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Escola Superior de Enfermagem de São José de Cluny

CICLO VITAL E SAÚDE

Manuela Vares nº 2467


Marta Sousa nº 2440
Nisa Melim nº 2416
Sara Gomes nº 2421
Soraia Pina nº 2441

Trabalho elaborado no âmbito da unidade curricular de História,


Epistemologia e Fundamentos da Enfermagem I no 1º ano do Curso de
Licenciatura de Enfermagem.

Funchal,
2023
Escola Superior de Enfermagem de São José de Cluny

CICLO VITAL E SAÚDE

Manuela Vares nº 2467


Marta Sousa nº 2440
Nisa Melim nº 2416
Sara Gomes nº 2421
Soraia Pina nº 2441

Docente: Professora Doutora Cristina Pestana

Trabalho elaborado no âmbito da unidade curricular de História,


Epistemologia e Fundamentos da Enfermagem I no 1º ano do Curso de
Licenciatura de Enfermagem.

Funchal,
2023
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

APA – American Psychological Association


ESESJC – Escola Superior de Enfermagem São José de Cluny
OE – Ordem dos Enfermeiros
OMS – Organização Mundial de Saúde
UC – Unidade Curricular
ÍNDICE

Introdução .............................................................................................................................. 4

1. Ciclo vital: conceito .......................................................................................................... 6

1.1. Pré-natal ........................................................................................................................ 7

1.2. Infância .......................................................................................................................... 8

1.3. Adolescência .................................................................................................................. 9

1.4. Vida adulta .................................................................................................................. 10

1.5. Velhice .......................................................................................................................... 11

1.6. A morte ........................................................................................................................ 12

2. Ciclo vital e Saúde .......................................................................................................... 13

Conclusão............................................................................................................................. 15

Referências bibliográficas.................................................................................................... 17
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INTRODUÇÃO

No âmbito da unidade curricular (UC) de História, Epistemologia e Fundamentos


da Enfermagem I, do 1º semestre do 1º ano da Licenciatura em Enfermagem na Escola
Superior de Enfermagem de São José de Cluny (ESESJC), foi-nos proposto pela Professora
Doutora Cristina Pestana, a realização de um trabalho de grupo cujo tema incidisse sobre o
ciclo vital humano e a sua relação com a saúde.
No decorrer deste trabalho, começaremos por abordar a definição de ciclo vital, de
seguida faremos uma explicação sobre cada uma das fases inerentes a este ciclo, tais como:
a fase pré-natal, a infância, a adolescência, a vida adulta, a velhice e a morte. Posteriormente,
relacionaremos a influência dos cuidados de saúde no ciclo de vida humano e, por fim,
faremos uma breve conclusão acerca dos conhecimentos adquiridos e das dificuldades
encontradas ao longo da elaboração do presente trabalho.
No que diz respeito à metodologia e, de forma a enriquecer os nossos
conhecimentos, teremos como principais referências para a realização deste trabalho a
utilização de vários artigos científicos encontrados em algumas bases de dados, tais como:
Scielo e EBSCO. Este documento terá ainda em consideração as normas de referência
bibliográfica do “Manual de Elaboração de Trabalhos Académicos” da ESESJC, baseado
nos princípios recomendados pela American Psychological Association (APA, 7ª Edição,
2019).
O nosso principal objetivo consiste na assimilação de conhecimentos acerca das
diferentes fases do ciclo vital humano, desde o pré-natal até à morte e compreender como
essas fases estão interligadas à saúde e à enfermagem. Para além disso, interessa-nos
perceber de que forma o Modelo Teórico de Nancy Rooper contribuiu como base teórica
orientadora na organização conceptual do pensamento do enfermeiro e da sua importância
para a saúde.
Para o nosso trabalho importa, em primeiro lugar, compreender o conceito de saúde,
reconhecido universalmente pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como “um estado
de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou
enfermidade”. Desta forma, a saúde é compreendida pelo adequado desenvolvimento das
características físicas, mentais e sociais do Homem e do seu permanente equilíbrio com o
meio ambiente (Martins, 2005).

