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Geotécnica

(Geodinâmica)

Fernando Eduardo Rodrigues Marques

Geotécnica - 2016 – UERJ

4. GEODINÂMICA
4.1. A Litosfera

4.2. Magmatismo e Rochas Magmáticas

4.3. Sedimentógenese e Rochas Sedimentares

4.4. Metamorfismo e Rochas Metamórficas

4.5. Deformação dos materiais da litosfera (Tectónica)

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 4.1. A Litosfera
 A litosfera corresponde à capa externa do Globo,
formada pelas rochas consolidadas, tratando-se,
portanto, de uma zona rígida e corresponde não só à
totalidade da crosta como, também, à parte mais
externa do manto superior.
 Presentemente, o termo litosfera envolve um conceito
mais amplo do que foi introduzido na terminologia
geológica atendendo às propriedades mecânicas dos
materiais que a constituem.
 Na sequência do conceito de litosfera, as rochas são
consideradas como as unidades estruturais, rígidas,
que a constituem e correspondem a associações
naturais de minerais compatíveis entre si e com o
ambiente físico-químico em que se formaram.
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 4.1. A Litosfera
 O número de minerais constituinte das rochas é
geralmente reduzido, havendo rochas formadas
essencialmente por um só mineral.
 Apesar de nem todas as associações de minerais
serem possíveis nas rochas, o seu número é ainda
elevado, contando-se por algumas centenas.
 Note-se que o termo rocha também é aplicado a certas
formações que a linguagem comum não trata como tal,
como é o caso das areias, das argilas, dos carvões ou
do petróleo.

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 4.1. A Litosfera
 A litosfera, cuja espessura atinge, em certas regiões,
valores da ordem dos 100 km, assenta sobre uma zona
de baixa velocidade de propagação plástica, a
astenosfera.
 Esta zona plástica permite à litosfera que, sobre ela
“flutua”, movimentos verticais, ascensionais ou de
afundamento; por outro lado imprime-lhe movimentos
laterais, funcionado, neste caso, não só como camada
lubrificante, mas também como motor desses
deslocamentos.
 A astenosfera é ainda, em certos locais, a fonte de
material magmático gerador de litosfera e, noutros,
funciona como zona de reabsorção da própria litosfera
(zonas de subdução ou de Beniof).
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 4.1. A Litosfera
 Os movimentos verticais de porções da litosfera estão
associados à necessidade de se obter um equilíbrio
compatível com a diferença de densidades existentes
entre o bloco litosférico e o “fluido” que o suporta (este
mais denso) – equilíbrio isostático.
 Equilíbrio hidrostático – é rapidamente atingido e
verifica-se entre fluidos não miscíveis de densidade
diferente ou entre um sólido e o fluido em que flutua.
 Equilíbrio isostático – imperfeito e muito lentamente
atingido, verifica-se entre sólidos e substâncias de
grande viscosidade. Estas substâncias comportam-se
como sólidas quando submetidas a solicitações
bruscas e, como líquidas, face a solicitações
suficientemente lentas.
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 4.1. A Litosfera
 À escala do Globo consideram-se os seguintes grandes
acidentes tectónicos, com os quais se relacionam os
movimentos laterais da litosfera:
 Riftes;
 Fraturas transversais;
 Fossas marinhas;
 Cadeias montanhosas ativas ou recentes.
 Riftes – são grandes fraturas, à escala mundial, situadas,
na maior parte, ao longo dos eixos das importantes cristas
montanhosas (vulcânicas) alongadas a meio dos fundos
oceânicos, também chamadas de cristas médias ou
cadeias dorsais oceânicas. É ao longo destes riftes que o
material magmático, oriundo da astenosfera, ascende e
origina nova litosfera.
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 4.1. A Litosfera
 Fraturas transversais – ou falhas transversais, são
acidentes mais ou menos perpendiculares ao riftes e às
cristas que, não só cortam como também deslocam.
 Fossas marinhas – ou fossas abissais, são depressões
do fundo oceânico, muito alongadas e profundas,
situadas, na maior parte, à periferia do Oceano Pacífico.

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 4.1. A Litosfera
 Cadeias orogénicas recentes – são extensos
enrugamentos montanhosos, relativamente recentes
(principalmente cenózoicos) e ativos dos quais são
exemplo os Alpes ou os Andes.

 Os riftes das cristas médias oceânicas coincidem com


numerosos focos de sismos. Estas estruturas ligam-se
através de fraturas transversais aos sistemas de arcos
insulares e fossas marinhas e às cadeias orogénicas
recentes, onde a atividade sísmica é ainda maior.

 É, pois, possível esquematizar uma rede global de malhas


irregulares constituída por riftes, fraturas transversais,
fossas e orógenos ativos, onde se concentra toda a
atividade sísmica atual da Terra.
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 4.1. A Litosfera
 Com base na rede sísmica global considera-se a
litosfera retalhada num certo número (variável segundo
os autores) de placas, as quais, à escala das eras
geológicas, conservam grande inactividade tectónica,
revelando-se, portanto, praticamente estáveis e
assísmicas.

 Estas placas litosféricas crescem a partir dos riftes


médios oceânicos, por alastramento motivado pela
ascensão de material magmático oriundo do manto
superior e destroem-se nas fossas oceânicas, por
mergulho na astenosfera, onde são reabsorvidas por
fusão.

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 4.1. A Litosfera
 Assim, as placas afastam-se relativamente aos riftes
que as separam, aproximando-se ao longo dos bordos
correspondentes às fossas e deslocam-se
tangencialmente ao longo das fraturas transversais.

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 4.1. A Litosfera
 A observação da rede desenhada à superfície do globo
pelos grandes acidentes tectónicos revela, em primeira
análise, oito placas principais, além de que permite
imaginar a existência de outras de muito menor extensão.
Alguns autores subdividem as placas principais propondo
um número maior (até 16).

1. Africana
5. Placa indo-australiana
2. Placa americana
6. Placa pacífica
(subdividida em placa norte-americana e placa sul-americana)
7. Placa antártica
3. Placa euro-asiática
8. Placa pacífica oriental, ou de Nazca
4. Placa sudoeste asiática

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 4.1. A Litosfera
Ambientes geológicos

 Os três ambientes geológicos geradores das rochas da


litosfera são:
 Magmático;
 Sedimentar;
 Metamórfico.

