Você está na página 1de 8

Consciência Negra - O Aluno Novo

Narrador Henrique- Boa tarde! O 2º ano Humanos e o 2º ano Transdisciplinar auxiliados


ela professora Jamile Matos apresentam a encenação “O aluno novo” Pedimos silêncio

Cindy e Matheus estão em pé conversando e Franciele chega. Rafael está próximo


mexendo no celular
Franciele- gente, babado!
Cindy - conta logo mulher.
Franciele- Acabei de vim da diretoria e tinha um menino lá sentado, acho que é aluno
novo.
Matheus - E como ele é?
Franciele- estranho.
Cindy - Como assim?
Franciele- Sei lá

Narrador Henrique- Gustavo (Sena) vai saindo da sala da direção e as garotas olham
para ele com olhares de julgamento.

Franciele- Ele é diferente né?


Cindy - Sei lá, tem algo nele que eu não gostei.

Rafael- Eu sei o que é que vocês não gostaram nele.


Matheus -Lá vem você.
Rafael- É por que ele é preto.
Cindy - Nada disso, ninguém aqui é preconceituoso.
Franciele- Eu tenho amigos negros.
Rafael- Infelizmente, isso não faz de nós menos racistas.

Narrador Henrique- O sinal toca e todos se dirigem a sala de aula.

Gustavo Sena - com licenca, pode me dizer onde é o banheiro?


Franciele- eu? Você está falando comigo?
Gustavo Sena Sim, com você mesma.

Chega Maria Adryene e diz:


Maria Adryene- Vem eu te mostro onde é.

Gustavo Sena e Maria Adryene saem. Na sala de aula estão Cindy e Matheus sentados
junto e Franciele entra.

Franciele-Vocês não sabem o que eu vi.

Narrador Henrique- A professora entra na sala.


Josefa Tamires- Boa Tarde!
Tamires coloca a caderneta e a bolsa na mesa enquanto as meninas conversam.
Matheus -O que, o que, fala logo!
Franciele- A nerd já está com o aluno novo.
Cindy - Ela gosta de ser a boa.

Gustavo e a Maria Adryene chegam na porta.

Maria Adryene- professora podemos entrar?


Gustavo- Estavamos no banheiro.
Josefa Tamires- podem sim.
Franciele- Eu não falei.
Cindy - Bem isso.

Josefa Tamires está bom de conversa ne? Vamos começar a aula.

Franciele-E ele ainda veio falar comigo. Vê se pode? Mal chegou na escola.

Josefa Tamires Então, vamos começar revisando o conteúdo da semana passada.


Espero que voces tenham estudado. Vamos vê quem lembra onde paramos.

Narrador Henrique- enquanto a professora explica o conteúdos, os alunos observam


Gustavo, alguns com curiosidade outros julgando.

Narrador Henrique- Toca o sinal para o intervalo.

Ryan, Alexandre Ferreira e Maria Daise estão comentando do aluno novo. Enquanto
Gustavo está próximo conversando com Maria Adryene.

Maria Daise- Olha só aluno novo.


Ryan- Esquesito ele né?
Alexandre Ferreira- Ele tem cabelo duro.
Maria Daise- Achei ele bonitinho.

Maria Daise se aproxima de Gustavo.

Maria Daise- Oi, boa tarde.


Gustavo- Oi,
Maria Daise- Tudo bem?
Gustavo- Tudo. E você?
Maria Daise- Agora está ótimo.
Gustavo- Será?
Maria Daise- Seja bem vindo, meu nome é Daise.

Franciele chama o Maria Daise.

Franciele- Não acredito que você está falando com esse neguinho.
Maria Daise- Que isso?
Franciele- Você é melhor que isso.
Maria Daise- Nada a vê isso.
Franciele-Ele mal chegou e já esta se achando.
Maria Daise- Você é racista? Não acredito.
Franciele-Claro que não, nunca!

