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ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA
METALÚRGICA E DE MATERIAIS
PMT 3110
Introdução à Ciência dos Materiais para
Engenharia

EGF
2

COMPORTAMENTO
MECÂNICO DOS MATERIAIS –
PARTE - 1

EGF
3

Propriedades no estado sólido

Físicas Mecânicas
sem modificação com modificação
 Propriedades Elétricas  Resistência à tração e
(condutividade elétrica, compressão;
resistividade elétrica, etc.)  Resistência a flexão transversal;
 Propriedades Magnéticas  Resistência ao impacto;
(permeabilidade magnética;
 Resistência à fadiga, à fluência;
força coercitiva, indução
magnética, etc.) pode haver modificação  Dureza;
 Propriedades Térmicas  Plasticidade/ductilidade e
(condutividade térmica; dilatação tenacidade;
térmica, etc.)  Entre outras
 Propriedades Óticas
(transparência; índice de
refração, etc.)
EGF
4

Normas para determinação das propriedades


 Para determinar as propriedades de um material são
realizados ensaios específicos para cada propriedade.
 O procedimento de cada ensaio é descrito em normas
técnicas nacionais e internacionais tais como:
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ASTM – American Society for Testing and Materials
ISO – International Standard Organization
DIN – Deutsche Industrie Normen
 A geometria das amostras a serem ensaiadas (corpos de prova) e as
condições técnicas de condução de cada ensaio são descritas
nestas normas técnicas.
 Para a busca de materiais dentro de uma faixa da propriedade, uma
consulta pode ser feita no http://www.matweb.com/
EGF
5

Conceitos de Tensão e Deformação


O comportamento mecânico de um material reflete a sua
resposta (ou deformação) a uma carga (ou tensão) aplicada.
 Tensão (stress) – é uma medida da intensidade de forças
internas atuando dentro de um corpo deformável,
consequente de forças externas que causam uma
deformação relativa neste corpo.
 Ela mede a força média por unidade de área e, portanto, a sua
dimensão corresponde àquela da pressão.

 = (em Pa ou ⁄  )


Onde: σ = tensão mecânica; F = força normal; A = área transversal a força;


Pa = Unidade pascal; N= newton.

EGF
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Conceitos de Tensão e Deformação


 Deformação (deformation) – em ciência dos materiais, é a
mudança na forma, ou dimensão, de um corpo, devido a
uma força aplicada ou mudança de temperatura.
Ela pode ser:
 Elástica – Não é permanente
 Isto é, ela desaparece quando a tensão aplicada é retirada.
 Ela é reversível, sendo resultado da ação de forças conservativas.
 Plástica – É permanente
 Isto é, ela permanece após a tensão aplicada ser retirada.
 Ela é irreversível, sendo acompanhada por deslocamentos atômicos
permanentes nos metais, ou deslizamentos das cadeias
moleculares, quando uma força é aplicada a um polímero não-
reticulado.

EGF
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FORMAS DE APLICAR TENSÃO


Tração Compressão Torção
Fn
Fn A1
A0 A0 A1 T

r
l0 l
l0 l T

Fn
Fn

Onde:
Fn – força normal ou perpendicular; A0 – área da seção transversal original;
A1 – área após a deformação
l0 – comprimento inicial; l – comprimento final
T – torque; r – raio;  – ângulo de torção
EGF
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FORMAS DE APLICAÇÃO DE TENSÃO

Cisalhamento Flexão
A Ft
Fn

Ft

Onde:
Fn – força normal; Ft – força tangencial ou cisalhante
A – área;  – ângulo de cisalhamento

EGF
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Ensaio de tração
 Os corpos de prova utilizados nos ensaios de tração podem ter
diferentes formas e dimensões.
 As medidas de força são feitas com uma célula de carga.
 As medidas de deformação são feitas com um extensômetro, ou
diretamente sobre o corpo de prova.

