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Resumo
1
Colaboradores/Agradecimentos:
1 Introdução
2 Revisão Bibliográfica
Verifica-se que o Estado tem editado leis que coíbam as práticas de corrupção e
incentivem a implantação de programas de integridade, tanto nas empresas privadas, quanto
na administração pública direta e indireta. As principais legislações e definições sobre
programa de integridade e seu impacto nas empresas, serão tratados nos tópicos a seguir.
A cada dia se torna mais importante o tema de gestão de riscos empresariais, não
somente como uma forma de reação aos fracassos e as falhas corporativas que poderiam ser
evitados através da adequação de gerenciamento, mas também pelo seu valor estratégico nas
organizações.
De acordo com o Caderno de Riscos Corporativos do IBGC – Instituto Brasileiro de
Governança Corporativa, o instituto define risco da seguinte forma (IBGC,2017):
Costuma-se entender risco como possibilidade de algo não dar certo. Mas seu
conceito atual no mundo corporativo vai além: envolve a quantificação e a
qualificação da incerteza, tanto no que diz respeito às perdas quanto aos ganhos por
indivíduos ou organizações. Sendo o risco inerente a qualquer atividade – e
impossível de eliminar – a sua administração é um elemento-chave para a
sobrevivência das companhias e demais entidades.
Nesse contexto, é de suma importância que as empresas gerenciem os riscos, tendo por
objetivo calculá-los ou reduzir seus impactos, aumentando a previsão de suas atividades e
tornando-se mais resilientes, principalmente em cenários externos; e assim o mapeamento dos
riscos pode trazer outros benefícios operacionais (IBGC,2017):
Uma vez que a organização passa a contar com processos claros para identificar,
mensurar, reportar, monitorar e mitigar os riscos há um aprimoramento dos
controles internos, trazendo ganhos operacionais, reduzindo a possibilidade de
perdas e maximizando a eficiência e a eficácia empresarial.
De acordo com estudos, as Teorias do Agente e da Firma são fatores motivadores para
existência da Governança Corporativa. Tendo em vista que em relações contratuais, existe a
busca pela maximização de interesses, sempre uma das partes buscará benefício maior que a
outra parte, sendo mais prejudicada a parte que possuir menos informação (Carvalhal;
Bordeaux-Rêgo, 2010).
De acordo com o IBGC (2018), governança corporativa pode ser definida da seguinte
forma: “sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e
incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração,
diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas”.
O instituto enumera também princípios básicos que devem ser norteadores da
governança corporativa: transparência, equidade com sócios e demais partes interessadas,
prestação de contas (accountability) e responsabilidade corporativa (redução de
externalidades negativas e aumento das externalidades positivas) (IBGC 2018).
Quanto às companhias com registro na CVM, existem requerimentos legais para que
haja algum disclosure específico sobre gerenciamento de riscos e controles internos, o que
seria um indicador para existência de programa de integridade. O normativo que regula essa
matéria -ICVM 552/14 e suas alterações - trata dentre outros assuntos, do Formulário de
Referência (FRE), um documento periódico enviado pelas companhias contendo uma série de
informações de interesse dos investidores.
O prêmio Abrasca de Relatório Anual, através de uma comissão julgadora, avalia a
qualidade da informação (inclusive gestão de riscos e governança corporativa) nos relatórios
financeiros e não avaliam as empresas/organizações em si. Por se tratar de um concurso, as
participações são voluntárias e os resultados são disponibilizados publicamente.
No processo de pesquisa, no site da Harvard Business Review Brasil, houve a
descoberta de um levantamento feito pela Transparency International, o qual foi divulgado
em janeiro de 2018, com o objetivo de avaliar a transparência corporativa das organizações.
Esse estudo ranqueou as 106 maiores empresas brasileiras segundo dois critérios:
programa anticorrupção (forma de divulgação de informações) e estrutura organizacional. De
acordo com esse artigo, o Brasil está classificado na posição de 96º entre 180 países pelo
Índice de Percepção de Corrupção da ONG Transparency International. (FRANCO,2018)
Dessa forma o reflexo das ações tomadas pelas empresas no sentido de melhoria e
esforços em programas de integridade, governança corporativa, controles internos, gestão de
riscos, entre outros, deve estar sendo apresentado em seus relatórios a título de evidenciação.
Pesquisas anteriores estão voltadas mais para aspectos jurídicos e para implantação de
programas de integridade, compliance, controles internos, governança, riscos empresariais,
auditorias, canais de denúncia, ética empresarial entre outros instrumentos de controle.
