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Funchal,
2023
Escola Superior de Enfermagem de São José de Cluny
Funchal,
2023
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
Introdução .............................................................................................................................. 4
Conclusão............................................................................................................................. 15
Referências bibliográficas.................................................................................................... 17
Ciclo Vital e Saúde | 2023
INTRODUÇÃO
Segundo Sierra (2015), os ciclos de vida fazem parte do processo que explica como
a natureza funciona. No ser humano, este ciclo está presente no processo de formação de
uma nova vida e engloba um conjunto de processos morfológicos e fisiológicos.
O ciclo de vida pode ser definido como o período que se inicia no nascimento e
termina com a morte, tendo em consideração que cada pessoa tem um ciclo de vida diferente
(Fonseca et al., 2017). De acordo com Roper et al., (1995), o ciclo vital não é igual para
todas as pessoas uma vez que estas podem apenas viver até o nascimento e muitas outras
morrem prematuramente em resultado de um acidente, doença, desastre natural ou guerra.
O crescimento de um organismo está dependente de grandes períodos
caracterizados por um desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial – a infância, a
adolescência, a idade adulta e a velhice. Estas fases são consideradas universais e associadas
a diversas características comuns a todos os humanos: a infância é marcada por experiências
essenciais e com efeito determinante para todo o desenvolvimento posterior; a adolescência
é um período de mudanças rigorosas demarcada também pela busca da identidade; a idade
adulta é um momento de estabilidade e de poucas mudanças importantes, sendo
estabelecidos estilos de vida independentes, ocupações e construção de família; a velhice é
assinalada pela deterioração das capacidades físicas e cognitivas (Papalia & Feldman, 2013).
Por fim, a morte é um fenómeno natural e faz parte do processo de vida do ser
humano, caracterizando-se por ser um evento incutido por valores e significados
dependentes do contexto sociocultural em que se manifesta (Combinato & Queiroz, 2006).
1.1. Pré-natal
A transformação de uma única célula (ovo fecundado) num organismo completo
acontece pela conjugação de um conjunto de processos regulados que implicam diferentes
etapas (Vieira & Fragoso, 2006).
A fase pré-natal do ciclo vital, tem início quando ocorre a fusão de duas células
germinativas, o óvulo e o espermatozoide. Esta é a primeira etapa de uma sequência de
processos de crescimento e de desenvolvimento que culminam com a formação de um zigoto
e que é caracterizado pelo início de uma nova vida (Vieira & Fragoso, 2006). Este processo
de crescimento engloba um conjunto de modificações de tamanho que conduzem ao aumento
de novos tecidos devido à variação da quantidade de proteínas, minerais e água. Deste modo,
um organismo passará de um estado indiferenciado ou imaturo para um estado organizado e
especializado (Vieira & Fragoso, 2006).
O desenvolvimento pré-natal ocorre geralmente em três etapas: período germinal,
embrionário e fetal. Normalmente a gestação varia entre 37 e 41 semanas, sendo que a idade
gestacional é contada a partir do primeiro dia do último ciclo menstrual da mulher (Papalia
& Feldman, 2013).
O período germinal decorre desde a fecundação até à segunda semana de gravidez.
Este é caracterizado pela rápida divisão e duplicação das células do zigoto através de mitoses
sucessivas, seguindo-se a sua implantação na parede do útero, formando então um
blastocisto, uma esfera com líquido (Papalia & Feldman, 2013).
O período embrionário decorre entre a segunda e oitava semana de gestação e é
caracterizado pelo desenvolvimento de vários órgãos e dos principais sistemas do corpo –
respiratório, digestivo e nervoso. Por este motivo, este é considerado um período crítico,
pois o embrião encontra-se muito vulnerável ao ambiente pré-natal e podem ocorrer danos
nestes sistemas que serão visíveis após o nascimento (Papalia & Feldman, 2013).
O período fetal decorre da oitava semana até ao nascimento e caracteriza-se pelo
crescimento e maturação dos tecidos e órgãos anteriormente formados, como também ocorre
uma diferenciação das partes do corpo e o grande aumento do seu tamanho. Ao fim do 9º
mês o feto está pronto para a transição para a vida extrauterina (Vieira & Fragoso, 2006;
Papalia & Feldman, 2013).