CORPOS DE PROVA

Metais

Polímeros
MÁQUINA DE ENSAIO

EGF
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Máquina Universal de Testes

Extensômetros (strain gauge)

Mecânico Vídeo
Extensômetro

EGF
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Deformação de alongamento (strain)


 No ensaio de tração, ela é relativa ao alongamento sofrido
quando aplicada uma tensão, e é uma medida normalizada.
 Ela representa o deslocamento entre as partes de um corpo em
relação a um comprimento de inicial.

 −  ∆
= = (adimensional)
 

 Embora adimensional, algumas vezes aparece como m/m ou


polegada/polegada e, também, na forma percentual.

 Onde: ԑ = deformação a tração (alongamento); l0 = comprimento


inicial; l = comprimento final.
EGF
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Curva Tensão - Deformação


 =  ⁄ A1 Alongamento (z)
 =  −  ⁄ = ∆ ⁄
A0
Fn
Onde:  = tensão de engenharia
F = força perpendicular a área z
l0 l y
A0 = área da seção transversal original
 = deformação de engenharia x
l0 = comprimento inicial
l = comprimento final Fn
d0 = diâmetro inicial
Contração (x e y)
d = diâmetro final
 Em materiais isotrópicos  =  são deformações compressivas
(negativas e laterais) que são relacionadas à deformação axial e
positiva ( ) resultando no coeficiente de Poisson ().
 
 = −( ) = −( ) ∴  =  = (! − ! )/!
 
EGF
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Curva Tensão - Deformação


Comportamento Elástico
LRT
Descarregamento

TENSÃO ()
LE  E
TENSÃO ()

Inclinação = E
LP  P

 =#∙
Carregamento

DEFORMAÇÃO ()

0,2% u T
DEFORMAÇÃO ()
E – Módulo de Elasticidade ou
O ponto P corresponde ao LIMITE DE Módulo de Young ou
PROPORCIONALIDADE (LP). Módulo de Rigidez
A deformação a partir do ponto P é
plástica, e antes do ponto P é elástica. Análogo a Lei de Hooke
(ver anexo)
EGF
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Elasticidade
 É a capacidade de um material de retornar a seu formato
original quando a carga que causou a deformação é
removida.
 É uma característica encontrada em todos os materiais sob
deformação, seja por tração ou por compressão.
 É um fenômeno complexo e deve ser abordado sob vários
aspectos.
 Depende
 da natureza química do material,
 da temperatura, e
 da velocidade de deformação (d/dt).

EGF
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Deformação Elástica
 É aquela que mantém uma proporcionalidade entre a
tensão () e a deformação ().
 No gráfico de  x , o coeficiente angular da região de
proporcionalidade destas variáveis é o módulo de
elasticidade (E).
 O módulo de elasticidade expressa a resistência do material a
deformação elástica.
 O módulo de elasticidade pode ser correlacionado com a rigidez.
• Maior o valor de E, mais rígido o material e, para uma determinada tensão,
menor é a deformação sofrida pelo material.

EGF
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Comportamento elástico não linear


 Alguns materiais não apresentam uma região elástica linear
no gráfico tensão versus deformação.
 Exemplo: ferro fundido cinzento, concreto, alguns polímeros.
 Modos usados para definir o
módulo elástico não linear:
 Módulo secante – é a inclinação
de uma secante desenhada a
partir da origem da curva  x  até
um determinado valor de tensão
(1) ou deformação.
 Módulo tangente – é a inclinação
de um valor específico de tensão
(2) na curva  x .

EGF
17

Módulo elástico e a
Resistência à separação de átomos adjacentes
 O módulo de elasticidade representa uma medida da
intensidade das forças de ligação interatômicas.
 É uma medida da resistência à separação de átomos adjacentes.
 O módulo de
Valor de E alto elasticidade é
Átomos proporcional ao
fortemente ligados
valor da derivada
E
dF/dr no ponto
Força (F)

r = r0 .
Separação
Valor de E baixo Interatômica (r)

Átomos
fracamente ligados

EGF
18

Módulo elástico e a
Resistência à separação de átomos adjacentes
 Em uma escala atômica, a deformação elástica
macroscópica é manifestada como pequenas alterações no
espaçamento interatômico e na extensão de ligações
interatômicas.
 Para a maioria dos materiais metálicos, as deformações
elásticas ocorrem até deformações de ~ 0,5%.
 Quando as deformações ultrapassam o limite de
proporcionalidade, a relação entre a tensão e a deformação
deixa de ser linear (lei de Hooke), produzindo-se uma
deformação permanente chamada deformação plástica.

