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SMAPSCE

UNIDADE 3

3
Curso Clínico Avançado I:
Condições prioritárias na
infância e adolescência
CUIDADOS EM SAÚDE MENTAL: AVALIAÇÃO,
MANEJO E SEGUIMENTOS NOS TERRITÓRIOS
(SMAPS)

UNIDADE 3
CURSO CLÍNICO AVANÇADO 1:
condições prioritárias na infância e
adolescência
2023. Ceará. Secretaria de Saúde. Escola de Saúde Pública Paulo Marcelo Martins
Rodrigues. Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta
obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer meio comercial. A
responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é da área técnica.

Elaboração, distribuição e informações:


Escola de Saúde Pública Paulo Marcelo Martins Rodrigues
Gerência de Educação Permanente em Saúde da Escola de Saúde Pública do Ceará
(GEDUC/ESP).

2ª Edição – Versão Eletrônica

Organizadores
Andre Luis Bezerra Tavares Elaboração do conteúdo
Eveline de Sousa Landim André Luís Bezerra Tavares
Karina Maria Melo Saboya
Rodrigo Freitas da Costa
Colaboradores: Letícia Coelho Cavalcante
Deborah Araújo Muniz Sarah Lima Verde
Ana Nery de Castro Feitosa
Projeto Gráfico Ana Paula Brandão Souto
Júlio César Alves Lopes Joana Thaynara Torres Viana

Elaboração, distribuição e informações:


Escola de Saúde Pública Paulo Marcelo Martins Rodrigues
Gerência Educação Permanente em Saúde da Escola de Saúde Pública do Ceará
(GEDUC/ESP).

FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada por: João Araújo Santiago Martins. CRB-3/769

C966 Cuidados em saúde mental e atenção psicossocial: avaliação, manejo e


seguimento nos territórios: curso avançado I: condições prioritárias na infância
e adolescência: Unidade 3 : Organizadores, André Luís Bezerra Tavares,
Eveline de Sousa Landim, Karina Maria Melo Saboya. Escola de Saúde Pública
do Ceará,. – Fortaleza: Escola de Saúde Pública do Ceará, 2023.

19 p. il. color.

Curso Avançado, 1 – condições prioritárias na infância e adolescência.


Unidade 3.
1. Saúde Mental. 2. Capacitação em Saúde Mental. 3. Crianças. 4.
Adolescentes. I. Tavares, André Luís Bezerra. II. Landim, Eveline de Sousa.
III. Saboya, Karina Maria Melo. IV. Título.

CDD: 362.2
UNIDADE 5 – Território, saúde mental e atenção psicossocial

Olá! Seja bem-vindo (a) à atividade da Unidade 5 –


Território, Saúde Mental e Atenção Psicossocial

Você realizará atividades longitudinais sobre saúde


mental e atenção psicossocial ao longo do curso SMAPS
que construirão os processos de cuidado colaborativos e
escalonados.

Em cada Unidade do curso haverá uma atividade em ambiente de trabalho, que

correspondem à unidade, que é longitudinal e traz propostas de atividades para o

ambiente de trabalho. As atividades deverão ser realizadas junto à sua equipe de

trabalho e, se viável, com apoio matricial da equipe de saúde mental, e vice-versa.

Esse curso é organizado da seguinte forma:

Unidade 1 - Desenvolvimento Normal


Puericultura
e Avaliação
CLÍNICO AVANÇADO I – Condições Prioritárias

TEA

Unidade 2 - Condições relacionadas


Deficiência intelectual
na Infância e Adolescência

ao desenvolvimento

Bandeiras vermelhas

Unidade 3 - Condições Relacionadas


TDAH e Transtorno de Conduta
ao Comportamento

Autolesões

Unidade 4 - Condições relacionadas


Bullying / Cyberbullying
às emoções

Dependência de telas

Uso dos roleplays como estratégia de


Unidade 5 - SMAPS
matriciamento

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Esperamos que ao final, possamos construir a linha
de cuidado da sua ADS!

Ao final da unidade, você será capaz de:

Compreender o que é o Transtorno do Deficit de Atenção e


Hiperatividade, seu diagnóstico e tratamento.

Discutir sobre as principais complicaçoes relacioadas ao não


tratamento do TDAH

Entender alguns mitos relacionados ao TDAH para orientar


melhor os pacientes e suas familias.