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Nancy Roper foi professora de Enfermagem e preocupou-se em estudar um modelo


que identificasse um “núcleo” comum a todas as especialidades da enfermagem. Deste
modo, seria possível reconhecer todo o conhecimento, competências e atitudes para o
cuidado de pessoas em condição de vulnerabilidade (Roper et al., 2001). O objetivo deste
modelo caracteriza-se por auxiliar os enfermeiros no planeamento de uma abordagem
organizada de intervenções, de modo a permitir ao indivíduo enfrentar os seus problemas
(Roper et al., 2001).
Segundo Fonseca et al. (2017), o modelo inicial de Nancy Roper foi reformulado
em 1980, juntamente com Winifred Logan e Alison Tierney transformando-o num modelo
mais adaptado à prática dos cuidados de enfermagem. Este baseia-se no Modelo de Vida que
tem como principal enfoque a pessoa e compreende doze atividades de vida diárias, que
consequentemente são influenciadas pelos estádios de vida, dado que há momentos da
vivência onde os indivíduos conseguem ou não realizar determinadas tarefas (Roper et al.,
2001). Cada fase do ciclo vital é influenciada por diversos fatores que por consequência
influenciam as atividades de vida, tais como: o desenvolvimento físico; psicológico;
sociocultural; ambiental e político-económico (Roper et al., 1995). Um outro aspeto
essencial no modelo de enfermagem é analisar o nível de dependência ou independência do
indivíduo face a cada atividade de vida (Fonseca et al., 2017).
A importância do modelo de Nancy Roper para a saúde e a prática da enfermagem
baseia-se no pressuposto que cada enfermeiro deve ser consciente do estádio de vida de cada
indivíduo e reconhecer que cada utente deve continuar a “viver” enquanto recebe cuidados
de enfermagem, como também pode precisar destes em qualquer fase durante a sua vida,
desde o nascimento até à morte (Roper et al., 2001).
Desta forma, os cuidados de saúde devem ser feitos no sentido de ajudar o doente
a evitar, aliviar, resolver ou suportar os problemas reais ou potenciais. Sendo assim, a
enfermagem não apenas responde aos problemas existentes, como também se preocupa em
preveni-los, lidando de forma positiva com quaisquer que sejam, inclusive com a morte
(Roper et al., 1995).

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1. CICLO VITAL: CONCEITO

Segundo Sierra (2015), os ciclos de vida fazem parte do processo que explica como
a natureza funciona. No ser humano, este ciclo está presente no processo de formação de
uma nova vida e engloba um conjunto de processos morfológicos e fisiológicos.
O ciclo de vida pode ser definido como o período que se inicia no nascimento e
termina com a morte, tendo em consideração que cada pessoa tem um ciclo de vida diferente
(Fonseca et al., 2017). De acordo com Roper et al., (1995), o ciclo vital não é igual para
todas as pessoas uma vez que estas podem apenas viver até o nascimento e muitas outras
morrem prematuramente em resultado de um acidente, doença, desastre natural ou guerra.
O crescimento de um organismo está dependente de grandes períodos
caracterizados por um desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial – a infância, a
adolescência, a idade adulta e a velhice. Estas fases são consideradas universais e associadas
a diversas características comuns a todos os humanos: a infância é marcada por experiências
essenciais e com efeito determinante para todo o desenvolvimento posterior; a adolescência
é um período de mudanças rigorosas demarcada também pela busca da identidade; a idade
adulta é um momento de estabilidade e de poucas mudanças importantes, sendo
estabelecidos estilos de vida independentes, ocupações e construção de família; a velhice é
assinalada pela deterioração das capacidades físicas e cognitivas (Papalia & Feldman, 2013).
Por fim, a morte é um fenómeno natural e faz parte do processo de vida do ser
humano, caracterizando-se por ser um evento incutido por valores e significados
dependentes do contexto sociocultural em que se manifesta (Combinato & Queiroz, 2006).

