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Revista do Curso de Administração
da Faculdade da Serra Gaúcha
Av. Rubem Bento Alves, 8308 – CEP 95 052-550 – Caxias do Sul – RS – Brasil
Fone/fax: (0xx54) 225 32 00
E-mail: fsg@fsg.br
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Sumário
Apresentação
Anadir Roveda 5
____________________________________________________________
A importância da leitura 51
Eduardo Dall’Alba
____________________________________________________________
Essere creativi 57
Intervista di Domenico de Masi a Giusi Miccoli
____________________________________________________________
Ser criativo 61
Domenico de Masi
____________________________________________________________
Apresentação
Desafios da Gestão Acadêmica
Uma Instituição de Ensino Superior define-se, antes de tudo, pela sua vocação.
Tendo como referência o contexto sociocultural no qual está envolvida, os obje-
tivos propostos e os recursos humanos e materiais que disponibiliza para o de-
senvolvimento de suas ações precisam assumir a sua história e a sua identidade
nas inter-relações com as comunidades nas quais está inserida.
Como instituição educacional, a Faculdade da Serra Gaúcha (FSG) deseja
construir-se como referência na difusão do conhecimento, com a busca dos dife-
renciais em suas propostas de formação nos cursos e programas que oferece.
Para isso, opta por proporcionar uma formação humanística, técnica e científica,
por meio de um ensino de qualidade, visando atender às expectativas do merca-
do e da sociedade.
Neste primeiro semestre de 2002, a FSG inaugurou a unidade São Pelegri-
no, localizada em região central da cidade de Caxias do Sul que vem atender a
uma necessidade de expansão das atividades da instituição. Esta nova unidade
comporta o curso de Administração, que conta, atualmente, com 1.100 alunos
aproximadamente. A gestão acadêmica se vislumbra como um desafio que exige
muita dedicação para o alcance dos objetivos da instituição.
A FSG vem buscando possíveis respostas aos desafios da Educação Supe-
rior, consciente de sua responsabilidade na formação de profissionais capacita-
dos para promover mudanças necessárias para uma nova sociedade. Trabalha
intensamente para construir as bases da Identidade Institucional, através da dis-
cussão do que seja a formação nas realidades vivenciadas em na região, no esta-
do e no país. Promove reflexão e discussão sobre temas contemporâneos que
reflitam exigências do perfil atual dos administradores acadêmicos.
Recentemente, a Instituição participou no ENAAC (Encontro Nacional dos
Administradores Acadêmicos) promovendo intercâmbio com administradores
acadêmicos de todo o país. O evento destacou o aumento da complexidade da
6
ANADIR ROVEDA
Coordenador do Curso de Administração
7
A negociação empresarial
internacional
Introdução
*
Professor de Direito Comercial na Universidade de Caxias do Sul (UCS), Instituições de Direito Publico e
Privado na Faculdade da Serra Gaúcha (FSG), Mestre pela UCES (Argentina) e Doutorando pela Universida-
de de Leon (Espanha).
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são persistentes;
não sabem o significado da palavra não. Na realidade, elas sabem que,
freqüentemente, quando se diz não, na verdade se quer dizer talvez;
nunca se embaraçam; sempre têm uma resposta pronta para qualquer
pergunta ou para qualquer situação que vier a se apresentar;
freqüentemente, elas lêem os adultos melhor do que estes as lêem.
As habilidades de negociação para os negociadores internacionais são basi-
camente as mesmas, podendo-se considerá-las como universais. A única dife-
rença refere-se ao ambiente e, por conseguinte, à maneira de utilizar essas habi-
lidades. As decisões em negociações internacionais muitas vezes são tomadas
apenas por comitês; em outros países, em função de questões culturais, é dada
maior autonomia aos negociadores, que têm total autoridade para negociar sozi-
nhos e fechar importantes acordos internacionais.
Os sinais nas negociações também tendem a ter significados diferentes. Por
exemplo, a expressão fria de um russo pode não significar falta de interesse, mas
apenas que ele não está familiarizado com a situação. O mesmo não é verdadei-
ro em relação a um brasileiro ou a um italiano, já que o “sangue latino” traz uma
forma diferente de reagir a certas situações.
Os comportamentos também tendem a ser diferentes. Dessa forma, o sim
de um japonês pode querer dizer não, significando que ele compreendeu o que
está sendo colocado, porém discorda. Por outro lado, uma resposta “pois não”
de um brasileiro normalmente tem um sentido de concordância, ao passo que
para um português pode ter uma conotação negativa, de discordância. Outro
exemplo seria a forma americana de buscar obter rapidamente um acordo, que
pode chegar a ofender um negociador do Oriente Médio, que necessita de tempo
para negociar e busca analisar detalhadamente seu oponente.
Assim, ao se pensar em negociações internacionais, deve-se ter consciência
da importância da análise do ambiente e das influências que ele exerce sobre os
negociadores, fazendo com que as habilidades destes sejam utilizadas de manei-
ra diferente, em função das características do país em que está inserida a negoci-
ação. A informação, como forma de conhecer as necessidades e interesses do
oponente, também surge como fonte importante de poder e encaminhamento
para o acordo ganha-ganha. E ao se considerar o ambiente como um sistema,
deve-se levar em conta as várias partes pelas quais se pode dividi-lo (Steele et
al., 1995, p. 109), ou seja:
sistema econômico;
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remetidos para o país de origem? Em que condições? Como são as taxas alfan-
degárias do país? Que taxas devem ser pagas nos fechamentos de contratos in-
ternacionais nesse país?
No aspecto de logística e infra-estrutura, devem ser considerados: Quais
são as disponibilidades do país no que se refere a: mão-de-obra especializada e
sem especialização; assessoria; materiais de construção; instalações fabris; faci-
lidades em termos de manutenção; fontes para subcontratação competentes e
financiáveis? Que restrições existem para: importação de mão-de-obra e asses-
soria; importação de materiais que sejam fabricados no local; importação de
produtos industrializados? Os contratos serão negociados, formalizados e admi-
nistrados na língua local? Caso isso aconteça, qual é a disponibilidade de tradu-
tores confiáveis? Como são as condições logísticas do país no que se refere a:
facilidades portuárias e tempos de espera; rodovias e ferrovias de acesso; condi-
ções de transporte aéreo interno, seja de empresas locais ou estrangeiras, caso
haja restrições; rapidez alfandegária, principalmente em época de férias? Como
são as questões de clima no que se refere a: chuvas, inverno, neve, vendavais,
altas e/ou baixas temperaturas, seca, umidade?
No sistema legal, os principais aspectos são: Qual é a importância das leis
no contexto do país? Em que base as leis e os regulamentos são colocados em
prática no país? Qual é a relação existente entre os tribunais e os poderes judici-
ário e executivo? Quais são os prazos normais das ações nos tribunais? Há
possibilidades de forçar ou apressar os julgamentos nos tribunais? É possível e
usual algum sistema de recompensa para apressar os processos? E, caso positi-
vo, que resultados isso traz? É necessário haver uma empresa estabelecida, para
poder operar legalmente no país? Quais são as leis do país referentes a legisla-
ção trabalhista, participações nos lucros e remessas de lucros para o exterior?
Quais são os regulamentos e leis que prevalecem no país no campo da Previdên-
cia Social? Há exigências de profissionais habilitados para exercer determinadas
profissões? Quais?
Já nos aspectos culturais e religiosos, tem-se: Qual é o grau médio de edu-
cação da população? Qual é o nível de instrução das pessoas nas atividades em-
presariais? Qual é a religião que predomina no país? Qual é o nível de impor-
tância da religião para o país? Que influência a religião tem sobre: assuntos polí-
ticos; sistema legal; natureza e pais de origem dos produtos comprados; relações
sociais e comportamento individual; vinda de pessoas de outros países; crenças
e filiações políticas; incidência de feriados e jornada de trabalho.
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Ingleses
Os ingleses têm fama de produzirem excelentes tecidos para ternos e serem
muito sérios nos negócios. Durante a guerra, navios trazendo encomendas de
determinado produto químico foram torpedeados duas vezes. A firma inglesa,
apesar do aumento sensível nos preços, embarcou, nas mesmas condições com-
binadas, uma terceira remessa.
O inglês em geral é cortês, reservado e afável, mas seco, achando necessá-
rio ser duro e rigoroso. Só dá a mão ou se curva ao ser apresentado. Os mais
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influentes não estão nas indústrias, mas nas financeiras. Eles se impressionam
com títulos acadêmicos e são ultra-sensíveis a comparações com os alemães.
Aparentemente, estimam o tempo livre e o status na empresa mais do que a pro-
dutividade. Nos anos 1950, negociei a compra de um produto químico no valor
aproximado de US$10 mil. As cinco da tarde, o interlocutor anunciou: “It is tea
time” (É hora do chá). Eu sugeri que concluíssemos a negociação, porque eu
seguiria naquela noite para Nova York. Mas era tea time, um hábito sagrado. Fui
forçado a comprar o produto nos EUA, mais caro.
