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DISTÂNCIA
METODOLOGIA DO
ENSINO DE HISTÓRIA I
MARIANA LOPES SOARES
1
LEGENDA DE
Ícones
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão
do conteúdo aplicado ao longo da apostila, você irá encontrar
ícones ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para
determinado trecho do conteúdo, cada uma com uma função
específica, mostradas a seguir:
FIQUE ATENTO
FIXANDO O CONTEÚDO
GLOSSÁRIO
CITAÇÕES
2
UNIDADE 1
SUMÁRIO A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE HISTÓRIA E PRÁTICA DE ENSINO
1.1 Introdução......................................................................................................................................................................................................7
1.2 A Formação do Professor de História......................................................................................................................................8
1.3 Ser Professor de História: Uma reflexão sobre o ofício docente no Brasil no século XXI................11
1.4 Gestão da sala de aula.......................................................................................................................................................................13
UNIDADE 2
UMA REFLEXÃO SOBRE A REALIDADE EDUCACIONAL BRASILEIRA
2.1 Introdução...................................................................................................................................................................................................18
2.2. Os percursos para a democratização ao acesso à escola....................................................................................19
2.3. Os números da desigualdade e os indicadores de qualidade da educação.......................................21
2.4. Novos desafios e propostas na educação.......................................................................................................................23
2.4.1. O uso de tecnologias....................................................................................................................................................................23
2.4.2. Educação integral..........................................................................................................................................................................23
2.4.3. A educação inclusiva...................................................................................................................................................................24
2.4.4. O investimento formação de professores...................................................................................................................25
UNIDADE 3
O PAPEL DA HISTÓRIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA
3.1 Introdução..................................................................................................................................................................................................30
3.2. Os objetivos da história na educação básica................................................................................................................31
3.3. O papel do professor na construção da identidade e na formação cidadã........................................32
3.4. As práticas de cidadania no ambiente escolar............................................................................................................33
UNIDADE 4
OS CAMINHOS DA HISTÓRIA COMO DISCIPLINA ESCOLAR NO BRASIL
4.1. Introdução.................................................................................................................................................................................................39
4.2. O ensino de história no Período Colonial e no Império.......................................................................................40
4.3. O papel da história a partir da instituição da república......................................................................................40
4.4. Mudanças no ensino de história a partir dos anos 1990.....................................................................................41
UNIDADE 5
A RELAÇÃO ENTRE A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO HISTÓRICO E O SABER
HISTÓRICO ESCOLAR
5.1. Introdução.................................................................................................................................................................................................49
5.2 Entre a universidade e a sala de aula..................................................................................................................................49
5.3. A pesquisa didático-histórica....................................................................................................................................................50
5.4. A importância da ação mediadora do professor.......................................................................................................51
UNIDADE 6
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO ENSINO DE HISTÓRIA
6.1 Introdução..................................................................................................................................................................................................57
6.2. Os estudos sobre as metodologias de ensino de história..................................................................................57
6.3 O cotidiano em sala de aula........................................................................................................................................................57
6.4. O plano de aula....................................................................................................................................................................................58
6.5. A aula expositiva..................................................................................................................................................................................59
6.6. Trabalhando com fontes históricas......................................................................................................................................60
6.7. Repensando as práticas de avaliação.................................................................................................................................61
6.8. O uso de tecnologias em sala de aula...............................................................................................................................62
6.9. Metodologias ativas: A sala de aula invertida...............................................................................................................64
6.10. O trabalho com filmes nas aulas de história...............................................................................................................65
3
UNIDADE 1
CONFIRA NA APOSTILA
Reflexões sobre o processo de formação do professor de História no Brasil e sobre
ofício docente, tendo em vista as exigências do atual contexto do ensino brasileiro.
UNIDADE 2
Contextualização do atual cenário educacional brasileiro, apresentando os percursos
para a democratização do acesso à escola, os números da desigualdade e os
indicadores de qualidade da educação, bem como os novos desafios e propostas na
educação.
