Aprovou subsídios para uns e marginalizou uma parte, acabando com a união

Greve dos profissionais de saúde:

Governo dividiu para reinar
PAGS: 3 E 4
Presidente da APSUM garante o tacho e manda lixar seus companheiros
80 Meticais

Registo: 011/GABINFO-DEP/2020
DIRECTOR: Nelson Mucandze | EDITOR: Reginaldo Tchambule | Terça-Feira, 07 de Novembro de 2023 | Edição nº: 134 | Ano: 03

Executivo não cumpriu promessa de pagamento de horas extras e retroactivos

Não passou
de um golpe
eleitoral
Nas vésperas das eleições, Governo simulou pagar, mas já nem fala do assunto
Professores foram às urnas com expectavas de horas extras e agora estão frustrados
Polícias tiveram um mês de retroactivos e os militares não viram nem uma quinhenta
No Hospital Central de Maputo, médicos já estão em greve e situação afecta até urgências

Procurador do “Caso BCM” no epicentro de uma burla cirúrgica

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 2
Ronda omite número de mortes devido a
DESTAQUE violência policial
Quando as vítimas da brutalidade policial começam a ganhar rostos e no-
mes, o ministro do Interior, Pascoal Ronda, preferiu piscar para o lado e, mais
do que negar o uso excessivo e desproporcional por parte da polícia para repri-
mir manifestantes, omitiu o número real de mortos baleados pela polícia. Uma

07 DE NOVEMBRO DE 2023 investigação do jornalista Lázaro Mabunda conseguiu identificar pelo menos
duas vítimas mortais em Nampula. Trata-se de Atipo Juma, um ambulante de
apenas 14 anos, e Sabonete Saide, este último que era pai de dois filhos, de dois
e três anos, e que deixa uma esposa grávida.

Depois de 11 de Outubro, Governo já nem fala do assunto

Pagamento de horas extras e retroactivos não passou
de um golpe eleitoral
Professores foram às urnas com expectavas de receber horas extras, mas não viram a cor do dinheiro

C
Polícias tiveram um mês e os militares nem uma quinhenta

ontinuando a sua gestão de improviso e a

conta gotas, nas vésperas das eleições autár-
quicas, apercebendo-se do elevado nível de
descontentamento no seio dos Funcionários
e Agentes do Estado (FAE), o Governo deci-
diu, mais uma vez, enganar os funcionários dos sectores
que mais empregam no país, educação, saúde e Forças de
Defesa e Segurança (FDS), prometendo pagar horas ex-
tras e retroactivos devidos desde o ano passado, contudo,
tudo não passou, ao que parece, de um golpe eleitoralista.
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Os polícias, que não viam a cor dos seus retroactivos des-

de o ano passado, receberam um valor correspondente a
apenas um mês à boca das urnas, sorte que não coube aos
militares que ainda não viram a cor do dinheiro. Os profis-
sionais de saúde e da educação, que chegaram a esfregar
as mãos, vivem momentos de agonia, pois o prometido
pagamento das horas extras acumuladas nos exercícios
2022 e 2023 não foram pagos e ninguém mais fala do as-
sunto desde 11 de Outubro.
um golpe eleitoral”, pois vergonhosa do governo, que ção chega mesmo a afectar
Evidências
passado mais de um mês as queria mais uma vez nos usar os serviços de urgência, ha-
Uma semana antes das e Finanças (MEF) e depois prometidas horas extras ain- para as eleições. Fomos enga- vendo relatos consistentes de
eleições, os Funcionários e partilhada sectorialmente, da não caíram nas contas dos nados e eu, particularmente, pacientes, alguns dos quais
Agentes do Estado (FAE) fo- caso a caso, pelas respectivas profissionais da saúde e edu- já não tenho esperança de com problemas graves, que
ram bombardeados com um direcções das finanças e re- cação. receber e muitos colegas já tiveram de voltar para casa
turbilhão de informação que cursos humanos. Na polícia No sector castrense, en- estão a pensar em desistir”, sem serem atendidos.
reactivou as suas esperanças e forças armadas, o governo quanto a polícia – que foi desabafou. Refira-se que a direcção
prometeu, finalmente, pagar usada para reprimir manifes- Quem também está desilu- do hospital havia anunciado,
Em os retroactivos referentes a tantes – recebeu apenas um dido é um agente das forças a 21 de Outubro, que rece-
cumprimento de quatro e dois meses de salá- mês de retroactivos dos dois armadas que não se contenta beu uma carta dos profis-
rios com base na Tabela Sala- que são devidos, nas Forças com a justificação, aparente- sionais, indicando que iriam
decisão superior, rial Única. Armadas a promessa até aqui mente de gestão de tempo, deixar de fazer horas extras
foi orientada a No sector da educação não foi materializada, sob de que os pagamentos dos enquanto o governo não pa-
Inspecção-geral e saúde, a promessa foi de alegação de que se está ainda retroactivos estão congelados gar o que deve.
de Finanças pagamento das horas extras, a excluir das listas funcioná- por causa de um saneamento “De facto, recebemos uma
de proceder a tal como ilustra, a título de rios da Academia Militar e das listas para a retiradas de carta dos médicos. Este é um
exemplo, uma nota do Ga- ISEDEF, que receberam os quadros da Academia Militar problema que não vem de
validação de horas binete do Inspector-geral de quatro meses de retroactivos e do ISEDEF. hoje e que tem sido discuti-
extras no sector de Finanças, datado de 02 de em Dezembro. do”, afirmou o director-geral
Educação (ainda Outubro, autorizando a “vali- A situação, que é encarra- No Hospital Central de do HCM, Mouzinho Saíde,
não validadas), dação de dívidas de horas ex- da, sem reservas, como mais Maputo, médicos já estão em declarações ao canal pú-
relativas aos tras no sector de educação”. um golpe eleitoralista bem em greve blico Televisão de Moçambi-
exercícios de “Em cumprimento de de- conseguido pelo governo nas que.
cisão superior, foi orientada vésperas das eleições, está a Antes de 9 de Novembro, Desde Março passado, o
2022 e 2023, a Inspecção-geral de Finan- gerar um descontentamen- data a partir da qual os mé- Evidências vem alertando
compreendendo ças de proceder a validação to generalizado no seio da dicos do Hospital Central de que embora o Governo não
todas as províncias de horas extras no sector de função pública, com muitos Maputo prometeram deixar queira assumir, o Estado
do País, com início Educação (ainda não valida- funcionários a sentirem-se de assistir pacientes em ho- está na banca rota, enfren-
previsto para o das), relativas aos exercícios “enganados”, o que poderá rários extra, aquela classe de tando uma crise de liquidez
de 2022 e 2023, compreen- resultar numa nova vaga de profissionais de saúde deci- que faz com que não tenha
dia 3 de outubro dendo todas as províncias do desistência e abandono do diu antecipar a sua greve. capacidade de pagar salários
corrente. País, com início previsto para trabalho extraordinário por Como tal, desde a segun- de forma regular, a tal ponto
o dia 3 de outubro corrente”, parte de professores e profis- da-feira da semana passada, de nalguns meses ser obri-
de poderem receberem os referia a nota, que foi bem sionais de saúde. 30 de Outubro, os médicos gado pagar uma parte dos
seus ordenados em atraso, re- recebida pelos funcionários “Quando anunciaram a e algum pessoal de apoio FAE, enquanto espera para
troactivos e horas extras que do sector da educação, que validação dos retroactivos, tí- não presta atendimento aos arrecadar impostos para pa-
vem acumulando desde o ano começaram, obviamente, a nhamos esperanças de poder- pacientes depois do horário gar a outra parte. Em Agos-
passado. esfregar as mãos. mos receber a partir do mês normal de expediente, dei- to, alguns funcionários so
A informação partilhada No entanto, tudo, ao que passado, contudo, caímos xando muitas vezes os pa- viram o salario no dia 10 do
pelo Ministério da Economia parece, “não passou de mais mais uma vez numa mentira cientes à sua sorte. A situa- mês seguinte.
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ONG diz que CNE roubou mais de 180 mil votos para
favorecer a Frelimo
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) roubou cerca de DESTAQUE
180 mil votos para favorecer a Frelimo em cinco autarquias nas
VI Eleições Autárquicas. Este facto foi despoletado pelo Centro
de Integridade Pública (CI) através da comparação dos resulta-
dos apresentados pela CNE e da contagem paralela da sociedade
07 DE NOVEMBRO DE 2023
civil e dos partidos políticos.

Aprovou subsídios para uns e marginalizou uma parte, acabando com a união
Greve dos profissionais de saúde: Governo dividiu para reinar
Presidente da APSUM garante o tacho e manda lixar seus companheiros
Houve aumento de salários para uns às escondidas
Funcionários excluídos ameaçam paralisar actividade

E
stá instalado um ambiente de cortar à faca
entre os funcionários do sector de saúde em
todo o País, em causa está uma suposta trai-
ção da direcção máxima da Associação dos
Profissionais de Saúde Unidos e Solidários
de Moçambique (APSUSM) contra os profissionais que
representava nas negociações com o Governo. O presi-
dente da Associação negociou um subsídio em proveito
próprio e de um grupo restrito de profissionais de saúde e
agora é acusado de insultar e abandonar à sua sorte uma
parte dos profissionais de saúde. Desgastados, os funcio-
nários excluídos, na sua maioria pessoal burocrático, pon-
deram criar sua associação e realizar sua própria greve a
escala nacional.
Abanês Ndanda
Esta segunda-feira, 06, a adiamento podem estar outros
Associação dos Profissionais interesses inconfessos segun-
de Saúde Unidos e Solidários do acusa uma parte dos fun-
de Moçambique (APSUSM) cionários do sector de saúde, abrangência de todos funcio- rários, motoristas de ambu- menos expostos ao risco que o
anunciou que não haverá reto- concretamente os motoristas nários do sector de saúde ao lâncias, serventes, maqueiros enfermeiro é falta de respeito.
ma da greve por mais 15 dias, de ambulâncias, os maqueiros, beneficiar uma parte dos fun- e administrativos) manteve-se Quem recebe as amostras de
para dar continuidade ao pro- serventes, operários e funcio- cionários da saúde, deixando nos míseros 5%, apesar des- sangue, fezes, urina e outros ti-
cesso negocial e para que as nários administrativos que se para trás outros, e por outro tas duas classes fazerem parte pos de material biológico com
suas reivindicações não sejam sentem agastados e burlados lado o Governo se desviou integrante da mesma equipa potencial alto de contamina-
confundidas com a tensão po- pelo consórcio formado pelo dos princípios que norteiam a de trabalho, e com base nisto ção é o pessoal administrati-
Tabela Salarial Única ao discri- correrem o mesmo risco nas vo, e dizer que estas pessoas
minar profissionais de saúde unidades sanitárias”, pode ler- correm menos risco é uma au-
Após as negociações com o no que se refere ao subsídio de -se no documento que os re- têntica falácia. Na radiologia,
Governo, o subsídio de risco risco.
“Após as negociações com
feridos funcionários trataram
de partilhar com a equipa do
a radiação não escolhe quem
é médico, enfermeiro ou sim-
para a classe específica da o Governo, o subsídio de ris- Evidências. ples servente para afectar”,
saúde (enfermeiros e médicos) co para a classe específica da
saúde (enfermeiros e médi-
“Quem faz a movimentação
dos doentes dentro do hospital
problematizou um dos fun-
cionários que pediu colaborar
saiu de 5% para 10%. E para cos) saiu de 5% para 10%. E são os serventes, maqueiros e com o Evidências na condição
os da classe geral (operários, para os da classe geral (ope- motoristas, dizer que eles estão de anonimato.

motoristas de ambulâncias, Houve aumento de salários para uns às escondidas

serventes, maqueiros e
administrativos) manteve-se
nos míseros 5%, apesar destas
duas classes fazerem parte
integrante da mesma equipa
de trabalho, e com base nisto
correrem o mesmo risco nas
unidades sanitárias.
lítica pós-eleitoral.
Na sua intervenção, o presi-
dente daquela associação, An-
selmo Muchave, destacou que
a classe não está ainda satis-
feita, pois foram só atendidos
45% das suas reivindicações
e adiantou que o diálogo está
neste momento em stand by.
No entanto, por detrás do
Governo e direcção da AP-
SUSM.
Em documento intitulado
“as burlas da APSUSM e do
Governo” a que o Evidências
teve acesso, os funcionários
em causa consideram que a di-
recção da APSUSM negociou
apenas benefícios pessoais e
se desviaram do princípio da
Ainda sobre o porquê se
sentirem aldrabados pela AP-
SUSM em conluio com o Go-
verno aponta o documento
que temos vindo a citar que
“a outra negociata entre o
Governo e a APSUSM é que
a partir do mês de Setembro,
a classe específica de saúde,
beneficiou-se de aumentos sa-
lariais, tendo, por exemplo, um
enfermeiro superior saído do
nível 12C para o nível 13C, ou
seja, dos 37.758,00Mt para os
42.758,00Mt”.
A classe geral mais uma vez
foi esquecida ou deixada para
trás naquilo que já é interpre-
tado como uma estratégia do
governo de dividir para poder
reinar, ou seja, implantar.
Especificamente em relação
à discriminação nos aumentos
salariais, sublinha o documen-
to que “esta situação tem ge-
rado muito descontentamento,
pois, por exemplo, com este
aumento, o salário que um en-
fermeiro superior aufere com
menos de 1ano de experiência,
o administrativo superior só
poderá auferir quando com-
pletar 16 anos de experiência.
Isto contraria os princípios
que norteiam a criação da Ta-
bela Salarial Única, que era a
uniformização salarial na fun-
ção Pública”.
Neste estado das coisas,
o grupo de funcionários do
sector de saúde que aceitou
conversar sente-se duplamen-
te traído, por um lado pela
direcção da APSUSM, que de-
veria primar por um tratamen-
to igualitário aos benefícios,
e por outro lado o Governo,
que preferiu tratar de forma
desigual o que era igual, prin-
cipalmente pela diferenciação
do subsídio de risco entre fun-
cionários com igualdade de ex-
posição.
“O presidente da associa-
ção, ao que nos parece, ficou
acomodado, já que faz parte
da classe beneficiada, mas, no
fundo, só ele pode dizer o que
tem a ganhar com a situação e
com o seu recuo na represen-
tação das preocupações ver-
Continua na pag 04
 4
Sequestradores fazem mais uma vítima na Cidade
DESTAQUE de Maputo
O crime organizado continua a exibir a sua musculatura perante
o olhar impávido das autoridades da lei e ordem. Na última semana,
quando o ministro do Interior, Pascoal Ronda, estava a esbanjar a sua
boa oratória na Assembleia da República, uma cidadã que responde
07 DE NOVEMBRO DE 2023 pelo nome Zakia Dassat, por sinal filha de um empresário de origem
asiática, estava a ser raptada na Rua São Valentim, no bairro da Som-
merchield, arredores da Cidade de Maputo.