Compreender o que é o Transtorno de Conduta , seu


diagnóstico e tratamento.

Agora vamos prosseguir com as atividades


propostas!

• Vamos conhecer, refletir e exercitar as atividades


de trabalho ...

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Nesta unidade vamos aprender sobre os problemas de autocontrole de
emoções e de comportamentos na infância e na adolescência, entre eles o Transtorno
do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e o Transtorno de conduta (TC).

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma condição


do neurodesenvolvimento, definido por sintomas persistentes e mal adaptativos de
desatenção, hiperatividade e impulsividade. (HALPERN, 2015; SOUSA, et al. 2020).

Existem alguns mitos e duvidas das famílias sobre esse transtorno, por
exemplo:

1 O TDAH não é um transtorno. Todo mundo tem um pouco .

2 Como uma criança que passa horas ficada em um videogame pode


ter TDAH?

3 TDAH é apenas um novo nome para preguiça ou falta de força de


vontade

4 O TDAH é culpa da familia por não dar disciplina suficiente ao filho.

Fonte: Adaptado de Rohde, et al. (2019)

É necessário que os profissionais saibam orientar os pacientes e suas familias


sobre essas e outras questões que podem adiar a busca por ajuda ou atrapalhar a
adesão ao tratamento.

Tendo início na infância, é uma das condições prioritárias de saúde mais


frequentes nessa fase e, também, na adolescência, com prevalência de 7-8%.
Apresenta uma etiologia multifatorial, com alterações genéticas (herdabilidade de 70-
80%) e ambientais (baixo peso ao nascer, prematuridade, tabagismo etc.)
(WOLRAICH et al. 2019; SOUSA et al. 2020).

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Os sintomas ocorrem na infancia e a maioria das crianças com TDAH
continuará a ter sintomas durante a adolescência e idade adulta. Os meninos são duas
vezes mais propensos a receber o diagnóstico provavelmente por causa dos
comportamentos disruptivos e da hiperatividade mais observáveis (AMERICAN
PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014; WOLRAICH et al., 2019; SOUSA, et al. 2020).

O diagnóstico do TDAH é clínico, com diferentes fontes de informações


(paciente, cuidadores, professores). É necessário que os sintomas tenham duração
mínima de 6 meses e que estejam presentes em pelo menos mais de um ambiente.
Há evidencias de que o diagnóstico adequado pode ser realizado na atençao primária
para crianças e adolescentes (SOUSA, et al. 2020).

Quadro 01 - Manifestações comuns nos transtornos comportamentais na faixa etária


de 4 a 18 anos:

• movimentação excessiva pelo ambiente;


• dificuldade extrema para permanecer sentado;
Hiperatividade
• falar excessivamente ou movimentação
constante
• Distração;
Desatenção excessiva • frequentemente interrompe as tarefas antes do
término e passa a outras atividades
Impulsividade excessiva • frequentemente faz coisas sem antes refletir

As manifestações de desatenção são numerosas, incluindo desde ficar


vagando durante a execução de uma tarefa, falta de persistência e tendência à
desorganização. Manifesta-se como “sonhar acordado”, distração e mudanças
rápidas de uma tarefa para outra por causa da dificuldade de focar em uma única
atividade

A hiperatividade se manifesta como atividade motora excessiva quando não


apropriada, inquietação, batidas leves ou loquacidade, dificuldade de esperar sua vez.
Na adolescência, a hiperatividade pode ser descrita como sensação de inquietude
dificuldade de relaxar.

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A impulsividade se refere à tomada de decisões ou ações sem planejamento.
Além disso, pode aparecer como intromissão social ou tomada de decisões
importantes sem considerar suas consequências. Os critérios diagnósticos do TDAH
de acordo com o DSM-5 são:

Um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que interfere no


funcionamento e no desenvolvimento, conforme caracterizado por desatenção (Quadro 2) e/ou
hiperatividade e impulsividade (Quadro 3):

Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade-impulsividade estavam presentes antes dos 12 anos


de idade.

Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade-impulsividade estão presentes em dois ou mais


ambientes (p. ex., em casa, na escola, no trabalho; com amigos ou parentes; em outras atividades).

Há evidências claras de que os sintomas interferem no funcionamento social, acadêmico ou


profissional ou de que reduzem sua qualidade.

Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso de esquizofrenia ou outro transtorno


psicótico e não são mais bem explicados por outro transtorno mental (p. ex., transtorno do humor,
transtorno de ansiedade, transtorno dissociativo, transtorno da personalidade, intoxicação ou
abstinência de substância).

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Quadro 2 – Critérios de Desatenção

Critérios de Desatenção
Seis (ou mais) dos seguintes sintomas persistem por pelo menos seis meses em
um grau que é inconsistente com o nível do desenvolvimento e têm impacto
negativo diretamente nas atividades sociais e acadêmicas/profissionais (Para
adolescentes mais velhos e adultos - 17 anos ou mais-, pelo menos cinco
sintomas são necessários).
a. Frequentemente não presta atenção em detalhes ou comete erros por
descuido em tarefas escolares, no trabalho ou durante outras atividades (p.
ex., negligência ou deixa passar detalhes, o trabalho é impreciso).
b. Frequentemente tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou
atividades lúdicas (p.ex., dificuldade de manter o foco durante aulas,
conversas ou leituras prolongadas).
c. Frequentemente parece não escutar quando alguém lhe dirige a palavra
diretamente (p.ex., parece estar com a cabeça longe, mesmo na ausência de
qualquer distração óbvia).
d. Frequentemente não segue instruções até o fim e não consegue terminar
trabalhos escolares, tarefas ou deveres no local de trabalho (p. ex., começa
as tarefas, mas rapidamente perde o foco e facilmente perde o rumo).
e. Frequentemente tem dificuldade para organizar tarefas e atividades (p. ex.,
dificuldade em gerenciar tarefas sequenciais; dificuldade em manter
materiais e objetos pessoais em ordem; trabalho desorganizado e
desleixado; mau gerenciamento do tempo; dificuldade em cumprir prazos).
f. Frequentemente evita, não gosta ou reluta em se envolver em tarefas que
exijam esforço mental prolongado (p. ex., trabalhos escolares ou lições de
casa; para adolescentes mais velhos e adultos, preparo de relatórios,
preenchimento de formulários, revisão de trabalhos longos).
g. Frequentemente perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (p. ex.,
materiais escolares, lápis, livros, instrumentos, carteiras, chaves,
documentos, óculos, celular).
h. Com frequência é facilmente distraído por estímulos externos (para
adolescentes mais velhos e adultos, pode incluir pensamentos não
relacionados).
i. Com frequência é esquecido em relação a atividades cotidianas (p. ex.,
realizar tarefas, obrigações; para adolescentes mais velhos e adultos,
retornar ligações, pagar contas, manter horários agendados).

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Quadro 3 – Critérios de hiperatividade e impulsividade

Critérios de hiperatividade e impulsividade


Seis (ou mais) dos seguintes sintomas persistem por pelo menos seis meses em
um grau que é inconsistente com o nível do desenvolvimento e têm impacto
negativo diretamente nas atividades sociais e acadêmicas/profissionais

a. Frequentemente remexe ou batuca as mãos ou os pés ou se contorce na


cadeira.
b. b. Frequentemente levanta da cadeira em situações em que se espera que
permaneça sentado (p. ex., sai do seu lugar em sala de aula, no escritório ou
em outro local de trabalho ou em outras situações que exijam que se
permaneça em um mesmo lugar).
c. c. Frequentemente corre ou sobe nas coisas em situações em que isso é
inapropriado. (Nota: Em adolescentes ou adultos, pode se limitar a
sensações de inquietude.
d. Com frequência é incapaz de brincar ou se envolver em atividades de lazer
calmamente.
e. Com frequência “não para”, agindo como se estivesse “com o motor ligado”
(p. ex., não consegue ou se sente desconfortável em ficar parado por muito
tempo, como em restaurantes, reuniões; outros podem ver o indivíduo como
inquieto ou difícil de acompanhar).
f. Frequentemente fala demais.
g. Frequentemente deixa escapar uma resposta antes que a pergunta tenha
sido concluída (p. ex., termina frases dos outros, não consegue aguardar a
vez de falar).
h. Frequentemente tem dificuldade para esperar a sua vez (p. ex., aguardar em
uma fila).
a. Frequentemente interrompe ou se intromete (p. ex., mete-se nas conversas,
jogos ou atividades; pode começar a usar as coisas de outras pessoas sem
pedir ou receber permissão; para adolescentes e adultos, pode intrometer-se
em ou assumir o controle sobre o que outros estão fazendo).