Narrador Henrique- Nem sempre as pessoas percebem que suas falas e ações refletem
comportamentos racistas. Certas palavras ou a forma e contexto que pronunciamos tem
sentido preconceituoso.

Luis Henrique Felicio e Andressa passam com os primeiros cartazes

Luis Henrique Felicio: Injuriar alguém, ofendendo-lhe em razão de raça, cor, etnia ou
procedência nacional recebe pena de 2 a 5 anos de prisão e multa.

Andressa: também são crimes se for cometido por intermédio dos meios de comunicação
social, de publicação em redes sociais, da rede mundial de computadores ou de
publicação de qualquer natureza.

Narrador Henrique- Enfim, uma semana se passa mas o preconceito continua


acontecendo.

Gustavo chega na escola (Música na entrada de Gustavo) e Danilo se aproxima.

Danilo- Nossa gostei do seu cabelo.


Gustavo- obrigado, mas nem todo mundo pensa assim.
Danilo- bobagem, e você liga para o que as pessoas dizem?
Gustavo- Tem palavras que são fortes ne?
Danilo- Não dê importância
Gustavo- É facil falar, mas é dificil de ouvir, ainda mais todos os dias.
Danilo- Então não deixem que falem de você.

Franciele, Cindy e Matheus chegam juntas na escola e ficam olhando (música de fundo)

Franciele- Olha só o estilo dele.


Cindy- Vamos pegar piolho desse macaco.
Matheus- Não fala assim que você pode ser processada.
Cindy- Você sabe que é brincadeira.
Matheus- E outra, você apanha sozinha
Franciele- Lá vem esse mimi de racismo

Narrador Henrique- Toca o sinal e todos vão para sala. Tamires entra.

Tamires- Boa tarde!


Todos- Boa tarde!
Tamires- Espero que todos tenham feito a atividade.
Alexandre Ferreira- Que atividade?
Tamires- Aquela atividade que passei ontem.

Danilo abre o caderno diz:

Danilo- Essa aqui ó


Alexandre Ferreira- Oxe você nem respondeu
Danilo- Cala a boca
Tamires- Vamos lá começar a correção.
Franciele- professora, não estou conseguindo vê.
Tamires- O que houve?
Franciele- Tem um monte na minha frente.
Cindy - Tem que ter mais noção de espaço né prof?
Tamires- É só você mudar de lugar.
Franciele-Eu não vou mudar de lugar não, eu sempre sento aqui.
Cindy Quem tem que se tocar é quem tem cabelo ruim
Tamires- Não existe cabelo ruim, são cabelos diferentes
Cindy Ah professora, é cabelo ruim sim.
Gustavo- Ruim é seu preconceito.
Tamires- Vamos parar com isso.
Gustavo- Eu mudo de lugar para não ter confusão.
Maria Adryene- Eu troco de lugar com você
Tamires- Obrigada.

Danilo- Um absurdo a professora não ter feito nada.


Alexandre Ferreira- Deixa isso queto, ninguém gosta do neguinho mesmo.

Danilo levanta a mão


Danilo- professora,
Tamires- diga Danilo
Danilo- posso ir ao banheiro?
Tamires- pode. Mas não vá ficar passeando pela escola não viu.
Danilo- Sim senhora professora.
Danilo vira para Alexandre e diz:

Danilo- Eu não vou deixar isso barato não.

Narrador Henrique- Danilo vai a sala da diretora.

Danilo- Oi querida.
Ellen- Entre meu querido.
Danilo- Tenho um assunto importante para falar com a senhora.
Ellen- pode falar.
Danilo- Sabe o aluno novo?
Ellen- Sei.
Danilo- Ela está sofrendo, estão humilhando ele.
Ellen- Não existe isso na minha escola.
Danilo- Estou te falando.
Ellen- Como assim?
Danilo- As colegas acabaram de chamar ele de cabelo duro, chamam ele de neguinho.
Pode isso diretora?
Ellen- De jeito nenhum. Vou em sua sala já já.

