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Coronelismo e urbanização: trabalhadores em Baturité-CE entre as décadas de

1920 e 1930

LUIZ GUSTAVO LIMA ARRUDA

Introdução

Geralmente quando se adentra no tema do coronelismo, o público leigo e até


mesmo exemplos de autores especializados o fazem no sentido de enxergar um contexto
social local (alguma cidade interiorana) cujo domínio era exercido por algum “mandão”
e sua família – agindo a seu bel prazer e geralmente acima da lei, submetendo sob seu
poder quase toda uma população local. Tal configuração é uma das mais relatadas em se
tratando dos municípios interioranos da Primeira República, porém não é bem a que
deparamos em nossas pesquisas referentes a certos municípios que experimentavam um
mínimo grau de urbanização, como ocorria com grande parte deles, durante a Primeira
República1 – período característico de vigência do sistema coronelista, proposto por
Victor Nunes Leal (1997[1949]).
Tal desajuste reside no fato de que há uma distinção técnica e conceitual (ainda)
pouco divulgada na literatura entre os fenômenos do mandonismo local e do
coronelismo. Ao distingui-los, temos o primeiro como um conceito característico dos
períodos Colonial e Imperial2 – este sim adequado à estrutura social descrita no início
do parágrafo acima. O mandonismo local é em suma o poder personalizado de algum
potentado local. Já o coronelismo, relacionado comumente com a Primeira República,


Mestre em História pela Universidade de Brasília. Ex-bolsista CNPq.
1
Maria Isaura Pereira de Queiroz aponta para o caso de São Paulo uma incipiente urbanização, expresso
pelo surgimento de vários municípios durante a virada do século XIX para o século XX. (QUEIROZ,
1976:200-212). Um fenômeno semelhante foi observado em nossas pesquisas pelo interior do Ceará na
década de 1920 (ARRUDA, 2013b:121-141).
2
É importante afirmar que o sistema coronelista, iniciado durante a Primeira República, não suplantou
completamente as áreas de incidência do mandonismo local, que ainda sobreviviam nos lugares mais
remotos do Brasil, sobrevindo inclusive nos dias de hoje (2017), em algumas regiões isoladas.
2

ocorreu quando o mandonismo local se fragilizou, passando a conviver com aparelhos


burocrático-institucionais trazidos pela República. Nesse quadro conceitual, o coronel
não mandava mais deliberadamente como antes; quando mantinha seu poder, fazia-o
somente por meio de manipulações das instituições político-burocrática (assembleias,
cartórios, juntas de alistamento eleitoral, delegacias, intendências (prefeituras) etc.
Porém, essas mudanças não ocorreram de uma só vez pelo vasto território
brasileiro: em áreas de difícil acesso, distantes da influência da burocratização
coronelista – onde ainda persistia e vigora o mandonismo local – o poder ainda advinha
diretamente da pessoa do chefe local, o que lhe fazia poder estar alheio ao mundo
astucioso das manipulações burocráticas. Muitos autores, quando tratam da temática do
poder local, não atentam para essa diferença, misturando as características próprias do
mandonismo local com a do coronelismo (CARVALHO, 1997:229-250; ARRUDA,
2013a:1-18).
A proposta desse artigo é descrever e narrar as transformações das bases de
sustentação do poder local descritas acima (do mandonismo local para o coronelismo)
tendo como cenário o município de Baturité-CE e como baluarte sinalizador seu
processo de urbanização, pareada à formação de uma cultura política reivindicatória
dentro das camadas de trabalhadores urbanos nascentes. Localizado a cerca de 80
quilômetros de Fortaleza em linha reta, este município passou por um processo gradual
e lento de urbanização, que foi tomando dimensões mais significativas nas primeiras
décadas do século XX, e obtendo um relativo impulso a partir da década de 1930, o que
ensejou, como dito, uma pequena, porém qualitativa participação política de entes
advindos das camadas de trabalhadores nas malhas urbanas que se formavam pelo
município e seus principais distritos, cuja sede contava com cerca de dez mil habitantes
em 1920. Isso sinaliza que, diferente do mandonismo local, o sistema coronelista
deixava brechas para uma possível margem de participação política das camadas
populares.
Utilizamos, para demonstrar isso, diversos tipos de fontes: desde jornalísticas e
oficiais, passando pelas de teor memorialístico e orais, cada qual à sua necessidade.
3

Trabalhadores e coronéis – urbanização e cultura política reivindicativa

Situada entre o sertão e o sopé da serra que lhe é homônima, Baturité continha
uma disposição social tanto baseada nas grandes extensões de fazendas de gado, onde
também se plantava algodão (atividade exercida também por pequenos posseiros e
sitiantes), quanto pelas atividades policultoras da serra, dentre as quais ganhava
destaque o café, que batia recordes internos de exportação em fins do século XIX:

No Ceará não é possível falar numa aristocracia do café como a do Rio de


Janeiro e de São Paulo. No entanto, merece destaque a pequena nobreza dos
cafezais baturiteenses, de famílias ricas com hábitos e costumes mais
apurados e projeção social mais saliente (GIRÃO, 1947:37-372, apud,
LIMA, 1994:99-100).