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1.1. Pré-natal
A transformação de uma única célula (ovo fecundado) num organismo completo
acontece pela conjugação de um conjunto de processos regulados que implicam diferentes
etapas (Vieira & Fragoso, 2006).
A fase pré-natal do ciclo vital, tem início quando ocorre a fusão de duas células
germinativas, o óvulo e o espermatozoide. Esta é a primeira etapa de uma sequência de
processos de crescimento e de desenvolvimento que culminam com a formação de um zigoto
e que é caracterizado pelo início de uma nova vida (Vieira & Fragoso, 2006). Este processo
de crescimento engloba um conjunto de modificações de tamanho que conduzem ao aumento
de novos tecidos devido à variação da quantidade de proteínas, minerais e água. Deste modo,
um organismo passará de um estado indiferenciado ou imaturo para um estado organizado e
especializado (Vieira & Fragoso, 2006).
O desenvolvimento pré-natal ocorre geralmente em três etapas: período germinal,
embrionário e fetal. Normalmente a gestação varia entre 37 e 41 semanas, sendo que a idade
gestacional é contada a partir do primeiro dia do último ciclo menstrual da mulher (Papalia
& Feldman, 2013).
O período germinal decorre desde a fecundação até à segunda semana de gravidez.
Este é caracterizado pela rápida divisão e duplicação das células do zigoto através de mitoses
sucessivas, seguindo-se a sua implantação na parede do útero, formando então um
blastocisto, uma esfera com líquido (Papalia & Feldman, 2013).
O período embrionário decorre entre a segunda e oitava semana de gestação e é
caracterizado pelo desenvolvimento de vários órgãos e dos principais sistemas do corpo –
respiratório, digestivo e nervoso. Por este motivo, este é considerado um período crítico,
pois o embrião encontra-se muito vulnerável ao ambiente pré-natal e podem ocorrer danos
nestes sistemas que serão visíveis após o nascimento (Papalia & Feldman, 2013).
O período fetal decorre da oitava semana até ao nascimento e caracteriza-se pelo
crescimento e maturação dos tecidos e órgãos anteriormente formados, como também ocorre
uma diferenciação das partes do corpo e o grande aumento do seu tamanho. Ao fim do 9º
mês o feto está pronto para a transição para a vida extrauterina (Vieira & Fragoso, 2006;
Papalia & Feldman, 2013).
O conhecimento do crescimento e do desenvolvimento fetal permite controlar a
evolução do feto e permitir a deteção de problemas que possam acontecer durante a gravidez
e para os quais o tratamento médico pode ser iniciado. O conhecimento do desenvolvimento
do estádio pré-natal permite aos profissionais de saúde, controlar o crescimento do feto e
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analisar possíveis problemas que podem acontecer na gravidez e, no qual o tratamento


adequado pode ser iniciado (Roper et al., 1995).
Após o processo de desenvolvimento de uma nova vida, há um momento de
transição que se caracteriza pelo nascimento do bebé. Sendo assim, este continua o seu
desenvolvimento durante a fase seguinte do seu ciclo vital, a infância.

1.2. Infância
A infância constitui uma fase marcante do ciclo vital e subdivide-se em: 1ª, 2ª e 3ª
infância. Ao longo destas três etapas, são apresentadas diversas caraterísticas que as fazem
diferenciar entre si.
Durante a primeira infância, compreendida entre o nascimento e os três anos de
vida, ocorre um desenvolvimento gradual e rápido da cognição e motricidade da criança,
manifestando-se essencialmente duas competências necessárias para a sua evolução e
crescimento: a fala e a locomoção. Nos primeiros meses de vida, o bebé não possui a
capacidade de se expressar por meio de palavras e por essa mesma razão, a comunicação é
feita exclusivamente através do choro e gestos (Gonçalves, 2016). Por outro lado, quando o
bebé deixa de gatinhar e começa a deslocar-se sem auxílio, observa-se a aquisição de uma
certa independência e autonomia para o seu progresso geral. Deste modo, verifica-se que
após o nascimento, a criança iniciará o seu desenvolvimento cognitivo, motor, emocional e
social, que irão posteriormente ser aprimorados até à adolescência (Teixeira et al., 2016).
A segunda infância insere-se na faixa etária dos três anos de idade e perdura até aos
seis. Esta etapa para além do desenvolvimento social e cognitivo é também marcada pelo ato
de brincar e pela interação com outras crianças. Com a entrada na pré-escola é necessário a
criança aprender a interagir com os outros, de modo a adquirir novas habilidades que serão
úteis na resolução de conflitos e discordâncias que possam existir futuramente. Assim,
observa-se que cada criança possui o seu próprio modo de brincar, sendo este influenciado
por vários fatores que irão determinar a forma como a criança se vai desenvolver e reagir a
diversas situações, nomeadamente a sua idade, género, cultura e ambiente social onde está
inserida (Papalia & Feldman, 2013). Outra característica relevante durante a segunda
infância é o egocentrismo, onde a criança sente dificuldade em compreender o ponto de vista
de outras pessoas. Para além disso, é ao longo desta fase que a criança começa a querer
conhecer e descobrir melhor o seu corpo, fazendo descobertas acerca da sua sexualidade e
identidade de género (Gonçalves, 2016).