UNIDADE 3
Estudos sobre os objetivos da História na educação básica nos diferentes momentos
políticos da história do Brasil. Discussões sobre o papel do professor na construção
da identidade e na formação cidadã, bem como sobre o desenvolvimento de práticas
de cidadania no ambiente escolar.
UNIDADE 4
Os caminhos da organização da História como disciplina escolar no Brasil,
apresentando as características do ensino de História no período colonial e no
Império. O papel da História a partir da instituição da República e as mudanças no
ensino de História a partir dos anos 1990.
UNIDADE 5
Estudos sobre os objetivos da História na educação básica nos diferentes momentos
políticos da história do Brasil. Discussões sobre o papel do professor na construção
da identidade e na formação cidadã, bem como sobre o desenvolvimento de práticas
de cidadania no ambiente escolar.
UNIDADE 6
Os caminhos da organização da História como disciplina escolar no Brasil,
apresentando as características do ensino de História no período colonial e no
Império. O papel da História a partir da instituição da República e as mudanças no
ensino de História a partir dos anos 1990.
4
INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico(a),
5
UNIDADE 1
A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE
HISTÓRIA E A PRÁTICA DE ENSINO
6
1.1. INTRODUÇÃO
7
Os estudos e pesquisas sobre estabelecimento de novas diretrizes para
o ensino de História têm crescido o ensino e para a formação docente.
1.2. A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE HISTÓRIA
consideravelmente nos últimos anos, Além dessa expressiva mudança,
bem como as preocupações com a outras transformações foram ocorrendo
formação inicial dos docentes, visto que nos cursos de graduação em História.
a graduação é o ponto de partida para Estes, em grande parte, integravam
o desenvolvimento de conhecimentos as modalidades de bacharelado e
e ferramentas que o nortearão em seu licenciatura adotando um modelo
ingresso na profissão. Como ressalta de organização curricular cuja carga
GUIMARÃES (2013): horária das disciplinas voltadas para
o ensino era bem reduzida quando
Os cursos superiores de licenciatura são comparada às disciplinas de abordagens
espaços de formação profissional, de
aprendizagem da profissão, que devem historiográficas. Os estudos sobre didática
possibilitar a articulação das atividades de e o estágio supervisionado adquiriram
ensino, pesquisa, extensão e as práticas
pedagógicas. É na graduação que a um caráter de formação pedagógica e
aprendizagem profissional é sistematizada,
os saberes docentes (disciplinares,
complementação para o exercício da
pedagógicos e outros) são organizados docência. Ou seja, os cursos de graduação
como estruturantes da formação do
professor. (GUIMARÃES, 2013, p. 114). nesse modelo davam mais enfoque à
formação de pesquisadores do que a de
Assim, diante da importância da professores. Algumas determinações
licenciatura na formação profissional, do Conselho Nacional de Educação
questões relevantes devem consideradas promoveram a separação entre as duas
durante esse processo, como a modalidades e ampliaram a carga horária
abordagem teórica dos cursos superiores mínima dos cursos de licenciatura, de
que é extensa e, em grande parte, se modo a reestruturar a formação de
distancia da realidade do cotidiano professores, ofertando mais disciplinas
escolar, bem como as transformações no vinculadas às questões didáticas e de
cenário educacional brasileiro. práticas pedagógicas. Atualmente, a
A formação de professores maior parte dos cursos de graduação
de História passou por grandes em História no país corresponde às
transformações nas últimas décadas. licenciaturas, que prevalecem sobre os
No Brasil entre os anos 1960 e 1980, cursos de bacharelado ou sobre os que
grande parte desses profissionais se ainda integram as duas modalidades.
