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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA

Portal Educação

CURSO DE
SAÚDE DO TRABALHADOR

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001/REV 4.0

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CURSO DE
SAÚDE DO TRABALHADOR

MÓDULO I

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
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mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são
dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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SUMÁRIO

MÓDULO I
1 SAÚDE DO TRABALHO: DEFINIÇÕES
1.1 CONCEITOS DE SAÚDE E TRABALHO
1.1.1 Saúde
1.1.2 Trabalho
1.1.3 Saúde e trabalho
1.2 O PAPEL DO SUS NA SAÚDE DO TRABALHADOR
1.2.1 A RENAST e a CEREST
1.3 FUNDAMENTOS DE SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO
1.3.1 Acidentes de trabalho
1.3.2 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)
1.3.3 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO)
1.3.4 Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho (SESMT)

MÓDULO II
2 SAÚDE DO TRABALHO: PRINCÍPIOS E NORMAS
2.1 LEGISLAÇÃO E NORMAS REGULAMENTADORAS
2.1.1 Previdência Social
2.1.2 Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)
2.1.3 Normas Regulamentadoras (NRs)
2.2 INTRODUÇÃO À ERGONOMIA
2.2.1 Norma Regulamentadora (NR) 17
2.2.2 Domínios da ergonomia
2.3 PROGRAMAS DE GINÁSTICA LABORAL
2.3.1 Origem da Ginástica Laboral
2.3.2 Divisões e objetivos da Ginástica Laboral

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2.3.3 Efeitos da Ginástica Laboral
2.3.4 Quem pode elaborar programas de Ginástica Laboral?
2.3.5 Ginástica Laboral e ergonomia
2.4 PERÍCIA JUDICIAL NO TRABALHO
2.4.1 O que é Perícia Judicial?
2.4.2 Quem pode ser perito judicial?
2.4.3 Função do perito judicial
2.4.4 Conselho Nacional dos Peritos Judiciais (CONPEJ)

MÓDULO III
3 SAÚDE DO TRABALHO: PROFILAXIA E PREVENÇÃO
3.1 FATORES BIOMECÂNICOS E FATORES ANTROPOMÉTRICOS
3.1.1 Movimentos lineares e movimentos angulares
3.1.2 Análise cinemática e análise cinética
3.1.3 Postura estática e postura dinâmica
3.1.4 Levantamento e transporte de cargas
3.1.5 Fatores antropométricos
3.2 A CARGA DE TRABALHO E A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
3.3 DOENÇAS OCUPACIONAIS
3.3.1 LER e DORT
3.4 FATORES DE RISCO OCUPACIONAIS
3.4.1 Risco Ergonômico
3.4.2 Risco Comportamental
3.4.3 Risco Ambiental
3.5 SAÚDE MENTAL E TRABALHO
3.5.1 Substâncias agravantes à saúde mental no trabalho
3.5.2 Transtornos mentais no trabalho
3.5.3 Estresse no trabalho

MÓDULO IV
4 GESTÃO EM SAÚDE DO TRABALHADOR

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4.1 ÉTICA PROFISSIONAL
4.2 HIGIENE DO TRABALHO
4.2.1 Programas de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA)
4.2.2 Limite de tolerância e insalubridade
4.3 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO
4.3.1 Qualidade de vida no trabalho e aposentadoria
4.4 GESTÃO EM SAÚDE DO TRABALHADOR
4.4.1 Ferramentas utilizadas na Gestão da Saúde do Trabalhador
4.4.1.1 OHSAS 18001
4.4.1.2 Norma BS 8800
4.4.1.3 Programa 5S
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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MÓDULO I

1 SAÚDE DO TRABALHO: DEFINIÇÕES

1.1 CONCEITOS DE SAÚDE E TRABALHO

Muito se tem falado sobre a importância da saúde no ambiente de trabalho e


seus impactos em curto e longo prazos na qualidade de vida das pessoas que
exercem alguma função laboral, seja em empresas públicas ou em empresas
privadas. Entretanto, para podermos aprofundar o nosso curso, é necessário
apresentarmos os conceitos de saúde e de trabalho individualmente, de acordo com
as definições formuladas ao longo dos tempos.

FIGURA 1 - A UNIÃO DE SAÚDE E TRABALHO É INDISPENSÁVEL

FONTE: Disponível em: <http://www.pacontas.pt/blog/5.aspx>. Acesso em: 23 set. 2013.

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1.1.1 Saúde

Apesar de muitos estudiosos buscarem qual seria a melhor definição de


saúde, como a classificação proposta por Boorse, em 1977, onde o mesmo definia a
saúde como ausência de doença ou o bem-estar de um organismo como um todo
(FILHO; JUCA, 2002). A definição mais aceita pela sociedade e demais estudiosos
no assunto destaca a proposta da Organização Mundial da Saúde (OMS), como
veremos a seguir.
No final da Segunda Guerra Mundial, na metade da década de 40, muitos
civis e militares envolvidos nos episódios apresentavam sequelas graves, além de
doenças típicas de cada país. É neste período que surge a OMS, órgão internacional
que tinha como principal função a preocupação com o estado de saúde física e
mental das pessoas que foram envolvidas nos episódios.

FIGURA 2 - MILITAR SOCORRIDO NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

FONTE: Disponível em: <http://chicomiranda.wordpress.com/2011/08/03/dia-d-visto-por-outro-


angulo>. Acesso em: 21 set. 2013.

Essa organização definiu a saúde como um estado de completo bem-estar


físico, mental e social, e não que consistente apenas da ausência de doença ou de
enfermidade. A partir de então, observa-se uma crescente preocupação com a
saúde do homem, antes limitada somente à questão física, ampliando a atenção
para o bem-estar mental e sua interação no meio social.

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Já não seria um corpo físico são que classificaria a pessoa como saudável,
mas todos os meios que o constituem. Entretanto, essa definição pode sofrer breves
modificações e complementos nos próximos anos. Não como obrigação, mas devido
a outros fatores, conforme a seguir:

Há toda uma tradição e um desenrolar histórico através do senso comum do


que sejam a saúde e a doença. É indiscutível que ambas têm suas raízes
biológicas e não simples fenômenos sociais. Porém, os dados biológicos
têm sido interpretados diferentemente de acordo com as mudanças
religiosas, culturais, ambições, imaginação e os padrões sociais de vida das
pessoas e das coletividades humanas. Esse modo de ver a saúde nos leva
a uma interpretação de que cada período da história da humanidade teve
sua própria maneira de vê-la, o que também pode significar que saúde
perfeita é um ideal muito variável, que nunca será amplamente alcançado,
porque, a cada mudança dos tempos, novos problemas se apresentam
(SOUTO, 2003, p. 14).

Observa-se que a definição de saúde pode variar de acordo com as


características de cada povo e nação, sofrendo interferência da história, sendo que,
provavelmente, novas definições que elucidem o que realmente é a saúde surjam de
acordo com os avanços tecnológicos e científicos dos tempos vindouros e o que é
definido como saúde hoje pode não ser amanhã, ou sofrer algumas
complementações.
Um exemplo disso é que há alguns séculos os estudiosos pensavam que
algumas formas de vida mais simples nasciam em decorrência do meio em que
viviam, principalmente da poeira ou da sujeira, algo que no nosso tempo é
totalmente impensável e inaceitável.
Segundo Marcondes (2005), no Brasil, a evolução da saúde pública dá-se no
início do século XX, período em que surge o médico sanitarista Oswaldo Cruz. Na
época, a então capital do Brasil, Rio de Janeiro, apresentava condições escassas de
saúde pública, onde lixo e sujeira eram comuns de se ver nas ruas, acumulando
presença de ratos e mosquitos transmissores de doenças fatais na época, tais
como: peste bubônica, febre amarela e varíola.
Doutor Oswaldo Cruz, então diretor da saúde pública, realizou medidas
profiláticas, dentre as quais a vacinação obrigatória, o que não foi bem aceito pela
população, além de outras ações como retirada de animais das ruas como cães e
bois, limpeza constante da cidade e melhoria da qualidade da água, além de
proibição de mendigos que sujassem as ruas e praças.

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FIGURA 3 - CHARGE APRESENTANDO OSWALDO CRUZ NO COMBATE ÀS
PESTES NO RIO DE JANEIRO

FONTE: Disponível em: <http://ceticismo.net/2012/11/10/grandes-nomes-da-ciencia-oswaldo-cruz/>.


Acesso em: 23 set. 2013.

No entanto, somente em 1941 é realizada a 1ª Conferência Nacional de


Saúde, onde havia as seguintes preocupações: defesa sanitária, assistência social,
proteção da maternidade infância e adolescência.
Com o surgimento do Ministério da Saúde, em 1953, deu-se início, em nível
nacional, com a preocupação da saúde pública do povo brasileiro, principalmente as
doenças da época como: malária, leishmaniose, doença de Chagas, peste,
brucelose, febre amarela e outras endemias existentes no país, de acordo com as
conveniências técnicas e administrativas.
Contudo, havia falhas no sistema, fazendo com que a saúde não alcançasse
seu objetivo pré-estabelecido, o que fez com que ocorresse a criação do Sistema
Único de Saúde (SUS), no início da década de 90, por intermédio da Lei Orgânica
da Saúde, pelo Congresso Nacional. Por meio do SUS ocorreram maior alcance e
dinamismo na cobertura nacional da saúde, descentralizando os serviços básicos,
tendo em vista as dificuldades de acesso presentes na época.

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1.1.2 Trabalho

Segundo o dicionário Aurélio, trabalho é definido por “atividade física ou


intelectual que visa a algum objetivo” (DICIONARIOAURELIO.COM, 2013).
Entretanto, Souto (2007, p. 37), apresenta o trabalho como “todo esforço que o
homem, no exercício de sua capacidade física e mental, executa para atingir seus
objetivos, em consonância com princípios éticos”.
A partir dessas definições, podemos dizer que o trabalho surge com o
aparecimento do homem primitivo na Terra, tendo em vista a necessidade de
sobrevivência e segurança, o que fez com que surgissem as primitivas armas para
caça e proteção, o que configura um processo físico e intelectual.
Partindo do processo de escravidão ocorrido ao longo dos séculos, um dos
principais marcos históricos do desenvolvimento do trabalho no mundo foi a
Revolução Industrial, quando o homem deixou de utilizar produtos artesanais para a
execução de um determinado trabalho mecanizado, passando a empregar máquinas
a vapor, que faziam com que as produções fossem bem mais eficientes e rentáveis.

FIGURA 4 - CRIANÇAS EM UMA LINHA DE PRODUÇÃO


NA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

FONTE: Disponível em: <http://imagenshistoricas.blogspot.com.br/2012/04/revolucao-industrial.html>.


Acesso em: 23 set. 2013.

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Preocupados apenas com os ganhos decorrentes desses equipamentos, os
proprietários de tais máquinas não se preocupavam com o local, a segurança e o
bem-estar daqueles que realizavam as tarefas. Era comum encontrar crianças e
idosos em ambientes inadequados, sem as mínimas condições de higiene, fator
responsável por traumas como amputações, mortes e doenças.
Somente após o final da Segunda Guerra Mundial, no ano de 1919, surge a
primeira organização reconhecida internacionalmente, preocupada com os militares
combatentes que haviam sofrido sequelas devido ao evento: a Organização Mundial
do Trabalho (OIT).
Essa organização surgiu como parte do Tratado de Versalhes, que declarou
o término oficial da Primeira Guerra Mundial. A organização torna-se responsável
pelas normas internacionais do trabalho, tais como: redução da jornada de trabalho,
direitos da mulher e idade mínima para o mercado de trabalho.
No Brasil, um fator fundamental que colaborou para a valorização do
trabalhador ocorreu no ano de 1936, quando o presidente da República Getúlio
Vargas fixa o valor dos Salários Mínimos Regionais. No ano seguinte, surge a
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), tendo como atribuição o respeito aos
direitos do trabalhador.
Contrato, organização sindical, justiça do trabalho, Ministério Público do
Trabalho são alguns temas presentes na CLT, tornando-a, então, a principal norma
legislativa brasileira referente ao Direito do Trabalho e ao Direito Processual do
Trabalho, sendo utilizada até os dias atuais como norteadora dos direitos e garantias
do cidadão trabalhador, principalmente quando ocorre desarmonia entre patrão e
empregado.

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1.1.3 Saúde e trabalho

Como foi possível observar, as duas guerras mundiais favoreceram o


surgimento da preocupação com a saúde do homem e sua relação como o trabalho.
Infelizmente, para que isso ocorresse, muitas vidas foram exterminadas. Somente
após a criação da Organização Mundial da Saúde e da Organização Mundial do
Trabalho é que os donos das indústrias começaram a se preocupar com a
integração existente entre a saúde e o trabalhador.
Apesar do termo “ergonomia” ter sido citado em 1857, por Jastrezebowisky,
somente em 1949, também após a Segunda Grande Guerra, pesquisadores de
várias áreas do conhecimento se unem para defini-la como ciência, preocupados
com os novos sistemas que as indústrias americanas e europeias do pós-guerra
utilizavam, apesar de avançados para a época. No entanto, não se preocupavam
com as características individuais dos executadores.
Conforme afirma Souto (2007), no ano de 1944 surge a Associação
Brasileira de Medicina do Trabalho (ABMT), que seria o primeiro órgão brasileiro de
caráter associativo criado para estudar os problemas de saúde dos trabalhadores e
a prática da Medicina do Trabalho, em defesa da saúde das pessoas que trabalham.

O objetivo primordial da fundação da ABMT era difundir, entre os


profissionais interessados, conhecimentos sobre requisitos de saúde para o
exercício do trabalho, conhecer e diagnosticar as doenças que acometiam
os trabalhadores e esclarecer a influência das condições ambientais sobre a
execução do trabalho [...]. Como entidade de caráter científico tem, de
maneira marcante, contribuído para que os problemas de saúde/doença dos
trabalhadores sejam considerados como assuntos importantes, éticos e de
muito respeito, e que principalmente, sejam pesquisados e solucionados;
procurando nesse sentido e sempre que possível, manter-se equidistante
dos posicionamentos político e ideológico radical. (ABMT. Disponível em:
<http://www.abmt.org.br/quemsomos.html>. Acesso em: 21 out. 2013.).

No início do século XX, o termo “saúde do trabalhador” passou a ser usado


sem percepção direta da relação entre saúde e trabalho, ou seja, não era a principal
meta para os estudiosos da época. Como exemplo, podemos citar a Organização
Racional do Trabalho (ORT) apresentada por Taylor.

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Segundo destacou Chiavenato (2004), a ORT apresentava preocupação
com o aumento da produção de maneira organizada, o que indiretamente
influenciava na saúde do trabalhador, onde podemos citar: a análise do movimento e
o tempo em que era executado; atenção com a fadiga humana; competência de um
profissional para exercer uma única função e adequação do ambiente de trabalho.

FIGURA 5 - FREDERICK WINSLOW TAYLOR INTRODUZIU A ADMINISTRAÇÃO


CIENTÍFICA NO MUNDO

FONTE: Disponível em: <http://www.infoescola.com/biografias/frederick-taylor/>.


Acesso em: 23 set. 2013.

Com relação à análise do trabalho e do estudo dos tempos e movimentos,


Taylor ainda apresentou suas vantagens, dentre as quais podemos citar:

Eliminação do desperdício de esforço humano e dos movimentos inúteis,


racionalização da seleção e da adaptação dos operários à tarefa, facilidade
no treinamento dos operários e melhoria da eficiência e rendimento da
produção pela especialização das atividades e distribuição uniforme do
trabalho para que não haja períodos de falta ou excesso de trabalho.
(CHIAVENATO, 2004, p. 57).

A preocupação com a função exercida pelo trabalhador passou a ganhar


destaque, como observado anteriormente, onde é possível notarmos uma constante
preocupação com a força que o trabalhador realizava, bem como o movimento, as
tarefas executadas e a adaptação à atividade.

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Fatores esses que, anos vindouros, iriam servir como critérios para a
execução de programas de ginástica laboral, ergonomia e demais métodos
empregados para proporcionar saúde ao trabalhador, como veremos mais adiante
no presente curso.
Outro fator a ser observado é o chamado Ciclo Econômico de Saúde,
conforme destacado por Souto (2009). Descreve que um cidadão com muitos bens
apresenta boa nutrição e padrão de moradia higiênica, tornando esses os fatores
condicionantes de saúde.
O mesmo autor ainda descreve que a saúde é o princípio essencial para o
crescimento social, ou seja, quanto mais saúde um povo obter, maior será o
crescimento social desse povo. Daí se separa os chamados, Círculo Vicioso da
Doença e o Círculo Virtuoso da Saúde, em que as diferenças salariais irão definir
maior incidência de saúde ou de doença, conforme a figura a seguir.

FIGURA 6 - CÍRCULOS VICIOSO E VIRTUOSO DA DOENÇA

FONTE: Souto (2003, p. 31).

Como é possível observar, o Ciclo Econômico de Saúde interfere


diretamente na saúde do trabalhador, bem como nas políticas públicas para o setor.
Ou seja, o ambiente externo (fora do trabalho) também tem alguma influência na
saúde do trabalhador. Pois, trabalhadores com salários baixos tendem a ficar
insatisfeitos com o trabalho, trabalhando sem estímulos, além de baixa produção e
pouca qualidade no serviço.

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1.2 O PAPEL DO SUS NA SAÚDE DO TRABALHADOR

O Sistema Único de Saúde (SUS) foi um marco na história da saúde


brasileira, pois antes de sua criação não havia atendimento gratuito de maneira
integral na saúde para a população, salvos trabalhadores de carteira assinada ou
planos de saúde privados.
Como já informado anteriormente, a criação do SUS ocorreu no início da
década de 90, por meio da Lei Orgânica da Saúde nº 8080/90, aprovada pelo
Congresso Nacional, visando não somente as questões que englobam a saúde em
si, como também fiscalização de alimentos e registro de medicamentos.