Marcelino Caunhia era terceiro suplente e em Junho passou a ser efectivo

Juiz eleito que denunciou conduta ilegal da Juiza que anulou eleições em
Cuamba é “deputado” da Frelimo na Assembleia Municipal

A
Juíza do Tribunal Judicial do Distrito de
Cuamba, Nelita Carlos Airone, decidiu anu-
lar as eleições autárquicas realizadas por
“existir um vício que afecta os resultados
das eleições”, porque mais de 6.000 eleitores
terão sido impedidos de votar. Dias depois de Airone anu-
lar os resultados anunciados pela Comissão Distrital de
Eleições em Cuamba, Marcelino Caunhia e Paulo Caputa,
magistrados afectos ao Tribunal Judicial daquele distrito
da província do Niassa, denunciaram a conduta ilegal de
Airone ao Conselho Superior da Magistratura porque ale-
gam que a Renamo não tinha matéria para consolidar a
anulação das eleições. No entanto, por detrás da denúncia
de Caunhia estão motivações políticas, visto que o mesmo
é, afinal, desde Junho do corrente ano, deputado efectivo
da Frelimo na Assembleia Municipal daquela autarquia
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da província do Niassa.
Duarte Sitoe
Ao contrário dos outros
municípios que mesmo com
todas Evidências que provam
que houve fraude os Tribunais
Distritais julgaram improce-
dentes os recursos interpostos
pelos partidos da oposição
para anular as eleições, em
Cuamba, Nelita Carlos Airo-
ne decidiu anular as eleições
autárquicas realizadas por
“existir um vício que afecta os
resultados das eleições”, uma
decisão, de resto, já anulada
pelo Conselho Constitucional
por extrapolar as competên-
cias.
Entretanto, a decisão de
Airone defraudou as expecta-
tivas dos seus colegas, Marce-
lino Caunhia e Paulo Caputa,
que decidiram enviar um ofí-
cio ao Conselho Superior da
Magistratura, referindo que
na decisão da Juíza há situa-
ções que comprometeram a
integridade do processo e os
princípios basilares da justiça
moçambicana.
Os queixosos alegam que
a Juíza decidiu pela anula-
ção dos resultados anuncia-
dos pela Comissão Distrital
de Eleições em Cuamba para
favorecer a Renamo sem os
consultar, referindo, por outro
lado, que o maior partido da
oposição não apresentou pro-
vas relevantes para a anulação
da votação.
Por entenderem que Airo-
ne pode estar numa situação
de conflitos de interesse, pe-
diram ao Conselho Superior
de Magistratura Judicial para
instaurar “um processo disci-
plinar para o apuramento das
responsabilidades que nos
parecem pesar sobre a Juíza
e eventualmente sobre o Es-
crivão Chefe, Francisco Fa-
ria. Seja instaurado inquérito/
sindicância para investigar as
ligações entre o partido e os
magistrados que como se viu
estão na iminência de situa-
ções de conflitos de interes-
ses”.
O que não se sabia é que,
afinal, Marcelino Caunhia e
seu co-autor podem ter agido
com motivações políticas para
protestar contra a decisão da
Juíza, uma vez que Caunhia,
para além de ser magistrado
eleito, é, desde Junho do cor-
rente ano, deputado (efecti-
vo) da Frelimo na Assembleia
Municipal de Cuamba.
Um comunicado datado de
27 de Junho do corrente ano,
emitido pelo Comité das Zona
da Cidade de Cuamba, refere
que Caunhia deixou de ser ter-
ceiro suplente para ser deputa-
do efectivo.
“Para os devidos efeitos
e atrás desta, a Bancada da
Frelimo, tendo recebido a in-
formação, através do Partido
Frelimo, da renúncia do Se-
nhor Marcos Jorge Catopola,
que na altura pertencia a nossa
Bancada da Frelimo na As-
sembleia Municipal da Cidade
de Cuamba, temos a honra de
informar a V.Excia Camarada
Marcelino Caunhia como sen-
do o terceiro suplente depois
de Maria de Graça Tomás,
entra na Assembleia Munici-
pal como membro efectivo e,
segundo rege o Estatuto do
Partido Frelimo, a chefia da
Bancada indicou a ele para
substituição”, lê-se no docu-
mento assinado pelo Chefe
da Bancada, Fabião Assamo,
o que muda o jogo e o coloca
em claro conflito de interesses
e, em parte, pode até justificar
o comportamento da juíza.

Continuação da pag 03

dadeiras do profissionais de sidente da APSUSM, o enfer-
saúde”, disse outro funcioná- meiro Anselmo Muchave, tem
rio que também entende que a vindo a ser contestado desde
direcção da APSUSM perdeu o final do mês de Setembro,
legitimidade de exercício por quando contactado pela nossa
nunca ter pautado pela trans- equipa de reportagem insul-
parência e imparcialidade. tou os funcionários agastados.
Refira-se que os profissio- “É por isso que se costuma
nais de saúde iniciaram a 20 dizer que a falta de conheci-
de Agosto do ano corrente mento cega a vista e atropela a
uma greve geral que em prin- consciência”, foi a resposta de
cípio tinha sido calendarizada Anselmo Muchave ao convite
para 21 dias, exigindo ao Go- a se posicionar em torno do
verno que seja satisfeita uma barulho que tem estado a ser
série de exigências do sector, gerado pela situação.
incluindo as da classe médica. “As pessoas não entendem
e estão a fazer barulho sem
Presidente da APSUSM sequer se identificar e sem
manda ‘lixar’ funcionários perceber o que está acontecer.
Existem pessoas que traba-
Sendo verdade que o pre- lham na Saúde como sector
mas que pelo trabalho que
fazem não correm os mesmos
riscos com os funcionários de
regime específico”, disse Mu-
chave corroborando com a
informação de ter havido tra-
tamento diferente dos funcio-
nários de saúde na atribuição
do subsídio pelo risco.
Num momento Muchave
disse que “ainda não tivemos
desfecho, nós só decidimos
parar para não sermos con-
fundidos com algum partido
político”, mas noutro mo-
mento, de forma dissonante
com a primeira locução, san-
tificou o Governo no assunto,
regozijando que “o Governo
já fez a sua parte e nós tam-
bém fizemos a nossa parte”.
 5
Renamo e MDM fazem Frelimo lembrar os tempos do
monopartidarismo
Em protesto contra os resultados que garantiram a vitó-
ria da Frelimo em 64 das 65 autarquias, a Renamo e o MDM
DESTAQUE
decidiram faltar às sessões parlamentares. O porta-voz do
maior partido da oposição em Moçambique, José Manteigas,
defende que esta é uma forma de manifestar o desconten-
tamento do partido em relação ao rumo que está a tomar a
07 DE NOVEMBRO DE 2023
democracia no país.

Famigerado procurador do “Caso BCM”

Diamantino dos Santos no epicentro de uma burla cirúrgica
Testemunhas referiram, na sessão preliminar do julgamento, que o ex-procurador fez de tudo
para atrasar a investigação

O
antigo Procurador-Geral da República
(PGR), António Diamantino dos Santos,
está no epicentro de uma burla de 10 mi-
lhões de meticais defraudados a uma famí-
lia e o caso corre os seus trâmites nos tribu-
nais. Dos Santo, que esteve detido durante cinco dias e foi
liberto mediante ao pagamento de fiança, com ajuda dos
seus parceiros de negócios, nomeadamente Moisés Rafael
Jossias Vilanculos, Narciso António Djedje, por sinal tam-
bém arguidos, intermediaram a compra de carvão mine-
ral para posterior venda na fábrica de cimentos Dugongo,
mas de 2021 a esta parte ainda não entregaram o produto e
muito menos fizeram a reposição do valor, a família ofen-
dida viu-se obrigada a levar o assunto para a justiça, onde
segue os trâmites legais.
Duarte Sitoe
Longe dos holofotes, no a monte entre 2001 a 2005,
que respeita às instituições da quando foi preso pela Polícia
justiça, António Diamantino da República de Moçambique
dos Santos continua no activo (PRM) indiciado de burla no
nos negócios, visto que tem antigo Banco Comercial de
servido de intermediário nas Moçambique, caso que por
negociações entre empresas sinal envolve o homicídio de
nacionais e sul-africanas no Carlos Cardoso, um jornalista
fornecimento de bens e ser- que investigava aquela fraude
bancária.
Aliás, durante o julgamen-
Tudo começa to, várias testemunhas referi-
em 2021, ram que António Diamantino
dos Santos fez de tudo para
quando um atrasar a investigação.
cidadão de Tudo começa em 2021,
quando um cidadão de nome
nome Miguel Miguel Joaquim pediu ao an-
Joaquim pediu tigo Procurador-Geral da Re-
ao antigo pública ao nível da província
de Sofala sugestão de um ne-
Procurador- gócio, depois de recuperar 10
Geral da milhões de meticais que esta-
vam nas mãos de terceiros.
República Como “bom Samaritano”,
ao nível da dos Santos sugeriu ao cidadão
Joaquim a compra de carvão
província de mineral para revender a em-
Sofala sugestão presa Dugongo Cimentos,
de um negócio, uma vez que tem fortes liga-
ções com empresas que forne-
depois de cem bens e serviços na África
recuperar do Sul.
No entanto, o negócio que
10 milhões parecia ter de tudo para andar
de meticais ganhou contornos de burla ci-
rúrgica, porque mesmo depois
que estavam de ter depositado 10 milhões
nas mãos de de meticais, que foram con-
terceiros. vertidos na moeda sul-africa-
na, Miguel Joaquim não rece-
beu o produto.
viços. Fatigado pelas promessas
Foi através das interme- falsas de Diamantino, Moi-
diações que o homem se tor- sés Rafael Jossias Vilanculos,
nou célebre por ter andado Narciso Antônio Djedje e Mi-
guel Joaquim decidiram levar
o caso para as instituições da
justiça. De acordo com pro-
cesso datado de 08 de Março
(na posse do Evidências) do
corrente ano e que leva o nú-
mero 762/1103/2023 (autos
de instrução criminal) em que
lhe é movido pelos ofendidos
Cheila Denisse dos Santos
Zulunhane e Miguel Joaquim,
Diamantino e dois outros par-
ceiros são chamados a restituir
o valor no Pedido de Indemni-
zação Civil.
Yethembe a receptora
do dinheiro
Nos documentos na posse
do Evidências, António Dia-
mantino dos Santos e seus pa-
res escolheram o Grupo Ye-
thembe, uma empresa sediada
na África do Sul, para impor-
tar o carvão mineral, que pos-
teriormente seria vendido a
Dugongo Cimentos.
Identificada a empresa que
seria responsável pela compra
e transporte do carvão mine-
ral até o destino final, os in-
termediários instruíram Chei-
la Denisse para transferir os
10 milhões de meticais para
a conta da ARJ Engenharia
& Projectos, que por sua vez
converteu o valor em rands e
enviou para a conta do Grupo
Yethembe.
Quando tudo indicava que
o negócio tinha pernas para
andar, registou-se constran-
gimentos e até hoje o carvão
mineral ainda não chegou ao
destino final. Segundo o que
o Evidências apurou, o antigo
Procurador-Geral da Repú-
blica e seus pares justificaram
que a morosidade na importa-
ção de carvão mineral devia-se
ao facto do destino final não
ser o Porto de Maputo.
As desculpas elencadas
para justificar o atraso da che-
gada do produto que seria
posteriormente fornecido a
Dugongo Cimentos não con-
venceu os investidores que
exigiram a reposição dos 10
milhões de meticais.
Perante a pressão dos inves-
tidores, António Diamantino
dos Santos viu-se obrigado a
fazer uma declaração de dívi-
da e colocou a casa onde vive
na Matola Rio, porém a sua
esposa, Lúcia Berta Sumbana,
recusou assinar a declaração
confessória de dívida.
Por sua vez, Narciso An-
tónio Djedje alegou que esta-
va falido, tendo para o efeito
apresentado um atestado de
pobreza. Contudo, tal justifi-
cação não correspondia à ver-
dade, visto que tem acções em
algumas empresas com algu-
ma robustez financeira.
A estratégia adoptada por
Diamantino e companhia
para saírem ilesos
António Diamantino dos
Santos é um expert em maté-
rias, por isso desenhou uma
estratégia para sair ileso da
burla cirúrgica. O Grupo Ye-
thembe tem sido, na África
do Sul, apontado como peça-
-chave no processo que ainda
corre na justiça por ter recebi-
do o valor para a compra do
carvão mineral.
Entretanto, a usar aquela
empresa sul-africana, o antigo
Procurador-Geral da Repúbli-
ca e os seus parceiros de ne-
gócios sabiam que podiam até
ser indiciados de burla, mas
não seriam condenados pelo
simples facto de o valor em
causa não ter sido depositado
nas suas contas, o que pode
comprovar nos documentos
que constam dos autos do
processo.
Um jurista independente
contactado pelo Evidências
para analisar o caso a lupa
referiu que os arguidos têm
tudo para serem inocentados
por falta de provas, uma vez
que participaram no negócio
na qualidade de intermediá-
rios. “Este caso é bastante
complexo, atendendo e consi-
derando que os arguidos não
receberam o referido dinheiro
nas suas contas. Acredito que
foi estratégia desenhada para
lavar dinheiro através da em-
presa sul-africana que deve ser
intimada a contar a sua ver-
são dos factos. Cabe ao Juiz
analisar os documentos que
constam do processo e tomar
as devidas decisões, podia até
dizer que os réus serão ino-
centados, mas não sou o Juiz
da causa”, comentou.
 6 SOCIEDADE PM garante que situação política do país está estável
Numa altura em que se regista manifestações um pouco
por todo o país em protesto contra os resultados validados pela
Comissão Nacional de Eleições, o primeiro-ministro, Adriano
Maleiane, preferiu assobiar para o lado e referiu que a situação
07 DE NOVEMBRO DE 2023 política em Moçambique está estável e que as instituições do
Estado funcionam na maior normalidade.

Pressão orçamental no ano das eleições gerais (2024) aumenta o défice orçamental
Governo continuará em aperto até o último minuto
PESOE-2024 encerra o segundo ciclo de Nyusi com muitas promessas falhadas
Despesa do Estado estimada em 542 mil milhões de meticais para 2024, o défice cresce
para 160 mil milhões de meticais e a economia a “crescer 5,5%”

A
proposta do Plano Económico e Social e
Orçamento do Estado para 2024 (PESOE),
que marca o fim da implementação do Pro-
grama Quinquenal do Governo 2020-2024
(PQG), acena para mais um ano de aperto,
com as eleições gerais e o sector da defesa a pressionarem
o orçamento a nível central. No ano que o Governo pre-
tende contratar perto de três mil professores e mais de mil
profissionais de saúde, no contexto em que a economia mo-
çambicana irá crescer 5,5%, as despesas do Executivo estão
estimadas em 542 mil milhões e um défice 160 mil milhões,
quase dobro do défice de 2023, um ano que se assume como
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da crise, que coloca o Governo na incapacidade de pagar

