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ANÁLISE DO ESCOAMENTO E TRANSFERÊNCIA DE CALOR EM UM LEITO FIXO


A PARTIR DA TÉCNICA DE FLUIDODINÂMICA COMPUTACIONAL

Conference Paper · October 2015


DOI: 10.5151/ENEMP2015-MS-549

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Ubiranilson Castro Rodrigo Béttega


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XXXVII ENEMP
18 a 21 de Outubro de 2015
Universidade Federal de São Carlos

ANÁLISE DO ESCOAMENTO E TRANSFERÊNCIA DE CALOR EM UM LEITO FIXO A


PARTIR DA TÉCNICA DE FLUIDODINÂMICA COMPUTACIONAL

U. J. CASTRO*, R. BÉTTEGA, J. T. FREIRE

Universidade Federal de São Carlos, Departamento de Engenharia Química


*
e-mail: ubiranilsoncastro@gmail.com.br

RESUMO

A operação de secagem é amplamente utilizada na indústria química, devido a


necessidade de manutenção de características dos materiais e conservação de suas
propriedades em diversos processos. Pesquisadores empregam a abordagem em camada
fina para simplificar algumas condições e facilitar a obtenção de dados para projeto de
secadores, no entanto, as considerações utilizadas são frequentemente questionadas
quanto a sua validade. A Fluidodinâmica Computacional (CFD – Computational Fluid
Dynamics) é uma técnica poderosa para a solução numérica de problemas de
transferência de quantidade de movimento, calor e massa. Neste trabalho são
apresentados resultados simulados a partir de um modelo bidimensional utilizando-se
CFD, incorporando diferentes perfis para a distribuição radial da porosidade, em regime
transiente. Os resultados da distribuição da velocidade e temperatura de um leito fixo
aquecido pelo ar são apresentados considerando a dinâmica de aquecimento do meio.
Ao comparar-se os resultados obtidos através do modelo com dados experimentais
presentes na literatura, verificou-se a capacidade do modelo e procedimento numérico
adotados para representação do fenômenos envolvidos. Os resultados corroboram na
comprovação da influência da distribuição porosidade na dinâmica de aquecimento,
resultando em significativas variações de velocidade e temperatura no processo.

1 INTRODUÇÃO realizada na base do sistema e percola o leito


até o topo, saindo saturado pela umidade
Das diversas operações industriais no retirada no processo.
campo da Engenharia Química a secagem A ocorrência de restrição estrutural
sobressai-se por ser um dos métodos mais presente em leitos fixos ensejou a
antigos de conservação de alimentos, investigação de formas indiretas de medida
consistindo na redução do teor de umidade experimental das variáveis neste
para um nível que permite o armazenamento equipamento, tais como velocidade,
seguro durante um período prolongado. Além temperatura e umidade.
disso, a redução do volume do produto facilita Durante décadas a técnica de avaliação
seu manuseio, transporte e armazenamento. da cinética de secagem conhecida como
Na secagem em leito fixo geralmente o camada fina vem sendo utilizada por
ar de secagem aquecido é posto em contato pesquisadores para avaliar a cinética dos mais
com material particulado úmido diversos materiais. Para que um determinado
acondicionado em uma coluna vertical de sistema possa ser englobado em tal
geometria cilíndrica, a injeção do ar é abordagem, o tempo de residência do gás no
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sistema deverá ser curto o bastante para que quantidade de movimento, distribuição de
se possa considerar que o equilíbrio térmico e calor e massa em um processo de secagem.
mássico entre as fases seja atingido Nagliate et al. (2010) realizaram a
rapidamente e a variação de umidade e simulação da fluidodinâmica em um leito fixo
temperatura da fase gasosa na camada delgada empregando CFD obtendo respostas coerentes
seja desprezível. Assim, é possível assumir com os dados experimentais. Um avanço
que uma camada de material a ser seco é fina posterior foi a simulação do escoamento e da
o bastante a fim de assegurar que gradientes transferência de calor obtida por Béttega et al.
de temperatura e umidade no interior do (2013) que inclui perfis de porosidade radial,
material possam ser considerados estudando um leito fixo em regime
desprezíveis. permanente de temperatura, devido o
Trabalhos recentes da literatura amiúde aquecimento pela parede. Entretanto, não
vêm questionando a metodologia adotada para existem estudos que simulem a transferência
a camada fina e consequentemente os de calor e massa em leito fixo em regime
resultados obtidos através dela. Apesar transiente, apesar da presença de trabalhos
emprego de medidas indiretas há diversos que simulam com sucesso a transferência de
trabalhos da literatura que conseguem calor e massa para outros sistemas
descrever a curva de secagem para as (KRAWCZYK; BADYDA, 2011).
condições do experimento a partir da Desta forma, o trabalho propõem-se
abordagem em camada fina, entretanto, esta avaliar o processo de secagem em leito fixo
não fornece indicação sobre o transporte de utilizando a técnica de CFD (software
energia e de umidade no interior do meio ANSYS – FLUENT), com o propósito de
poroso (PERAZZINI, 2014). estudar os fenômenos de transferência de
Estudos realizados na estrutura deste calor, investigando o modelo de abordagem
sistema já comprovaram que a porosidade em camada fina. Este estudo possibilitará
apresenta um comportamento oscilatório na responder questões acerca da dinâmica do
direção radial. A porosidade afeta diretamente processo de secagem em leito fixo, além de
a velocidade de escoamento do fluido através gerar informações detalhadas acerca da
do leito, que por sua vez está intimamente distribuição de velocidade e temperatura no
ligada à transferência de calor e massa. interior do meio poroso. Realizando ainda a
Neste contexto, a utilização cada vez verificação dos resultados simulados com
mais intensa de metodologias e ferramentas dados apresentados por Perazzini (2014) de
de simulação é um dos pontos-chave para o medidas experimentais.
sucesso de engenheiros envolvidos em
processo industriais. De forma complementar 2 MATERIAIS E MÉTODOS
a outros métodos de análise, tais como
técnicas experimentais laboratoriais ou Os dados experimentais utilizados para
ensaios em planta piloto, as técnicas de análise, assim como as condições geométricas
dinâmica dos fluidos computacional ou CFD e operacionais do equipamento, propriedades
(Computational Fluid Dynamics), ganharam do sólido e do ar de secagem empregadas na
importância estratégica para a pesquisa e simulação dos resultados foram baseados no
desenvolvimento de processos. trabalho de Perazzini (2014).
A partir desta técnica, é possível obter
informações detalhadas sobre o
comportamento da transferência de
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2.1. Modelagem Matemática e Solução Haideger et al. (1989), Giudici (1991) e