Um americano julgou os negociadores ingleses como amadores, se compa-
rados aos profissionais americanos, insuficientemente preparados, amáveis,
agradáveis, simpáticos, sociáveis, flexíveis e sensíveis a iniciativas.
Franceses
São intelectuais, orgulhosos, refinados; amam sua língua, são estruturados
por classes, nacionalistas, fechados em família. Seus principais métodos de per-
suasão são emoção e poder. Buscam satisfazer às seguintes necessidades: respei-
to pessoal e profissional, sentir que a França é o centro cultural e intelectual do
mundo. São animados, conversam com imaginação e sabedoria, buscam sempre
algo novo ou diferente, têm estilo. As táticas mais comuns são: “jogam duro”
até obter o que pretendem, buscam encontrar contra-argumentos esotéricos.
Alemães
São lógicos, meticulosos, eficientes, formais, metódicos, nacionalistas, per-
sistentes. Os métodos de persuasão que utilizam com mais freqüência são: lógi-
ca, barganha e ameaças. Têm como principais necessidades a serem satisfeitas: o
reconhecimento de status (tanto pessoal quanto profissional), a descoberta das
necessidades do sistema e sua honra pessoal. As táticas mais utilizadas são: soli-
citar decisões rápidas, pedir apenas mais uma coisa, fazer análise, ter decepções
suaves.
Japoneses
São formais, quando dizem sim pode significar não, são educados, perfei-
tos, eficientes; aparentam falta de sentimentos; são competentes; estão sempre
em grupo; utilizam tecnologia avançada; são compromissados. Quanto aos mé-
todos de persuasão, buscam utilizar a lógica e o uso discreto do poder. Suas ne-
cessidades básicas são: entrar no mercado, ter volume, apresentar preliminares
longas, manter relacionamentos e acordos de longo prazo, aceitar presentes. As
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táticas que costumam utilizar são: comprometimento, atraso nas entregas, ofer-
tas muito altas, grandes concessões, acordo conjunto.
Suecos
São reservados, quietos, confiantes, autocríticos, interessados em novas i-
déias, sérios e muito preocupados com a qualidade. Como métodos de persua-
são, normalmente utilizam a lógica, ameaças e compromissos. Suas principais
necessidades a serem satisfeitas são a confiança, estar em evidência e receber
uma proposta profissional completa. Suas táticas básicas são a lógica, o entusi-
asmo, as novidades e o uso de fatos e figuras de retórica.
Russos
Costumam esquivar-se, ser inflexíveis, rígidos, ter expressão fria, ser te-
nazes, lentos, quietos, estar sempre em grupo, buscar segurança para eles mes-
mos, ter dificuldades para tomar decisões. Em termos de métodos de persuasão,
procuram o não-comprometimento, emoções, poderes e ameaças para compro-
meter o outro lado. As necessidades a serem satisfeitas são: custo total reduzido,
troca de bens, presentes e moedas ocidentais, segurança pessoal, evitar respon-
sabilidades pessoais, precauções quanto a amizades. No que se refere às táticas,
costumam: ceder o mínimo possível, conversar muito dizendo pouco, não utili-
zar autoridade, não cumprir prazos, mudar os times da negociação, obter infor-
mações e decisões sem dar nada em troca.
Países do Mediterrâneo
São emotivos, animados, pessoais, voláteis. Seus principais métodos de
persuasão são a barganha e a emoção. As necessidades básicas a serem satisfei-
tas são o entusiasmo e a compreensão e, entre as principais táticas utilizadas,
pode-se citar o relacionamento pessoal e as mudanças e atrasos no último mo-
mento.
Países Árabes
A tradição do deserto leva a hospitalidade e confiança como fatores de alta
importância. O tempo não é essencial. É imprescindível dispor de tempo para
este fim e não se decepcionar pelas delongas e adiantamentos.
Países Latinos
Os latinos pensam na família e nos amigos em primeiro lugar. O tempo não
e quantificável e não é dinheiro. Seja primeiro sociável e depois trabalhe. De
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tempo para que o latino possa confiar em você mostre humanidade, lealdade,
sinceridade e amizade. Respeite o tempo e as praticas comerciais da região. E
não pense que o negocio vai ser finalizado logo, você vai precisar voltar para
conquistar a confiança.
to do universo pode, e deve, tornar-se uma empresa global. Fica até difícil, nos
dias de hoje, imaginar um novo projeto de empresa ou de produto que não con-
sidere, a curto ou médio prazo, a perspectiva de expansão de seus negócios e de
ingresso no mercado internacional.
O aumento na globalização da economia pode ser visto, de maneira muito
clara, no crescimento explosivo do número e tamanho de empresas nacionais e
multinacionais voltadas para o mercado externo. E, se se tomarem países desen-
volvidos e mais bem estruturados, essa relação é ainda mais forte.
Podem-se citar vários exemplos de desenvolvimentos de negócios por meio
de agrupamentos de países com grandes acordos internacionais, como é o caso
da Comunidade Econômica Européia (hoje chamada de União Européia), do
Nafta (envolvendo Estados Unidos, Canadá e México, e com perspectivas de
inclusão, a curto prazo, do Chile) e do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e
Paraguai, com a eventual inclusão de Bolívia, Peru e, talvez, Chile).
Destes grandes blocos econômicos, o mais significativo é a União Euro-
péia (hoje composta por 15 países, unidos em torno de interesses econômicos e
sociais comuns), que representou o desenvolvimento mais importante nos negó-
cios na Europa Ocidental e que envolve uma grande gama de negociações entre
países, empresas, instituições, sociedades etc. A União Européia é composta
pelos seguintes países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Fran-
ça, Finlândia, Grã-Bretanha, Grécia, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Por-
tugal e Suécia.
A então Comunidade Econômica Européia (CEE) começou em 1951, com
apenas seis países (Alemanha, França, Itália, Bélgica, Holanda e Luxemburgo).
Posteriormente, ingressaram Grã-Bretanha, Irlanda e Dinamarca. Em 1981, a
Grécia passou a fazer parte do grupo, tendo sido incorporados Portugal e Espa-
nha em 1986, passando a congregar, então, os doze países que compuseram a
Comunidade Econômica Européia durante quase uma década. Só em 1995 é que
foram incorporados Áustria, Finlândia e Suécia, chegando à composição atual
da União Européia.
A União Européia é uma nova força política e econômica, cuja meta é re-
gular, novamente, a Europa como um mercado comum: uma Europa sem fron-
teiras, com um movimento irrestrito de dinheiro, produtos, serviços e pessoas.
Essa meta, se em termos absolutos pode ser considerada utópica e inviável, pelo
menos está contribuindo, e deverá contribuir ainda mais, para a quebra, ao me-
nos parcial, de uma série de fronteiras entre os países, além de aproximar cada
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vez mais os povos, facilitando os negócios entre os países, bem como o inter-
câmbio de produtos, além da troca de informações entre as pessoas envolvidas.
A União Européia é vista, pelos europeus, como um passo crítico para re-
cuperar a posição competitiva desses países, em relação aos Estados Unidos e ao
Japão. Essa posição foi perdida, principalmente, na década de 80, em especial
com o grande desenvolvimento da economia japonesa em nível internacional e
com a crescente globalização das economias.
Com isso, os países europeus, em especial aqueles com maior domínio em
nível de comércio internacional (principalmente Alemanha, Inglaterra e França),
sentiram a necessidade e a importância de se unirem em torno de um objetivo
comum, para poder recuperar o nível de competitividade perdido. Isso, sem dú-
vida, levou a grandes negociações em torno dos aspectos necessários para se
poder começar a pensar em urna união desses países, pelo menos em nível co-
mercial.
Os primeiros aspectos, logo identificados, a serem negociados, mostravam
a complexidade dos problemas a serem enfrentados: questões culturais extre-
mamente importantes e com enormes diferenças entre países de origem latina,
germânica, anglo-saxônia; diferenças enormes entre idiomas (que levam a União
Européia a possuir hoje mais de 10 línguas oficiais em suas atividades); enor-
mes desigualdades em termos de desenvolvimento econômico, social e político
(ao se comparar, por exemplo, Alemanha, França e Holanda com Grécia, Portu-
gal e Irlanda); além de interesses, prioridades e perspectivas em termos econô-
micos, sociais, políticos e culturais completamente diferentes.
Além disso, deveria haver algum país que possuísse um poder de comando
ou liderança maior entre o grupo, ou seria desejável que todos eles tivessem
igualdade de forças e pesos nas decisões a serem tomadas? Seria razoável que,
por exemplo, Alemanha e Luxemburgo tivessem o mesmo poder nas decisões a
serem tomadas pelo grupo? Ou o poder deveria ser proporcional para os diferen-
tes países? Se o poder fosse proporcional, deveria ser em relação a que critério?
