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RESUMO
Durante o climatério, é crucial realizar uma avaliação minuciosa do estado de saúde, incluindo
monitoramento do índice de massa corporal, contenção da cintura, perfil lipídico, glicose em jejum
e pressão arterial. O objetivo foi conhecer os fatores que levam ao sobrepeso e à obesidade no
período do climatério e as estratégias que podem contribuir para prevenção e intervenção diante
dessas intercorrências. Buscou-se também, discutir sobre climatério e a necessidade de um
maior conhecimento das mulheres sobre essa fase; analisar as alterações mais comuns ocorridas
durante o climatério e suas principais causas e descrever o papel do profissional de enfermagem
na assistência a mulheres em fase de climatério. O procedimento foi a pesquisa bibliográfica,
utilizando como base de dados principal a Biblioteca Virtual de Saúde – BVS, o Google
Acadêmico e outros portais. Os descritores utilizados foram: “Climatério”; “Mulher/Saúde da
mulher”; “Sobrepeso/ Obesidade”. O período de indexação foi material publicado a partir de
2020. Foi constatado que existe uma correlação entre o índice de massa corporal e os sintomas
climatéricos. O sobrepeso e a obesidade associados ao climatério exigem maior atenção à saúde
da mulher e abordagem multidisciplinar como forma de prevenção da morbimortalidade nesse
grupo populacional. É importante citar o quanto o profissional de enfermagem exerce um papel
fundamental neste processo. Conclui-se que é fundamental que os serviços de saúde atentem
para a necessidade de planejar e executar ações de educação em saúde preventiva e
intervenção nutricionais para as mulheres atendidas nas Estratégias de Saúde da Família,
especialmente aquelas no climatério, visando a prevenção do sobrepeso e/ou da obesidade deste
grupo populacional.
Palavras-chave: Climatério. Ganho de Peso. Saúde da Mulher. Enfermagem.

1 INTRODUÇÃO
Climatério é o período que abrange toda a fase em que os hormônios estrogênio e
progesterona, produzidos pelos ovários, vão progressivamente deixando de ser fabricados.
Ocorre nesta fase, o declínio de duas principais funções ovarianas: produzir óvulos para a
fecundação e sintetizar hormônios que garantam o desenvolvimento do embrião em seus
estágios iniciais (ROCHA, 2010).
Entre a quarta e a quinta décadas de vida, a ovulação e a preparação cíclica do interior do
útero para a instalação de uma gravidez tornam-se irregulares, perceptíveis a partir de oscilações
na duração, intensidade e periodicidade das menstruações, culminando com a menopausa
(ROCHA, 2010).
Entre as mudanças, pode ocorrer o ganho de peso que, durante o climatério, é
multifatorial, envolvendo tanto fatores biológicos quanto comportamentais e psicossociais. As
alterações hormonais, em particular a diminuição dos níveis de estrogênio, parecem
desempenhar um papel importante na redistribuição da gordura corporal e no aumento da
adiposidade visceral. Além disso, a diminuição da atividade física e mudanças nos hábitos
alimentares podem contribuir para o ganho de peso nesse período (OLIVEIRA et al, 2019).
Durante o climatério, é crucial realizar uma avaliação minuciosa do estado de saúde,
incluindo monitoramento do índice de massa corporal, contenção da cintura, perfil lipídico, glicose
em jejum e pressão arterial. Diante dos fatores de risco associados a esta fase, intervenções no
estilo de vida, como a alimentação, são essenciais para enfrentar esses desafios e proteger a
saúde da mulher (SILVA et al., 2019).
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Portanto, neste estudo, busca-se resposta ao seguinte problema: que estratégias podem
ser adequadas para prevenção e intervenção dos fatores que levam ao sobrepeso e à obesidade
no período do climatério?
Como hipótese, uma das ações seria um trabalho voltado para cuidados que as mulheres
devem ter durante o climatério, prevenindo intercorrências que podem vir com essa fase, entre
elas, o sobrepeso e a obesidade.
O tema tem relevância principalmente, por partir do entendimento que existem ainda um
número grande de mulheres com pouca informação sobre o climatério, e o estudo pode contribuir
para um maior conhecimento sobre as modificações que ocorrem nesta fase, entre elas, o ganho
de peso.
É preciso uma maior difusão em torno das alterações físicas, emocionais, psicológicas
que ocorrem na vida da mulher durante todo o período de climatério, acarretando transformações
como o ganho de peso, levando ao sobrepeso e obesidade, levando ao risco de acometimento de
problemas graves de saúde. Por esta razão, temas como o climatério e seus efeitos devem estar
mais presentes nas pesquisas.
Além disso, considera-se a relevância do tema, tanto para a vida acadêmica, quando se
pode prover de informações mais aprofundadas sobre o assunto, complementando ainda mais a
produção de novos conhecimentos; como para a carreira profissional visto que todos esses
conhecimentos construídos oportunizam essa convivência prática com o assunto, o que
proporcionará um maior embasamento sobre o agir em nossa atuação profissional.

