vantagem competitiva.

Pode-se afirmar que a longevidade é uma tarefa desafiadora para as


empresas, com isso torna-se essencial a prática dos conceitos logísticos, a fim
aumentar a produtividade e reduzir custos e tempo, sem perder a qualidade.
Pretende-se com este trabalho estudar a importância do gerenciamento do
fluxo de informações e a sua relevância na prática de uma logística estratégica que
satisfaça o cliente de hoje.
Utilizou-se como recurso metodológico a pesquisa bibliográfica e artigo
científico divulgado no meio eletrônico.
O artigo foi embasado nos pontos de vista de autores como Ballou (2001, p.
39), Chiavenato (2004), Calixto (2011), Laudon e Laudon (2005), Santos, Oliva e
Grisi, (2008), Morgan (1996) e Dornier et al (2000).

DESENVOLVIMENTO

Antigamente as empresas eram únicas, porém com a globalização o mercado


passou a ser o mundo e os modelos que se baseiam em uma velha visão estão
passados e ficando para trás, e consequentemente não acompanham o
crescimento, não interagem com o ambiente ao seu redor.
Dornier et al (2000, p. 82-83) declara que:

A tendência rumo à economia mundial integrada e a arena competitiva


global está forçando as empresas a projetar produtos para um mercado
global e a racionalizar seus processos produtivos de forma a maximizar os
recursos corporativos. As empresas devem coordenar suas atividades
funcionais dentro de uma estratégia coerente que considere a natureza
global de seus negócios.

Entende-se o mundo atual como competitivo e dinâmico, onde os modelos de


gestão de outrora não mais atendem as novas exigências mercadológicas, percebe-
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se que as organizações modernas devem estar em constante movimento em busca


de melhores práticas de gestão.
No dizer de Darwin apud Chiavenato (2004, p. 560), “uma empresa é um
organismo vivo e para ele não são os mais fortes da espécie que sobrevivem, nem
os mais inteligentes, mas os que se adaptam melhor às mudanças ambientais”.
A colocação acima corrobora o entendimento da constante busca por
melhoria e movimentação no sentido de adaptar-se às novas exigências. E, não se
pode desprezar a velocidade em que as mudanças ocorrem criando novas
demandas mercadológicas e principalmente mudanças nos perfis dos consumidores.
É fato de que o perfil do consumidor atual é completamente diferente do
passado. Antigamente existia um grande percentual de clientes fiéis a uma
determinada marca, o cliente de hoje está mais exigente e tem uma variedade de
opções, a partir disso, percebe-se a necessidade de uma gestão empresarial que
busque pelas melhores práticas, com a finalidade de atendê-los e satisfazê-los.
Para Darwin apud Chiavenato (2004, p. 561), “não são as grandes
Organizações que engolem as pequenas, mostrando que tamanho não é
documento, pois segundo ele, são as Organizações mais ágeis de qualquer
tamanho que quebram as pernas das Organizações mais lerdas de qualquer
tamanho”.
Sabe-se que ao mesmo tempo em que o mundo se torna mais complexo e
interconectado, as empresas sob o ponto de vista prático devem acompanhar a
mesma tendência de avanço. Ressalta-se que essa tendência de avanço é no
sentido de multiplicidade quanto à capacidade de atrair atenção para o seu produto
ou serviço e não de seguir um padrão contínuo.
De acordo com Ferreira, Santos, Oliva e Grisi (2008, p. 6) “Dos 13 milhões de
empreendimentos analisados pelo GEM (2001), 85 % não tinham condições de
expansão no mercado, não usavam tecnologia de ponta e não ofertavam produtos
inovadores, o que representa um baixo nível de competitividade e, portanto,
comprometendo a capacidade de sobrevivência no longo prazo”.
Morgan (1996, p. 48) afirma que:

Quando se reconhece que os indivíduos, os grupos e as organizações têm


necessidades que devem ser satisfeitas, a atenção volta-se invariavelmente
para o fato de que isto depende de um ambiente mais amplo a fim de
garantir várias formas de sobrevivência.
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Com isso pode-se comparar as organizações a organismos, portanto as


mesmas devem estar abertas as mudanças que ocorrem em seu meio ambiente,
caso queiram crescer, pois adaptação e aprendizagem são os ingredientes básicos
das organizações bem sucedidas que atualmente são vistas como sistemas e estão
sujeitas as pressões internas e externas, e precisam ser amortecidas para que os
sistemas possam retornar ao equilíbrio por meio de mudanças incrementais, porém
para que essas mudanças ocorram é necessário buscar novas formas e parceria
com seus colaboradores para melhorar o resultado, pois a razão de ser de uma
organização deve ser: produzir resultados, seja criando, desenvolvendo ou
projetando, para acima de tudo satisfazer o consumidor.
Para satisfazer o consumidor é necessário oferecer o produto com o melhor
preço e com a qualidade que ele espera, no momento em que ele necessita, e para
isso torna-se necessário a prática de uma logística organizacional como ferramenta
estratégica, com a finalidade de tornar os seus processos eficientes e eficazes a fim
de corrigir os gargalos, aumentar a produtividade e reduzir custos desnecessários,
tornando os processos mais enxutos, sejam eles no que diz respeito a produtos ou
serviços.
Christopher (1999, p.02) define que:

Logística é o processo de gerenciar estrategicamente a aquisição,


movimentação e armazenagem de materiais, peças e produtos acabados (e
os fluxos de informações correlatas) através da organização e seus canais de
marketing, de modo a poder maximizar as lucratividades presente e futura,
através do atendimento de produtos a baixo custo.
.
Partindo desse princípio, entende-se que a logística, torna-se de suma
importância para a competitividade e sobrevivência da organização, diante do
conceito de que a logística não deve ser apenas um assunto vital nas empresas,
mas que deve ser acima de tudo considerada como prática essencial a ser
desenvolvida na realidade de qualquer organização e nessa perspectiva acredita-se
que a empresa de hoje deve utilizar a logística para ultrapassar as barreiras do
conhecimento do dia a dia e adequar-se ao crescimento da sociedade, sendo
inovadora, crítica e criativa, ou seja, sendo uma articuladora flexível e previsível,
pois os contextos econômicos e ambientais geram riscos e oportunidades e podem
mudar o resultado de cada empresa.
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O GERENCIAMENTO DO FLUXO DE INFORMAÇÕES

Segundo Ballou (2001, p. 39), “uma estratégica para o planejamento logístico


tem três objetivos: redução dos custos variáveis de movimentação e armazenagem,
redução de capital investido nos estoques das empresas e melhorias no serviço ao
cliente”.
Porém acredita-se que para fazer um planejamento eficiente, é necessário
entender a importância da informação, um recurso não palpável, que é sustentáculo
para o desenvolvimento e aperfeiçoamento da estratégia logística, através do seu
gerenciamento.
Segundo Calixto (2011, p. 27) “a informação tornou-se um recurso
fundamental para o processo de uma organização, através dela é possível reagir
aos problemas, antecipar ações, reduzir custos e aumentar a eficiência de uma
empresa”.
Ressalta-se que antigamente as empresas consumiam um volume enorme de
papel, porque a gestão do fluxo de informações era realizada desta forma, e como
consequência as informações circulavam mais lentamente, o custo com papel era
maior, eram mais sujeitas as falhas e propensas a erros, porém o mundo vive a era
da informação, onde as empresas devem utilizar os recursos da mesma, buscando
tecnologias que auxiliem nessa gestão.
Martins e Campos (2012, p. 37) afirmam que:

A gestão do fluxo de informações passa a ter um caráter estratégico na


obtenção da vantagem competitiva, objetivo final de qualquer empresa. A
melhoria da eficácia da utilização da informação passa a ser preocupação
de todos os colaboradores e não somente da alta gerência ou do pessoal da
informática.

A utilização da tecnologia da informação tornou-se vital, porque além de


auxiliar no controle do gerenciamento das atividades planejadas, ela integra as
informações e dá subsídio para a tomada de decisão, contribuindo para a redução
de desperdícios e o aumento da satisfação do cliente, tanto no que se refere a
melhor preço, menor tempo e qualidade, porém é importante ressaltar que não basta
investir em tecnologia da informação e simplesmente possuí-la, é necessário saber
utilizá-la em uma visão estratégica, com o objetivo de reduzir custos operacionais e
aumentar a eficiência nos processos e a competitividade no mercado.
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Laudon e Laudon (2005, p. 9) definem:

Os Sistemas de Informação (SI) como um conjunto de componentes inter-


relacionados que coletam, recuperam, processam, armazenam e distribuem
informações destinadas a apoiar a tomada de decisões, a coordenação e o
controle de uma organização.