despesas básicas.
Nelson Mucandze
Não é por lapso que Adriano
Maleiane (primeiro-ministro)
gaguejou quando foi confronta-
do com a simples pergunta de
pagamento do 13o Salário. As
contas do Estado continuam
pressionadas e os salários vêm
falhando a cada mês, havendo
casos em que funcionários re-
cebem salário em tranches de
50%, como se verificou na As-
sembleia da República. Aliás,
aqui, os deputados chegam a
O ano de 2024 marca o fim
do Programa Quinquenal do
Governo 2020-2024 (PQG),
o segundo ciclo do Governo
de Nyusi, cuja bandeira da
governação foi a promessa
de criação de três milhões de
postos de emprego e aumento
de orçamento para a agricultura.
Para cumprir a primeira
promessa, teve de reformular o
conceito de emprego, que agora
passam a incluir os biscates,
e, na agricultura, os números,
apesar de animadores, nunca
foram consensuais, aliás,
assemelham-se aos números das
recentes eleições autárquicas.
receber subsídio de residência
com atraso de mais de 20 dias.
Do resto, é o que se sabe da
função pública, com atrasos
frequentes para pagamentos de
honorários à polícia, aos pro-
fessores, profissionais de saúde,
entre outros quadros indispen-
sáveis na prestação dos serviços
básicos exclusivos do Estado.
2024 está à espreita e as ex-
pectativas incidem sobre a re-
toma da TotalEnergies, que
suspendeu actividade em 2021.
Não é uma expectativa que in-
cide directamente sobre a To-
talEnergies, mas sobre a força
da sua presença, que irá atrair
maior Investimento Direc-
to Estrangeiro (IDE), que se
perspectiva numa melhoria que
pode animar as empresas e de
forma indirecta as receitas. Em
2023, a expectativa era a mesma,
mas a TotalEnergies não voltou,
pelo contrário, voltou à mesa de
negociação com novos termos,
alegando aumento da inflação.
Além da TotalEnergies, dentro
deste sector, as expectativas fo-
ram ainda animadas pela entra-
da em funcionamento da plata-
forma flutuante coral sul. Longe
das expectativas, 2023 foi de
gestão de crises e continua a ser.
O ano de 2024 marca o fim
do Programa Quinquenal do
Governo 2020-2024 (PQG), o
segundo ciclo do Governo de
Nyusi, cuja bandeira da gover-
nação foi a promessa de criação
de três milhões de postos de
emprego e aumento de orça-
mento para a agricultura. Para
cumprir a primeira promessa,
teve de reformular o conceito
de emprego, que agora passam
a incluir os biscates, e, na agri-
cultura, os números, apesar de
animadores, nunca foram con-
sensuais, aliás, assemelham-se
aos números das recentes elei-
ções autárquicas.
De modo geral, o documen-
to centra-se, segundo defende
o Executivo, na materialização
dos seus principais objectivos,
mormente: a melhoria do bem-
-estar e da qualidade de vida
das famílias moçambicanas;
redução das desigualdades so-
ciais e da pobreza; criação de
um ambiente de paz, harmo-
nia e tranquilidade; e estímulo a
criação de emprego.
Eleições Gerais 2024 já tem
seis mil milhões
de meticais
Para 2024, o Plano Econó-
mico e Social e Orçamento do
Estado, publicado em Outu-
bro passado pelo Ministério de
Economia e Finanças, prevê no
emprego, a criação de 413.445
postos de trabalho, o número
inclui os pertos de 500 exten-
sionistas que deverão ser con-
tratados enquanto os actuais
ainda reclamam falta e falhas na
remuneração.
Para realizar as suas despe-
sas, o Estado irá precisar de
542.695,6 milhões de meticais,
equivalente a 35,3% do PIB.
Para o mesmo ano, a recei-
ta do Estado está prevista em
383.537,5 milhões de meticais,
correspondente a 25,0% do
PIB; e défice orçamental cal-
culado em 159.488,5 milhões.
O saldo primário é de 39.283,2
milhões.
Mas este não é um ano co-
mum. É que está prevista a rea-
lização das eleições gerais, que
constituem um elemento vital
para a consolidação dos ganhos
do processo democrático em
Moçambique. De acordo com
a proposta do plano publicado
pelo Ministério de Economia e
Finanças (MEF), dentro do pac-
to do ciclo eleitoral “estão pre-
vistos cerca de 6.500,0 milhões
de MT, que dentre várias des-
pesas será usado para o recen-
seamento eleitoral, produção do
material de votação, aquisição
e aluguer de meios circulantes
e pagamento de subsídios”. É
um valor que pode estar muito
abaixo do custo real das eleições
gerais, visto que só as eleições
autárquicas custaram 14 mil mi-
lhões de meticais.
As eleições gerais compreen-
dem as eleições de governado-
res, de parlamentares e do Pre-
sidente da República.
Em termos estruturais, há
que destacar que o documento
já distribuído na Assembleia da
República dá destaque, logo nas
primeiras páginas, aos sectores
sociais, onde a intervenção do
governo tem se mostrado inefi-
ciente, como se viu com a edu-
cação nos últimos anos.
Aqui, por exemplo, o executi-
vo diz que em 2024 espera admi-
tir 2.803 professores Primários
e Secundários; alcançar a taxa
líquida de escolarização aos 6
anos, para alunos matriculados
na primeira classe de 98,9%, que
será suportada pela aquisição e
distribuição de cerca de 11.300
carteiras escolares, cerca de
22.491.500 livros escolares,
construção de 773 salas de au-
las para o ensino primário e 22
escolas secundárias, bem como
a requalificação de 90 escolas
primárias.
O sector de saúde, que co-
Continua na pag 10
 FICHA TECNICA
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CORRESPONDENTES: Beira - Jossias
Sixpence | Nampula – Francisco Máquina,
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EDITORIAL
07 DE NOVEMBRO DE 2023
Sem barulho, AR mostrou a pobreza de um
parlamento sem oposição
A VIII Sessão Ordinária da As-
sembleia da República, na sua IX
Legislatura, foi, semana passada,
inaugurada pelo Governo, que
esteve em resposta ao pedido de
informações dos parlamentares.
Dois temas relevantes, o inusi-
tado zelo da polícia e o polémico
SUSTENTA, que mereciam um
debate aprofundado, foram redu-
zidos a temas corriqueiros. Com
ausência da Renamo e MDM,
a presença do Governo na As-
sembleia da República foi mera-
mente formal, sem análise crítica
das informações colocadas, pelo
contrário, até nas piores gafes, a
única bancada presente, a Freli-
mo, esgrimia-se em hosanas. Ali
estava a aplaudir a actuação vio-
lenta da polícia e os números po-
lémicos da agricultura, que por
mais coerentes que possam pare-
cer não colhem consensos. Tudo
bem que ali estávamos diante de
uma ausência premeditada, mas
foi a ilustração mais fiel de quão
são ou seriam danosas à demo-
cracia as vitórias retumbantes
para qualquer que seja o partido.
Não, senhores, não se ganha ne-
nhum com o monopartidarismo.
No parlamento estiveram dois
ministros que mereciam espe-
cial atenção por serem as partes
responsáveis pela instabilidade
política que o país vive, seja de
forma directa ou indirecta. São
eles o ministro Pascoal Ronda e
Celso Correia, que, embora este
último tenha responsabilidades
acumuladas pela fraude eleitoral
que empurrou o país para crise
pós-eleitoral, não pode, obvia-
mente, ser chamado na qualida-
de do Director da Campanha da
Frelimo, mas uma provocação da
oposição podia ter relacionado a
gestão dos fundos destes projec-
tos com os fundos que viabiliza-
ram a fraude.
Em curta marcha no Ministé-
7
rio de Interior, Pascoal Ronda
mostrou que pode actuar num
governo de cineastas e humoris-
tas, provando que está no lugar
certo. Quando todos os moçam-
bicanos testemunharam o uso ex-
cessivo e desproporcional da for-
ça policial, cenários assistidos no
cortejo fúnebre de Azagaia e nas
VI Eleições Autárquicas, a pon-
to de ter havido registo de mor-
tes pelas balas da polícia, Ronda
mostrou-se a leste da postura da
corporação e disse que “apenas
garantiu a ordem e segurança
pública, protegendo todas as or-
ganizações políticas”. Talvez se
não fosse a ausência justificada
pela necessidade de pressionar
as autoridades eleitorais a repor
a verdade eleitoral, Ivone Soares
teria muito bem partilhado o seu
episódio de intimidação policial
ocorrido na Zambézia.
Do resto, a primeira semana da
sessão da AR que ocorreu cinco
dias depois dos tumultos vividos
em pelo menos quatro cidades do
país (Maputo, Quelimane, Nam-
pula e Nacala-Porto), em protes-
to aos resultados das Eleições Au-
tárquicas do dia 11 de Outubro,
que dão vitória à Frelimo em 64
autarquias do país, mostrou que
qualquer vitória retumbante é
penosa ao próprio vencedor e,
mais do que isso, aos moçambi-
canos, na medida em que restrin-
ge o debate, a crítica e a própria
democracia num todo.
Não é por lapso que as infor-
mações de maior relevância fo-
ram solicitadas pela oposição,
enquanto a Frelimo fala das tra-
dicionais épocas chuvosas. Foi a
Renamo que solicitou ouvir do
Governo as razões que ditam o
uso excessivo e desproporcional
da força policial e as constantes
inviabilizações das manifestações
dos cidadãos e os contornos do
SUSTENTA e do FNDS.
 8 SOCIEDADE
07 DE NOVEMBRO DE 2023
Rafael e Leonardo: Dois exemplos de persistência e realização
em meio a adversidade
R
afael Bata e Leonardo Jorge tinham tudo para
mergulhar no mar das lamentações por serem
deficientes visuais, contudo são exemplo de
superação para muitos devido a sua persistên-
cia e vontade de vencer. Apesar da deficiência,
a dupla superou obstáculos e conseguiu alcançar feitos no-
táveis que deixam qualquer mortal de queixo caído. Nesta
edição, o Evidênciais traz uma parte da história de vida dos
dois jovens que são inspiração nas suas respectivas zonas.
Edmilson Mate e Teresa Simango
Rafael Bata e Leonardo
Jorge, dois jovens com perso-
nalidades diferentes, sonhos
distintos e algo em comum,
a deficiência visual, um pro-
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ
blema que além de limitar a
visão física, limita a realização
de sonhos e que infelizmen-
te tem afectado vários jovens
moçambicanos. No entanto,
Rafael Bata e Leornardo Jor-
ge são um exemplo de resi-
liência, ambos provaram ao
mundo que é possível realizar
seus sonhos mesmo tendo
deficiência visual.
Leonardo Daniel Jorge, de
30 anos de idade, natural da
Quando tudo parecia estar
devidamente alinhado,
mais uma dificuldade
vinha com a oportunidade.
“Como o Brasil não
financiava o custo de
viagem, só assumiam ajuda
depois que o estudante
chegasse ao país, tive que ir
atrás de um financiamento
para a passagem e visto,
tive apoio de amigos e
o instituto de bolsas de
estudo que pagaram a
passagem de ida e volta”.
Beira, província de Sofala,
órfão de pai e filho de mãe
doméstica e único filho ho-
mem no meio de 04 irmãos,
abriu as portas para equipa do
Jornal Evidências em seu es-
critório na cidade de Maputo,
para contar a sua história de
persistência ao mundo.
Apesar da sua limitação vi-
sual que foi provocada pelo
sarampo, Leonardo Daniel
não mediu esforços para al-
cançar os seus objectivos e
migrou para o Brasil, através
de uma bolsa de estudos, em
busca de realizar o sonho de
se tornar um cientista político
e um administrador público
para ajudar a contribuir para
o bem-estar da sua família e
do país.
“Perdi a visão entre os 03
a 04 anos de idade por causa
do sarampo, em 2001 perde-
mos o pilar da nossa família,
o nosso pai, e a minha mãe
conseguiu a oportunidade de
me matricular numa escola
especial, e por sinal a primeira
no país que recebia pessoas
com deficiência visual, o Ins-
tituto de Deficientes Visuais
da Beira, onde fiz o nível pri-
mário no regime de internato
e fiquei lá até a 5ª classe. Com
Presidente da República diz que Conselho Constitucional é
o principal guardião da constituição
OPresidentedaRepúblicadisse,estasegunda-feira,emMaputo,
que não pode haver dúvidas que o conselho constitucional é o prin-
cipal guardião da constituição um órgão imparcial na sua actuação.
Filipe Nyusi disse que não se pode esperar que por si só o órgão
possa desempenhar o seu papel e destacou que na sua actuação o
conselho constitucional precisa do apoio de outras instituições.
o objectivo de integrar os alu-
nos nas suas famílias para po-
der ter uma integração social
e estimular o desenvolvimen-
to das habilidades e mobilida-
de da 6ª e 7ª classe passei a re-
sidir em casa com a família”,
contou a fonte.
“Cheguei a me sentir
excluído e fui em busca de
outras oportunidades”
Jorge enfrentou várias di-
ficuldades ao longo da sua
formação, mas nunca desistiu
de alcançar os seus objecti-
vos, visto que teve que migrar
para o Brasil para terminar a
licenciatura em administração
pública.
“Na adolescência, porque
já fazia parte do parlamento
infantil, decidi concorrer para
o curso de ciência política
na UEM, para a licenciatura,
morando na residência uni-
versitária, o que me estimulou
a sair da UEM foi a questão
acessibilidade atitudinal, que
é ligada a forma de tratamen-
to, a forma como os docentes
tratavam as coisas, como eles
trabalhavam comigo, cheguei
a me sentir excluído e fui em
busca de outras oportunidade,
foi neste sentido que quando
me apareceu a oportunida-
de de ir ao Brasil não pensei
duas vezes, e como também
já procurava oportunidade
de uma bolsa para estudar
fora do país me candidatei à
bolsa em 2017, fui aprovado
para o curso de Administra-
ção Pública na Universidade
da Integração Internacional
da Lusofonia Afro-Brasileira
(UNILAB)”.
Quando tudo parecia estar
devidamente alinhado, mais
uma dificuldade vinha com a
oportunidade. “Como o Bra-
sil não financiava o custo de
viagem, só assumiam ajuda
depois que o estudante che-
gasse ao país, tive que ir atrás
de um financiamento para a
passagem e visto, tive apoio
de amigos e o instituto de bol-
sas de estudo que pagaram a
passagem de ida e volta”.
Leonardo Daniel Jorge,
que actualmente é membro da
Associação Moçambicana dos
Deficientes Visuais e faz parte
da Plataforma de Adolescen-
tes e Jovens cujo objectivo
é participar na vida do país,
concluiu a licenciatura, mas
ainda almejava fazer o mestra-
do em administração pública
e, mais uma vez, ganhou uma
bolsa para estudar na Uni-
versidade Federal de Minas
Gerais.
“Sou administrador públi-
co e cientista político, hoje
sou tido como espelho na mi-
nha comunidade e, por sinal,
um dos poucos que conseguiu
concluir o mestrado”, conclui
Jorge, sublinhando que “o
maior desafio enfrentado du-
rante este processo foi a falta
de material didático e questão
atitudinal que transformei em
oportunidade, hoje considero
a minha licenciatura e o meu
mestrado as minhas maiores
conquistas”.
Prosseguindo, a fonte mos-
trou-se pouco interessado em
enriquecer tanto que tal, mas
bem mais modesto do que ser
rico, poder ser autossuficien-
te, até porque “nem pretendo
ser governante, mas quero
ajudar o povo a resolver o
problema que tem, dentro
daquilo que são as minhas
atribuições, competências e
capacidades”.
Dirigindo-se para a socie-
dade de forma geral, Leonar-
do Daniel Jorge, abordando
sobre a inclusão, alerta para
que esta “não seja pensada ou
tratada quando conveniente,
deve ser uma coisa que este-
ja dentro de nós, temos que
pensar em políticas mais in-
clusivas sempre em todos os
sectores em todas áreas em
todos os momentos e grupos
sociais que existem”.
Actualmente, o membro
da Associação Moçambicana
dos Deficientes Visuais tem
como sonho conseguir reali-
zar a publicação do seu livro
que em parte se compõe pela
sua dissertação de mestrado.
Por seu lado, Rafael Bata,
natural de Maputo, teve uma
infância normal como todas
as crianças. Jogou futebol,
tocou guitarra, mas foi no
segundo ano do ensino se-
cundário que o pior aconte-
ceu, foi recrutado para tropa
para cumprir serviço militar
obrigatório.
Continuação da pag 21
 9
Frelimo vinca que triunfou nas VI Eleições Autárquicas
Os partidos da oposição, sociedade civil e comunidade internacional já
vieram ao terreiro referir que as VI Eleições Autárquicas não foram “livres,
POLÍTICA
justas e transparentes”. No entanto, a Comissão Política da Frelimo, reunida
na 17ª Sessão Ordinária, preferiu assobiar para o lado, referindo que o acto
eleitoral é “o culminar de um exercício democrático interno e transparente,
iniciado a partir dos órgãos de base do Partido, com a participação activa dos 07 DE NOVEMBRO DE 2023
munícipes dos diversos estratos sociais, comprometidos com a democracia”.

Correia diz que um milhão de agregados vai superar linha de

pobreza em 2025

O
Governo esteve, na última semana, na As- missão Nacional de Eleições.
sembleia da República para responder a Maleiane sublinhou ainda
perguntas colocadas pelas bancadas em os passos dados na busca da
torno da situação económica, social e paz definitiva e reconciliação
política do país. Enquanto, a ministra da entre os moçambicanos, com
Terra e Ambiente, Ivete Maibaze, partilhou o nível de a conclusão do processo de
prontidão do governo, com destaque para o pré-posicio- Desmilitarização, Desmobili-
namento de meios de resgate, o ministro da Agricultura zação e Reintegração (DDR).
de Desenvolvimento rural, Celso Correia, revelou que, A actuação da Polícia da
como resultado da implementação do programa SUS- República durante as mani-
TENTA, o país prevê que um milhão de agregados fami- festações em protesto contra
liares supere a linha de pobreza alimentar até 2025. as fraudes que marcaram as
VI Eleições Autárquicas foi
Evidências abordado na sessão das per-
do ao seu limitado desenvol- de prontidão do país para fa-
A par da Renamo, o Movi- cional de integração da agri- vimento agrícola, nomeada- zer face ao impacto da próxi- guntas ao Governo, tendo o
mento Democrático de Mo- cultura familiar em cadeias mente a fraca produtividade, ma época chuvosa em todo ministro do Interior, Pascoal
çambique voltou a gazetar as de valor produtivas, que tem deficiente acesso às tecnolo- território nacional, tendo, na Ronda, declarado que não se
sessões que tiveram lugar na como o objectivo melhorar a gias produtivas, serviços fi- ocasião, a ministra da Terra pode colocar em causa a pre-
última semana na Assembleia qualidade de vida dos agrega- nanceiros e mercados”, des- e Ambiente, Ivete Maibaze, sença dos agentes da Lei e
da República, deixando a Fre- dos familiares rurais através tacou Correia na Assembleia partilhado o nível de pronti- Ordem na via pública.
limo experimentar os tempos da promoção de agricultura da República, na sessão de dão do governo, com desta- Ronda explicou na ses-
áureos do monopartidarismo. sustentável (social, económi- prestação de informações do que para o pré-posicionamen- são que contou apenas com
Mas, mesmo com isso, solici- ca e ambiental), prevê que um Governo ao Parlamento. to de meios de resgate. os deputados da Frelimo
tou informações ao Governo milhão de agregados familia- Por outro lado, o ministro Na sua intervenção, o em virtude da Renamo e o
sobre o Programa Sustenta res supere a linha de pobreza da Agricultura e Desenvolvi- primeiro-ministro, Adriano MDM terem, mais uma vez,
que está a ser implementado alimentar até 2025. mento Rural assegurou que Maleiane, declarou que o país boicotado a sessão, referiu
pelo Ministério da Agricultura “Dos perto de 4.2 milhões o programa vai melhorar a está estável, apesar das mani- que onde as pessoas têm a
e Desenvolvimento Rural. de agregados familiares que segurança alimentar, geração festações que têm sido regis- liberdade para exercer reu-
Respondendo as questões residem no meio rural, cerca de emprego, inclusão social e tadas um pouco por todo o niões ou manifestações, há
da terceira maior força polí- de 1.8 milhão encontrava-se produtividade. país em reivindicação dos re- necessidade de presença da
tica do país, Correia referiu em situação de pobreza de O partido no poder solici- sultados das VI Eleições Au- polícia para garantir a segu-
que, através do programa na- rendimento e consumo, devi- tou informações sobre o nível tárquicas validados pela Co- rança de todos.

