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OBJETO DE APRENDIZAGEM

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Lógica de argumentação
Danilo Nascimento

O que é Lógica de Argumentação? Por exemplo, considere as seguintes infor­ ordem dada e uma exclamação proferida, mas
A Lógica de Argumentação pode ser entendida mações: nenhuma delas pode ser afirmada ou negada. Não
como o estudo criterioso da correção de um ra­ é possível julgá-las como verdadeiras ou falsas.”
ciocínio. Todo padre é homem. José é padre. Logo, José Irving Copi
Leia o que diz um dos grandes teóricos da é homem.
lógica, Cezar Mortari, em seu livro “Introdução Retomando o nosso exemplo, podemos dizer
à Lógica”: A partir de duas “informações” (Todo padre é que “Todo padre é homem” é uma proposição,
homem/José é padre) chegamos à conclusão de assim como as duas outras afirmações – José é
“A Lógica não procura dizer como as pessoas que José é homem. padre/Logo, José é homem.
raciocinam (mesmo porque elas “raciocinam erra­ A Lógica de Argumentação verifica justamente Eu tanto posso afirmar essas expressões como
do”, muitas vezes). Mas se interessa primeiramen­ se raciocínios assim são válidos. negá-las.
te pela questão de se aquelas coisas que sabemos Com essa noção geral, vamos para os concei­ (Alguns autores chamam as proposições de
ou em que acreditamos – o ponto de partida do tos específicos, para que tudo fique mais claro enunciado ou sentença. Mas o termo proposição é
processo – de fato constituem uma boa razão para e preciso. muito mais comum).
aceitar a conclusão alcançada, isto é, se a conclu­
são é uma consequência daquilo que sabemos. O que é proposição O que é um argumento?
A partícula básica do estudo da Lógica de Ar­ Agora que sabemos o que é uma proposição,
Ou, em outras palavras, se a conclusão está gumentação é a proposição, que nada mais é que fica mais fácil entender o que é um argumento.
adequadamente justificada em vista da informação a expressão linguística que pode ser verdadeira Vou citar novamente Copi:
disponível, se a conclusão pode ser afirmada a ou falsa. Um argumento é qualquer grupo de proposi­
partir da informação que se tem.” Cézar Mortari Citando outro grande teórico da Lógica, Irving ções tal que se afirme ser uma delas derivada das
Copi, fica mais fácil compreender: outras, as quais são consideradas provas evidentes
Podemos substituir a palavra “raciocínio” pela da verdade da primeira. Irving Copi
palavra “inferência”, ou seja, o ato de concluir algo “As proposições são verdadeiras ou falsas, e Sim, o exemplo citado acima é um argumen­
a partir de duas ou mais informações conhecidas. nisto diferem das perguntas, ordens e exclamações. to. A proposição “José é homem” é derivada das
A Lógica de Argumentação analisa a validade dos Só as proposições podem ser afirmadas ou proposições anteriores – Todo padre é homem/
raciocínios e das inferências. negadas; uma pergunta pode ser respondida, uma José é padre.

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Um argumento é dividido em algumas partes. PREMISSA 1: Toda planta tem asas CONCLUSÃO: José é homem e possui nível
Entenda melhor a seguir. PREMISSA 2: A laranjeira é uma planta superior.
CONCLUSÃO: A laranjeira é uma planta
1. Premissas e conclusões A conjunção nos leva à ideia de intersecção.
A conclusão de um argumento é a proposição Esse é um argumento válido, mesmo que as Ou seja, um ou mais elementos que faz parte de
encontrada ao final da análise das premissas, que proposições que o integram sejam falsas. mais de um conjunto. Nesse caso, “padre” faz
são as proposições iniciais. Validade diz respeito à correção do raciocínio. parte do conjunto dos homens e do conjunto do
Voltemos ao nosso exemplo: Verdade diz respeito à correspondência entre o que nível superior.
se afirma e a realidade.
PREMISSA 1: Todo padre é homem. Para a lógica, não importa se as proposições 4. Argumento disjuntivo
PREMISSA 2: José é padre. são verdadeiras ou falsas, quem estuda isso são as Os argumentos disjuntivos são aqueles onde
CONCLUSÃO: José é homem. outras disciplinas. Na biologia, seria absurdo dizer pelo menos uma das premissas possui uma dis­
que uma planta tem asas. junção “ou”.
Veja mais um exemplo para você fixar melhor o A lógica não se preocupa com isso. O importan­ Veja o exemplo a seguir:
que são as premissas e as conclusões: te é que o raciocínio desenvolvido está correto.
PREMISSA 1: Todo padre é homem ou tem nível
PREMISSA 1: Nenhum boi bebe vinho. 3. Argumento conjuntivo superior.
PREMISSA 2: Russo é um boi. Agora vamos começar a conhecer alguns tipos PREMISSA 2: Padre José é homem.
CONCLUSÃO: Russo não bebe vinho. de argumento. O primeiro deles é o argumento CONCLUSÃO: Padre José não tem nível su­
conjuntivo. perior.
Compreendeu? Os argumentos conjuntivos são aqueles em que
ocorre a conjunção “e” em alguma das premissas. A disjunção traz a ideia de exclusividade de um
2. Verdade e Validade Veja um exemplo: elemento em relação a dois conjuntos. No nosso
Quando estamos falando de Lógica de Argu­ exemplo, quem é padre não pode ser, ao mesmo
mentação não importa muito se as proposições PREMISSA 1: Todo padre é homem e possui tempo homem e ter nível superior. Se for um dos
são verdadeiras ou não. nível superior. dois, não é o outro.
Considere o argumento a seguir: PREMISSA 2: José é padre.

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5. Argumento condicional PREMISSA 1: O padre reza a missa se, e so­ 8. Argumento Indutivo
Esse é um tipo de argumento bastante co­ mente se, for domingo. Já no argumento indutivo ocorre o contrário,
mum para ser analisado em provas de concursos. PREMISSA 2: O padre reza a missa. passamos do particular para o geral. Ou seja, a
Caracteriza-se pela utilização da forma “Se… CONCLUSÃO: É domingo. partir da observação de vários casos particulares
Então…”. chegamos a uma conclusão geral.
Entenda melhor: 7. Argumento Dedutivo Veja um exemplo:
Você já ouviu falar da diferença entre dedução e
PREMISSA 1: Se o Palmeiras é campeão, indução? Ter essa compreensão é bastante impor­ PREMISSA 1: Os padres do Hemisfério Norte
irei comemorar. tante na Lógica de Argumentação. são homens.
PREMISSA 2: O Palmeiras é campeão. Primeiro, vamos conhecer o que é um argu­ PREMISSA 2: Os padres do Hemisfério Sul são
CONCLUSÃO: Irei comemorar. mento dedutivo. Ele ocorre quando partimos do homens.
geral para o particular. CONCLUSÃO: Todos os padres são homens.
Esse tipo de argumento é bem autoexplica­ A conclusão do argumento está implíci­
Segredos de concurso. Disponível em: http://segredosdeconcurso.com.
tivo. A premissa impõe uma condição para que to nas premissas, como no nosso primeiro
br/logica-de-argumentacao/ Acessado em: 18/02/2018.
algo ocorra. exemplo:

6. Argumento bicondicional PREMISSA 1: Todo padre é homem.


Nesse caso, a expressão que caracteriza o ar­ PREMISSA 2: José é padre.
gumento é “se, e somente se…”. CONCLUSÃO: José é homem.
Veja um exemplo:

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