População? Produto Nacional Bruto? Força política? Extensão territorial? Parti-
cipação nos dados de comércio em nível europeu? Ou em nível mundial? Enfim,
muitos eram os aspectos a serem negociados, discutidos e acenados. Além disso,
muitas e diversificadas eram as forças e os poderes que estavam por trás dessa
tentativa de criação de uma união.
Porém, se, individualmente, os países europeus eram relativamente fracos e
pouco competitivos em nível mundial, unidos, poderiam tornar-se uma grande
força. Assim, antes da inclusão dos novos países (Áustria, Finlândia e Suécia), o
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Conclusão
Não existe uma fórmula de como negociar com sucesso. Negociar implica
questões de habilidades, estilos próprios e valores. Buscar conhecimento através
de informações, através da globalização, adaptando-se a cada nova situação.
“Conhecimento não basta, é preciso aplicá-lo! Vontade não basta, é preciso
agir.”
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A negociação empresarial
internacional
Introduction
*
Teacher of Commercial Right in the University of Caxias do Sul (UCS), Institutions of Public and Private
Right in Serra Gaucha‟s University (FSG), Master for UCES (Argentina) and for the University of Léon
(Spain).
28
tice that internationalization. In this way, wonders, also, from what moment the
company should have prepared executives for international activities to do front
the global trade.
To that respect, Aluff,1 affirms that every company with superior income to
US$ 2 million should examine the opportunities of international market in the
next 12 months. And that every company with income above US$ 25 million
should worry if 25% of their businesses is not being done in the exterior. He
affirms, still, that necessarily, among those 25% it should have businesses ren-
dered with Japan.
Like this, a negotiator of international level should be prepared and very in-
formed regarding a series of basic points for his activity, as for instance:
International abilities of negotiation, that are critical for his success;
Great width and varieties of agreements and businesses accomplished
in international level;
Larger and larger frequency and constancy of investments done by the
companies in world level;
Emergency of an economy more and more globalized, with the contin-
uous fall of the barrier among the countries.
A theme very discussed in the global world refers to what the administra-
tion schools should do to prepare better professional to face the challenges that
are found by an administrator that will devote his profession, and that, with cer-
tainty, will have to be able to deal, even if indirectly, with negotiations in global
level.
The administration schools should give their contributions, to drive the
country to the success roads in the world market.
The communication abilities and negotiation assume, without a doubt, a
fundamental paper, so that the administrators can be ready for that challenge,
turned more to aspects mentioned to the Humanities and less to the Exact sci-
ences. To do so, some points should be considered:
Essential knowledge of international marketing, international finances
and international accounting;
Indispensable information about culture and communication among dif-
ferent countries, races, languages and religions;
1
Aluff, F. L. How to negotiate anything with anyone anywhere around the world. New York: American
Management Association, 1993.
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The basic abilities to be developed in the negotiations are basically the ones
that are practiced already from the childhood, however the people end up forget-
ting of the same ones when they turn adult, because they are more demanding,
sophisticated and discerning.
In fact, the children are always considered excellent negotiators, and that is
due to a series of factors:
32
customs taxes of the country? What taxes should be pay in the closings of inter-
national contracts in that country?
In the logistic and infrastructure aspect, they should be considered: Which
are the readiness of the country in what refers the: skilled labor and without spe-
cialization; consultantship; construction materials; industrial facilities; means in
maintenance terms; sources for competent subcontratation and did you finance?
What restrictions exist for: workmanship and consultantship; import of materi-
als that are manufactured at the place; import of industrialized products? Will
the contracts be negotiated, formalized and administered in the local language?
In case that happens, which is the reliable translators' readiness? How are the
logistics conditions of the country in what refers to: port facilities and waiting
time; highways and access railroads; conditions of internal aerial transport, local
or foreign companies, in case there are restrictions; customs speed, mainly in
time of vacations? How are the climate subjects in what refers to: rains, winter,
snow, gales, discharges and/or you lower temperatures, dry, humidity?
In the legal system, the main aspects are: Which is the importance of the
laws in the country context? In what base the laws and the regulations are put in
practice in the country? Which is the existent relationship between the tribunals
and the judiciary and executive? Which are the normal periods of the actions in
the tribunals? Are there possibilities to force or to speed up the judgments in the
tribunals? Is it possible and usual reward system to speed up the processes?
And, if positive, what results does it bring? Is it necessary to be an established
company, to operate legally at the country? Which are the country laws regard-
ing labor legislation, profit sharing and remittances of profits for the exterior?
Which are the regulations and laws that prevail at the country in the field of So-
cial welfare? Are there qualified professionals' demands to exercise certain pro-
fessions? Which?
Already in the cultural and religious aspects, there are: Which is the medi-
um degree of the population education? Which is the level of people's instruc-
tion in the business activities? What is the religion that prevails at the country?
Which is the level of importance of the religion to the country? What influence
the religion has on: political subjects; legal system; nature and country of origin
of the bought products; social relationships and individual behavior; people's of
other countries arrival; faiths and political filiations; incidence of holidays and
workday.
With the time and experience, it can be identify some basic characteristics
of certain people and of people of certain countries. However, the generaliza-
35
tions are very difficult. It can be incurred serious mistakes when trying to gener-
alize the characteristics for all of the people of that group starting from a single
experience. It should be taken into account that personal characteristics distin-
guish the people and the possible identified characteristics refer to a medium
profile of that people, could never be considered as absolute. It is due, then, to
take care with the possible stereotypes that are done and with the precipitate
generalizations that can bring unpleasant consequences.
American
They are enthusiastic, open, persistent, obstinate, guided for the action,
competitive, friendly, however superficial, patriotic; they tend to isolation; they
are impatient. As persuasion methods, use bargain, power and threats. The needs
that they try to satisfy are: obtaining the best agreement, total cooperation,
recognition, in terms of results, reachment of the minimum level established,
profitable businesses, action search constantly. The main tactics are: pressure of
time, speed, action, compromising, change of the agreement when it is put in the
paper, proposal of reasonable offers - with small concessions, item for item.
English
English have fame of producing excellent woven for suits and they are very
serious in the businesses. During the war, ships bringing orders of certain chem-
ical product was torpedoed twice. The English firm, in spite of the sensitive in-
crease in the prices, embarked, in the same combined conditions, a third remit-
tance.
English in general is courteous, reserved and friendly, but I dry, finding
necessary to be hard and rigorous. He only gives the hand when presented. The
most influential are not in the industries, but in the financial ones. They are im-
pressed with academic titles and they are hypersensitive to comparisons with
Germans. Seemingly, they esteem the free time and the status in the company
36
more than the productivity. In the years 1.950, I negotiated the purchase of a
chemical product in the approximate value of US$ 10 thousand. At five in the
afternoon, the speaker announced: “It is tea time.” I suggested that we concluded
the negotiation, because I would follow on that night for New York. But it was
teatime, a sacred habit. I was forced to buy the product in the USA, more expen-
sive.
An American judged the English negotiators as amateurs, if compared to
the American professionals, insufficiently prepared, kind, pleasant, nice, socia-
ble, flexible and sensitive to initiatives.
French
They are intellectual, proud, refined; they love their language, they are
structured by classes, nationalist, closed in family. Their main persuasion meth-
ods are emotion and power. They look for satisfying to the following needs:
personal and professional respect, to feel that France is the cultural and intellec-
tual center of the world. They are lively, they talk with imagination and wisdom,
they always look for something new or different, they have style. The most
common tactics are: they “play hard” until obtaining what intend, they look for
finding esoteric counter-arguments.
German
They are logical, meticulous, efficient, formal, methodical, nationalist, and
persistent. The persuasion methods that they use with more frequency are: logic,
bargains and threats. They have as main needs to be satisfied: the status recogni-
tion (personnel and professional), the discovery of the needs of the system and
their personal honor. The tactics more used are: to request fast decisions, to ask
just one more thing, to do analysis, to have soft deceptions.
Japanese
They are formal, when they say yes they can mean no, they are educated,
perfect, efficient; they look lack of feelings; they are competent; they are always
in group; they use advanced technology; they are very compromised. About the
persuasion methods, they look for using the logic and discreet of the power.
Their basic needs are: to enter in the market, to have volume, to present long
preliminaries, to maintain relationships and agreements of long period, to accept
presents. The tactics that they use are: compromising, delay in the deliveries,
offers very discharges, great concessions, united agreement.
37
Swedish
They are reserved, quiet, confidant, self-critical, interested parties in new
ideas, serious and very concerned with the quality. As persuasion methods, usu-
ally use the logic, threats and commitments. Their main needs to they be satis-
fied are the trust, to be in evidence and to receive a complete professional pro-
posal. Their basic tactics are the logic, the enthusiasm, the innovations and the
use of facts and rhetoric illustrations.
Russian
They usually are rude, inflexible, rigid, cold expression, tenacious, slow,
quiet, always in group, they look for safety for themselves, they have difficulties
to make decisions. In terms of persuasion methods, they seek the no compromis-
ing, emotions, powers and threats to commit the other side. The needs to be sat-
isfied are: reduced total cost, change of goods, gifts and western coins, personal
safety, avoid personal responsibilities, precautions about friendships. About the
tactics, they: give up the minimum possible, talk a lot saying little, not use au-
thority, not accomplish periods, change the teams of the negotiation, obtain in-
formation and decisions without giving anything in change.