EGF
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Transição Elástico - Plástico


 Na prática, muitas vezes é difícil definir a posição do limite
de proporcionalidade (LP) (ponto P) com precisão.
 Assim, geralmente se
LRT
M define uma tensão
limite de escoamento
(LE) (Yield Strength)
LE E
F que é a tensão
LP P necessária para se
produzir uma
pequena quantidade
TENSÃO ()

de deformação
plástica.

0,2% u T
DEFORMAÇÃO ()

EGF
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Limite de Escoamento (LE)


 Para os metais, o ponto do LE (E) corresponde à linha
paralela a zona elástica na deformação de engenharia
 = 0,002 = 0,2%.
Elástico Plástico

LE = y y
E

P
TENSÃO ()

DEFORMAÇÃO ()

0,002

EGF
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Comportamento Plástico (Região I)


 O ponto M corresponde ao limite de resistência a tração
(LRT) que é a tensão máxima atingida durante o ensaio.
 A deformação (u) no
M ponto M corresponde ao
LRT
valor máximo de  com
LE E alongamento uniforme.
F
 Deformações maiores que
LP P
u ocorrem com estricção
(empescoçamento).
TENSÃO ()

u T
0,2% DEFORMAÇÃO ()

EGF
22

Um pedaço de arame recozido de aço baixo carbono tem 2 mm


de diâmetro, limite de escoamento 210 MPa e módulo de
elasticidade 207 GPa. Pergunta-se:
a) Se uma garota de 54 kg se dependura neste arame, ocorrerá
deformação plástica no arame?

=

.
Massa do corpo = 54 kg  % =  ∙ &⃗ = 54*& ∙ 9,8 0 = 529,2 N
/
(que é o peso do corpo ou força peso)
Arame = 2 mm de diâmetro 
 = 2 ∙ 3  = 3,14 ∙ 1078   = 3,14 ∙ 1079 
529,2
= = 168.535.031,85  = 168,5<%=
3,14 ∙ 10 
79  
 Como o limite de escoamento é de 210MPa, portanto não
haverá deformação plástica, mas somente a deformação
elástica.
EGF
23

Um pedaço de arame recozido de aço baixo carbono tem 2 mm


de diâmetro, limite de escoamento 210 MPa e módulo de
elasticidade 207 GPa. Pergunta-se:
b) Se for possível, calcule o alongamento porcentual do arame
com a garota dependurada.
 168,5<%= 168,5<%=
 =#∙ ∴ = = = = 8 ∙ 107? = 0,08%
# 207>%= 207000<%=
c) O que aconteceria se o arame fosse de cobre (limite de
escoamento = 70 MPa; limite de resistência = 220 MPa e módulo
de elasticidade = 115 GPa)?
 A tensão que a massa da moça provoca no arame de aço é de
168,5MPa. Então, mudando para um arame de cobre com
limite de escoamento menor, ou seja, de 70MPa, significa que
haverá deformação plástica. Por outro lado, se a resistência do
arame de cobre é de 220MPa, significa que ele só se deforma,
mas não rompe. Como sofreu deformação plástica, não há
condições de quanto deformou.
EGF
24

Recuperação Elástica e Encruamento


 O material com limite de
yi
escoamento em yo é
tracionado até D.
y0
 Após o descarregamento
DESCARREGA
sofre uma recuperação
TENSÃO

elástica.
 Quando recarregado,
apresentará um limite de
escoamento maior (yi) por
RECARREGA ter sofrido encruamento.