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Porquê
licenciar?
Deveres do Operador
Postal em relação ao
consumidor.

Qual é o papel do
INCM na Regulação
dos Serviços Postais?

Autoridade Reguladora das Comunicações

 10 POLÍTICA Lei de Liberdade Religiosa continua a levantar debate
Mesmo depois da explicação da ministra Helena Kida, que
no parlamento revelou que a revisão da Lei de Liberdade Reli-
giosa visa difundir a compreensão em volta do conhecimento
jurídico sobre como abrir uma igreja, a proposta de lei continua
07 DE NOVEMBRO DE 2023 a dividir opiniões no seio da sociedade moçambicana, em parti-
cular a comunidade religiosa.

E até fala de membros que entraram a porta de cavalo e influenciam Nyusi

Samora Machel Júnior volta a denunciar infiltrados na Frelimo e
é ovacionado por internautas
“Precisamos de dirigentes assim, transparentes e íntegros” - defendem

O
primogênito do antigo Presidente da Repú-
blica, Samora Machel Júnior, voltou a dis-
parar contra infiltrados dentro da Frelimo,
referindo que os mesmos estão actualmen-
te em posições que levaram o Presidente
da República, Filipe Nyusi, a tomar decisões nunca antes
tomadas. Os seus pronunciamentos, numa entrevista pu-
blicada pela STV, mereceram grandes elogios por parte da
crítica nacional e a publicação daquele órgão de comu-
nicação social ficou inundada de comentários de apoio,
encorajamento e apelos para que este concorra para Presi-
dente da República.
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ

Evidências
Depois da carta que repudia
a actuação da Polícia da Repú-
blica de Moçambique nas VI
Eleições Autárquicas, Samora
Machel veio, mais uma vez, a
terreiro declarar que a situação
do partido não é boa.
Num autêntico acto de co-
ragem, numa altura em que há
uma arregimentação do silên-
cio na Frelimo e uma das alas
tenta tudo fazer para criar a ilu-
são de que está tudo bem, sem
mencionar nomes, o membro
do Comitê Central da Frelimo
disse que há membros infil-
trados no seio do partido dos
camaradas que tiveram uma
ascensão exponencial a ponto
de influenciar o líder do parti-
do no poder a tomar decisões
nunca antes tomadas.
“Hoje temos que repensar
para que o partido se reinven-
te. Temos problemas sérios
que são causados, em minha
opinião, por ter membros que
entraram no partido de manei-
ras não muito criteriosas. Isto
já vem acontecendo de algum
tempo para cá, não podemos
culpar o Presidente Nyusi por
esta situação, porque isso é o
culminar de processos mal ini-
ciados na entrada de membros
e ascendência desses membros
a posições que lhes colocam
muito próximos do presiden-
te e acabaram o levando para
caminhos que nunca antes ti-
vemos no partido”, afirmou
Samora Machel Júnior, numa
entrevista concedida a STV.
Samito observa que o ac-
tual Presidente da República,
Filipe Nyusi, enfrentou vários
obstáculos no início do seu ci-
clo de governação, enquanto
os infiltrados iam aumentan-
do a sua influência no seio da
Frelimo.
“Tenho que dizer que o
presidente Nyusi teve uma
situação complicada logo no
princípio, tivemos o caso das
dúvidas ocultas que resvala-
ram na suspensão do apoio fi-
nanceiro ao país, depois disso
tivemos intempéries que fusti-
garam o país todo e tivemos a
Covid-19, enquanto isso esses
membros, que chamo de in-
filtrados, foram ascendendo a
posições de relevo e influen-
ciaram nos processos internos
do partido”, desabafou.
Internautas encorajam
Samito e já o chamam de
futuro Presidente
A postura de Samora Ma-
chel Júnior foi ovacionada
pelos internautas nas redes
sociais que apontam que ele
incorpora os ideais do primei-
ro Presidente de Moçambique,
por sinal seu progenitor.
“Filho de peixe, peixinho é.
Muito coerente e fiel às suas
ideias. Bem haja camarada Ma-
chel, esperamos que o partido
saiba capitalizar o seu poten-
cial”, escreveu Júlio Muambal,
para depois Joaquim Matavel
instar Samito para não deixar
o legado do pai morrer.
“Força Machel, o povo está
contigo. O legado do teu não
pode morrer”.
Pedro Tune elogiou a in-
tegridade e imparcialidade de
Samito, referindo que “pre-
cisamos de dirigentes assim,
transparentes e íntegros”.
No meio dos comentários
há quem já olha para Samora
Machel Júnior como o próxi-
mo inquilino da Ponta Verme-
lha. Se por um lado, Hermínia
Sibinda escreveu “parabéns
futuro presidente, nós te es-
peramos com todo respeito”,
por outro, Titos Francisco dis-
se “grande homem, próximo
ano te queremos nas eleições
presidenciais”.
Por sua vez, Eduardo Mus-
suco referiu que a Frelimo pre-
cisa se reinventar e voltar com
nova dinâmica, de modo a vol-
tar a ser um partido de massas.
“A gente conhece quem são
e o papel que tiveram nestas
eleições, mas o regime como
todo está minado e precisa de
uma purificação das fileiras
como dizia Samora Machel. O
povo está cansado do regime
e deveria ter o bom senso de
aceitar essa derrota e se rein-
ventar e voltar com uma nova
dinâmica e nova gestão, qui-
çá volte a ser um partido que
move massas e os jovens em
geral”, sublinhou.

Continuação da pag 06
nheceu recuos sem preceden-
tes em 2023, acelerados pelas
sucessivas graves dos médicos
e dos profissionais de saúde,
o Executivo sublinha que irá
assegurar o fortalecimento da
resposta eficaz e eficiente às
políticas de saúde que garan-
tam a provisão de cuidados de
saúde e prestação de serviços
de qualidade a todos cidadãos,
priorizando “manter a cobertu-
ra de partos Institucionais em
91%, em 2024; aumentar a co-
bertura de crianças menores de
cinco (05) anos completamente
vacinadas em 96%, o corres-
pondente a um (1) milhão de
crianças vacinadas; aumentar a
notificação de todas as formas
de tuberculose (TB) de 110.674,
em 2022, para 118.463, em
2024”, entre outras accoes.
Na Área Social, espera-se
garantir a assistência social a
1.096.453 agregados familiares,
o que irá permitir o aumento da
percentagem de pessoas viven-
do abaixo da linha de pobreza,
que beneficiam dos Programas
de Protecção Social de 26,4%,
em 2023, para 39,0% em 2024,
assim como assegurar o empo-
deramento da mulher através
atribuição de kits de geração de
renda a 800 mulheres, capacitar
8.551 mulheres em matérias de
empreendedorismo e gestão
de negócios e assistir 4.624
pessoas vítimas de violência
baseada no género no âmbito
do Mecanismos de Atendi-
mento Integrado à vítimas de
violência.
Em termos produtivos e
dos ganhos de capitais prove-
nientes de exportações, anota
que os preços dos produtos
agrícolas prevê-se que con-
tinuem a decrescer em 7%
no ano 2023 e 2% em 2024,
estimando-se que os preços
dos alimentos em termos reais
permaneçam nos segundos
níveis mais elevados desde
1975, superados apenas em
2022.
“Espera-se ainda, que os
preços das matérias-primas
agrícolas, que incluem
algodão, madeira e borracha,
reduzam em cerca de 6% em
2023, reflectindo a fraca de-
manda industrial. Relativa-
mente aos preços dos metais
e minerais, deverão reduzir
8% em 2023 com relação ao
ano 2022 e mais 3% em 2024.
A procura global na indústria
transformadora deverá per-
manecer fraca e a recuperação
da China fortemente orientada
para os serviços (Transportes,
Tecnologias de Informação e
Comunicação, Financeiros).
PUBLICIDADE
07 DE NOVEMBRO DE 2023 11
 12 13
Ameaça terrorista forçou deslocamento de cerca de Subiu para nove o número de mortes devido à
CENTRAIS 5600 crianças em Setembro
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) estima que cerca de
5600 crianças foram deslocadas no mês de Setembro devido a ataques e à ameaça
chuva em Gurué
Subiu para nove o número de vítimas mortais em consequência do
CENTRAIS
terrorista na província de Cabo Delgado. desabamento de cerca de 400 casas causadas pelas fortes chuvas em Gu-
De acordo com o relatório da situação humanitária referente ao mês de Se- rué, província da Zambézia. Fontes governamentais indicam que 334
tembro, divulgado esta quarta-feira pela organização, as facções terroristas na região
pessoas foram afectadas, registando-se, neste momento, um cenário
07 DE NOVEMBRO DE 2023 “estão a reposicionar-se”, após a anunciada morte de líderes em operações militares
realizadas em Agosto. Sucedem-se, desde Setembro, ataques em menor escala a po- desolador nos semblantes de quem acumulou prejuízos por conta das 07 DE NOVEMBRO DE 2023
pulações em vários distritos de Cabo Delgado e a militares incidentes, que segundo enxurradas dos últimos dois dias.
o relatório “resultaram no deslocamento ou movimento de populações em fuga”.

Terminaram os cursos há mais de cinco anos e ainda não têm certificados

Milhares de estudantes do Ensino Técnico Profissional continuam vítimas da desorganização do Estado

H
á quase cinco anos que milhares de estudantes que concluíram o En-
sino Técnico Profissional aguardam pela emissão de certificados para da Educação e Desenvolvi- o grosso das mesmas funcio- Prosseguindo, Agibo disse
que possam ingressar no mercado do trabalho e não só, contudo a sua mento Humano. Não se jus- na de forma desorganizada. que grande parte do atraso
pretensão tem estado a esbarrar num ping pong de disputa de responsa- tifica o que está a acontecer “A ANEP faz uma veri- na emissão dos certificados
bilidade e entre diversas instituições que intervêm na cadeia de certifi- actualmente, prometeram ficação externa baseada em deve-se a negligência dos
cação deste subsistema de ensino. Por causa da excessiva burocracia, muitos estudantes melhorias, mas até aqui nada padrões de competência com formadores e docentes que
terminaram os seus respectivos cursos há cinco anos, mas de lá a esta parte ainda não mudou. base numa amostra por tur- ficam com as pastas conten-
tiveram a certificação, o que de certa forma condiciona o seu ingresso no mercado de ma, e se as pastas avaliadas do notas e informações dos
trabalho. Recentemente, o secretário de Estado do Ensino Técnico-Profissional, Mety ANEP aponta o dedo às tiverem problemas a turma estudantes mesmo tendo en-
Gondola, reuniu-se com os estudantes que estão há anos sem certificados e reconheceu instituições de ensino toda chumba, e se a amostra cerrado um módulo, o que
que os mesmos estão a ser vítimas do Estado e prometeu processar docentes que, no seu pela morosidade na estiver com tudo em ordem faz com que algumas pastas
entender, dificultam a entrega de pastas para a emissão de certificados, o que não é de emissão de certificados toda a turma terá certifica- desapareçam ou fiquem per-
todo verdade, pois chegou a haver um período de mais de um ano em que a emissão de dos. Nós como autoridade didas, prejudicando assim
certificados esteve praticamente suspensa. os estudantes, pois “na falta
Na sua versão dos factos, fazemos por lei no seu Ar-
Duarte Sitoe e Renato Cau a Autoridade Nacional de tigo 44, não devemos sequer de uma disciplina não tem
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Ensino Profissional (ANEP) emitir um único certificado como dar um certificado”,

Actualmente, segundo da-
dos tornados públicos pelo
Governo, o ensino técnico
profissional em Moçambique
conta com uma rede de 233
instituições, sendo 73 públi-
cas, 29 semi-públicas e 131
privadas, leccionando o ramo
industrial apenas 29 institu-
tos.
No entanto, o grosso das
mesmas estão há mais de seis
Estamos cansados.
Quando era a vez de pagar
propinas e mensalidades,
a instituição não queria
desculpas. Contudo, agora
que queremos os nossos
certificados tratam tudo a
passos de camaleão. A cada
ano que passa estamos a
perder oportunidades por
falta do certificado. Quando
vamos à instituição que
emite certificados dizem
que a nossa escola ainda não
entregou as pautas. É triste
o que está a acontecer no
ensino Técnico-Profissional
em Moçambique, em
quase todas as escolas os
estudantes terminam os
cursos e depois ficam anos à
espera dos diplomas.
no país.
Helena Magaia, de 26 anos
de idade, optou pelo ensino
técnico profissional com es-
perança de terminar o curso
e trabalhar para posterior-
mente dar seguimento aos
estudos com o seu próprio
bolso, mas, debalde, termi-
nou o curso em 2018 e até
hoje aguarda pelo certifica-
do, no entanto perdeu a con-
temente, escalaram as insta-
lações do Instituto Técnico
de Moçambique (ITM) para
mostrar o seu desagrado pe-
rante a morosidade da emis-
são dos diplomas.
“Estamos cansados.
Quando era a vez de pagar
propinas e mensalidades, a
instituição não queria descul-
pas. Contudo, agora que que-
remos os nossos certificados
tratam tudo a passos de ca-
maleão. A cada ano que passa
estamos a perder oportunida-
des por falta do certificado.
Quando vamos à instituição
que emite certificados dizem
que a nossa escola ainda não
entregou as pautas. É triste o
que está a acontecer no en-
sino Técnico-Profissional em
Moçambique, em quase to-
das as escolas os estudantes
terminam os cursos e depois
ficam anos à espera dos di-
plomas”, disse.
A fonte teceu duras críti-
cas ao Governo por tudo que
está a acontecer no ensino
técnico profissional, pois, no
seu entender, chamou a si a
responsabilidade de emitir
certificados, contudo não
consegue desbloquear a si-
tuação dos estudantes passa-
dos mais de cinco anos.
“As escolas carregam cul-
pa por tudo que está a acon-
tecer, mas quem carrega a
maior culpa é o Governo, que
regula o sector. Não se justifi-
da emissão do certificado está na técnico profissional no país, mas estudantes que investiram seu di-
instituição que chancela o ensino tal sector nada faz em prol dos nheiro para ter uma ferramenta
Uma negligência do Estado que está a adiar sonhos
Donaldo Neves faz parte do
grupo de jovens que aposta no
para continuar na empresa por
mais três meses para o período
porém o instituto disse que não
podia emitir certificados porque
ensino técnico profissional para probatório, mas para tal exigiram alguns formadores ainda não ti-
nham lançado as notas.
Recentemente, à margem de
um encontro com o Secretário
do Estado de Ensino Técnico-
-Profissional, Mety Gondola, os
alunos que terminaram os seus
cursos e ainda não receberam os
seus diplomas mostraram o seu
desagrado com a situação. A tí-
tulo de exemplo, Anésio Manuel
Mandlate perdeu a oportunidade
de ser promovido a supervisor
no STEMA por falta de certifi-
cado que comprova as suas com-
ingressar no mercado de empre- certificado. Fui ao Instituto In- petências.
go. Contudo, quando terminou o dustrial de Maputo para tratar do “Já fiz o pedido duas vezes e
curso foi obrigado a esperar lon- diploma, mas ainda não há luz até hoje nada, já lá se vão cinco
apontou o dedo aos estabe- sem que a gente tenha evi- e avança que grande parte
lecimentos de ensino pela dências propriamente ditas dos institutos sequer tem os
demora na emissão dos cer- que está tudo bem ou não”, dados de 2022 organizados e
tificados, tendo referido que disse Júlio Miguel Agibo enviados.
Gondola promete processar docentes que dificultam entrega
de pastas para emissão de certificados
Por seu turno, o Secretário rão estrategicamente localiza- são assunto criminal. Provou-
de Estado de Ensino Técnico- das na Beira e Nampula com -se que alguns formadores fica-
-Profissional, Mety Gondola, objectivo de desconcentrar”, ram com as pastas e andaram a
deu a mão à palmatória e legi-
para encarar o mercado de em-
timou as reclamações dos es-
prego”, desabafou.
tudantes que estão há anos no
aguardo dos certificados.
Com vista a inverter o actual
No grosso das
instituições do
Ensino Técnico-
do o estágio terminou […] e até
agora estou lá porque tenho do- Profissional a
mínio e habilidades do trabalho, morosidade
não porque tenho certificado,
na emissão
mas já me deram aviso de que
de certificado
corro o risco de ser afastado”.
deve-se ao
Quem também perdeu opor-
tunidade de trabalhar na Electri- facto de alguns
cidade de Moçambique por falta
formadores não
de certificado é Isabel Gonçal-
entregarem as
ves, que considera que, ao invés
pautas com uma vez que “se tudo estiver fazer cobranças ilícitas, vamos
da Secretaria de Estado de En-
sino Técnico Profissional, este objectivo de concentrado em Maputo fica canalizar o assunto ao Gabine-
sector devia ser chancelado pelo difícil acompanhar o que está te Central de Combate à Cor-
Ministério da Educação e De-
extorquir os acontecer”. rupção (GCCC) para os casos
senvolvimento Humano (MINE- estudantes e, No grosso das instituições que são aplicáveis”, referiu.
DH). por isso, Mety do Ensino Técnico-Profissio-
nal a morosidade na emissão de
Ainda na sua intervenção na
reunião que teve com os estu-
“O Sistema Nacional de Edu- Gondola deixou certificado deve-se ao facto de dantes que estão há anos no
cação mesmo com os seus cróni-
cos problemas emite certificados
um sério aviso à alguns formadores não entre- aguardo dos certificados, Gon-