Numérica Mueller (1992).
Para as simulações realizadas neste As condições de contorno adotadas para
trabalho adotou-se um modelo bidimensional, a solução do modelo foram:
considerando a axissimetria do sistema, que - Na face de entrada de ar no leito, adotou-se
engloba fenômenos acoplados de a condição de velocidade do ar prescrita, 0,98
transferência de calor e quantidade de m s-1, com ar entrando a uma temperatura de
movimento. As simulações foram realizadas 338,15K;
considerando o regime transiente, pois ar - Na parede a condição de não deslizamento
aquecido perpassa o meio poroso foi adotada;
possibilitando a transferência de calor e - Eixo de axissimetria foi incorporado ao
elevação na temperatura deste com o tempo, sistema, possibilitando a simulação do
as propriedades do fluido e do sólido problema em duas dimensões;
permanecem constantes. Maiores informações - Na saída, utilizou-se a condição de pressão
sobre o equacionamento podem ser prescrita.
encontradas em ANSYS (2009). O domínio computacional empregado
Para a simulação numérica do nas simulações no presente trabalho foi
transporte de quantidade de movimento as constituído das três regiões conforme
equações de Navier-Stokes para o escoamento ilustrado na Figura 1. Estas regiões foram
monofásico de fluidos são adotadas, definidas no domínio computacional com
incluindo-se um termo fonte que represente as objetivo de captar efeitos tanto internos do
perdas viscosas e inerciais devido à presença meio poroso, quanto na entrada e saída do
do meio poroso. Para o caso do escoamento equipamento. A região de entrada foi definida
de ar estudado neste trabalho, o termo fonte 4 cm de comprimento, o leito fixo
toma a forma da Equação 1: propriamente dito com 5 cm, região de saída
com 5 cm para um diâmetro constante de 10
  1  cm. Demais parâmetros adotados na solução
Si   vi  C2 (r ) v vi  (1) deste modelo são apresentados na Tabela 1.
  (r ) 2 
Figura 1 - Representação esquemática de um leito
Na equação 1, a permeabilidade do leito fixo.
(α), bem como o coeficiente que engloba
as perdas inerciais no sistema (C2), foram
obtidos a partir das Equações 2 e 3,
respectivamente:

Dp2 3
 (r )  (2)
150 (1   )2

3,5 (1   )
C2  (3)
Dp  3

Em alguns casos a porosidade do


sistema foi estimada a partir dos modelos de Fonte: Autor (2015)
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Tabela 1 - Características e parâmetros do escolhida para a realização das investigações


modelo. numéricas a serem realizadas ao longo do
Parâmetro Valor trabalho.
keff 0,27 W m-1 k-1
D 0,10 m Tabela 2 - Características das malhas testadas.
Dp 2,8 10-3 m Desvio
ρp 2502 kg m-3 Queda
Resíduo da Eq.
Cpp 1720 J kg-1 K-1 Nº de de
da de
ρar 1,225 kg m-3 Malha Células pressão
solução Ergun
Cpar 1006,43 J kg-1 K-1 (Pa)
(%)
kar 0,0242 W m-1 K-1 A1 6.171 5,50E-02 439,98 7,08
μar 1,7894 10-5 kg m-1 s-1 A2 5.203 2,01E-05 439,22 6,89
Fonte: Autor (2015) B1 14.586 2,13E-05 440,42 7,18
B2 12.529 2,50E-06 439,06 6,85
A obtenção da solução numérica através C1 28.080 2,49E-05 439,71 7,01
do software ANSYS FLUENT 14.0 baseado C2 24.180 2,70E-06 439,08 6,86
no método dos Volumes Finitos. O algoritmo D1 47.880 3,14E-05 439,47 6,95
SIMPLE para acoplamento de fases foi D2 41.724 3,65E-06 439,05 6,85
aplicado na solução das equações Fonte: Autor (2015).
discretizadas. Discretizações upwind de
segunda ordem foram aplicadas para as 3.2. Distribuição de Temperatura Com
equações de quantidade de movimento e os Porosidade de Leito Constante
modelos de turbulência κ-ε foi adotado. Os resultados de temperatura em função
do tempo para diferentes posições axiais ao
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO longo leito fixo são apresentada na Figura 2.

Figura 2 - Temperatura (K) no eixo central em


3.1 Teste de independência da malha
função do tempo (min) para o meio poroso seco.
Para avaliar a independência da malha,
foram selecionadas oito malhas com
340
diferentes espaçamentos entre nós para
simular o problema investigado. 335
Distribuídas em quatro pares de mesmo 330
tamanho de intervalo, sendo um elemento
Temperatura / K

325
com refino na região da parede (1) e outro
sem este recurso (2). Realizou-se o processo 320 Referência - Base
de resolução com 500 interações, o número de 315 1 cm
células empregadas, bem como o resíduo da 2 cm
310 3 cm
equação da continuidade, queda de pressão
4 cm
obtida na simulação e desvio do valor 305
5 cm
calculado pela equação de Ergun estão 300
apresentados na Tabela 2. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A malha B2 resultou em menores Tempo / min
resíduo da equação da continuidade e desvio Fonte: Autor (2015).
da queda de pressão em relação ao resultado Esses resultados foram obtidos
obtido pela equação de Ergun (solução simulando a condição de meio poroso seco
analítica). Levando em consideração esta (Keff = 0,27 W m-1 K-1) inicialmente a
análise ficou estabelecida B2 como a 303,15K, sendo aquecido por uma corrente de
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ar a temperatura de 338,15K e velocidade de


0,98 m s-1 em condição de porosidade 3.3. Distribuição de Velocidade Utilizando
constante (ε = 0,40). Tais condições foram Modelos de Porosidade
baseadas nos experimentos executados por Na Figura 3 são apresentados os
Perazzini (2014), que estudou a secagem em resultados simulados da velocidade no interior
camada fina experimentalmente, onde a do leito fixo empregando no primeiro caso
velocidade e temperatura do ar foram porosidade constante e em cada um dos três
escolhidas com o propósito de minimizar a casos seguintes um modelo de porosidade
presença da resistência externa à transferência desenvolvidos por Haideger et al. (1989),
de calor. Observa-se que a temperatura do Giudici (1991) e Mueller (1992).
meio poroso aumenta em regime transiente, Houve a inserção no modelo
igualando-se a temperatura do ar de matemático por meio de UDF incorporadas ao
aquecimento quando atinge o regime software e simulados nas mesma condições
permanente. O tempo total para que a iniciais com porosidade constante. Todos os
temperatura do meio poroso entre em contornos apresentados compreendem ao
equilíbrio com a temperatura de entrada do ar tempo físico de 1 minuto simulado.
e a diferença verificada entre os perfis de Comparando-se os contornos simulados
temperatura com maior espessura são de velocidade no interior do meio poroso
evidências do aumento da resistência ao utilizando diferentes modelos de porosidade
transporte de calor quando a espessura do com os resultados obtidos inicialmente
meio aumenta, ocorrendo de forma mais lenta considerando a porosidade constante, verifica-
na espessura de 5 cm. se em todos os casos que a inserção do perfil
Verifica-se a concordância e radial de porosidade ao modelo perturbou a
comportamento semelhante das simulações ao distribuição da velocidade no sistema.
compara-las com resultados de experimentos
realizados por Perazzini (2014).