Countries of Mediterranean
They are emotional, lively, personal, and volatile. Their main persuasion
methods are bargains and the emotion. The basic needs to be satisfied are the
enthusiasm and the understanding and, among the main used tactics, it can be
mentioned the personal relationship and the changes and arrears in the last mo-
ment.
Arab countries
The tradition of the desert takes the hospitality and trust as factors of high
importance. The time is not essential. It is indispensable disposal of time for this
end and for not to be disappointed for the delays and progresses.
Latin countries
The Latins think about the family and in the friends in first place. The time
is not counted and it is not money. Be first sociable and later work. Give time so
38
that the Latin can trust you. Show humanity, loyalty, honesty and friendship.
Respect the time and the commercial practices of the area. And don't think that
the business will be concluded soon, you will need to return to conquer the trust.
great development of the Japanese economy in international level and with the
growing of the economic globalization.
With that, the European countries, especially those with larger domain in
level of international trade (mainly Germany, England and France), felt the need
and the importance of a union around a common objective, to recover the lost
level of competitiveness. That, without a doubt, took to great negotiations
around the necessary aspects to be able to start thinking in a union of those
countries, at least in commercial level.
The first aspects, soon identified, to be negotiated, showed the complexity
of the problems to be faced: extremely important cultural subjects and with
enormous differences among countries of origin Latin, Germanic, Anglo-Saxon;
enormous differences among languages (that take the European Union to pos-
sess today more than 10 official languages in their activities); enormous inequal-
ities in terms of development economical, social and political (if comparing, for
instance, Germany, France and Holland with Greece, Portugal and Ireland); be-
sides interests, priorities and perspectives in terms economical, social, political
and cultural completely different.
Besides this, it should have some country that possessed a command power
or larger leadership among the group, or would it be desirable that all of them
had equality of forces and weights in the decisions taken? Would it be reasona-
ble, for instance, that Germany and Luxembourg had the same power in the de-
cisions taken by the group? Or should the power be proportional to the different
countries? If the power was proportional, should it be in relation to what criteri-
on? Population? Product National Brute? Politic forces? Territorial extension?
Participation in the trade data in European level? Or in world level? Finally,
many were the aspects to be negotiated, discussed and waived. Besides, many
and diversified were the forces and the powers that were behind that attempt of
the union creation.
However, if, individually, the European countries were relatively weak and
little competitive in a world level, united, they could become a great force. Like
this, before the inclusion of the new countries (Austria, Finland and Sweden),
the Product National Brute of the 12 countries that compose the European Un-
ion at that time (call of European Economical Community, composed by Ger-
many, France, England, Italy, Spain, Portugal, Ireland, Belgium, Holland, Lux-
embourg, Denmark and Greece) was already equal to the double of North Amer-
ica's Product National Brute (United States and Canada), and almost get to the
Naphtha's (if here it includes Mexico), as well as the triple of PNB of Asia and
42
of Pacific (here included Japan and the Asian Tigers). Without a doubt, the ex-
treme representativeness of those countries can be verified, if united, as well as
the enormous negotiation power that would be associated to them with their
coalition.
Conclusion
Roberto Lunelli*
*
Mestre em Matemática Aplicada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e professor de Matemática
da FSG.
46
Medicina
A utilização médica de radioisótopos teve início há mais de 40 anos e tem
alcançado grande desenvolvimento. Atualmente os radioisótopos são utilizados
na medicina nuclear no diagnóstico, tratamento e estudo de uma ampla varieda-
de de doenças. Os radioisótopos constituem-se em uma ferramenta básica para
pesquisas biomédicas em áreas como cardiologia, endocrinologia e oncologia.
Agricultura
Fertilidade do solo: técnicas nucleares são utilizadas para rastrear fertili-
zantes de modo a determinar a melhor forma, duração e aplicação para evitar
perdas e reduzir o seu movimento no meio ambiente.
Irrigação: sensores neutrônicos de umidade são utilizados para melho-
rar os métodos tradicionais de irrigação.
Melhoramento genético de plantas: técnicas nucleares são utilizadas pa-
ra desenvolver novas espécies de importantes cereais. Essas novas vari-
edades de trigo, arroz e soja podem ter uma melhor resistência a doen-
ças, serem de maior produtividade ou de melhor qualidade.
48
Irradiação de alimentos
A técnica de irradiação de alimentos, aprovada pela Organização Mundial
da Saúde desde 1980, vem sendo amplamente utilizada nos últimos anos por
mais de 30 países, como: Bélgica, França, Hungria, Japão, Holanda, Argentina,
Chile, etc. O emprego dessa técnica visa a redução imediata de perdas durante as
fases de estocagem, processamento, distribuição e comercialização de alimen-
tos. A irradiação não contamina os alimentos, não compromete o sabor, o aspec-
to exterior, nem o valor nutritivo dos produtos. Proporciona os seguintes benefí-
cios:
elimina insetos que atacam os frutos, dispensando a necessidade de fu-
migação com produtos químicos,
elimina as bactérias que causam doenças de origem alimentar, como a
salmonelosis e
aumenta o tempo de prateleira do alimento pelo controle de infestação
de microorganismos que causam a deterioração precoce do alimento;
ou pela inibição do brotamento; ou ainda, no caso de frutas, pelo re-
tardamento do processo de amadurecimento.
Indústria
Poluição ambiental: o uso de isótopos e o desenvolvimento de ferramentas
analíticas, incluindo traçadores, análise por ativação neutrônica, etc, tem auxili-
ado as técnicas disponíveis para o estudo e deteção de poluentes ambientais co-
mo pesticidas e metais tóxicos.
Radioesterilização: a Organização Mundial de Saúde tem recomendado
esse processo para a esterilização de todos os materiais e implementos
de uso médicos passíveis desse processo.
Verificação de desgaste em motores, pneus e ferramentas de corte.
Fabricação de equipamentos para medidas de nível, espessura e densi-
dade.
Gamagrafia: método de ensaio não destrutivo utilizado em controle de
qualidade de soldas, de peças fundidas e forjadas e de tubulações; na
construção civil para verificar a distribuição de ferramentas no interior
49
A importância da leitura
Eduardo Dall’Alba*
Resumo – O texto trata da relação entre a linguagem e o poder, permeada pela a importância da
leitura, além de frisar o poder de libertação que a leitura proporciona, libertação no sentido de auto-
nomia do sujeito que lê. Além disso são frisadas as vantagens da leitura em relação à não-leitura,
como por exemplo, o enriquecimento de vocabulário e o exercício da imaginação humana.
*
Doutor em Literatura Brasileira pela Universidade Federal do Rio grande do Sul. Coordenador dos Acervos
Literários de Mário Quintana e Oscar Bertholdo, na PUCRS, professor de Português Instrumental nos cursos
de Administração e Educação Física da Faculdade da Serra Gaúcha. Email: eduardo@ fsg.br
2
Estudantes do Curso de Administração da FSG.
52
3
Ignoare: em latim quer dizer desconhecer.
55
tação da alma humana. E digo luz, não à maneira iluminista, mas luz à maneira
moderna, que esclarece e edifica.
Ler passa a ser uma atividade humana rotineira, tão rotineira que influi di-
retamente no modo de pensar e agir e no modo de poder usar o livre arbítrio
sobre o mundo, porque a leitura leva ao conhecimento e este, ao poder, seja ele
da linguagem, seja ele um fim em si mesmo, como estamos mais acostumados a
ver.
A leitura é vital para o conhecimento da linguagem nossa e do outro, do
nosso mundo e do outro, e quem sabe, de outros mundos. A leitura modifica o
mundo, tornando-o mais rico e mais compreensível, na medida em que prolonga
a vida em todas as suas formas.
Desde que, como conta a história do mito, Prometeu revelou o conheci-
mento aos homens,dando-lhes o fogo como presente, o fogo do conhecimento
passou a ser a forma mais importante de sobrevivência humana. Basta dar uma
visada nos nossos costumes familiares para ver o quanto guardamos ainda do
conhecimento antigo, em formas de receitas caseiras de chá, ou em impulsos de
conservação humana contra o frio e o calor, através de primitivas arquiteturas,
como as que herdamos de nossos avós, vindos de uma era medieval.
E por último, a leitura é hoje não só a pedra de toque de inúmeras inter-
relações do conhecimento, como guarda também aquele cadinho prazeroso que
vai muito além da precisa informação: àquela que é feita mesmo numa poltrona
ou, antes, de dormir, quando estamos lendo um bom livro de poemas ou aquele
romance que nos emociona. Além de nos fazer mais ricos por estarmos vivendo,
como observadores, a vida daqueles personagens que imitam a nossa vida, e
tanto, que nos parecem mais reais do que nós mesmos, e que nos embalam nas
noites de inverno quando o frio entorpece os ossos, ou quando no verão, à beira
de um lago, estamos livres para a distração da leitura.