anos sem emitir certificados, ta de quantas oportunidades

facto este que preocupa so-
bremaneira os formandos
que a cada ano que passa
perdem oportunidades no
restrito mercado do emprego
de emprego perdeu por falta
do documento de conclusão
do curso.
Magaia faz parte do rol
dos estudantes que, recen-
ca esta situação, há vagas nas
instituições públicas, mas não
podemos concorrer porque a
entidade que regula o sector
se eximiu das suas responsa-
bilidades. Agora, as escolas
justificam que a competência
gos anos para ter o certificado.
“Terminei o curso de Elec-
tricidade industrial em 2017.
Felizmente, tive a oportunidade
de estagiar na Maguezi. Quando
terminei o estágio recebi convite
verde. Perdi uma oportunidade
que podia ter mudado a minha
vida. Aliás, numa primeira fase
pedi declaração que comprovas-
se que terminei o curso naque-
le estabelecimento de ensino,
anos. O que me mantém lá ainda
é que eles sabem que eu saí da
escola e apresentei uma carta de
estágio um pouco antes de me
contratarem. Fui seleccionado
como um dos melhores quan-
a tempo e hora. Infelizmente,
não é o mesmo que acontece no
Ensino Técnico-Profissional. Se
não conseguem gerir esta situa-
ção de diploma, creio que devem
entregar as pastas ao Ministério
navegação.
cenário, Gondola adiantou que
serão montadas delegações re-
gionais da “ANEP nas zonas
centro e norte do país e esta-
garem as pautas com objectivo
de extorquir os estudantes e,
por isso, Mety Gondola deixou
um sério aviso à navegação.
“Há situações anómalas que
vão significar processos admi-
nistrativos e há assuntos que
dola declarou que a instituição
por si dirigida actualmente está
a corrigir, regularizar e encer-
rar os assuntos anteriores, ten-
do adiantado que nos últimos
quatro meses foram emitidos
mais de cinco mil certificados.
 14
APIEX vê potencial de 24 mil empregos
NEGÓCIOS na ZEE de Nacala Porto
O director-geral da Agência para Promoção de Investimento e Ex-
portação (APIEX), Gil Bires, revelou, recentemente, que a Zona Eco-
nómica Especial de Nacala Porto tem potencial para gerar cerca de 24
mil postos de trabalho. Esta estimativa decorre da aprovação, desde
07 DE NOVEMBRO DE 2023 2009, de projectos avaliados em três mil milhões de dólares. Até então,
com 1.080 (90%) projectos em andamento de 1.200 aprovados, foram
gerados dez mil empregos.

Standard Bank e Vodacom vão apoiar crescimento

das MPME

O
Standard Bank assinou, recentemente, em referiu.
Maputo, um memorando de entendimen- Na sua intervenção, o di-
to com a operadora de telefonia móvel Vo- rector-geral da Vodacom Mo-
dacom Moçambique com vista a apoiar o çambique, Simon Karikari,
crescimento das Micro, Pequenas e Médias considerou que o memorando
Empresas (MPME) que fazem parte da cadeia de fornece- de entendimento vai permitir
dores da Vodacom. que a operadora tenha maior
acesso a fornecedores locais,
o que irá concorrer para o
À luz deste memorando, o e de Negócios do Standard crescimento e desenvolvi-
Standard Bank vai assegurar Bank, João Guirengane, este mento das PME nacionais.
o desenvolvimento de com- acordo resulta do reconhe- O acordo terá um efeito
petências, conhecimentos e cimento do contributo das multiplicador na economia,
experiências necessários para Pequenas e Médias Empresas uma vez que "as MPME te-
o crescimento destas MPME, no crescimento e desenvolvi- rão acesso a financiamentos
incluindo a disponibilização mento da economia do País e mais acessíveis para poderem
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ

de financiamento, mentores
e exposição das mesmas a
oportunidades de negócio.
Conforme explicou o di-
rector da Banca Comercial
dos desafios que estas enfren-
tam no seu dia-a-dia para ser-
vir os seus clientes.
"Impulsionamos a capaci-
tação empresarial das MPME,
através da nossa Incubadora
de Negócios. É nosso objec-
tivo garantir o crescimento
destas empresas, pois preten-
demos ser um banco para as
empresas moçambicanas e prestar serviços à Vodacom e,
que, acima de tudo, facilite o consequentemente, gerar mais
crescimento destas firmas", postos de trabalho", concluiu.

HCB com uma produção hidroenergética

França ajuda universidades moçambicanas a alavancarem 14,3% acima do planeado
incubadoras de negócio Encerradas negociações de ajustamento

V A
isando a dinamização da Incubadora de
Negócios da Universidade Politécnica e da
UniLicungo, o oficial de Inovação e Rela-
ções Públicas da Techonopole, das Ilhas
Reunião, François Malet, orientou, recen-
temente, em Maputo, um workshop de incubação para a
partilha de experiências.
Esta iniciativa de fortaleci- “O contexto é simples: nós
mento de um ecossistema em- recebemos nas Ilhas Reunião,
preendedor em Moçambique, em Dezembro de 2022, pessoas
envolvendo estas duas institui- de Moçambique, nomeadamen-
ções de ensino superior, tem te da Universidade Politécnica,
como objectivo central promo- em Maputo, e da UniLicungo,
ver a criação das incubadoras em Quelimane, com quem pas-
cujo mandato principal é o es- samos em revista o que pode-
tabelecimento e promoção de mos fazer para que as empresas
empreendedorismo no seio dos cresçam e se tornem mais com-
estudantes. petitivas e dinâmicas”, explicou
François Malet referiu du- François Malet.
rante o workshop que a pales- Por sua vez, Pedro Baltazar,
tra pretende transmitir o saber director do Instituto Superior
fazer (Know-how) da Techno- de Altos Estudos e Negócios
pole em matéria de incubação (ISAEN), disse que o objectivo
de projectos e conhecer melhor é obter uma visão geral do em-
o contexto do empreendedo- preendedorismo no contexto
rismo moçambicano e as suas moçambicano e seguir o ma-
especificações. peamento dos potenciais par-
ceiros que poderão participar
no projecto da incubadora.
“Neste momento, o nosso
interesse é dinamizar a nossa
incubadora, tornando-a num
centro de excelência de pro-
moção de negócios para ajudar
principiantes, jovens e mulhe-
res, a iniciar os seus próprios
negócios, com sustentabilidade
e eliminar a prática corrente
dos jovens, que abrem um ne-
gócio hoje e amanhã querem
obter lucro”, apontou o direc-
tor.
Em representação da em-
baixada da França, parceira do
projecto, Aurélie Tshibangu
referiu que a sua instituição
tem uma ligação antiga com a
Universidade Politécnica e que,
depois do ramo da formação,
pretende-se criar oportunida-
des de trabalho para os jovens
formados.
"Fomos contactados pela
Universidade Politécnica, no
ano passado, a informar que
possui uma incubadora que
não está activa e pediram-nos
um exemplo de uma visão do
que está a ser feito em França
para desenvolver incubadoras
de empresas e, por essa razão,
convidamos o orador François
para partilhar a sua experiência
nessa vertente“, concluiu.
da tarifa de exportação de energia
Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) S.A.,
uma das maiores produtoras independentes
de energia da região austral, registou até ao fi-
nal do terceiro trimestre de 2023 uma produção
hidroenergética na ordem dos 12.120,4 GWh,
correspondente a 14,3% acima do planeado, num ano cuja
meta de produção definida é de 14.292 GWh e antevê-se uma
superação para 15.488 GWh, o que fortalecerá a posição es-
tratégica de Moçambique como um hub energético regional.
“No período em análise, presidente do Conselho de Ad-
a HCB logrou alcançar uma ministração (PCA) da HCB.
facturação de pouco mais de No que concerne à dispo-
54,2% das receitas planeadas nibilidade hídrica, no início da
para o período, ao mesmo tem- época chuvosa 2023/2024, a
po que encerrou com sucesso HCB apresentava uma cota de
as negociações sobre o ajusta- armazenamento de 323.47 m,
mento da tarifa de exportação correspondente a capacidade
de energia. Estes factores con- útil de 87%, resultante da quan-
jugados representam ganhos tidade de água proveniente das
significativos para a Empresa e barragens de montante e dos
para o País. As cifras apresen- escoamentos gerados na Bacia
tadas contribuirão para a reali- Própria de Cahora Bassa.
zação de investimentos críticos A presente cota é satisfató-
nos equipamentos da cadeia ria e, conjugada por uma gestão
de produção e em projectos criteriosa, técnico-científica e
de incremento da capacidade por meios tecnológicos ao dis-
de geração energética, que se por da empresa, assegurará o
prevê chegar aos 4.000 MW processo de geração de energia
até 2032”, disse Tomás Matola, até ao final do ano.
 15
FMI recomenda reforço da política fiscal
para a sustentabilidade da dívida
O Representante do FMI em Moçambique, Alex Meyer, citado
ECONOMIA
pela Rádio Moçambique (RM), explicou, semana passada, que apesar
da dívida pública continuar elevada, o país registou desde o ano passa-
do avanços no que diz respeito a redução das despesas e ao crescimen-
to económico, contudo recomenda o reforço da política fiscal com
07 DE NOVEMBRO DE 2023
vista a garantir a sustentabilidade da dívida pública.

Raptos começaram a 12 anos e já obrigaram empresários a fugir do país

Patrões exigem implementação imediata da Companhia
Anti-raptos para travar fuga de capitais

R
eagindo a mais um rapto ocorrido na cidade
de Maputo, no passado dia 01 de Novembro,
a Confederação das Associações Económi-
cas de Moçambique (CTA) voltou a mostrar
preocupação em relação ao que considera
agravamento da onda de raptos de empresários a nível
nacional, o que tem estado a retrair o investimento e a
motivar a fuga de investidores nacionais e estrangeiros.
Por essa razão os “patrões” exigem que o Governo ence-
te acções enérgicas, dentre as quais a operacionalização
da prometida Companhia Anti-Raptos, que depois de ter
sido anunciada com pompa e circunstância em 2021 teima
em não sair do papel.
Evidências.
O crime organizado conti- contexto em que muitos já de pagamento de caução. De facto de estes crimes ocorre- torna o nosso País inseguro
nua a desafiar a autoridade do deixaram o país após serem outra forma, os criminosos rem nos arredores da cidade para atracção de turismo.
Estado a luz do dia. Quando extorquidos e obrigados a continuarão sentindo algum capital, locais tidos como de Refira-se que, tal tem vin-
se esperava pelo refrescamen- pagar uma milionária taxa de conforto no binómio custo/ maior circulação e actuação do a escrever o Evidências,
to na direcção máxima do Mi- liberdade. benefício. É preciso passar a da PRM, que é o garante de a Companhia Anti-raptos foi
nistério do Interior, eis que “A preocupação é ainda informação de que o Estado e proteção e segurança públi- anunciada em Novembro de
os raptores voltaram a exibir maior pelo facto de não ha- a sociedade não toleram este cas; entretanto, os criminosos 2021 pelo Comandante-Ge-
a sua muculatura. ver nenhum esclarecimento tipo legal de crime”, defende vêm demonstrando a sua livre ral da Polícia da República
Em plena manhã, na Som- sobre os contornos dos rap- a CTA. actuação e à luz do dia. de Moçambique, Bernardi-
mershield, zona nobre da ca- tos anteriores, o que alimenta Por essa razão, a CTA en- “Esta situação não pode no Rafael, e devia estar nas
pital moçambicana, de forma a possibilidade dos mesmos tende que o sector privado continuar como está, pois ruas até Junho de 2022, mas
ousada, indivíduos que se fa- autores desenvolverem estas continua acreditando que a afecta de forma extremamen- ainda não começou a operar.
ziam transportar numa viatu- acções maléficas, continua- proposta de operacionaliza- te negativa o tecido económi- Aliás, o curso para a forma-
ra da marca Ractis raptaram mente. Entendemos que é ção efectiva da Unidade Anti co do País, bem como impac- ção dos mesmos não chegou
uma cidadã identificada por preciso imprimir mudanças Raptos e de outras propostas ta negativamente nas decisões de arrancar e os jovens selec-
Zakiya Dassat, filha do em- profundas tanto na aborda- submetidas ao Governo são o dos potenciais investidores, cionados, e que deviam ter
presário Amad Rafik. gem da Polícia da República ponto de partida para a erra- induzindo à saída de capitais, recebido treinos na Escola de
Mais um de tantos, o se- de Moçambique (PRM) con- dicação deste fenómeno que reflectindo-se na perda de Formação de Forças Espe-
questro de Zakiya faz soar tra este mal, bem como no tem impactado o ambiente de postos de trabalhos e capaci- ciais de Macandzene, acaba-
novamente os alarmes entre quadro legal vigente, tornan- negócios no País. dade de geração de rendas”, ram sendo despachados para
a comunidade empresarial do a sua moldura penal mais Os empresários entendem refere a CTA, acrescentando Cabo Delgado, sem sequer
nacional e internacional, num severa e sem possibilidade que é assustador, ainda, o que a ocorrência de raptos ter informação.

MEF assegura controlo do endividamento interno e sustentabilidade das

finanças públicas

A
vice-ministra da Economia e Finanças,
Carla Louveira, assegurou esta segunda-
-feira, 6 de Novembro, em Maputo, que es-
tão a ser tomadas medidas para controlar o
endividamento interno e garantir a susten-
tabilidade das finanças públicas, sendo que a estratégia
passa pela redução de mais de 50% da proporção da dí-
vida de curto prazo.