formou em cursos de licenciaturas
polivalentes em Estudos Sociais, que
habilitavam o docente para o ensino de O MODELO 3+1
História e Geografia, Organização Social FIQUE ATENTO
8
Todavia, como argumenta SOUZA GUIMARÃES (2013, p. 13) destaca que nos últimos
(2015, p. 86), a ampliação da carga horária anos houve um incremento da produção
nos cursos de licenciatura por si só não científica e das publicações sobre o ensino
garante a melhora da qualidade da e a aprendizagem de História, em virtude
formação profissional, se ainda existir a do crescimento do número do número de
concepção de uma didática geral, aplicável pesquisadores, dos intercâmbios internacionais
à formação de professores de todas as e da circulação de pesquisas e informações
áreas. Desse modo, o autor destaca a entre as instituições. Outra mudança nos
importância do desenvolvimento de cursos de licenciatura foi o desenvolvimento
conhecimentos específicos para o ensino de tecnologias de informação e comunicação
de História. Para ele, mesmo as disciplinas (TICs) e a ampliação dos cursos de formação
específicas dos cursos de graduação que de professores na modalidade educação à
priorizam as discussões historiográficas distância (EAD).
devem contemplar a preocupação com a Portanto, é importante considerar todos
função didática do conhecimento, sendo esses elementos ao se pensar a formação
importante também que os graduandos inicial do professor de História, discutindo os
identifiquem as carências de orientação elementos voltados para a prática de ensino,
dos estudantes e possibilidades de compreendendo as especificidades da
articulação do conhecimento à vida disciplina e aspectos relevantes ao cotidiano da
prática: profissão. Ademais, é importante ressaltar que
o processo de desenvolvimento profissional
Nesse sentido, o desafio é uma
formação de professores que não mais é constante, pois além da formação inicial, no
os prepare somente para transmitir curso de graduação, o docente dá continuidade
didaticamente conteúdos históricos
previamente selecionados, facilitando em seu desenvolvimento profissional através de
uma aprendizagem de informações cursos de pós-graduação, de aperfeiçoamento,
históricas dadas. Os novos profissionais
precisam compreender a natureza de participação em eventos, de palestras, de
eminentemente investigativa da
aprendizagem histórica, a relação entre troca de experiências, dentre outras práticas.
conhecimento histórico e vida prática, e Apesar de todas as transformações ocorridas nos
também os fundamentos epistemológicos
da produção do conhecimento histórico. últimos anos acerca dos cursos de licenciatura,
A partir disso, também é importante é notório que ainda hoje, em algumas regiões
que reconheçam o papel do professor na
investigação da realidade social na qual do Brasil, muitos professores não possuem
está inserido, e também na intervenção
sobre essa realidade, a partir do manejo formação compatível com as disciplinas que
do conhecimento histórico em aulas de lecionam e, em alguns casos, nem mesmo a
história. (SOUZA, 2015, p. 88).
formação no Ensino Superior, como ressalta
GUIMARÃES (2013):
SCANEIE O CÓDIGO
E ACESSE O LINK Nesse sentido, o desafio é uma formação
BUSQUE POR MAIS de professores que não mais os prepare
somente para transmitir didaticamente
conteúdos históricos previamente
CERRI, Luís Fernando. “A formação de selecionados, facilitando uma aprendizagem
professores de história no Brasil: antecedentes de informações históricas dadas. Os novos
e panorama atual”. História, histórias. Brasília, profissionais precisam compreender a
vol. 1, n. 2, 2013. Disponível em: natureza eminentemente investigativa da
https://periodicos.unb.br/index.php/hh/article/ aprendizagem histórica, a relação entre
download/10730/9425/ conhecimento histórico e vida prática, e
SOUZA, Éder Cristiano. “Formação de também os fundamentos epistemológicos da
professores em História: Desafios e perspectivas produção do conhecimento histórico. A partir
disso, também é importante que reconheçam
para a redefinição da relação teoria e prática”.
o papel do professor na investigação da
Revista Acadêmica Licencia&acturas. Ivoti, realidade social na qual está inserido, e
v. 3, n. 2, p. 85-92, julho/dezembro de 2015. também na intervenção sobre essa realidade,
Disponível em: < http://www.ieduc.org.br/ojs/ a partir do manejo do conhecimento histórico
index.php/licenciaeacturas/article/view/91> em aulas de história. (SOUZA, 2015, p. 88).