Pouco se encontra sobre aspectos de evidenciação de informação administrativa-
financeira ocorridas pelas alterações estruturais e éticas ocorridas nas empresas em busca de
investimentos nesses tipos de controle.
Identificou-se trabalho correlato, o qual também utilizou a base de dados da
ABRASCA, e que trata sobre o baixo nível de disclosure específico sobre gerenciamento de
riscos, fator que motivou a realização da pesquisa de Wrubel et al. (2015), onde houve
conclusão de que: “o disclosure diferenciado sobre esse tema tem pouca relação com
o perfil de risco da empresa, conforme dados apresentados, sendo que a variável do perfil que
influencia é a volatilidade das ações no período, e o percentual explicado é de 25,7%.”
Em trabalho de pesquisa, De Carli (2016), após análises e simulação de custos de
investimentos em compliance à luz da Lei Anticorrupção, demonstrou e concluiu que a
diferença nos benefícios que poderiam ser auferidos de acordo com a postura das empresas:
postura ética (empresa limpa) e postura aética (empresa corrupta) poderia variar entre 5% e
0%. Caso ambas as empresas pudessem firmar acordo de leniência, a diferença seria
praticamente nula, em função dos investimentos que foram necessários para implantação de
um compliance efetivo.
Entretanto, menciona também na pesquisa que “[...] quanto maior o relacionamento
com a administração pública, mais importante será a busca da efetividade do programa ou das
medidas de compliance [...]”. Em suas conclusões Di Carli (2016) trata da maior necessidade
de fiscalização e aponta que esse fator poderia gerar uma maior busca por compliance:
Por meio da análise econômica do direito, provou-se que um agente econômico
racional não investiria em compliance, porque a utilidade esperada com a prática do
delito é muito superior à utilidade caso a empresa não praticasse o delito, em razão
da baixíssima probabilidade de ser punida.
De acordo com os resultados obtidos por Besarria e Silva (2017), em pesquisa sobre a
efetividade da governança corporativa sobre o risco dos ativos da BM&FBovespa, foi
observado que os ativos que possuem maior nível de transparência tendem a apresentar
menores níveis de variância ou risco.
3. Metodologia
A composição da amostra do prêmio anual oferecido pela Abrasca, possui ao todo 893
inscrições de organizações participantes ao longo de 10 anos (2008-2017), sendo que para 20
participantes não foi possível o acesso às notas, e dessa forma, a amostra conta com 873
empresas. Isso representa uma quantidade média de 87 empresas participantes a cada ano para
o item de Governança, enquanto que para o item de Gestão de Riscos, o quantitativo médio é
de 74 organizações, tendo em vista que as sociedades “não empresarias” não foram avaliadas
em matéria de Gestão de Riscos.
Foram selecionadas no site da Abrasca, em cada ano, as notas de cada empresa
participante, referentes aos itens Gestão de Risco e Governança, obedecendo-se à
classificação de tipos e de grupos de organizações. Foi feita a organização das notas atribuídas
na seguinte sequência: bloco por categoria (gestão de riscos e governança corporativa), onde
cada bloco possui 2 grupos de médias: a) para período de 5 anos antes da lei anticorrupção
(2008 até 2012); e b) para período de 5 anos após lei anticorrupção (2013 a 2017).
As organizações estão subdivididas em companhias de capital aberto, empresas de
capital fechado e organizações não empresariais. As companhias de capital aberto e empresas
de capital fechado estão subdivididas ainda em dois grupos (grupo 1 e grupo 2) em função de
seu valor de faturamento anual, conforme informado na metodologia de pesquisa.
As notas em cada ano foram somadas e divididas pela quantidade de organizações que
se inscreveram em cada categoria, tipo e porte. Para a média global do ano somou-se a
totalidade das notas e dividiu-se pela quantidade de empresas participantes naquele ano. Após
calculada a média anual atribuída para cada o grupo ou para todas as empresas, as 5 médias
anuais dos anos anteriores e anos posteriores à lei, foram somadas e divididas por 5
(quantidade de anos).
Depois de apurada a média dos 5 anos anteriores e dos 5 anos posteriores, foi
calculado o percentual de variação entre esses dois períodos, para comparação e verificação
da busca por melhoria nos padrões de integridade (governança corporativa e gestão de riscos)
para as empresas participantes desse prêmio, nos 5 anos anteriores e posteriores à Lei
Anticorrupção.