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Conheceros fatores que levam ao sobrepeso e à obesidade no período do climatério e


asestratégias que podem contribuir para prevenção e intervenção diante dessas intercorrências.
2.2 Objetivos Específicos
Discutir sobre climatério e a necessidade de um maior conhecimento das mulheres sobre
essa fase;Analisar as alterações mais comuns ocorridas durante o climatério e suas principais
causas; Descrever o papel do profissional de enfermagem na assistência a mulheres em fase de
climatério.

3 METODOLOGIA
O procedimento foi a pesquisa bibliográfica que, de acordo com Lakatos e Marconi (2009),
a pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange a bibliografia já tornada pública em
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relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros,
pesquisas, monografias, teses, material cartográfico etc.
Para tanto, faz-se necessário que o pesquisador realize um planejamento sistemático do
processo de pesquisa, compreendendo desde a definição temática, passando pela construção
lógica do trabalho até a decisão da sua forma de comunicação edivulgação.
Foi utilizada como base de dados principal a Biblioteca Virtual de Saúde – BVS, o Google
Acadêmico e outros portais que se mostrarem necessários. Os descritores utilizados combinados
com operadores booleanos foram: “Climatério”; “Mulher/Saúde da mulher”; “Sobrepeso/
Obesidade”. O período de indexação foi material publicado a partir de 2020.
As publicações selecionadas foram lidas e as informações obtidas, analisadas, passando a
fazer parte do corpo deste trabalho. Para organização dos resultados, foramextraídas as
informações principais do material selecionado de forma a analisar a síntese dos principais
resultados, verificando que contribuições podem dar para o alcance dos objetivos do estudo.