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A terceira e última fase da infância ocorre entre os seis e os onze anos de idade. Tal
como a segunda infância, esta também é identificada como uma fase escolar, uma vez que é
na escola que a criança irá passar a maior parte do seu dia, formando o seu grupo de amigos.
Deste modo, esta fase constitui uma etapa essencial para o desenvolvimento social da
criança, de forma que esta adquira valores independentes dos familiares. No entanto, as
amizades para além de ajudarem no crescimento e independência das crianças, podem
também causar alguns aspetos menos positivos, incluindo a criação de alguns preconceitos
e de comportamentos menos saudáveis (Gonçalves, 2016).
Após a infância, surge uma nova fase do ciclo vital caracterizada pelo
aperfeiçoamento das habilidades adquiridas, a adolescência.

1.3. Adolescência
A adolescência está compreendida entre a infância e a idade adulta, iniciando-se aos
doze anos e termina aproximadamente aos dezoito. §§(Gonçalves, 2016).
Com a passagem da infância para a adolescência, começam a ocorrer rapidamente
diversas mudanças no corpo o que torna esta fase complexa e marcante na vida do indivíduo.
Na puberdade ocorre o seu rápido crescimento e, consequentemente implica variadas
mudanças físicas, psicológicas, cognitivas, sociais e emocionais. Em virtude destas
mudanças repentinas e inesperadas para a criança, há normalmente uma diminuição da sua
autoestima, fazendo com que o jovem passe por momentos em que se sente desanimado
(Papalia & Feldman, 2013).
A consciência da entrada em uma nova realidade, leva a que o adolescente necessite
de reestruturar a sua identidade e vá em busca de um novo “eu”, que satisfaça as novas
responsabilidades a que este irá ser sujeito. De modo a realizá-lo com sucesso e mais
facilmente, este procura apoio através da troca de informações com pessoas que lhe são mais
próximas no seu meio familiar (Lepre, 2016).
Nesta nova etapa o jovem procura adquirir habilidades, de forma a conseguir lidar
com as diferentes imposições que a sociedade exerce sobre ele. Contudo, os pais muitas vezes
têm expectativas demasiado elevadas para os seus filhos a nível académico, social e
profissional, acabando por gerar muita pressão e revolta no adolescente (Gonçalves, 2016).
Consequentemente, essa rebeldia pode estar associada a diversos comportamentos
de risco que serão uma grande preocupação para os pais ao longo deste período,
nomeadamente o uso de drogas, tendência para o alcoolismo, gravidez indesejada e infeções
sexualmente transmissíveis. Em prol desta preocupação incompreendida por parte dos
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adolescentes, poderá surgir um afastamento e mau relacionamento com os pais, tornando-se


muitas vezes complicado para ambas as partes. Por conseguinte, os comportamentos
irresponsáveis e perigosos demonstrados pelos jovens durante a adolescência, podem deixar
sequelas para toda a sua vida refletindo a sua imaturidade em fases da vida posteriores
(Papalia & Feldman, 2013).