O conhecimento do crescimento e do desenvolvimento fetal permite controlar a
evolução do feto e permitir a deteção de problemas que possam acontecer durante a gravidez
e para os quais o tratamento médico pode ser iniciado. O conhecimento do desenvolvimento
do estádio pré-natal permite aos profissionais de saúde, controlar o crescimento do feto e
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1.2. Infância
A infância constitui uma fase marcante do ciclo vital e subdivide-se em: 1ª, 2ª e 3ª
infância. Ao longo destas três etapas, são apresentadas diversas caraterísticas que as fazem
diferenciar entre si.
Durante a primeira infância, compreendida entre o nascimento e os três anos de
vida, ocorre um desenvolvimento gradual e rápido da cognição e motricidade da criança,
manifestando-se essencialmente duas competências necessárias para a sua evolução e
crescimento: a fala e a locomoção. Nos primeiros meses de vida, o bebé não possui a
capacidade de se expressar por meio de palavras e por essa mesma razão, a comunicação é
feita exclusivamente através do choro e gestos (Gonçalves, 2016). Por outro lado, quando o
bebé deixa de gatinhar e começa a deslocar-se sem auxílio, observa-se a aquisição de uma
certa independência e autonomia para o seu progresso geral. Deste modo, verifica-se que
após o nascimento, a criança iniciará o seu desenvolvimento cognitivo, motor, emocional e
social, que irão posteriormente ser aprimorados até à adolescência (Teixeira et al., 2016).
A segunda infância insere-se na faixa etária dos três anos de idade e perdura até aos
seis. Esta etapa para além do desenvolvimento social e cognitivo é também marcada pelo ato
de brincar e pela interação com outras crianças. Com a entrada na pré-escola é necessário a
criança aprender a interagir com os outros, de modo a adquirir novas habilidades que serão
úteis na resolução de conflitos e discordâncias que possam existir futuramente. Assim,
observa-se que cada criança possui o seu próprio modo de brincar, sendo este influenciado
por vários fatores que irão determinar a forma como a criança se vai desenvolver e reagir a
diversas situações, nomeadamente a sua idade, género, cultura e ambiente social onde está
inserida (Papalia & Feldman, 2013). Outra característica relevante durante a segunda
infância é o egocentrismo, onde a criança sente dificuldade em compreender o ponto de vista
de outras pessoas. Para além disso, é ao longo desta fase que a criança começa a querer
conhecer e descobrir melhor o seu corpo, fazendo descobertas acerca da sua sexualidade e
identidade de género (Gonçalves, 2016).
A terceira e última fase da infância ocorre entre os seis e os onze anos de idade. Tal
como a segunda infância, esta também é identificada como uma fase escolar, uma vez que é
na escola que a criança irá passar a maior parte do seu dia, formando o seu grupo de amigos.
Deste modo, esta fase constitui uma etapa essencial para o desenvolvimento social da
criança, de forma que esta adquira valores independentes dos familiares. No entanto, as
amizades para além de ajudarem no crescimento e independência das crianças, podem
também causar alguns aspetos menos positivos, incluindo a criação de alguns preconceitos
e de comportamentos menos saudáveis (Gonçalves, 2016).
Após a infância, surge uma nova fase do ciclo vital caracterizada pelo
aperfeiçoamento das habilidades adquiridas, a adolescência.
1.3. Adolescência
A adolescência está compreendida entre a infância e a idade adulta, iniciando-se aos
doze anos e termina aproximadamente aos dezoito. §§(Gonçalves, 2016).
Com a passagem da infância para a adolescência, começam a ocorrer rapidamente
diversas mudanças no corpo o que torna esta fase complexa e marcante na vida do indivíduo.
Na puberdade ocorre o seu rápido crescimento e, consequentemente implica variadas
mudanças físicas, psicológicas, cognitivas, sociais e emocionais. Em virtude destas
mudanças repentinas e inesperadas para a criança, há normalmente uma diminuição da sua
autoestima, fazendo com que o jovem passe por momentos em que se sente desanimado
(Papalia & Feldman, 2013).