Danilo sai da sala da diretora e vai para a sala de aula.

Narrador Henrique- Todos estão sentado na sala de aula e Lucas Daniel (professor) está
organizando a turma para um seminario.

Pedro- Já definiram os grupos do seminário?


Franciele-Os grupos da sala já são formados.
Danilo- professor, mas o aluno novo ficou sem grupo.
Pedro- Mas a sala dá para dividir em número igual.
Danilo- Só se ele entrar no meu grupo.
Pedro- Quantas pessoas já tem em seu grupo?
Danilo- 5 pessoas.
Pedro- Não, tem que ser um grupo que tenha 4 pessoas.
Franciele-Professor, meu grupo não combina com ele.
Cindy -Nós sempre fazemos juntas.
Pedro- Vocês resolvam essa questão, não quero ninguém sem grupo

Narrador Henrique- A diretora Ellen entra na sala.

Ellen- Boa tarde, meus queridos.


Todos- Boa tarde
Ellen- Professor eu gostaria de entrar para falar com a turma
Pedro- Fique a vontade diretora.
Ellen- Obrigada
Todos os alunos se olham entre si

Ellen- Chegou ao meu conhecimento que vocês estão distratando o aluno novo.

Cindy cochicha com Francielly

Cindy – quem não sabe que foi Danilo que foi lá falar com ela.

A sala fica em silêncio

Ellen- Isso não está correto, o que vocês estao fazendo é muito sério. Não há diferenca
entre nós. Vocês sabem que racismo é crime.
Franciele-Mas diretora não é racismo, só teve umas brincadeirinhas.
Ellen- Isso é brincadeira que se faça? Quando machuca alguem não é brincadeira.

Francielly cochicha com Cindy

Franciele-Mas ninguém vai me chamar de macaca, eu não sou preta.


Ellen- Vamos parar o cochicho?
Cindy- Bem isso
Ellen- Então vamos receber o colega de forma certa, não quero preconceito e
discriminação na sala. Estamos entendidos?
Todos- Sim senhora.
A diretora sai e toca o sinal
Pedro- Tchau minha gente

Lucas Daniel sai da sala enquanto Franciele começa a falar saindo da sala.

Franciele- Oxe, se ele é nego mesmo.


Cindy – Agora pronto, sou obrigada a gostar de todo mundo.
Franciele-Se ela parece mesmo um macaco com aquela cara preta.
Matheus - E aquele cabelo duro.

Narrador Henrique- Gustavo ouve os comentários e sai revoltado.

Gustavo sai e fica um tempo sentado sozinho.

Sabrina e Ray passam com os próximos cartazes

Sabrina “Art. 20-A. Os crimes previstos nesta Lei terão as penas aumentadas de 1/3 (um
terço) até a metade, quando ocorrerem em contexto ou com intuito de descontração,
diversão ou recreação.”

Ray Expressões racistas Deixar claro, esclarecer ou clarificar

Narrador Henrique- Toca o sinal para o final do intervalo e Gustavo continua no pátio,
Rafael passa.

Rafael Já terminou o intervalo. O que houve?


Gustavo- Eu não quero ir pra sala.
Rafael- Porque?
Gustavo- Sei la, não tô afim.
Rafael- Já sei, são os comentários que estão fazendo sobre você.

Gustavo dá de ombros.

Rafael- Você tem que tomar uma atitude.


Gustavo- A diretora teve lá e não adiantou. Quando ela saiu falaram pior.
Rafael pois tome uma atitude, não permita que te tratem assim.
Gustavo- Eu já estou pensando no que fazer.
Rafael- Agora sim eu gostei.
Gustavo- É sobre isso!
Rafael Vem, vou com você atá a sala.

Narrador Henrique- Infelizmente, as falas racistas continuaram deixando Gustavo cada


vez mais chateado e pensativo.