1.4. Vida adulta


A vida adulta inicia-se de forma incerta, ou seja, não tendo um momento ou idade
bem definida que o marque. Segundo Papalia et al., (2013) citado por Gonçalves (2016), o
começo desta etapa encontra-se entre o final da adolescência e o início dos vinte anos de
idade, sendo assim um momento de transição caracterizado pelo início das responsabilidades
da vida adulta.
A idade adulta em relação à adolescência difere em vários aspetos, destacando-se
um progresso na independência e na responsabilidade. Ainda nesta fase, realçam-se alguns
momentos mais vulgares e usuais que a marcam e distinguem, sendo estes, a entrada na
universidade, saída da casa dos pais, ter filhos e o casamento (Papalia & Feldman, 2013).
Relativamente à saúde, nos adultos torna-se mais fácil para os profissionais abordá-
los devido à sua maior aptidão em termos de comunicação e de avaliação da dor. Nesta etapa
do ciclo vital, geralmente, as principais preocupações são a família e a carreira profissional,
que se relacionam diretamente com a saúde. Em caso de doença ocorre perturbação tanto na
vida profissional quanto do seio familiar, sendo assim necessário ter estes parâmetros em
consideração. Pode também suceder-se o oposto, sendo estes aspetos a principal causa da
doença ou da necessidade do auxílio da enfermagem (Roper et al., 1995).
O adulto é encarado como estável, no que diz respeito à capacidade física e
intelectual. Neste estágio de vida, principalmente no adulto jovem, a taxa de mortalidade e
o aparecimento de doenças severas são mínimas. Contudo, com o progresso da idade é
frequente surgir mais doenças e no final desta etapa são mais triviais a trombose, as doenças
cardíacas e o cancro, levando a um acréscimo da taxa de mortalidade (Roper et al., 1995).
Através da investigação e dos conhecimentos relativamente a algumas doenças
mais comuns, existem comportamentos que podem ser evitados, nomeadamente o consumo
de bebidas alcoólicas, o tabagismo, o stress e o sedentarismo (Roper et al., 1995).

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1.5. Velhice
O início da velhice considera-se por volta dos 60 ou mais anos de idade (Gonçalves,
2016). A esperança média de vida tem expandido cada vez mais devido às mudanças nos
estilos de vida e à descoberta de novos conhecimentos. No entanto, esse progresso pode vir
a diminuir pela carência de alterações significativas no modo como vivemos (Roper et al.,
1995).
Esta etapa carrega vários estereótipos, tal como a ideia de que são incapazes,
gerando em algumas pessoas o receio de envelhecer, porém as condições de vida têm
melhorado, havendo cada vez mais idosos saudáveis e com uma vida ativa (Roper et al.,
1995).
O sistema nos idosos continua maioritariamente bom em termos de funcionamento,
apesar do aparecimento de certas patologias, tais como a diminuição da visão e da audição.
O desempenho deste varia de pessoa para pessoa, dependendo dos seus estilos de vida, por
exemplo, uma pessoa com 80 anos pode ter um melhor funcionamento do que uma pessoa
mais jovem (Roper et al., 1995).
Nesta fase destacam-se outras mudanças nomeadamente em termos físicos, onde se
evidencia uma alteração da pele, passando a ficar mais enrugada, devido à diminuição dos
músculos, menos elástica e com a cor mais desvanecida. O cabelo torna-se branco, com uma
menor espessura e os pelos do corpo são mais escassos. Para além disso, realça-se uma
diminuição da altura, atribuída aos discos das vértebras que sofrem um atrofiamento e ao
estreitamento dos ossos (Roper et al., 1995).
Relativamente às mudanças a nível sistémico e orgânico, a velhice leva a um
decréscimo da imunidade, sendo mais propenso para infeções e mais difícil a recuperação
das mesmas. Para além disso, ocorrem ainda alterações do coração, graças ao acumulamento
de gordura em torno deste, dá-se um aumento da pressão arterial e o ritmo cardíaco fica mais
irregular e lento (Roper et al., 1995).
Além disso, as relações familiares e de amizade neste período vital são
imprescindíveis, de modo a melhorar o nível de saúde, a qualidade de vida e o bem-estar
geral dos idosos. Assim, conclui-se que as relações fazem com que os idosos não se sintam
tão sozinhos e evitem doenças, como a depressão (Roper et al., 1995).