Considera-se com isso, que os sistemas de informação atuam como elos,


integrando as informações e oferecendo dados e ou relatórios, que auxiliam no
controle do gerenciamento das atividades, que consequentemente permite uma
melhor análise dos grandes causadores de desperdícios e oferece suporte para a
tomada de decisão.
É relevante ressaltar que o gerenciamento do fluxo de informações torna o
processo mais enxuto, aumenta a produtividade e reduz os custos desnecessários,
com as atividades que não agregam valor, processos com gargalos, produtos
defeituosos, lead time extenso, transporte de produtos sem roteirização e
superprodução, que eleva o número de produtos em estoque, podendo tornar o
negócio insustentável, e isso se dá devido à falta de um planejamento eficiente e um
controle gerencial eficaz, que são fatores fundamentais na logística.
Em toda a cadeia de suprimento a informação circula como uma via de mão
dupla, ou seja, ela se estende desde o fornecedor até o cliente, e desde o cliente ao
fornecedor, tornando-se com isso, primordial para a gestão estratégica da empresa
na tomada de decisão, pois se podem tomar decisões a partir da demanda e da
resposta do cliente e com isso obter aumento de produtividade e vantagem
competitiva, ao mesmo tempo em que quando essa informação vai em direção ao
cliente, pode-se considerar uma forma de satisfazê-lo, pois uma gestão eficiente da
informação pode ser uma aliada na fidelização do cliente e consequentemente na
fortificação do relacionamento e crescimento da marca, e, além disso, entende-se
também que a utilização da tecnologia da informação (TI), amplia as dimensões
competitivas estratégicas da empresa, pois permite a unicidade de dados, aumenta
a velocidade operacional e reduz a distância entre fornecedor e cliente e vice versa,
através da disponibilidade do produto, da programação de entrega, da resposta
eficiente ao consumidor, ou disponibilidade da informação para que o cliente seja um
usuário da informação.
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CONCLUSÃO

Atualmente a empresa vive em um mercado competitivo, onde vence quem se


adapta melhor as mudanças, e além dessa competitividade vive-se em um contexto
de instabilidade econômica onde a empresa pode ter as pernas quebradas a
qualquer momento.
Nesse cenário, utilizar os conceitos logísticos e ultrapassar as barreiras do
conhecimento na prática diária, através do gerenciamento do fluxo das informações,
e buscar meios de enxugar os processos e de reduzir os grandes causadores de
desperdícios no ambiente organizacional passou a ser questão não de só de
competitividade, mas também de sobrevivência.
Diante disso, pode-se concluir que uma empresa que busca ter longevidade e
crescimento, deve fazer o gerenciamento da informação de uma forma eficiente,
utilizando para isso as tecnologias da informação no gerenciamento das mesmas,
tendo em vista que a logística é uma poderosa ferramenta estratégica que se bem
gerenciada reduz os custos, enxugando processos desnecessários, diminuindo o
lead time e a distância entre fornecedor e cliente, cumprindo com isso os propósitos
logísticos no que se refere a ter o produto certo, no momento certo, e com a
qualidade esperada pelo cliente, visando sempre a sua satisfação.

REFERÊNCIAS

BALLOU, R. H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: planejamento,


organização e logística empresarial, 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.

CHIAVENATO, I. Introdução à Teoria Geral da administração. 7.ed.Rev. e atual. Rio


de Janeiro: Elsevier, 2004.

CHRISTOPHER, Martin. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. São


Paulo: Pioneira, 1999.

DORNIER, P.; ERNST, R.; FENDER, M.; KOUVELIS, P. Logística e Operações


Globais. São Paulo: Atlas, 2000.

FERREIRA, L. F. F. ; OLIVA, Fábio Lotti ; SANTOS, Silvio Aparecido dos ; GRISI,


Celso Cláudio de Hildebrand. Fatores Associados à Mortalidade Precoce de Micro e
Pequenas Empresas da Cidade de São Paulo. EnANPAD. Disponível em
www.anpad.org.br/admin/pdf/ESO-C727.PDF. Acesso em 12 de abril de 2015.
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LAUDON, J. P.; LAUDON, K.C.; Sistemas de Informações Gerenciais. 7.ed. São


Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.

MARTINS, P. G.; CAMPOS, P. R. A. Administração de Recursos Patrimoniais. São


Paulo: Saraiva, 2000.

MORGAN, Gareth. Imagens da organização. São Paulo: Atlas, 1996.

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