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Cultura Clássica Grega

Atenas na época
Leonor Santa Bárbara clássica
Guerras pérsicas: motivos

• O tirano de Mileto e a Pérsia: tentativa de anexação de Naxos;

• Anaxágoras instaura a isonomia em Mileto e incita à revolta;

• Auxílio de Atenas e da Eubeia aos revoltosos;

• Consequências da revolta jónica.


Guerra pérsica: as invasões
• Verão de 490 a. C.: expedição persa em direcção às Cíclades e à
Eubeia;
• Vitória dos Atenienses em Maratona;
• 480 a. C.: Xerxes prepara duplo ataque à Grécia: invasão por terra e
por mar;
• Derrota dos Espartanos nas Termópilas e em Artemísio;
• Temístocles abandona Atenas, indo com a frota para Salamina;
• Derrota dos Persas em Salamina.
Consequências das guerras pérsicas:
490-480 a. C.
• Importância da estratégia de Milcíades para a derrota persa em Maratona:
arconte polemarco deixa de ser chefe militar, passando o comando das
tropas para o estratego.
• 488/487-482 a. C.: grande número de processos de ostracismo afastam de
Atenas várias figuras influentes, como Xantipo, pai de Péricles.
• Consequência: mudanças constitucionais importantes:
- 488/487 a. C.: tiragem à sorte dos arcontes a partir de uma lista de 500
elementos, previamente eleitos pelo dêmos.
Objectivo: reduzir qualquer possibilidade de influência pessoal e/ou social
na escolha.
Consequências das guerras pérsicas:
490-480 a. C. (cont.)
• Outras consequências da tiragem à sorte dos arcontes:

a) altera constituição do Areópago: anualmente, os 10 arcontes


tornavam-se membros vitalícios deste órgão;
b) reduz importância política do arcontado;
c) aumenta a influência dos estrategos, que adquirem também
liderança política (a partir de meados do séc. V a. C., tornam-se
também chefes do poder executivo).
Consequências das guerras pérsicas:
490-480 a. C. (cont.)
• 483/482 a. C.: importância de Temístocles em Atenas:

a) Minas de prata de Láurion;

b) Desenvolvimento da frota de guerra ateniense;


Consequências das guerras pérsicas:
480 a. C.
• Criação da Liga de Delos (478/477 a. C.);

• A Liga e o império marítimo ateniense;

• A Liga de Delos e a Liga do Peloponeso (550-366 a. C.).


Atenas após a II guerra pérsica
• Címon e a sua posição em Atenas:
a) apoio popular apesar de ser representante de famílias nobres;
b) Conservador, que tenta travar a evolução democrática na cidade: criação de
cleruquias;
• Na ausência de Címon, Efialtes faz aprovar uma lei que reduz os poderes do
Areópago.
• Areópago passa a julgar crimes de homicídio e crimes de carácter religioso.
• Péricles institui a mistoforia: não abrange, inicialmente, cargos mais elevados –
os arcontes só começam a ser remunerados em meados do século V a. C.; os
estrategos nunca foram remunerados.
Relações entre Atenas e Esparta

• Conflitos locais em Argos, Mégara, Egina, Corinto e cidades da Beócia;


• Algumas destas cidades, como Egina, passam a integrar a liga
ateniense;
• 445 a. C.: Atenas e Esparta assinam o Tratado de Paz dos 30 anos,
reconhecendo ambas a hegemonia da outra – Esparta no continente,
Atenas no Mar Egeu;
• 445-431 a. C.: apogeu de Atenas.
Guerra do Peloponeso
• Duração da guerra;
• Consequências da guerra para Atenas:
1. Destruição das Grandes Muralhas;
2. Entrega da frota (excepto 12 trirremes);
3. Fim da Liga de Delos;
4. Atenas integra a liga de Esparta;
5. Trinta Tiranos;
6. Enfraquecimento e desinteresse dos cidadãos, mesmo com o
restabelecimento da democracia em 403 a. C.
Atenas na “Oração fúnebre” de Péricles