A leitura é, por fim, uma maneira grata de se reconhecer a cultura, a regio-
nal, a do estado e a de um país, sendo técnica ou literária, difícil ou acessível, a
leitura é tarefa para toda vida, pois o conhecimento não tem limites e escrever
livros, como diz o Eclesiastes, é trabalho sem fim.
Referências bibliográficas
Essere creativi
L‟importanza del “gruppo creativo”. Serve un leader che abbia carisma, vi-
sion e fascino tali da spingere e incentivare le persone. Ma occorre fissare bene
l‟obiettivo da raggiungere, e sulla base di questo scegliere persone fantasiose e
persone concrete, che devono lavorare con entusiasmo. Perché i creativi creano
solo con entusiasmo.
tutta una ritualità che blocca la creatività. Jay Galbraith, un consulente molto
corteggiato dalle aziende americane, ha scritto sull‟Harward Business Review
che le grandi aziende americane sono ormai a corto di idee. Secondo Galbraith
non sono state le imprese produttrici di macchine per scrivere meccaniche a in-
ventare quelle elettriche e non sono state le imprese produttrici di valvole a in-
ventare i transistor. Da dove prendono le aziende quindi idee e invenzioni? Le
prendono da sistemi molto più poveri, come per esempio le università, che però,
grazie all‟anarchia che vi regna, riescono, a far lavorare insieme dei concreti e
dei fantasiosi, senza bloccarli e controllarli e ottenendo ottimi risultati.
Ser criativo
Domenico de Masi4
por Giusi Miccoli**
Resumo – Importância do “grupo criativo”. Busca de um líder que tenha carisma, visão e fascínio tal
que motive e incentive as pessoas. Deve-se fixar bem o objetivo que se quer alcançar, e sob esta base
escolher pessoas fantasiosas e pessoas concretas que devem trabalhar com entusiasmo, por quê os
criativos criam somente com entusiasmo.
Modelagem do processo
de atualização das instruções
de trabalho de uma célula
de manufatura
Ademar Bassanesi5
Gabriela Carpeggiani
Marcos Hernandes
Rudimar Antonio Pedroni
Resumo – Nos últimos anos, a idéia de modelagem de processos tem-se mostrado evidente em pu-
blicações e em discussões sobre a gestão de sistemas. O esquema de um sistema de workflow segue a
realidade, correspondendo à descrição de um processo de negócio. Aplicações orientadas a processos
devem ser modificadas sempre que há uma mudança no processo de negócio suportado por elas. O
presente trabalho apresenta uma análise e a classificação das mudanças aplicadas a um caso, tanto ao
nível de esquema como a nível conceitual.
Introdução
5
Alunos do Mestrado Profissional em Engenharia da Produção da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
/ FSG.
68
Justificativa
Desenvolvimento
Todo o trabalho importante realizado nas empresas faz parte de algum pro-
cesso (Graham e Lebaron, apud Gonçalves, 2000, p. 7). Na concepção mais fre-
qüente, processo é qualquer atividade ou conjunto de atividades que toma um
input, adiciona valor a ele e fornece um output a um cliente específico (Gonçal-
ves, 2000). Mais formalmente, um processo é um grupo de atividades realizadas
numa seqüência lógica com o objetivo de produzir um bem ou um serviço que
tem valor para um grupo específico de clientes (Hammer e Champy, apud Gon-
çalves, 2000, p. 7).
A visão horizontal das empresas é uma maneira de identificar e aperfeiçoar
as interfaces funcionais, que são os pontos nos quais o trabalho que está sendo
realizado é transferido de uma unidade organizacional para as seguintes (Rum-
mer e Branche, apud Gonçalves, 2000, p. 11). São nessas transferências que
ocorrem os erros e a perda de tempo, responsáveis pela maior partes da diferen-
ça entre o tempo de ciclo e o tempo de processamento nos processos empresari-
ais.
A tecnologia tem um papel fundamental no estudo dos processos empresa-
riais. Ela influencia tanto a forma de realizar o trabalho como a maneira de ge-
renciá-lo.
Entre todas as tecnologias empregadas nas empresas, a tecnologia de in-
formação (TI) tem importância especial para a abordagem de processos. Além
da sua utilização na automatização de tarefas e na própria execução dos proces-
sos, ela pode ser empregada em diversas atividades de apoio e gestão desses
processos: na visualização do processo, na automatização do que é interessante
automatizar, na execução e na gestão do processo, na sincronização das ativida-
des, na coordenação dos esforços, na comunicação dos dados, na monitoração
automática do desempenho, etc.
70
WORD DRAWING
PRODUTO
WORD DRAWING
PROCESSO
ESTRUTURA
Conclusão
Referências bibliográficas
A territorialidade no planejamento
do turismo
Luiz E. Brambatti*
Resumo – A intenção deste trabalho é elucidar de que forma o espaço, o território pode se transfor-
mar em âncora para um roteiro de desenvolvimento local servindo de base para o surgimento do
negócio do turismo. O território passa a ser uma estrutura sobre a qual se estabelece um sistema
mercantil que envolve a tradição e a identidade cultural como negócio.
Não são apenas os espaços de entrada e saída do fluxo turístico que preci-
sam ser dimensionados. Também os espaços de destinação final. É neste espaço
que ocorre a realização do imaginário do turista. Buber (1957, p. 161), numa
discussão sobre a fenomenologia existencial, afirma ser a espacialidade o come-
ço da consciência humana, o distanciamento primário. Somente os homens são
capazes de objetivar o mundo, afastando-se dele, por serem, antes de mais nada
seres espaciais. Sem entrar na discussão do existencialismo proposto em Sartre
no L’être e le Néant, a fenomenologia existencial de Buber, acaba por ser de-
terminante na questão da espacialidade discutida no turismo, pois provoca este
afastamento da consciência, do ser em si para o ser -para-si, que parece a prin-
cípio, tratar-se de uma questão de ordem metafísica, ontológica.
A abordagem não leva em consideração apenas o espaço físico, enquanto
“o lugar do destino”, mas como este mesmo espaço realiza o distanciamento
primário que ocorre a nível da subjetividade. Surge então a relação com o ambi-
ente natural e com o ambiente construído como capaz de satisfazer a demanda
de prazer, da fuga do cotidiano, de interação com outras culturas, pessoas e rea-
lidades, próprias das motivações que levam as pessoas a viajarem. Soja (1993,
p. 163) caracteriza esta relação como uma profunda simbiose entre o individuo e
o meio ambiente, entre a geografia humana e a história humana. Cita Sartre, na
Questão do Método:
“O meio ambiente de nossa vida, com suas instituições, seus instrumentos, suas infi-
nidades culturais [...] seus fetiches, sua temporalidade social e seu espaço hodológico
– também isso deve tornar-se objeto de nosso estudo [...] Produto de seu produto
moldado por sua obra e pelas condições sociais da produção, o homem existe, ao
mesmo tempo, em meio a seus produtos, e fornece substância dos “coletivos” que o
consomem.”
Já Barretto (2001) afirma que a experiência turística está em viver uma fan-
tasia, consciente ou inconscientemente, enquanto experiência dos viajantes, tan-
to nas épocas pretéritas quanto na atualidade, conviver com a realidade cotidia-
na.
A configuração do espaço passa a ser importante no desenvolvimento do
turismo enquanto possibilidade de produzir o encantamento, a fantasia e a reali-
zação do que Buber define como distanciamento primário, como questão onto-
lógica, que está presente em Sartre, Heidegger e Husserl.
O espaço na sua objetividade, é um simples estar, que não tem existência a
não ser na sua relação com a consciência humana. Esta por sua vez está mediada
pela cultura e pela identidade, pela história humana. Mais uma vez recorremos a
81
Barretto (2001, p. 19) ao afirmar que pelo contato do turista com o residente,
ocorrem trocas culturais que desencadeiam processos plenos de contradições,
tensões, questionamentos, mas que, sincrônica ou diacronicamente, provocam o
fortalecimento da identidade e da cultura dos indivíduos e da sociedade recepto-
ra e, muitas vezes, o fortalecimento do próprio turista que na alteridade, se re-
descobre.
O guia sobre as Rotas do Vinho de Villafranca de Penedès, Espanha, carac-
teriza a cultura, a história, a natureza e os monumentos como a “oferta turística
tradicional”, mas que não aportam experiências sensitivas de práticas milenares
como o sabor do vinho, que está ligado à paisagem, à cultura, às habilidades
artesanais do homem. Segundo o mesmo manual, este encontro pode ser o veí-
culo que nos aproxime das raízes humanas, de nossas terras e de nossa paisa-
gem, de nossa gente e de seu humanismo, de nossos sentidos mais profundos e
ao prazer de degustar um bom vinho... (Miralbell y Iizard, 1999).