4 DESENVOLVIMENTO
4.1 Conhecimento sobre o Climatério
Climatério é uma palavra de origem grega, vem de klimacter, cujo significado é período
crítico. É uma fase de transição entre o período reprodutivo e o não reprodutivo. Por muito tempo,
predominou uma certa escassez de publicações sobre o climatério, limitando-se apenas aos
aspectos técnicos, ou muito mais próximo da patologia do que de uma fase fisiológica da vida
(SOUZA et al., 2022).
O que ocorre nesse período, é que os ovários sofrem uma diminuição gradativa que vai de
8 a 9 centímetros na fase reprodutiva para 2 a 3 centímetros na pós-menopausa. A função
ovariana sofre alteração em decorrência da diminuição da produção estrogênica e aumento das
gonadotrofinas hipofisárias causando o que se denomina de hipogonadismo hipergonadotrófico
(ROCHA, 2018).
Durante a fase intermediária e posterior da vida adulta ocorre perda gradativa de células e
o metabolismo celular é reduzido lentamente, acarretando mudança na capacidade de
desempenho de diversos sistemas e órgãos. Essas mudanças, físicas e mentais, podem ocorrer
rapidamente em alguns indivíduos e lentamente em outros (ROSSI; CARUSO; GALANTE, 2015).
De acordo com o que estabelece o Ministério da Saúde – MS, o limite etário do climatério
ocorre entre 40 a 65 anos, e é dividido em pré-menopausa, perimenopausa e pós-menopausa.
A primeira inicia, geralmente, aos 40 anos, quando ocorre diminuição da fertilidade
naquelas mulheres cujos ciclos menstruais são regulares, ou que tenham padrão menstrual
similar ao ocorrido durante a vida reprodutiva; a segunda ocorre dois anos antes da última
menstruação e vai mais ou menos até um ano, os ciclos menstruais ficam irregulares e percebe-
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se, também, alterações endócrinas e, a terceira, inicia-se um ano após a última menstruação
(CURTA; WEISSHEIMER, 2020).
É muito comum, as pessoas ao definirem menopausa, utilizarem os conceitos relacionados
ao climatério, havendo confusão entre os termos e sendo equivocadamente considerados
sinônimos.
Climatério é o período que abrange toda a fase em que os hormônios
estrogênio e progesterona, produzidos pelos ovários, vão progressivamente
deixando de ser fabricados (...). Essa fase é marcada pelo declínio de duas
principais funções ovarianas: produzir óvulos para a fecundação e sintetizar
hormônios que garantam o desenvolvimento do embrião em seus estágios
iniciais. Entre a quarta e a quinta décadas de vida, a ovulação e a
preparação cíclica do interior do útero para a instalação de uma gravidez
tornam-se irregulares, expressando-se sob a forma de oscilações na
duração, intensidade e periodicidade das menstruações, culminando com a
menopausa, que é o último sangramento (ROCHA, 2010, p. 25).
Furtado (2011), esclarece que a menopausa é, na realidade, o marco do climatério e,
definindo-a de uma forma mais simples, é o que acontece depois de um ano de ausência da
última menstruação. Trata-se da expressão clínica mais objetiva resultante da falência da
atividade endócrina dos ovários, sobretudo da sua incapacidade na produção de estrogénios.
Apesar dos avanços na área de saúde, para Lomônaco (2015), o período do climatério é
ainda pouco conhecido, não havendo muita informação a respeito dos efeitos no dinamismo, na
sensação de bem-estar, na redução da produtividade e nas dificuldades de relacionamentos
influenciados pelos seus sintomas.
Algo também comum, é o fato de o climatério ter sido associado a problemas psicológicos,
particularmente a depressão. Porém, estudos longitudinais indicam que os problemas
psiquiátricos da meia-idade estão mais frequentemente associados a circunstâncias sociais e
pessoais do que do climatério em si(SILVA; ARAÚJO; SILVA, 2003).
Apesar de as mulheres apresentarem preocupações mais intensas, ansiedade excessiva,
depressão, mal-estar, irritabilidade, insônia, medo da velhice e sensação de inutilidade, esses
sintomas e alterações dependem da história de vida de cada uma delas (SILVA; ARAÚJO; SILVA,
2003).
A relação da mulher em fase de climatério com o próprio corpo é marcada por fatores de
ordens biológica, psicológica e sociocultural. A função hormonal alterada, a história de vida, as
experiências afetivas, o espaço social que a mulher ocupa são aspectos indissociáveis que
constituem a experiência subjetiva da meia-idade feminina (MORI; COELHO, 2004).
O climatério marca o período em que a mulher passa pelo cessamento do período
reprodutivo. Algumas literaturas relatam que esta fase tem surgido mais cedo, na faixa etária dos
35 anos iniciando assim os primeiros sintomas emocional, vasomotores e etc. Isso ocorre devido
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à queda hormonal, hábitos alimentares irregulares, falta de atividade física e isolamento social
(ARANHA et al., 2016).