DEFORMAÇÃO

Recuperação da
deformação elástica
EGF
25

Recuperação Elástica e Encruamento


 Encruamento é o aumento
yi
na dureza, e na resistência
mecânica de um metal dúctil,
y0 a medida em que ele passa
DESCARREGA
por uma deformação
TENSÃO

plástica, em temperatura
abaixo de sua temperatura
de recristalização.

RECARREGA

DEFORMAÇÃO

Recuperação da
deformação elástica
EGF
26

Comportamento Plástico (Região II)


 A fratura ocorre no ponto F.
 A deformação na fratura corresponde ao alongamento total
(T).
M
LRT

LE E
F

LP P
TENSÃO ()

u T
0,2% DEFORMAÇÃO ()

EGF
27

NO CHAT
Na curva tensão de engenharia versus deformação de
engenharia temos no ponto M o máximo de resistência e não no
ponto F quando o material se rompe. Por que?

A
M
Porque  = e a partir do
LRT
B
ponto M a área transversal
LE E
F diminui, mas o cálculo da
LP P tensão continua com o valor
da área inicial.
TENSÃO ()

u T
0,2% DEFORMAÇÃO ()

EGF
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Curva Tensão Real - Deformação Real


 A curva Tensão Real X Deformação Real “Corrigida” leva
em consideração a existência de um estado tensão-
deformação diferenciado na região de empescoçamento.
 Observe que a curva real não tem um máximo no ponto M’.
 Assim, as equações de tensão
e deformação de engenharia
são válidas apenas até o início
Real do empescoçamento (pontos
M e M’).
Corrigida  Tensão e deformação reais
Tensão

D
C = ln = ln 1 + 

Engenharia


C = = 1+
D
Deformação
EGF
29

Curva Tensão Real - Deformação Real


Analisando o corpo de prova ao iniciar o empescoçamento
Deformação de engenharia () é dada por:
A0 AN  = F −  ⁄ 
F
Se for feita várias medidas instantâneas do
comprimento ( ) até a deformação final (F )
l0 lN tem-se o valor real a cada instante; assim, a
deformação real (C ) resulta da seguinte
somatória:
F
F G −   − G F − F7G D − D7G
C = + + ⋯+ =J
H G F7G D7G
DKG
Quando N é muito grande em vez se somatória, integra-se:
NO
! F
C = L = M = ln( + 1)
NP  

EGF
30

Curva Tensão Real - Deformação Real


Tensão de engenharia () é dada por:
 =  ⁄
A0 AN
F Se for feita várias medidas instantâneas a
área será função do tempo [A=f(t)].
l0 lN Se supõe-se o volume constante, então
 ∙  =  ∙  ∴  =  ∙  ⁄
a tensão real (C ) será dada por:
F
    + ∆
C = = = = 1+
   

EGF
31

Curva corrigida para estricção


Iniciada a estricção, a deformação não é mais uniforme e o estado de tensões
nesta região não é uniaxial, mas triaxial.
Existem várias abordagens para calcular a tensão, depois deste ponto.
Uma delas (para corpos de prova cilíndricos) é a
de Bridgman, que faz algumas hipóteses
simplificadoras:
a) O contorno do pescoço é circular e permanece assim
durante a deformação;
R b) As deformações permanecem constantes ao longo de
cada seção; não é envolvida tensão de cisalhamento
c) O critério de escoamento de von Mises (você o
estudará em Resistência dos Materiais) é válido na
a tensão axial região de pescoço.
QHRR = .ST ⁄ 1 + 2 U ⁄= ∙ ln 1 + =⁄2U
mámima
Distribuição de
tensão axial tensão axial
verdadeira média
Distribuição de Para corpos de prova com seções retangulares, o
tensão radial Tensão verdadeira
ou tangencial em tensão uniaxial problema é ainda mais complexo!
Choung, J. M.; Cho, S. R. Journal of Mechanical Science and Technology 22(2008)1039-1051

EGF
32

Cisalhamento
 A tensão cisalhante atua tangencialmente a superfície (Ft=
força tangencial ou cisalhante).