O Quadro 1 mostra, de forma resumida, os dados analisados por essa pesquisa,
segundo a organização e classificação apresentada pela Abrasca:
Quadro 1 – Companhias Abertas, Empresas Fechadas e Organizações Não Empresariais
Governança Corporativa /
Gestão de Risco
Organizações Governança: Práticas de gestão e controles
Avaliadas pela Média das Notas Média das Notas Variação Média das Notas Média das Notas Variação
ABRASCA Antes da Lei Após a Lei (Antes x Após) Antes da Lei Após a Lei (Antes x Após)
(2008-2012) (2013-2017) (2008-2012) (2013-2017)
Tipo de Empresa Qtde Notas Qtde Notas % Qtde Notas Qtde Notas %
Companhia Aberta 1 40 8,13 31 8,56 5,22% 40 8,34 31 8,26 -0,95%
Companhia Aberta 2 17 7,31 22 7,99 9,40% 17 7,61 22 7,75 1,88%
Média Abertas (A) 57 7,89 53 8,32 5,46% 57 8,12 53 8,05 -0,94%
Empresa Fechada 1 11 5,80 12 7,82 34,76% 11 6,57 12 8,00 21,73%
Empresa Fechada 2 9 6,61 6 7,32 10,60% 9 6,18 6 7,17 16,15%
Média Fechadas (F) 21 6,18 18 7,64 23,52% 21 6,37 18 7,71 20,95%
Não empresariais N/A N/A N/A N/A N/A 11 6,48 16 8,01 23,67%
Média Total (A+F) 78 7,45 70 8,14 9,21% 89 7,54 86 7,97 5,78%
Fonte: Elaborado pelos autores.
Foram consideradas também nas análises, as características dos grupos em termos de:
organização societária (empresa aberta/empresa fechada/não empresarial), tamanho de
faturamento, tipo de instituição (financeira ou não financeira).
Nos últimos 5 anos (2013 a 2017) a pesquisa indica, comparativamente, um menor
investimento em governança corporativa (5,78%) do que em gestão de riscos (9,21%). Uma
justificativa possível seria que um maior investimento em governança, tal como ocorreu na
pesquisa de De Carli (2016) para os investimentos em compliance, poderia não justificar os
custos de implantação ou melhoria, já que as empresas precisam priorizar os gastos que serão
feitos elevando ao máximo o nível de utilidade, e poderiam nessa lógica, justificar o
direcionado de maiores atenções e investimentos na outra área avaliada: gestão de riscos.
Entretanto cabe ressaltar que as médias observadas possuem um maior número de
“companhias abertas” participantes do prêmio Abrasca em relação à quantidade de “empresas
fechadas” e “organizações não empresariais” participantes, e esse fator reduziu o valor da
média global para ambos os índices, já que a variação média das companhias abertas foi
menor.
Além dessa observação, verifica-se que tanto para as companhias de capital aberto,
quanto para as empresas de capital fechado, existe uma subdivisão entre categorias 1 e 2,
visando distinguir as empresas em função de seu faturamento; dessa forma, as notas atribuídas
às empresas de maior faturamento apresentaram em geral, médias maiores, tanto no grupo de
empresas abertas, como no grupo de empresas fechadas.
Analisando-se as variações por tipo de empresas, constatou-se que:
a) Companhias de capital aberto: a variação nas médias de governança foi negativa após a
edição da lei em (-0,94%). Para a gestão de riscos houve uma melhora das médias das notas
em 5,46% após a edição da lei anticorrupção. A variação de investimento em governança
praticamente não obteve alteração, tendo em vista o fato de já possuírem conselho de
administração, auditoria interna e outros controles por obrigatoriedade junto à CVM,
mercados de ações e legislações que regem as sociedades abertas, precisariam apenas de
aperfeiçoamentos ou ajustes nos controles já existentes.
b) Empresas de capital fechado: houve melhora significativa, tanto na variação das médias
em gestão de riscos quanto em governança corporativa. A variação nas médias após a lei, em
matéria de governança corporativa foi de 20,95% e na gestão de riscos foi de 23,52%, ou seja,
indicariam maiores atenções ou investimentos no mapeamento de riscos do que em
governança corporativa, mas de forma bem equilibrada. Uma justificativa possível seria de
que pelas entidades não estarem tão estruturadas quanto às sociedades de capital aberto, em
questão de governança e riscos, e de que desejariam ter mais credibilidade e a possibilidade
de maiores relacionamentos comerciais com a administração pública, estariam investindo
maiores esforços para se adequarem às novas legislações e exigências que surgiram nos
últimos anos e assim perpetuarem no mercado e melhorarem seus resultados financeiros.
c) Organizações não empresariais: apenas foi possível avaliar o índice de Governança:
Práticas de gestão e controles, onde também se apresentou melhora significativa na pontuação
das notas, com variação de 23,67% para os cinco anos após a publicação da lei, em relação
aos cinco anos anteriores à edição de lei.