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1.6. A morte
A morte é identificada como um capítulo crucial do desenvolvimento humano, que
demarca o fim do ciclo vital (Papalia & Feldman, 2013).
Este é considerado um acontecimento biológico, apesar de apresentar outros fatores
que se relacionam entre si, nomeadamente sociais, culturais, legais, psicológicos, clínicos,
históricos, éticos e de desenvolvimento (Papalia & Feldman, 2013).
O modo como a morte é encarada varia consoante o estágio de vida em que o ser
humano se encontra. Assim, é possível inferir que é já desde a infância que muitas pessoas
convivem com algumas perdas e com a morte, no entanto, é apenas a partir da adolescência
que se começa a entender realmente o verdadeiro significado de morte. Na idade adulta
começamos a identificar a morte como uma situação possível de ocorrer, embora seja na
velhice que esta se verifica como mais aceite (Hohendorff & Melo, 2009).
O Homem é o único ser vivo que possui a consciência de que o seu ciclo de vida,
um dia irá eventualmente ter fim. Apesar de a morte ser identificada como um acontecimento
universal, inevitável e intrínseca ao desenvolvimento do Homem, esta é uma realidade que
a maior parte das pessoas evita abordar ou pensar (Hohendorff & Melo, 2009).
Morrer é um facto social que afeta não só a quem morre, mas a todos os próximos
que o rodeiam, tal como a família e amigos. Deste modo, podemos afirmar que este conceito,
varia de acordo com o tipo de sociedade, culturas, famílias em que se insere e ainda de
indivíduo para indivíduo (Cerqueira, 2013).
Nos tempos que decorrem, torna-se cada vez mais frequente a ocorrência de mortes
em hospitais. Deste modo, e sendo um dos episódios mais tristes e angustiosos do quotidiano
de um enfermeiro, este acaba por ser considerado um acontecimento frustrante que
inevitavelmente leva a medos, reflexões, sentimento de culpa ou impotência e incertezas. No
caso do enfermeiro, acredita-se que este compreende o significado de morte de acordo com
as suas vivências de perdas passadas, tanto a nível pessoal como profissional e que atua com
base nesses princípios (Cerqueira, 2013). Contudo, o enfermeiro também tem o direito de se
afastar, isolar e de descarregar a sua dor, de modo a libertar o que está a sentir e a recompor-
se. Constata-se assim, que por vezes a afinidade que pode ser estabelecida entre
enfermeiro/utente, faz com que uma partida de um doente custe tanto quanto um familiar.
Por fim, é de extrema importância compreender que cada pessoa vive a morte de
forma única, tendo em conta o seu estado físico e emocional, os seus valores, idade,

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expetativas de vida, crenças e contexto familiar e socio cultural em que se encontra


(Cerqueira, 2013).

2. CICLO VITAL E SAÚDE

A saúde e o desenvolvimento humano encontram-se interligados visto que o


processo de desenvolvimento inclui a consolidação do direito à saúde. O desenvolvimento
humano é diversificado, não se restringindo apenas à dimensão económica, mas também
englobando as facetas políticas, sociais e culturais que afetam a qualidade de vida. Portanto,
um dos elementos fundamentais para atingir um desenvolvimento com equidade é a saúde,
considerada uma componente determinante para o bem-estar global (Carrara e Ventura,
2012).
A prática de enfermagem é uma profissão que envolve uma profunda interação
interpessoal e cuidado com indivíduos, sejam eles pacientes, famílias ou comunidades. Deste
modo e ao lidar com um grupo diversificado de pessoas, é imprescindível que os enfermeiros
estejam atentos às culturas, valores, crenças e ideologias de cada indivíduo (Conselho de
Enfermagem, 2001). Durante o ciclo vital, a técnica da enfermagem busca prevenir doenças,
garantir que as necessidades humanas essenciais sejam atendidas e promover a máxima
independência das pessoas nas suas atividades diárias (Conselho de Enfermagem, 2001).
Transpondo o conceito de ciclo de vida para a prática da enfermagem, que é
identificada como uma profissão científica, humana e holística, surge a necessidade de um
maior aprofundamento do conhecimento ao nível da evolução e desenvolvimento que ocorre
ao longo do ciclo vital; ao nível dos desafios enfrentados durante a vida e ao nível das
alterações nos diferentes estados de saúde, de um estado de bem-estar a um de doença
(Zagonel, 1999).
Durante o período do pré-natal, o enfermeiro assume um papel fundamental na
educação da saúde, alertando para a importância dos hábitos de vida saudáveis. Por outro
lado, exerce uma função essencial na partilha do momento do parto com os pais do recém-
nascido (Roper et al., 1995).
A infância, é considerada uma etapa normalmente saudável, no entanto a função do
enfermeiro centra-se na vacinação e monitorização do desenvolvimento e crescimento das
crianças, garantindo o seu progresso de forma saudável (Roper et al., 1995).
Apesar da doença não ser muito frequente também na adolescência, existem
desafios que podem surgir neste estágio do ciclo de vida, nomeadamente as diferenças nos
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aspetos físicos e psicológicos que ocorrem durante a puberdade. Visto que esta é uma fase
de transição e de turbulência, cabe aos enfermeiros assumir um papel de sensibilidade e
conhecimento acerca da evolução e dos sentimentos despertados durante esta etapa do ciclo
vital (Roper et al., 1995).
Por sua vez, a idade adulta carateriza-se pelo aumento de doenças cardíacas,
tromboses e cancros. Deste modo, compete ao enfermeiro reforçar a ideia da importância da
adoção de estilos de vida adequados, com o objetivo de reduzir a incidência destas doenças
e prolongar a esperança média de vida (Roper et al., 1995).
A incidência de doenças durante a velhice é maior e por essa mesma razão o número
de idosos em hospitais é notoriamente cada vez mais elevado. Assim, a enfermagem
competente assegura a sensibilidade, compreensão e atitude otimista face a esta etapa, uma
vez que esta é uma fase, muitas das vezes caraterizada como de extrema solidão (Roper et
al., 1995).
A última fase do ciclo vital, identificada como a morte, é encarada pelos idosos
como uma preocupação. Dessa forma, cabe aos profissionais de saúde garantir que essas
pessoas cheguem ao fim do seu ciclo vital, com o maior conforto possível, com o menor
nível de dor e de forma digna (Roper et al., 1995).
Assim, é possível inferir que a saúde reflete um processo contínuo e dinâmico,
envolvendo aspetos físicos e mentais de modo a estabelecer um patamar de equilíbrio ao
longo das várias etapas do ciclo vital (Conselho de Enfermagem, 2001).