V
y y
/ =
x Ft 
D C D’ C’ ∆X
W= = tan [


h
/
A B A’ B’
>=
x Ft x W

 Onde,  é a deformação cisalhante; x é o deslocamento; h é a altura


entre lâminas; e G o módulo de cisalhamento.

EGF
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Tipos de módulos em função da deformação sofrida

Tipo de Módulo
Tensão Deformação
deformação elástico

Tração  = F/A  = C/C E = t/

Compressão P = F/A c = V/V+V K = P/c

Cisalhamento s = F/A  = x/h = tan  G = s / 

EGF
34

Correlação entre módulos elásticos


 As diferentes letras para nominar o módulo elástico
conforme o tipo de deformação se deve ao fato que ele
varia em função da deformação.
 Para os materiais isotópicos existe a seguinte relação entre
os módulos.
# = 2> 1 +  = 3\(1 − 2)

 Onde,  é a razão de Poisson, a qual é uma constante que relaciona


a mudança nas dimensões de uma amostra de material quando ela é
deformada. E, G e K são os módulos de elasticidade em tração,
cisalhamento e compressão, respectivamente
 Para muitos metais: G ~ 0,4 E.

EGF
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OUTRAS INFORMAÇÕES
DA CURVA  X 

EGF
36

Resiliência
 Capacidade do material absorver energia quando é
deformado elasticamente e ter esta energia recuperada
após a retirada da carga.
 O módulo de resiliência é a
energia de deformação por
unidade de volume até o
limite de proporcionalidade
da curva  x .
 Ele equivale a área abaixo
da curva até este limite.
 Onde, E = Deformação elástica
total; P = Deformação plástica
total.

EGF
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Ductilidade
 É a medida do grau de deformação plástica que foi mantida
na fratura.
 Essa medida pode ser expressa nos seguintes modos, os
quais resultam em valores diferentes:
 Porcentagem de alongamento
^ − 
%] = ∙ 100

 Porcentagem da redução da área
 − ^
%U = ∙ 100

 Onde, ^ e ^ são o comprimento e a área transversal na fratura,
respectivamente

EGF
38

Tenacidade
 Há vários modos de indicá-la e uma delas é através dos
testes de tração.
 Corresponde a medida da
frágil quantidade de energia
dúctil
absorvida até a fratura e é
indicada pela área total sob
a curva tensão-deformação
 em tração.
 Tenacidade = área sob a
curva
 recuperação elástica ( )


EGF
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Curvas de Tração de Materiais Frágeis


Materiais Cerâmicos
 Ensaio de difícil execução em materiais cerâmicos devido:

 À característica fratura frágil.


 À elevada resistência mecânica.
 À dificuldade de fixar a amostra na
máquina de testes sem introduzir trincas
Alumina
Tensão (MPa)

que mascarem o resultado real do ensaio.


 À dificuldade na preparação da amostra.
 Às falhas a baixas deformações (0,1%),
requerendo um bom alinhamento dos
corpos de prova para evitar tensões de
Vidro flexão.

Deformação

Callister 8ª ed. Cap. 12

EGF
40

Ensaio de flexão com carregamento em três pontos


Seção Transversal

Retangular

Suporte Circular

<∙_
=
`
• M = momento fletor
M c l  máximo
a ! 3a
• c = distância do centro do
b! 8 corpo de prova a
Retangular
4 2 12 2b!  superfície
a 2U ? a
• I = momento de Inércia
Circular R • F = carga aplicada
4 4 2U 8
EGF
41

CURVAS DE TRAÇÃO DE MATERIAIS POLIMÉRICOS

Frágil
• Módulo elástico varia de  10
MPa a 4 GPa (metais de ~ 50
- 400 GPa).
Tensão (σ)

Dúctil
• Resistência a tração de ~ 10 -
100 MPa (metais de centenas
de MPa a vários GPa).
Elastômero
• Alongamento pode chegar
até 1000% ( metais < 100%)

Deformação ()

EGF
42

Curva tensão x deformação de um polímero


semicristalino Região cristalina

Região amorfa

Limite da deformação
Deformação elástica ou de
elástica não escoamento
linear
Tensão (σ)

Alinhamento das
cadeias poliméricas -
reforço

Deformação Empescoçamento Deformação plástica


elástica linear
Deformação ()
EGF
43

Deformação elástica e plástica de um polímero


semicristalino
DEFORMAÇÃO ELÁSTICA
 O mecanismo básico da deformação elástica é o
alongamento (alinhamento) da cadeia macromolecular na
direção da tensão aplicada.

