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PROPOSTA PARA APLICAR TJ: O ESQUELETO DE UMA TEORIA DA JUSTIÇA “ENCARNADA”, SAUDÁVEL E PROPOSITIVA

Fragmentos do texto:

José NEDEL.
In: Cadernos IHU Ideias.
Ano 1, n. 1, 2003, p. 1-18.

p. 1 (p. 2 no verso)
TABELA: O MODELO RAWLSNIANO DA JUSTIÇA Esse seria o papel ou o compromisso público e privado de todos a favor
do social. Em outras palavras, uma espécie de compromisso comum, de forma
que o Estado - com una carga tributária pesada - possa olhar para os excluídos
e “banais” (para reinterpretar a expressão de Arendt). Embora o papel central
seja assumido pelo Estado, as empresas, Universidades e outras instituições
sociais também deveriam se associarem e assumir tal compromisso. Em poucas
palavras, esta seria a espinha dorsal de um compromisso moral voltado a superar
a situação de fome e de pobreza. No caso da Bolsa Família, a grande parte dos
cartões estão no nome de mulheres. Com isso, as mães são as encarregadas de
gestionar o dinheiro, um modo de garantir a participação da mulher/mãe na vida
pública. Para Rego e Pinzani, “as mulheres, a partir do recebimento do dinheiro,
se apoderam de alguma forma da capacidade humana, como a de eleger
determinadas opções, inclusive de ordem moral” (2014, p. 204).
Para Rego e Pinzani, a educação das mulheres reforça a cultura “voltada
De forma bastante resumida, trata-se, por um lado, de garantir os dereitos
à valorização suprema das virtudes e dos valores ligados à vida privada e de
mais abrangentes da liberdade (A), de modo que o sistema total da liberdade
básica seja compatível com um sistema igual a todas as liberdades. Por outro, conteúdos vinculados aos princípios da autonomia moral e do autogoverno”
uma forma de garantir que os de abaixo de C saiam da zona do inaceitável – fora (2013, p. 51-52). Para esses autores, existe um “carácter republicano” pois essas
portanto de “d” –, ou seja, assegurar compromissos públicos e privados para que virtudes e valores contribuem para o processo de formação de cidadãos e
eles possam entrar e fazer parte do âmbito tolerável (entre B e C), porque esse
mínimum inaceitável indica uma situação nada compatível com o ideal de justiça. indivíduos responsáveis diante de sua comunidade política” (2013, p. 70-71). Em
Por isso, a prioridade das políticas distributivas se voltam aos menos favorecidos. outras palavras, através do programa de distribuição de renda, existe também a
Daí, então, os que estão na zona de “f” tenham prioridade, não somente porque possibilidade de mudança na autoestima e no amor próprio dessas mulheres,
são os desfavorecidos, mas porque têm prioridade sobre os demais. Em outras
possibilitando-lhes não apenas o acesso à renda, mas fortalecendo também a
palavras, porque as políticas públicas e/ou sociais se centram naqueles que
durante décadas foram "injustiçados”. Deste modo, pouco a pouco, eles poderão interação social e a solidariedade compartilhada.
conseguir uma qualidade de vida de acordo com as condições mínimas, isto é,
situando-se entre B e C. REGO, W. L.; PINZANI, A. Vozes do Bolsa Família. Autonomia,
dinheiro e cidadania. São Paulo: Editora Unesp, 2013.

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