O município de Baturité, em fins do século XIX, quando ainda era


fundamentalmente rural, chegou a contar com no máximo dez distritos, dispostos entre
as áreas úmidas da serra e o sertão seco, caracterizado pela caatinga. As áreas de cultivo
de café se dispunham, em sua maioria, em meio aos sítios serranos dos grandes
proprietários rurais, promovendo a fortuna de algumas famílias (nessa época ainda sob a
égide do mandonismo local). O poderio de alguns coronéis em suas propriedades era
tamanho, que um certo chefe local (coronel Epifânio Ferreira Lima), proprietário de
terras do distrito serrano de Pacoti (de difícil acesso na época), chegou a aplicar uma
moeda própria em sua fazenda, como se promovesse um Estado próprio dentro do
Estado brasileiro – tal fato, em se tratando do mesmo lugar (Pacoti) seria improvável
sob a constituição burocrática subsumida ao sistema coronelista (SALES, 2014).
Durante a Primeira República, os principais distritos de Baturité (os que mais se
urbanizavam) foram passando por um processo de emancipação (progredindo de status
de distrito para município), alimentando uma rede de relações políticas que fomentava o
sistema coronelista – ou seja, as áreas de incidência puramente do mandonismo local
foram se burocratizando, e paulatinamente, incorporando-se ao sistema político que se
constituía, e que, por sua vez, estava atrelado a uma incipiente urbanização. À medida
que isso acontecia, a cidade de Baturité, que já contava com algum progresso comercial
4

desde o século XIX, em virtude das riquezas trazidas pelo café – ganhava ares cada vez
mais urbanos, principalmente a partir da formação de um grupo de trabalhadores
urbanos, que se concentravam em um antigo distrito, que aos poucos tonava-se um
bairro: o Putiú. (ARRUDA, 2013b)
A incipiente proletarização desse distrito começara a se processar durante a seca
de 1877-1878, quando as obras da Estrada de Ferro de Baturité chegavam ao município
– custeadas pelo Governo Imperial como medida de socorro aos flagelados. Foi
utilizada a mão de obra barata de uma multidão de pessoas, que pela primeira vez, tinha
contato com um trabalho do tipo cronometrado e assalariado. A estação da estrada de
ferro era inaugurada no distrito do Putiú em 1882, possibilitando uma dinamização da
incipiente urbanização, que ganhava fôlego inclusive pelas crescentes atividades do
ramo comercial. A seca de 1888-1889, em se tratando de calamidades sociais, traria
efeitos ainda mais catastróficos que a antecessora – mais uma vez milhares de retirantes
assomavam-se em frentes de trabalho no prolongamento da ferrovia, que se estendia de
Baturité para o Sertão Central, inclusive chegando a deflagrar uma greve em 1892:

Uma parcela nada desprezível de sertanejos cearenses viveu, no contexto do


prolongamento da (ferrovia de) Baturité, um contato inédito com o trabalho
das oficinas, apesar de ter sido esse contato apenas passageiro. Ainda por
muito tempo a estrutura agrária perduraria hegemonizando a mão-de-obra
sertaneja. Mas os trabalhos da ferrovia naquela seca representaram para
muitos uma experiência concreta com o industrialismo nascente...
(CÂNDIDO, 2005:106) O padrão de trabalho novo, de tipo capitalista,
caracterizado pelo tempo cronometrado, pela disciplina, e pela necessidade
de obediência a um saber estranho, parece ter suscitado por parte dos
trabalhadores da construção da Estrada de Ferro de Baturité – homens e
mulheres provenientes do sertão agrário – momentos de conflitos e ações de
resistência que marcaram indelevelmente a trajetória daquela ferrovia e a
formação da classe operária. (Idem, 2002:86-87)

Ao adentrar o século XX, os espaços rurais do distrito do Putiú ganhavam


paulatinamente as feições de um incipiente bairro operário, principalmente pela
introdução de uma fábrica de beneficiamento de algodão (a Fábrica Putiú), pertencente
a membros da elite local. Ademais, as secas subsequentes continuavam a atrair mão de
obra desvalorizada para a cidade – dessa vez, empregada na construção de estradas de
rodagem que ligavam a sede para os outros distritos, anteriormente de difícil acesso, o
5

que logo contribuía para uma qualitativa urbanização de alguns espaços rurais, inclusive
dos distritos serranos, que até a década de 1920, passaram por um processo de
emancipação de Baturité.
A década de 1920 foi o momento em que os processos descritos acima
pareceram ter delineações mais nítidas, quando, em meio à vigência do sistema
coronelista, constituía-se uma cultura política baseada na reivindicação por direitos.
Como mostra uma nota publicada por um jornal local sobre uma reclamação dos
moradores do distrito-bairro do Putiú à administração do prefeito coronel Alfredo
Dutra:

O bairro do Putiú faz parte integrante da cidade, tanto assim é que os


impostos Federaes, Estaduaes e Municipaes são cobrados, não como de
subúrbio, mas como de cidade. Apesar disto e apesar de sua importância,
pois tem aqui a estação da (Estrada de Ferro de) Baturité, um grande
estabelecimento industrial, muitas casas de negocio e muitos moradores, – o
Putiù vive esquecido dos poderes municipaes sem lhe ligarem a importancia
divida! (...) O bairro em geral vive em abandono, não tendo sido limpo dos
matos e lixo que abundam por grande parte. (...) Chamando atenção do sr.
Prefeito, para tudo isto, (...) no sentido de pôr termo a tanto descuido pelo
serviço público. (...)3.

Vemos aqui, claramente a formação de uma cultura política urbana diferente


daquela constituída no mandonismo local, na qual os coronéis detinham poderes quase
que absolutos em seus domínios. Dessa vez, dentro do sistema coronelista, haveria um
mínimo de pressão popular pelo retorno dos impostos pagos, na forma de políticas
públicas compensatórias.
Coincidência ou não, após seis meses, o prefeito municipal mudaria4, porém as
reclamações continuavam por meio de um abaixo assinado expedida pelas moradores
locais:

Os habitantes do Putiú alegam deveres e reclamam direitos. Pedem-nos do


Putiú a publicação seguinte: Ilmo, Snr Dr. José Pacifico Caracas – M. D.
Prefeito de Baturité. Nós, abaixo assignados, moradores do Putiú, pedimos
permissão a V. Exc. para fazermos umas reclamações que julgamos justas e
dignas de serem tomadas em consideração. O Putiú, separado da Cidade de
Baturité por mais de um Kilometro, parece-nos, deveria ser considerado um
subúrbio da cidade, pagando os impostos de Industria e Profissão e outros
por menos do que os da cidade. Mas a Prefeitura e a Collectoria Estadoal

3
A Verdade, 11 maio 1919, p. 2
4
Até 1921, os prefeitos municipais ainda eram sob indicação do executivo estadual.
6

assim não o consideram e arrecadam todos os impostos como sendo este


bairro parte integrante da cidade. Não tendo os abaixo assignados para
quem appellar dessa classificação, resta-lhes o direito de reclamar de V.
Exc. as mesmas regalias a que tem direito os moradores da cidade. Não
temos illuminação electrica nem na praça da Estação da estrada de ferro,
nem na Avenida que separa a cidade deste lugar. (...) A outra reclamação
que fazem (...) é sobre a água encanada. Aqui no Putiú só gosa desse
benefício a estrada de ferro para fornecimento de suas locomotivas, a
Fabrica Putiú e uma casa da mesma fábrica. (...). 5

Os conflitos em torno do distrito-bairro do Putiú se davam sobretudo pelas


contradições entre os incipientes espaços urbanos estabelecendo-se justapostos a
ambientes rurais. A nota do jornal dizia: “a praça tem um aspecto de fazenda sertaneja,
contra o que estatùe o Codigo de posturas municipaes, andam soltos (...) vaccas,
bezerros, touros, jumentos, ovelhas e cabras aos rebanhos, perús, galinhas e porcos ás
dezenas”6. O Putiú reclamava, sobretudo, o status de urbanização gozado pelo distrito
sede, que, por sua, já a essa altura contava com aparelhos tipicamente urbanos como:
usina de energia elétrica, água encanada, diversas casas comerciais, fórum judiciário,
bandas de música, Correios e Telégrafos, um banco, loja maçônica, uma igreja
protestante e até uma espécie de táxi, que fazia o transporte de passageiros do distrito
sede a outros distritos (alguns deles, emancipando-se como cidades).
A instituição que talvez mais expressasse a relativa urbanização da cidade e a
proletarização de seus moradores – frente ainda a uma predominância de trabalhadores
rurais – fosse o Círculo Operário Católico local, presidido por um sapateiro-músico e
negro chamado Evaristo Lucena. Ao efetuar as pesquisas durante o mestrado,
considerava previamente que o Círculo Operário contaria com uma maioria de
trabalhadores rurais, advindos das fazendas e sítios dos coronéis. Tal foi minha surpresa
ao verificar que a maioria deles eram pedreiros, comerciantes, balconistas artistas-
músicos e sapateiros, contando ainda com a presença de mecânicos, talhadores,
tipógrafos, jornaleiros, barbeiros e pintores (além dos trabalhadores rurais já esperados).
As posturas reivindicativas relatadas durante a década de 1920 ganharam um
maior fôlego durante a década seguinte, chegando a quase sair do controle dos coronéis

