SOFISTAS: Na Grécia clássica, os sofistas eram professores itinerantes que Epicuro relaciona o filosofar à saúde da alma e à felicidade.
licidade. A filosofia é uma
ensinavam vendendo seu conhecimento, aos cidadãos interessados em dominar
melhor a técnica do discurso, para os debates e discussões públicas. Foram os
mestres da retórica e oratória. A oratória como a capacidade de persuadir o
outro para o sucesso na política, e a retórica como arte de bem falar e convencer
o ouvinte é a arma do político.
Foram os “mestres da arte de fazer política”. Dentre os principais sofistas
destacaram Protágoras, Górgias,Trasímaco e Hípias de Elida. As principais
obras dos sofistas só chegaram até nós fragmentos, e citados pelos opositores
como Platão.
Foram combatidos por seus contemporâneos Sócrates, Platão e Aristóteles,
porque condenavam o relativismo dos sofistas e pela defesa da ideia de verdade
ser resultado da persuasão e do consenso entre os homens. Inclusive a justiça e
ética eram resultados dos consensos sociais resultantes entre os homens.
Protágoras (480-410 a. C.) foi o primeiro e mais ilustre dos sofistas. Nascido
em Abdera, mudou-se para Atenas onde se tornou muito famoso e requisitado
pelas famílias ricas. Afirmava não haver um conhecimento e uma verdade
absolutas sobre as coisas, e que o mundo era relativo ao que os homens
percebiam dele. Tudo dependia de quem ou que grupo estava falando. As
regras sociais, bem como a própria pólis são convenções, e como tal, mudam
de acordo com que as convencionou, sendo, portanto, relativas. Quer dizer:
todo conhecimento depende do indivíduo que conhece; o vento só é frio para
mim e no momento em que sinto frio. Em outras palavras, existem tantas
verdades quantas forem as mentes humanas. Daí sua famosa frase: “o homem
é a medida de todas as coisas, do ser daquilo que é, do não-ser daquilo que
não é".
Górgias é conhecido por introduzir o ceticismo radical. Ele deu as costas à
filosofia e dedicou-se à retórica. Essa disciplina enfocava a arte da persuasão
no discurso público.
Trasímaco, que contrasta com Platão na República, foi um sofista que atacou a
busca de justiça. A justiça, diz Trasímaco, é um conceito para as pessoas de
mente debilitada, às quais falta a determinação de se afirmar.
FILOSOFIAS HELENÍSTICAS: foram muito influenciadas pela desagregação
do mundo grego antigo. Com as conquistas macedônica (cinismo, epicurismo),
no século IV a.C., e romana (estoicismo, ceticismo), dois séculos depois, as
cidades-estados gregas deixaram de ter importância central para a vida política
e espiritual de seus cidadãos. Então, as preocupações coletivas da pólis
cederam lugar às preocupações pessoais. A reflexão política enfraqueceu-se e
a vida privada tornou-se o centro das investigações filosóficas, passando a
formular alguns modelos de conduta, “artes de viver”, “filosofias de vida”.
As escolas do Helenismo buscam em essência uma maneira de alcançar a
felicidade, baseado na ética. Proporcionavam às pessoas desorientadas e
inseguras com a vida social alguma forma de paz de espírito, de felicidade
interior em meio às atribulações da época.
CINISMO: essa filosófica idealizava uma vida simples e natural, sem apego a
coisas materiais em oposição às convenções sociais, em harmonia com a
natureza humana, saciando suas necessidades ao passo que elas surgem e se
satisfazendo com o mínimo. Acreditavam que somente os virtuosos
conseguiriam alcançar a Felicidade. O termo natureza, nesse caso, deve ser
entendido como "essência". Para os cínicos, se o indivíduo vivesse de acordo
com sua essência, seria feliz. Mas o que significa viver de acordo com sua
essência? Principalmente viver de modo simples, sem as comodidades e as
convenções da sociedade; sem a busca pela fama e pela riqueza; sem a procura
frenética pelos prazeres. Uma vida virtuosa e feliz é aquela na qual os desejos
são dominados e as necessidades se reduzem ao mínimo.