Carlos Eduardo e Renam passam com os próximos cartazes

Carlos Eduardo “Você é bonito para um negro” não é elogio!


Renam Expressões racistas A coisa tá preta Serviço de preto Inveja branca

No dia seguinte Gustavo chega sorridente e vai para a sala.(Música de fundo)

Entra Gustavo sorridente. Todos estão na sala, inclusive o professor.

Lucas Daniel- Todos sentados. Vamos começar a aula.

Chega Jacyara e diz:


Jacyara- Boa tarde.
Todos- Boa tarde.
Jacyara- Com licenca professora, tenho um recado.
Lucas Daniel- Fique a vontade
Jacyara- A diretora está chamando algumos alunos na diretoria, Franciele Silva Matos,
Cindy Echely Santos e Matheus Carvalho da Silva.

Os alunos se levantam e saem. Chega Danilo

Danilo- Gente, babado. O conselho tutelar está ai fora.


Alexandre Ferreira- E agora? Você chamou o conselho tutelar?
Gustavo- - Vocês estão cometendo racismo contra mim.
Danilo- Vocês pediram ne? Porque nem a diretora vindo aqui vocês pararam.
Lucas Daniel- Gente, isso é assunto para a direção, vamos continuar a aula.

Narrador Henrique- Na sala da direção, os alunos estão sentados, a diretora e


aconselheira Andrielle estão presentes.

Andrielle- Eu já solicitei a diretora que chame os responsáveis.


Ellen- Já liguei para as mães de vocês.
Andrielle- Como há um adulto presente que representa vocês que no caso é a diretora
vou comecar a falar.
Franciele- Mas, nós não fizemos nada de errado.
Andrielle- Vocês acham correto chamar um ser humano de macaco?
Cindy- Nós não falamos isso.
Andrielle- Entao vocês não disseram que o colega tem cabelo ruim?
Matheus- A gente?
Andrielle- Não falaram que ele tem cara de macaco?

Os alunos se olham e ficam em silêncio


Ellen- Foi o que pensei.
Andrielle- a Lei 14.532 fala sobre injúria racial, e os responsáveis por vocês podem
responder processo.
Ellen- é um crime inafiançavel, ou seja, não tem fiança.
Franciele- Mas é a palavra dele contra a gente.
Ellen- Vocês vão mentir bem na minha cara?
Andrielle- Calma diretora, olha a pressão.

Ellen bebe um pouco de água

Ellen- Mas há testemunhas, os próprios colegas sabem que vocês falaram.


Andrielle- Então se eu fizer uma perguntas por na escola todos os alunos vão dizer que
vocês não falaram nada? Que não chamaram ele de neguinho?
Cindy- Mas ele não é negro? É para chamar de branca?
Andrielle- Ele tem nome, a forma e colocação que vocês fizeram do termo neguinho que
faz a diferença.
Ellen- vocês sabem o que é injuria racial?
Cindy- Mas era só brincadeira
Ellen- isso é racismo recreativo.
Andrielle- isso é quando as ofensas proferidas como “piadas” ou “brincadeiras”, em
contexto ou com intuito de descontração, diversão ou recreação, mas que tenham caráter
racista.
Franciele- Eitha a coisa é séria.
Andrielle- Vou aguarda os responsáveis de vocês para explicar os próximos passos.
Ellen- mas eu já sei uma ótima ação que ela podem fazer. Serão as responsáveis pela
organização juntos com os demais colegas do projeto da Consciência Negra para
poderem pesquisar mais sobre o assunto. E evidentemente vão levar advertência por
escrito.
Andrielle- Os pais de vocês podem responder por crime já que vocês são de menor.

Narrador Henrique- Isso mostra o quanto o preconceito é sério. Trata-se de um crime!

Kauan Irlan passa com o último cartaz

Não podemos parar o racismo se ainda há racismo em nós

Você também pode gostar