FIGURA 7 - SUS, GARANTIA DE SAÚDE À POPULAÇÃO BRASILEIRA

FONTE: Disponível em: <http://tribunadeuruguaiana.blogspot.com.br/2012/09/saude-direito-do-


povo.html> Acesso em: 24 set. 2013.

A presente lei também descreve que, dentre diversos fatores condicionantes


e determinantes da saúde, temos o trabalho, sendo esse, incluído no campo de
atuação do Sistema Único de Saúde.
O próprio SUS definiu o termo “saúde do trabalhador” como:

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[...] um conjunto de atividades que se destina, através das ações de
vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da
saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da
saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das
condições de trabalho, abrangendo:
I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho ou portador de
doença profissional e do trabalho;
II - participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde
(SUS), em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos riscos e agravos
potenciais à saúde existentes no processo de trabalho;
III - participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde
(SUS), da normatização, fiscalização e controle das condições de produção,
extração, armazenamento, transporte, distribuição e manuseio de
substâncias, de produtos, de máquinas e de equipamentos que apresentam
riscos à saúde do trabalhador;
IV - avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde;
V - informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindical e às
empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho, doença profissional e
do trabalho, bem como os resultados de fiscalizações, avaliações
ambientais e exames de saúde, de admissão, periódicos e de demissão,
respeitados os preceitos da ética profissional;
VI - participação na normatização, fiscalização e controle dos serviços de
saúde do trabalhador nas instituições e empresas públicas e privadas;
VII - revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas no processo
de trabalho, tendo na sua elaboração a colaboração das entidades
sindicais;
VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao órgão
competente a interdição de máquina, de setor de serviço ou de todo
ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco iminente para a vida
ou saúde dos trabalhadores. (JUSBRASIL. Disponível em:
<http://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/109386/lei-8080-90>.
Acesso em 24 set. 2013).

Torna-se possível notar, por meio da presente definição, que a preocupação


com a saúde do trabalhador inicia na prevenção e atingi o processo de recuperação,
caso o trabalhador necessite, englobando não somente quem possui uma doença
laboral, como também as vítimas de acidentes de trabalho, além de promover atos
junto às empresas públicas ou privadas, seja por meio de fiscalização ou
normatização do ambiente e das ferramentas de trabalho, favorecendo a redução de
riscos à saúde.
Ressalta-se ainda que a Lei nº 8080/90 descreve que a elaboração de
normas técnicas e estabelecimento de padrões de qualidade para promoção da
saúde do trabalhador é dever não somente da União, como também dos Estados e
Municípios, em seu âmbito administrativo. Ou seja, a promoção de saúde no
ambiente de trabalho é dever de todas as esferas públicas, independente da
localidade.

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A execução de suas ações é de competência do SUS, conforme dispõe a
Constituição Federal (artigo 200) e regulamentação da Lei nº 8.080, de 19 de
setembro de 1990 (artigo 6º), além de diversos dispositivos regulamentares
estaduais e municipais. Em nível federal, foi regulamentada pela Norma Operacional
em Saúde do Trabalhador (NOST), disposta pela Portaria nº 3.908, de 30 de outubro
de 1998.
Para o SUS, a Saúde do Trabalhador também integra ações de Saúde
Pública, observados o estudo, a prevenção, a assistência e a vigilância
correlacionadas e ocorridas no ambiente de trabalho, tornando o trabalhador
detentor de direito universal à saúde, também sendo “regulamentada pela Norma
Operacional em Saúde do Trabalhador, na Portaria nº 3.908, de 30 de outubro de
1998” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009, p. 347).
No entanto, a Saúde do Trabalhador passou a ter maior atenção do SUS por
meio da Portaria GM/MS nº 1.823, de 23 de agosto de 2012, que cria a Política
Nacional de Saúde do Trabalhador, tendo como principal ação: “promoção e
proteção da saúde dos trabalhadores, redução da morbimortalidade, execução de
ações de promoção, vigilância, diagnóstico, tratamento, recuperação e reabilitação
da saúde” (PORTAL SAÚDE. Disponível em:
<http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=30426&janela=1>
Acesso em 23 set. 2013).
Tem como objetivos e estratégias:

[...] o fortalecimento da vigilância em saúde do trabalhador e a integração


com os demais componentes da vigilância em saúde e com a atenção
primária em saúde; a promoção da saúde e de ambientes e processos de
trabalho saudáveis; a garantia da integralidade na atenção à saúde do
trabalhador; a análise do perfil produtivo e da situação de saúde dos
trabalhadores; o fortalecimento e a ampliação da articulação intersetorial; o
estímulo à participação da comunidade, dos trabalhadores e do controle
social; o desenvolvimento e a capacitação de recursos humanos; e o apoio
ao desenvolvimento de estudos e pesquisas. (PORTAL SAÚDE. Disponível
em:
<http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=30426&ja
nela=1> Acesso em 23 set. 2013).

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1.2.1 A RENAST e a CEREST

A Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST) foi


criada por meio da Portaria nº 1.679/GM, de 19 de setembro de 2002, sendo
desenvolvida em conjunto com o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
A RENAST é composta pelos Centros Estaduais e Regionais de Referência
em Saúde do Trabalhador (CEREST), presentes em mais de 210 localidades,
elaborando diagnósticos relativos à saúde do trabalhador, bem como registrar esse
tipo de ocorrência no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN-
NET), além de:

[...] ações de promoção, prevenção, vigilância, assistência e reabilitação em


saúde dos trabalhadores urbanos e rurais, independentemente do vínculo
empregatício e do tipo de inserção no mercado de trabalho. (PORTAL
SAÚDE. Disponível em:
<http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=30426&ja
nela=1> Acesso em 23 set. 2013).

Podemos observar que as ações da RENAST visam englobar ações para a


saúde de trabalhadores de todos os tipos de vínculos empregatícios, ou seja, não
discrimina o cidadão, independente se é um trabalhador urbano ou rural, apesar de
grande demanda oriunda da zona urbana.
Por intermédio desse controle, torna-se possível analisar os indicadores dos
estados e municípios que possuem características peculiares, tais como: sequelas
mais comuns, faixa etária dos trabalhadores vitimados etc. Esse processo faz com
que haja investimentos que visem à redução dos eventos, dada suas características,
favorecendo a promoção e a prevenção, antes que seja necessária a reabilitação.
Os CEREST regionais auxiliam em investigações de casos complexos, de
convênios técnicos e de novas políticas públicas, além de priorizar as assistências
de média e alta complexidades, de acordo com a Lista de Doenças Relacionadas ao
Trabalho. Enquanto os CEREST estaduais atuam na Política de Saúde do
Trabalhador no estado local, auxiliando os centros regionais.

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FIGURA 8 - CEREST PRESENTE NA CIDADE DE ARARAQUARA, SÃO PAULO

FONTE: Disponível em:


<http://www.araraquara.sp.gov.br/pagina/Default.aspx?IDPagina=2992>. Acesso em: 23 set. 2013.

Apesar da constante atenção com a saúde do trabalhador, o SUS ainda


necessita ampliar a oferta de saúde para esse público. Embora tenhamos diversas
portarias e demais avanços tecnológicos voltados para o trabalhador, muito ainda
precisa ser realizado para que todos possam usufruir do sistema de maneira
satisfatória e com qualidade nos serviços.
Entretanto, é preciso a ajuda, fiscalização e divulgação de todos os
cidadãos, caso queiramos um sistema de saúde eficiente, principalmente no que
tange aos aspectos de saúde dos trabalhadores, sejam eles urbanos ou rurais, de
serviços públicos ou privados.

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1.3 FUNDAMENTOS DE SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO

A Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho (PNSST) foi criada


no ano de 2011, tendo como objetivos:

Promoção da saúde e a melhoria da qualidade de vida do trabalhador e a


prevenção de acidentes e de danos à saúde advindos, relacionados ao trabalho
ou que ocorram no curso dele, por meio da eliminação ou redução dos riscos
nos ambientes de trabalho;
Deverá ser implementada por meio da articulação continuada das ações de
governo no campo das relações de trabalho, produção, consumo, ambiente e
saúde, com a participação voluntária das organizações representativas de
trabalhadores e empregadores (Decreto Nº 7.602, de 7 de novembro de 2011).

A Segurança do Trabalho tem como principal foco não somente com os


resultados, como também a qualidade de vida do trabalhador e a prevenção de
acidentes no trabalho, sendo que, para alcançar esse objetivo, é necessária a
participação de todos os membros que compõe o trabalho: organizações e
sindicatos trabalhistas, trabalhadores, empregadores, governo e sociedade civil.

1.3.1 Acidentes de trabalho

Termo muito utilizado em Segurança e Medicina do Trabalho é “acidentes de


trabalho”. Mas do que se tratam tais doenças? A Lei nº 8.213 de 1991, em seu artigo
19, apresenta os benefícios da Previdência Social e descreve acidente de trabalho o
ocorrido “no exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal
ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou
temporária, da capacidade para o trabalho”.
Para evitar tais eventos, as empresas tornam-se legalmente responsáveis de
informar aos trabalhadores os riscos do trabalho, visando acima à proteção e
segurança da saúde do trabalhador, podendo, em caso de omissão, ser punidas por
multa, função exercida pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social.

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É de suma importância informar ainda que, são equiparados a acidentes de
trabalho, conforme o artigo 21 da presente lei:

[...]
II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em
consequência de:
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou
companheiro de trabalho;
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa
relacionada ao trabalho;
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de
companheiro de trabalho;
d) ato de pessoa privada do uso da razão;
e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou
decorrentes de força maior;
III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no
exercício de sua atividade;
IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de
trabalho:
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da
empresa;
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar
prejuízo ou proporcionar proveito;
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando
financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão
de obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive
veículo de propriedade do segurado;
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela,
qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do
segurado.
§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da
satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou
durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho.
(Lei nº 8.213 de 1991, art. 21).

Os acidentes de trabalho não significam que o evento tenha ocorrido


somente no ambiente e no horário de trabalho ou que os únicos envolvidos tenham
sido as vítimas ou os equipamentos. Também podem ocorrer por outros
trabalhadores de maneira proposital, atingindo a esfera criminal, eventos da
natureza, em viagem, desde que esteja o trabalhador a serviço da empresa ou em
deslocamento casa-trabalho ou trabalho-casa.

AN02FREV001/REV 4.0

21
GRÁFICO 1 - ACIDENTES DE TRABALHO POR REGIÃO NO BRASIL

FONTE: Anuário Estatístico da Previdência Social, 2011, p. 574.

GRÁFICO 2 - ÓBITOS A CADA 1.000 ACIDENTES DE TRABALHO


POR REGIÃO NO BRASIL

FONTE: Anuário Estatístico da Previdência Social, 2011, p. 574.

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22
1.3.2 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)

Segundo More (1997), a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes


(CIPA) surgiu a partir da Organização Internacional do Trabalho (OIT), onde foi
realizada em 1921, uma análise da Segurança e Higiene do Trabalho. Sendo a
primeira vez que surgiu a necessidade de prevenir os acidentes de trabalho.

FIGURA 9 - SÍMBOLO NORMALMENTE UTILIZADO PELA CIPA

FONTE: Disponível em: <http://www.guaruja.sp.gov.br/>. Acesso em: 23 set. 2013

No Brasil, no ano de 1941, surge a Associação Brasileira para Prevenção de


Acidentes (ABPA), que tinha como objetivo desenvolver entre os trabalhadores e
empresários políticas de ensino que colaborassem com as ações de prevenção de
acidentes e segurança no trabalho.
No entanto, no de 1978, surge a NR-5, que trata da Comissão Interna de
Prevenção de Acidentes (CIPA), onde o objetivo da mesma é promover ações de
“prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar
compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção
da saúde do trabalhador” (PORTALMTE. Disponível em:
<http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C812D311909DC0131678641482340/nr_05.p
df>. Acesso em: 28 set. 2013).
Para que essa promoção e essa preservação da saúde sejam eficientes, é
preciso seguir alguns parâmetros a serem adotados. Dentre os critérios para se
formar uma CIPA, a empresa deverá ter pessoas que representem tanto o
trabalhador como o empregador, indicadas pelos mesmos.

AN02FREV001/REV 4.0

23
Os representantes CIPA têm as seguintes pertinências:

D1) Divulgar aos trabalhadores informações relativas à segurança e saúde


no trabalhado;
D2) Divulgar e promover o cumprimento das normas regulamentadoras;
D3) Colaborar no desenvolvimento e implementação do PCMSO e PPRA;
D4) Promover anualmente em conjunto com o SESMT, se houver, a
semana interna de prevenção do trabalho - SIPAT;
D5) As atas de reuniões deverão ficar no estabelecimento a disposição dos
agentes de inspeção do trabalho;
D6) As atas de reuniões deverão ser assinadas pelos presentes com
encaminhamento de cópias para todos os membros.
(PORTALMTE. Disponível em:
<http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C812D311909DC0131678641482340/
nr_05.pdf>. Acesso em: 28 set. 2013).

Vale ressaltar que, tanto empresas públicas ou privadas, sociedades de


economia mista, órgãos da administração direta e indireta, instituições beneficentes,
associações recreativas, cooperativas, bem como outras instituições que admitam
trabalhadores como empregados, devem formar CIPAs.

1.3.3 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO)

O PCMSO encontra-se regulado pela NR 7. Tem como função promover e


manter a saúde do trabalhador, sendo esta ação obrigação da empresa. Sua
implantação deve atingir todos os trabalhadores, independente de grau hierárquico e
função, desde que sejam admitidos na empresa.
O programa deve enfatizar a prevenção, bem como o diagnóstico precoce
de doenças do trabalho, visando evitar o agravamento do quadro clínico e
acometimento de outros trabalhadores. O profissional responsável por coordenar as
ações do PCMSO deve ser um médico que também tenha participação nos Serviços
Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT).
A NR 7 ainda apresenta os exames médicos que são obrigatórios: exame
admissional, periódico de retorno ao trabalho, de mudança de função e demissional.
No intuito de organizar as ações do PCMSO, antecipadamente, o programa deverá
ter um planejamento que conste as atividades que serão feitas no ano, onde no final
será apresentado um relatório anual constando as metas alcançadas.

AN02FREV001/REV 4.0

24
O relatório deverá informar os setores da empresa, os exames médicos que
foram realizados, anormalidades que foram observadas e o planejamento para o ano
a seguir. A apresentação do relatório deverá ser executada e discutida entre os
membros da CIPA.

TABELA 1 - MODELO DE RELATÓRIO ANUAL UTILIZADO NO PCMSO

FONTE: Ministério do trabalho e emprego, 2011, p.16.

Vale ressaltar que o PCMSO tem como embasamento a presença de riscos


que podem acometer a saúde do trabalhador. Todo o planejamento e ação dos
programas deverão ter como objetivo prevenir e diagnosticar tais riscos. Para isso, é
preciso que o profissional médico utilize outras normas regulamentadoras que
auxiliam na melhor forma de evitá-los ou mantê-los sob controle.

1.3.4 Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do


Trabalho (SESMT)

A Norma Regulamentadora 4 (NR 4) descreve sobre os Serviços


Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT),
apresentando sua abrangência e importância na saúde do trabalhador, como segue:

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25
As empresas privadas e públicas, os órgãos públicos da administração
direta e indireta e dos poderes Legislativo e Judiciário, que possuam
empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT,
manterão, obrigatoriamente, Serviços Especializados em Engenharia de
Segurança e em Medicina do Trabalho, com a finalidade de promover a
saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho.
(PORTALMTE. Disponível em:
<http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C812D36A2800001388128376306AD
/NR-04%20(atualizada).pdf>. Acesso em: 22 out.2013).

Observe que a norma descreve como obrigação a presença dos SESMT em


todas as empresas que utilizem a CLT como regimento legal. Entretanto, este
serviço tem algumas funções semelhantes ao PCMSO, principalmente no que tange
a prevenção e o controle dos riscos presentes no ambiente de trabalho.
Porém, a SESMT tem uma maior intervenção multiprofissional, contando não
somente com os médicos do trabalho, como também com profissionais de
engenharia de segurança do trabalho, enfermagem do trabalho, técnico de
segurança do trabalho e auxiliar de enfermagem do trabalho.
A integração dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e
em Medicina do Trabalho deverão manter vínculos com a CIPA, onde deverão ser
analisados o que deve ser melhorado no ambiente de trabalho, bem como medidas
corretivas e preventivas que devem ser adotadas.
Dentre as competências dos profissionais envolvidos nos SESMT, podemos
citar: utilizar os conhecimentos de cada área no intuito de reduzir ou eliminar os
riscos à saúde do trabalhador; observar os riscos que podem estar presentes em
máquinas e equipamentos; empregar atividade que enfatizam a prevenção, como a
educação e orientação dos funcionários, controlar mensalmente os números de
acidentes do trabalho, doenças ocupacionais presente no ambiente.

FIM DO MÓDULO I

AN02FREV001/REV 4.0

26
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA
Portal Educação

CURSO DE
SAÚDE DO TRABALHADOR

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

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27
CURSO DE
SAÚDE DO TRABALHADOR

MÓDULO II

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do
mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são
dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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28
MÓDULO II

2 SAÚDE DO TRABALHO: PRINCÍPIOS E NORMAS

2.1 LEGISLAÇÃO E NORMAS REGULAMENTADORAS

Muitas foram as conquistas dos trabalhadores, sejam em nível nacional ou


internacional, conforme observado no módulo anterior. Segundo dados da
Previdência Social, no Brasil, as principais conquistas foram: aposentadorias de
caráter especial, por idade, por invalidez e por tempo de contribuição; auxílios
acidente, doença e reclusão; pensões por morte e especial, salário-família e salário-
maternidade.