A consciência da entrada em uma nova realidade, leva a que o adolescente necessite
de reestruturar a sua identidade e vá em busca de um novo “eu”, que satisfaça as novas
responsabilidades a que este irá ser sujeito. De modo a realizá-lo com sucesso e mais
facilmente, este procura apoio através da troca de informações com pessoas que lhe são mais
próximas no seu meio familiar (Lepre, 2016).
Nesta nova etapa o jovem procura adquirir habilidades, de forma a conseguir lidar
com as diferentes imposições que a sociedade exerce sobre ele. Contudo, os pais muitas vezes
têm expectativas demasiado elevadas para os seus filhos a nível académico, social e
profissional, acabando por gerar muita pressão e revolta no adolescente (Gonçalves, 2016).
Consequentemente, essa rebeldia pode estar associada a diversos comportamentos
de risco que serão uma grande preocupação para os pais ao longo deste período,
nomeadamente o uso de drogas, tendência para o alcoolismo, gravidez indesejada e infeções
sexualmente transmissíveis. Em prol desta preocupação incompreendida por parte dos
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1.5. Velhice
O início da velhice considera-se por volta dos 60 ou mais anos de idade (Gonçalves,
2016). A esperança média de vida tem expandido cada vez mais devido às mudanças nos
estilos de vida e à descoberta de novos conhecimentos. No entanto, esse progresso pode vir
a diminuir pela carência de alterações significativas no modo como vivemos (Roper et al.,
1995).
Esta etapa carrega vários estereótipos, tal como a ideia de que são incapazes,
gerando em algumas pessoas o receio de envelhecer, porém as condições de vida têm
melhorado, havendo cada vez mais idosos saudáveis e com uma vida ativa (Roper et al.,
1995).
O sistema nos idosos continua maioritariamente bom em termos de funcionamento,
apesar do aparecimento de certas patologias, tais como a diminuição da visão e da audição.
O desempenho deste varia de pessoa para pessoa, dependendo dos seus estilos de vida, por
exemplo, uma pessoa com 80 anos pode ter um melhor funcionamento do que uma pessoa
mais jovem (Roper et al., 1995).
Nesta fase destacam-se outras mudanças nomeadamente em termos físicos, onde se
evidencia uma alteração da pele, passando a ficar mais enrugada, devido à diminuição dos
músculos, menos elástica e com a cor mais desvanecida. O cabelo torna-se branco, com uma
menor espessura e os pelos do corpo são mais escassos. Para além disso, realça-se uma
diminuição da altura, atribuída aos discos das vértebras que sofrem um atrofiamento e ao
estreitamento dos ossos (Roper et al., 1995).
Relativamente às mudanças a nível sistémico e orgânico, a velhice leva a um
decréscimo da imunidade, sendo mais propenso para infeções e mais difícil a recuperação
das mesmas. Para além disso, ocorrem ainda alterações do coração, graças ao acumulamento
de gordura em torno deste, dá-se um aumento da pressão arterial e o ritmo cardíaco fica mais
irregular e lento (Roper et al., 1995).
Além disso, as relações familiares e de amizade neste período vital são
imprescindíveis, de modo a melhorar o nível de saúde, a qualidade de vida e o bem-estar
geral dos idosos. Assim, conclui-se que as relações fazem com que os idosos não se sintam
tão sozinhos e evitem doenças, como a depressão (Roper et al., 1995).
1.6. A morte
A morte é identificada como um capítulo crucial do desenvolvimento humano, que
demarca o fim do ciclo vital (Papalia & Feldman, 2013).
Este é considerado um acontecimento biológico, apesar de apresentar outros fatores
que se relacionam entre si, nomeadamente sociais, culturais, legais, psicológicos, clínicos,
históricos, éticos e de desenvolvimento (Papalia & Feldman, 2013).