 As diferenças existentes entre si são definidas em


termos de pressão, de temperatura e de composição
química.

 A estes ambientes correspondem, respectivamente, as


rochas magmáticas, sedimentares e metamórficas.

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 4.1. A Litosfera
Ambientes geológicos

 O ambiente magmático é definido por temperaturas


elevadas (acima de 600ºC), por pressões muito
variáveis, num intervalo que reflete as diferentes
profundidades a que pode ocorrer e, finalmente, por
variações de composição química consideradas
restritas, relativamente aos outros ambientes.

 A característica mais expressiva deste ambiente é a


existência de um banho fundido de composição
essencialmente silicatada, ou magma.

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 4.1. A Litosfera
Ambientes geológicos

 O ambiente sedimentar é praticamente o ambiente


existente à superfície da Terra, no contato da litosfera
com a hidrosfera, com a atmosfera e com a biosfera.
 Caracteriza-se pelos baixos valores da temperatura e
da pressão e pela grande variabilidade na composição
química dos materiais intervenientes.
 Pela posição superficial que ocupa, este ambiente
proporciona um conjunto de transformações químicas
resultantes da presença de oxigénio e de água, entre
as quais, merecem destaque a oxidação, a hidratação
e a hidrólise.
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 4.1. A Litosfera
Ambientes geológicos
 A hidrosfera corresponde a uma zona descontínua formada
não só pelo conjunto dos mares, mas também por todas as
águas do domínio continental superficiais e subterrâneas,
no estado líquido e no estado sólido.
 A atmosfera, está dividida em: baixa atmosfera, ou
troposfera (até 12 km de altitude), onde têm lugar as
perturbações atmosféricas mais diretamente relacionadas
com o clima (formada essencialmente por azoto e
oxigénio); estratosfera (predomina ozono) e alta atmosfera
(mesosfera, termosfera e exosfera).
 A biosfera não tem a possibilidade de figuração geométrica,
na medida em que alude ao conjunto dos seres vivos.
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 4.1. A Litosfera
Ambientes geológicos
 O ambiente metamórfico é caracterizado por um largo
intervalo de pressões e temperaturas.
 Em relação às temperaturas, estabelece-se como limite
superior uma franja de valores que não excedem, em regra,
os 800 ºC, a qual marca o início da fusão dos materiais, isto
é, o começo do magmatismo.
 Os fenómenos decorrentes no ambiente metamórfico têm
lugar em meio, essencialmente sólido.
 As transformações neste ambiente podem consistir na
recristalização e formação de novos materiais, sem
alteração da composição química global, ou envolver
adição de materiais oriundos de zonas profundas.
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 4.1. A Litosfera
Ciclo geoquímico da litosfera
 As rochas criadas em determinado ambiente são aí
estáveis e refletem as características do mesmo, quer
através da sua composição química e mineralógica, quer
através da sua textura, isto é, tamanho, forma e arranjo dos
seus minerais.

 Quando mudam de ambiente, as rochas ficam instáveis e


tendem a adaptar-se a novos parâmetros. Assim, muitos
dos minerais das rochas geradas em profundidade alteram-
se quando afloram à superfície, dando origem a produtos
que vão participar na formação das rochas sedimentares.
Estas, ao mergulharem para zonas profundas, sofrem
novas modificações, originando rochas metamórficas e,
mesmo, rochas magmáticas.
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 4.1. A Litosfera
Ciclo geoquímico da litosfera
 Torna-se então evidente que a litosfera, no seu
conjunto, é sede de fenómenos, em parte, ocorridos
em profundidade e consumindo energia fornecida pelo
interior do Globo. São os chamados fenómenos
geodinâmicos internos ou endógenos e neles se
reúnem o magmatismo, incluindo o vulcanismo, o
metamorfismo e todo um conjunto de ações de que
resultam deformações e deslocações sofridas pelas
massas litosféricas.

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 4.1. A Litosfera
Ciclo geoquímico da litosfera
 Os restantes fenómenos ocorrem na película externa
da Terra e consomem energia exterior ao Globo, em
especial a energia radiante oriunda do Sol.

 São os fenómenos geodinâmicos externos,


exógenos, ou supergénicos. Com efeito, o Sol dirige
sobre a Terra uma grande quantidade de energia, da
qual, cerca de metade é reflectida para o cosmos,
sendo a restante absorvida pela atmosfera e pela
superfície do Planeta.

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 4.1. A Litosfera
Ciclo geoquímico da litosfera
 A zonalidade climática da Terra, a circulação das
massas de ar diferentemente aquecidas na atmosfera
(e portanto os ventos), a evaporação das águas
superficiais que os ventos transportam e descarregam
sobre os continentes, a fotossíntese elaborada pelos
vegetais, constituem exemplos dos fenómenos
superficiais alimentados pela energia solar.

 Com expressão geológica, estão compreendidos no


domínio da geodinâmica externa a alteração das
rochas e formação dos solos, a erosão, o transporte
dos materiais erodidos e, finalmente, a sedimentação.

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 4.1. A Litosfera
Ciclo geoquímico da litosfera
 Depois de acumulados, os sedimentos podem sofrer
transformações menores que passam pela expulsão
da água, compactação, cimentação e, às vezes,
recristalização dos minerais.
 Este conjunto de fenómenos corresponde à litificação
ou diágenese, a qual ocorre entre limites de pressão e
temperatura que a colocam a meio caminho entre a
sedimentação e o metamorfismo e, simultaneamente,
entre os fenómenos exógenos e endógenos.
 Pode dizer-se, que toda a evolução da litosfera se
processa, uma parte, no âmbito da geodinâmica
interna e, outra, no da geodinâmica externa.
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 4.1. A Litosfera
Ciclo geoquímico da litosfera