2.1.1 Previdência Social

A Previdência Social é “um seguro que garante a renda do contribuinte e de


sua família, em casos de doença, acidente, gravidez, prisão, morte e velhice”
(MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. Disponível em:
<http://www.previdencia.gov.br/inicial-inscricao-o-que-e/>. Acesso em: 22 out. 2013).
Visa não somente proteção e seguro social às doenças e acidentes de trabalho,
como também intervém financeiramente em situações familiares e judiciais, sendo
necessária uma contribuição financeira do cidadão, de acordo com o seu perfil.
Alguns termos utilizados pelo Regime Geral da Previdência Social devem
ser de conhecimento tanto do trabalhador como também do profissional de saúde do
trabalho, dentre os quais podemos citar: auxílio doença, aposentadoria por invalidez.

AN02FREV001/REV 4.0

29
O auxílio doença ocorre quando o trabalhador apresenta uma incapacidade
temporária, conforme preceitua Santos (2011), sendo a incapacidade comprovada por
perícia médica a cargo do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O Plano de
Benefícios da Previdência Social dá ênfase ao auxílio doença nos artigos 59 a 62.

Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido,


quando for o caso, o período de carência exigido nesta lei, ficar
incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais
de 15 (quinze) dias consecutivos.
Art. 60. O auxílio-doença será devido ao segurado empregado a contar do
décimo sexto dia do afastamento da atividade, e, no caso dos demais
segurados, a contar da data do início da incapacidade e enquanto ele
permanecer incapaz.
[...]
Art. 62. O segurado em gozo de auxílio-doença, insusceptível de
recuperação para sua atividade habitual, deverá submeter-se a processo de
reabilitação profissional para o exercício de outra atividade. Não cessará o
benefício até que seja dado como habilitado para o desempenho de nova
atividade que lhe garanta a subsistência ou, quando considerado não-
recuperável, for aposentada por invalidez. (DJI. Disponível em:
<http://www.dji.com.br/leis_ordinarias/1991-008213/059_a_064.htm>.
Acesso em: 21 out. 2013).

É importante destacar que, até o 15º dia, a empresa onde o profissional


exerce sua atividade será responsável por pagar o funcionário. A partir do 16º dia, a
previdência tornar-se-á responsável por repassar o auxílio doença de maneira
provisória, até o retorno do trabalhador ao ambiente de trabalho.
O funcionário que possui o benefício é submetido a um processo de
reabilitação profissional, visando exercer alguma atividade laboral em função distinta
da exercida anteriormente, onde cessa o auxílio, ou ser considerado não
recuperável; neste caso, torna-se aposentado por invalidez.
O auxílio-acidente, como o próprio nome descreve, é um tipo de indenização
paga ao cidadão que sofreu algum acidente fora ou dentro do ambiente de trabalho.
A Previdência Social a define como “benefício pago ao trabalhador que sofre um
acidente e fica com sequelas que reduzem sua capacidade de trabalho”.
(MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. Disponível em:
<http://www.previdencia.gov.br/inicial-inscricao-vantagens-oferecidas/>. Acesso em
18 out. 2013).
O auxílio-acidente pode ser recebido junto com outros benefícios dos quais o
trabalhador tenha direito, sendo que, quando o trabalhador se aposenta, cessa-se o
recebimento do mesmo. Ainda que possa exercer algum outro trabalho remunerado,

AN02FREV001/REV 4.0

30
o auxílio doença não deixará de ser liberado ao trabalhador, tendo em vista este
apresentar apenas perda parcial de sua capacidade de trabalho.
A aposentadoria por invalidez ocorre quando o trabalhador não apresenta
condições de retornar ao trabalho em caráter definitivo, sem conseguir exercer sua
função desempenhada, devido a sua incapacidade diagnosticada. Neste caso, não
há prognóstico de que o trabalhador possa melhorar. Entretanto, as doenças ou
lesões preexistentes cujo trabalhador já havia sido acometido antes de contribuir
para a Previdência, não o torna aposentado por invalidez.
Quando ocorre um evento caracterizado por acidente de trabalho, a empresa
deve obrigatoriamente e legalmente informar a ocorrência junto ao INSS, de acordo
com a cartilha de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), disponibilizada no
site da Previdência Social: (MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. Disponível
em: <http://www.previdencia.gov.br/forms/formularios/form001.html>. Acesso em: 18
out. 2013).
Segundo Santos (2011), a CAT deve ser preenchida no primeiro dia útil ao
de sua ocorrência, principalmente quando o acidente resulta em morte do
trabalhador. Entretanto, havendo omissão por parte da empresa, o trabalhador
acidentado, seus familiares, seu representante sindical ou o médico que lhe atendeu
deverão informar a situação para as autoridades.
A elaboração da CAT é útil não somente para levantamento de indicadores
estatísticos ou epidemiológicos, como também para possíveis processos trabalhista e
social, sendo este um dos possíveis motivos de uma empresa não informar a
ocorrência de acidente de trabalho, podendo ser classificado como crime de omissão.

2.1.2 Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada em 1º de maio de


1943, tem como principal objetivo a informação a respeito das legislações
específicas para os trabalhadores de todo o Brasil, apresentando a relação
harmoniosa entre empresa e empregado e seus direitos e deveres, bem como as
relações individuais e coletivas de trabalho.

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31
Apesar de tudo, a presente norma visa não somente proteção legal ao
trabalhador, como também a preservação e a manutenção do mesmo em seu
ambiente de trabalho. Com relação à Saúde e Segurança do Trabalhador, algumas
das normas adotadas na presente CLT tratam da obrigatoriedade da empresa em
fornecer equipamento de proteção individual (EPI) aos trabalhadores gratuitamente,
definição e risco das atividades insalubres ou perigosas, apresentação clara e
explicativa dos materiais e substâncias empregadas, manipulados ou transportados
nos locais de trabalho, quando perigosos ou nocivos à saúde, etc.

2.1.3 Normas Regulamentadoras (NRs)

As Normas Regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho,


também conhecidas como NRs, têm como função orientar a respeito de
procedimentos que visem a segurança e a saúde, não somente do trabalhador,
como também da empresa.
Dentro de cada norma é possível observar qual o papel da empresa e do
trabalhador, medidas padronizadas que devem ser adotadas, cuidados especiais,
objetivos, responsabilidades, recomendações e diretrizes. Aprovada por meio da
Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978, apresentava em seu texto original as
seguintes normas:

Normas Regulamentadoras:
NR-1 - Disposições Gerais;
NR-2 - Inspeção Prévia;
NR-3 - Embargo e Interdição;
NR-4 - Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho –
SESMT;
NR-5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – Cipa;
NR-6 - Equipamento de Proteção Individual – EPI;
NR-7 - Exames Médicos;
NR-8 – Edificações;
NR-9 - Riscos Ambientais;
NR-10 - Instalações e Serviços de Eletricidade;
NR-11 - Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de
Materiais;
NR-12 - Máquinas e Equipamentos;
NR-13 - Vasos Sob Pressão;
NR-14 – Fornos;
NR-15 - Atividades e Operações Insalubres;

AN02FREV001/REV 4.0

32
NR-16 - Atividades e Operações Perigosas;
NR-17 – Ergonomia;
NR-18 - Obras de Construção, Demolição, e Reparos;
NR-19 – Explosivos;
NR-20 - Combustíveis Líquidos e Inflamáveis;
NR-21 - Trabalhos a Céu Aberto;
NR-22 - Trabalhos Subterrâneos;
NR-23 - Proteção Contra Incêndios;
NR-24 - Condições Sanitárias dos Locais de Trabalho;
NR-25 - Resíduos Industriais;
NR-26 - Sinalização de Segurança;
NR-27 - Registro de Profissionais;
NR-28 - Fiscalização e Penalidades.
(EDITORA MAGISTER. Disponível em:
<http://www.editoramagister.com/doc_308880_PORTARIA_N_3214_DE_8_
DE_JUNHO_DE_1978.aspx>. Acesso em: 10 out. 2013).

Entretanto, muitas foram às alterações oriundas de diversas Portarias, às


quais foram sendo acrescentadas outras NRs, no intuito de eliminar possíveis
dúvidas ou redundâncias; como a NR 36, que foi publicada no ano de 2013. A
seguir, as novas NRs, conforme o Ministério do Trabalho e Emprego (2013).

NR-29 - Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho


Portuário;
NR-30 - Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho
Aquaviário;
Anexo I - Pesca Comercial e Industrial;
Anexo II - Plataformas e Instalações de Apoio;
NR-31 - Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho na
Agricultura, Pecuária Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura;
NR-32 - Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde;
NR-33 - Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados;
NR-34 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da
Construção e Reparação Naval;
NR-35 - Trabalho em Altura;
NR-36 (NOVO) - Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e
Processamento de Carnes e Derivados.
(PORTALMTE.COM. Disponível em:
<http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas-regulamentadoras-1.htm>.
Acesso em: 10 out. 2013).

As NRs devem ser respeitadas pelas empresas, sejam elas públicas ou


privadas, da administração direta e indireta, pelos órgãos dos Poderes Legislativo e
Judiciário, desde que seus funcionários tenham sido regidos pela Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT).

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33
FIGURA 10 - AS NRS OBJETIVAM A SAÚDE DO TRABALHADOR NAS
INDÚSTRIAS E EMPRESAS

FONTE: Disponível em: <www.exatasnews.com.br>. Acesso em: 28 set. 2013

Os órgãos públicos que têm função de fiscalizar o cumprimento das citadas


normas são as Delegacias Regionais do Trabalho, amparadas legalmente, sendo
que outros órgãos federais, estaduais ou municipais também poderão exercer essa
função, caso sejam realizados convênios, legalizados e respaldados pelo Ministério
do Trabalho.

2.2 INTRODUÇÃO À ERGONOMIA

Segundo Másculo (2011), o termo ergonomia foi utilizado pela primeira vez
no ano de 1857, por Jastrzebowski, onde era citada como uma ciência natural, tendo
seu desenvolvimento a partir da 2ª Guerra Mundial, quando profissionais de diversos
ramos da ciência buscavam a melhor maneira de adequar as tecnologias da época
com os militares que a utilizavam. Essa adequação foi um marco na história da
ergonomia sendo empregada no pós-guerra, principalmente nas indústrias (DUL;
WEERDMEESTER, 2004).

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34
A palavra ergonomia deriva dos termos gregos ergon, que significa
“trabalho”, e nomos, “normas, regras, leis”. Conforme o site da Associação Brasileira
de Ergonomia (ABERGO), no ano de 2000, a Associação Internacional de
Ergonomia (IEA) definia ergonomia como uma ciência que visava a melhor interação
“dos homens e outros elementos ou sistemas, e à aplicação de teorias, princípios,
dados e métodos a projetos, otimizando o bem estar humano e o desempenho
global do sistema”.

2.2.1 Norma Regulamentadora (NR) 17

A NR 17, publicada no ano de 1978, destaca a ergonomia, definindo as


normas que devem ser adotadas e as condições de trabalho que proporcionem
conforto, segurança e desempenho eficiente para que o trabalhador execute sua
tarefa, conforme segue:

17.1. Esta Norma Regulamentadora visa a estabelecer parâmetros que


permitam a adaptação das condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de
conforto, segurança e desempenho eficiente.
17.1.1. As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao
levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos
equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho e à própria
organização do trabalho.
17.1.2. Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às
características psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador
realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no
mínimo, as condições de trabalho, conforme estabelecido nesta Norma
Regulamentadora. (PORTALMTE.COM. Disponível em:
<http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE914E6012BEFBAD706480
3/nr_17.pdf>. Acesso em: 10 out. 2013).

É possível observar ainda que a presente norma destaca os cuidados com


os manuseios de materiais, mobiliários, equipamentos, ambiente e organização do
ambiente de trabalho. As condições de trabalho, como descrito na presente norma,
devem respeitar as características psicofisiológicas dos trabalhadores, onde a
empresa deverá realizar a Análise Ergonômica do Trabalho, visando às condições
de trabalho adequadas para o trabalhador, conforme iremos observar mais adiante.

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35
FIGURA 11 - NA ERGONOMIA O MEIO TEM QUE SE ADEQUAR AO HOMEM
E NÃO O INVERSO

FONTE: Disponível em: <qualidadenotrabalho.wordpress.com>. Acesso em: 28 set. 2013

Para a ergonomia, não é o homem que tem que se adequar ao meio ou às


ferramentas, mas estes ao homem, de modo a salvaguarda a saúde, o bem-estar e
os cuidados pertinentes ao ambiente de trabalho. O profissional que trabalha com a
ergonomia é o ergonomista, cuja função é colaborar para o planejamento, projeto e
a avaliação de tarefas, postos de trabalho, produtos, ambientes e sistemas de modo
a torná-los compatíveis com as necessidades, habilidades e limitações das pessoas.

2.2.2 Domínios da ergonomia

Como engloba diversos ramos da ciência, a ergonomia apresenta os


seguintes domínios:

Ergonomia física: está relacionada às características da anatomia


humana, antropometria, fisiologia e biomecânica em sua relação com a
atividade física. Os tópicos relevantes incluem o estudo da postura no
trabalho, manuseio de materiais, movimentos repetitivos, distúrbios
musculoesqueléticos relacionados ao trabalho, projeto de posto de trabalho,
segurança e saúde;

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36
Ergonomia cognitiva: refere-se aos processos mentais, tais como
percepção, memória, raciocínio e resposta motora conforme afetem as
interações entre seres humanos e outros elementos de um sistema. Os
tópicos relevantes incluem o estudo da carga mental de trabalho, tomada de
decisão, desempenho especializado, interação homem computador, stress
e treinamento conforme esses se relacionem a projetos envolvendo seres
humanos e sistemas;

Ergonomia organizacional: concerne à otimização dos sistemas


sociotécnicos, incluindo suas estruturas organizacionais, políticas e de
processos. Os tópicos relevantes incluem comunicações, gerenciamento de
recursos de tripulações, projeto de trabalho, organização temporal do
trabalho, trabalho em grupo, projeto participativo, novos paradigmas do
trabalho, trabalho cooperativo, cultura organizacional, organizações em
rede, teletrabalho e gestão da qualidade. (ABERGO. Disponível em:
<http://www.abergo.org.br/internas.php?pg=o_que_e_ergonomia>. Acesso
em: 5 out. 2013).

Como é possível observar, estas definições tornam a ergonomia uma ciência


interdisciplinar englobando diversas áreas do ensino, tais como: anatomia humana,
antropometria, fisiologia e biomecânica, percepção, memória, raciocínio,
comunicações, gerenciamento de recursos de tripulações, projeto de trabalho,
organização temporal do trabalho, trabalho em grupo, projeto participativo etc.
Ou seja, diversos profissionais podem exercer a ergonomia como profissão,
tais como: médicos, engenheiros, fisioterapeutas, administradores, arquitetos,
enfermeiros, etc. Para tanto, é necessário que esses profissionais busquem
capacitação adequada e tenham uma ampla visão do ambiente de trabalho,
trabalhador e ferramenta empregada.
Dentre os fatores a serem observados pelo ergonomista temos a carga de
trabalho, onde podemos citar: a carga física, carga psíquica e a carga cognitiva. As
cargas de trabalho irão influenciar na capacidade do trabalhador executar uma
atividade, tendo em vista que, quando maior for a carga, menor será a eficácia e
eficiência para execução da tarefa.

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37
FIGURA 12 - A SOBRECARGA FÍSICA COMPROMETE
A POSTURA DO TRABALHADOR

FONTE: Disponível em: <www.prevencaonline.net>. Acesso em: 23 set. 2013

Neste caso, maiores serão os riscos de uma lesão ou transtorno,


ocasionando comprometimento na saúde do trabalhador e gastos para a empresa
em longo prazo, tais como estresse e fadiga, além do desenvolvimento de doenças
musculoesqueléticas.
Para a ergonomia um dos principais causadores do aumento da carga de
trabalho é a organização do trabalho, onde podemos citar empresas que buscam
somente os ganhos e as metas a serem alcançadas, sem se preocupar com o
executador.
Como exemplo de falta de organização cita-se o tempo exacerbado de
trabalho sem intervalo devido à falta de mão de obra trabalhadora, bem como
layouts que sejam compatíveis para a realização do trabalho sem ocasionar uma
sobrecarga física, psíquica ou cognitiva, conforme descreve Filho (2003, p. 120):

Adequação do layout do posto de trabalho para facilitar a movimentação e


permitir ao operador os alcances físicos, com conforto de outros
componentes operacionais no seu entorno (impressora, scanner, plotter,
estantes, arquivos etc.);
Arranjo espacial adequado do ponto de vista de organização funcional dos
layouts e de circulação de pessoas, em especial, para configurações de
ambientes dotados de vários postos.

