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EXPOSIÇÃO ORAL | POEMA “AQUELA NUVEM

PARECE UM CAVALO”
“Aquela nuvem parece um cavalo…” é um poema de José Gomes Ferreira. Nasceu no
Porto a 9 de junho de 1900 e morreu a 8 de feveireiro de 1985. Licenciou-se em Direito
e o seu primeiro contacto com a poesia foi no Liceu de Camões e de Gil Vicente. A sua
obra-prima é a “Intervenção Sonâmbula”.

Relativamente à extrutura externa o poema tem 7 estrofes e em cada uma existe um


número irregular de versos.
“Aquela nuvem/parece um cavalo…” – Dístico (2 versos)
“Ah! Se eu pudesse montá-lo!” – Monóstico (1 verso)
“Aquela? (…) É uma barca à vela.” – Terceto (3 versos)
“Não faz mal./ Queria embarcar nela.” – Dístico (2 versos)
“Aquela? (…) onde encerraram uma donzela.” – Quintilha (5 versos)
“Não faz mal. (…) para a espreitar da janeça.” – Terceto (3 versos)
“Vá, lancem me no mar (…) concreto e irreal…” – Oitava (8 versos)
Cada verso tem um número irregular de sílabas métricas e o esquema rimático é o
seguinte: a-b-b-c-b-c-d-c-c-e-c-e-c-d-f-e-g-h-i-j-k-l-k.
Podemos concluir então que quanto à extrutura externa o poema é bastante irregular,
pouco semelhante com a maior parte dos poemas com os quais temos habitual
contacto. Esse foi também o principal motivo que nos levou a escolher este poema, a
curiosidade de interpretar algo fora do comum.

O poema foca na história de um menino, o sujeito poético, que se encontra na praia, a


observar nuvens.
Nos primeiros versos, o menino começa por interpretar a forma da nuvem e concluir
de que se trata de um cavalo cobiçando montá-lo. Mas uma nuvem está em constante
movimento e consequentemente vai mudando de forma, de maneira que, mais tarde,
o menino crê que a nuvem se transformou num barco à vela e deseja navegá-lo. Por
fim, depois de muitas transformações a nuvem aparenta ser uma Torre Amarela e mais
uma vez o menino almeja interagir com ela, desta vez quer ganhar asas para espreitar
à sua janela. Podemos concluir que a primeira parte do poema pretende mostrar o
quão a mente ingénua de uma criança é flexível, criativa, livre e fantasiosa mostrando
talvez uma das melhores facetas dos jovens. São capazes de imaginar todas as formas
possíveis que as nuvens podem adquirir.
Já quase no fim do poema o sujeito poético faz uma pedido: pede que seja lançado no
mar, que acredita ser a fonte onde as nuvens nascem, e aí partirá para o mundo da
imaginação onde os problemas do mundo real não existem, permitindo-o sonhar, ou
tal como o poema diz “tomar mil formas”. As nuvens caracterizam também uma das
ambições do rapaz que queria viver como elas, livre.
Mesmo nos últimos versos o sujeito poético exprime duas ideias contrastantes, ao
mesmo tempo que diz que as nuvens são um labirinto de sombras, associado à
escuridão, são ao mesmo tempo cisnes, um símbolo de luz e pureza. Mais uma vez
reforçando a ideia de criatividade do sujeito poético que no seu mundo da fantasia
existem muitos sentimentos e acontecimentos contrastantes, situações diversificadas.
Agora sim, no último verso, podemos identificar uma antítese, “concreto e irreal”,
onde o sujeito poético refere que efetivamente o céu é algo que existe no Planeta
Terra, composto por água, sol, vento e luz mas é ao mesmo tempo irreal porque a
imaginação do menino permite ver muito mais para além desses elementos.
Para além da antítese identificamos também alguns outros recursos como a
comparação, logo no 1º e 2ºs versos, “Aquela nuvem/ parece um cavalo…” e a
metáfora nos versos 5 e 6, “Mas já não é um cavalo,/ É uma barca À vela.”, e nos
versos 10 e 11, “Mas já não é um navio,/ é uma Torre Amarela.”

Poly
João
Bia

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