desafios, contradições e os limites
colocados à China.
Passando pelas Comunas Popu-
lares, pelo Grande Salto e pela Revo-
lução Cultural, o Partido Comunista
Chinês viu-se em cruzada histórica
até então inédita, considerando as
suas dimensões. Como mobilizar a
colossal massa humana chinesa ao
repto do avanço das forças produti-
vas, em situação de absoluto atraso?
Como manter a unidade nacional e
territorial ante as forças imperialistas
organizadas? Por vezes, como no
contexto da crise do Socialismo (fim
da URSS e queda do muro de Berlim),
o projeto viu-se duramente ameaçado,
como nos eventos da Praça da Paz
Celestial ao final da década de 1990,
reclamando estratégias até então não
experienciadas.
As contradições são evidentes,
mas a China tem se consolidado como
a realidade econômica mais potente
de fin du siècle e do século XXI. Espero
que o livro possa lançar luz sobre os
debates e interpretações deste rele-
vante paradigma.
Rogério Naques Faleiros
Nas décadas que antecederam a
Revolução de 1949, a China poderia
ser caracterizada como um país emi-
nentemente agrário, pobre e com inú-
RENATA COUTO MOREIRA
ROGÉRIO NAQUES FALEIROS (ORG.)
R E N ATA C O U TO M O R E I RA meros questionamentos à sua unidade
nacional. Seja pela confrontação com
ROGÉRIO NAQUES FALEIROS (ORG.) as forças imperialistas internacionais
A China é um país distante, pouco conhecido e (notadamente o Japão), seja pelas dis-
extremamente complexo. Seu desempenho econô- putas internas entre os discípulos de
REFLEXÕES SOBRE A
mico tem sido excepcional há décadas, segundo os Chiang Khai-shek com os Senhores da
dados divulgados por instituições insuspeitas como Guerra e posteriormente com as forças
o FMI e Banco Mundial. O crescimento médio da
REVOLUÇÃO
organizadas pelo “Grande Timoneiro”
economia chinesa, por um período tão longo, jamais
Mao Zedong, o cenário de fragmen-
foi igualado por nenhum outro país, colocando-se
tação parecia desolador. Poucos
como a segunda economia mundial ou a primeira
analistas coevos poderiam asseverar
REFLEXÕES SOBRE A REVOLUÇÃO CHINESA
CHINESA
segundo as estimativas em paridade de poder de
que de realidade econômica, política e
compra feitas pelo Banco Mundial. Socialmente,
social tão desfavorável poderia emer-
retirou da pobreza e da miséria cerca de 700 milhões
gir umas das maiores experiências de
de chineses. Assim, a China vem sendo objeto de
crescimento econômico verificadas na
avaliações positivas e negativas, debates e muitas
controvérsias em vários campos e em diversas história do sistema mundial.
épocas. Este livro não trata dessas controvérsias A Coletânea Reflexões sobre a Re-
e não tenta resolvê-las, ele apenas procura apre- volução Chinesa: a transição socialista
sentar alguns elementos que consideramos que
A T RA N S I ÇÃO S O C I A L I STA E M D E BAT E em debate, organizada por mim e pela
ajudam na compreensão da sociedade chinesa Profa. Dra. Renata Couto Moreira, reúne
contemporânea. pesquisas de Professores vinculados
ao Departamento de Economia e ao
Paulo Nakatani Programa de Pós-Graduação em Polí-
tica Social, ambos da Universidade Fe-
deral do Espírito Santo, apresentados
no 7º Encontro Internacional de Política
Social e 14º Encontro Nacional de Po-
lítica Social, realizados em Vitória-ES,
entre os dias 3 e 6 de junho de 2019.
Nesta ocasião, os pesquisadores, em
parceria com intelectuais chineses,
voltaram os seus esforços para a
compreensão do significado da revo-
lução de 1949 e seus desdobramentos
contemporâneos, analisando seus