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 4.1. A Litosfera
Ciclo geoquímico da litosfera
(exemplo do que se passa no contato de uma placa oceânica
com uma placa continental)
 A placa oceânica, nascida da ascensão magmática de
materiais oriundos do manto superior, mergulha novamente
na astenosfera, no contato com o continente, ao longo de
uma fossa (depressão) extensa e profunda.
 Essa fossa, por seu turno, enche-se de materiais
sedimentares carreados do continente, resultante da
erosão a que o mesmo está submetido por ação dos
agentes externos.
 O mergulho da placa tem como efeito um conjunto de
transformações sucessivas, compatíveis com os valores
crescentes da pressão e da temperatura a que vai estando
sujeita, e que culminam com a sua reabsorção por fusão.
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 4.1. A Litosfera
Ciclo geoquímico da litosfera
(exemplo do que se passa no contato de uma placa oceânica
com uma placa continental)
 Por outro lado, esta placa arrasta para a profundidade uma
parte dos sedimentos acumulados na fossa, os quais
sofrem a mesma evolução.
 Os materiais mergulhados sofrem um conjunto gradual de
transformações definidas inicialmente no âmbito do
metamorfismo e podem, no todo ou em parte, acabar por
ser fundidos, originando magmas.
 Os materiais fundidos (os da placa oceânica e os
sedimentos com ela arrastados) podem permanecer
isolados ou contaminar-se mutuamente, acabando por
reconsolidar quer em profundidade, quer a vários níveis no
decurso da ascensão ou, mesmo, atingir a superfície.
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 4.1. A Litosfera
Ciclo geoquímico da litosfera
(exemplo do que se passa no contato de uma placa oceânica
com uma placa continental)
 Numa fase seguinte, os materiais mergulhados tendem a
elevar-se e originam grandes massas de relevo
correspondentes à cadeia montanhosa marginal. Esta fase,
designada por orogénese, é a última do conjunto de
fenómenos reunidos na geodinâmica interna.

 As rochas aflorantes à superfície ficam, em condições de


instabilidade, alteram-se e os seus produtos são arrastados
e acumulados em locais favoráveis à sua sedimentação,
repetindo-se o ciclo.

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 4.2. Magmatismo e rochas magmáticas
 Magma é um material de composição essencialmente
silicatada, total ou parcialmente fundido e provido de
mobilidade.

 Além da fase líquida, o magma encerra uma fase


gasosa composta, em geral, por vapor de água,
dióxido de carbono, dióxido de enxofre, bem como
outros compostos ou elementos no estado de vapor.

 Considera-se, ainda, a possibilidade de o magma


comportar uma fase sólida, representada por aqueles
minerais que primeiro cristalizam no banho, ou que
não chegaram a ser fundidos.

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 4.2. Magmatismo e rochas magmáticas


 A solidificação, pelo resfriamento do magma expelido
em alta temperatura pelos vulcões ou do material que
ficou aprisionado no interior da crosta resulta nas
rochas magmáticas ou ígneas (também se usa a
designação de rochas eruptivas) que constituem
aproximadamente 80% da crosta da Terra.

 Do arrefecimento e consequente consolidação do


magma resultam diferentes tipos de minerais que
caracterizam a rocha formada.

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 4.2. Magmatismo e rochas magmáticas
 Estes minerais constituem-se a partir dos
componentes químicos existentes no banho fundido,
de acordo com as suas afinidades físico-químicas e
respectivas proporções relativas, e, também em
função das características termodinâmicos do
ambiente.

 Assim, a composição mineralógica de uma dada rocha


eruptiva é, não só, a expressão da composição
química do produto magmático que lhe deu origem,
como também, das condições de pressão e de
temperatura a que se deu a consolidação.

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 4.2. Magmatismo e rochas magmáticas


 Não obstante a grande variedade de rochas de origem
magmática, sabe-se presentemente que o número de
magmas que lhes está na origem é bastante reduzido.
 Existe atualmente a tendência em considerar dois
grandes tipos de produtos magmáticos:
 Magmas primários ou ortomagmas
Têm origem no manto superior, são pobres de gases (1 a
2%) e cristalizam a temperaturas elevadas, na ordem dos 700 a
1300ºC. Podem ser divididos em magmas graníticos (70% de
SiO2) ou magmas basálticos (50% de SiO2).
 Magmas secundários ou hemiortomagmas
Têm origem em materiais da crosta que, tendo
mergulhado em zonas profundas, forma submetidos a condições
físico-químicas que os levaram a fundir. São levemente mais
ricos de gases do que os primeiros (1 a 4%) e cristalizam a
temperaturas mais baixas (entre 400 e 1000ºC).
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 4.2. Magmatismo e rochas magmáticas
 O magma, uma vez formado pode apresentar grande
mobilidade, tendendo a ascender ao longo de fissuras
da crosta, deslocando ou englobando as rochas
vizinhas, podendo, eventualmente, extravasar à
superfície ou então solidificar-se no interior mesmo da
crosta.

 De acordo com o local em que se dá a consolidação,


há dois tipos básicos de atividade ígnea:
 Plutonismo – quando a consolidação do magma ocorre
no interior da crosta, originando as rochas plutônicas ou
intrusivas;
 Vulcanismo – quando o magma irrompe e derrama-se
à superfície para formas rochas vulcânicas ou efusivas.

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 4.2. Magmatismo e rochas magmáticas


 As rochas intrusivas são, portanto, formadas pela
consolidação do magma que invadiu outras rochas
sem alcançar a superfície. Neste caso o magma
alcança um ponto, onde penetra nas rochas em
sentido lateral, com mais facilidade, do que opondo-se
à pressão em sentido vertical.

 De acordo com o local em que se dá a consolidação,


há dois tipos básicos de atividade ígnea:
 Plutonismo – quando a consolidação do magma ocorre
no interior da crosta, originando as rochas plutônicas ou
intrusivas;
 Vulcanismo – quando o magma irrompe e derrama-se
à superfície para formas rochas vulcânicas ou efusivas.

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 4.2. Magmatismo e rochas magmáticas
 As rochas intrusivas podem ocorrer de maneiras muito
diversas, formando corpos de formas e tamanhos
variados e que apresentam relações variadas com as
rochas encaixantes, ou seja, com as rochas
preexistentes dentro das quais se solidificaram.

 Pode-se dizer que alguns destes corpos tem


dimensões relativamente pequenas, associando-se
com fenômenos efusivos ou então ocorrendo nas
bordas de corpos intrusivos maiores. Os mais comuns
são os sils, lacólitos e diques.