A paisagem e o patrimônio ambiental são naturalmente a matéria-prima do
turismo, principalmente do turismo rural. No entanto o encantamento só aconte-
ce se houver a vivência de ações que são fecundadas pela cultura, o que constitui
o espaço criado. Há uma relação fundamental entre turismo e espaço, espaço
natural e espaço criado.
Milton Santos (1996, p. 52), conhecido geógrafo brasileiro, refere-se a uma
apropriação dos conceitos de espaço e territorialidade, temas tradicionais da
Geografia, por sociólogos como Giddens, Bauman, Guatari.Santos afirma que o
território mostra todos os movimentos da sociedade “é o lugar que dá conta do
mundo”. Há nele uma empiricização do mundo. Santos se refere também a idéia
de “espaço banal”, desenvolvido por François Perroux e apropriado por Castells,
no qual se realiza a vida coletiva, enfatizando que o local é a realização possível
num dado momento, sob a orientação de vetores dinâmicos.
Ferrara (1996) afirma que a viagem corresponde aos deslocamentos espaci-
ais que demarcam suas diferenças concretas a partir das paisagens que revela e,
sobretudo, pela visibilidade que, imaginariamente produz. Entre estas “visibili-
dades”, que Jameson (1993) distingue como experiências sociais, estão as via-
gens e o turismo, mas com um olhar que pode ser de conquistador.
Utilizaremos este olhar de conquistador do imigrante europeu, para expli-
car o processo migratório da Itália para o Rio Grande do Sul no final do século
XIX. Os imigrantes utilizavam a expressão “fazer a América – Far la Mérica”,
o que significava conquistar a América, selvagem e constituída de um espaço
natural inóspito, que seria transformado em espaço civilizado, através do desen-
82
6
O que será esta América? Trecho da canção –hino da imigração italiana no Rio Grande do Sul “Mérica,
Mérica”.
7
“Um dos períodos mais difíceis da história da Itália foram os anos seguintes a 1870, logo após a unificação
italiana. para Machado (1999) “o conjunto da população rural italiana sofreu uma série de impactos sociais
com as transformações políticas e econômicas processadas pela unificação. A política econômica do novo es-
tado procurou privilegiar o desenvolvimento industrial da região norte do país, a partir de uma drenagem de
recursos do sul e do conjunto do meio rural, o que acentuou os desequilíbrios regionais e setoriais já existen-
tes. a desarticulação dos mercados regionais, a política de rebaixamento de salários e dos preços dos produtos
agrícolas acompanhada por um aumento dos impostos, tornou muito difícil a vida no campo. o desenvolvi-
mento industrial urbano, ainda incipiente, não tinha condições de absorver a mão-de-obra rural”.
Ao problema da crescente concentração da propriedade das terras se somava o sofrimento causado pelas
guerras de independência e a guerra com o império austro-húngaro. assim, como no resto da Europa, o pro-
blema social das populações mais pobres deve ser entendido a partir das transformações sociais da época. a
imigração foi uma solução encontrada. para a população mais pobre, a imigração significava uma chance de
melhorar as condições de vida. “[...] grupos familiares, camponeses do norte italiano com alguma poupança,
grandes expectativas de se tornarem proprietários de lotes maiores e viverem com mais liberdade e em maior
abundância, caracterizavam os emigrantes que entraram na província do rio grande do sul entre 1875 e 1880”.
Das Américas vinham notícias de falsos paraísos para os que decidissem emigrar, mas também existia uma
imprensa crítica que revelava as doenças e as dificuldades. “Com freqüência, o discurso oficial italiano (e a
própria historiografia produzida pelos descendentes de imigrantes) procurou caracterizar da criação de uma
força de trabalho livre numa situação de grande desenvolvimento agrícola, sob condições de oferta potenci-
almente escassa de mão de obra… o que, em primeiro lugar, induziu os fazendeiros a introduzir o trabalho li-
vre foi a consciência de que os imigrantes como camponeses ingênuos iludidos pelas miragens vendidas pela
má-fé dos agentes de migração. porém, na maioria das vezes, os agentes eram malvistos e desprezados pelos
camponeses” (Machado, in Brambatti e Sanocki, 2002, p. 52-53).
83
“assim era esta região ainda em 1875, quando os imigrantes, que também podem ser
considerados como primeiros povoadores, começaram a chegar à base do Morro Cris-
tal, então conhecido como Morro da Torre, em Nova Palmira, e chegaram à primeira,
Segunda e Terceira Légua, já medidos pelos agrimensores, e conhecidos após pelo
nome de Núcleo Colonial aos Fundos de Nova Palmira”.
Num relato da época, compilado por Álvaro Franco, há a descrição do per-
curso da família de José Eberle, do Porto dos Guimarães até o Campo dos Bu-
gres:
“Era aí que se organizavam as tropas de mulas, as quais trilhando picadas, vencendo
escarpas, resvalando em sulcos mal abertos, por entre despenhadeiros que se compri-
miam um junto ao outro, como em crispações de uma natureza desenfreada, galgavam
o platô ridente, em que hoje está situada a cidade de Caxias, então minúsculo agru-
pamento de colonos, denominado Campo dos Bugres [...]. Entre os tropeiros que, nes-
ta época gozavam de grande fama, sendo considerado um dos melhores vaqueanos da
região, incluía-se um tal Giuseppe Leonardi, vulgo Nonnez. À sua larga experiência e
zêlo José Eberle resolveu confiar a tarefa de transportar sua familia e a preciosa carga
que trouxera da Itália (Abramo Eberle tinha 4 anos, e seu irmão, Eugênio, 6 anos. Jo-
sé Eberle perdeu uma filha Maria Luiza, de pouco mais de um ano, sepultada nas ma-
tas virgens do vale do Caí, no caminho para o Campo dos Bugres). E assim os Eberle
foram incluídos numa dessas tropas de cargueiros e, grimpando por um morro a pi-
que, onde havia sido loteada a chamada 3ª Légua, lá foram rumo a seu novo destino,
representado pela incipiente colônia Campo dos Bugres” (Franco, 1943, p. 40-41).
Os engenheiros encarregados da medição das terras e abertura de estradas
consignaram várias referências à Estrada Rio Branco, no alargamento e melhori-
as.
Em 1877, sob a então direção da colônia do engenheiro Guilherme Gree-
nhalgh, juntamente com o Engenheiro Antonio Pinto da Silva Valle, cita que foi
“derrubada a construção de 3 quilômetros da Estrada Rio Branco, entre o prazo
n. 32 da 3ª Légua e o lugar denominado Nova Palmira” (Adami, s.d., p. 156).
Em seguida, de 7 de novembro de 1877 até 9 de setembro de 1878, o enge-
nheiro Higynio José dos Santos, na relação dos trabalhos efetuados, relata a
“exploração de uma pequena extensão da estrada Rio Branco e abertura do res-
pectivo picadão” (ibid., p. 157). Já o engenheiro João Carlos Muniz Bittencourt,
serviu de 26 de novembro de 1880 até 4 de outubro de 1881. Dentre os trabalhos
efetuados, ficou consignado a “derrubada de 12 ditos na que é denominada Rio
Branco” (ibid., p. 157).
O Engenheiro João Maria de Almeida Portugal, “construiu mais 13 quilô-
metros na Estrada Rio branco e bem assim alguns boeiros de pedras na mesma
85
2 Os roteiros de turismo
8
Segundo Sanjaya Lall, do Banco mundial, cluster é uma rede de funções conectadas, atividades que se relaci-
onam numa cadeia industrial de valor, são uma aglomeração geográfica de diferentes atividades. Segundo
Michel Porter, da Universidade de Harvard, são várias indústrias e/ou empresas relacionadas, todas bem su-
cedidas no mesmo local, que atuam de forma competitiva no mercado. Também constituem uma cadeia pro-
dutiva, com empresas de apoio, assessorias qualificadas, pesquisa e desenvolvimento (Lopes Neto, 1998).
89
Referências bibliográficas
SANTOS, Milton. Território e sociedade. 2. ed. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 1996.
SARTRE, J.-P. Question de methode. In: SOJA, Edward. Geografias pós-modernas. Rio de Janeiro:
Zahar, 1993.
SOJA, Edward W. Geografias pós-modernas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.
YÁSIGI, Eduardo et al. Turismo: espaço, paisagem e cultura. São Paulo: Hucitec, 1996.
92
93
Heverton Padilha*
1 Introdução
*
Texto extraído e adaptado da tese de mestrado – Sistemática e estratégia de comércio internacional – defen-
dida em fevereiro de 2002, pelo autor. Engenheiro. Professor de Comércio Internacional da Faculdade da Ser-
ra Gaúcha.
94
cional oriundas das estratégias centrais de cada país. Desta maneira os profissio-
nais puderam compreender como uma estratégia global pode trabalhar e direcio-
nar para oportunidades de internacionalização. A fig. 2 representa os vários ní-
veis de estratégias globais e seus sistemas de força, ou seja, como e de onde
devem originar cada um dos eventos.