5
A Verdade, 15 fev. 1920, p. 3.
6
Idem.
7

situacionistas entre 1935 e 1937, refletindo em tensões entre as elites políticas e


trabalhadores do Círculo Operário, que embora fosse uma instituição católica,
oficialmente disciplinadora dos trabalhadores da cidade, radicalizou suas posições sob a
presidência do sapateiro Evaristo Lucena, infiltrando-se em conflitos que também
envolviam as novas oligarquias situacionista contra os grupos decaídos anteriores à
Revolução de 30.
O sapateiro Lucena representou uma geração de trabalhadores urbanos e
membros de uma baixa camada média da cidade que almejavam por mais participação
política, eficiência nos serviços públicos e independência associativa frente a um Estado
cada vez mais autoritário. Junto ao sapateiro Lucena, atuavam no COC também o
mecânico da usina termoelétrica local Francisco Andrade, o ourives João Seabra, o
balconista de uma farmácia chamado Sílvio Rabelo e outros sócios. Além deles,
passaram a fazer oposição contra a prefeitura membros das camadas médias urbanas,
como o protestante rábula Augusto Franco, os três primos comunistas da família
Mendes Maciel, tenentes Naurício Mendes, Heitor Maciel e o advogado Pedro Wilson
Mendes, este filiado a juventude comunista ligado à Moscou. Bem como os políticos
decaídos de antes da Revolução de 30, representado pela família Dutra-Ramos, que
faziam oposição à nova família que subia às esferas do poder municipal (a família
Arruda), conhecida por ser uma das mais católicas da cidade. O então prefeito
municipal Ananias Arruda tornou-se símbolo de um autoritarismo, moralismo e
austeridade extremados, o que suscitou em tais oposições.
As disputas políticas em Baturité, durante a década de 1930, deixaram marcas
indeléveis na memória coletiva da cidade, sendo expressadas pelos relatos orais de
Miguel Edgy Távora Arruda, sobrinho do prefeito Ananias Arruda supracitado, que se
envolveu nos conflitos contra a oposição descrita acima; pelas entrevistas de Roberto
Lucena, neto do aludido sapateiro supracitado; pelas entrevistas com Edson André
Andrade, filho do mecânico Francisco Andrade; as entrevistas com Mário Mendes
Júnior, parente dos primos comunistas aludidos – este ainda mantém um blog na
internet onde são publicadas memórias e textos sobre a cidade de Baturité.
8

Os anos de 1935 a 1937 foram os marcos da efervescência política na cidade –


embora os conflitos políticos entre a elite local já remontassem a 1933, quando houve as
eleições para a assembleia constituinte, foi a partir de 1935 que eles pareceram ter
contornos mais populares, interrompidos apenas com o golpe do Estado Novo. O elo
maior de intersecção entre universo político dos coronéis locais e o popular talvez seja o
uso político que as elites faziam da atuação da música popular e das bandas de música
locais, sobretudo em campanhas eleitorais e dias de eleição.
Apesar do caráter elitista da Primeira República, há uma incidência crescente de
autores, seguindo um caminho aberto por Angela de Castro Gomes, que a enxergam
como um período profícuo de manifestações culturais de caráter popular, tanto no
âmbito político associativo, quanto no âmbito cultural: “desde pelo menos o final do
século XIX e as duas primeiras décadas do XX, os maxixes, os lundus, os sambas e as
modinhas ao violão eram gêneros” (GOMES, 2009:11) que moldavam a cultura popular
brasileira, através do surgimento da música popular. As bandas de música era os
veículos que atraíam o público em dia de eleição e, muito embora a maioria dos entes
populares não participassem diretamente dos pleitos eleitorais, influenciavam-nos
através de diversos meios, sobretudo pelo uso da música. “Afinal, o dia de eleições era
ao menos um dia de alegria, encontros e disputas – um dia de festa (...) para os muitos
‘matutos’ que também participavam, a seu modo, daquele espetáculo cívico-cômico”
(Idem:7-9). O próprio fato de existirem núcleos de partidos políticos pelo interior que
mantinham bandas de música em seus comitês (MONTENEGRO, 1965:47) são
demonstrativos dos apontamentos elencados por Gomes. As bandas de música eram o
principal chamariz dos candidatados ao comparecimento popular nas eleições (ainda
que não fosse por meio do voto), gerando a impressão de um ambiente mínimo de
aceitação popular entre uma candidatura ou outra.
Em Baturité não era diferente: o surgimento de bandas de músicas no início do
século XX, tendo ligações com partidos políticos locais são evidências das descrições
acima. As duas bandas de música mais mencionadas nas memórias dos entrevistados ou
dos depoimentos – encabeçados pelos mestres Pernambuco e Permínio – eram
justamente as que atuavam junto aos dois partidos políticos disputantes. Nessa
9