“1. Em resumo, eu digo que não só a nossa cidade serve de exemplo a


toda a Hélade mas também, na minha opinião, cada um de nós,
Atenienses, como indivíduo, na maioria dos casos, é exemplo de
cidadão que cuida de si próprio com brandura e habilidade. 2. E que
isto não é presunção minha inventada para a ocasião, mas sim a pura
verdade dos factos, é provado pelo poder da nossa cidade adquirido
como consequência desta forma de estar.
Atenas na “Oração fúnebre” de Péricles
(cont.)
3. De facto, Atenas é a única cidade que, posta à prova, é melhor do que a
fama que tem e é também a única que nem dá aos inimigos que a atacam
razão para se sentirem humilhados por causa do que sofreram às nossas
mãos, nem a quem lhe paga tributo, motivo para a criticarem como não
sendo ela merecedora. 4. Porque somos poderosos, e disto temos dado
muitas provas, seremos olhados com admiração não só pelas gentes de hoje,
mas também pelas gerações vindouras.
Atenas na “Oração fúnebre” de Péricles
(cont.)
E não precisamos de um Homero para nos elogiar, nem de qualquer
outro poeta, cuja poesia encantará no momento em que é escrita, mas
será desmentida pela verdade dos factos, pois forçámos todo o mar e
toda a terra a conceder acesso à nossa bravura e por todo o lado
deixámos monumentos que para sempre conservarão a memória dos
nossos feitos, bons e maus.”
Tucídides, História da Guerra do Peloponeso, II. XLI, 1-4
Atenas na “Oração fúnebre” de Péricles
(cont.)
Forma de governo:
“Temos uma forma de governo que em nada se sente inferior às leis
dos nossos vizinhos mas que, pelo contrário, é digna de ser imitada por
eles. E chama-se democracia, não só porque é gerida segundo os
interesses não de poucos, mas da maioria, e também porque, segundo
as leis, no que respeita a disputas individuais, todos os cidadãos são
iguais;
Atenas na “Oração fúnebre” de Péricles
(cont.)
no que respeita a prestígio pessoal, quando alguém se distingue em
alguma coisa, não é preferido para honras públicas mais por posição de
classe do que por mérito; por outro lado, no que respeita a falta de
riqueza pessoal, o cidadão que tem aptidão para servir a cidade nunca,
por causa da sua condição humilde, é impedido de alcançar a dignidade
merecida.”
Tucídides, História da Guerra do Peloponeso, II. XXXVII, 1
Atenas na “Oração fúnebre” de Péricles
(cont.)
Modo de vida:
“Para além disto, nós proporcionamos muitas formas para o espírito se
repousar dos trabalhos do dia-a-dia, com jogos e sacrifícios durante todo o
ano e com edifícios particulares elegantes; (…). 2. Também, em virtude da
grandeza da nossa cidade, todos os produtos de todo o mundo entram aqui
e o resultado é que gozamos com o mesmo prazer produtos gerados por nós
ou por povos de outras terras.”
Tucídides, História da Guerra do Peloponeso, II. XXXVIII, 1-2
Atenas na “Oração fúnebre” de Péricles
(cont.)
Atenas e a guerra:
“E se falarmos de práticas de guerra, também nestas somos diferentes dos nossos
adversários. Abrimos a nossa cidade a todo o mundo e não existem, como em
Esparta, medidas para manter os estrangeiros fora da cidade, nem impedimos
alguém de aprender ou ver aquilo que, porque não foi escondido, pode ajudar
qualquer dos nossos inimigos que o veja; não confiamos mais em preparativos e
estratagemas do que na coragem que existe em cada um de nós, quando chamados
a agir.”
Tucídides, História da Guerra do Peloponeso, II. XXXIX, 1
Atenas na “Oração fúnebre” de Péricles
(cont.)
Atenas e a guerra:

“Até hoje nenhum dos nossos inimigos se pôde confrontar ao mesmo tempo
com todas as nossas forças, porque nós escolhemos desenvolver a nossa
marinha e também porque, por terra, enviamos tropas nossas para muitos
locais diferentes.”

Tucídides, História da Guerra do Peloponeso, II. XXXIX, 3


Atenas na “Oração fúnebre” de Péricles
(cont.)
Educação:

“Também no que respeita a educação, enquanto desde crianças eles por


meio de dolorosa disciplina procuram tornar-se homens de coragem, nós
que levamos uma vida mais equilibrada, estamos não menos prontos a
enfrentar os mesmos perigos.”

Tucídides, História da Guerra do Peloponeso, II. XXXIX, 1

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