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Colégio de Tenchi Tessen Curso de Formação de Professores 2016-2019

Cerimonial

O mestre criou o Tenchi Tessen e nomeou esta Arte enquanto movimento de ligação entre o Céu e
a Terra, entre os quais se ergue o Homem vertical. Em que medida sente que o cerimonial é
também uma forma de o alcançar?

O cerimonial é um excelente meio para a investigação da nossa harmonização na respiração, que


aqui, chamaria uma respiração cósmica. É uma maneira de entrar directamente na circulação Ten/
Chi, ou seja, Terra/Céu. Acontece-me, também, pensar muitas vezes que esta posição sentada, que
utilizamos no cerimonial, foi o Oriente que ma ensinou. E talvez seja um meio, um encontro com o
Ocidente. Com efeito o Ocidente ensinou-nos a concentração, a meditação e outras coisas, mas não
nos ensinou a postura para nos recentrarmos. Claro que aquele executará esta postura de
recentramento e que executará a saudação, deverá ter um mínimo de compreensão do que faz. Não
se tratará aqui de copiar gestos, ou acompanhar, talvez, algumas noções filosóficas, ou repetir rituais
estranhos. O executante também não deverá repetir mecanicamente, de maneira infantil este
cerimonial. Ele deverá compreender que no cerimonial não há uma ideia de coacção mas de “pôr em
relação”. Alguns poderão ver nele uma forma de idolatria, mas mostrarão, então, a sua própria
identificação às formas. Penso que é o contrário. Nós devemos depurar as formas e reencontrar a
essência e a simplicidade. Se a saudação é uma forma de gratidão, aqui vamos ainda mais longe.
Inclinamo-nos face à energia primordial que se manifesta e da qual todas as pessoas são expressão.
Inclinamo-nos, também, diante de uma energia primordial, algo que nos ultrapassou. Não
respeitamos o cerimonial porque vem de tradições antigas, mas porque tem um sentido para nós e
para o grupo.

A saudação apresenta, também, outros aspectos. Marca a mudança, a mudança de plano, a


passagem de um lugar profano, para um lugar sagrado, para um lugar que é o Dojo, lugar de
iniciação onde, normalmente, deveria efectuar-se a transformação da pessoa.

O cerimonial tem muitos outros aspectos; corresponde também á aceitação do ensinamento que se
recebe ; testemunhamos a receptividade ao ensinamento que recebemos, a quem o dá, ao parceiro
que nos permite exercitar-nos.
O cerimonial é passar do quotidiano ao extra-quotidiano. Ou seja, passamos a um novo estado : O
quotidiano é o momento de todos os dias, o que fazemos durante o dia e depois, a um dado
momento, quando vamos estudar, quando vamos aprender, passamos a um outro estado, um
estado extraordinário ao qual chamo o extra-quotidiano.
O cerimonial ajudar-nos-á a reencontrar uma calma interior, uma certa serenidade para nos ajudar a
uma prática que seja mais justa e
que será, seguramente, acompanhada de um comportamento mais justo e de uma optimização das
nossas possibilidades vitais.
O silêncio interior do cerimonial, é o que nos vai dar um sentido elevado de respeito e amor pela
vida e é também uma forma, como outras, de honrar a vida na sua complexidade. Mais tarde,
compreenderemos, então, que a eternidade se encontra no instante de cada gesto. Ela aloja-se em
cada interstício do espaço e do tempo.
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Cerimonial