O modo como a morte é encarada varia consoante o estágio de vida em que o ser
humano se encontra. Assim, é possível inferir que é já desde a infância que muitas pessoas
convivem com algumas perdas e com a morte, no entanto, é apenas a partir da adolescência
que se começa a entender realmente o verdadeiro significado de morte. Na idade adulta
começamos a identificar a morte como uma situação possível de ocorrer, embora seja na
velhice que esta se verifica como mais aceite (Hohendorff & Melo, 2009).
O Homem é o único ser vivo que possui a consciência de que o seu ciclo de vida,
um dia irá eventualmente ter fim. Apesar de a morte ser identificada como um acontecimento
universal, inevitável e intrínseca ao desenvolvimento do Homem, esta é uma realidade que
a maior parte das pessoas evita abordar ou pensar (Hohendorff & Melo, 2009).
Morrer é um facto social que afeta não só a quem morre, mas a todos os próximos
que o rodeiam, tal como a família e amigos. Deste modo, podemos afirmar que este conceito,
varia de acordo com o tipo de sociedade, culturas, famílias em que se insere e ainda de
indivíduo para indivíduo (Cerqueira, 2013).
Nos tempos que decorrem, torna-se cada vez mais frequente a ocorrência de mortes
em hospitais. Deste modo, e sendo um dos episódios mais tristes e angustiosos do quotidiano
de um enfermeiro, este acaba por ser considerado um acontecimento frustrante que
inevitavelmente leva a medos, reflexões, sentimento de culpa ou impotência e incertezas. No
caso do enfermeiro, acredita-se que este compreende o significado de morte de acordo com
as suas vivências de perdas passadas, tanto a nível pessoal como profissional e que atua com
base nesses princípios (Cerqueira, 2013). Contudo, o enfermeiro também tem o direito de se
afastar, isolar e de descarregar a sua dor, de modo a libertar o que está a sentir e a recompor-
se. Constata-se assim, que por vezes a afinidade que pode ser estabelecida entre
enfermeiro/utente, faz com que uma partida de um doente custe tanto quanto um familiar.
Por fim, é de extrema importância compreender que cada pessoa vive a morte de
forma única, tendo em conta o seu estado físico e emocional, os seus valores, idade,
aspetos físicos e psicológicos que ocorrem durante a puberdade. Visto que esta é uma fase
de transição e de turbulência, cabe aos enfermeiros assumir um papel de sensibilidade e
conhecimento acerca da evolução e dos sentimentos despertados durante esta etapa do ciclo
vital (Roper et al., 1995).
Por sua vez, a idade adulta carateriza-se pelo aumento de doenças cardíacas,
tromboses e cancros. Deste modo, compete ao enfermeiro reforçar a ideia da importância da
adoção de estilos de vida adequados, com o objetivo de reduzir a incidência destas doenças
e prolongar a esperança média de vida (Roper et al., 1995).
A incidência de doenças durante a velhice é maior e por essa mesma razão o número
de idosos em hospitais é notoriamente cada vez mais elevado. Assim, a enfermagem
competente assegura a sensibilidade, compreensão e atitude otimista face a esta etapa, uma
vez que esta é uma fase, muitas das vezes caraterizada como de extrema solidão (Roper et
al., 1995).
A última fase do ciclo vital, identificada como a morte, é encarada pelos idosos
como uma preocupação. Dessa forma, cabe aos profissionais de saúde garantir que essas
pessoas cheguem ao fim do seu ciclo vital, com o maior conforto possível, com o menor
nível de dor e de forma digna (Roper et al., 1995).
Assim, é possível inferir que a saúde reflete um processo contínuo e dinâmico,
envolvendo aspetos físicos e mentais de modo a estabelecer um patamar de equilíbrio ao
longo das várias etapas do ciclo vital (Conselho de Enfermagem, 2001).
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Fonseca, C., Coroado, R., Pissarro, M. (2017). A importância do Modelo das Atividades de
Vida de Nancy Roper, Winifred Logan e Alison Tierney na formação de estudantes
do curso de licenciatura em Enfermagem. Jornal of Aging & Innovation, 6(3), 96-
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http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0120-
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Vieira, F. V. & Fragoso, I. (2006). Morfologia e Crescimento (2ª edição). FMH edições.