 As intrusões grandes mais comuns são os batólitos e


os lapólitos.
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 4.2. Magmatismo e rochas magmáticas


 Dentre estas intrusões, algumas são concordantes, ou
seja, seus bordos (contatos) são paralelos à
estratificação ou xistosidade dos encaixantes (sils,
lacólitos, lapólitos) e outras são discordantes (diques,
batólitos).
 Formas concordantes – neste corpos intrusivos, a
intrusão magmática intromete-se entre os planos de
estratificação da rocha encaixante em concordância
com eles.
 Formas discordantes – estes corpos intrusivos
independem da estratificação da rocha encaixante,
pois a cortam discordantemente, sendo mais
frequentes perto da superfície da Terra, onde as
pressões a serem vencidas são menores.
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 4.2. Magmatismo e rochas magmáticas
 Sil (forma concordante) – são corpos extensos, pouco
espessos e de forma tabular quando vistos em corte.
O magma deve ser pouco viscoso para intrometer-se
entre os planos de estratificação da rocha encaixante.

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 4.2. Magmatismo e rochas magmáticas


 Lacólito (forma concordante) – o magma neste caso é
mais viscoso, formando massas intrusivas de forma
lenticular, plano-convexas. A rocha situada acima do
corpo intrusivo (capa) é dobrada e as rochas situadas
na parte inferior (lapa) não são afetadas. Um lacólito
pode ter 300 m de espessura e 5 km de comprimento.

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 4.2. Magmatismo e rochas magmáticas
 Lapólito (forma concordante) – tem a forma de uma
bacia, de grandes dimensões e ocorre sempre no
fundo de dobras do tipo sinclinal.

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 4.2. Magmatismo e rochas magmáticas


 Dique (forma discordante) – é uma massa magmática
que preenche uma fenda em rocha preexistente.
Podem ser classificados em radiais, em anel (ring
dikes) ou circulares, conforme se apresente na
superfície após a erosão. Muitas vezes os diques
formam-se a partir de um corpo intrusivo maior.

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 4.2. Magmatismo e rochas magmáticas
 Batólito (forma discordante) – são massas enormes
de material magmático (granítico) que afloram numa
extensão de, pelo menos, 100 km2 na superfície
terrestre. Se o afloramento tiver menos de 100 km2,
temos o stock. Os batólitos não têm, aparentemente,
delimitação em profundidade, passando gradualmente
à zona das rochas fundidas.

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 4.2. Magmatismo e rochas magmáticas


 As rochas vulcânicas ou extrusivas são formadas
quando o magma (rocha fluida e repleta de gases)
irrompe e derrama-se à superfície, podendo espalhar-
se sob a forma de lençóis.
 A ascensão do magma poderá se dar de maneira
explosiva ou passiva.

 No primeiro caso, além do magma, fragmentos das


rochas encaixantes, conhecidos como piroclastos,
poderão ser lançados a centenas de metros de altura.

 No segundo caso, o magma derrama-se pela


superfície preenchendo vales e formando vastas
planícies, que podem atingir 50 km de extensão.
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 4.2. Magmatismo e rochas magmáticas
 Ao atingir a superfície, o magma sofre uma brusca
descompressão logo equilibrada pela liberação de
gases e substâncias voláteis seguida de um
resfriamento gradativo que aumenta a sua
viscosidade; a partir desse momento passa a
denominar-se lava.
 As lavas possuem constituição química semelhante à
das rochas ígneas. As lavas básicas são pobres em
sílica, muito fluidas e de constituição semelhante ao
basalto. As lavas ácidas são ricas em sílica, viscosas e
de composição química semelhante aos granitos.

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 4.2. Magmatismo e rochas magmáticas


 Atualmente todos os vulcões em atividade possuem o
aspecto mais ou menos perfeito de uma montanha cônica
cuja altitude varia de algumas dezenas de metros até
aproximadamente 7.500 m (Aconcágua).

A – cratera;
B – chaminé ou conduto vulcânico
C – coneparasita;
D - bolsão de onde provém o magma.
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 4.2. Magmatismo e rochas magmáticas
 O cone é formado graças à acumulação de materiais
magmático e piroclástico provenientes de rochas
preexistentes, aglomeradas ao redor do orifício central
denominado chaminé, conduto que permite a saída do
material de ejeção.
 A cratera é a porção superior da chaminé que sofre um
alargamento, geralmente provocado por explosões,
tomando a forma de um funil.
 O diâmetro das crateras é geralmente inferior a 1.000 m e a
profundidade é variável, geralmente inferior ao diâmetro.
 As crateras podem conter no seu interior lavas em fusão ou
semi-solidificadas. Nos vulcões extintos ou inativos as
crateras podem conter água constituindo um lago.

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 4.2. Magmatismo e rochas magmáticas


 Caldeira – o volume de material expelido por um
vulcão pode atingir dezenas de quilômetros cúbicos.
Tal fato acarretará uma diferença de massa no interior
do cone, provocando o abatimento das paredes
circundantes. Uma caldeira também pode se formar
por explosão, caso em que o vulcão destrói e
arremessa sua parte de cima.

 É comum a ocorrência de um sistema de fraturas


anelares circundando a caldeira externamente; tais
fraturas, quando preenchidas por lavas, constituem os
ring dikes (diques em anéis).

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 4.2. Magmatismo e rochas magmáticas
Arquipélago dos Açores - Portugal
Ilha de São Miguel

Ilha do Faial

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 4.2. Magmatismo e rochas magmáticas


Arquipélago dos Açores - Portugal

Ilha do Faial

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 4.2. Magmatismo e rochas magmáticas
Distribuição geográfica do vulcanismo a nível mundial

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 4.2. Magmatismo e rochas magmáticas


Mapa de distribuição dos fenômenos vulcânicos no Brasil

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 4.2. Magmatismo e rochas magmáticas
 As rochas ígneas incluem todas as rochas da crosta
da Terra, cuja origem é a consolidação do magma,
elevado da maneira comentada anteriormente.

 Do mesmo magma podem resultar rochas de aspecto


muito diferente, pois, conforme a profundidade, o
resfriamento pode ser rápido ou lento e, assim, a
cristalização é diferente.

 As variações são também provenientes de diferenças


na composição do magma que varia segundo a
profundidade do seu ponto de origem.