Forma

 Começamos na posição Shin Zen Tai (literalmente espírito, mente e corpo, interpenetrados
numa unidade indissociável). Os calcanhares estão juntos e as pontas dos pés apontam
naturalmente para fora. Os pés enraízam-nos na Terra e a fontanela eleva-se para o Céu. O
corpo ergue-se, procurando a vertical, postura exclusiva ao ser humano.
 Descemos para a posição de seiza, (afastando, com a mão esquerda, primeiro a perna
esquerda do hakama, para que não fique presa quando nos levantarmos e, assim, podermos
tropeçar) e depois a perna direita do hakama. Passando pela posição em que, abrindo os
joelhos mas mantendo os calcanhares perto um do outro, chegamos á posição de sentados
sobre os calcanhares (sonkyo). Colocamos primeiro o joelho esquerdo no solo) seguindo-se o
joelho direito. Desdobramos os dedos dos pés pousando o dedo grande do pé esquerdo
sobre o dedo grande do pé direito. Nas senhoras a distância entre os joelhos é de
aproximadamente um punho, enquanto que nos homens deverá ser de cerca de 2 punhos,
lado a lado. (Para mais detalhes ver o livro Reigi).
 O Tessen desce ao longo da coxa até a ponta tocar o solo.
 Ainda com a ponta no chão levamos o Tessen até à vertical.
 Rodando o pulso para a esquerda, pousamos o Tessen no solo, ficando a lamela que estava
voltada para a esquerda agora voltada para nós. Isto permitirá que no fim o Tessen esteja
pronto para ser aberto com o lado omote voltado para dentro (para nós) e não, para fora.
 Voltando a palma da mão para cima, passamos as costas da mão ao longo do Tessen, como
que acariciando o Tessen, lembrando--nos assim da importância de que este se reveste,
enquanto instrumento que nos permite praticar e evoluir. Manifestamos assim também o
nosso amor pelo Tenchi Tessen.
 Pousamos a palma da mão direita sobre as coxas, com as pontas dos polegares a tocarem-se
na horizontal. A zona do hara fica no meio da figura desenhada pelas mãos e pelos polegares
(mudra do yoga). Quando os polegares ficam par baixo em relação à horizontal, trata-se de
um sinal de falta de vigilância ou de cansaço excessivo, enquanto que se estiverem
tendencialmente para cima revelam excitação.
 Os olhos, durante a fase de observação interior e de concentração, estão semicerrados e
pousados no tapete a cerca de 1,5m à frente ou, preferencialmente, fechados.
 Saudação ao tokonoma. As duas mãos descem ao mesmo tempo. Ao contrário das artes do
Budo tradicional, elas descem da posição de pousadas sobre as coxas até tocar o solo ao
mesmo tempo e não, a esquerda antes da direita, símbolo de vigilância contra qualquer
ataque (lembrando a possibilidade de ter um katana).
 As duas mãos voltam ao mesmo tempo para cima das coxas.
 O professor volta-se para os alunos.
 Saudação ao professor.
 A mão “corre” ao longo do Tessen como no tsuba (punho) do katana.
 Levantar o Tessen de novo até à posição vertical.
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 Levantar avançando o pé direito. Quando nos levantamos o Tessen é aberto de baixo para
cima. Na abertura da classe ou prática o Tessen abre-se de forma sonora/intensa/yang. No
fecho da classe de forma silenciosa/suave/yin.
 Terminamos fechando o Tessen através da rotação do pulso para a direita e do braço para a
esquerda, ao mesmo tempo que avançamos o pé esquerdo para junto do direito, pousando
a mão esquerda sobre a virilha esquerda, a apontar para o hara (dedos juntos). A mão fica
no mesmo plano que o braço que, por sua vez, está também no plano do tronco, sem que o
cotovelo fique para trás ou para a frente deste plano. O braço não deve estar mole nem
tenso, mas com energia (trata-se de um kamae (guarda), manifestação de uma atitude de
presença e vigilância na postura). No fim do movimento cumprimenta-se inclinando
ligeiramente o tranco.

Símbolo

 “Uma só respiração”, um só espaço/ tempo.