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Todo paciente com TDAH é igual?
NÃO!!

De acordo com Mattos e Paulo (2015) os pacientes com


TDAH serão individuos com histórias pessoais e familiares
diferentes, personalidades distintas, estilos de vida
individuais, etc. Os sintomas, portanto podem variar em
sua expressão.

Os indivíduos afetados pelo TDAH e suas famílias comumente interpretam mal


os sintomas como "parte de sua personalidade" ou seu "jeito de ser". Nessas
circunstâncias, é improvável que os pais procurem atendimento médico, a menos que
o comportamento está associado ao funcionamento prejudicado percebido por outras
pessoas, como o fracasso escolar; neste caso, são os professores que sugerem aos
pais que procurem tratamento (MATTOS; PAULO, 2015; ROHDE et al., 2019).

Na avaliação diagnóstica pode-se utilizar uma escala conhecida como SNAP


IV, que pode ser aplicada com o paciente, com os pais e com a escola. É um
questionário no qual os 9 primeiros itens são referentes ao déficit de atenção, e os
outros 9 seguintes são referentes à hiperatividade e impulsividade. Pontua apenas as
respostas bastante ou demais, sendo necessário pelo menos 6 itens na primeira parte
e/ou 6 itens na segunda parte.

SAIBA MAIS

O SNAP-IV é composto pela descrição de 18 sintomas do TDAH, entre sintomas


de desatenção (9 primeiros itens) e hiperatividade/impulsividade (itens 10 a 18),
os quais devem ser pontuados por pais e/ou professores, em uma escala de
quatro níveis de gravidade e podem ser acessadas na integra no seguinte
endereço eletrônico:

https://tdah.org.br/wp-content/uploads/site/pdf/snap-iv.pdf

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Algumas orientações podem ser dadas ao paciente e sua familia no momento
do diagnóstico:

Perguntar ao paciente e a sua familia o que entendem a respeito da condição

Explicar que não existe um marcador biológico para o TDAH ( exame laboratorial por
exemplo) e que o diagnóstico se baseia na avaliação clínica

Caracterizar como um transtonro do neurodesenvolvimento causado pela interação


entre genes e o ambiente .

Explicar que no TDAH ocorre uma desregulação quimica em áreas cerebrais


responsaveis por nossos “freios” e por coordenar nossa capacidade de planejar e
executar ações.

Fonte: Adaptado de Rohde et al. (2019).

O tratamento dessa condição de saúde deve ser feito de forma individualizada


e inclui a terapia não farmacológica: com a psicoeducação sobre o diagnóstico, curso
e tratamento; estratégias comportamentais, intervenções em sala de aula, treinamento
de habilidades sociais e organizacionais, terapia cognitiva, acompanhamento com
psicopedagogia.

A terapia farmacológica é realizada com psicoestimulantes (metilfenidato e


anfetaminas, que devem ser usados a partir dos 6 anos de idade) e não estimulantes
(clonidina, imipramina).

Além do tratamento do TDAH , é importante que seja dada a atenção às


comorbidades que ocorrem com frequência em pacientes com esse transtorno como
por exemplo:os transtornos ansiosos, a depressão, o transtorno afetivo bipolar).

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Mas precisa mesmo tratar o TDAH?
Qual o risco de não tratar?

Alguns problemas são mais frequentes em pacientes com TDAH quando


comparados com outras pessoas da mesma idade e classe social sem o transtorno
como por exemplo:

1 Maior frequencia de acidentes

2 Maior problema de aprendizado escolar

3 Maior frquencia de reprovações, espulsões e abandono escolar

4 Maior incidencia de abuso de alcool e drogas ao final da


adolescência
5 Maior incidencia de depressao e ansiedade

6 Maior incidencia de desemprego

7 Menos anos de escolaridade completados

Fonte: Adaptado de Mattos; Paulo (2015)

Algumas orientações tambem podem ser dadas para ajudar o paciente e sua
família a se organizarem melhor:

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1 Crie um espaço apropriado, defina lugares para
chaves,brinquedos, material escolar
2 Use uma agenda com a ajuda dos pais para lidar com
compromissos

3 Faça listas e anote tudo que é importante

4 Faça o que tiver que ser feito na hora evitanto “deixar para depois”

5 Faça uma tarefa de cada vez.

Através de seu site, a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA),


divulga informações científicas, matérias e conteúdos atualizados sobre TDAH, dentre
eles cartilhas sobre orientações de inclusão escolar, orientações sobre os direitos das
pessoas com TDAH, entre outras informações.