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CONCLUSÃO

A realização deste trabalho, permitiu-nos melhorar os nossos conhecimentos acerca


do conceito de ciclo vital e compreender a influência da saúde nas várias fases da nossa vida.
As maiores dificuldades encontradas ao longo do trabalho dizem respeito à pesquisa
em bases de dados de artigos científicos relacionados com o tema que pretendíamos abordar.
Contudo, tentámos procurar livros que abordassem esses mesmos temas, de modo a nos
facilitar a compreensão das aprendizagens.
A Ordem dos Enfermeiros (OE) destaca o papel fundamental da saúde e dos
cuidados de enfermagem na promoção do bem-estar e na melhoria da qualidade de vida da
sociedade. Essa importância é evidente ao longo de todo o ciclo vital do ser humano, desde
a conceção e os primeiros momentos de vida até o final da mesma. Durante esse percurso, o
ser humano passa por várias transições, aprende e adquire competências que o caracterizam
como um ser vivo em constante evolução.
Em conclusão, observámos que o ciclo vital tem início com a fase pré-natal
caracterizada pelo desenvolvimento e crescimento do zigoto até se formar num ser vivo
completo e especializado, segue-se a infância marcada pela construção da cognição e da
motricidade desde o momento do nascimento até aos 12 anos de idade. Após um longo
período de desenvolvimento pessoal, a criança entra na seguinte fase do ciclo vital, a
adolescência onde enfrentará vários desafios, experiências e mudanças que moldarão a sua
vida. A penúltima fase do ciclo diz respeito à velhice onde o indivíduo enfrentará um declínio
das suas capacidades mentais, motoras e sociais. Por fim, a última fase do ciclo vital é
classificada como um acontecimento biológico, universal e intrínseco ao Homem sendo que
cada pessoa lida com a morte consoante a cultura em que está inserida. Os profissionais de
enfermagem desempenham um papel crucial ao fornecer os cuidados de saúde ao longo deste
ciclo, ajudando as pessoas a lidar com doenças, lesões, promovendo a saúde e prestando
apoio emocional.
Enquanto estudantes de enfermagem torna-se essencial compreender que o ciclo
vital é o caminho que cada indivíduo percorre desde o momento da sua conceção até o final
da sua vida, marcado por transições, aprendizagens e aquisição de diversas competências
que o transforma num ser vivo único.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Carrara, B. S., Ventura, C. A. A. (2012). A saúde e o desenvolvimento humano. Saúde e


Transformação social 3(4), 89-96.
https://www.redalyc.org/pdf/2653/265324588015.pdf

Cerqueira, A. I. V. (2013). O enfermeiro e a morte de um doente em cuidados continuados


(Dissertação de Mestrado em Cuidados Paliativos). Instituto Politécnico de Viana
do Castelo, Viana do Castelo. http://repositorio.ipvc.pt/handle/20.500.11960/1184

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