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38
O ergonomista poderá ainda elaborar alguns relatórios que descrevam as
condições do ambiente de trabalho, a segurança do trabalhador e os locais que
necessitem de uma intervenção ergonômica com ou sem urgência. Dentre os
relatórios podemos citar: Análise Ergonômica do Trabalho, Mapeamento Ergonômico,
Laudo Ergonômico, Análise de Riscos Ergonômicos, Parecer Técnico Ergonômico etc.
As ferramentas utilizadas na ergonomia têm como função auxiliar o
profissional de ergonomia em diagnosticar a necessidade da intervenção
ergonômica, seja no ambiente, na ferramenta ou no próprio trabalhador.
Dentre as ferramentas para avaliação dos riscos relacionados ao
desenvolvimento de lesões musculoesqueléticas podemos citar: Avaliação dos
Sintomas Musculoesqueléticos Relacionados ao Trabalho, Avaliação do Índice de
Capacidade para o Trabalho, Avaliação da Qualidade do Sono, Avaliação do
Estresse no Trabalho.
Há ainda a ferramenta conhecida por Equação do National Institute of
Occupational Safety and Health (NIOSH), que é utilizada no intuito de observar a carga
manuseada por um trabalhador, os movimentos normais necessários, força
empreendida para a execução, comprometimento postural, se a carga necessita de um
segundo trabalhador para ser manuseada e os limites de carga para manuseio do peso.
Com relação à postura adotada no ambiente de trabalho, a ergonomia
emprega os protocolos de registros posturais, que têm como função diagnosticar
posturas críticas, presença de sobrecarga, risco de lesão decorrente de posturas
adotadas, etc. Entre os protocolos de registro postural, os mais utilizados são: Rapid
Entire Body Assessment (REBA), Ovako Working Posture Analysing System
(OWAS) e Rapid Upper Limb Assessment (RULA).
Enfim, as condições do trabalho irão interferir nas condições do trabalhador,
sejam elas física, psíquica ou social. O ergonomista precisa estar atento em tudo o
que está ao seu redor e que pode influenciar na qualidade de vida dos
trabalhadores, podendo inclusive reduzir os riscos ergonômicos.
Daí a importância de se ter um ergonomista em uma empresa,
principalmente no intuito da prevenção no trabalho. Infelizmente, grande parte das
empresas só contrata um ergonomista quando a mesma é notificada pelo Ministério
Público do Trabalho ou outros órgãos responsáveis por fiscalizar o ambiente de
trabalho, principalmente por denúncias realizadas pelos próprios trabalhadores.

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39
2.3 PROGRAMAS DE GINÁSTICA LABORAL

A literatura descreve que a Ginástica Laboral (GL) é uma atividade diária,


realizada no trabalho, incluindo exercícios de compensação para movimentos
repetidos, posturas incorretas no local de trabalho, consistindo em exercícios de
fortalecimento para as musculaturas frágeis, flexibilidade articular, alongamentos e
relaxamentos musculares das estruturas sobrecarregadas (ALBUQUERQUE;
SANTIGO; FUMES 2006).

FIGURA 13 - PRÁTICA DE GL NO TRABALHO

FONTE: Disponível em: <www.semearsaude.com.br>. Acesso em: 28 set. 2013

A GL tem sido um dos principais programas utilizados pelas empresas para


prevenção das lesões por esforços repetitivos (LER) e distúrbios osteomusculares
relacionados ao trabalho (DORT), proporcionando maior disposição para execução
das tarefas e melhor integração social entre os trabalhadores. Além de apresentar
um custo benefício reduzido, passando a ser comum nos ambientes de trabalho,
apesar de não existir uma legislação federal que ampare sua prática, diferente com
o que ocorre com a Ergonomia, por meio da NR-17.

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40
2.3.1 Origem da Ginástica Laboral

Conhecida anteriormente como ginástica de pausa, esta prática teve seu


início nas indústrias, proporcionando repouso ativo aos trabalhadores. Segundo
Cañete apud Santos (2003, p. 24), em 1925, na Polônia, surge o primeiro referencial
bibliográfico a respeito do assunto. Na década de 60 torna-se conhecida como
Ginástica Laboral, sendo obrigatória sua execução em países como Alemanha e
Japão.
No Brasil, o primeiro projeto de GL foi elaborado no ano de 1973, por
intermédio da Escola de Educação Física da Federação dos Estabelecimentos de
Ensino de Novo (FEEVALE), da cidade de Hamburgo (RS). Desde então, tornou-se
prática comum nas empresas até os dias atuais, tornando-se uma ferramenta a mais
a ser utilizada no ambiente de trabalho.

2.3.2 Divisões e objetivos da Ginástica Laboral

A Ginástica Laboral pode ser dividida quanto ao momento em que ela é


executada como quanto ao objetivo pretendido. Em relação ao momento, o
programa apresenta três fases: preparatória, compensatória e de relaxamento. A
ginástica preparatória tem duração aproximada de cinco a dez minutos e é realizada
antes ou no início da jornada de trabalho, com a finalidade de despertar o
trabalhador.
A ginástica compensatória ou de pausa tem duração aproximada de dez
minutos e é realizada durante a jornada de trabalho, servindo para interromper a
monotonia operacional, compensando as estruturas sobrecarregadas, os esforços
repetitivos e as posturas solicitadas no ambiente de trabalho. A ginástica de
relaxamento tem duração aproximada de dez minutos, baseado em exercícios de
alongamento e relaxamento muscular, sendo realizado no final do expediente.

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41
Quanto ao seu objetivo, Maciel et al. (2005) classificaram a GL em: ginástica
corretiva ou postural (alongamento dos músculos mais sobrecarregados e
fortalecimento dos músculos em desuso ou em pouco uso) e ginástica de
compensação (previne vícios posturais e a fadiga).
Na prática é comum observamos programas de GL que utilizam apenas
duas ou até mesmo uma das fases descritas, ainda que o ambiente apresente
circunstâncias que propiciem e necessitem de tal prática. Diferente das fases da GL,
os objetivos da mesma é prática mais comum entre os profissionais responsáveis
pela elaboração dos programas.

2.3.3 Efeitos da Ginástica Laboral

Dentre os efeitos decorrentes da GL, podemos citar: interação entre os


trabalhadores, estímulo biopsicossocial para iniciar as atividades e melhor
desenvolvimento do trabalho, da atenção e do raciocínio durante o turno e prevenção
das doenças e lesões relacionadas ao ambiente laboral (OLIVEIRA, 2006).
Os benefícios observados no sistema fisiológico são: diminuição da dor, das
incidências de cistos sinoviais, tendinite, síndromes de Quervain e do Túnel do Carpo,
lombalgias, de atestados médicos relacionados a doenças do trabalho; alívio das
tensões; melhora na postura; e aumento da resistência à fadiga e da força muscular.

FIGURA 14 - ALONGAMENTOS DE DIFERENTES PARTES DO CORPO,


PRESENTES NA GL

FONTE: Junior, 2006, p. 536, 528, 530 e 532.

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42
Os benefícios psicossociais são: redução do estresse, da depressão, da
irritação, da angústia e das mudanças bruscas do humor; melhora da autoimagem,
do relacionamento interpessoal; diminuição dos problemas de relacionamento
familiar e no trabalho; aumento da motivação, da disposição e do desempenho
pessoal para as atividades laborais.
Para Maciel et al. (2005), esses fatores são perceptíveis principalmente
quando a GL é elaborada não como ferramenta isolada, mas em conjunto com
outros programas. Ou seja, a GL torna-se mais efetiva quando ocorre uma
intervenção multidisciplinar de diversos profissionais (médicos, ergonomistas,
engenheiros, fisioterapeutas, nutricionistas etc.).

2.3.4 Quem pode elaborar programas de Ginástica Laboral?

Dentre os profissionais habilitados para realização da Ginástica Laboral,


amparados pelos seus conselhos, temos: o educador físico e o fisioterapeuta.
Enquanto a Resolução do Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) nº.
073/2004 descreve que o educador físico possui prerrogativas para administrar um
programa deste tipo, além de atividades esportivas e recreativas dentro e fora do
ambiente de trabalho, a Resolução do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional (COFFITO) nº. 385/2011 descreve que o profissional de fisioterapia tem
competência para elaboração de programas de Ginástica Laboral, além de
orientação, prevenção e indução do tratamento.
Entretanto, muitas vezes os programas são realizados por pessoas sem
conhecimento científico para executá-los, fazendo com que a atividade torne-se
desmotivadora e não atinja seu objetivo, podendo inclusive agravar ou iniciar uma
lesão ou doença relacionada ao trabalho. Esse tipo de ação torna a GL um
mecanismo deficiente e sem qualidade.
Outro problema são as empresas que usam a GL como beneficio próprio,
visando a qualquer custo redução dos afastamentos e da invalidez decorrente da
atividade laboral, o que poderia gerar redução dos gastos com tratamento e de
possíveis processos judiciais. Tal situação faz com que o programa perca seu real

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43
valor, tornando sua atividade monótona, obrigatória e sem objetividade, além de não
ter um tempo mínimo para sua execução.
Existem algumas contravenções quanto a elaboração de alguns programas,
principalmente em relação ao seu real meio de reduzir/prevenir as doenças
ocupacionais. Este fato se deve, provavelmente, devido ao desconhecimento ou
falta de preparo por quem organiza os programas de GL nas empresas, seja o
educador físico ou o fisioterapeuta.

2.3.5 Ginástica Laboral e ergonomia

Outro dado importante é a presença de um comitê de ergonomia para avaliar


as condições ergonômicas de trabalho dos funcionários e a necessidade da
implantação de um programa de GL de acordo com as necessidades de cada setor.
Essa metodologia faz com que a GL seja aplicada de maneira a proporcionar
prevenção de lesões e maior atenção ao realizar uma atividade laboral.
Entretanto, a GL não pode ser utilizada no intuito de tratar lesões, tendo em
vista isso caber ao setor de Saúde do Trabalho, podendo ser realizada em setores
diferentes. Como exemplo, podemos citar os setores onde os trabalhadores utilizam
os membros inferiores em demasia, onde o profissional de GL deverá dar ênfase
para exercícios adequados e para membros superiores.
A Ginástica Laboral também visa a elaboração de exercícios de força
muscular, voltados não para proporcionar hipertrofia ou para que o trabalhador
possa suportar cargas cada vez mais pesadas, mas para que o trabalhador tenha
uma reposta adequada à demanda do serviço, além de que músculos fortalecidos
reduzem as chances de possíveis lesões.
Palestras e folders sobre as doenças ocupacionais e posturas também
podem fazer com que os programas de GL tornem-se dinâmicos e tenham maior
aceitação pelos trabalhadores, além de proporcionar dicas sobre prevenção e riscos
para a saúde.
A apresentação de metas a serem alcançadas por meio de levantamento de
dados estatísticos e outros indicadores que podem colaborar com os programas de

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44
GL são úteis para que o profissional aja de acordo com a necessidade presente,
sendo possível acompanhar o avanço dos programas e seu real impacto na
prevenção de lesões no ambiente de trabalho.

2.4 PERÍCIA JUDICIAL NO TRABALHO

No ambiente laboral, os casos de lesão por esforço repetitivo (LER) e


doença osteomuscular relacionada ao trabalho (DORT) foram grandes responsáveis
pelo afastamento do trabalhador nos países industrializados, dentre os quais o
Brasil. Não é incomum observarmos trabalhadores com essas disfunções sendo
demitidos de maneira injusta, seja por negligência ou incompetência da empresa,
podendo inclusive ser acionada a Justiça do Trabalho.
A Perícia Judicial da qual iremos explanar tem como público-alvo
trabalhadores que sofreram alguma doença, acidentes ou déficits
musculoesqueléticos decorrentes da atividade laboral ou empresas que necessitem
de provas contundentes para comprovar inocência perante a justiça, tudo decorrente
e dependente da ordem de um juiz.
Entretanto, a maioria dos casos que necessitam de um laudo ou parecer de
perito judicial são decorrentes de processos judiciais impetrados por trabalhadores
contra empresas, sendo necessário gerar provas comprobatórias de que o cliente
realmente se lesionou devido ao seu trabalho.

2.4.1 O que é Perícia Judicial?

Brandimiller (1996, p. 25) define perícia como “exame de situações ou fatos


relacionados a coisas e pessoas, praticadas por especialistas na matéria que lhe é
submetida, com o objetivo de elucidar determinados aspectos técnicos”. O autor
ainda define situação e fatos, conforme segue:

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45
Por situação entendem-se relações entre coisas e/ou pessoas. Exemplo:
uma determinada situação de trabalho e os riscos à saúde, ou de acidentes,
nela implicados. Fatos são ocorrências envolvendo coisa e/ou pessoas; por
exemplo, um acidente de trabalho ou a ocorrência de uma doença
profissional (BRANDIMILLER, 1996, p. 25).

Logo, observa-se que a perícia da saúde do trabalhador pode envolver três


agentes: exames, pessoas e especialista em perícia. Os exames são as coletas de
dados que irão subsidiar a atividade pericial, o que gerou o fato ou a situação, seja
um acidente de trabalho ou uma doença oriunda do trabalhou outros ocorrências de
caráter laboral. Os exames podem ser: laudos anteriores, fotos, vídeos etc. A
pessoa refere-se ao trabalhador sequelado. O especialista em perícia é o
profissional capacitado para exercer a função de perito judicial.

2.4.2 Quem pode ser perito judicial?

Conforme preceitua o artigo 145 do Código de Processo Civil (CPC), o perito


judicial é acionado quando a prova de um fato exigir conhecimento técnico ou
científico para melhor análise. Segundo o mesmo artigo, para ser perito é necessário
possuir nível superior em qualquer área do conhecimento e registro no respectivo
conselho, sendo que o juiz poderá indicar o perito, caso não tenha profissionais com
as devidas qualificações na localidade do fato.
Há casos em que, devido à gravidade ou amplitude do caso, é necessária a
presença de um perito de outra área de conhecimento, para fins de melhor busca
dos dados a serem levantados e elucidação do caso. O artigo 431-b do Código de
Processo Civil classifica esse tipo de caso como Perícia Complexa, onde dois ou
mais profissionais buscam a melhor forma para conclusão de um laudo técnico ou
de um parecer.
O perfil de um perito deve apresentar imparcialidade tanto com relação ao
trabalhador como com a empresa, visando acima de tudo, colaborar para melhor
entendimento do juiz, auxiliando-o para a realização do veredito final. Daí a

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46
importância do profissional. Caso o perito não dê informações verídicas, com ou sem
intenção, ficará dois anos sem exercer a função de perito.
Vale ressaltar que o profissional perito pode pedir despensa da função,
desde que tenha um motivo legítimo ou não ter conhecimento técnico ou científico
adequado para exercer a função. Nestes casos, cabe ao juiz respeitar a decisão do
profissional que ele havia incumbido.
Dentre os profissionais que contribuem de sobremaneira na atividade de
pericia judicial, temos o fisioterapeuta, que pode ser um importante colaborador da
Justiça do Trabalho, auxiliando na geração e interpretação de provas. Segundo
Veronesi apud Figueiredo et al. (2007):

A função de perito judicial em casos de Justiça de o Trabalho associados às


LER/DORT deve ser exercida por profissionais possuidores de
conhecimentos profundos de biomecânica ocupacional. A ciência que
estuda o movimento e a biomecânica é chamada de cinesiologia, sendo o
fisioterapeuta o único profissional da saúde que tem como base em seus
conhecimentos esta ciência. Deve-se ressaltar que o alvo do fisioterapeuta
é a perícia cinesiológica funcional e não a perícia médica, atribuída
logicamente aos formados em escolas de ciências médicas.

Ou seja, cada profissional deve colaborar com os seus conhecimentos


específicos obtidos, sendo que o fisioterapeuta tem mais facilidade em elaborar
laudos a partir de conhecimentos em cinesiologia, por ser disciplina unicamente
estudada por fisioterapeutas, segundo o autor.
Outros métodos de avaliação também se tornam úteis para maior
detalhamento de uma perícia judicial, onde podemos citar o surgimento do Método
Veronesi para perícias judiciais, onde, segundo o autor “a quantificação da
capacidade funcional pelo presente método auxiliam a justiça a ter parâmetros
matemáticos e uma visão funcional mais crítica sobre a capacidade funcional para o
trabalho” (VERONESI, 2010, p. 348).
Além do mais, esse método auxilia para analisar as condições da doença e
do tratamento, bem como de que maneira o trabalhador poderá retornar ao mercado
de trabalho sem que a função a ser exercida apresente risco de um novo quadro ou
de agravamento da lesão. Ou seja, preocupa-se não somente com o atual quadro do
trabalhador como também com os riscos que podem se tornar presentes.
Para tanto, o fisioterapeuta realizará uma anamnese com este cliente e
utilizará testes específicos entre outros recursos aprendidos no curso, além do seu

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47
conhecimento em biomecânica, análise cinético funcional, entre outras disciplinas,
para elaborar um Laudo Cinesiológico Funcional, que será anexado ao processo e
encaminhado ao juiz que julgará o caso.

2.4.3 Função do perito judicial

Quando apresenta uma doença ou um acidente de trabalho, o trabalhador


será avaliado por um profissional que tenha conhecimento adequado para informar
se essa patologia ou disfunção foi decorrente de função que era realizada na
empresa. Para realizar o presente diagnóstico, o perito irá necessitar de testes
minuciosos que colaborem para tal ação.
Logo após, o mesmo deverá elaborar um parecer onde devem constar o que
foi observado e as ações que devem ser adotadas para que o funcionário não tenha
piora do quadro, ou em casos de processos judiciais, auxiliar o juiz na tomada de
decisão, dependendo de cada caso, bem como da necessidade presente.
O perito, ao final da perícia, apresentará os resultados obtidos por meio de
um parecer, quando necessitar apenas responder um questionário, ou um laudo
técnico, mais amplo que o questionário, onde deverão constar as informações sobre
o caso, como se chegou aos resultados, junto com as respostas do questionário.
Para chegar à conclusão de um parecer ou laudo, o perito deverá elaborar algumas
atividades, tais como:

1. Análise direta de coisas, situações e fatos estabelecidos e


documentados, apresentados a pericia;
2. Observação qualitativa (exame, vistoria, inspeção)
3. Estudo qualitativo, incluindo avaliações, medições, cálculos;
4. Investigação de situações e fatos, voltada para o esclarecimento de
circunstâncias de suas ocorrências e determinadas relações (temporais,
causa-efeito, responsabilidade, etc.). (BRANDIMILLER, 1996, p. 26).