SAIBA MAIS

Para saber mais sobre o assunto, você pode acessar aos seguintes
endereços eletrônicos:
Associação Brasileira do Déficit de Atenção - Associação de
pessoas com Déficit de atenção e hiperatividde (tdah.org.br)
Direito dos Portadores de TDAH (https://tdah.org.br/wp-
content/uploads/site/pdf/cartilha_legislacao.final.pdf)
Cartilha sobre transtorno do déficit de atenção com hiperatividade
(https://tdah.org.br/wp-
content/uploads/site/pdf/cartilha%20ABDA.final%2032pg%20otm.pdf)
TDAH - Transtorno do Déficit de Atenção e hiperatividade: uma
conversa com educadores (https://www.tdah.org.br/wp-
content/uploads/site/pdf/tdah_uma_conversa_com_educadores.pdf)

Trasntorno de Conduta

O Transtorno de Conduta tem uma prevalência de 2 a 8 % na população infanto


juvenil, sendo mais frequente no sexo masculino (4 a 10 homens: 1 mulher). Essa
condição prioritária sofre influências de fatores genéticos e ambientais.

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Os fatores de risco associados são: temperamento infantil de difícil controle e
inteligência abaixo da média; rejeição e negligência parental, prática inconsistente
para criar os filhos, disciplina agressiva, abuso físico ou sexual, entre outros (SCOTT,
2019).

Os critérios diagnósticos de acordo com o DSM-5 são:

A. Um padrão de comportamento repetitivo e persistente no qual são violados direitos


básicos de outras pessoas ou normas ou regras sociais relevantes e apropriadas para
a idade, tal como manifestado pela presença de ao menos três dos 15 critérios
seguintes, nos últimos 12 meses, de qualquer uma das categorias adiante, com ao
menos um critério presente nos últimos seis meses:
Agressão a Pessoas e Animais

• 1. Frequentemente provoca, ameaça ou intimida outros.


• 2. Frequentemente inicia brigas físicas.
• 3. Usou alguma arma que pode causar danos físicos graves a outros (p. ex., bastão, tijolo,
garrafa quebrada, faca, arma de fogo).
• 4. Foi fisicamente cruel com pessoas.
• 5. Foi fisicamente cruel com animais.
• 6. Roubou durante o confronto com uma vítima (p. ex., assalto, roubo de bolsa, extorsão,
roubo à mão armada).
• 7. Forçou alguém a atividade sexual.
• Destruição de Propriedade
• 8. Envolveu-se deliberadamente na provocação de incêndios com a intenção de causar
danos graves.
• 9. Destruiu deliberadamente propriedade de outras pessoas (excluindo provocação de
incêndios).

Falsidade ou Furto

• 10. Invadiu a casa, o edifício ou o carro de outra pessoa.


• 11. Frequentemente mente para obter bens materiais ou favores ou para evitar obrigações
(i.e., “trapaceia”).
• 12. Furtou itens de valores consideráveis sem confrontar a vítima (p. ex., furto em lojas,
mas sem invadir ou forçar a entrada; falsificação).
• Violações Graves de Regras
• 13. Frequentemente fica fora de casa à noite, apesar da proibição dos pais, com início
antes dos 13 anos de idade.
• 14. Fugiu de casa, passando a noite fora, pelo menos duas vezes enquanto morando com
os pais ou em lar substituto, ou uma vez sem retornar por um longo período.
• 15. Com frequência falta às aulas, com início antes dos 13 anos de idade.

B. A perturbação comportamental causa prejuízos clinicamente significativos no


funcionamento social, acadêmico ou profissional.

C. Se o indivíduo tem 18 anos ou mais, os critérios para transtorno da personalidade


antissocial não são preenchidos.

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Muitas vezes esses pacientes são vistos como, particularmente, difíceis de lidar
o que dificulta sua relação com familia, colegas e com profissionais que precisam ser
treinados.