Diógenes de Sínope (400-325 a. C.), mais conhecido como Diógenes o cão;
viveu em Atenas de acordo com o que acreditava: considerava coisas tolas a
riqueza, fama, poder e honras, alimenta-se de sobras e vestia-se com roupas
simples. Rejeitou então os valores mundanos e passou a morar num velho barril
de vinho feito de argila! Diógenes praticava o que pregava. Dizem que
Diógenes andava por Atenas carregando uma lamparina em plena luz do dia,
dizendo estar à procura de uma pessoa honesta, mas só encontrara pessoas
mesquinhas, hipócritas e sujeitos cheios de si.
EPICURISMO ou HEDONISMO (Epicuro, Zenão de Sídon): Os filósofos
epicuristas procuravam principalmente estabelecer procedimentos teóricos e
práticos para uma vida feliz. A busca pelo prazer (a fuga da dor e de
perturbação da alma), não deve ser impulsiva e irracional, mas ponderada e
equilibrada.
Segundo Epicuro de Samos (final do século IV a.C.), fundador da escola O
Jardim, afirma que há muitas dores passageiras que, a longo prazo, geram
prazeres enormes (como estudar muito para se sair bem na prova, no Enem ou
passar no vestibular), assim como há prazeres intensos que depois promovem
dores maiores (como comer em demasia, passar noites e noites em festas).
A felicidade está na busca pelo prazer, que é a fuga da dor e ausência de
perturbação mental, portanto, não deve ser impulsiva e irracional, mas
ponderada e equilibrada – com prudência. O sábio é uma pessoa que tem como
princípio e o maior bem ser prudente, que sabe discernir entre o que lhe faz
bem e o que lhe faz mal, que procura prazeres duradouros e benéficos e controla
os desejos prejudiciais que podem trazer tristeza, frustração, inveja, dor etc.
espécie de saúde da alma, capaz de deixá-la sã por meio de procedimentos e
raciocínios para deixar a alma tranquila e o corpo saudável. Deve guiar-se pela
razão até atingir a ataraxia (tranquilidade de alma, de espírito).
Embora o prazer seja o princípio e o fim da vida feliz, há prazeres que são
prejudiciais como o consumismo, o uso de drogas legais e não legais, o agir
preciptado. Ele considera como prazeres naturais e necessários, os estão
relacionados à questão da vida como comer, beber (água, chá, sucos) e vestir-
se.
ESTOICISMO (Zenão de Cítio, Sêneca, Marco
Aurélio, Epiteto): Fundado no final do século IV
a.C. por Zenão de Cítio. Foi a corrente filosófica
mais influente do período helenístico-romano.
Defende que deve enfrentar as diversas situações
com equilíbrio e adaptar-se ao destino. A
felicidade depende da vida reta e rigorosa
disciplinada pela interioridade racional. Essa
serenidade interior seria obtida através de uma
atitude de austeridade física e moral, baseada em
virtudes como a resistência ante o sofrimento, a coragem ante o perigo, a
indiferença ante as riquezas materiais.
O mundo seria uma espécie de organismo vivo cujas partes estariam
interligadas e obedeceriam a uma regulação racional. Assim, nada aconteceria
por acaso e, em certa medida, tudo estaria predeterminado. A felicidade ou a
infelicidade de uma pessoa dependeriam de sua atitude diante do logos; afinal,
ela teria seu lugar na ordem preestabelecida. Haveria uma afinidade entre a
razão cósmica e a razão humana.