Para desempenhar sua função de maneira eficiente e eficaz, o perito poderá


utilizar de todos os meios necessários para tal, tais como: “[...] ouvindo testemunhas,
obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder de parte ou em

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48
repartições públicas, instruir o laudo com plantas, desenhos, fotografias etc.”
(CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, Art. 429).
Para realizar essa ação, o profissional perito poderá adentrar o ambiente em
que o trabalhador realizava suas atividades laborais, carga horária de trabalho,
rotina diária, quantidade de atividades repetitivas, ter acesso a documento da
empresa, seja do setor de recursos humanos ou do setor operacional, analisar
relatório do setor de medicina do trabalho (se houver na empresa) e outras medidas
oportunas e úteis, visando antes de tudo, levantamento de informações que irão
contribuir para a conclusão da perícia, com o mínimo de erros possíveis.

2.4.4 Conselho Nacional dos Peritos Judiciais (CONPEJ)

Fundado em 10 de novembro de 2002, o Conselho Nacional dos Peritos


Judiciais da República Federativa do Brasil (CONPEJ), localizado no estado do Rio
de Janeiro, é composto por profissionais de diversas áreas do conhecimento, tais
como fisioterapeutas, biólogos urbanos, engenheiros, advogados e médicos.
O CONPEJ presta serviços nas mais diversas especialidades, como:
Elaboração de Cálculos Trabalhistas, Elaboração de Cálculos Econômicos, Auditoria
de Fraudes, Análise e Pareceres Ambientais, Desenvolvimento de Estudos e
Projetos. Ou seja, o Conselho não visa somente a Perícia Judicial do Trabalho,
como também demais ramos judiciais presentes no universo da perícia.
Entretanto, a profissão de perito judicial ainda precisa ser divulgada
principalmente no meio judicial, acadêmico e no ambiente laboral, para ampliar o
reconhecimento do profissional, proporcionando fidedignidade acima de tudo, sendo
o “braço direito” do juiz para a decisão final de um processo judicial.

FIM DO MÓDULO II

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49
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA
Portal Educação

CURSO DE
SAÚDE DO TRABALHADOR

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

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50
CURSO DE
SAÚDE DO TRABALHADOR

MÓDULO III

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do
mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são
dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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51
MÓDULO III

3 SAÚDE DO TRABALHO: PROFILAXIA E PREVENÇÃO

3.1 FATORES BIOMECÂNICOS E FATORES ANTROPOMÉTRICOS

A postura e o movimento realizado para a execução de uma atividade no


posto e no ambiente de trabalho são um dos principais fatores que influenciam na
saúde física do trabalhador. Músculos e articulações são exigidos para a execução
das demandas físicas, sendo que, quando submetidos a constantes estresses,
apresentam riscos de lesões, dores e comprometimento normal do movimento.
Para analisar as posturas e os movimentos adequados para que o trabalhador
não sofra uma alta demanda com risco à sua saúde, o profissional de saúde deverá
conhecer os princípios básicos que compõem a biomecânica e a antropometria,
visando antes de tudo, o bem-estar, a saúde e a prevenção de lesões.
Segundo Rasch (1991, p. 175), a biomecânica é definida como o estudo da
aplicação dos “princípios de engenharia a sistemas biológicos, ou o estudo das
forças internas e externas geradas por, e atuantes sobre, sistemas biológicos e dos
efeitos dessas forças”. A biomecânica visa analisar os aspectos que compõem o
movimento humano, sua anatomia e fisiologia, de acordo como o ponto de vista das
leis e princípios da mecânica.
A antropometria (dos termos gregos ánthropos, "homem", e métron,
"medida") “é o conjunto de processos ou técnicas de mensuração do corpo humano
e de suas várias partes” (ZILIO, 2005, p. 25). Segundo Dul e Weerdmeester (2004,
p. 10), a antropometria “ocupa-se das dimensões e proporções do corpo humano”.
Na saúde do trabalhador, a antropometria irá adequar as dimensões dos
utensílios de trabalho às características físicas e individuais de cada trabalhador,
respeitando seu peso, altura e habilidades. Ou seja, engloba tanto profissionais da

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52
saúde como das demais áreas do conhecimento, tais como: engenheiros,
administradores, assistentes sociais etc.

3.1.1 Movimentos lineares e movimentos angulares

Com relação ao movimento, a biomecânica analisa os movimentos lineares


(também conhecidos por movimentos de translação) e os angulares, ambos
podendo ser o movimento de um objeto ou do próprio corpo humano. Hamill (1999)
define movimento linear como o movimento ao longo de uma via curva ou reta.
No ambiente de trabalho podemos citar como exemplo o movimento
realizado pelo trabalhador para levantar uma carga, onde serão analisadas a
direção, trajetória e velocidade do movimento do corpo. Dependendo do movimento
a ser adotado, a postura poderá sofrer uma sobrecarga mecânica, oriunda do peso
da carga levantada, da quantidade de movimento e do tempo para execução.

FIGURA 15 - MOVIMENTO LINEAR REALIZADO PELO TRABALHADOR PARA


LEVANTAR UMA CARGA

FONTE: Disponível em: <http://www.ocupacional.com.br/ocupacional/qual-e-o-peso-maximo-que-um-


empregado-pode-remover-individualmente/>. Acesso em: 07 out. 2013

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53
O mesmo autor define movimento angular como o que ocorre ao redor de
algum ponto, desde que as diferentes regiões do mesmo segmento corporal ou
objeto não se movimentem pela mesma distância. Como exemplo, podemos
apresentar um trabalhador que, ao levantar uma carga e pô-la sobre uma superfície
sólida como uma mesa, realiza o movimento de rotação da coluna, onde para
realizar tal movimento, há maior estresse do membro superior que se encontra mais
distante da mesa, caso adote uma postura incorreta para realizar o movimento.

FIGURA 16 - MOVIMENTO ANGULAR REALIZADO PELO TRABALHADOR PARA


LEVANTAR UMA CARGA E TRANSPÔ-LA EM UMA MESA

FONTE: Disponível em: <http://www.eps.ufsc.br/disserta96/merino/figuras/fig27.gif>.


Acesso em: 7 out. 2013

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54
3.1.2 Análise cinemática e análise cinética

A análise biomecânica pode ser dirigida por intermédio de duas divisões:


cinemática e cinética.

A análise cinemática relaciona-se com as características do movimento, e


examina o movimento a partir de uma perspectiva espacial e temporal sem
referência com as forças que causam o movimento. Uma análise cinemática
envolve a descrição do movimento para determinar qual a rapidez com que
um objeto está se movendo, qual a altura e a distância que ele atinge.

A análise cinética é a área de estudo que examina as forças que agem


sobre um sistema, como o corpo humano ou qualquer objeto. A área de
análise cinética do movimento tenta definir as forças que provocam um
movimento. (HAMILL, 1999, p. 8).

Como é possível observar, a análise cinemática preocupa-se com o espaço


físico e o tempo em que um objeto é movimentado, constando ainda a altura e a
distância em que ocorre esse movimento. Diferente da análise cinemática, a análise
cinética faz análise das forças atuantes no corpo ou no objeto que são responsáveis
pelo movimento.

FIGURA 17 - EXEMPLO DE ANÁLISE CINEMÁTICA DE UM TRABALHADOR

FONTE: Reis et al. (2005), p. 29.

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55
Com essas análises é possível avaliar tanto as características que compõem
o movimento de uma carga, seu grau de dificuldade e as forças atuantes para a
execução do movimento. Como exemplo, podemos citar trabalhadores que atuam no
setor de produção, onde deverão produzir determinadas peças por hora trabalhada.
Nesse caso a análise cinemática irá verificar as características dos
movimentos do objeto, desde as características físicas do local em que é realizada a
atividade até o tempo necessário para ele ser finalizado. Enquanto a análise cinética
ocupar-se-á das forças necessárias para que os movimentos sejam executados,
tanto a força mecânica ou humana.

3.1.3 Postura estática e postura dinâmica

Dentre as diferentes posturas adotadas no ambiente de trabalho temos a


postura estática e a postura dinâmica, sendo determinadas pela tarefa e pelo posto
de trabalho. Ambas necessitam de grupos musculares e articulações para sua
estabilização e movimento. De maneira simples, podemos dizer que a primeira é
assim chamada por não apresentar constantes movimentos, enquanto que a
segunda realiza movimentos constantes de uma parte do corpo.
Enquanto a postura estática é menos cansativa, a postura dinâmica é útil
quando se pretende realizar movimentos que exigem mais força. Porém,
trabalhadores que permanecem longos períodos na posição estática, como os
digitadores e motoristas, acabam proporcionando maior sobrecarga na região dos
membros superiores e pescoço.
Isso se deve não somente ao movimento para execução da tarefa como
também às forças necessárias para manter a postura, haja vista que a própria
gravidade torna-se um fator a ser vencido pelos músculos, além da atividade
repetitiva.
Dependendo de cada caso, esse tipo de movimento exige alguns cuidados,
tais como: regulagem da cadeira ou assento, adequação do computador com a visão
do trabalhador, proximidade dos objetos que serão utilizados para o trabalho e
intervalos de repouso.

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FIGURA 18 - TROCA DE POSTURA ENTRE SENTANDO E EM PÉ

FONTE: Dul e Weerdmeester (2004, p. 21).

Com relação à postura dinâmica, onde podemos citar os trabalhadores que


exercem atividade em pé com deslocamentos constantes, as regiões mais
comumente estressadas são as costas e os membros inferiores. Para evitar tais
acometimentos pode-se adotar algumas regras, como: mudanças de posturas entre
sentado e em pé, uso de um selim para apoiar o corpo, não passar o dia todo na
posição, proximidade dos objetos que serão utilizados para o trabalho e intervalos
de repouso.

FIGURA 19 - MODELO DE SELIM PARA ALÍVO DA POSIÇÃO

FONTE: Dul e Weerdmeester (2004, p. 22).

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3.1.4 Levantamento e transporte de cargas

FIGURA 20 - TIPOS DE EQUIPAMENTOS ÚTEIS PARA TRANSPORTE E


LEVANTAMENTO DE CARGAS

FONTE: Dul e Weerdmeester (2004, p. 33).

Todo levantamento envolve diversas partes do corpo, principalmente as


articulações. Dependendo da maneira que o levantamento é realizado, podem ser
ocasionadas várias doenças, principalmente distúrbios musculoesqueléticos. Hoje
em dia existe uma tabela que correlaciona as idades de cada profissional com o
peso que a pessoa pode carregar no ambiente laboral.
Entretanto, não são acometidos somente os profissionais que trabalham
levantando cargas, mas também aqueles que indiretamente realizam o ato, ainda
que não seja rotineiro, tais como: enfermeiros, balconistas, dentistas etc. Em relação
ao transporte de carga, nem todos os métodos são adequados para as pessoas,
haja vista as diferenças físicas e corporais.

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58
Porém, algumas regras podem ser seguidas, tais como: respiração, peso
máximo levantado para o levantamento, levantamento com agachamento, distância
da carga em relação ao corpo, levantamento simétrico, rotação e inclinação do
tronco, localização vertical do objeto (altura). Vale a pena ressaltar que a carga
máxima que um trabalhador pode levantar é de 23 kg.

3.1.5 Fatores antropométricos

Os principais fatores que interferem nas medidas antropométricas são:


idade, sexo, etnia, clima, condições adversas e variações extremas. Quanto mais
idoso o indivíduo, maiores são as chances de sua altura sofrer redução. Ou seja, o
mesmo equipamento ou vestimenta que era utilizado por esta pessoa quando mais
nova podem não lhe servir mais no momento atual.
A etnia de cada região do mundo ou de cada país favorece,
desproporcionalmente, as diferenças entre calçado, roupa, máquinas, equipamentos
etc. Exemplos disso são os tamanhos das roupas fabricadas em países cuja origem
é viking (Noruega e Dinamarca, por exemplo), povos de tamanho considerado bem
superior ao do povo brasileiro. O tamanho P para eles é diferente do tamanho P
para os brasileiros.
Os dados antropométricos poderão interferir diretamente na qualidade do
trabalho, conforme descreveram Dul e Weerdmeester (2004, p. 10):

Os projetistas dos postos de trabalho, máquinas e moveis, devem lembrar-


se sempre que existem diferenças individuais entre os usuários. A altura de
uma cadeira, adequada para um indivíduo médio, pode ser desconfortável
para indivíduos mais altos ou mais baixos. Uma cadeira que tenha ajustes
de altura pode adaptar-se às diferenças individuais desses usuários.

A figura a seguir demonstra o impacto que o posto de trabalho pode


ocasionar na postura do trabalhador. Nas imagens de cima o problema é a cadeira
que não apresenta regulagem adequada, ocasionando desconforto na região do
pesco e do joelho. As imagens de baixo apresentam erros de fabricação do
maquinário, sendo incompatível com as medidas corporais do trabalhador.

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FIGURA 21 - EXEMPLO DE MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS QUEINFLUENCIAM
NA PRODUTIVIDADE DO TRABALHO

FONTE: Disponível em: <http://www.eps.ufsc.br/disserta97/viera/figuras/img00008.gif>.


Acesso em: 8 out. 2013.

Existem outros fatores que podem influenciar nas medidas antropométricas.


O índice de gordura ou de massa magra pode ser classificado como fator clima,
principalmente em regiões frias ou quentes. Exemplos são os povos que vivem em
regiões próximas do Ártico, onde é preciso ter alto índice de gordura para suportar o
frio, diferente dos povos que vivem nas regiões tropicais, onde o povo precisa ter
baixo índice de gordura. Há também diferenças físicas e sexuais entre homens e
mulheres, tais como quadril largo nas mulheres e massa muscular mais presente
nos homens.

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60
3.2 A CARGA DE TRABALHO E A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Para Antonelli et al. (2011, p. 18), “carga de trabalho é uma medida


quantitativa e/ou qualitativa do nível de atividade motora, fisiológica e mental
necessária à realização de um trabalho”. Ou seja, envolve todos os sistemas
corporais onde as atividades mentais também são inseridas como carga de trabalho.

FIGURA 22 - A CARGA DE TRABALHO DEPENDERÁ


DA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

FONTE: Disponível em: <http://wap.noticias.uol.com.br/cienciaesaude/album/1105_estresse-f2.htm>.


Acesso em: 8 dez. 2013.

As atividades motoras realizadas pelo trabalhador podem predispor as


atividades repetitivas e as doenças e lesões do sistema musculoesquelético como
lesões por esforço repetitivo (LER) e doenças osteomusculares relacionadas ao
trabalho (DORT).
O sistema fisiológico pode apresentar alterações cardiovasculares, tais
como: aumento da pressão arterial; liberação do hormônio cortisol, causador do
estresse; aumento dos níveis de adrenalina, gerador de tensão; etc. A carga mental
irá variar em cada trabalhador, podendo torna-se presente: baixa autoestima,
desinteresse pela função, sentimento de inferioridade, tristeza, depressão.

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61
Baumer (2003, p. 22) descreveu a carga mental de trabalho como “aquela
que não responsabiliza apenas a tarefa como fonte potencial para essa carga, mas
também coloca o indivíduo como fonte da carga”. Esse fator faz com que a carga
esteja sujeita às particularidades de cada indivíduo.
Entretanto, Dejours apud Lazzareschi (2012, p. 55) descreve que as
exigências mentais no ambiente de trabalho não são tão graves como o sentimento
de insatisfação, sendo esta última responsável pelo começo do sofrimento do
trabalhador.

FIGURA 23 - A CARGA MENTAL PODE GERAR INSATISFAÇÃO

FONTE: Disponível em: <http://arealidadedodireito.blogspot.com.br/2010/10/zero-hora-deve-


indenizar-funcionario.html>. Acesso em: 9 out. 2013

A carga de trabalho também sofre influência das chefias, onde muitas das
vezes, para alcançarem as metas a serem obtidas, exigem dos funcionários mais
rapidez e menos perda de tempo, podendo provocar relacionamento com conflitos
entre chefes e supervisores, o que torna o ambiente de trabalho sinônimo de
“estresse” e até humilhação.

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62
Para reduzir a carga de trabalho podem-se utilizar as pausas de repouso e
redução do ritmo de trabalho, o que gerará prevenção da fadiga muscular, que,
segundo Guyton (1996, p. 68), é a presença de “contrações fortes e prolongadas de
um músculo”, podendo ser gerada pela ausência de fluxo de sangue no músculo em
contração, o que ocasiona redução dos níveis de oxigênio, que são responsáveis de
manter a nutrição no músculo.
As pausas aplicadas no ambiente laboral pela primeira vez por Taylor
tiveram um importante estudo realizado durante a Primeira Guerra Mundial, onde
cientistas norte-americanos concluíram que cargas de trabalho superiores a 48
horas ocasionavam absenteísmo, aumento de lesões e redução da produção por
homem/hora e que uma carga horária semanal de trabalho de 55 horas apresentava
13% mais produtividade do que uma carga horária de 74 horas (RASCH, 1991).
Com relação à redução do ritmo de trabalho, é preciso observar a velocidade
do movimento individual e em grupo de cada trabalhador, pois “um trabalhador cuja
velocidade de movimento preferida não é compatível com a imposta a ele por seu
trabalho pode ser submetido a tensões que o tornam ineficiente e infeliz” (RASCH,
1991, p. 194).
Ou seja, o ritmo de trabalho deve respeitar as características cognitivas e
proprioceptivas de cada trabalhador, o que normalmente não ocorre. Além destes
fatores, pode-se utilizar outras medidas para evitar uma fadiga decorrente de alta
carga de trabalho, onde o próprio trabalhador pode evitá-la, tais como:

1. Eliminar movimentos desnecessários;


2. Usar a gravidade para realizar trabalho, como debruçar-se sobre uma
manivela para abaixá-la em vez de movê-la com a força dos membros
superiores;
3. [...] evitar execução de trabalhos no ou acima do nível da face, abaixo
dos joelhos ou dentro de um espaço inadequado;
4. Equilibrar o corpo adequadamente. (RASCH, 1991, p. 194).