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 4.2. Magmatismo e rochas magmáticas


 As rochas magmáticas (ígneas) exigem métodos de
investigação bastante refinados para uma
classificação exata, tais como análises químicas,
petrografia microscópica, composição mineralógica,
etc..

 Existem diversos critérios de classificação,


apresentando-se de seguida algumas das
propriedades mais usuais, utilizadas na classificação
das rochas magmáticas:
 Porcentagem de sílica;
 Cor dos minerais;
 Tipo de feldspato;
 Granulação.

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 4.2. Magmatismo e rochas magmáticas
 Porcentagem de sílica:

Em todas as análises químicas de rochas magmáticas


intrusivas e extrusivas aparece sempre, como um dos óxidos
constituintes, o de silício.

De acordo com a porcentagem de sílica, as rochas


magmáticas são divididas em três grandes grupos:
- Ácidas: rochas com teores de sílica superior a 65%;
- Intermediárias ou neutras: com teores de sílica
compreendidos entre 65% e 52%;
- Básicas: com teores de sílica abaixo de 52%.

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 4.2. Magmatismo e rochas magmáticas


 Cor dos minerais:

A separação dos minerais em claros (ex. quartzo e feldspatos)


e escuros (ex. minerais ferromagnesianos e biotita) permite a
divisão das rochas magmáticas em três grandes categorias:
1. Leucocráticas: possuem menos de 30% de
minerais escuros;

2. Mesocráticas: possuem entre 30% e 60% de


minerais escuros;

3. Melanocráticas: possuem acima de 60% de


minerais escuros.

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26
 4.2. Magmatismo e rochas magmáticas
 Tipo de feldspato:

Alguns autores, com referência aos feldspatos, as rochas


podem ser divididas em três categorias:

1. Alcalinas: predominam sobre os plagioclásios os


feldspatos potássicos, sódicos e os
intercrescimentos de ambos;

2. Monzoníticas: a quantidade de feldspato alcalino


é aproximadamente igual à dos feldspatos
alcalicálcicos (plagioclásios);

3. Alcalicálcicas: possuem maior quantidade de


plagioclásios do que feldspatos alcalinos.
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 4.2. Magmatismo e rochas magmáticas


 Granulação da rocha:
A granulação da rocha é também usada como base de
classificação. Existem três tipos de granulação:
1. Granulação grossa: na qual os minerais teriam um
tamanho médio acima de 5 mm e que corresponde às
rochas formadas a grande profundidade;
2. Granulação média: em que o tamanho médio dos
minerais varia entre 1 mm e 5 mm e que corresponde
às rochas formadas a profundidades médias;
3. Granulação fina: na qual os minerais se apresentam
com dimensões médias inferiores a 1 mm (por vezes
chegam a formar uma massa fina onde não é possível
distinguir os minerais) e que corresponde às rochas
formadas na superfície da Terra.
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27
 4.2. Magmatismo e rochas magmáticas
 Classificação resumida:
Resumidamente, podemos classificar as rochas magmáticas
mais comuns da seguinte maneira:
1. Rochas portadoras de feldspatos:
a) Rochas ácidas: granitos, pegmatitos, aplitos e
granodioritos;
b) Rochas intermediárias: sienitos e dioritos;
c) Rochas básicas: basaltos, diabásios e gabros.

2. Rochas sem feldspatos:


a) Ultramafitos: consistem em minerais
ferromagnesianos e acessórios.

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 4.2. Magmatismo e rochas magmáticas


 Classificação das rochas magmáticas em Geologia
de Engenharia

Rochas graníticas ou ácidas:


Características Tipos de rochas
pegmatito granito granodiorito aplito
granulação muito grossa a média a fina fina
grossa média
modo de diques grandes massas e diques
ocorrência massas diques
(batólitos)
cor mais clara tons de cinza cinza-claro
comum cinza-róseo e rósea

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28
 4.2. Magmatismo e rochas magmáticas
 Classificação das rochas magmáticas em Geologia
de Engenharia

Rochas básicas:
Características Tipos de rochas
gabro diabásio basalto basalto
maciço vesicular
granulação grossa média a fina fina com
fina cavidades
modo de massas diques derrames derrames
ocorrência rochosas e
diques
cor mais preta, cinza, preta preta/cinza marrom/roxa
comum verde
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 4.2. Magmatismo e rochas magmáticas


 Classificação das rochas magmáticas em Geologia
de Engenharia

Rochas intermediárias ou alcalinas:

Características Tipos de rochas


sienito tinguaíto, fonólito
granulação média a grossa fina a média, com
cristais menores
modo de ocorrência intrusões intrusões
cor mais comum tons de cinza verde escura, preta

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29
 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares

 Sempre que as rochas (em especial as originadas em


profundidade) atingem a superfície do Globo, ficam
em situação de instabilidade:
 as novas condições de pressão e temperatura são muito
mais baixas do que as que caracterizam os seus
ambientes de origem;

 ficam sujeitas às ações físicas e químicas próprias do


contato com a atmosfera, a hidrosfera e a biosfera.

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 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares


 As rochas incluídas neste grupo são as que se
formaram tanto pela atividade mecânica como pela
atividade química dos agentes do intemperismo,
sobre rochas preexistentes.
 Elas são o acúmulo do produto (sedimentos) da
decomposição e desintegração de todas as rochas
presentes na crosta terrestre.
 Muitas vezes, esses produtos da decomposição ou
desintegração são deixados no próprio local em que
se deram as transformações; porém, normalmente são
transportados pelo vento ou pela água e depositados
em regiões mais baixas, nos continentes ou no fundo
dos mares.
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30
 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares
 A génese dos sedimentos, ou sedimentogénese, situa-se
no âmbito de um processo mais vasto, decorrente na parte
externa do ciclo geoquímico da litosfera, do qual fazem
parte a pedogénese (formação dos solos), a biogénese e a
morfogénese (modelação do relevo).

 As rochas da superfície da Terra estão constantemente a


ser alteradas e os seus produtos, uma vez desagregados e
transportados pelos diversos agentes, acumulam-se em
locais favoráveis, onde acabam por sedimentar.