O transtorno de conduta está ligado a outras transtornos psiquiátricos como


transtornos por uso de substâncias,transtorno de personalidade antissocial e
transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH). Também, está relacionado a
maus resultados educacionais, problemas de saúde física, relacionamentos com
colegas ruins, gravidez precoce e taxas de acidentes e lesões veiculares
(MOHAMMADI; SALMANIAN; KESHAVARZI, 2021).

Princípios importante para o tratamento da condição de saúde incluem:

Envolver a família;

Selecionar qual tipo de tratamento usar e quem deve ministrá-lo;

Desenvolver capacidades através da identificação das capacidades dos jovens e sua família;

Tratar as comorbidades;

Promover aprendizado social e escolar;

Tratar a criança em seu ambiente natural.

Fonte: Adaptado de Scott (2019).

As medicações são utilizadas em determinadas situações (controle de


agitação, agressividade, impulsividade) visando o controle de sintomas. Além de
tratamento de comorbidades que são frequentes, como TDAH, transtornos de
humor, abuso de álcool e outras substâncias psicoativas.
O tratamento não medicamentoso inclui psicoterapia individual, em grupo e
familiar. Sendo recomendada a terapia cognitivo comportamental, com treinamento
de habilidades de solução de problemas.

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Finalizamos aqui mais uma unidade. Esperamos que o materal tenha trazido
boas reflexões e possa ajudá-lo em sua prática.
Até a próxima!

Vamos praticar!

Propomos agora que você selecione algum paciente pediátrico com suspeita
de TDHA, tente aplicar a escala SNAP IV (uma via para a família e outra para a
escola). Com o instrumento preenchido compare os sintomas da criança nos dois
ambientes e escreva suas impressões do caso. Após isso discuta com sua equipe
local qual melhor direcionamento para essa criança e que fatores devem ser
levados em consideração para tais medidas.

Não esqueça de registrar sua reflexão:


QUAIS AS POTENCIALIDADES E DESAFIOS DESTA EXPERIÊNCIA?

Atenção!

Para fins de aprovação na Unidade, você deverá postar


apenas uma reflexão (desafios e potencialidades desta
proposta de intervenção psicossocial, mesmo que não
a realize).

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REFERÊNCIAS

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico


de transtornos mentais DSM-5. 5. ed. Porto Alegre : Artmed, 2014.

COELHO, B. M. et al. Psiquiatria da infância e da adolescência: guia para


iniciantes. Novo Hamburgo: Sinopsys editora, 2020.

HALPERN, Ricardo. Manual de pediatria do desenvolvimento e


comportamento. São Paulo: Manole, 2015.

MATTOS, Paulo. No mundo da lua: perguntas e respostas sobre transtorno do


deficit de atenção com hiperatividade em crianças, adolescentes e adultos. 16. ed.
Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Deficit de Atenção, 2015.

MOHAMMADI, Mohammad-Reza; SALMANIAN, Maryam; KESHAVARZI, Zahra.


The global prevalence of conduct disorder: a systematic review and meta-
Analysis. Iranian Journal of Psychiatry, v. 16, n. 2, p. 205, 2021.

REY, J. M.; MARTIN, A. IACAPAP e-textbook of child and adolescent mental.


Genebra: International Association for Child and Adolescent Psychiatry and Allied
Professions 2020.

SCOTT, S. Conduct disorders. In: REY, J. M.; MARTIN, A. IACAPAP e-textbook


of child and adolescent mental health. Geneva: International Association for
Child and Adolescent Psychiatry and Allied Professions, 2019.

SOUSA, A. et al. Attention deficit hyperactivity disorder. In: REY, J. M.; MARTIN,
A. IACAPAP e-textbook of child and adolescent mental health. Geneva:
International Association for Child and Adolescent Psychiatry and Allied
Professions, 2019.

WOLRAICH, Mark L. et al. Clinical practice guideline for the diagnosis, evaluation,
and treatment of attention-deficit/hyperactivity disorder in children and
adolescents. Pediatrics, v. 144, n. 4, 2019.

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FICHA TÉCNICA
Todos os direitos desta edição reservados para:
ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO CEARÁ
Av. Antônio Justa, 3161 – Meireles – Fortaleza/CE
Endereço Eletrônico: www.esp.ce.gov.br
E-mail: esp@esp.ce.gov.br
Telefone: 85 3101.1405

Fortaleza
2023

Agradecimentos

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