4.2 Alterações mais comuns durante o climatério


Quando se trata das mudanças que ocorrem a partir do climatério, Maciel et al (2021),
citam as alterações menstruais como o primeiro sinal percebido pelas mulheres, sendo alterações
definidas pelo aumento ou diminuição do fluxo e irregularidade, que ocorre pelo início da falência
dos folículos ovarianos. É um processo que continuará ocorrendo até a cessação da
menstruação, configurando, de fato, a menopausa.
Por ser, geralmente, o primeiro sintoma percebido pela mulher, as alterações menstruais
também poderão ser o motivo da primeira busca pelo atendimento na unidade básica de saúde,
momento este que o acolhimento será fundamental, pois trata-se de um fator que também poderá
repercutir no desenvolvimento de condições neuropsíquicas (MACIEL et al, 2021).
Independente da percepção de cada mulher, o climatério é um período de mudanças,
embora, nem sempre seja sintomático. Quando os sintomas se manifestam constituem-se o que
se denomina de síndrome climatérica, que entre as alterações, podem-se apontar as
vasomotoras, na qual estão inclusas os fogachos, insônia, vertigens, depressão, sudorese,
palpitações, taquicardia, ansiedade, alterações de humor e de memória entre outros (MARINHO
et al, 2018).
No estudo de Marinho et al (2018), são citados também, os fatores psicológicos e
emocionais, que incluem o medo de envelhecer, a preocupação com a autoimagem, medo de se
tornar menos atraente sexualmente, enfim, é uma fase acompanhada de muitos conflitos.
O que se observa e vem citado nos estudos, é sobre a importância do estrogênio sendo
apresentado como o hormônio que mais tem associação com os sintomas geralmente
relacionados ao climatério, cujo declínio está fortemente relacionado ao aumento de peso,
mudança no padrão da deposição de gordura corporal, acúmulo de gordura abdominal, sintomas
vasomotores, sintomas depressivos, distúrbios do sono, distúrbios cognitivos, dentre outras
ocorrências vivenciadas pelas mulheres nessa fase da vida ( KHOUDARY, 2019) .
Algumas pesquisas têm mostrado uma maior prevalência de ondas de calor em mulheres
com o Índice de Massa Corporal - IMC mais elevado, o que tem se justificado pela característica
de isolamento térmico atribuída ao tecido adiposo, principalmente o visceral (PINTO, 2014).
Durante o climatério a composição corporal torna-se mais vulnerável a um acúmulo maior
de gordura corporal, principalmente na região abdominal e ainda há um agravante relacionado à
ação do hormônio feminino que age também no metabolismo de lipoproteínas. São modificações
decorrentes do climatério que retratam o surgimento ou piora de algumas condições de risco
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cardiovascular, bem como: obesidade central, Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e dislipidemia
(SANTOS et al., 2019).
Samsrla, Stuczynski e Franz (2017), em estudo em que foram avaliadas mulheres no
climatério, entre 35 e 65 anos de idade, classificando seu estado nutricional pelo IMC, os
resultados mostraram que cerca de 76% estavam com sobrepeso ou obesidade. Constatou-se,
dessa forma, que o climatério pode ter influência relevante sobre o estado de obesidade,
decorrente da queda hormonal que reduz o metabolismo energético.