Segundo a Rádio Moçam- sidente da Comissão do Pla-

bique, Carla Louveira falava
durante a audição entre o
Ministério da Economia e
Finanças e a Comissão do
Plano e Orçamento da As-
sembleia da República (AR).
Na mesma ocasião, o pre-
no e Orçamento da Assem-
bleia da República, António
Niquice, considerou que
há melhorias na gestão da
‘coisa pública’, porém, reco- O encontro entre os di- membros da Comissão do em torno da proposta de
menda que haja limitações rigentes do Ministério da Plano e Orçamento da AR lei do orçamento para 2024.
na contracção da dívida. Economia e Finanças e os enquadra-se nas discussões Diário Económico
 16 OPINIÃO
07 DE NOVEMBRO DE 2023
O FURACÃO
Alexandre Chiure
O
governo, na qualidade de órgão
com iniciativa de lei, está a ga-
nhar, a pouco e pouco, o hábito
não aconselhável de, em alguns
casos, trabalhar, como que às escondidas, na
concepção e produção de algumas propostas
de lei com vista a remetê-las à apreciação e
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ
aprovação da Assembleia da República.
De quando em vez, a julgar pela linguagem
usada e pela violência verbal, fica-se com a
impressão de que há, por detrás da necessi-
dade de legislar, alguma maldade e demons-
tração de força por parte do legislador (go-
verno), ao estilo de que “quem manda sou
eu”, como se, para além da simples intenção
de regulação, haja outros objectivos a atingir.
A opção de se astralizar contraria aquilo
que tem sido prática corrente no país, em
que a produção de uma lei passa, necessa-
riamente, pela consulta pública, em particu-
lar a audição das partes interessadas, para a
recolha de contribuições e correcções consi-
deradas pertinentes de modo a melhorar ou
enriquecer o texto.
Este exercício tem por finalidade, igual-
mente, evitar que as leis que se pretende in-
troduzir no ordenamento jurídico moçam-
bicano não entrem em choque com outros
instrumentos legais em vigor, particularmen-
te a Constituição da República (CR). Que não
ponham em causa os direitos e as liberdades
dos cidadãos.
Infelizmente, a sociedade tem sido apa-
nhada, vezes sem conta, de surpresa quando
do debate e aprovação de certas leis na AR,
cuja elaboração não contou com a sua parti-
cipação.
O pior de tudo é que, quando chegam às
mãos de quem tem a obrigação de as cum-
prir, descobre-se que contêm uma série de
erros ou incongruências. Alguns dos seus ar-
tigos são uma autêntica aberração e chocam
com princípios constitucionais.
Outras leis põem, claramente, em causa al-
guns direitos como de associação, acesso à
informação e à liberdade de imprensa, o que
se configura inconstitucional.
Geralmente, estes problemas levantam-se
numa altura em que as leis já terão sido chan-
As leis, as aberrações,
as reacções
celadas pela AR e preenchem todos os requi-
sitos, em termos legais, para a publicação no
BR e posterior implementação.
Fica-se com a ideia de que algumas leis
são impostas pelo legislador, como quem diz
“eu, governo, produzo as leis e vocês, os go-
vernados, têm é que as cumprir, doa a quem
dor”.
Em Setembro passado devia ter entrado
em vigor o novo Código Comercial, mas tal
não aconteceu porque a sociedade o rejeitou
por estar inquinado. É um dos produtos le-
gislativos do governo cuja elaboração não
obedeceu aos critérios habituais. A Ordem
de Advogados de Moçambique (OAM), por
exemplo, assevera que não foi consultada.
Segundo defende a instituição, a lei deno-
ta falta de harmonia dos conceitos técnicos-
-jurídicos no ordenamento jurídico moçam-
bicano, terminologia imprecisa, bem como
erros de técnica legislativa.
O referido código estabelece, no seu ar-
tigo 17, que um menor de 18 anos pode ser
empresário e o de 16, pode fazer parte de
órgãos de sociedades, através do seu repre-
sentante legal. Entretanto, o Código Civil
diz, no seu artigo 122, que a maioridade civil
na República de Moçambique atinge-se aos
21 anos.
Caso o referido dispositivo estivesse em
vigor, com as contradições que apresenta,
afectaria o ambiente de negócios, pois cria-
ria incertezas e causaria um desconforto no
seio do empresariado nacional e estrangeiro.
Deste modo, terá de ser revisto com o envol-
vimento de magistraturas, OAM e sociedade
civil em geral.
Concomitantemente, surge a lei sobre as
ONG's, agora na AR, elaborada, de igual
forma, sem se consultar as partes interessa-
das. A avaliar pelo teor da legislação e pela
aspereza com que foi redigida, parece que
não se destina propriamente a regular as ac-
tividades destas, mas, isso sim, a “tramar” as
organizações e, em alguns casos, pôr em cau-
sa a sua existência.
É que não me parece sensato exigir ou
obrigar as ONG's a investigar o passado e
o presente dos seus financiadores. Primeiro,
porque o resultado seria tendencioso pois
elas são as beneficiárias do dinheiro. Segun-
do, não é sua tarefa proceder deste modo,
mas do Banco de Moçambique, que é a porta
de entrada dos fundos externos no país.
A lei em questão, no seu artigo 12, não es-
tabelece o prazo para que a entidade com-
petente responda ao requerimento para a
entrada em funcionamento de uma ONG.
Esta lacuna pode dar azo a que o governo
não autorize as actividades de algumas orga-
nizações.
O artigo 41, por exemplo, que versa sobre
doações, proíbe as ONG's de fazer o desvio
de aplicação dos seus fundos, sob pena de
responderem civil e criminalmente, o que su-
gere tratar-se de departamentos que funcio-
nam com o dinheiro do Orçamento Geral
de Estado e, acima de tudo, configura uma
interferência em assuntos de interesse de ins-
tituições de direito privado.
O terceiro exemplo é o da proposta de lei
de radiodifusão, que aguarda a aprovação da
AR. Apesar de ter passado pelo debate públi-
co, ainda não é consensual a nível da classe
jornalística. Numa das passagens preconi-
za que os canais estrangeiros, sobretudo os
de televisão, devem transmitir em circuito
fechado. Quer dizer que quem não tem di-
nheiro não vai poder aceder à sua transmis-
são, o que é uma afronta à Constituição da
República, pois viola o direito do cidadão à
informação.
Como se isto não bastasse, o governo aca-
ba de tornar público uma lei que obriga às
empresas a descontarem 1 por cento da sua
folha salarial para o ensino técnico-profissio-
nal. Não discutiu este assunto com ninguém
e todo o mundo está surpreso. Parece que as
coisas agora passam a ser assim: decidir tudo
ao seu bel-prazer.
Há um ditado popular que recomenda o
seguinte: “Se quer andar depressa, vai sozi-
nho. Mas se quer chegar longe, vai acompa-
nhado”. Eis as provas de que o governo, ao
insistir em trabalhar isoladamente na elabo-
ração das leis, pondo de lado as partes inte-
ressadas, não chegará longe, mas se envere-
dar pela sinergia com a OAM e Cia, sim.
 A esquina do sociólogo
Luca Bussotti
D
urante muito tempo, pelo menos
algumas dezenas de anos, a União
Europeia se tinha configurado como
um projecto político extremamen-
te ambicioso. Com efeito, desde a sua fundação,
em 1957, a Comunidade Económica Europeia
(CEE), juntamente com a Comunidade Económi-
ca do Carvão e do Aço (CECA, criada em 1951),
e desde 1993 a União Europeia, com a reforma
fundamental derivante do Tratado de Lisboa de
2009, sempre procurou desempenhar um papel
geopolítico em linha com os seus tratados e os
seus princípios.
Nos fundadores desta instituição – efetivos as-
sim como simbólicos e espirituais, tais como Ade-
nauer, Spinelli, De Gasperi, Monnet, Schuman,
Bech, Spaak, entre os outros – uma ideia norteou
seus diversos pensamentos desde o fim da segun-
da guerra mundial: a ideia de ajudar o mundo (a
partir da própria Europa) a estabelecer relações de
paz, que deviam ser conjugadas com a unidade e a
prosperidade. Um deal em larga medida iluminista
(kantiano acima de tudo), que visava estabelecer
uma paz perpétua no Velho Continente, mas que
não podia ignorar quanto acontecesse no resto do
mundo. Actuando de consequência.
Os pais fundadores da Europa de hoje eram
todos eles filo-ocidentais, ou por melhor dizer
filo-americanos. A Europa acabava de sair de um
terrível conflito em que grande parte de seus go-
vernos tinham colaborado ou até foram aliados
do regime nazista de Hitler (Mussolini na Itália,
mas também o Governo colaboracionista de Vi-
chy na França, sem querer falar de uma Alemanha
completamente derrotada e destruida), pelo que a
escolha de apostar em democracias que se inspi-
rasse aos modelos anglo-americanos era evidente
e explícita. Ademais, os nacionalismos representa-
vam o elemento-chave a ser combatido e limitado,
pois dele é que proveio grande parte da tragédia
das duas guerras mundiais que viram os países
europeus como grandes e nefastos protagonistas.
Entretanto, o desenho da uma união dos princi-
pais países da Europa Ociental foi implementado
também para eles terem um espaço de autonomia
– dentro de uma sólida aliança – dos Estados Uni-
dos.
A paz representava o símbolo e o objectivo úl-
timo do sonho de uma união de estados que, devi-
do à sua cultura comum, paulatinamente resolve-
ram se associarem, fundando a organização hoje
conhecida como União Europeia. Cuidando em
paralelo da parte económica, que desaguou com
a introdução da moeda única (euro) e a institui-
ção do Banco Central Europeu, e da parte política
(com um parlamento eleito desde 1979 por via di-
recta e um governo próprio, com um presidente e
ministros dos vários países), o calcanhar de Aqui-
07 DE NOVEMBRO DE 2023
Os órfãos da
União Europeia
les sempre foi representado pela política externa.
Fica difícil afirmar que a União Europeia –
ao longo da sua história, que inicia em 1957 em
Roma – já tenha havido uma sua política externa,
independente quer dos estados-membros (inicial-
mente 12, hoje 27), quer do xadrez geopolítico
internacional, dominado em larga medida pelos
Estados Unidos. Se calhar uma boa oportunidade
apresentou-se no início da década de 1990, quan-
do, porém, os ministros dos negócios estrangei-
ros de Itália e Reino Unido travaram as ambições
de países como França e a própria Alemanha
recém-unificada no sentido de criar corpos de
defesa próprios. Em 1991 um de tais corpos foi
criado pela França e a Alemanha, chamado Briga-
da Franco-Alemã, entretanto tal experiência não
conseguiu avançar muito, devido ao facto de vá-
rios outros países preferirem reforçar o papel da
Europa dentro da OTAN.
Para demonstrar a timidez que desde sempre
caracterizou a política externa da União Europeia
é suficiente recordar algumas das grandes crises,
em épocas mais recentes, que esta instituição teve
de enfrentar. Em tais cirunstâncias ela demons-
trou que a sua missão – a procura de uma paz
duradoira a nível internacional – foi quase sempre
desmentida pelos factos.
A primeira foi a crise na antiga Jugoslavia.
Aqui, a União Europeia actuou por várias vezes
(inicialmente conseguindo algum sucesso) como
mediador diplomático de uma realidade – a fede-
ração da Jugoslavia - que estava rapidamente des-
moronando. O ponto de viragem foi, mais uma
vez, o debate entre a possibilidade de enviar uma
tropa de peace-keeping (defendida pela França) e
a continuação de uma ação apenas diplomática. O
veto do Reino Unido fez com que os factos assu-
missem uma configuração diferente da desejada: o
conflito alastrou-se, e foram as Nações Unidas e
Cyrus Vence, o antigo secretário de Estado ame-
ricano do governo-Carter, a tentar resolver a si-
tuação. A crise na antiga Jugoslavia demonstrou
a dificuldade de a União Europeia possuir uma
política externa própria, sendo esta instituição
ultrapassada pelas Nações Unidas, OTAN e os
próprios Estados Unidos no papel de mediador
continental.
O cenário não mudou muito com a recen-
te guerra Russo-Ucraniana. Em 2014, quando a
Rússia resolveu – embora sem declarar formal-
mente guerra – anexar a Crimeia ao próprio ter-
ritório, mediante um referendum completamente
pilotado, a União Europeia expressou a sua con-
denação em vários documentos, mas sem tomar
medidas mais dráticas. Com efeito, a Rússia – até
2021 – resultava ser o primeiro fornecedor de gás
para os países da União Europeia, Alemanha e
Itália em primeiro lugar. Isso significa que a Rús-
OPINIÃO
17
sia, apesar das evidentes violações dos tratados
firmados em 1997 com a Ucrânia, que a impu-
nham de respeitar a integridade territorial deste
país, continuava tendo excelentes relações com
a diplomacia europeia. Talvez seja por isso que,
aquando da ocupação por parte de Putin do terri-
tório ucraniano, a União Europeia demonstrou-se
incapaz de funcionar de mediador entre as partes,
procurando aplicar o seu princípio fundamental e
institutivo, o de uma paz estável e duradoira. Tal
fraqueza resultou numa guerra prolongada, em
que as partes em luta procuram uma vitória mili-
tar que, provavelmente, será impossível alcançar
dos dois lados, e que só irá trazer mais vítimas e
destruições, salvo para os produtores de armas.
Finalmente, no caso mais recente do ataque
de Hamass contra Israel, e da resposta militar
deste último contra a Faixa de Gaza e seus in-
defesos habitantes, a maior preocupação foi de
condenar Hamass (que levou a cabo uma ação de
puro terror contra civis), apostando em questões
humanitárias que diariamente vêm-se agravando,
devido à reação desproporcionada de Israel. Uma
aposta que, mais uma vez, demonstra a fraqueza
diplomática da União Europeia, incapaz de desm-
penhar uma função de mediação política no inte-
rior de um conflito que nenhuma guerra poderá
resolver.
O mundo, portanto, é órfão da União Europeia,
da sua capacidade diplomática, do seu bom senso,
da sua cultura política equilibrada e democrática,
do seu compromisso para com a paz. Em África, a
actuação da União Europeia vem-se caracterizan-
do cada vez mais como pouco eficaz e a reboque
dos seus países mais influentes neste continente,
França em primeiro lugar. As repetidas crises no
Sahel, com declarações-fotocópia de condenação
por parte dos vários organismos da União Euro-
peia dos golpes de estado, sem tentar perceber a
origem, as razões, as dinâmicas internas a tais paí-
ses, comprovam quão distante seja a diplomacia
de Bruxelas das condições reais do contexto polí-
tico africano; assim, no que toca às recentes elei-
ções de Moçambique, a União Europeia preferiu
manter um perfil muito discreto, publicando uma
declaração tão prudente que Manuel de Araújo
(que certamente não pode ser qualificado como
anti-ocidental) a acusou de ter sido silenciada por
causa dos interesses de muitos dos seus países
membros com o gás de Cabo Delgado. Uma acu-
sação dura e directa, que entretanto – apesar de ser
ela opinável – deve ser lida no seio da crise geral
da política externa europeia, presa entre interesses
económicos dos seus estados-membros, reverên-
cia aos Estados Unidos e longínquas recordações
da sua missão de paz, democracia e tolerância que
constantemente entram num conflito que desagua
numa preocupante inação.
 18 OPINIÃO
07 DE NOVEMBRO DE 2023
Xavier Uamba
I
magino que Craveirinha deve
estar fartando-se de comer
“As Saborosas Tangerinas de
Inhambane”. Não. Esse tipo
não é disso. Talvez o Eduardo White
deve estar revirando-se na sua sepul-
tura com “Até Amanhã, Coração” e,
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ
com certeza, corcomendo-se goe-
la abaixo. Afinal. Há uma questão
que perturba o tipo mesmo abaixo
dos dois metros sobre terra. E não é
para menos. Parece-nos, e isso é um
facto, inevitável, até para os mortos,
pensar no término do mandato do
Presidente Filipe Nyusi, mas, sobre-
tudo, é improvável não pensar em
quem conduzirá os destinos do país
na próxima legislatura.
E aí salta à vista “Maria”, a mulher
dos Deuses, quão Craveirinha a sa-
boreou em vida. Espero que não se
pense nisto como uma heresia, até
porque a Inquisição foi restabele-
cida, mas apenas para os curandei-
ros…perseguidos à torta e à direi-
ta. Isso não. Deixe essa cena para a
mana Paulina. A Chiziane ama isso.
Veja-se o “Sétimo Juramento”.
Alto aí! Não sei. O que não sabes?
O que não devia saber! E o que de-
ves saber? Que o partido Frelimo
tem maior responsabilidade neste
terreno movediço e lamacento. E o
que nos parece, fazendo uma avalia-
ção rápida dos possíveis candidatos
às presidenciais entre os dois maio-
res partidos da oposição, MDM e
Renamo, não se vislumbra nada de
expressão. Ou seja, a alternativa tor-
nou-se não alternativa de si mesmo.
São todos, na verdade, fracos, não
me parece estarem à altura de dirigir
este país, não têm expressão!
Vamos por parte. Comecemos pelo
Afinal, quem vai nos dirigir
nos próximos 5 anos
neste país!?
homem da terra da saudosa Reinata
Sadimba e as suas frenéticas tatuadas
mãos. Ossufo Momade. Presidente
da Renamo. Está gatinhando mesmo
para dirigir o seu próprio partido.
Aos relampejos e relâmpagos à mis-
tura vai gerindo a nau com enormes
dificuldades e, até prova em contrá-
rio, não seria a ele que os moçam-
bicanos iriam depositar confiança,
mesmo em casos extremos. Veja-se
Alto aí! Não sei.
O que não sabes?
O que não devia
saber! E o que deves
saber? Que o partido
Frelimo tem maior
responsabilidade
neste terreno
movediço e
lamacento. E o que
nos parece, fazendo
uma avaliação
rápida dos possíveis
candidatos às
presidenciais entre
os dois maiores
partidos da oposição,
MDM e Renamo,
não se vislumbra
nada de expressão.
o discurso belicista que o homem
retoma por estes dias. É! “Mudam-
-se os tempos/mudam-se as vonta-
des…” e o passado não pode preva-
lecer no presente…o resto são zonas
comuns.
Lutero Simango tem na cidade
da Beira a sua zona de conforto. O
seu burgo. Mas este país nos parece
vasto para se circunscrever só àque-
la cidade. Ao assumir a carruagem,
precisa apresentar soluções de forma
enérgica e acutilante à semelhança de
“Não Chora, Carmen”, que o diga o
homem de “Macurungo”, Adelino
Timóteo.
E a Frelimo? Bom! Vamos por par-
tes. A premissa basilar deve ser aban-
donar, primeiro, o discurso triunfa-
lista de 1975, libertamos o homem e
a terra. E aqui, nos parece relevante
captar o voto da juventude, há bas-
tante desgastada com o partido-regi-
me.
É insensato falar de ter libertado o
país do colono 48 anos depois, com
os graves problemas instituídos da
corrupção, nepotismo, custo insu-
portável de vida, entre outros. Isso
já não está na moda. É preciso que a
Frelimo pense em como devolver a
dignidade aos moçambicanos e para
isso precisa eleger entre os seus qua-
dros, que sobejam, um homem com
grande sentido de responsabilidade,
íntegro e transparente, à imagem das
águas cristalinas e imaculados.
Mais do que escolher um candidato
pelo seu grupo étnico, tribo, região,
a Frelimo precisa buscar uma figura
que reúna consensos entre a socie-
dade e que ataque os reais problemas
do país: o clientelismo da própria
Frelimo, a corrupção que nos grassa,
o custo de vida, despesa pública in-
sustentável. De resto, a Frelimo tem
a responsabilidade e peso do país so-
bre si e a Nação espera.
 19
Ex-presidente guineense libertado da prisão por
homens armados
O antigo presidente guineense, Dadis Camara, foi libertado da
prisão, em Conakry, por um grupo de homens armados, anun-
ÁFRICA
ciou o Governo, que decretou o encerramento das fronteiras do
país. O ministro da Justiça, Charles Alphonse Wright, anunciou
uma operação com vista à sua captura junto dos seus comparsas.
"Nós vamos encontrá-los e os responsáveis serão responsabiliza-
07 DE NOVEMBRO DE 2023
dos", assegurou.