 O módulo elástico é definido pelas propriedades elásticas


das regiões amorfas e cristalinas e pela microestrutura.
DEFORMAÇÃO PLÁSTICA
 É definida pela interação entre as regiões cristalina e
amorfa e é parcialmente reversível.

EGF
44

Estágios da deformação plástica em polímeros


1. Alongamento das cadeias amorfas.
2. Os cristalitos lamelares se deslocam em direção ao eixo
de tração.
3. Separação de
Estrutura segmentos de
inicial blocos cristalinos.
4. Estiramento de
cristalitos e regiões
amorfas ao longo do
eixo de tração.

EGF
45

Efeito da Temperatura sobre as


Curvas Tensão - Deformação

Ferro Acetato de celulose

EGF
46

Efeito da Temperatura sobre as


Curvas Tensão - Deformação
 A temperatura aumenta a amplitude de vibração (dos
átomos ou das macromoléculas) e rotação
(macromoléculas).
 Ela favorece uma maior facilidade de movimentação das
discordâncias (metais) e deslizamentos (macromoléculas).
 Portanto:
c ↗ ⟹ S ↘ g, ↗

 Aplicações: conformação mecânica de materiais metálicos,


poliméricos e cerâmicos (vidros).

EGF
47

Efeito da Temperatura sobre as


Curvas Tensão - Deformação
Exemplo
 Variação do limite de escoamento (e) e do alongamento na
fratura (f) com a temperatura, para o alumínio AA1100.

EGF
48

Dureza
 O ensaio consiste na aplicação de uma
carga conhecida através de um
penetrador de geometria definida, e na
medição da área da impressão
produzida na superfície do corpo de
prova.
 É um ensaio de grande importância
tecnológica (controle de qualidade).
 Dureza, ao contrário do limite de
escoamento e da tenacidade à fratura,
não é um parâmetro característico do
material (depende da máquina, da
carga, do tipo de penetrador, etc…).
EGF
49

Dureza
 É uma propriedade mecânica que está ligada à resistência
que um material apresenta ao risco ou à formação de uma
marca permanente quando pressionado por outro material
ou por marcadores padronizados.
 É a propriedade do material que informa a sua resistência à
deformação plástica, usualmente por penetração.
 O termo dureza também pode ser associado à resistência à flexão,
ao risco, à abrasão ou ao corte.
 A dureza dos materiais depende do tipo de forças de
ligação entre átomos, íons ou moléculas, e aumenta com o
aumento destas forças (como na resistência mecânica).

EGF
50

Dureza

1) Resistência a endentação;
Avaliação da dureza 2) Eficiência de rebote; e
3) Resistência ao risco.

1) Número de dureza Brinell ;


2) Número de dureza Vickers;
3) Número de dureza Knoop;
Dureza por endentação
4) Número de dureza Rockwell;
5) Dureza Barcol; e
6) Dureza Shore (Durômetro).

EGF
51

Técnicas de ensaio de dureza

EGF
52

Comparação da dureza de alguns materiais

EGF
53

Relação entre dureza e limite de resistência


a tração (LRT)
 A resistência à tração e a
dureza são indicadores da
resistência à deformação
plástica.
 A relação entre estas propriedades
apresentam uma certa
proporcionalidade que depende do
material.
 Para a maioria dos aços tem-
se a relação:
 LRT (MPa) = 3,45 x HB

EGF
54

RESUMO
 Características e propriedades mecânicas importantes dos
materiais podem ser obtidas por meio de ensaios de
tensão-deformação.
 Vários parâmetros mecânicos são medidos a partir das
curvas de tensão-deformação dos materiais:
 Módulo de elasticidade (Young),
 Limite de escoamento, Limite de resistência,
 Alongamento uniforme,
 Alongamento total até a ruptura,
 Tensão de ruptura,
 Resiliência, e
 Tenacidade.