Habilidade da
organização em
implantar uma
estratégia global
DEFINIÇÃO
DOS OBJETIVOS
Acordar os Objetivos;
Buscar melhores Objetivos;
Eficiência de Execuções.
102
Andréia Hrihorowitsch10
Emir José Redaelli
Gilberto Gomes Guedes
João Dal Bello
Resumo – Os integrantes deste grupo de trabalho são profissionais da Faculdade da Serra Gaúcha
que, cientes da necessidade de utilizar cada vez mais a Tecnologia da Informação na busca constante
da qualidade nos serviços prestados, identificaram que o atual registro do Diário de Classe da Insti-
tuição pode ser aprimorado, contribuindo ainda mais na relação aluno/professor/instituição no acom-
panhamento dinâmico do desempenho e da freqüência do aluno, assim como, dos conteúdos desen-
volvidos em aula, frente à ementa e o plano de ensino proposto para a disciplina. Entendemos ser,
dentre outros, um dos aspectos fundamentais para que os profissionais formados pela FSG sejam
claramente diferenciados por sua atuação efetiva no mercado de trabalho.
O desenvolvimento do e-Diário de Classe, busca ser uma ferramenta pedagógica como instru-
mento a mais na interface do professor, aluno e Instituição no processo de construção do saber, na
proposta de ação-reflexão-ação, posto que todos os envolvidos poderão estar cientes dos estágios das
atividades desenvolvidas, efetivando-se um relacionamento de caráter participativo construtivista.
10
Professores da FSG e alunos do Mestrado Profissional em Engenharia da Produção da UFRGS:
Andréia Hrihorowitsch Ecker – Formada em Administração e mestranda em Engenharia da Produção – ênfa-
se em Serviços, pela UFRGS.
Emir José Redaelli – Engenheiro mecânico, Advogado, pós-graduado em Marketing pela FGV-RJ e mestran-
do em Engenharia da Produção – ênfase em Serviços pela UFRGS, professor da FSG.
Gilberto Gomes Guedes – Administrador e Analista de Sistemas, mestrando em Engenharia da Produção –
ênfase em Serviços, pela UFRGS, professor da FSG.
João Dal Bello – Advogado, Administrador com pós-graduação em Administração Financeira e em Recursos
Humanos; mestrando em Engenharia da Produção – ênfase em Serviços, pela UFRGS, Diretor da FSG.
104
Abstract – The members of this work group are professional of Serra Gaucha's College that, aware of
the need of using the Information Technology more and more in the constant search of the quality in
the rendered services, they identified that the current registration of the Class Diary of the Institution
can aid the student, the teacher and the own Institution indeed in the dynamic attendance of the act-
ing and of the student's frequency, as well as, of the contents developed in class, front to the amend-
ment and the teaching plan proposed for the subject. We understood to be these one of the funda-
mental aspects so that the professionals formed by FSG are clearly differentiated by his performance
executes in the job market.
The development of the e-Class Diary, search to be more a pedagogic tool as a instrument in
the teacher's interface, student and Institution in the process of construction of the knowledge, in the
action-reflection-action proposal, position that all involved can be aware of the apprenticeships of the
developed activities, being executed a relationship of construtivist participative character.
The technology works as a platform to transform the data in knowledge. The organizations are
expanding the technology, like this the information itself become the main component of the
knowledge. The Internet is the expressed road for the spreading of the data.
1 Introdução
2 Justificativa
3 Objetivos
4 Desenvolvimento
uma cópia da prova gabaritada para fins de registro e comprovação do teste apli-
cado.
Ao final de cada aula, o professor entregaria o Diário de Classe preenchido,
assinado e datado à Secretaria Acadêmica, substituindo com isto o preenchimen-
to da Lista de Presença.
No dia seguinte, a Secretaria Acadêmica lançaria as informações no siste-
ma de Gestão Acadêmica. Ao encerrar a digitação dos dados da turma, automa-
ticamente o sistema dispararia o envio de um e-mail aos alunos ausentes, infor-
mando o conteúdo desenvolvido.
As informações referentes ao conteúdo programático desenvolvido em au-
la, serão disponibilizadas no site da Faculdade, com acesso restrito de consulta
aos professores e alunos.
As informações referentes aos alunos como necessidades e descrição de
comportamento e perfil, serão alimentadas somente no sistema de Gestão Aca-
dêmica e não estariam disponíveis no site.
Destacamos que a cada aula o Diário de Classe que o professor retiraria na
Secretaria Acadêmica, conteria as informações registradas até a aula anterior, ou
seja, com o saldo de faltas de cada aluno nominais e percentuais bem como o
conteúdo programático desenvolvido. E, de acordo com o Cronograma do Plano
de Ensino, constaria no Diário de Classe o conteúdo programático previsto para
efetivo desenvolvimento naquele dia.
Eventualmente toda e qualquer alteração nos dados já entregues à Secreta-
ria, poderiam ser feitas mediante a solicitação por escrito por parte do professor
no próprio Diário de Classe, preservando-se desta forma o histórico dos eventos.
Entendemos que algumas dificuldade surgiriam na implantação desta pro-
posta, tais como:
O professor não retirar ou retirando não entregar no final da aula o for-
mulário do Diário de Classe preenchido, ou ainda, entregar não preen-
chido ou parcialmente preenchido ou mesmo, de forma ilegível;
Resistência em mudar uma rotina de trabalho;
Aumento do custo da Secretaria para administração deste processo, tais
como custo operacional, de material de expediente e de acompanha-
mento e monitoração preventiva a nível de assiduidade e desempenho
do aluno e de conteúdo desenvolvido pelo professor.
Mas, entendemos que estes itens, entre outros, são perfeitamente adminis-
tráveis diante das vantagens visualizadas:
109
5 Conclusões
Durante os últimos quase cinqüenta anos de difusão e uso crescente dos re-
cursos das comunicações e da informática, aprendemos e criamos muito nas
atividades econômicas, culturais e sociais, com acesso fácil ao conhecimento.
Neste artigo mal tocamos na riqueza e variedade das técnicas brilhantes aplica-
das ao longo do período noticiado. Parece fato que nosso aprendizado durante
esse tempo ainda não foi suficiente para levar os computadores para dentro das
salas de aula de forma regular, como instrumento de ação pedagógica. Ainda
prevalecem as práticas de aulas expositivas, apresentações da matéria em quadro
e giz, com alunos, em sua maioria, ainda como assistentes passivos receptores
do conhecimento transmitido pelo professor, do que agentes ativos do processo
da busca e absorção do conhecimento. O computador está nas escolas mais para
controles burocráticos do que para utilização no ensino efetivo. Isso só revela
que o problema de incorporar novas tecnologias de forma massificada e contí-
nua é realmente bastante complexo.
110
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ro: Campus, 1990.
Agradecimentos
Os autores agradecem as aulas de conteúdo com aproveitamento indiscutí-
vel, ministradas pelo Professor Leonardo Rocha, da UFRGS, durante o curso de
Mestrado em Engenharia da Produção com ênfase em Serviços.
112
113
Resumo – A Escola de Relações Humanas instigou muitos autores a estudar a motivação do traba-
lhador em relação às suas tarefas e responsabilidades. Embora a maioria desses estudos tenha focali-
zado o equilíbrio entre os fatores internos e externos de uma genuína motivação para o trabalho,
alguns se destacaram pela ênfase em apenas um dos pólos. Num extremo, B. F. Skinner, com a Teo-
ria Behaviorista, apresenta o comportamento humano exclusivamente moldado por estímulos exter-
nos, de forma quase independente dos sentimentos, valores ou intenções internas do sujeito. No outro
extremo, a Teoria do Flow de Csikszentmihalyi, focalizando os aspectos intrínsecos da motivação
como determinantes do comportamento, e colocando sobre os ombros do indivíduo a possibilidade e
a responsabilidade por manter-se satisfeito e motivado mesmo nas situações profissionais mais ári-
das. O artigo apresenta e discute a teoria do flow, procurando compreender suas origens e inseri-la no
contexto das demais teorias motivacionais.
*
Doutora e Mestre em Administração/PPGA/UFRGS, professora da PUCRS/FACE/MAN, e -mail: sgene-
rali@pucrs.br
**
Doutor em Economia/Columbia University, professor da UFRGS/EA/PPGA, e-mail: fasantos@adm.ufrgs.br
114
1 Introdução
que considerasse plausível transpor os resultados das suas pesquisas para a psi-
coterapia e a educação.
Skinner desenvolveu sua teoria a partir dos seguintes conceitos básicos:
Condicionamento respondente: quando o organismo responde automa-
ticamente a um estímulo. Corresponderia ao comportamento reflexo.
Condicionamento operante: é aquele que é controlado por suas conse-
qüências e não por seus antecedentes, ou seja, o comportamento pode
tornar-se mais forte ou mais fraco de acordo com o que acontece depois
da resposta.
Reforço: qualquer estímulo que aumenta a probabilidade de uma res-
posta.