Tendo em vista que tanto no grupo de companhias de capital aberto, quanto no grupo
de empresas de capital fechado existem organizações que poderiam ser classificadas como
pertencentes ao grupo financeiro (bancos, seguradoras, corretoras e previdência), foi feita
separação dessas empresas das demais (empresas não financeiras) para recálculo das médias e
em seguida foi feita comparação entre os valores médios e variações em separado, para
organizações não financeiras e para organizações financeiras, conforme Quadros 2 e 3:
Quadro 2 – Companhias ou Empresas Não Financeiras
Gestão de Risco Governança Corporativa
Companhia ou Média das Notas Média das Notas Variação Média das Notas Média das Notas Variação
Empresa Antes da Lei Após a Lei (Antes x Após) Antes da Lei Após a Lei (Antes x Após)
Não Financeira (2008-2012) (2013-2017) (2008-2012) (2013-2017)
Tipo de Empresa Qtde Notas Qtde Notas % Qtde Notas Qtde Notas %
Companhia Aberta 1 32 7,99 26 8,42 5,45% 32 8,25 26 8,15 -1,29%
Companhia Aberta 2 15 7,19 19 7,97 10,84% 15 7,53 19 7,66 1,74%
Média Abertas (A) 48 7,73 45 8,22 6,35% 48 8,02 45 7,93 -1,10%
Empresa Fechada 1 10 5,54 9 7,75 39,85% 10 6,42 9 7,90 22,98%
Empresa Fechada 2 7 6,22 4 6,77 8,81% 7 5,99 4 7,02 17,19%
Média Fechadas (F) 17 5,87 13 7,50 27,63% 17 6,23 13 7,63 22,31%
Média Total (A+F) 65 7,25 58 8,04 10,85% 65 7,56 58 7,86 3,93%
Fonte: Elaborado pelos autores.
Quadro 3 – Companhias ou Empresas Financeiras
Gestão de Risco Governança Corporativa
Companhia ou Média das Notas Média das Notas Variação Média das Notas Média das Notas Variação
Empresa Antes da Lei Após a Lei (Antes x Após) Antes da Lei Após a Lei (Antes x Após)
Financeira (2008-2012) (2013-2017) (2008-2012) (2013-2017)
Tipo de Empresa Qtde Notas Qtde Notas % Qtde Notas Qtde Notas %
Companhia Aberta 1 8 8,77 5 9,34 6,53% 8 8,72 5 8,89 1,95%
Companhia Aberta 2 2 8,38 3 8,26 -1,42% 2 8,59 3 8,41 -2,09%
Média Abertas (A) 10 8,72 8 8,97 2,82% 10 8,68 8 8,74 0,72%
Empresa Fechada 1 1 8,00 2 8,35 4,39% 1 8,04 2 8,55 6,33%
Empresa Fechada 2 2 8,01 2 8,20 2,41% 2 7,06 2 7,83 10,87%
Média Fechadas (F) 3 7,83 4 8,07 3,14% 3 7,28 4 7,99 9,76%
Média Total (A+F) 13 8,45 12 8,62 2,04% 13 8,28 12 8,46 2,15%
Fonte: Elaborado pelos autores.
Nos últimos 5 anos (2013 a 2017) a pesquisa indica que para organizações não
financeiras houve menor investimento em governança corporativa (3,93%) e maior
investimento em gestão de riscos (10,85%); enquanto que para organizações financeiras
houve um menor investimento em gestão de riscos (2,04%) e um investimento um pouco
maior em governança corporativa (2,15%). Percebe-se que os investimentos em gestão de
risco e em governança corporativa foram mais equilibrados ou homogêneos nas organizações
financeiras do que nas organizações não financeiras, e que as organizações não financeiras
foram mais impactadas por mudanças.