4.3 Sobrepeso e obesidade


Sabe-se que o sobrepeso e ainda mais agravante, a obesidade são problemas de saúde
pública diretamente relacionados ao aumento da prevalência de doenças como hipertensão
arterial, diabetes mellitus e doenças cardiovasculares (SILVA et al., 2019).
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), pode-se definir, a obesidade,
como um excesso de gordura corporal acumulada chegando a atingir níveis capazes de afetar a
saúde. Quando instalada, a tendência é sua autoperpetuação. É considerada a doença nutricional
com maior prevalência a nível mundial, vista como a epidemia global do século 21 e, de acordo
com estimativas da OMS, no ano de 2025, mais de 50% da população mundial será obesa.
Considerada um grave problema de saúde pública, estima-se em 700 milhões o número de
pessoas obesas no mundo, e projeções realizadas para o ano de 2030 apontam para um cenário
ainda mais preocupante, onde esse contingente pode ultrapassar a barreira de 1,2 bilhões de
pessoas. As explicações para a chamada pandemia da obesidade vão desde o desequilíbrio
entre a ingestão e gasto de calorias pelos indivíduos, passando pelos fatores genéticos,
socioeconômicos, ambientais e individuais, que podem afetar a patogênese da obesidade (DIAS;
VERONA, 2019).
Já a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Prevenção para Doenças Crônicas por
Inquérito Telefônico (VIGITEL), realizada em 2018, aponta para a prevalência de obesidade de
19,8%, e mais da metade da população brasileira, ou seja, 55,7%, apresenta excesso de peso.
O número de obesos aumentou 67,8% desde 2006, sendo que o predomínio foi em adultos de 25
a 44 anos.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, divulgados em outubro de
2020, mostraram que os obesos na população com 20 anos ou mais de idade no país, que era de
12,2% em 2003, passou para 12,2% em 2019, entre as mulheres a obesidade subiu de 14,5%
para 30,2%, enquanto a obesidade masculina passou de 9,6% para 22,8%.
Existe em relação à distribuição do tecido adiposo, a classificação em dois tipos para a
obesidade: ginóide e androide. No primeiro, há na região dos quadris, a concentração de maior
quantidade de tecido adiposo, sendo mais comum em mulheres. Havendo maior concentração do
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excesso de gordura na região abdominal ou no tronco, tem-se o tipo androide, central, abdominal
ou em maçã. A adiposidade androide ou abdominal, associada ao acúmulo de gordura visceral,
apresenta alta correlação com complicações cardiovasculares e com a síndrome metabólica
(ABESO, 2009).
A obesidade apresenta dois grupos de fatores condicionantes. O primeiro, é o grupo da
obesidade exógena, ou seja, resulta de fatores externos, estando relacionado principalmente ao
desequilíbrio do gasto calórico com a ingestão alimentar e sedentarismo. O outro grupo é o da
obesidade endógena, caso em que o aumento de peso é devido a fatores de desequilíbrio
hormonal, provenientes de alterações do metabolismo tiroedeano, gonodal, hipotálomo-
hipofisário, de tumores e síndromes genéticas (GOIS; BAGNARA, 2016).
Nesta fase deve ser reconhecida a importância de uma avaliação rigorosa do estado de
saúde e da monitorização do índice de massa corporal, da circunferência da cintura, perfil lipídico,
glicose em jejum e da pressão arterial. Perante os fatores de risco associados à menopausa,
intervenções no estilo de vida como a alimentação são obrigatórias para contornar esses
obstáculos e para proteger a mulher (SILVA et al., 2019).
A prevenção e o diagnóstico precoce da obesidade são importantes aspectos para a
promoção da saúde e redução de morbimortalidade, aumento na duração e melhoria na
qualidade de vida, como também influencia nas relações sociais e na autoestima da mulher. O
IMC é recomendado para a avaliação da obesidade em nível populacional e na prática clínica. De
modo complementar com o objetivo de avaliar o excesso de gordura abdominal em adultas utiliza-
se a medida da circunferência da cintura conforme demonstrado anteriormente no item de
Avaliação Nutricional (BRASIL, 2008).

5 RESULTADOS
Apresenta-se os resultados da pesquisa, cuja finalidade é responder ao seu objetivo, que
é: Conhecer os fatores que levam ao sobrepeso e à obesidade no período do climatério e as
estratégias que podem contribuir para prevenção e intervenção diante dessas intercorrências.
Com base nesse objetivo e no problema da pesquisa, que questiona que estratégias
podem ser adequadas para prevenção e intervenção dos fatores que levam ao sobrepeso e à
obesidade no período do climatério, os resultados são divididos em dois tópicos, primeiro, os
fatores que levam ao sobrepeso e à obesidade no período do climatério e o segundo, as
estratégias que podem contribuir para prevenção e intervenção diante dessas intercorrências.