Figura 3 - Contornos de velocidade (m s-1) para o interior do leito fixo, (A) porosidade constante, modelo de
porosidade por (B) Haideger (1989), (C) Giudici (1991) e (D) Mueller (1992).

(A) (B) (C) (D)


Fonte: Autor (2015).

Justifica-se esse comportamento no quando utilizados os modelos, devido a


interior do leito e na saída em razão da maior ocorrência de variação radial da porosidade
porosidade na região próxima a parede no interior do leito fixo ocasionando um
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máximo bastante acentuado de velocidade alteração provocada na entrada do


próximo a parede (JORGE e GIUDICI, 1992). equipamento, percebe-se nos contornos
Os resultados para o modelo de Mueller apresentados que devido ao escoamento
(1992) diferencia-se pela presença de um preferencial próximo da parede há uma
perfil oscilatório radial da velocidade, no discreta aceleração do ar nesta região.
entanto, mantendo o pico de velocidade na Portanto, a variação radial da porosidade
região da parede do leito. influi também no desenvolvimento do
Portanto, a corrente de ar perpassa escoamento anterior ao meio poroso, esta
preferencialmente o meio poroso na região alteração requer melhor investigação para
próxima a parede devido a menor resistência a comprovação total.
sua passagem, maior porosidade,
condicionando picos de velocidade na região 3.4. Distribuição de Temperatura
da parede para os três modelos testados e sem Utilizando Modelos de Porosidade
esta reação para o caso à porosidade Com intuito de avaliar a influência da
constante. Resultados semelhantes foram variação radial da porosidade na transferência
observados por Béttega et al. (2013) a partir de calor a Figura 4 apresenta os contornos de
de uma abordagem análoga, entretanto, em temperatura no leito fixo simulado com o
sistema em regime permanente. modelo matemático à porosidade constante e
Algo que não havia sido constatado nos acrescido dos modelos de porosidade.
trabalhos recentes da literatura (NAGLIETE
et al., 2010; BÉTTEGA et al., 2013) é a

Figura 4 - Contornos de temperatura (K) para o interior do leito fixo, (A) porosidade constante, modelo de
porosidade por (B) Haideger (1989), (C) Giudici (1991) e (D) Mueller (1992).

(A) (B) (C) (D)


Fonte: Autor (2015).

Comparando-se os contornos simulados de interior do meio poroso como na região de


temperatura no interior do meio poroso saída do equipamento simulado.
utilizando os diferentes modelos de A distribuição uniforme da temperatura
porosidade com os resultados obtidos no caso de porosidade constante foi
inicialmente considerando a porosidade modificada pela inserção dos modelos de
constante, verifica-se que os mesmos porosidade, o caminho preferencial descrito
ocasionaram perturbações em graus distintos nos resultados de velocidade implicaram em
no comportamento da temperatura tanto no aquecimento mais acelerado na região
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próxima a parede, sendo gradualmente secagem, o que necessita ser investigado, pois
amortecido até o comportamento do caso com seria contra a premissa de equilíbrio mássico
porosidade constante, quando a posição se admitida na abordagem em camada fina.
aproxima do eixo central do equipamento
Béttega et al. (2012) observaram Figura 5 - Temperatura na espessura de 2,5 cm
comportamentos térmicos distintos para em função da posição radial para o meio poroso
modelos de porosidade com diferentes seco.
características. Os autores justificaram este
comportamento como resultados da 336
fluidodinâmica dos sistemas, tendo em vista constante
334 Haideger (1989)
que a inclusão do modelo de porosidade
332 Giudici (1991)
promove uma maior velocidade do ar na Mueller (1992)
330

Temperatura / K
região da parede. Com maiores velocidades
328
na região da parede, uma parcela maior da
326
energia térmica imposta ao sistema é
324
carregada pela corrente gasosa promovendo
322
uma menor troca radial de calor.
Trabalhos como de Béttega et al. (2012; 320