Um fator importante para trabalhadores que lidam com movimentação de


cargas é acrescentar programas de treinamento voltados para a atividade dos
trabalhadores, conforme observado por Antonelli et al. (2011). Para tanto a empresa
deverá zelar para que seus funcionários não excedam em sua carga de trabalho.
Podemos dizer que empresas que têm carga excessiva de trabalho
apresentam algumas falhas na sua organização, sejam elas: número de

AN02FREV001/REV 4.0

63
funcionários reduzido e desproporcional à demanda; falta de mão de obra
qualificada para tal função; redução de gastos; melhoria salarial; carga horária
excessiva (horas extras) etc.
A empresa que tem uma boa organização encontra-se buscando oferecer
aos seus funcionários os melhores recursos, para obter melhor produção. Como
exemplo, podemos citar empresas que, no momento de intervalo, disponibilizam
salão de jogos e dormitórios para seus colaboradores, pois acreditam que, quanto
mais o trabalhador estiver disposto, melhor será o aumento da produtividade.
Infelizmente, muitas empresas não oferecem condições de trabalho dignas
aos trabalhadores, tais como: ambiente sem ventilação, falta de higiene,
equipamentos danificados, posto de trabalho sem as mínimas condições de
segurança etc. Fatores que tornam a atividade laboral penosa, desestimulante e
estressante. Sobre a organização do trabalho, descreveram Dul e Weerdmeester
(2004, p. 99) o seguinte:

A organização do trabalho faz junção de vários cargos, de acordo com os


objetivos da empresa. São aspectos relevantes dessa organização as
formas flexíveis de organização, grupos autônomos e estilo gerencial
baseado na liderança [...], convertendo os antigos chefes em líderes,
capazes de estimular os trabalhadores.

A maneira que a empresa forma os antigos chefes em líderes torna o


ambiente de trabalho mais produtivo e com menos risco de conflitos entre os
trabalhadores e a chefia. Sendo importante ressaltar que o termo “organizações
flexíveis” não significa que os funcionários não são obrigados a alcançar metas, mas
sim que todos são responsáveis pelas metas a serem alcançadas em conjunto.

FIGURA 24 - A IMAGEM DE “CHEFE” ÉO INVERSO DA IMAGEM DO “LÍDER”

FONTE: Disponível em: <www.mundosindical.com.br>. Acesso em: 9 out. 2013

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64
É importante salientarmos que é necessário um líder na empresa, para
desenvolver os trabalhos de maneira organizada, observado também o ambiente de
trabalho, presença de fatores que contribuam para a insatisfação do colaborador e
melhora da relação patrão-funcionário; visando não somente o bem-estar da
empresa, mas também do seu trabalhador.

3.3 DOENÇAS OCUPACIONAIS

Antes de adentrarmos em nosso tema, é preciso categorizar alguns termos,


tais como: doença profissional e doença do trabalho ou relacionada ao trabalho.
Doença profissional é caracterizada quando o trabalhador entra em contato com um
único agente causador, como acontece quando em contato com substâncias
agressivas ao corpo humano, como silicose e asbestose.
Já as doenças do trabalho ou relacionadas ao trabalho são assim
denominadas por vários fatores laborais. Como exemplos, podemos citar as LER e
as DORT (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001).
Conforme descrito no Manual de Procedimentos para os Serviços de Saúde,
do Ministério da Saúde (2001, p. 54), é importante enfatizarmos que “as doenças
relacionadas ao trabalho, quando enquadradas nos requisitos dos artigos 19 e 20 da
Lei Federal n.º 8.213/1991, são equiparadas a acidentes de trabalho”.

Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior,


as seguintes entidades mórbidas:
I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo
exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva
relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social;
II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em
função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se
relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I.
§ 1º Não são consideradas como doença do trabalho:
a) a doença degenerativa;
b) a inerente a grupo etário;
c) a que não produza incapacidade laborativa;
d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que
ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou
contato direto determinado pela natureza do trabalho. (PLANALTO.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm>.
Acesso em: 09 out. 2013).

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Como preceitua a lei em destaque, uma doença profissional pode ser
considerada acidente de trabalho, desde que esta tenha relação com a função
exercida pelo trabalhador, sendo que para assim ser classificada, segundo a lei, é
preciso que haja incapacidade laborativa, quando o profissional é incapaz de
executar o trabalho devido à presença da doença. Ou seja, se não produziu
incapacidade, não é considerada como doença do trabalho.
O Mistério do Trabalho e Emprego apresentou alguns dados da Organização
Internacional do Trabalho (OIT), onde fora descrito que os países gastam
aproximadamente 4% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, cerca de 2,8 trilhões
de dólares, com as doenças profissionais. Dinheiro que poderia ser utilizado com
outras finalidades, como educação e prevenção.
A Portaria nº 1339/GM, do Ministério da Saúde, de 18 de novembro de 1999,
apresenta a lista de doenças relacionadas ao trabalho, a ser adotada como
referência dos agravos originados no processo de trabalho. A referida Portaria
encontra-se no site <http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port99/GM/GM-
1339.html>. Trata não somente das doenças do sistema osteomuscular e do tecido
conjuntivo, relacionadas com o trabalho, como também do sistema nervoso, da pele
e do tecido subcutâneo, do sistema respiratório, entre outros.
No ano de 2001, o Ministério da Saúde do Brasil em conjunto com a
Organização Pan-Americana da Saúde, lança no Brasil o livro “Doenças
Relacionadas ao Trabalho – Manual de Procedimentos para os Serviços de
Saúde”, no sentido de cumprir a determinação constitucional de dar atenção à
saúde do trabalhador, tendo como objetivo colaborar com os profissionais dos
serviços de saúde quanto aos procedimentos de assistência, prevenção e
vigilância da saúde dos trabalhadores, auxiliando na caracterização das relações
da doença com o trabalho.

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66
3.3.1 LER e DORT

Lesões por esforço repetitivo (LER) e distúrbio osteomuscular relacionado ao


trabalho (DORT) são comumente utilizados nas empresas quando um funcionário
apresenta alguma reclamação clínica. Entretanto, como podemos definir esses
termos? Qual o real significado das LER e DORT?
Ambos são lesões e distúrbios que acometem o sistema
musculoesquelético, sendo compostas por doenças com características
semelhantes. Segundo o Ministério da Saúde (2001), são decorrentes de atividades
fixas, sem muito movimento de outras partes do corpo, ou de extrema repetição,
onde a principal parte do corpo acometida são os membros superiores.
Trabalhos com ritmos intensos e falta de intervalo adequado para a
recuperação auxiliam na manifestação e no agravamento das LER e DORT, onde as
principais queixas referem-se à presença de dor, formigamento, dormência e fadiga
precoce.
Esses fatores tendem a piorar quando a empresa não possui ações que
busquem encontrar a presença de tais fatores no ambiente de trabalho, como a
presença de um ergonomista e a formação de outras normas regulamentadoras que
são obrigatórias e adequadas ao serviço do trabalhador, conforme veremos em
outro módulo.
Dentre as doenças que são relacionadas a LER e a DORT, o Ministério da
Saúde (2001, p. 7) descreve: “tendinite, tenossinovite, epicondilite, síndrome do
túnel do carpo, síndrome do desfiladeiro torácico, radiculopatia cervical, síndrome
miofascial, mialgia etc.” Estes são os termos de doenças que o profissional de saúde
do trabalhador ouvirá mais cotidianamente.

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3.4 FATORES DE RISCO OCUPACIONAIS

Neste item iremos descrever os principais fatores que podem contribuir para
que a saúde do trabalhador sofra algum dano ou sequela. Para tanto iremos abordar
os principais riscos ocupacionais que necessitam de atenção por parte do profissional
de saúde do trabalho. Dentre os fatores iremos apresentar: risco ergonômico, risco
comportamental e risco ambiental (agentes químicos, físicos e biológicos).

3.4.1 Risco Ergonômico

São os riscos identificados por meio de um relatório de ergonomia,


denominado Análise Ergonômica do Trabalhado (AET). Ou seja, pode-se dizer que o
risco ergonômico engloba alterações presentes no ambiente de trabalho que
possam ocasionar desconforto e comprometimento da saúde do trabalhador.
Os principais comprometimentos que podem ser observados através do
Risco Ergonômico envolvem: sobrecarga biomecânica, excesso de atividades
repetitivas, alteração postural decorrente de algum movimento executado no
trabalho, movimentação de cargas pesadas além do limite, ritmo em que a atividade
é executada, etc.
O Risco Ergonômico também pode descrever as condições do ambiente de
trabalho, onde podemos apresentar: presença de ruídos sem que o trabalhador
tenha acesso a protetor auricular ou que, ainda assim, excedam os limites
adequados para o homem; iluminação inexistente ou ineficiente, podendo ocasionar
dores de cabeça e risco de acidentes; clima demasiadamente quente ou
demasiadamente frio, etc.

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3.4.2 Risco Comportamental

Este tipo de risco é o mais comum e mais difícil de evitar, pois ele descreve
as atitudes comportamentais do trabalhador que podem colaborar para que ocorra
um acidente de trabalhado ou até mesmo um incidente de maiores proporções. Um
exemplo prático acontece quando o trabalhador deve utilizar o equipamento de
proteção individual (EPI), item obrigatório por lei.
Ainda que o mesmo esteja utilizando o EPI, pode ser que o funcionário
esteja utilizando incorretamente o seu equipamento. E o que é pior, de maneira
proposital. É comum observarmos que o equipamento apresenta algumas outras
adulterações decorrentes da falta de cuidado e manutenção por parte do próprio
trabalhador.

FIGURA 25 - O RISCO COMPORTAMENTAL INTERFERE


NO CONTROLE DOS RISCOS

FONTE: Disponível em: <tstsergiobigi.blogspot.com>. Acesso em: 25 out. 2013

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O Risco Comportamental torna-se difícil de evitar porque envolve idoneidade
e conscientização do trabalhador, ainda que o mesmo tenha recebido treinamento,
assistido a palestras ou cursos que tratem da importância de se prevenir e controlar
os riscos. Envolve o comportamento da pessoa, algo que se obtém no convívio
social, conforme veremos no Módulo IV do presente curso, na aula que descreve a
ética profissional.

3.4.3 Risco Ambiental

Os Riscos Ambientais encontram sua definição por meio da Norma


Regulamentadora 9, que versa sobre os Programas de Prevenção de Riscos
Ambientais. Eles são classificados em: agentes físicos, químicos e biológicos. Estes
agentes podem ocasionar problemas não somente para a saúde do trabalhador
como também ao ambiente.
A capacidade de ação do agente físico, químico ou biológico, sofre influência
de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição. Tais
características podem se tornar um agravante à saúde, não somente do trabalhador
como também de todas as pessoas próximas do raio de incidência.
Segundo a norma, são classificados como agentes físicos: ruído, vibrações,
pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não
ionizantes, bem como o infrassom e o ultrassom. Os agentes químicos, além de
agredirem a pele, podem ser produtos que tenham capacidade de adentrar no corpo
como: poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores. Os agentes biológicos
podem ser: bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, etc.

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3.5 SAÚDE MENTAL E TRABALHO

Como o próprio nome descreve, o termo saúde mental pode ser empregado
para avaliar a capacidade mental do homem em interagir com o meio social (casa,
escola, trabalho, comunidade) sem apresentar algum comprometimento mental. Este
termo também sofre influência da saúde física e mental, conforme preceitua a
definição do termo saúde pela Organização Mundial da Saúde (2008, p. 10): “A
saúde é um estado de bem-estar físico, mental, e social”.

3.5.1 Substâncias agravantes à saúde mental no trabalho

Outro fator que pode agravar a saúde mental do trabalhador e que muitas
vezes são despercebidos pelas autoridades, é a presença de agentes e produtos
químicos no ambiente de trabalho, tais como determinados metais e solventes com
ação tóxica, podendo ocasionar: “irritabilidade, nervosismo, inquietação, distúrbios
da memória e da cognição e, por fim, com evolução crônica, muitas vezes
irreversível e incapacitante” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001. p. 162).
Para evitar tais ocorrências é preciso que as empresas trabalhem com
prevenção, além de vigilância dos agravos à saúde e dos ambientes e condições de
trabalho, empregando ações em conjunto com a equipe de saúde do trabalho, como:
médicos, engenheiros, ergonomista, psicólogos, enfermeiros e técnicos de
segurança do trabalho.
Além do mais, é necessário que o trabalhador também participe desse
processo, informando situações que passam despercebidas pela equipe de saúde.
Dentre as normas técnicas e regulamentos vigentes úteis para evitar o
surgimento e o agravamento da saúde mental do trabalhador, podemos citar:

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1. Reconhecimento prévio das atividades e locais de trabalho onde existam
substâncias químicas, agentes físicos e/ou biológicos e os fatores de risco
decorrentes da organização do trabalho potencialmente causadores de
doença;
2. Identificação dos problemas ou danos potenciais para a saúde,
decorrentes da exposição aos fatores de risco identificados;
3. Identificação e proposição de medidas que devem ser adotadas para a
eliminação ou controle da exposição aos fatores de risco e para proteção
dos trabalhadores;
4. Educação e informação aos trabalhadores e empregadores.
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001. p. 162).

Como dito em tópicos anteriores, a organização do trabalho pode auxiliar na


redução dos casos de trabalhadores com agravamento da saúde mental decorrente
de substâncias químicas, agentes físicos e/ou biológicos. Porém, é de grande
relevância prestar informação aos trabalhadores como método de prevenção,
tornando-se necessário ainda a identificação das substâncias e de suas causas,
além de eliminação ou controle dos riscos, quando ocorrer o fato.

3.5.2 Transtornos mentais no trabalho

Segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) apud


Ministério da Saúde, os transtornos mentais de pequeno porte correspondem a 30%
dos trabalhadores no mundo e outros 10% referem-se a transtornos mentais graves.
O ambiente laboral pode contribuir para manifestação e surgimento das alterações
da saúde mental do trabalhador, onde podemos citar: pontualidade, organização do
trabalho, além da ameaça de perda do emprego.
Os transtornos mentais e do comportamento podem estar divididos em
quatro áreas: limitações em atividades da vida diária, exercício de funções sociais,
concentração, persistência e ritmo e deterioração ou descompensação no trabalho.
Geralmente o trabalhador apresenta problemas em manter as atividades da vida
diária, dos seus desempenhos sociais e a execução de realizara outros afazeres
pessoas.
A deterioração ou descompensação torna-se comumente presente no
trabalho, conforme descreve seu próprio nome.

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72
Deterioração ou descompensação no trabalho: refere-se a falhas
repetidas na adaptação a circunstâncias estressantes. Frente a situações
ou circunstâncias mais estressantes ou de demanda mais elevada, os
indivíduos saem, desaparecem ou manifestam exacerbações dos sinais e
sintomas de seu transtorno mental ou comportamental. (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2001. p. 163).

Podemos observar que a deterioração no trabalho faz com que o trabalhador


busque isolamento e fuga perante o agente causador de estresse ou que ele
manifeste quadros de irritação explícita, o que deve ser observado de antemão pelos
profissionais de saúde do trabalhador. Podendo se fazer presente em qualquer
trabalhador, independente de cargo e função.
Infelizmente, quando não diagnosticada antecipadamente, a deterioração no
trabalho pode gerar demissão do trabalho, agravando o quadro clínico do
trabalhador demitido, o que gerará sentimentos de incompetência, incapacidade,
inutilidade, isolamento da família e do convívio social e total descontrole emocional.

3.5.3 Estresse no trabalho

Segundo Zanelli et al. (2004), o estresse é ocasionado pela resposta do


nosso organismo contra um agente agressor, decorrente das pressões do meio em
que se encontra, apresentando três fases: a reação de alarme diante de um
agressor, a resistência e a exaustão.
Pode-se considerar um estresse natural as duas primeiras classificações,
como rotinas do dia a dia, sendo o estresse de exaustão o que apresenta maior
gravidade. Segundo Kapczinski et al. (2011), fisiologicamente, na presença de uma
situação causadora de estresse, ocorre uma resposta no organismo, promovendo a
liberação do hormônio cortisol, conhecido como hormônio do estresse.
Entretanto, o problema está quando o hormônio é secretado de maneira
constante, tendo como principal causador desta ação a pressão no trabalho, que
pode variar de pessoa para pessoa:

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73
Enquanto para alguns a pressão pode ser impulsionadora e, deste modo,
motivadora, para outros, ao contrário, ela pode ser estressante. A pressão
no trabalho não é determinante no desencadeamento do estresse, se o
fosse todos os trabalhadores na contemporaneidade estariam
obrigatoriamente estressados, e não é isso que se observar (SILVEIRA,
2009, p.12,).

A pressão no trabalho e o estresse irão depender da capacidade de resposta


do trabalhador, que poderá aceitá-los como um desafio a ser vencido ou como uma
forma de ocasionar situações de humilhações e falta de respeito. Como descreve
Silveira (2009), não são todos os trabalhadores que sofrem de estresse. Alguns
possuem grande capacidade em lidar com ele. Enquanto outros agem de maneira
inversa.
Apesar do ponto de vista do autor, as empresas não devem oferecer
constantes situações de pressão e, em decorrência, ocasionar o estresse, devendo
sempre impor limites para que o trabalhador possa exercer sua função sem que isso
venha gerar algum distúrbio em sua saúde mental.
Também não significa que o trabalhador não deve entrar em contato com
situações de estresse não só no trabalho como também no dia a dia, tendo em vista
ser normal e fazer parte da nossa vida certas situações, como atravessar uma
avenida movimentada ou dirigir um veículo. Deve-se medir as ações visando acima
de tudo a pessoa humana, o trabalhador.