Dadis Camara recapturado após fuga de

prisão em Conacri
O
capitão Moussa Dadis Camara e o coronel
Moussa Tiegboro Camara foram restituídos a
liberdade por um grupo de homens armados
que atacaram a prisão em que estavam deti-
dos, tendo matado pelo menos nove pessoas.
Contudo, Dadis Camara e Tiegboro Camara gozaram a liber-
dade por algumas horas, uma vez que foram apanhados pelo
exército guineense e reenviados para a prisão em Conacri.
Redacção/Agências
Um comando militar forte- seu cliente e teceu críticas ao
mente armado atacou a prisão Governo pela falta de segurança
central de Conacri e libertou na prisão central de Conacri.
vários prisioneiros, sendo que “O Presidente Moussa Dadis
entre eles estavam o capitão Camara foi levado à força num
Moussa Dadis Camara, o coro- veículo por pessoas fortemente caso, as investigações irão deter- foram acusadas novas pessoas cri já instruiu "inquéritos sobre
nel Moussa Tiegboro Camara, armadas para um destino desco- minar os responsáveis. O que é que, em princípio, deveriam ser os actos de fuga, posse ilegal de
por sinal mandatários do massa- nhecido. O Estado não cumpriu claro é que eles não eram os úni- apresentadas para depor. São armas de guerra, associação cri-
cre de 28 de Setembro de 2009 a sua obrigação de garantir a se- cos arguidos deste processo que pessoas novas que faziam par- minosa e cumplicidade contra
e ambos detidos e levados para a gurança dos reclusos da Prisão estava na prisão central. Por que te das autoridades na altura (do Dadis Camara, Blaise Gomou,
prisão, e Claude PIVI, que con- Central de Conacri”, comentou. quatro pessoas ligadas às acusa- massacre) e pensamos que tudo Tiegboro Camara e Claude Pivi",
tinua a monte e cujo filho terá Ao contrário de Lamah, Ou- ções saíram? As investigações isto deve poder continuar pa- sendo que o Chefe do Estado-
liderado as operações do co- smane Gaoual Diallo, ministro e irão apurar os factos”, declarou cificamente e é por isso que é -Maior General das Forças Ar-
mando. porta-voz do governo guineen- o governante, para depois referir importante que a segurança seja madas garantiu num comunica-
O advogado de Dadis Ca- se, não exclui a possibilidade de que a segurança da prisão será reforçada”. do de imprensa que "estão a ser
mara, Pépé Antoine Lamah, um fuga falhada. reforçada. Por seu turno, o procurador tomadas todas as medidas de se-
dos advogados de Dadis Cama- “É difícil explicar, dizer que “O processo encontrava-se do Ministério Público junto do gurança para encontrar o último
ra, descarta tentativa de fuga do foram raptados. Em todo o numa fase importante, porque Tribunal de Recurso de Cona- fugitivo, o Coronel Claude Pivi".

Mulheres estão a viver em situações similares à

escravatura no Sudão

M
ulheres e raparigas estão a ser rapta-
das, forçadas a casar e mantidas em
"condições desumanas e degradantes
semelhantes à escravatura" em áreas
controladas pelas Forças de Apoio Rá-
pido (RSF) no Sudão. Este facto foi denunciado pela Or-
ganização das Nações Unidas (ONU).

De açodo com o porta-voz mulheres e raparigas tinham

do Alto-Comissariado das
Nações Unidas para os Direi-
tos Humanos, Liz Throssell,
há indícios de que pelo me-
nos 20 mulheres estão a ser
sujeitas a condições que se
comparam com a escravatura
no Sudão.
As primeiras alegações
surgiram no início do con-
flito na zona de Cartum, a
capital do Sudão, que tem
permanecido em grande par-
te sob o controlo das Forças
de Apoio Rápido, esclareceu
o porta-voz das Nações Uni-
das (ONU) através do comu-
nicado.
"Um dos relatos das teste-
munhas locais indicava que
sido raptadas e detidas num
local do distrito de Riyadh
desde 24 de abril. Desde en-
tão, continuámos a receber
relatos de raptos, com um
número crescente de casos
registados na região do Dar-
fur (...) e na região do Cordo-
fão", afirmou.
Segundo os documentos,
pelo menos 105 pessoas fo-
ram alvo de violência sexual
desde o início dos combates
em abril de 2023, sendo que
até 02 de Novembro em cur-
so, havia relatos de mais de
50 incidentes de violência
sexual relacionados com os
combates, que afetaram pelo
menos 100 pessoas, incluin-
do 86 mulheres, um homem
e 18 crianças.
Pelo menos 70% dos in-
cidentes confirmados de
violência sexual registados
foram atribuídos a homens
em uniformes das RSF, oito
a homens armados afiliados
às RSF, dois a homens em
uniformes não identificados
e um às Forças Armadas Su-
danesas. Os restantes casos
foram atribuídos a homens
não identificados, segundo a
porta-voz da ONU.
Falando desta situação, Liz
Throssell reiterou o apelo às
partes para que "condenem
estes atos vis e deem urgen-
temente instruções claras aos
seus subordinados exigindo
tolerância zero para a violên-
cia sexual".
“Devem também garantir
que as mulheres e raparigas
raptadas sejam libertadas
sem demora e que recebam
o apoio necessário, incluindo
cuidados médicos e psicos-
sociais, e que todos os casos
alegados sejam completa e
prontamente investigados
para que os responsáveis se-
jam responsabilizados e leva-
dos à justiça”, concluiu
Redacção/Agências
 20
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07 DE NOVEMBRO DE 2023
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ
 21
Mais de quinze mil pacientes procuram cuidados
médicos por consumo de drogas
Mais de quinze mil pacientes com perturbações
NACIONAL
mentais devido ao consumo de drogas foram atendi-
dos, durante o ano passado, nos Serviços de Psiquia-
tria e Saúde Mental das unidades sanitárias do país.
O número representa um aumento em mais de três mil e oi-
tocentos casos, em relação ao ano anterior, em que foram 07 DE NOVEMBRO DE 2023
atendidos cerca de 11 mil e duzentos pacientes.

x
Governo ainda não alocou médicos para o posto de saúde construído
com fundos do município da Beira

V
Utentes preocupados com o défice de médicos no Centro de Saúde de Vaz
isando melhorar o acesso aos cuidados de
saúde da comunidade do Vaz e não só, o
Município da Beira construiu um novo cen-
tro de saúde e entregou às autoridades go-
vernamentais no passado mês de Setembro.
No entanto, de lá a esta parte, o Governo ainda não alo-
cou médicos para aquela unidade sanitária, o que inquieta
sobremaneira os utentes que acusam o Executivo de ter
adoptado essa postura por se tratar de uma infra-estrutura
que foi construída com fundos do Conselho Municipal da
Cidade da Beira, governado pela oposição. Para além do
hospital, a edilidade entregou escolas que o Governo sim-
plesmente recusou receber.
Jossias Sixpence – Beira
Com pompa e circunstân- de berçário, radiologia e blo- tes para outros hospitais, não Mesmo com o défice de e queremos que sempre seja
cia foi, no passado mês de co operatório funcionam de estamos a ver vantagem deste médicos, alguns utentes refe- assim”, referiu Amélia Rodri-
Setembro, inaugurado o novo forma condicionada por fal- centro de saúde, uma vez que rem que nem tudo está mal no gues.
Centro de Saúde de Vaz, uma ta de médicos ou especialis- na sua inauguração fomos Centro de Saúde de Vaz, visto O Evidências contactou a
infra-estrutura que custou aos tas. Perante esta situação, os informados que tem equipa- que foi instalada uma brigada directora do Centro de Saúde
cofres do Conselho Munici- utentes acusam o Executivo mento para as mulheres da- de anti-corrupção para travar de Vaz para ouvir a sua ver-
pal da Beira cerca de 50 mi- provincial de não alocar pro- rem parto mesmo com ope- cobranças ilícitas naquela uni- são dos factos sobre a falta de
lhões de meticais. fissionais de saúde por se tra- ração. Agora ter um hospital dade sanitária. médicos no hospital por si li-
No entanto, volvido mais tar de uma infra-estrutura que perto mesmo com equipa- “Cheguei aqui às 9 horas, derada, mas a mesma foi par-
de um mês depois da inau- foi construída com fundos do mento e bonito sem médicos marquei a fila e chegou a mi- ca nas palavras e limitou-se a
guração da unidade sanitária Conselho Municipal. não muda nada, mas outros nha vez, fui atendida, esses falar do material hospitalar.
que conta com um berçário, “Estou aqui com a minha hospitais têm médicos, aqui enfermeiros conversam con- “Nós temos bloco operató-
radiologia, maternidade, blo- esposa e há semanas também por ser hospital construído sigo, enquanto em outros lo- rio para maternidade em caso
co operatório e farmácia, esta estava aqui com outra famí- pelo município não estão a cais só lhe perguntam e antes de cesariana, na radiologia
ainda não recebeu médicos lia com mesmo propósito de mandar médicos”, disse visi- de terminar de falar já estão estamos a terminar o revesti-
para cuidar dos utentes. parto. Por falta de médicos, velmente agastado Marcelino a passar a receita de parace- mento das salas com chumbo
Actualmente, os serviços depois transferem os doen- Dique. tamol, mas aqui é diferente, por causa de raios”, declarou.

Continuação da pag 10

“Quando estava a estudar recebia críticas, e quando graduei

as pessoas vieram me aplaudir”.
Na verdade, o problema
para este nosso entrevistado
não foi ter que cumprir o Ser-
viço Militar Obrigatório, mas
sim o facto de a família ter
ficado sem nenhuma informa-
ção sobre o seu paradeiro.
“A minha família procurou-
-me por tudo que era canto
e chegou a achar que estives-
se morto, mais tarde quando
chego à província de gaza en-
contrei com um conhecido e
encaminhei uma carta para a
família explicando o que havia
acontecido, estava na tropa e
era altura da guerra civil e per-
di a visão na zona de Macanze,
em Chibuto, em 1995”, conta
com algum pesar na alma.
O momento em que Rafael
perdeu a visão foi quando ele
próprio começou a se enxer-
gar de forma diferente e acima
de tudo diminuído as suas ca-
pacidades físicas.
“Depois disso, fui ao cen-
tro dos mutilados de guerra,
na Matola, e mais tarde leva-
ram-me a Beira para estudar
o braille no Instituto Nacio-
nal dos deficientes visuais”,
relata Rafael, admitindo que
mesmo o momento de ir para
Beira não deixou de ser difícil,
uma vez que para a família tal
significava mais um distancia-
mento, “o meu pai não que-
ria, os homens prometeram
chamboco e meu pai acabou
cedendo”.
Na verdade, a ida a Bei-
ra acabou se revelando uma
oportunidade sem igual. “Foi
muito bom ter ido, porque o
meu pai morreu e agora eu
estaria a sofrer, fiz uma for-
mação como telefonista”, ad-
mite Rafael, elucidando mais
que em 1998 regressaria a
Maputo e por influência de
amigos acabou distribuindo
documentos de candidatura a
qualquer tipo de oportunida-
de que encaixava no seu perfil
profissional.
O insucesso como tele-
fonista acabou empurrando
Rafael para a música, onde
conseguiu ganhar o prémio de
melhor voz no Ngoma da Rá-
dio Moçambique.
“Como sabia tocar um pou-
co a guitarra, depois de ter fi-
cado cego continuei a praticar,
mesmo contra a vontade dos
meus pais. Graças à minha
teimosia em não parar de to-
car, consegui gravar na Rádio
Moçambique, fiz videoclipe, e
até cheguei a ganhar o prémio
de melhor voz em 2005”, des-
mistifica Rafael a trilha de um
caminho tortuoso e no come-
ço incerto.
“Quando ganhei o prémio
de melhor voz no Ngoma Mo-
çambique tive uma bolsa de
estudo para fazer o curso de
jornalismo”, mas, conta Ra-
fael, “quando estava a estudar
as pessoas perguntavam o mo-
tivo de estar a estudar, recebia
críticas, e quando graduei as
pessoas vieram me aplaudir”.
 22
Feizal Sidat dá goleada (11-0) ao fujão
DESPORTO Namoto Chipande
Após alegar não ter tido tempo suficiente para poder fazer
campanha junto das 11 associações pelo facto da sua candidatura
ter sido aprovada tarde, Namoto Chipande não teve peito sufi-
ciente para acompanhar até ao fim a Assembleia-Geral electiva da
07 DE NOVEMBRO DE 2023 Federação Moçambicana de Futebol que reconduziu Feizal Sidat a
mais um mandato à frente da casa de Futebol.