5.1 Fatores que levam ao sobrepeso e à obesidade no período do climatério


Como já foi mostrado, o climatério traz uma série de mudanças e um dos aspectos que
muda, é o perfil de risco cardiovascular nas mulheres, caracterizado pelo surgimento ou
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agravamento de fatores de risco como, obesidade, hipertensão, dislipidemias que, somado a


hiperglicemia geram a síndrome metabólica. São fatores intrinsecamente relacionados com a
redução da qualidade de vida, afetando sua rotina e estilo de vida, influenciando diretamente a
percepção de bem-estar físico e psicológico, de forma negativa (SILVA; FERNANDES. LIMA,
2020).
No estudo de Costa et al., (2022), é constatado que existe uma correlação entre o índice
de massa corporal e os sintomas climatéricos, sendo que mulheres com sobrepeso ou obesidade
apresentam sintomas mais intensos e moderados do que mulheres eutróficas.
Curta e Weissheimer (2020), estimam que, geralmente, é comum que 60 a 80% das
mulheres citem alguma sintomatologia, e, em muitos casos, atribuída ao estado de
hipoestrogenismo, que é declínio do principal hormônio feminino, o estrogênio, cujos sinais e
sintomas mais comuns são irregularidade menstrual, aparecimento ou agravamento do quadro de
tensão pré-menstrual e cólica menstrual, palpitações, tonturas, cansaço, diminuição da memória,
cefaleia, dores articulares, ansiedade, insônia, cistite, incontinência urinária, secura vaginal,
“fogachos” ou ondas de calor, entre outros.
É importante complementar que a diminuição estrogênio provoca ainda, outras
modificações significativas, como o ganho de peso, risco cardiometabólico e predisposição à
perda óssea e, além dos sintomas biofísicos, existem ainda os sintomas psicológicos como a
ansiedade e a depressão, e tem sido demonstrado em pesquisas, que alterações psicológicas ou
emoções podem influenciar diretamente o comportamento alimentar feminino (JANJETIC et al.,
2020).
O ganho ponderal no climatério acaba sendo um evento comum e é preciso atenção, pois
a obesidade poderá aumentar a probabilidade de doenças como diabetes, dislipidemias, doenças
cardiovasculares e hipertensão arterial. Entre os fatores para o ganho excessivo de peso nessa
fase, tem-se o baixo consumo de determinados nutrientes e excesso de outros, que interferem na
composição corporal e causam alterações da saúdem (SOARES et al., 2022).

5.2 Estratégias para prevenção e intervenção do sobrepeso e obesidade no climatério


Entre as alternativas para reduzir o efeito dessas alterações, tem-se a terapia hormonal,
mudança no estilo de vida, prática de atividades físicas, técnicas de relaxamento, uso de
suplementos e a reeducação alimentar. Isso porquea alimentação inadequada apresenta forte
relação com comorbidades, sendo destacadas as doenças cardiovasculares (RAPHAELLI et
al., 2021).
O aumento da ingestão de alimentos in natura, vegetais e frutas, adequação da
ingestão/suplementação dos micronutrientes, proteínas de alta qualidade e a não ingestão dos
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ultraprocessados, são comportamentos essenciais para a saúde, à adequação e manutenção do