FIM DO MÓDULO III

AN02FREV001/REV 4.0

74
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA
Portal Educação

CURSO DE
SAÚDE DO TRABALHADOR

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001/REV 4.0

75
CURSO DE
SAÚDE DO TRABALHADOR

MÓDULO IV

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do
mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são
dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

AN02FREV001/REV 4.0

76
MÓDULO IV

4 GESTÃO EM SAÚDE DO TRABALHADOR

4.1 ÉTICA PROFISSIONAL

Ética: “[...] é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens na


sociedade. É a ciência da moral, isto é, de uma esfera do comportamento humano,
tendo como objeto o mundo moral” (VASQUEZ apud KAMEYAMA, 2004, p. 151).
Segundo Segre e Cohen (2002), a moralidade trata de valores oriundos de normas
que para uma sociedade são vistas como normais.

FIGURA 26 - SÓCRATES, CONHECIDOS COMO O “PAI” DA ÉTICA

FONTE: Disponível em: <educarparacrescer.abril.com.br>. Acesso em: 21 out. 2013.

Como é possível observar, a ética tem como fundamento o comportamento


do homem perante aquilo que é tido como normal para a sociedade, o que
caracteriza a moral para a coletividade. Entretanto, Teixeira (2004, p. 102)
complementa: “A ética é uma reflexão sobre o sentido da vida, que pergunta pela
razão de ser das ações e comportamentos dos homens”.

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77
A relação existente entre ética e trabalho é apresentada por Gonçalves e
Wyse (1996, p. 24), que descreveram:

A ética no trabalho consiste em entender essa atividade – o trabalho – como


fator fundamental à construção da identidade e da realização pessoal e ao
estabelecimento de uma ordem social, onde prevaleçam relações fundadas
na dignidade, na liberdade e na igualdade entre os homens.

A integração ética-trabalho deve ser respaldada por dignidade, liberdade e


igualdade entre os trabalhadores. Muitas vezes a dignidade do trabalhador não é
respeitada. Podemos citar como exemplo as primeiras fábricas criadas na época da
Revolução Industrial, conforme visto em aulas anteriores, onde os patrões visavam
unicamente o lucro, ainda que seus trabalhadores ficassem doentes, sequelados ou
até mesmo que viessem a óbito decorrente das atividades laborais e da carga
horária em demasia.
Com relação à liberdade, existem muitos trabalhadores em regime de
semiescravidão, sem direito a folga, sendo caracterizado como crime, segundo o
artigo 149 do Código Penal: “Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer
submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a
condições degradantes de trabalho, quer restringindo [...] sua locomoção”.
Ressaltando a igualdade no ambiente de trabalho, é comum observamos
discriminação por causa de cor, raça, sexo ou religião. Podemos exemplificar as
elevações de cargo de trabalhadores que são promovidos por fazerem parte de
determinado grupo religioso e não por sua competência.
É importante destacarmos que “[...] a igualdade e liberdade entre os homens
são condições próprias da natureza humana, consideradas fatores necessários ao
pleno desenvolvimento da ética do trabalho” (GONÇALVES; WYSE, 1996, p. 25).
Quando essa liberdade é restringida, sem a concessão do trabalhador, pode
caracterizar a escravidão.
Ao definir o termo “saúde do trabalhador”, a Lei Orgânica da Saúde nº.
8080/90, no inciso V do parágrafo 3º, descreve que devem ser utilizados os
preceitos da ética profissional, conforme segue:

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78
§ 3º Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei, um conjunto
de atividades que se destina, através das ações de vigilância
epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos
trabalhadores [...], abrangendo:
V - informação ao trabalhador [...], respeitados os preceitos da ética
profissional; (JUSBRASIL. Disponível em:
<http://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/109386/lei-8080-90>.
Acesso em: 11 out. 2013).

Apesar de transcrita em lei, a matéria não informa como a ética deve ser
empregada no ambiente laboral. Infelizmente isso ocorre porque não há uma
preocupação mais ostensiva com a ética e sua real importância no setor de trabalho,
o que faz com que não ocorra o “respeito aos preceitos éticos”. Fato muito comum
no ambiente laboral, principalmente por parte das empresas.
Entretanto, o termo “ética” não pode ser visto somente na relação patrão-
trabalhador, sendo este termo também utilizado na relação trabalhador-trabalhador,
trabalhador-patrão e trabalhador-sociedade. Ou seja, a ética engloba o convívio com
as pessoas ao redor do trabalhador, que antes de ser trabalhador, também é um
cidadão como qualquer outro.
A falta de ética por parte do trabalhador também é algo a ser observado. Ou
seja, quando o trabalhador desrespeita a moral da empresa em que trabalha. Muitas
empresas trabalham com sigilo de informações, principalmente quando são
informações úteis para outra empresa concorrente. Neste caso, o trabalhador deixa
de ser ético quando repassa essa informação para a concorrente.
A falta de ética tanto por parte do trabalhador como por parte da empresa irá
depender da consciência moral de cada um. Para Gonçalves e Wyse (1996, p. 11),
consciência moral é a “capacidade interna que o indivíduo tem de reagir ao certo e
ao errado, a capacidade de distinguir entre o bem e o mal”.
A consciência moral também caminha em conjunto com a ética. Neste caso
a ética dependerá da decisão entre o que é correto e incorreto, entre o bem e o mal,
onde a pessoa sofre influência do meio em que vive ou viveu, ou seja, aquilo que é
tido como normal para uma sociedade pode não ser normal para outra.
É neste momento que entram as legislações específicas de cada região ou
país, pois elas irão delimitar o que é certo e errado, o aceitável e o inaceitável, tudo
com base na ética, ou seja, no comportamento da sociedade, respeitando sempre a
dignidade, a liberdade e a igualdade entre os homens.

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79
Siqueira (2008, p. 41) descreveu:

[...] qualquer forma de labor deve ser fundamentada em uma ética que
perceba a igual dignidade inerente a todos os seres humanos e a tudo
aquilo que decorre dela, como por exemplo, a proibição do trabalho
escravo, a violência no campo, a superjornada do trabalho, o abuso do
trabalho infantil, a exploração desumana da força de trabalho, as condições
desumanas de trabalho. Trata-se, aqui, de uma ética da condição humana
universal, tão próxima da Declaração Universal dos Direitos Humanos e do
projeto planetário de cidadania.

A proibição do trabalho escravo, fato que era presente no Brasil do século


XVI, em conjunto com a superjornada do trabalho e a exploração desumana da força
de trabalho, são fatos que privam a liberdade e o direito à folga. Atualmente, pode
acontecer de maneira oculta, quando uma determinada empresa ou setor tem que
alcançar metas, forçando de maneira indireta, o trabalhador a permanecer no local,
informando-o que terá direito a folga, quando a hora da saída for ultrapassada. Fato
que não ocorre.

FIGURA 27 - O TRABALHO ESCRAVO E A VIOLÊNCIA, COMUM NA ÉPOCA DA


ESCRAVIDÃO, AINDA É PRESENTE NO SÉCULO XXI DE OUTRAS FORMAS

FONTE: Disponível em: <www.baudovalentim.net>. Acesso em: 21 out. 2013.

O abuso do trabalho infantil torna-se mais presente em trabalhos informais,


que é o tipo de trabalho em que a pessoa atua por conta própria, sem formalização
legal perante os órgãos competentes (IBGE; SEBRAE, 2005, p.16). Exemplo disso
são as crianças que trabalham no setor comercial, auxiliando os pais ou os patrões,
sem respeito a seus direitos.

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80
Outro exemplo que trata da falta de ética no trabalho é a violência e as
condições do trabalho. A violência no trabalho pode ser física, moral ou mental.
Exemplo de violência que engloba estes dois fatores, são os assédios sexuais cujos
autores são membros da chefia, comumente vitimando mulheres, quando em troca
de favores sexuais o patrão promete estabilização ou alguma promoção no ambiente
de trabalho.
Este tipo de crime também pode acontecer entre pares de mesma hierarquia
na empresa, diferente das condições desumanas do ambiente de trabalho, que
ferem os princípios éticos de respeito e moral da pessoa humana, além de
favorecerem riscos de acidentes e doenças do trabalho. Fazendo com que o
trabalho seja realizado sem disposição, submetendo o trabalhador a condições
mortificadoras.

4.2 HIGIENE DO TRABALHO

O termo Higiene do Trabalho, também denominado Higiene Ocupacional,


tem como finalidade realizar medidas preventivas que possam comprometer a saúde
do trabalhador, tais como doenças do trabalho e os riscos oriundos do ambiente,
visando manter as condições de bem estar no trabalho.
A Higiene do Trabalho tende antes de tudo a conter e impedir os riscos
ocupacionais. Como é possível observar, esse termo não se refere à higienização do
trabalhador, seu asseio pessoal, como também veremos mais adiante. A Higiene do
Trabalho visa evitar, prevenir e conter os fatores de risco decorrentes do trabalho, da
função exercida e do ambiente.
Normalmente esses fatores acometem a saúde do trabalhador, como as
doenças ocupacionais, e quando não controlados podem oferecer riscos que podem
extrapolar o local de trabalho, atingindo áreas maiores, como uma rua, um bairro ou
até mesmo, em casos graves, uma cidade, como ocorre com algumas substâncias
tóxicas que podem ser espalhadas pelo ar.
A Higiene do Trabalho evita que ocorram novas manifestações de doenças
ocupacionais, ainda que outros trabalhadores tenham sido diagnosticados pelo

AN02FREV001/REV 4.0

81
médico. Não daremos ênfase nos fatores de risco, tendo em vista que essa aula foi
explicada em módulo anterior a este.
Para que as ações de higiene se tornem eficientes na prevenção dos riscos
é necessário, primeiramente, que haja uma integração entre o profissional de saúde
do trabalhador e a equipe de gestores da empresa. É neste momento que devem ser
discutidos alguns pontos como: tipos de resíduos e substâncias utilizadas no local
de trabalho, armazenamento e eliminação adequados destas substâncias e possível
acometimento na saúde do trabalhador e ao ambiente, ou seja, não somente o
ambiente de trabalho como também ao redor.
Após o contato com a gestão da empresa, devem-se realizar constantes
treinamentos e palestras entre toda a equipe, com a participação indispensável do
trabalhador, para que caso ocorra um evento, a equipe possa ter noção das medidas
que devem ser adotadas e o que deve ser feito para que o evento não tome
proporções maiores e gere mais vítimas.

4.2.1 Programas de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA)

Dentre as NRs que podem auxiliar no trabalho do profissional de Higiene do


Trabalho, podemos destacar a NR 9. A mesma aponta a importância e o uso dos
Programas de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), que dispõe sobre os
cuidados e a manutenção da saúde dos trabalhadores, antecipando, reconhecendo,
avaliando e controlando os riscos ambientais.
A antecipação ao risco ocorre por meio de medidas preventivas de proteção
para sua redução ou eliminação (palestras, instruções e treinamentos) junto aos
trabalhadores, evitando com que ocorra um incidente decorrente de um fator de
risco, evitando danos à saúde do trabalhador, ao ambiente e custos à empresa.
O reconhecimento do risco ocorre quando o mesmo é identificado, e se
busca encontrar os fatores que podem gerar a ocorrência, sua localização, possíveis
impactos ambientais, além de possíveis danos à saúde do trabalhador. Nesta fase o
risco não evoluiu para um incidente, a principal medida a ser adotada será de
controlar a situação.

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82
Após avaliar o risco serão empregadas medidas para que esse risco não se
torne um incidente. Ou quando o risco já se tornou um incidente, serão necessárias
medidas para que haja um permanente controle, evitando novos incidentes e o
agravamento do quadro, onde serão adotadas medidas que tenham como finalidade
evitar novas vítimas e redução dos impactos no ambiente, evitando acima de tudo o
descontrole da situação.
É preciso observar que todas as medidas adotadas na PPRA têm suas
responsabilidades, tanto por parte da empresa como por parte do trabalhador:

Do empregador:
I. estabelecer, implementar e assegurar o cumprimento do PPRA como
atividade permanente da empresa ou instituição.
Dos trabalhadores:
I. colaborar e participar na implantação e execução do PPRA;
II. seguir as orientações recebidas nos treinamentos oferecidos dentro do
PPRA;
III. informar ao seu superior hierárquico direto ocorrências que, a seu
julgamento, possam implicar riscos à saúde dos trabalhadores.
(PORTALMTE.COM. Disponível em:
<http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE914E6012BEF1CA0393B2
7/nr_09_at.pdf>. Acesso em: 10 out. 2013).

Como visto, cabe ao empregador cumprir com a realização do PPRA junto


aos seus funcionários, cabendo aos funcionários auxiliar na realização e
cumprimento do PPRA, bem como o que deve ser feito para que o programa tenha
uma ação eficiente, descrevendo o que é imperceptível pelo empregador.
Um exemplo prático da falta de um PPRA foi o impacto do acidente nuclear
na usina de Chernobyl, na Ucrânia, no ano de 1986, onde devido a erros da equipe
técnica, ocorreu a explosão e o vazamento de algumas substâncias químicas e
radioativas, gerando danos de imensa proporção, tanto no ambiente quanto na
saúde das pessoas afetadas.

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83
FIGURA 28 - JORNAL INFORMANDO ACIDENTE NUCLEAR NA USINA DE
CHERNOBYL, NA UCRÂNIA, EM 1986

FONTE: Disponível em: <http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php?itemid=26591>.


Acesso em: 21 out. 2013.

4.2.2 Limite de tolerância e insalubridade

Segundo a NR 15, limite de tolerância é “a concentração ou intensidade


máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente,
que não causará dano à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral” (em:
<http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812DF396CA012E0017BB3208E8/NR15%
20(atualizada_2011).pdf>. Acesso em: 20 out. 2013).
Apesar dos cuidados necessários para que um determinado risco não se
torne uma ocorrência, ainda assim o trabalhador pode entrar em contato com
alguma substância perigosa e de risco à saúde e ao ambiente, desde que esta seja
necessária ao andamento do serviço. Isto caracteriza o limite de tolerância.
Nesse caso, devem-se considerar dois fatores: concentração ou intensidade
máxima ou mínima da substância e tempo de exposição ao agente. Certas
substâncias podem apresentar danos à saúde, desde que em concentrações que
possam gerar esse fato ou quando o trabalhador é submetido por longo tempo em
contanto com tal agente.

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84
Como exemplo, podemos citar o manganês, que é uma substância utilizada
na fabricação de ligas metálicas. O limite de tolerância para o manganês, com
exposição a sua poeira, é de até 5mg/m3 no ar, em uma jornada diária de até oito
horas. Acima desse limite a pessoa poderá apresentar algum comprometimento a
sua saúde.
Além dos demais agentes químicos, os limites de tolerância também são
utilizados para: ruídos contínuos ou intermitentes, ruídos de impacto, exposição ao
calor entre outros fatores que possam ocasionar algum dano à saúde ou ao
ambiente.
A insalubridade é um direito do trabalhador quando este se encontra em
uma atividade cuja ação esteja acima dos limites de tolerância. A insalubridade tem
sua definição e amparo conforme descrição presente na Consolidação das Leis
Trabalhistas (CLT):

Art. 189 - Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas


que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os
empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância
fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de
exposição aos seus efeitos.
(PLANALTO. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
lei/del5452.htm>. Acesso em: 20 out. 2013).

O artigo 192 da CLT ainda classifica a percepção de adicional, que tem


como base o salário mínimo, classificando o grau de insalubridade ao qual o
trabalhador está exposto, conforme a tabela a seguir. Vale ressaltar que, quando o
trabalhador não tem mais contato com o agente nocivo, a insalubridade deixa de ser
paga.

TABELA 2 - DEMONSTRAÇÃO DE GANHO PROPORCIONAL


POR GRAU DE INSALUBRIDADE
PERCEPÇÃO DE ADICIONAL GRAU DE
SOBRE O SALÁRIO MÍNIMO INSALUBRIDADE
40% Máximo
20% Médio
10% Mínimo
FONTE: Adaptado da CLT, artigo 192.

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85
4.3 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

A Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) tem como princípio fundamental


humanizar o local de trabalho, tendo como principal alvo dessa humanização, o
trabalhador. Para Taveira (2009), a QVT deve preocupar-se com as necessidades
físicas, sociais e espirituais do trabalhador, tanto no ambiente de trabalho quanto
nos momentos de folga.
Para aprofundarmos o tema QVT, necessitamos comentar alguns conceitos
e critérios, conforme explica Conte (2003, p. 33):

[...] conceito e critérios para a qualidade de vida no trabalho. Podemos


entendê-la como um programa que visa facilitar e satisfazer as
necessidades do trabalhador ao desenvolver suas atividades na
organização, tendo como ideia básica o fato de que as pessoas são mais
produtivas quanto mais estiverem satisfeitas e envolvidas com o próprio
trabalho.