 Simultaneamente, com estas acumulações detríticas


podem depositar-se, por precipitação química, substâncias
dissolvidas na água e, também, restos de organismos
vivos.
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 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares


 Esquema de formação de uma rocha sedimentar

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31
 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares
 As condições necessárias para a formação de uma
rocha sedimentar são:
a) Presença de rochas que deverão ser a fonte dos
materiais;
b) Presença dos agentes móveis ou imóveis (vento,
água, variação de temperatura, etc.) que desagreguem
ou desintegrem as rochas;
c) Presença de um agente transportador dos sedimentos
recém-formados (água, vento, etc.);
d) Deposição desse material em uma bacia de
acumulação, continental ou marinha;
e) Consolidação desses sedimentos em decorrência do
peso das camadas superiores e/ou por meio de
soluções cimentantes (carbonatos, óxidos, etc.)

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 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares


 Dá-se o nome de diagênese ao fenómeno que
compreende as modificações sofridas pelos sedimentos,
iniciado no momento em que se efetua a deposição e
continuado por certo tempo. É a transformação do
sedimento em rocha definitiva.
 As áreas de ocorrência das rochas sedimentares são
chamadas de bacias sedimentares, das quais são
exemplos:
a) Bacia sedimentar do Paraná
Abrange a região centro-sul do Brasil e cobre mais de 1 milhão de
km2, estendendo-se pelo Uruguai, Argentina e Paraguai.
Entre os sedimentos da bacia, constituídos de arenitos, folhelhos e
calcários, ocorrem derrames de basalto.
b) Bacia sedimentar de São Paulo
Região onde se desenvolveu a cidade de São Paulo, na qual existe
uma depressão topográfica preenchida por areias e argilas. A área
da bacia é de cerca de 5000 km2.
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32
 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares
 Corte esquemático da bacia do Paraná, no estado de
São Paulo

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 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares


Intemperismo

 Define-se intemperismo ou meteorização como o


conjunto de processos que ocasiona a desintegração
e decomposição das rochas e dos minerais, por ação
de agentes atmosféricos e biológicos.

 Todas as rochas estão sujeitas à ação do


intemperismo.

 A maior importância geológica do intemperismo está


na destruição das rochas, com a consequente
produção de outros materiais, que irão constituir os
solos, os sedimentos e as rochas sedimentares.
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33
 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares
 A formação dos solos é de grande importância para o
homem, pois é necessário para a obtenção dos produtos
agrícolas, essenciais para a existência humana.
 O intemperismo também contribui para a concentração de
minerais úteis ou minérios, como ouro, platina, pedras
preciosas, pois ao destruir as rochas que os continham,
permite que esses minerais sejam concentrados mediante
a separação dos outros minerais presentes.
 O intemperismo ajuda na formação de depósitos
enriquecidos de cobre, manganês, níquel, pois quando uma
rocha que contém pequenas quantidades de um desses
minerais fica sujeita ao intemperismo, a água superficial ou
subterrânea pode separar o mineral metálico, transportá-lo
e voltar a depositá-lo em outros locais.
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 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares


 O intemperismo difere da erosão por ser um
fenômeno de alteração das rochas, executado por
agentes essencialmente imóveis, enquanto a erosão
é a remoção e o transporte dos materiais por meio de
agentes móveis (água, vento, etc.).

 Como produto final do intemperismo, temos o que se


chama de regolito ou manto de decomposição, o
qual recobre a rocha inalterada e cuja espessura varia
de alguns centímetros até dezenas de metros.

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34
 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares
Agentes do Intemperismo
 Os agentes do intemperismo podem ser reunidos em dois
grupos principais:
i. Físicos ou mecânicos, pelos quais os materiais são
desintegrados principalmente por ação de:
1) Variação de temperatura;
2) Congelamento da água;
3) Cristalização dos sais;
4) Ação física de vegetais.

ii. Químicos, pelos quais os materiais são decompostos por


ação de:
1) Hidrólise;
2) Hidratação;
3) Oxidação;
4) Carbonatação;
5) Ação química dos organismos e dos materiais orgânicos.
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 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares


Fatores que influem no Intemperismo
 Os agentes do intemperismo trabalham simultaneamente, e
a ação maior ou menor de um ou de outro depende de
diversos fatores, tais como: clima, topografia, tipo de rocha,
etc.
a) Clima: influi de diversas maneiras, sendo que, em regiões
áridas há uma predominância da ação dos agentes físicos
em relação aos químicos, acontecendo o inverso em regiões
úmidas. Podemos dizer que o intemperismo químico é
dominante nas regiões quentes e úmidas, e o intemperismo
físico, nas regiões geladas e nos desertos;
b) Topografia: o solo inicialmente formado constitui uma
camada que protege a rocha contra uma posterior alteração
e decomposição. Porém, nas regiões de declives
acentuados, ele é constantemente removido pelas
enxurradas ou por efeito direto da gravidade, e, nesse caso,
o ataque às rochas aumenta.
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35
 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares
Fatores que influem no Intemperismo

c) Tipo de rocha: influi na ação de intemperismo segundo as


diferentes resistências oferecidas ao ataque físico e
químico. Nessa resistência da rocha ao ataque, influem
certas estruturas, como fraturas, falhamentos, porosidade,
composição mineralógica, etc.;

d) Vegetação: influi no intemperismo, pois pode fixar o solo


com suas raízes e retardar a sua remoção, ocasionando
certa proteção à rocha subjacente, pois impede o avanço da
decomposição.

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 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares


Tipos de Intemperismo
i. Intemperismo físico:
a) Ação da variação de temperatura: nas regiões
áridas, devido à absorção do calor dos raios solares, a
temperatura das rochas chega a alcançar 60º a 70ºC,
enquanto a temperatura ambiente fica entre 35º e
40ºC. De noite a temperatura ambiente pode cair até
próximo de zero.
Essas variações de temperatura, repetidas por muito
tempo, afetam as rochas, que têm os seus minerais
ora em estado de expansão, ora em estado de
compressão, causando pequenas fraturas nas rochas
que vão se alargando com o tempo e que acabam por
desintegrá-las.
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36
 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares
Tipos de Intemperismo
i. Intemperismo físico:
b) Congelamento da água: a água ao se congelar,
aumenta o seu volume em 10%, exercendo certa
pressão. Assim, se as fendas e aberturas de uma
rocha estiverem preenchidas por água, esta, ao
congelar, forçará as suas paredes.
Tensões internas poderão ser causadas por esse
processo, que será mais eficiente quanto maior o
número de vezes que for repetido.
A ação do congelamento tem maior importância em
regiões de climas moderados, onde a água se congela
e descongela muitas vezes em um tempo
relativamente curto.
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 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares


Tipos de Intemperismo
i. Intemperismo físico:
c) Cristalização de sais: certas águas circulantes que
contêm, em solução, sais dissolvidos podem infiltrar-se
nas rochas. Com a evaporação, os sais se precipitam,
cristalizando-se e exercendo certa pressão, que pode
desagregar as rochas.
Este tipo de ação é comum nas regiões costeiras,
onde as aberturas das rochas são preenchidas pela
água do mar, rica em sais, durante as ressacas
marinhas.
d) Ação física dos vegetais: muitas rochas podem
desintegrar-se pelo crescimento de raízes ao longo de
suas fraturas.
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37
 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares
Tipos de Intemperismo
ii. Intemperismo químico:
A água pura é relativamente inerte em relação à maioria
dos minerais.

Porém, sempre carrega da atmosfera substâncias


dissolvidas, como, por exemplo, O2 e CO2, e, às vezes,
nitratos e nitritos, produzidos por descargas elétricas.

Essa água, ao penetrar no subsolo, pode impregnar-se de


ácidos, sais e produtos orgânicos. Todas essas
substâncias têm a capacidade de iniciar um ataque às
rochas por meio de processos como hidrólise, hidratação,
oxidação, etc.
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 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares


Tipos de Intemperismo
ii. Intemperismo químico:
a) Hidrólise: agente químico em que os íons da água se
combinam com os compostos, ocorrendo a formação
de novas substâncias.
Os minerais são dotados de finíssimos capilares. A
água penetra nesses capilares e, combinada com os
íons do mineral, forma novas substâncias.
Os feldspatos são relativamente pouco estáveis e
sofrem com facilidade a ação desse ataque.

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38
 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares
Tipos de Intemperismo
ii. Intemperismo químico:
b) Hidratação: certos minerais podem adicionar
moléculas de água à sua composição, formando
novos compostos (ex. a hematita hidratando-se forma
a limonita).
Devido à hidratação, os minerais têm o seu volume
aumentado, tensionando-se mutuamente, o que lhes
diminui a coesão, causando a desintegração das
rochas.
Esta ação é mais intensa nos vértices, causando um
arredondamento das rochas, com a separação de
blocos concêntricos hidratados nas partes pouco ou
ainda não afetadas.
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 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares


Tipos de Intemperismo
ii. Intemperismo químico:
c) Oxidação: processo, pelo qual os minerais se
decompõem pela ação oxidante do O2 e do CO2
dissolvidos na água, resultando em hidratos, óxidos,
carbonatos, etc..
Minerais que possuem íons como o Fe++ na sua
composição (ex. pirita, micas, olivinas) são mais
susceptíveis à oxidação, pelo fato de o Fe++ ter grande
afinidade como oxigênio.

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39
 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares
Tipos de Intemperismo
ii. Intemperismo químico:
d) Carbonatação (decomposição por CO2): neste processo,
o CO2 contido na água forma uma pequena quantidade de
ácido carbônico.
Um calcário é mais facilmente lixiviado se o CO2 estiver
presente na água. Juntos H2O e CO2 formam o ácido
carbônico, que é um poderoso agente químico em minerais
como calcita (levando à formação de bicarbonato de cálcio).
O bicarbonato de cálcio é solúvel e é transportado em
solução. Calcários e dolomitos são particularmente
susceptíveis de lixiviação.
Quando as condições do meio variarem de tal forma que o
CO2 dissolvido na água escape, o bicarbonato de cálcio
tornará a precipitar, formando as estalactites, as
estalagmites e as rochas calcárias em geral.
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 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares


Tipos de Intemperismo
ii. Intemperismo químico:

Grutas de Miradaire - Portugal

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40
 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares
Tipos de Intemperismo
ii. Intemperismo químico:
d) Decomposição químico-biológica: a ação química
dos organismos é muito variada. Os ouriços-do-mar,
por secreção química, fazem buracos nas rochas dos
litorais; as algas e musgos ao se fixarem nas
superfícies das rochas, provocam a formação de uma
fina camada de solo, que irá aumentar com o tempo,
permitindo a fixação de plantas.
O produto da decomposição microbiana e química dos
detritos orgânicos é o húmus, que se transforma,
gerando o ácido húmico, que, como outros ácidos,
acelera grandemente a decomposição das rochas e
solos.

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 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares


Decomposição das rochas (perfil em região de granitos)

D – rocha sã;
C – a rocha torna-se de cor cada vez mais branca, devido a alteração dos feldspatos,
que se vão tornando pulverulentos, formando caulim;
B – solo, onde a rocha atinge o máximo de decomposição,
A – solo residual, com matéria orgânica.
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41
 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares
Formação das rochas sedimentares

Intemperismo / decomposição

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 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares


Formação das rochas sedimentares
 As rochas sedimentares são formadas pela
acumulação de materiais provenientes de outras
rochas preexistentes, ou de restos e resíduos de
plantas e animais.

 A sua formação segue a sequência:


a) Intemperismo;
b) Erosão;
c) Transporte;
d) Deposição (acumulação);
e) Diagênese.

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42
 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares
Formação das rochas sedimentares
 O intemperismo decompõe quimicamente e/ou
desintegra mecanicamente as rochas mais antigas,
transformando os maciços rochosos nesse material
que se chama comumente de terra ou solo residual.

 Assim, o intemperismo transforma as rochas em


materiais soltos e desagregados constituídos por
fragmentos de argila, feldspatos, micas, quartzo, etc.,
formando solos nos declives dos morros. Os detritos
assim produzidos não permanecem estáveis uma vez
que por ação dos agentes externos, ocorre o trabalho
mecânico de destruição dos solos residuais.

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 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares


Formação das rochas sedimentares
 A destruição da fraca consistência das rochas
decompostas e dos solos e o deslocamento dos
fragmentos dos locais onde eles se formaram,
principalmente por ação das águas pluviais e ventos
com auxílio da gravidade denomina-se de erosão.