conjuntura, surgiria em 1923 uma terceira banda de música na cidade, ligada à Igreja
Católica local. Esta, fundada justamente pelo sapateiro Evaristo Lucena, significou
simbolicamente, em Baturité, uma atitude ingressante da Igreja local no mundo das
disputas políticas7, que ganharia vigor ainda maior durante a década de 1930 – reflexos
de uma aproximação do Estado Varguista com sua liturgia católica e ideais do
catolicismo social, traduzidos na criação do Ministério do Trabalho e na legislação
trabalhista8. Esta banda passaria a integrar o Círculo Operário Católico a partir de sua
fundação, em 1924, apresentando um momento de confluência entre os trabalhadores
urbanos que se formavam e os ideias do catolicismo social, crescentes na cidade,
servindo principalmente como um anteparo aos ideais comunistas, que começavam a
crescer, sobretudo a partir da fundação do Partido Comunista Brasileiro (PCB).
No início da década de 1930, ampliava-se a malha urbana de Baturité,
principalmente pela necessidade de uma reforma urbana no Centro (distrito sede). De
acordo com as memórias de Miguel Edgy Távora Arruda:

O Capitão Roberto Carneiro de Mendonça, Interventor Federal no Ceará, já


em 1931, nomeou para Baturité um prefeito que era oficial da polícia,
Capitão Ozimo de Alencar Lima, que veio governar Baturité também com
poderes discricionários e fez uma reforma urbanística na cidade. Meteu os
trabalhadores no meio da rua a alinhar as duas ruas principais (...), a
rebaixar as calçadas, a passar o meio fio e a fazer o calçamento.9

7
Isso devido à grande incidência de políticos republicanos ligados à doutrina positivista e à maçonaria
nas décadas posteriores à Proclamação da República e aos reveses sofridos com a separação Igreja-
Estado, a Igreja Católica manteve uma relativa distância do mundo político no início da Primeira
República. Tal postura era reafirmada amiúde nas notas do jornal católico de Baturité. A partir da década
de 1920, a atitude passiva da Igreja frente ao estado laico mudaria, principalmente após a Fundação do
Centro Dom Vital e a revista A Ordem, presidida por Jackson de Figueiredo e posteriormente por Alceu
Amoroso Lima. Baseando-se na doutrina do catolicismo social, a Igreja Católica ingressaria no mundo
político, considerando-se portadora de uma nova “modernidade” (SOUZA, 2002)
8
Quanto a isso, o ministro do trabalho Lindolfo Collor enxergaria a Revolução de 30 como um novo
momento em que se veio “substituir o antigo conceito de luta de classes, pelo conceito novo orgânico e
construtor, humano e justo, de cooperação entre as classes” (COLLOR, 1981, apud BORGES, 1998:161).
Já um membro do Clube 3 de outubro escrevia a Vargas apontando apenas duas saídas para a crise social
advinda do capitalismo liberal, sedo enfático ao afirmar que “a questão social (...) pode ter duas soluções:
uma materialista, defluente das teorias de Karl Marx e Engels; outra, a cristã, deduzida da Encíclica
Rerum Novarum – de Leão (XIII)” (BUYS, 1981, apud Idem:161, parênteses nossos).
9
ARRUDA, Miguel Edgy Távora. Relembranças: lampejos de minhas memórias. Cap. 6, fita 3, lado B,
p. 38.
10