Analisando-se dessa vez as variações por tipo de organização financeira e não
financeira, em função do tipo e grupo, constatou-se que:
a) Companhias não financeiras de capital aberto (Quadro 2): a variação nas médias gerais
no quesito governança corporativa foi negativa após a edição da lei em -1,10%. Para a gestão
de riscos houve uma melhora das médias gerais das notas em 6,35% após a edição da lei
anticorrupção. A variação de investimento para as empresas do grupo de menor porte
“Companhia Aberta 2” foi muito mais significativa: gestão de risco em 10,84% e governança
corporativa em 1,74%.
b) Empresas não financeiras de capital fechado (Quadro 2): houve melhora significativa,
tanto na variação das médias em gestão de riscos (27,63%) quanto em governança corporativa
(22,31%) após a edição da lei, indicando também maiores atenções ou investimentos no
mapeamento de riscos do que em governança corporativa, mas de forma equilibrada. Verifica-
se que houve maior variação no grupo de “Empresa Fechada 1” com variação de 39,85% em
gestão de riscos e 22,98% para governança corporativa, enquanto que para o grupo de menor
porte “Empresa Fechada 2” as variações foram de 8,81% e 17,19% respectivamente.
c) Companhias financeiras de capital aberto (Quadro 3): a variação nas médias gerais de
governança corporativa foi positiva após a edição da lei em 0,72%. Para a gestão de riscos
houve uma melhora das médias das notas em 2,82% após a edição da lei anticorrupção. Os
investimentos em governança e em gestão de riscos empresariais praticamente não se
modificaram para o grupo de organizações financeiras como um todo. A variação de
investimento para as empresas do grupo de maior porte “Companhia Aberta 1” foi mais
significativa: gestão de risco em 6,53% e governança corporativa em 1,95%, enquanto as de
menor porte “Companhia Aberta 2” foram negativas em -1,42% e -2,09%, respectivamente.
d) Empresas financeiras de capital fechado (Quadro 3): houve maior variação nas empresas
fechadas do que nas companhias abertas, tanto para as médias em gestão de riscos (3,14%)
quanto em governança corporativa (9,76%). Nesse grupo, diferentemente dos demais grupos
analisados, houve maior atenção para governança corporativa do que para gestão de riscos,
principalmente para o grupo de “Empresas Fechadas 2”, com variação de 10,87% para
governança.
Ainda com relação aos dados das organizações, tendo como pressuposto tratar-se de
relatórios de empresas que objetivam um prêmio, um reconhecimento pelos bons relatórios
apresentados, seria possível que os dados apurados, tendessem a apresentar notas mais
elevadas do que se houvesse alguma outra fonte de informações não vinculada à concorrência
de um prêmio, para ser tomada por base de dados.
Após comparar as médias obtidas pela Abrasca no ano de 2017 dessa pesquisa
(organizações participantes de maior porte do Grupo 1: abertas e fechadas), com os números
apresentados no levantamento feito pela Transparency International do artigo de Franco
(2018), no site da Harvard Business Review Brasil (notas atribuídas para Programa
Anticorrupção das 106 maiores empresas brasileiras), confirma-se que houve diferença
significativa entre as pontuações atribuídas:
a) Prêmio Abrasca (39 empresas) - Média Grupo 1 (abertas e Fechadas): 8,48
b) Levantamento ONG Transparency (106 maiores empresas) – Média: 6,56.
Após refazer a mesma avaliação para as organizações financeiras e não financeiras entre
estudo Abrasca e estudo da Transparency International, as pontuações obtidas foram as que
seguem abaixo, observando-se pouca diferença entre o grupo de organizações financeiras:
1. Organizações Financeiras:
a) Prêmio Abrasca (6 empresas) - Média Grupo 1 (abertas e Fechadas): 8,62
b) Levantamento ONG Transparency (11 maiores empresas) – Média: 8,28.
2. Organizações Não Financeiras:
c) Prêmio Abrasca (33 empresas) - Média Grupo 1 (abertas e Fechadas): 8,56
d) Levantamento ONG Transparency (95 maiores empresas) – Média: 6,35.
5 Conclusões
Besarria, C., & Silva, H. (2017). A efetividade da governança corporativa sobre o risco
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Economia, 3(16), 933-956. Recuperado de http://dx.doi.org/10.18593/race.v16i3.13318.
Dias, S. (2015). Auditoria de processos organizacionais (4th ed.). São Paulo (SP): Atlas.
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El Kalay, M. (2018). O que é compliance? Tudo que você precisa saber!. Recuperado de
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Gil, A. (2009). Como elaborar projetos de pesquisa (4th ed., p. 175). São Paulo: Atlas.
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Revista Do Programa De Pós-Graduação Em Controladoria E Contabilidade Da UFRGS, 31
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