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EDUCAÇÃO
Introdução
Talvez um dos movimentos mais revolucionários e influentes no modo
de se pensar a educação tenha sido a virada representada pela nova
sociologia da educação (NSE). Desde os anos 1970, uma nova forma de
se investigar e de se buscar interromper a desigualdade educacional tem
se estruturado a partir deste movimento teórico. Para além de se olhar
apenas para o macrossocial e de uma perspectiva quantitativa para as
problemáticas sociais da educação, passou-se a mirar também o que
ocorre no cotidiano da escola, com o currículo e os conhecimentos, e
as relações destes elementos com as desigualdades. Este novo olhar
tem trazido consigo novos insights e novos desafios, mas também tem
avançado no combate às desigualdades, apesar dos inúmeros desafios
que ainda restam.
Neste capítulo, você vai estudar o contexto que possibilitou o surgi-
mento deste novo campo de pesquisa, conhecer seus principais teóricos
e suas ideias e ainda refletir sobre como têm sido as implicações destas
inovações no campo da educação.
2 A nova sociologia da educação e sua implicação para a educação
Conheça um pouco da obra de Basil Bernstein, outro importante nome da nova sociologia
da educação, lendo o artigo “A teoria de Basil Bernstein: alguns aspectos fundamentais”, de
Ana Maria Morais e Isabel Pestana Neves. O material está disponível no link ou código a seguir.
https://goo.gl/2sZzbU
https://goo.gl/mqg5B2
Avanços percebidos
No campo do currículo, é preciso valorizar o trabalho que professores e pro-
fessoras têm feito ao redor do país para levar para a sala de aula a cultura e os
6 A nova sociologia da educação e sua implicação para a educação
saberes dos alunos e alunas, indo de encontro a visões mais tradicionais de que
há “déficit” dos alunos de grupos populares. Há, desta forma, uma valorização
de outras linguagens, conhecimentos, gostos e modos de se perceber no mundo
que não os consagrados na escola. Este tem sido um importante trabalho,
não no sentido de negar aos alunos os conhecimentos consagrados, mas de
relacioná-los com as próprias vivências e trajetórias dos alunos. Conhecimen-
tos, assim, são problematizados, enquanto “neutros” ou “desinteressados”, e
enfrentados. Perguntas como “Quem se beneficia com este conhecimento e
quem é silenciado?” passam a ser feitas.
No campo do trabalho docente e da avaliação, têm sido também árduas,
porém reconhecidas, as conquistas de professoras e professores para a imple-
mentação, com um grau de autonomia e de intelectualidade, dos currículos
escolares e dos modos de avaliação, em contraposição às políticas de imple-
mentação de material didático padronizado e avaliações de aprendizagem de
larga escala. Agregue-se, ainda, as importantes mobilizações das professoras
e professores por reconhecimento na carreira. Todas essas questões apontam
para aprendizagem quanto à relação complexa entre economia e educação –
sendo não apenas correspondente às lógicas econômicas, mas influenciada
de forma relacional e disputada na forma como se vive a educação, e não
somente na economia.
No campo das políticas educacionais, registre-se a participação intensa
das comunidades escolares na elaboração do Plano Nacional de Educação e
as pressões para um debate democrático em torno de medidas como a Base
Nacional Curricular Comum e o Novo Ensino Médio. Apesar dos desafios,
deve-se perceber o entendimento coletivo de que a democratização da educação
e da igualdade de oportunidades vai além do acesso à escola, relacionando-se
com a forma como ela é estruturada.
Leituras recomendadas
MORAIS, A. M.; NEVES, I. P. A teoria de Basil Bernstein: alguns aspectos fundamentais.
Práxis Educativa, Ponta Grossa, v. 2, n. 2, p. 115-130, jul./dez. 2007. Disponível em: <http://
www.revistas2.uepg.br/index.php/praxiseducativa/article/view/313>. Acesso em: 26
set. 2017.
YOUNG, M. F. D. (Ed.). Knowledge and control: new directions for the sociology of edu-
cation. London: Collier Macmillan, 1971.