O ser humano virtuoso viveria de acordo com o ordenamento divino, isto é, em
conformidade com sua natureza racional, e aceitaria livremente os
acontecimentos do destino, resignando-se ao rumo das coisas. O caminho
oposto, das paixões e da resistência ao destino, deveria ser evitado. Assim, as
paixões- sofrimento, inveja, pena, medo, vergonha, ambição, ódio, cólera,
amor, sedução, volúpia, entre outras deveriam ser combatidas. A vida deveria
ser disciplinada pela razão. Nesse sentido, o indivíduo deveria permanecer
impassível ou indiferente diante das dificuldades da vida. O sábio estaria acima
das perturbações e seria rigorosamente disciplinado pela razão: sua felicidade
não dependeria de nada externo a ele, mas apenas de sua interioridade racional.
CETICISMO ou PIRRONISMO (Pirro de Élida, Arcesilau): foi fundado no
século IV a.C. por Pirro de Élida e teve várias fases e diversos representantes.
Caracterizou-se pela investigação constante e detalhada de tudo o que existe e
pela dúvida sobre o critério absoluto da verdade. A dúvida e a investigação
eram duas das principais características da filosofia cética. Os céticos não
consideravam nenhum método de investigação confiável para obter o
conhecimento verdadeiro. Era a dúvida que os impulsionava à investigação e,
por isso, os céticos "continuavam investigando" sem parar.
Com base na impossibilidade de conhecer verdadeiramente algo e sabendo que
sempre haveria juízos ou pontos de vista contraditórios sobre qualquer assunto,
os céticos pregavam a abstenção do juízo, a indiferença e a imperturbilidade
mental e emocional frente aos acontecimentos do mundo, que assim, obteria a
tranquilidade. A felicidade, portanto, encontra-se não em agarrar-se a uma
visão de mundo específica, mas em perceber a relatividade de todas as crenças
e suspender o juízo a respeito de tudo. O sábio é aquele que não emite nenhum
juízo.
Como não seria possível afirmar a apreensão ou a impossibilidade da verdade,
a melhor atitude diante dos acontecimentos do mundo seria a indiferença e a
imperturbabilidade mental e emocional, as quais trariam a tranquilidade.
A ataraxia (tranquilidade da alma) é obtida através da suspensão do juízo, isto
é, do abandono de toda e qualquer convicção substantiva. Com efeito, para os
céticos, tudo é duvidoso, questionável e não se pode ter certeza de coisa
alguma.
Só se pode conhecer as aparências das coisas, por isso, deve-se desfrutar o
imediato capturado pelos sentidos e, assim as pessoas vivem felizes.
(ENEM 2017.2; Fil. Antiga helenística: estoicismo, Epiteto)
Jamais, a respeito de coisa alguma, digas: "Eu a perdi", mas sim: "Eu a restituí". O filho morreu? Foi restituído.
A mulher morreu? Foi restituída. “A propriedade me foi subtraída”, então também foi restituída. “Mas quem a
subtraiu é mau”. O que te importa por meio de quem aquele que te dá a pede de volta? Na medida em que ele
der, faz uso do mesmo modo de quem cuida das coisas de outrem. Do mesmo modo como fazem os que se
instalam em uma hospedaria.
(EPICTETO. Encheirídion. In: DINUCCI, A. Introdução ao Manual de Epicteto. São Cristóvão: UFS, 2012 - adaptado)
A característica do estoicismo presente nessa citação do filósofo grego Epicteto é:
A) explicar o mundo com números.
B) identificar a felicidade com o prazer.
C) aceitar os sofrimentos com serenidade (X).
D) questionar o saber científico com veemência.
E) considerar as convenções sociais com desprezo.
(ENEM 2018.1; Fil. Antiga helenística: epicurismo)
A quem não basta pouco, nada basta.
(EPICURO. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1985)
Remanescente do período helenístico, a máxima apresentada valoriza a seguinte virtude:
A) Esperança, tida como confiança no porvir.
B) Justiça, interpretada como retidão de caráter.
C) Temperança, marcada pelo domínio da vontade. (X)
D) Coragem, definida como fortitude na dificuldade.
E) Prudência, caracterizada pelo correto uso da razão.