EGF
55

RESUMO
 A curva de tensão-deformação do material varia com a
configuração do ensaio mecânico (p.ex.: tração x flexão x
compressão).
 O comportamento mecânico do material muda com a
velocidade de deformação e a temperatura.
 Dependendo das condições do ensaio, um material apresenta
comportamento elástico ou plástico (viscoso) mais pronunciado.
 A deformação mecânica com escoamento plástico
(carregamento e descarregamento) produz encruamento do
material, observado como um aumento no seu limite de
escoamento.
 A dureza é uma medida rápida da resistência mecânica do
material.
EGF
56

ANEXO

EGF
57

Lei de Hooke

1678 - Robert Hooke desenvolveu a “Teoria verdadeira da Elasticidade”


“A potencia de qualquer mola está na mesma proporção da sua tensão”.

A força (F) necessária para


estender, ou comprimir, uma
mola por uma distância X é
proporcional a esta distância.
 =*∙h
Onde, k é um fator constante
característico da mola.

By Svjo - Own work, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=25398333


EGF
58

Deformação de Engenharia e Deformação Real


• Considere uma amostra cilíndrica homogênea sujeita a uma tensão uniaxial ao
longo do eixo do cilindro. A área inicial da seção transversal da amostra é A0 e
seu comprimento é l0. Devido à aplicação da tensão, o comprimento da amostra
varia de l0 a lN e a área de A0 a AN.

• A DEFORMAÇÃO DE ENGENHARIA  vale


lN  l0
 .
l0
• Suponha agora, que a variação do comprimento da amostra é
feita em N passos de tal forma que:
N
l l l l l l l l
R  1 0  2 1    N N1   i i1.
l0 l1 l N1 l i1
i1
Para N grande, podemos substituir a somatória por uma integral e

lN dl lN
R    ln  ln(  1).
l0 l l0
R é a denominada DEFORMAÇÃO REAL e a sua correlação com 
é apresentada na equação acima.

EGF
59

Deformação de Engenharia e Deformação Real


• Seja l0 = 1,0 m e consideremos dois valores para o comprimento final,
l N1 = 2 e l N2 =l0 / 2 = 0,5 m.

Para a deformação de engenharia obtemos

2,0  1,0
l N1  2,0m  1   1,0
1,0 (Os resultados não apresentam a
simetria física esperada.)
0,5  1,0
l N2  0,5m  2   0,5
1,0

Para a deformação real obtemos

l N1  2,0m  R1  ln2 (Os resultados apresentam a


simetria física esperada.)
l N2  0,5m  R 2  ln0,5   ln2

• A deformação de engenharia coincide com a deformação real apenas para


deformações suficientemente pequenas.

EGF
60

Tensão de Engenharia e Tensão Real


• Para cada instante de tempo t, a TENSÃO REAL R é definida como a força
aplicada (F) dividida pela área da seção transversal [A=A(t)] sobre a qual atua.

R  F
A
F • A TENSÃO DE ENGENHARIA  é dada por
AN
 F
A0

F A0 A0
 R   .
A0 A A
lN l0
• Materiais sólidos são basicamente incompressíveis,
portanto, seu volume é praticamente constante durante
um ensaio de tração. Assim, se l é o comprimento da
amostra no instante de tempo t:

Ao A0 l
A0 l 0  A l     1   R   ( 1)
A l0
F

EGF
61

Etapas de formação de esferulitos


por empilhamento de lamelas

Cristalito de cadeia
dobrada lamelar

Laços
interlamelares
Fotomicrografia com
Região amorfa
luz polarizada

Direção de crescimento
Núcleo do esferulito do esferulito

Limite do esferulito PHB

Estrutura de
esferulitos PHB/PLA-co-PEG

EGF

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