Geny Catamo desfalca Mambas nas operações

Botswana e Argélia

O
internacional moçambicano Geny Catamo
está a atravessar um grande momento de
forma no Sporting Clube de Portugal neste
arranque da época. Contudo, depois de ter
sido titular na vitória do Sporting frente ao
Boavista, Catamo ficou de fora da lista dos convocados no
duelo em que os leões tiveram como rival o Estrela Ver-
melha em virtude de estar lesionado. Segundo o treina-
dor do Sporting, Rúben Amorim, a nova coqueluche do
futebol moçambicano vai ficar fora dos relvados durante
umas semanas e vai assim desfalcar os Mambas nas ope-
rações Botswana e Argélia, inseridas na qualificação para
o Mundial-2026.

Duarte Sitoe
Depois de ter sido uma das ainda não vai jogar este jogo,
WWW.EVIDENCIAS.CO.MZ

melhores unidades do Spor- o St. Juste está com uma viro-

ting na vitória frente ao Boa-
vista, em pleno Estádio do
Bessa, o internacional moçam-
bicano viu a sua ascensão me-
teórica travada por uma lesão
e vai falhar os dois próximos
jogos do clube leonino.
O facto foi tornado público
por Ruben Amorim à margem
da conferência de antevisão
da partida frente ao Estrela de
Amadora, em que o Sporting
venceu pelos tangenciais 3 a 2.
“Geny Catamo está lesiona-
do e parece-me que está fora
até às selecções, está fora para
estes últimos três jogos de fe-
cho do ciclo, parece-me. O
Morita pode recuperar-se, mas
se e ainda não sabemos se se
recupera, o Esgaio também,
mas parece mais recuperado,
o team-manager também está
com uma virose, e portanto, o
resto está tudo apto”, declarou
Amorim.
A notícia da lesão de Geny
foi um duro golpe para o trei-
nador dos Mambas, uma vez
que para além de desfalcar o
Sporting o criativo que já mar-
cou por duas vezes na corrente
época será uma carta fora do
barulho de Chiquinho Conde
nas operações Botswana e Ar-
gélia, inseridas na qualificação
para o Mundial-2026.
Aliás, o seleccionador na-
cional já foi notificado que não
poderá contar com os présti-
mos do criativo leonino, tendo
por isso resgatado o avançado
Stanley Ratifo para colmatar a
ausência de Geny Catamo.
Actualmente, o Sporting
detém apenas 25% do passe
do jogador que saiu de Mo-
çambique com o selo da Asso-
ciação Black Bulls, sendo que
os restantes 75% pertencem
ao Amora que tem se apoiado
na valorização do moçambi-
cano para esticar a corda nas
negociações.
Aliás, o clube verde branco
pretende renovar o contrato
de Catamo e aumentar a cláu-
sula de rescisão, uma vez que
as últimas exibições do mesmo
não têm passado desperce-
bidas nos campeonatos mais
cotados e, segundo Football
London, clubes como o Fu-
lham e Aston Villa ponderam
avançar para a contratação da
nova coqueluche do futebol
moçambicano na reabertura
do mercado de transferências
em Janeiro.
Refira-se que Geny Catamo
tem contrato com o emblema
de Alvalade até Junho de 2026
e com uma cláusula de rescisão
de 45 milhões de euros.

Ferroviário da Beira conquista segundo título no Moçambola

O
Ferroviário da Beira sagrou-se, no últi- Diante de uma Associação
mo fim-de-semana, campeão nacional Desportiva de Vilankulo que
de futebol, prova vulgarmente conhecida precisava de pontuar para se
por Moçambola, após derrotar a Associa- manter na alta roda do fute-
ção Desportiva de Vilankulo. Um golo de bol, os locomotivas de Chi-
Amadou na etapa complementar colocou o Caldeirão de veve foram engolidos pela
Chiveve em ebulição e garantiu aquele que é o segundo ansiedade na primeira etapa
título dos locomotivas da capital da província de Sofala que terminou sem abertura de
no que à elite do futebol nacional diz respeito. Dayo, contagem.
com 12 golos, foi rei dos goleadores, mas não vai receber Na etapa complementar,
o prémio por não ter chegado aos 15 tentos estabelecidos depois de algumas mexidas no
pela Liga Moçambicana de Futebol para libertar os 100 xadrez do técnico português,
mil meticais. o Ferroviário da Beira chegou
ao golo que selou o triun-
Duarte Sitoe fo através de um pontapé de
Caiu no último fim-de-se- tado na penúltima jornada canto e Amadou surgiu sem mentar, Helder Duarte e Fer- enquanto a União Desportiva
mana o pano do Moçambola diante do seu homónimo de marcação para cabecear para roviário da Beira festejaram o de Songo terminou a prova na
versão 2023. O Ferroviário Nampula, o conjunto de Hé- o fundo das redes de Wilson. segundo anel de campeão na- terceira divisão.
da Beira conseguiu terminar a lder Duarte sabia que precisa- A ADV fez das tripas co- cional. Por sua vez, o Matchedje de
maratona das 22 jornadas na va triunfar para festejar pela ração para reverter o cenário, Ao cabo de 22 jornadas, Maputo, Ferroviário de Na-
primeira posição e, por isso, segunda vez a conquista do mas não foi a tempo de gelar os locomotivas de Chiveve cala e Ferroviário de Nacala
sagrou-se campeão nacional. troféu mais desejado do fute- o Caldeirão do Chiveve. somaram 39 pontos, contra foram despromovidos para a
Depois de ter sido derro- bol nacional. No final do tempo regula- 38 da Associação Black Bulls, segunda divisão.
 CULTURA
23
‘Keep Walking’: Dj Tarico e Hélio Beatz entre os
melhores 30 artistas de África
Na sua segunda edição, divulgada semana finda, a ‘Keep Walking:
Africa Top 30 List’ destaca entre as 30 personalidades mais influentes de
África os moçambicanos Dj Tarico e Hélio Beatz. Trata-se de uma lista
que inclui um grupo de criativos e visionários africanos da nova geração,
que estão a impulsionar corajosamente a cultura na música, cinema, meios
07 DE NOVEMBRO DE 2023
de comunicação, moda e arte.

Entre o amor e luto: Wa Ka Lipanga aventura-se pela partida

E
ntre os medos que a partida inspiram uma ver-
dadeira imersão que apartir do amor não evi-
ta o trágico e as suas facetas, Énia Lipanga,
ou Wa Ka Lipanga, lançou, semana fina, em
Maputo, a sua mais recente obra que desafia
a afrontar os fantasmas que escoltam a partida. Trata-se de
“Ensaios da Partida”, que entre o amor, vida e morte tam-
bém exala o seu viés de activista.

Abanês Ndanda
Na palavra da autora, “é
um livro sobre as vezes que,
temendo a partida, coreogra-
famos como ela será, tentando
nos preparar para não sofrer
tanto com ela”. Mas não só,
“também aborda as chegadas
necessárias em nossas vidas
e a importância de deixar ir”,
considera Lipanga, acrescen-
tando se tratar de uma obra
sobre amor, luto, “mas, acima
de tudo, retrata a necessida-
de de seguir em frente diante
dessas partidas”, até porque
o ‘Ensaio’ “pode ser sobre ir
embora, mas também pode ser
sobre a Énia em pedaços, ten-
tando recomeçar”.
Sobre título escolhido, re-
flete a ideia de que muitas ve-
zes ensaiamos como lidar com
a partida, como nos despedir,
que de acordo com Énia “é
um exercício constante em
nossas vidas, e o livro explora
essas práticas”.
Este novo parto acontece
depois de trazer ao mundo
dos amantes da poesia o “Para
enxugar as nódoas dos meus
olhos”.
Questionada pelo Evidên-
cias sobre a recepção para úl-
tima obra que data de 2021, a
autora considera bom o retor-
no, em parte devido ao facto
de ter sido uma edição limita-
da, que propiciou “uma espé-
cie de empréstimo informal,
o que ampliou o número de ativismo podem não ser ime- suas próprias dores e conflitos, ção Biblioteca de Poesia Rui
leitores”. diatamente óbvias”, no entan- e talvez até se identifiquem de Noronha e é o segundo li-
“Além disso, tenho acom- to “acredito que as palavras e com as jornadas descritas no vro da aurtora pela Gala-Gala
panhado a partilha de trechos os versos que compõem ‘En- livro, completa Lipanga con- Edições, sucedendo o sucesso
nas redes sociais e fotos de lei- saios de Partida’ carregam im- vidando os leitores a explorar de “Para enxugar as nódoas
tura que as pessoas têm marca- plicitamente uma mensagem as entrelinhas e descobrir, por dos meus olhos”, lançado em
do. Está sendo bem recebido, de empoderamento feminino si mesmo, as sementes do em- 2021.
e estamos considerando uma e resistência”. poderamento que podem estar Segundo o escritor e pro-
segunda edição, uma vez que “Os textos deste livro ex- presentes em cada poema e fessor brasileiro Lau Siqueira,
muitas pessoas têm procurado ploram a complexidade das para uma compreensão mais que assina o prefácio, “Énia
o livro nas livrarias”, admite experiências humanas, espe- profunda dessa conexão entre nos traz uma poesia toda con-
Wa Ka Lipanga. cialmente aquelas relacionadas o seu trabalho e o ativismo. figurada no acto de existir”.
Questionada sobre se esta à partida, à despedida e à trans- Composto por 80 pági- Avança, ainda, “é uma poesia
nova obra teria ou não algum formação. Em meio a essas nas e 62 poemas, o livro vem de confrontos, de ruturas que
viés do activismo, considera narrativas, muitas leitoras e lei- a público com a chancela da produz e propõe para a pró-
que, “neste livro, as marcas do tores encontrarão refúgio para Gala-Gala Edições / Cole- pria vida”.

“Peixe na Brasa” traz mais gargalhadas ao Maningue Magic

A
garrem-se bem aos vossos lugares no sofá por-
que o Maningue Magic está prestes a apresen-
tar-vos uma equipa animada no bar do Zaza.
“Peixe na Brasa” é onde o riso está sempre
presente. A nova aposta do canal apresenta
humor inspirado nas histórias do dia-a-dia, nas experiên-
cias e no tempero da vida.

Conheça o Zafa, interpre- desajeitado vendedor ambu-

tado por Mário Mabjaia, o
dono do bar que está cons-
tantemente a ser incomo-
dado pelas personagens ex-
cêntricas que povoam o seu
mundo. Os seus sonhos, as
suas dores de cabeça cons-
tantes e as suas gargalhadas
intermináveis são a base de
uma comédia hilariante.
Para não ficar atrás, a pro-
dução preparou a cativante
Maria Marandzinha, inter-
pretada por Valéria Langa, o
lante Tic-Toc, interpretado
por Victor Pedro, e a mal-hu-
morada Big Sónia, interpre-
tada por Gradys Sitoe – cada
um trazendoa sua própria
marca para os ecrãs do canal
“com cenas moçambicanas”.
“Peixe na Brasa não é so-
mente um programa, é um bique. “Isto é comédia! O visivelmente emocionado vida, um aceno nossa manei-
espelho que reflecte o nosso elenco traz tanto coração e com a nova aposta do con- ra de interpretar o quotidia-
charmoso e peculiar espíri- humor que parece que são teúdo. no e, mais importante, um
to moçambicano”, explicou nossos amigos há anos”, rei- Por que escolher este lembrete de que, às vezes,
Agnelo Laice, Director-Ge- terou João Ribeiro, Director programa? Simples. “Peixe tudo o que precisamos é de
ral da MultiChoice Moçam- do Canal Maningue Magic, na Brasa” é a celebração da uma boa gargalhada.
E IDÊNCIAS
60 Meticais

Executivo de Maputo precisa de 526 milhões de meticais para

acabar com salas ao ar livre

C
erca de 5978 alunos estudam ao relento na pro-
víncia de Maputo, o que para além de condicio-
nar o processo de ensino e aprendizagem, cons-
tituiu um perigo para os mesmos nos dias em
que a mãe natureza decide soltar a sua fúria. As
autoridades governamentais têm feito das tripas o coração
para colocar um ponto final nesta situação que condiciona
sobremaneira o processo do ensino e aprendizagem, mas
para o efeito, segundo referiu Sérgio Matsinhe, chefe de De-
partamento de Estudos e Planificação na Direcção Provin-
cial de Educação em Maputo, são necessários cerca de 526
milhões de meticais para construir salas de aulas resilientes
de forma a suprir as necessidades de toda a província.
Teresa Simango
Recentemente, dois alunos das crianças. O Governo deve
ficaram ferido na Escola Primá- garantir um ensino de qualidade
ria Completa de Sidwava, arre- e isso só será alcançado no dia
dores, na sequência da queda de em que se acabar com salas de
uma árvore que servia de sala aulas ao relento. Eh triste o que se tivesse condições poderia que a escola só tem quatro salas direções das escolas para fazer
de aulas, expondo a precarieda- acontecer nesta escola, quando colocar numa escola privada. com 60 a 65 alunos por turma”, face a esta situação.
de em que estudam as crianças chove não há aulas e nos dias No tempo de frio temos que disse Zita para depois acrescen- “Até ao início do próximo
e osperigos que os petizes en- de frio as crianças passam mal. agasalhar bem as crianças e es- tar que com a ajuda dos pais e ano queremos garantir a cons-
frentam no processo de ensino Espero queda a árvore tinha tender capulana para reduzir o encarregados de educação estão trução de algumas salas de aulas
e aprendizagem. despertado os nossos dirigen- impacto do frio, esta situação em construção três salas de au- na Escola Primaria de Sidwava,
As duas vítimas fazem parte tes sobre os perigos de colocar causa sofrimento aos pais e os las, contudo desde 2019 faltam é um trabalho que já está acon-
de um universo de 5978 alunos crianças a estudarem em baixo próprios alunos”, lamentou. cantoneiras para poder finalizar tecer, já contactamos dois par-
que estudam ao relento na pro- das árvores”, declarou. O director da Escola Primá- a obra. ceiros nesta perspectiva. Este
víncia de Maputo, perfazendo Um outro encarregado de ria de Sidwava, Silvestre Zita, projecto é um pacote único e
cerca de 885 turmas, sendo que educação que se identificou reconheceu que as salas de aulas Governo diz conhecer a rea- estamos a interagir com os par-
as situações mais criticas regis- pelo nome de Estevão Domin- instaladas em baixo das árvores lidade precária das escolas e ceiros na perspectiva de ver se
tam-se na Matola e Matutuine. gos viu o seu filho na queda da representam um perigo para os promete solução até ao início do ano podemos
Sônia Bila, encarregada de árvore naquele estabelecimento alunos, mas referiu que o pro- garantir o aumento do número
educação de um dos alunos que de ensino e refere que se tivesse cesso de ensino e aprendizagem A Escola Primária de Sidwa- de salas de aulas para reduzir
frequenta a 4ª classe na Escola condições teria transferido o fi- não pode parar, daí que a esco- va não é a única com salas de turmas ao ar livre”, referiu.
Primária Completa de Sidwava, lho para uma escola privada. la viu-se obrigado a recorrer a aulas ao ar livre na província de Prosseguindo, o chefe de
mostrou-se preocupada com a “Estava no trabalho e liga- meios alternativos no inverno e Maputo. Reagindo a situação Departamento de Estudos e
prevalência de salas de aulas ao ram-me para informar que o no tempo chuvoso. da prevalência de salas de aulas Planificação na Direcção Pro-
relento, tendo pedido a quem é meu filho havia sofrido um aci- “Os alunos que estudam no que colocam em perigo a vida vincial de Educação em Mapu-
de direito para construir salas dente na escola, disseram-me chão, passam por muitas difi- dos petizes, o chefe de Depar- to declarou que o Executivo de
de aulas condignas. que um troco havia caído por culdades, nos dias de chuva, tamento de Estudos e Planifica- Maputo necessita de cerca de
“Recebi a informação do cima dos alunos, falaram que quando há ventania, e no in- ção na Direcção Provincial de 526 milhões de meticais para
acidente com a colega da mi- não foi grave. Como pai fiquei verno principalmente, para não Educação em Maputo, Sérgio construir 351 salas de aulas e
nha filha, foi um choque saber assustado, não estou satisfeito parar com as aulas, juntamos 02 Matsinhe, referiu que tem im- acabar com salas de aulas ao ar
que uma árvore caiu por cima com a forma que eles estudam, a 03 turmas na mesma sala, por- plementado estratégias com as livre naquele ponto do país.

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