2013) já indicaram que o perfil de porosidade 318

é importante para a troca térmica no sistema, 0,00 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05
o presente estudo corrobora e amplia as Posição radial / m
informações concernentes a transferência de Fonte: Autor (2015).
quantidade de movimento e calor, permitindo
a obtenção de resultados pontuais de 4 CONCLUSÃO
velocidade e temperatura (quantitativos) no
interior do leito fixo no processo de A partir dos resultados obtidos no
aquecimento pela passagem de gás, portanto, presente trabalho e posterior análise, foi
caracterizando-se o regime transiente. possível verificar que o modelo e o
Na Figura 5 são apresentadas as procedimento numérico adotados foram
temperaturas na espessura de 2,5 cm a partir apropriados para descrever a dinâmica de
da base em função da posição radial, os aquecimento e distribuição de velocidade no
resultados obtidos através dos modelos para interior do leito fixo em todos os modelos
porosidade constante e dos modelos aplicados desenvolvidos.
para a distribuição radial de porosidade Constatou-se a influência da variação
utilizados neste trabalho é também possível radial da porosidade no escoamento na região
observar que a distribuição de porosidade de entrada, necessitando de maior
perturbou o comportamento da temperatura investigação para sua confirmação.
no interior do leito, conforme discutido Os resultados simulados foram
anteriormente. coerentes para as situações empregando
Estes resultados apresentados porosidade constante e perfil de porosidade
constituem uma fato contrário ao admitido na radial ao comparar-se a dados experimentais
abordagem em camada fina, que considera o da literatura.
equilíbrio térmico para o gás no interior do Os modelos de porosidade alteraram o
meio poroso. Tal comportamento poderia comportamento térmico e carecem de estudo
provocar modificações também na posterior para determinar sua influencia sobre
transferência de massa durante o processo de a transferência de massa.
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NOMENCLATURA KRAWCZYK, P.; BADYDA, K. Archives of


Thermodynamics, vol 32, nº 4, pp 3-16,
µ – Viscosidade do fluido (Pa s) 2011.
C2 – Resistência inercial (m-1)
Cp – Calor especifico (J kg-1 K-1) JORGE, L. M. M.; GIUDICI, R.;
D – Diâmetro do leito (m) Transferência de calor em leito fixo: Modelos
Dp – Diâmetro da partícula (m) Alternativos. XX Encontro sobre
r – Raio da partícula (m) Escoamentos em Meios Porosos, Anais..., pp.
keff – Condutividade térmica efetiva 129-140, 1992.
S – Termo fonte da equação do momentum
v – Velocidade superficial do fluido (m s-1) MUELLER, G. E.; Radial void fraction
α – Permeabilidade do meio poroso (m-2) distributions in randomly packed fixed beds
ε – Porosidade do meio (-) of uniformly sized spheres in cylindrical
ρ – Densidade do fluido (kg m-3) containers. Powder Technology, 72, pp. 269-
275, 1992.
REFERÊNCIAS
NAGLIATE, F. C.; BÉTTEGA, R.;
BÉTTEGA, R.; BARROZO, M. A. S.; CORRÊA, R. G. In: Congresso Brasileiro de
CORRÊA, R. G.; FREIRE, J. T. In: Engenharia Química, 2010. Anais..., 2010.
Congresso Brasileiro de Engenharia Química,
2012, Búzios. Anais..., 2012. PERAZZINI, H.; Secagem de sólidos
porosos granulares. 2014. Tese (Doutorado
BÉTTEGA, R.; CORRÊA, R. G.; em Engenharia Química) – Universidade
BARROZO, M. A. S.; FREIRE, J. T. XXXVI federal de São Carlos, São Carlos, 2014.
Congresso Brasileiro de Sistemas
Particulados, 2013, Maceió, Anais..., 2013.

FLUENT USER’S GUIDE. Fluent Inc.,


Lebanon, 2009.

GIUDICI, R. Transferência de Calor em


um Reator de Leito Fixo: Modelo que
Incorpora Não-uniformidades Radiais no
Leito. XIX Encontro sobre Escoamentos
em Meios Porosos, Campinas, Anais..., pp.
262-273, 1991.

HAIDEGER, E,; VORTMEYER, D. E.;


WAGNER. Simultane Losuung von Energie –
Stoff-und Impullgleichungen fur
Wandgekuhlte Chemische Fesbettreaktoren.
Chem. Eng. Tech., vol 61, PP. 647-650,
1989.

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