Em meio ao relativo crescimento urbano de Baturité, ampliava-se a camada de


trabalhadores e a atuação do COC, que, a partir de 1932, passava a contar com uma sede
própria, mantendo-se mais independente do controle da Igreja Católica (anteriormente
as reuniões ocorriam no salão paroquial da Igreja Matriz). O clero local, por sua vez,
voltava-se para as alianças políticas com a nova elite católica da cidade (compreendidos
pelas famílias Arruda e Furtado). Elas, que antes atuavam politicamente de forma
secundária, passaram a liderar os quadros políticos locais com o advento da Liga
Eleitoral Católica10 (LEC), fazendo oposição ao Partido Social Democrático (PSD),
identificado aos tenentes revolucionários de 30.
No Ceará, tanto a LEC quanto o PSD formaram-se a partir de rearranjos feitos
entre as elites que dominavam a política do período anterior com novos atores que
subiam à política pelos espaços deixados pelo movimento de outubro – com a ressalva
de que a LEC arregimentou os políticos católicos que atuavam anteriormente, ora de
forma direta ora de forma secundária na política, e o PSD identificou-se mais à
plataforma política ligada aos tenentes revolucionários de 30.
Entre a fundação da LEC em 1932, até 1935, o sapateiro Evaristo Lucena, como
presidente do COC, e seu grupo de sustentação prestavam, como católicos, seus apoios
a LEC e aos políticos correligionários que despontavam na cidade, oferecendo inclusive
a banda de música do Círculo para animar as campanhas eleitorais da LEC e atrair
eleitores. Porém esse equilíbrio – e suposta aliança entre a elite católica e trabalhadores
urbanos da cidade – foi rompido, ao que consta, após chegada da Ação Integralista
Brasileira (AIB) à cidade em 1935. Os integralistas rapidamente lograram o apoio da
elite católica local, entretanto, pareceram não angariar a mesma simpatia nos meios
católicos populares, sobretudo do sapateiro Lucena. No impasse entre a adesão ou não
dos trabalhadores católicos a AIB, o prefeito católico Ananias Arruda prometeu aos

10
A LEC foi uma associação política que atuou nacionalmente, apoiando os partidos e programas de
governo que dessem suporte às reivindicações mínimas da Igreja, no que tange o ensino religioso, os
sindicatos confessionais e a lei do divórcio. Pelo Brasil, apoiou as principais chapas situacionistas nas
eleições para a assembleia constituinte. No caso do nordeste, ofereceu apoio ao Partido Social
Democrático em Pernambuco de Lima Cavalcanti, na Bahia, do interventor Juracy Magalhães, militar
identificado com os tenentes revolucionários de 30. No Ceará, no entanto, e sob os reclames de Juarez
Távora, a LEC passou a ter uma atuação independente, fazendo oposição ao PSD dos tenentes, gerando
uma atuação sui generis no Ceará.
11

líderes integralistas do Ceará (o então padre Hélder Câmara e o tenente Jeová Mota) a
sede do COC de Baturité para servir de locus da fundação do núcleo a ser fundado na
cidade, o que foi negado na última hora pelo sapateiro Evaristo Lucena, em março de
1935:

Essa negativa fez com que (...) Helder Câmara fundasse o núcleo na praça
pública debaixo de umas árvores que havia lá na Praça da Matriz e nos
discursos inflamados que foram feitos na hora, eles chegaram a dizer que o
prédio tinha sido negado, mas eles estavam muito melhor situados porque
tinham a abóbada celeste a cobri-los e não o simples telhado que cobria a
sede do Círculo Operário.11

A partir de então, o boicote empregado pela elite católica local no sentido de


desqualificar e desclassificar as atividades políticas de Evaristo Lucena dentro do COC
foram contundentes. O sapateiro e mestre da banda de música Evaristo Lucena e o
católico austero Ananias Arruda, antes aliados, tornaram-se adversários políticos em
meio os agitados anos anteriores ao golpe de 1937. Após a (malograda) fundação do
núcleo integralista relatado, houve uma cisão dentro do COC que a elite católica não
poderia sustentar por muito tempo: um grupo de trabalhadores católicos anti-
integralistas liderados por Lucena, procuravam “subverter a ordem” da elite católica.
Embora mantivesse-se como presidente do COC durante o resto do ano de 1935,
houve uma medida aplicada pelo prefeito Ananias Arruda contra Evaristo Lucena, no
sentido de proibi-lo de tocar com sua banda de música nos logradouros públicos. Assim
o prefeito procurava anular os efeitos da atração popular que a banda de música gerava,
em oposição à sua administração na cidade.
Nas eleições para a presidência do Círculo Operário em 1936, Lucena seria
boicotado pela elite católica de sua cidade. Assim escrevia em 1944, rememorando as
perseguições políticas que passou a sofrer desde então:

Foi no dia 20 de janeiro do ano de 1936, que perseguido e oprimido pelos


integralistas nesta cidade, deixei o Circulo de Operários e Trabalhadores
Catholicos da mesma, (...); Desde a fundação do integralismo nesta referida
cidade, que minha humilde pessôa vinha sofrendo a mais atroz perseguição

11
ARRUDA, Miguel Edgy Távora. Op. Cit. Cap. 7, fita 4, lado A, p. 44.
12

destes desumannos (...) infames do crédulo verde, à maior parte dos que
dizem meus irmãos Catholicos, alguns eram chefes que não se fixaram,
verdadeiros hipochritas, assim continuando sutilmente a perseguir-me...12