9
A formação dos professores implica
em uma atenção maior às pesquisas
educacionais, em todas as etapas de sua
carreira, e não somente nos cursos de
licenciatura. Também é importante que
os cursos de aperfeiçoamento estejam
em consonância com as necessidades do
docente em seu cotidiano para que sejam
realmente significativos e promovam o
desenvolvimento profissional, de modo
a não ser apenas informativo, mas que
possa ser incorporado à sua experiência.
10
Uma vez concluída a graduação, Além disso, tornou-se lugar comum
surgem várias preocupações dos dizer que a maioria dos professores
SOBRE O OFÍCIO DOCENTE NO BRASIL NO SÉCULO XXI egressos dos cursos de licenciatura: sentir enfrenta situações como salas de
segurança para administrar a classe, aula lotadas, carga horária excessiva, a
conduzir as aulas, garantir a aprendizagem ausência de participação da família na
1.3. SER PROFESSOR DE HISTÓRIA: UMA REFLEXÃO
dos alunos. Muitas são as cobranças que vida escolar do filho, problemas sociais
recaem sobre os professores, seja pela que afetam na vida dos estudantes,
família, pela escola, pela secretaria de enfim, circunstâncias para os quais o
educação ou pela sociedade em geral, profissional não foi preparado durante a
que consideram esses profissionais como sua formação.
os principais responsáveis pelo sucesso Por outro lado, a missão do
ou fracasso do aluno, desconsiderando professor – em particular o de História –
os demais fatores que podem interferir pode ser transformadora, contribuindo
no processo de aprendizagem: questões para a formação dos cidadãos;
sociais, cognitivas, familiares, de políticas possibilitando aos alunos ferramentas
públicas ou de gestão escolar. para compreender a realidade e
autonomia para intervir na sociedade;
se empenhando para que os alunos
compreendam e valorizem a diversidade
e propiciando aos alunos a compreensão
sobre as transformações e contradições
O PAPEL DO PROFESSOR
dos processos históricos, bem como suas
DE ACORDO COM A LDB mudanças e permanências.
FIQUE ATENTO
11
dos estudos sobre a prática de ensino,
sobretudo quando estão voltadas para a
disciplina que será lecionada.
Muitas vezes, a excessiva
carga horária do profissional, a baixa
remuneração e a qualidade dos cursos
de formação que não correspondem
com a necessidades do professor
contribuem para desestimulá-lo a buscar
aprimoramento. Assim como as aulas
precisam ser atrativas para os alunos,
os cursos de aprimoramento precisam
despertar o interesse dos docentes para
que de fato se alcance o desenvolvimento
profissional, o aprofundamento e a
atualização de conhecimentos, a troca de
experiências, a reavaliação das práticas
pedagógicas e o desenvolvimento
de competências importantes para a
docência (como estratégias de motivação
para os alunos, uso de tecnologias,
práticas para a educação inclusiva, para
a educação integral e para projetos
interdisciplinares).
12
A sala de aula é um dos principais aprendizagem dos alunos. Muitas são as
espaços de atuação do professor. É um cobranças que recaem sobre os professores,
1.4. A GESTÃO DA SALA DE AULA
local de convivência, de diversidade, seja pela família, pela escola, pela secretaria
de aprendizagem, de desenvolvimento de educação ou pela sociedade em geral,
humano, de participação, de sujeitos com que consideram esses profissionais como
histórias de vida. Assim, a gestão da sala os principais responsáveis pelo sucesso
de aula é uma tarefa que exige muitas ou fracasso do aluno, desconsiderando os
habilidades do professor, ao ter que demais fatores que podem interferir no
administrar a complexidade das questões processo de aprendizagem: questões sociais,
cognitivas, afetivas e sociais. Este processo cognitivas, familiares, de políticas públicas
envolve conhecimento, planejamento, ou de gestão escolar.
organização, acompanhamento,
administração do tempo e do espaço,
dentre vários outros fatores.