peso em mulheres de meia idade (SOARES et al., 2022).
No estudo de Alves (2021), é citado que, no Brasil, o cuidado à saúde da mulher no
contexto do SUS tem como marco a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher
(PNAISM) que prevê a realização de ações de promoção, prevenção, de diagnóstico, tratamento
e recuperação voltadas a esse público em todos os níveis de atenção à saúde.
Porém, apesar da referida política incluir a assistência à mulher climatérica, a autora
constatou que, no cotidiano dos serviços de saúde ainda se percebe a existência de lacunas no
cuidado relacionado a esta fase da vida da mulher. Não se descarta que isso se devaà
indisponibilidade de serviços de saúde em alguns locais que interfere na procura das mulheres
climatéricas para receber atendimento voltado às questões que afetam sua saúde e bem-estar
(ALVES, 2021).
O excesso de peso como sendo um dos fatores mais prevalentes dentre as mulheres no
climatério, tem sido evidenciado em vários estudos. Não se pode esquecer que o sobrepeso e a
obesidade associados ao climatério exigem maior atenção à saúde da mulher e abordagem
multidisciplinar como forma de prevenção da morbimortalidade nesse grupo populacional.
Neste contexto, é importante citar o quanto o profissional de enfermagem exerce um papel
fundamental neste processo. No estudo de Palmeira et al., (2020) foi descrito sobre a
implementação do protocolo de enfermagem para mulheres com excesso de peso, valorizando os
conhecimentos existentes e desejados para orientar as ações de educação em saúde. Com as
ações, as interações que foram estabelecidas contribuíram para promover o compartilhamento de
saberes e experiências entre as próprias mulheres.
O enfermeiro é o profissional que pode orientar a mulher que passa pelo climatério, para
que esta possa praticar o autocuidado e, assim, melhore a sua qualidade de vida. Nesse sentido,
ressalta-se que as ações desenvolvidas pelo enfermeiro contribuem para o empoderamento
feminino, de modo que incentivam cuidado e o protagonismo (CASTILHOSet al, 2021).
Brunner e Suddarth (2023) destacam o papel da enfermagem, ao afirmarem que os
profissionais de enfermagem podem encorajar as mulheres a visualizar o climatério como uma
alteração natural. Sugerem ainda que o ensino e o aconselhamento da paciente em relação a
estilos de vida saudáveis, promoção da saúde e triagem são de primordial importância.
É fundamental observar como o estudo de Cardoso etal (2023), trata sobre a atuação da
enfermagem a partir de um viés intuito preventivo e educativo.Com a abordagem feita de forma
individualizada para cada mulher, levando em conta suas particularidades, culturas ou origens, é
fundamental enfatizar que o climatério é uma fase importante na vida e não um problema.
Muitas pesquisas têm demonstrado a relação entre climatério e qualidade devida,
destacando a influência em fatores biológicos e físicos, como a sexualidade, queda hormonal e a
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obesidade; fatores psicológicos e emocionais como a depressão, estresse e ansiedade, entre


outros.
Faz parte da assistência, segundo Cardoso et al (2023), o acompanhamento da mulher,
semestral e anualmente, na fase do climatério, prestando acompanhamento ginecológicos,
exames regulares, como o preventivo, entre outros exames, para que mantenha a saúde da
mulher, provendo a sua qualidade de vida, mudanças alimentares, prestando apoio e educação
em saúde

6 CONCLUSÃO
Ao longo do estudo foi evidenciado que o climatério representa um processo de
transformações físicas e emocionais e, além disso, a vivência da mulher em relação a esse
período acaba sendo influenciada por diversos fatores, que vão desde a história de vida individual
e familiar, o contexto em que vive, cultura, os costumes, entre outros.
Foi mostrado no estudo, que a obesidade é um grande problema de saúde pública que
afeta mulheres no climatério. Há um aumento da prevalência na pós-menopausa e tem relação
direta com a ocorrência da hipertensão arterial, diabetes mellitus e doenças cardiovasculares.
Viu-se que com o declínio do principal hormônio feminino, o estrogênio, decorrem as
alterações, incluindo o ganho excessivo de peso, entre outros sintomas comuns do climatério,
afetando a qualidade de vida.
Contudo, é importante frisar que o conhecimento adequado e a assistência em saúde em
que se destaca o profissional de enfermagem, as mulheres podem atravessar esse período com
mais tranquilidade, inclusive, com a introdução de mudanças no comportamento alimentar e
outros hábitos que podem vir a intensificar a sintomatologia do climatério, como a tendências ao
sobrepeso e obesidade.
Conclui-se que é fundamental que os serviços de saúde atentem para a necessidade de
planejar e executar ações de educação em saúde preventiva e intervenção nutricionais para as
mulheres atendidas nas Estratégias de Saúde da Família, especialmente aquelas no climatério,
visando a prevenção do sobrepeso e/ou da obesidade deste grupo populacional

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