Ainda no ano de 1936, procurou apoio do PSD, partido oposicionista da cidade,


pelo qual se elegeu vereador no mesmo ano, exercendo uma ferrenha oposição à
administração do prefeito Ananias Arruda. Além disso, demonstrou simpatia aos primos
comunistas da família Mendes Maciel, ao defendê-los num episódio em que eram
expulsos de um ônibus por serem comunistas, segunda as memórias de seu neto,
Roberto Lucena.
1937 seria outro ano de grande agitação política na cidade, começando pelo
período do carnaval, um grupo oposicionista efetuou um tipo de “atentado” na
residência do prefeito e seus familiares, rememorado pelo sobrinho do prefeito:

Um grupo de pessoas formou uma espécie de serenata e às 02h30min da


manhã eles saíram, em grupo, e (...) desceu a Avenida Proença, penetrou nos
jardins da casa do meu tio, o Vaticano, e foi cantar as suas músicas com
suas letras difamatórias e difamantes na porta da casa, dentro do jardim que
ficava fronteiro a casa. (...). De lá, o grupo desceu pela (rua) 7 de setembro e
veio à casa de meu pai (Raimundo Arruda, então vereador do município).
(...) Eles começaram a cantar em frente à primeira janela que daqui eu estou
vendo. Eu, que dormia no terceiro quarto da casa, acordei [...] apurando o
ouvido comecei a verificar que [...] as letras das músicas que eu ouvia eram
todas elas de calunia e de infâmia assacadas contra o meu tio Ananias e
contra o meu pai. [...].13

Estavam envolvidos no episódio políticos de oposição ligados ao PSD e alguns


funcionários públicos também oposicionistas, que foram demitidos pelo governador
após o episódio.
Em outubro de 1937, o clima de efervescência política agita-se, dessa vez, em
decorrência das pré-campanhas para as eleições à Presidência de República. Evaristo
Lucena faria sua última aparição pública num comício relâmpago organizado pela
família Mendes Maciel, em apoio à candidatura de José Américo de Almeida, o que foi
autorizado pelo prefeito, pois se tratava do candidato o qual ele apoiava (dispensando o

12
LUCENA, Evaristo Xavier de. Carta manuscrita. Arquivo Particular. 1944.
13
ARRUDA, Miguel Edgy Távora. Op. Cit. Cap. 1, fita 1, lado A, p. 13 (parênteses nossos).
13

apoio que seria dado a Plínio Salgado anos antes). No entanto, num gesto astuto, o
sapateiro aproveitou-se do ensejo para, desobedecendo as ordens do prefeito, tocar com
sua banda de música, atraindo uma multidão de populares. No comício, proferiram
críticas ao clero local e ao prefeito, sendo imediatamente reprimido pelas forças de
repressão pessoal do prefeito Ananias Arruda, na figura do sargento Sebastião.
Comparando o desenvolvimento urbano e reivindicativo de Baturité, percebemos
significativas diferenças entre o final do século XIX, período de utilização do trabalho
dos flagelados das secas na construção da ferrovia da Estrada de Ferro de Baturité e das
estradas de rodagem, para o período de atuação do Círculo Operário Católico, e
finalmente passando às agitações políticas pós 35, que envolviam membros das elites
decaídas da Revolução de 30, poucos comunistas e uma camada de trabalhadores
urbanos, liderados por Evaristo Lucena. O golpe do Estado Novo, deflagrado um mês
após o tumultuado comício, apenas completava a tarefa de silenciamento dos membros
das camadas populares mais altivos e confirmava a tendência autoritária que se seguia,
silenciando esse sapateiro e outros atores sociais definitivamente. Era o freio imposto à
gradual ampliação do aprendizado político de milhares de “Evaristos Lucenas” pelas
cidades interioranas do Brasil, onde se processavam um movimento incipiente de
urbanização suplantando as áreas e incidência do mandonismo local.

Conclusão

Podemos perceber a passagem do mandonismo local para o coronelismo como


um processo gradual que percorre toda a narrativa da constituição urbana e social do
município de Baturité. Há uma grande diferença entre os quase setenta anos que
separam a Baturité dos grandes sítios de café, da construção da estrada de ferro, na
década de 1870 para a Baturité relativamente urbanizada das décadas de 1920 e 1930,
com suas intensas agitações político-partidárias. A primeira época ainda estava sob o
signo do “mandonismo local”. Era um tempo em que os alcances rarefeitos da
burocracia imperial não chegavam nas fazendas e sítios dos coronéis. As contendas e
disputas entre os coronéis eram geralmente resolvidos de forma violenta, sob uso de
capangas e jagunços. Em uma segunda época, passou a vigorar o coronelismo, onde, por
14

outro lado, as diferenças políticas se resolviam por meio de ardis e manipulações