Reforço positivo: causa o comportamento desejado.
Reforço negativo: elimina o comportamento indesejado.
Reforço primário: recompensas físicas diretas.
Reforço secundário: recompensas por estímulos primariamente neutros,
que são associadas a reforços primários e passam a ter poder reforça-
dor.
Punição: não elimina comportamento, apenas o reprime. Ele tende a re-
tornar disfarçado ou ligado a outro comportamento.
A teoria Skinneriana vem sofrendo uma série de críticas, desde 1938,
quando Skinner começou a publicar seus trabalhos. Poder-se-ia dizer que, a co-
meçar pelos psicanalistas, praticamente teóricos de todas as escolas da psicolo-
gia teceram indagações e lançaram dúvidas sobre os trabalhos de Skinner.
Um de seus conceitos mais polêmicos é o de “ficções explanatórias”, que
incluem a autonomia, a criatividade, a dignidade e a liberdade. Por “ficção ex-
planatória” o autor entende que seja tudo aquilo que os não-behavioristas utili-
zam para descrever o comportamento. Explica ele:
“Penso que a principal objeção ao behaviorismo é o fato das pessoas serem tão apai-
xonadas pelo aparato mental. Se você diz que isso realmente não existe, é ficção, e
que devemos voltar aos fatos, então eles vão ter de renunciar ao seu primeiro amor”
(Skinner, apud Fadiman e Frager, 1986, p. 212).
Segundo o próprio Skinner, seus principais críticos acusam-no de ignorar a
consciência, os sentimentos e os estados mentais; negligenciar os dons inatos e a
personalidade como um todo; descrever a pessoa como um robô, um fantoche,
ou uma máquina; não apresentar uma explicação satisfatória dos processos cog-
nitivos e criativos; não considerar as intenções e propósitos, não admitir o papel
120
Quando muitos acreditavam que tudo já havia sido dito em termos de mo-
tivação, surge no cenário acadêmico um novo conceito: a Experiência Máxima,
apresentada por Mihaly Csikszentmihalyi no livro Flow: the psychology of op-
timal experience, traduzido na versão brasileira por Psicologia da felicidade,
título que não retrata a complexidade do tema (Csikszentmihalyi, 1991, 1992).
Preocupado com aspectos criativos, cognitivos e motivacionais (Csikszen-
tmihalyi, 1996, 1992), o autor percebeu que o mesmo “estado de espírito extra-
ordinário” encontrado em artistas (o pintor que pinta uma aquarela, por exem-
plo), também poderia ser encontrado em outras pessoas, trabalhando em ativida-
des “sem atrativos”, comuns, “desglamourizadas”. A obra de Csikszentmihaliy
quer, assim, restituir às pessoas comuns a possibilidade de obter satisfação no
dia a dia, não somente através de acontecimentos excepcionais, inesperados e
raros.
Em primeiro lugar, o que é chamado aqui de “estado de espírito extraordi-
nário” é o que Csikszentmihalyi chamou da experiência de fluir ou flow.12 Esse
estado ocorre quando o indivíduo, motivado e capacitado para a atividade, sen-
11
Um exemplo bastante atual de gerenciamento com reforço skinneriano encontra-se nas gratificações financei-
ras por atingimento de objetivos previamente acordados.
12
Como nos falou Howard Gardner em Porto Alegre, em julho de 1997, flow é um termo técnico. Não deveria
ser traduzido.
121
te-se desafiado pela tarefa, concentra-se de forma extrema na sua resolução até o
ponto de perda da noção de tempo e emprega ao máximo suas capacidades. Ao
mesmo tempo em que realiza grandes esforços, não os percebe como tal, pelo
menos no sentido negativo do termo (no sentido de sacrifício, de exaustão), jus-
tamente porque os esforços são realizados em direção a suas próprias metas, e
não a fim de atender metas alheias. Há uma sensação de controle (da situação e
de autocontrole), onde a atividade é o fim em si mesma. A satisfação não se
encontra apenas nos resultados, mas no processo como um todo, o que permite,
por si só, uma sensação muito mais prolongada e enriquecedora. Essa é, aliás, a
origem do termo empregado muitas vezes pelo autor, autotélico. Do grego, auto
(por si mesmo) e telos (finalidade), daí a personalidade autotélica, aquela que
busca a satisfação independente das circunstâncias, que aprecia o caminho e não
somente a chegada.
O flow é diferente de apenas sentir prazer. O prazer, embora indispensável
à felicidade humana, pode ser considerado como um elemento absorvido pas-
sivamente, de caráter fugidio, que não traz lembrança de satisfação e não gera
crescimento pessoal. Por outro lado, o flow é duradouro, há sensação de controle
dos eventos e crescimento pessoal, advindo a satisfação da superação dos obstá-
culos. Enquanto o prazer é um importante componente da qualidade de vida,
mas não traz felicidade por si só, o flow gera crescimento psicológico e aumenta
a complexidade do ser. As diferenças entre prazer e satisfação ficam nítidas
quando se pensa nas formas de aproveitamento das capacidades sensoriais. No
que se refere ao paladar, por exemplo, pode-se devorar um prato de comida e
obter o prazer de saciar a fome ou pode-se saborear lentamente uma refeição
requintada, identificando os temperos, ervas, aromas e sabores, ou ainda tentar
preparar o próprio alimento, enfrentando os desafios de combinar adequadamen-
te os ingredientes. Csikszentmihalyi (1992) enfatiza que as experiências de flow
podem não ter sido exatamente agradáveis na época em que ocorreram. Um cer-
to grau de sofrimento e angústia, grande esforço e momentos de incerteza quase
sempre são associados aos processos que conduzem ao flow. A diferença está
em que, depois que as experiências aconteceram, elas podem ser recordadas
como positivas e ensejadoras de crescimento pessoal.
Para que a experiência de satisfação plena possa ocorrer, necessitamos de
um equilíbrio dinâmico entre capacidades e desafios. Alta capacidade e baixo
desafio leva ao tédio. Alto desafio e baixa capacidade leva à ansiedade. Segundo
o autor, é impossível fazermos por um longo tempo a mesma tarefa, com o
mesmo nível de complexidade, sem ficarmos frustrados ou entediados. Logo, o
122
13
Anna Freud escreveu em 1946 que a palavra “defesa” foi utilizada por Freud a partir de 1894, quando ele
divulgou o estudo The defence neuro-psychoses, “para descrever a luta do ego contra idéias ou afetos doloro-
sos ou insuportáveis” (Freud, Anna, 1978, p. 36).
124
14
Csikszentmihalyi trabalha com o conceito de busca de desafio, e não propriamente de significado. Pode-se
aqui sugerir dois tipos de entendimento: primeiro, o fato de se encontrar algum tipo de desafio no trabalho
torna-o, de alguma forma, significativo; ou, numa segunda interpretação, a existência de um desafio leva o
indivíduo ao crescimento e torna sua vida mais significativa, no sentido proposto por Viktor Frankl (1991).
129
ceis, mas que, mais cedo ou mais tarde, tornam-se familiares e, portanto, desinteres-
santes e, até mesmo, entediantes, de forma que recomeça a busca por variedade, por
novidade e por trabalho que exija um nível mais elevado de habilidade” (Maslow,
2000, p. 45).
E como não relacionar o flow e o “perder-se” com a citação de Maslow
transcrita a seguir?
“Um ponto a destacar sobre este negócio [auto-realização e tolerância à frustração] é
que o trabalho de auto-realização transcende o eu, sem tentar fazê-lo, e alcança o tipo
de perda de consciência e de autoconsciência que os orientais, os japoneses, os chine-
ses e povos assim continuam tentando alcançar” (Maslow, 2000, p. 12).
Prossegue o autor, enfatizando a total entrega do indivíduo ao trabalho sig-
nificativo, em estado de flow: “[...] porque a causa para a qual se trabalha no
trabalho de auto-realização é „introjetada‟ e se torna parte do eu, de forma que
não há mais diferença entre o mundo e o eu” (Maslow, 2000, p. 12).
Obviamente, não estamos querendo, em momento algum, negar a origina-
lidade do trabalho de Csikszentmihaliy. Todo o conhecimento se constrói a par-
tir de conhecimentos pré-existentes. Um cirurgião que desenvolve uma nova
técnica de transplante cardíaco não tem mérito menor por não ter sido o primei-
ro anatomista a localizar o coração e descrever suas funções. Destaca-se aqui, ao
contrário, a grande interação entre os autores das teorias motivacionais, a come-
çar pelo próprio Maslow, que comenta McGregor e tantos outros, e o salto qua-
litativo dado pelo autor de flow, ao resgatar e ampliar conceitos quase esqueci-
dos pela história da administração e considerados de menor importância em
Maslow.15
6 Conclusões
15
Este estudo não estaria completo se não citasse Edward L. Deci (1998), cuja obra, sobre automotivação, é
muito semelhante à de Csikszentminhalyi, e tem sido difundida no Brasil por Cecília Bergamini.
130
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