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Questão 1

Estudar a literatura portuguesa medieval não significa simplesmente compreender o


passado. O estudo das cantigas trovadorescas, por exemplo, permite-nos uma melhor
compreensão da forma como se vê o amor também no século XX. Pixinguinha e João
de Barro, em nosso século, produziram “Carinhoso”, uma canção muito conhecida:

Meu coração, não sei por quê,

Bate feliz quando te vê

E os meus olhos ficam sorrindo

E pelas ruas vão te seguindo

Mas, mesmo assim, foges de mim.

Ah, se tu soubesses como eu sou tão carinhoso

E o muito, muito que te quero

E como é sincero o meu amor

Eu sei que tu não fugirias mais de mim.

Relacione a canção acima aos estudos sobre cantigas trovadorescas. A


alternativa verdadeira é:

a) Faz-se perceptível, na letra da canção, a ridicularização dos defeitos humanos, como


o fato de a mulher estar fugindo de uma situação constrangedora, sendo o texto,
portanto, uma cantiga satírica.

b) Esta canção assemelha-se às cantigas medievais pelo tratamento dado ao objeto do


amor e também porque, segundo a classificação das cantigas trovadescas, esta letra
pode ser considerada uma cantiga de amigo, do tipo bailia.

c) A postura do trovador diante da mulher amada coincide com o eu-lírico da canção: a


mulher, que é facilmente conquistada, caracteriza esse texto como uma cantiga de
amor.

d) A mulher, no texto, sofre a coita amorosa, identificada na letra da música, pelas


palavras foges e fugirias.

e) A canção Carinhoso aproxima-se das cantigas trovadorescas pelo tratamento dado à


mulher amada – uma mulher praticamente inatingível – bem como pela existência de
uma melodia que acompanha a letra da música, o que também ocorria nas cantigas
medievais.
Questão 2

Atrás da porta

Quando olhaste bem nos olhos meus

E o teu olhar era de adeus, juro que não acreditei

Eu te estranhei, me debrucei

Sobre o teu corpo e duvidei

E me arrastei, e te arranhei

E me agarrei nos teus cabelos

Nos teus pelos, teu pijama

Nos teus pés, ao pé da cama

Sem carinho, sem coberta

No tapete atrás da porta

Reclamei baixinho

Dei prá maldizer o nosso lar

Pra sujar teu nome, te humilhar

E me vingar a qualquer preço

Te adorando pelo avesso

Pra mostrar que ainda sou tua

Até provar que ainda sou tua

(Chico Buarque)

Na canção “Atrás da porta” Chico Buarque nos remete as cantigas trovadorescas. Que
tipo específica de cantiga ele nos remete? Justifique sua resposta.

Questão 3

Assinale a alternativa incorreta a respeito do Trovadorismo em Portugal.

a) Durante o Trovadorismo, ocorreu a separação entre poesia e a música.


b) Muitas cantigas trovadorescas foram reunidas em livros ou coletâneas que
receberam o nome de cancioneiros.

c) Nas cantigas de amor, há o reflexo do relacionamento entre o senhor e vassalo na


sociedade feudal: distância e extrema submissão.

d) Nas cantigas de amigo, o trovador escreve o poema do ponto de vista feminino.

e) A influência dos trovadores provençais é nítida nas cantigas de amor galego-


portuguesas.

IFPS 2013
Leia atentamente o texto a seguir:

Com'ousará parecer ante mi


o meu amigo, ai amiga, por Deus,
e com'ousará catar estes meus
olhos se o Deus trouxer per aqui,
pois tam muit'há que nom veo veer
mi e meus olhos e meu parecer?
(Com'ousará parecer ante mi de Dom Dinis. Fonte: http://pt.wikisourceorg/wiki/Com
%270usar%03%Ai.parecer.ante. mi. Acesso em: 05.12.2012.)

per = por
tam = tão
nom = não
veer = ver
mi = mim,
me parecer = semblante

Sobre o fragmento anterior, pode-se afirmar que pertence a uma cantiga de


A). Amor, pois o eu lírico masculino declara a uma amiga o sentimento de amor que
tem por ela.
B). Amigo, pois o eu lírico feminino expressa a uma amiga a falta de seu amigo por
quem sente amor.

C). Amor, pois o eu lírico é feminino e acha que seu amor não deve voltar para os seus
braços.

D). Amigo, pois o eu lírico masculino entende que só Deus pode trazer de volta sua
amiga a quem não vê há muito tempo.

E). Amor, pois o eu lírico feminino não consegue enxergar o amor que sente por seu
amigo.

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