burocráticas, e não tanto mais pela violência direta (embora ainda fosse um último
recurso).
Vemos os indícios de mandonismo local em Baturité, ainda na década de 1870,
quando o já citado coronel Epifânio Ferreira Lima do distrito serrano de Pacoti aplicava
um sistema monetário próprio em seu sítio, à revelia do Estado, ou mesmo pela forma
como as obras da Estrada de Ferro chegariam até à cidade de Baturité. No projeto
original, a ferrovia, que começara a ser construída em 1872, não passaria por Baturité.
Reagindo a isso, o líder local e republicano histórico João Cordeiro enviou capangas
para destruírem as bitolas dos trens construídas, afirmando que ou a estrada de ferro
passaria em seu município ou não seria construída. Ou seja, a questão não foi resolvida
por meio de argumentos, discursos em tribunas/assembleias, ou mesmo por
manipulações burocráticas – era sobretudo resolvido por meio da força. Essa era a
expressão típica do mandonismo local.
Já coronelismo foi a tentativa possível de adequar o mandonismo local à
urbanização incipiente e às ideias de modernização, progresso, republicanismo e
democracia. O coronel perdia o privilégio da “mandar” deliberadamente como antes,
passando a fazê-lo apenas segundo as manipulações dos órgãos burocráticos a sua
disposição. Tudo isso implicava numa mínima urbanização, pois era o local onde se
situavam os órgãos públicos a serem manipulados pelos coronéis, que já dividiam o dia
a dia da fazenda com a cidade.
Desde a constituição dos trabalhadores urbanos, construtores da Estrada de Ferro
de Baturité, passando pela formação do bairro operário do Putiú, o mandonismo local
foi adaptando-se a um sistema político que se constituiu ante a ampliação do aparelho
burocrático trazido pela república. Se anteriormente ao processo de urbanização vivido
por Baturité (e sua consequente ampliação do parelho burocrático) os coronéis
mandavam e desmandavam em seus distritos serranos ou sertanejos; à medida que se
adentrava a república, eles tiveram de adaptavam-se ao sistema político do coronelismo
– suas diferenças não mais se resolveriam por meio da violência direta, e sim pela
disputa política astuciosa, ou pelo controle da burocracia estatal. Enxergamos isso
15

emblematicamente ao vermos as disputas políticas que se deram entre LEC e PSD, que
embora fossem ferrenhas e contundentes, não chegaram ao ponto da violência física ou
do uso de milícias particulares.
Evaristo Lucena não foi expulso à força do COC: o que houve foi um boicote
institucional da elite católica sobre ele dentro da associação operária católica. O mesmo
ocorreu frente às oposições políticas ao prefeito municipal na década de 1930. Os
conflitos não foram resolvidos envolvidos milícias de jagunços particulares, mas por
meios burocráticos e políticos, mesmo que envolvesse a repressão policial oficial. Eis a
diferença entre o mandonismo local e o sistema coronelista, que embora estivesse em
crise na região Sudeste (dando lugar ao clientelismo urbano ou ao populismo), ganhava
cada vez mais fôlego nos principais meios rurais que viviam um mínimo de urbanização
no Nordeste.
Outra conclusão a que se pode chegar é quanto à função silenciadora e tolhedora
do Estado Novo frente a um aprendizado político vivido por milhões de trabalhadores
brasileiros e que fora interrompido a partir de 1937. A burocracia do Estado Novo
incorporava-se ao sistema coronelista dos potentados locais já estabelecidos (ao menos
na região Nordeste) e solapava uma cultura política associativa vivida até então por
milhões de brasileiros.
Nesse sentido, Edson André, filho de Francisco Andrade (um dos ativistas do
COC junto a Evaristo Lucena) lamenta a falta de uma cultura associativa na cidade, que
outrora fora vivida e experimentada por milhões de trabalhadores. Da mesma forma,
Roberto Lucena, neto de Evaristo Lucena, lamenta o boicote sofrido por seu avô por
uma elite católica, que embora o respeitasse e o considerasse uma das figuras mais
significativas da cidade, havia um problema de “ser negro”.14
São questões que o cruzamento de diversos tipos de fontes (entre escritas e orais)
proporcionam e nos convidam à reflexão sobre a formação e vicissitudes de nossa
cidadania, junto um processo de modernização, que abria margem para participações
políticas populares, tolhidas pelas forças conservadoras das elites, expressadas ao longo
da história republicana brasileira.

14
Em entrevistas realizadas a 26 jul 2011 (Roberto Lucena) e 01 nov 2012 (Edson André)
16

Bibliografia

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Fontes

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ANDRADE, Edson André; MENDES JÚNIOR, Mário . Entrevista realizada em 01 nov 2012, Baturité.

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