 Respeito (agradecimento, aceitação, humildade como manifestações do Amor, com a sua
dimensão de rigor e misericórdia ou compaixão) pelo sagrado, o transcendente, o que é
maior que nós, o que está acima de nós, a dimensão superior de nós mesmos, pelo(s) que
veio(vieram) antes de nós e abriram o caminho (o professor, o criador desta Arte, os mestres
do movimento, o cosmos). Respeito por si próprio ( espírito, mente e corpo, com as suas
capacidades, potencialidades e limitações.
 Respeito e união (ou procura, ou aperfeiçoamento dessa união) com os que connosco
praticam e nos permitem aprender.
 Respeito pelo espaço que nos acolhe e nos permite praticar/aperfeiçoarmo-nos.
 Respeito (que envolve o amor) pelo Tessen, enquanto meio para a nossa expressão e
evolução.

Sopro

 Respiração profunda completa, com ênfase na expiração.


 Normalmente, o fecho e abertura do Tessen são feitos na expiração.

Professor

 Depois da saudação ao Tokonoma, rodar pela esquerda com o Tessen apoiado na coxa
direita e com o cabo para baixo (para o joelho), pousando-o de novo como na fase inicial,
passando mais uma vez as costas da mão ao longo deste.
 Pousar o Tessen, com o cabo mais perto de nós, logo, inclinado em relação à linha definida
pelos 2 joelhos.
 Saudação aos alunos.
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Alunos

 Nos gestos e movimentos procura-se o maior sincronismo possível.


 Em seiza, é desejável que os joelhos de todos estejam alinhados.
 Os Tessens estão todos na mesma linha e paralelos entre si. Os punhos definem uma linha e
as cabeças dos Tessens, outra linha paralela à primeira. Os Tessens ficam oblíquos em
relação aos joelhos do praticante, sendo que os cabos, estão do lado esquerdo, do ponto de
vista do praticante, e mais próximos dos seus joelhos do que as cabeças dos Tessens. A
referência é a da pessoa que estiver mais perto do lado kamiza.
 Os alunos, na saudação ao Tokonoma e ao professor, não devem levantar o tronco antes
deste.

 Através de todos os movimentos e gestos, procura-se a presença no momento presente e a


unidade entre os alunos, o professor, o criador desta Arte e todos os mestres que o
precederam, bem como com o Cosmos e com Sopro que nos habita.