Antes de tudo, o termo QVT é um tipo de programa criado visando satisfazer


as necessidades do trabalhadores dentro da empresa, tornando-o pessoa capaz de
aumentar a produtividade do trabalho, em decorrência de sua satisfação com o local
em que trabalha. Como é possível observar, a meta da QVT envolve tanto o
trabalhador como a corporação em que ele atua, ou seja, trabalhadores satisfeitos
tornam a empresa mais bem-sucedida.
Essa definição surge da necessidade de que o ambiente laboral é a segunda
casa do trabalhador, onde o mesmo compartilha momento de alegria e tristeza,
alimentação em grupo, sonhos e frustrações. Não raro, alguns trabalhadores
passam mais tempo no ambiente de trabalho do que com suas famílias ou em
momentos de lazer e descontração.
Há determinadas variáveis a serem analisadas na avaliação da QVT, onde
podemos destacar:

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86
1) Compensação adequada e justa (conceito relativo a salário x experiência
e responsabilidade, e à média de mercado);
2) Condições de segurança e saúde no trabalho (horários, condições
físicas, redução dos riscos);
3) Oportunidade imediata para a utilização e desenvolvimento da
capacidade humana (autonomia, informação, tarefas completas e
planejamento);
4) Oportunidade futura para crescimento contínuo e segurança (carreira,
estabilidade);
5) Integração social na organização de trabalho (ausência de preconceitos e
de estratificação, senso geral de franqueza interpessoal);
6) Constitucionalismo na organização de trabalho (normas que estabelecem
os direitos e deveres dos trabalhadores: direito a privacidade, ao diálogo
livre, tratamento justo em todos os assuntos);
7) O trabalho e o espaço total da vida (equilíbrio necessário entre o trabalho
e os outros níveis da vida do empregado como família e lazer).
8) Relevância social da vida no trabalho (valorização do próprio trabalho e
aumento da autoestima) (WALTON apud VALDISSER, 2010, p. 6).

Para que essas ações aconteçam de forma saudável, é preciso ter respeito
ao trabalhador. A QVT torna-se visível quando a empresa trata todos os
trabalhadores de maneira uniforme e semelhante, dando oportunidades de
crescimento na instituição, sem promover atos ilegais como assédio sexual, dito
anteriormente, ou outras formas de intimidação.
A QVT também abrange e respeita a vida social do trabalhador fora do
ambiente laboral, momentos com a família e de lazer, úteis para que o mesmo esteja
disposto a colaborar com a empresa após esses momentos, o que melhora sua
integração com a sociedade ao seu redor, sua aceitação, sua importância e a
valorização de si mesmo.

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87
FIGURA 29 - JOGOS DO TRABALHADOR INDUSTRIAL NA CIDADE DE MANAUS

FONTE: Disponível em: <http://www.fieam.org.br/>. Acesso em: 15 out. 2013.

Dentre exemplos de ações de segurança e a saúde no trabalho podemos


citar: programas de prevenção de acidentes (CIPA), presença de serviços de
ergonomia, Medicina do Trabalho, palestras informativas e preventivas, centros de
recreação e jogos, atividades desportivas etc.
Uma observação importante feita por Taveira (2009, p. 6) descreve os
possíveis impactos da QVT na produção da empresa:

A QVT pode estar ligada ou não à produção, pois uma empresa pode ter
uma alta produção e não ter QVT, não há uma relação de causa e efeito.
Contudo, se uma empresa não investir em QVT, fatalmente serão criadas
lacunas que vão interferir a médio ou em longo prazo na produtividade. Por
outro lado, se a empresa investir em QVT, não quer dizer também que a
empresa terá uma produtividade proporcional ao investimento. (TAVEIRA,
2009, p. 6).

Como podemos observar, não há relação entre QVT e maior produção no


trabalho. Entretanto a ausência de programas de qualidade de vida poderá interferir
de maneira negativa na produtividade da empresa, pois o trabalhador irá encontrar-
se sem estímulo para executar suas atribuições.
Porém, quando uma empresa investe em qualidade de vida, esta pode não
obter aumento de sua produtividade, mas significa que a mesma está preocupada,
antes de tudo, com a vida do seu colaborador, tendo a ação como um importante
impacto de social, cuja finalidade é de proporcionar bem-estar do homem.

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88
4.3.1 Qualidade de vida no trabalho e aposentadoria

Algumas empresas também podem oferecer programas de qualidade de


vida voltados para os funcionários que estão prestes a se aposentar, tendo em vista
esta fase ser considerada atípica para o trabalhador, apesar de muitos trabalhadores
que estão ativos quiserem chegar logo ao tempo da aposentadoria.
Para Netto e Netto (2008), esta fase é caracterizada por uma ruptura abrupta
entre a fase ativa de trabalho e sua ausência. Os autores ainda definem esta fase
como “um marco de alteração na dinâmica familiar e social do indivíduo, trazendo
como consequência a mudança dos hábitos de quem se aposenta e daqueles que
com ele convivem, sendo então uma etapa da vida que necessita de preparação”.
(NETTO; NETTO, 2008, p. 1).
Os Programas de Preparação para a Aposentadoria (PPA) têm como função
primordial realizar palestras e outros serviços por intermédio de profissionais de
diversas áreas do conhecimento, objetivando auxiliar o futuro aposentado a lidar
com as mudanças de vida quando estiver aposentado, evitando possíveis
sentimentos de infelicidade, inutilidade e isolamento social.

FIGURA 30 - MODELO DE ACOES EMPREGADAS NO PPA

FONTE: Disponível em: <www.senado.gov.br>. Acesso em: 20 out. 2013.

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89
Dentre os temas a serem abordados durante a realização de um PPA,
podem ser utilizados:

a) mudança na forma de estruturar o tempo;


b) mudança nos modos de relacionarem-se com familiares, colegas,
subordinados, superiores; vizinhos e outros;
c) as implicações legais, biológicas, psicológicas, sociais, familiares;
d) a importância e a forma de se buscarem alternativas de uso de suas
capacidades e talentos;
e) depoimentos de aposentados bem sucedidos;
f) outros assuntos afins. (SILVA et al, 2008, p. 4).

Essas ações devem ser feitas sempre no intuito de proporcionar ao cidadão


trabalhador uma visão diferente do que é a aposentadoria, contando ainda com
profissionais que auxiliem o futuro aposentado em questões jurídicas e
previdenciárias.

4.4 GESTÃO EM SAÚDE DO TRABALHADOR

Antes de iniciarmos este tópico, é de suma importância citarmos uma


importante frase descrita por Welch (2005, p. 101) a respeito da gestão de pessoas:

As empresas que gerenciam bem as pessoas contribuem para que isso


aconteça. Se tiver condições, desenvolverá programas de treinamento
interno, conduzidos por seus próprios executivos, que atuam não como
professores, mas também como modelos.

Para se ter uma boa gerência é necessário a realização de constantes


treinamentos aos seus subordinados, que refletem em palestras, cursos,
aprofundamentos, programas, ferramentas etc. É necessário, antes de tudo, que o
gestor seja o principal modelo a ser adotado pelo trabalhador.

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90
FIGURA 31 - O GESTOR DE SAÚDE DO TRABALHADOR DEVE SER MODELO
PARA O FUNCIONÁRIO

FONTE: Disponível em: <http://br.123rf.com>. Acesso em: 12 out. 2013.

Estas ações não são diferentes quando se aplica a gestão na saúde e na


segurança do trabalho, onde o foco principal é a QVT do trabalhador. Entretanto,
ficam perguntas: Quem pode ser o gestor responsável pela saúde do trabalhador?
Quais os conhecimentos que este profissional dever ter?
A NR 4, Norma Regulamentadora que descreve os Serviços Especializados
em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), descreve os
profissionais que devem fazer parte da Segurança do Trabalho:

Os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do


Trabalho deverão ser integrados por Médico do Trabalho, Engenheiro de
Segurança do Trabalho, Enfermeiro do Trabalho, Técnico de Segurança do
Trabalho e Auxiliar de Enfermagem do Trabalho. (DATAPREV. Disponível em:
<http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/05/mtb/4.htm#QUADRO_II>,
Acesso em: 5 out. 2013).

Como é possível observar, o profissional fisioterapeuta ainda não faz parte


da equipe de SESMT. Atualmente, o Senado está estudando uma matéria que tem
como objetivo incluir tal profissional na NR 4, tendo em vista as diversas ações
preventivas e curativas das doenças ocupacionais, além da presença de diversos
especialistas em fisioterapia do trabalho e ergonomia.
Entretanto, o gestor que trata da saúde do trabalhador precisa ser
conhecedor de todos os setores da empresa, os riscos para a saúde, atividades

AN02FREV001/REV 4.0

91
repetitivas desempenhadas, entre outros fatores que podem ocasionar alguns
distúrbios no bem-estar do trabalhador e no seu ambiente de trabalho.
Algumas perguntas devem ser respondidas pelo gestor, tais como: Em que
momento aplicar práticas de ergonomia? Há necessidade de executar programas de
Ginástica Laboral? Quais as doenças ocupacionais mais comuns presentes em cada
setor, fatores de risco ocupacionais? Todos esses fatores colaboram para a (QVT).
Para Costa (2007), reflexão e ação sistemática e continuada definem a
moderna gestão, onde se avalia, elabora e acompanha. Para o autor, a empresa que
emprega uma gestão estratégica avalia, dá estrutura, trabalha com metas e
desafios, além de adequar os planos de acordo com a realidade da empresa.
Muitas vezes, o gestor busca resolver um determinado problema presente
no trabalho por meio de altos custos financeiros, o que em muitas ocasiões não
surte efeito. É nesse momento que o gestor deve pesquisar a pessoa mais
importante do setor de produção, responsável pela execução da atividade: o
trabalhador.
O ponto principal para se ter uma boa gestão é ouvir, em primeiro lugar, o
trabalhador, pois é ele quem conhece o setor de maneira profunda, as
necessidades, os defeitos e qualidades de seu setor. Para que se tenha controle no
setor, o gestor pode utilizar indicadores estatísticos que servirão de análise para
verificar se há aumento ou redução de determinadas variáveis.
Dentre as variáveis que necessitam de mais acompanhamento podemos
citar as lesões por esforço repetitivo, sobrecarga de trabalho, mudança de layout,
etc. O gestor deve observar e cumprir as legislações, evitando possíveis processos
jurídicos, dentre os quais podemos citar as Normas Regulamentadoras e a CLT.

4.4.1 Ferramentas utilizadas na Gestão da Saúde do Trabalhador

Algumas especificações são úteis para melhor reconhecimento por parte dos
trabalhadores e das exigências do atual mercado competitivo, de uma empresa que
visa ampliar e ter reconhecimento em seus serviços de Gestão em Saúde do

AN02FREV001/REV 4.0

92
Trabalhador. Podemos citar a OHSAS 18001, a norma BS 8800 e a ferramenta 5S,
reconhecidas não somente no Brasil como também em nível internacional.

4.4.1.1 OHSAS 18001

Para Araújo (2002), a OHSAS 18001 (do inglês Occupational Health and
Safety Assessment Services) é uma especificação que visa subsidiar uma empresa
com relação ao Sistema de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho, contribuindo
satisfatoriamente no cumprimento das metas de Segurança e Saúde do Trabalho.
Esta especificação pode ser empregada em empresas que desejam:

- Estabelecer um Sistema de Gestão da SST para eliminar ou minimizar


riscos aos funcionários e outras partes interessadas que possam estar
expostas aos riscos de SST associados a suas atividades;
- Implementar, manter e melhorar continuamente um Sistema de Gestão da
SST;
- Assegurar-se da sua conformidade com sua política de SST definida;
- Demonstrar tal finalidade a terceiros;
- Buscar certificação/registro do seu Sistema de Gestão da SST por uma
organização externa; ou
- Realizar uma autoavaliação e emitir declaração de conformidades com
esta especificação. (ARAÚJO, 2002, p. 85)
A metodologia utilizada pela OHSAS 18001 versa as políticas de SST e as
ações que a empresa buscar ter para que esta ferramenta seja eficaz. Para isso a
empresa deverá elaborar uma constante fiscalização dos setores por meio de ações
que respondam às metas a serem alcançadas, o que é definido pela própria
empresa.

4.4.1.2 Norma BS 8800

A norma British Standard (BS) 8800 atua diretamente na gestão da Saúde e


Segurança do Trabalho, visando colaborar com a redução dos riscos para os
trabalhadores e sua integração junto à gerência geral. A BS 8800 busca as melhores

AN02FREV001/REV 4.0

93
formas de integrar a equipe de gestores e as noções de gestão administrativa,
sendo composta pelos seguintes itens:

(a) Objetivos, (b) Referências Informativas, (c) Definições, (d) Elementos do


Sistema de Gestão da Saúde e Segurança do Trabalho (SST) (Introdução;
Política de SST; Planejamento; Implementação e Operação; Verificação e
Ação Corretiva; Análise Crítica pela Administração); (E) Anexos. (MATTOS
et al, 2011, .p. 53).

Na BS 8800 ainda devem constar: Organização, Planejamento e


Implantação, Avaliação de Riscos e Mensuração do Desempenho.
A Organização visa responsabilidades e organização às pessoas, dispondo
uma administração eficaz da SST. A fase de Planejamento e Implantação enfatiza
os procedimentos que devem ser adotados para elaborar ações do Sistema de
Gestão da Saúde e Segurança do Trabalho (SST).
A Avaliação de Riscos elucida os métodos empregados para avaliar de
maneira eficiente os riscos de SST, bem como sua importância. A Mensuração do
Desempenho esclarece sobre a importância de se analisar o Desempenho da SST
entre outros assuntos relevantes.

4.4.1.3 Programa 5S

O Programa 5S também é muito utilizado em empresas que trabalham com


gestão organizacional. Segundo Costa (2007), este programa teve início no Japão,
no período pós-Segunda Guerra Mundial, tendo como ação básica melhorar a
limpeza das fábricas japonesas, colaborando de maneira simples na organização do
local de trabalho, o que realmente aconteceu, tornando as empresas japonesas
modelo internacional.
Essa ideia surge no Brasil no ano de 1990, quando empresas japonesas
propõem esta prática nas fábricas nacionais, visando adoção de atos que poderiam

AN02FREV001/REV 4.0

94
contribuir para a qualidade de vida dos trabalhadores, principalmente os que
trabalhavam no setor operacional.
Na época, havia uma grande expectativa em torno do programa, o que
contribuiu para sua difusão na maioria das fábricas residentes no Brasil. Costa
(2007, p. 357) descreve que o Programa 5S tem como objetivo “diminuir
desperdícios, reduzir custos, aumentar a produtividade, além de criar e manter um
ambiente de trabalho saudável”.
Entretanto, para melhor compreendermos como estes objetivos são
aplicados na empresa, é preciso apresentarmos o significado da letra “S” presente
no programa, observável na tabela a seguir.

TABELA 3 - SIGNIFICADO DOS “S” DO PROGRAMA 5S

JAPONÊS PORTUGUÊS

Seiri Senso de Utilização


Seiton Senso de Ordenação
Seiso Senso de Limpeza
Seiketsu Senso de Saúde
Shitshuke Senso de Autodisciplina
FONTE: Disponível em: <http://www.programa5s.com.br/>. Acesso em: 25 out. 2013.
O Senso de Utilização analisa a utilidade do material, separando o material
que não é utilizado e eliminando-o, evitando acúmulo inadequado no local. O Senso
de Ordenação organiza cada material em um local específico, evitando com que o
ambiente de trabalho fique desorganizado e que os materiais estejam dispersos em
outros locais, o que significaria perda de tempo e desorganização.

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95
FIGURA 32 - MODELO DE AMBIENTE DE TRABALHO SEM O PROGRAMA 5S

FONTE: Disponível em: <http://www.programa5s.com.br/galeria/5s-antes-e-depois>.


Acesso em: 18 out. 2013

O Senso de Limpeza trata não somente da higiene do local de trabalho


como também de todo o material que é utilizado para a execução da tarefa, sendo
responsabilidade de todos manterem ambientes e ferramentas limpas e em
condições de uso.
Com relação ao Senso de Saúde, os trabalhadores e gestores deverão
observar os fatores que podem agravar a saúde e evitá-los. Dessa forma, devem
deixar local limpo, equipamento limpo, condições de risco de acidente de trabalho,
vestuário higienizado etc.

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96
FIGURA 33 - MODELO DE AMBIENTE DE TRABALHO APÓS O PROGRAMA 5S

FONTE: Disponível em: <http://www.programa5s.com.br/galeria/5s-antes-e-depois>.


Acesso em: 18 out. 2013

Por último, temos o Senso de Autodisciplina, que tem como atribuição fazer
com que os outros sensos sejam aplicados como rotina no ambiente, com a
participação de todos, da chefia até ao funcionário do setor operacional. Além do
mais, neste último senso também podem ser utilizados treinamentos e cursos que
expliquem a importância de se manter a empresa no padrão 5S.
Como é possível observar, a elaboração de programas de saúde, segurança
e higiene do trabalho visam em primeiro plano, a saúde e a segurança do
trabalhador. Em segundo plano, esses programas servem de estímulo para que as
empresas sejam conhecidas no mercado de trabalho como exemplo de zelo e
competência, principalmente no que tange às doenças e aos acidentes de trabalho.
Esse fator faz com que o nome da empresa reflita seriedade, tornando-a
conhecida pela sua forma virtuosa de gerência, não somente com relação aos
produtos nos quais ela é responsável por produzir, como também na adequação do
local de acordo com normas conhecidas internacionalmente, tendo como principal
objeto o cidadão trabalhador.

FIM DO MÓDULO IV

AN02FREV001/REV 4.0

97
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBUQUERQUE, A.; SANTIGO, L. V.; FUMES, N. L. Educação física, desporto e


lazer: perspectivas luso-brasileiras. São Paulo: Edufal, 2008.

ANTONELLI, B. A. et al. Avaliação da carga de trabalho físico em trabalhadores


de uma fundição através da variação da frequência cardíaca e análise
ergonômica do trabalho. Revista Ação Ergonômica, v. 6, n. 2, 2011, p. 18.

ARAÚJO, N. M. C. Proposta de sistema de gestão da segurança e saúde no


trabalho, baseado na OHSAS 18001, para construtoras de edificações verticais.
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