 Na fase do transporte as partículas vão sendo


deslocadas para baixo, e pelo atrito e choque vão
sendo reduzidos a fragmentos cada vez menores.

 Durante o transporte, os fragmentos vão sendo


separados uns dos outros pelos agentes de transporte
em função do peso e tamanho.
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43
 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares
Formação das rochas sedimentares
 No caso das águas correntes, o material mais fino
(argilas) é por elas levado em estado de suspensão, e os
fragmentos maiores são rolados sobre a superfície
rochosa ou no fundo dos leitos dos rios.
 Com a redução da força de transporte dos agentes em
consequência da diminuição da intensidade da ação dos
mesmos (água, vento, gravidade) inicia-se a fase de
deposição (acumulação) dos materiais transportados.
 Os mais pesados serão depositados antes dos mais
leves, resultando assim, acumulações em certos locais,
que são constituídos praticamente de um mineral, cujos
grãos são mais ou menos, do mesmo tamanho.
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 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares


Formação das rochas sedimentares
 Pode haver acumulações semelhantes nos lagos ou nos
leitos dos rios onde a velocidade da água foi diminuída.
 Com o passar do tempo o material produzido pelo
desgaste da superfície da terra chega aos mares e
oceanos onde se deposita.
 Novas camadas vão se acumulando sobre as mais
antigas e assim vão se criando espessas formações de
sedimentos.
 O ar em movimento pode transportar materiais finos em
suspensão, ou rolado pela superfície, que será
depositado, logo que alcançar uma zona de calma
relativa.
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44
 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares
Formação das rochas sedimentares
 Existem ainda os sedimentos de origem vegetal ou
animal (ex. em épocas anteriores a matéria vegetal
acumulou-se e modificou-se por ação de diversos
agentes, constituindo o carvão mineral).
 Organismos que nos mares e na água doce extraem
matéria mineral com que forma os seus esqueletos
(conchas ou carapaças), ao morrerem, os restos
calcários ou siliciosos ficam depositados e consolidados
indo formar rochas calcárias ou siliciosas.
 Os sedimentos são de início, constituídos por partículas
soltas (areias, seixos) ou frouxamente ligadas entre si
(argila), sendo portando chamado de solo pelos
engenheiros.
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 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares


Formação das rochas sedimentares

Agentes da erosão, transporte e sedimentação:

 Ação da gravidade;
 Ações da chuva e das águas de escorrência;
 Ações dos cursos de água;
Ações
 Ação dos lagos;
da
 Ação das vagas sobre o litoral; água
 Ação dos glaciares;
 Ações das águas subterrâneas;
 Ações do vento;
 Ação dos seres vivos.
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45
 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares
Formação das rochas sedimentares
Agentes da erosão, transporte e sedimentação:

Ação da gravidade:

 Escorregamento;

 Desmoronamento, avalanche;

 Fluência ou “creeping”.

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 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares


Formação das rochas sedimentares
Agentes da erosão, transporte e sedimentação:
Ação da gravidade:

Fluência ou“Creeping”

Desprendimentos por gravidade


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 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares
Formação das rochas sedimentares
Agentes da erosão, transporte e sedimentação:
Ação da gravidade:

Fluência ou “creeping”

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 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares


Formação das rochas sedimentares
Agentes da erosão, transporte e sedimentação:
Ação da gravidade:

Queda de detritos
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47
 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares
Formação das rochas sedimentares
Agentes da erosão, transporte e sedimentação:
Ação da gravidade:

Esquema de desmoronamento

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 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares


Formação das rochas sedimentares
Agentes da erosão, transporte e sedimentação:
Ação da gravidade:

Escorregamento translacional

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48
 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares
Formação das rochas sedimentares
Agentes da erosão, transporte e sedimentação:
Ação da gravidade:

Escorregamento rotacional
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 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares


Formação das rochas sedimentares
Agentes da erosão, transporte e sedimentação:
Ação da gravidade:

Deslizamento

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49
 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares
Formação das rochas sedimentares
Agentes da erosão, transporte e sedimentação:

Ações da água:
 Estado líquido:
 Ações da chuva e das águas de escorrência;
 Ações dos cursos de água;
 Ação dos lagos;
 Ação das vagas sobre o litoral;
 Ações das águas subterrâneas.
 Estado sólido:
 Ação dos glaciares.

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 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares


Formação das rochas sedimentares
Agentes da erosão, transporte e sedimentação:
Ações da chuva e das águas de escorrência:

Efeito dinâmico da gota de chuva


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50
 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares
Formação das rochas sedimentares
Agentes da erosão, transporte e sedimentação:
Ações da chuva e das águas de escorrência:
Destinos possíveis para a água da chuva:
• Escorrência em superfície;
• Infiltração;
• Evaporação.

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 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares


Formação das rochas sedimentares
Agentes da erosão, transporte e sedimentação:
Ações da chuva e das águas de escorrência:

Variação da intensidade de erosão, de acordo com o uso do solo


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51
 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares
Formação das rochas sedimentares
Agentes da erosão, transporte e sedimentação:
Ações da chuva e das águas de escorrência:

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 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares


Formação das rochas sedimentares
Agentes da erosão, transporte e sedimentação:
Ações da chuva e das águas de escorrência:

Principais formas morfológicas:


 Abarrancamentos ou abarrocamentos;
 Caos de blocos;
 Pedras bolideiras;
 Saliências;
 Chaminés de fadas.

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 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares
Formação das rochas sedimentares
Agentes da erosão, transporte e sedimentação:
Ações da chuva e das águas de escorrência:

Águas de escorrência ou águas selvagens Sulcos que originaram futuros


ou águas bravas ou de arroiamento barrancos
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 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares


Formação das rochas sedimentares
Agentes da erosão, transporte e sedimentação:
Ações da chuva e das águas de escorrência:

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Sulcos ou ravinas ou barrancos

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 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares
Formação das rochas sedimentares
Agentes da erosão, transporte e sedimentação:
Ações da chuva e das águas de escorrência:

Ravina de erosão
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 4.3. Sedimentogénese e rochas sedimentares


Formação das rochas sedimentares
Agentes da erosão, transporte e sedimentação:
Ações da chuva e das águas de escorrência:

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