Forme

 Nous commençons dans la position de Shin Zen Tai (littéralement esprit, mental et corps,
interpénétrés dans une unité indissociable).
 Nous descendons vers la position de seiza (on dégage avec la main gauche la jambe gauche
de l’hakama puis la jambe droite, afin d’éviter le risque de trébucher au moment de se
lever) : en ouvrant les genoux tout en maintenant les talons l’un contre l’autre, nous arrivons
à la position d’assise sur les talons – sonkyo –. Nous plaçons d’abord le genou gauche au sol
puis le genou droit. Nous déplions les doigts de pieds, le pouce du pied gauche est placé sur
celui du pied droit. Pour les femmes la distance entre les genoux est d’un poing
approximativement, pour les hommes de deux poings (pour plus de détails se référer au
livre Reigi).
 La main gauche est posée sur la cuisse gauche, la main droite descend le long de la cuisse
droite jusqu’à ce que la pointe du Tessen touche le sol.
 La pointe toujours au sol, nous levons le Tessen à la verticale.
 En tournant le poignet vers la gauche, nous posons le Tessen au sol, la lamelle qui était vers
la gauche est maintenant tournée vers nous. Cela permettra qu’à la fin le Tessen soit prêt
pour être ouvert avec le côté omote vers l’intérieur (vers soi), et non vers l’extérieur.
 En tournant la paume de la main vers le ciel, nous passons le dos de la main le long du
Tessen, comme si nous caressions le Tessen, rappelant ainsi l’importance qu’il revêt comme
instrument qui nous permet de pratiquer et d’évoluer. Nous manifestons également ainsi
notre amour pour le Tenchi Tessen.
Nous posons le dos de la main droite sur les cuisses. Le dos de la main gauche est placé sur la
paume de la main droite. Les pointes des pouces se touchent à l’horizontale au niveau du
nombril. La zone du hara se trouve au centre de la figure dessinée par les mains et les
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pouces1. Quand les pouces sont plus bas que l’horizontale c’est un signe de manque de
vigilance ou de fatigue excessive, alors que s’ils sont tendanciellement plus haut cela révèle
de l’excitation ou de l’hyperactivité. L’union des doigts ferme un circuit avec deux pôles aux
courants différents, l’un positif et l’autre négatif. Si cette liaison est correctement faite il est
alors très difficile pour une autre personne de séparer les doigts dans cette posture.
 Les yeux, durant la phase d’observation intérieure et de concentration, sont à moitié fermés
et le regard posé sur le tapis à 1m50 environ devant soi, ou de préférence fermés.
 Salutation au tokonoma. Les deux mains descendent en même temps. Au contraire des Arts
du Budo traditionnel, elles descendent, posées sur les cuisses jusqu’à toucher le sol,
simultanément (et non la gauche avant la droite, symbole de vigilance contre toute attaque,
rappelant l’origine du geste, l’éventualité d’avoir à dégainer le katana).
 Les deux mains reviennent en même temps sur les cuisses.
 Le professeur se retourne vers les élèves.
 Salutation au professeur.
 Le dos de la main droite “courre” le long du Tessen (comme sur le tsuka,(la poignée) du
katana).
 Lever le Tessen de nouveau jusqu’à la position verticale.
 Se lever en avançant le pied droit. Lorsque nous nous levons le Tessen est ouvert du bas vers
le haut. A l’ouverture du cours ou de la pratique, le Tessen se déploie de façon
sonore/intense/yang; à la fin du cours, de façon silencieuse/douce/yin.
 Nous terminons en fermant le Tessen par une rotation du poignet en rentrant le coude, tout
en avançant le pied gauche auprès du pied droit, en posant la main gauche sur l’aine gauche
en direction du hara (les doigts sont joints). La main est sur le même plan que l’avant-bras et
le bras sur le même plan que le tronc, sans que le coude ne se trouve ni en arrière ni en
avant de ce plan. Le bras ne doit être ni mou ni tendu mais plein d’énergie: il s’agit d’un
kamae (garde), manifestation d’une attitude de présence et de vigilance dans la posture. A la
fin du mouvement on salue en inclinant légèrement le tronc.

Symbole

 "Une seule respiration", un seul espace/temps.


 Respect pour le Sacré – avec le sens du remerciement, de l’acceptation, de l’humilité, en
tant que manifestations de l’Amour, dans sa dimension de rigueur et de miséricorde ou
compassion –, respect pour le transcendant, ce qui est plus grand que nous, ce qui est au-
dessus de nous, la dimension supérieure de nous-mêmes, respect pour ceux qui nous ont
précédés – le professeur, le créateur de cet Art, les maîtres du mouvement, le cosmos –.
Respect pour soi-même – esprit, mental et corps avec leurs capacités, leurs potentialités et
limitations –.
 Respect et union (ou recherche de perfectionnement de cette union) pour et avec ceux qui
pratiquent avec nous et nous permettent d’apprendre.

1
Dhyani-Mudrâ (mudra: geste; dhyana: méditation). Ce mudra est l’un des six gestes des mains connus à
partir de l’iconographie du Gautama Buda. Il est principalement utilisé dans la méditation Zen.
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 Respect pour l’espace qui nous accueille et nous permet de pratiquer/nous perfectionner.
 Respect – qui dit aussi l’amour – pour le Tessen comme moyen permettant notre expression
et notre évolution.

Souffle

 Respiration profonde et complète, avec une emphase dans l’expiration.


 Normalement, la fermeture et l’ouverture du Tessen sont faits dans l’expiration.

Professeur

Forme

 Après la salutation au Tokonoma, se tourner vers les élèves, par la gauche, le Tessen est
appuyé sur la cuisse droite, la poignée orientée vers le bas (dans la direction du genou. Poser
le Tessen comme dans la phase initiale, passert à nouveau le dos de la main le long du
Tessen (qui est posé incliné par rapport à la ligne des deux genoux, la poignée est plus
rapprochée, la tête du Tessen plus éloignée).
 Salutation aux élèves.

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