Muitas vezes durante a aula o
professor se depara com situações
BUSQUE POR MAIS
envolvendo os alunos que estão
GUIMARÃES, Selva. Didática e Prática de Ensino
relacionadas a questões familiares e
de História. 13ª Ed. Papirus, 2013. Disponível
sociais, que a adoção de determinadas
em: <https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/
posturas. Logo, antes mesmo de se
Publicacao/21438/pdf/63> Acesso em 10 novembro
iniciar uma abordagem de conteúdo
2019.
é importante que o docente planeje
a melhor forma de estabelecer um
MORAIS, Regis de. Sala de aula: que espaço é
contato inicial com os alunos, através de
esse?. Campinas, SP: Papirus, 2013.
práticas de acolhimento, de construção
coletiva de regras de convivência, de
SCHMIDT, Maria Auxiliadora. “A formação do
rodas de conversa sobre valores, enfim,
professor de História e o cotidiano da sala de
criar um ambiente propício para que os
aula”. In Circe Maria F. Bittencourt (Org.), O
objetivos de aprendizagem, de interação
saber histórico na sala de aula. 2ª ed. São Paulo,
e de formação para a cidadania sejam
Contexto, 1998. Disponível em: <https://plataforma.
alcançados.
bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/37252/pdf/0>.
Uma aula pode ser muito mais
Acesso em 20 outubro 2019.
significativa para os alunos quando os
alunos compartilham experiências e
aprendem a respeitar os pontos de vista,
por exemplo, do que uma explicação
aprofundada sobre determinado
conteúdo. Portanto, a rotina em sala de
aula envolve um processo de interação GLOSSÁRIO
13
FIXANDO O CONTEÚDO
14
Questão 02 - (IDHTEC – 2019) Prefeitura de Macaparana/PE
Estão corretas:
a) I e II
b) I, II, III
c) III, IV
d) II e IV
e) I, II, III, IV
15
IV. O professor deve aceitar-se como sujeito em constante “construção”, disposto a
rever sua prática pedagógica através da reflexão e análise crítica de suas atitudes e
ações.
16
UNIDADE 2
17
O objetivo geral desta unidade é promover
uma reflexão sobre as disparidades do
2.1. INTRODUÇÃO
sistema educacional brasileiro ao se
considerar os índices de qualidade do ensino
e o acesso a oportunidades. A educação foi
um privilégio da elite durante muito tempo
e, mesmo com a ampliação do número de
vagas, não foi assegurada a oferta de um
ensino de qualidade a toda a população. Nas
últimas décadas os indicadores que avaliam
a qualidade da educação no Brasil têm sido
utilizados para no monitorar os sistemas
educacionais e definir de ações voltadas
para as melhorias nas redes de ensino.
Assim, é importante que o graduando se
familiarize com os dados sobre o panorama
atual da educação brasileira, bem como suas
raízes históricas, identificando os desafios e
propostas para que os sistemas de ensino
possam atender às demandas da sociedade
atual.
18
O panorama da educação marcado pelo incentivo à privatização
brasileira no século XXI é marcado por do ensino e à profissionalização do nível
2.2. OS PERCURSOS PARA A DEMOCRATIZAÇÃO
disparidades regionais, no que diz respeito médio. Assim, as classes populares não
a investimentos em infraestrutura, foram atendidas amplamente por esse
oferta de oportunidades, indicadores de modelo.
qualidade, valorização dos professores. O processo de universalização do
O sistema educacional que vigorou por ensino foi impulsionado principalmente
muito tempo no Brasil possuía um caráter a partir da Constituição de 1988 e da
excludente, desfavorecendo a grande publicação da Lei de Diretrizes e Bases
massa popular e garantindo o acesso à n.9.394/96.
educação principalmente à elite.
Como destaca Célia Maria David
(2015), durante o período colonial a
AO ACESSO À ESCOLA
19
Em muitos casos, progressão dos
alunos de uma série para outra ocorre de
maneira artificial, sem que as habilidades e
competências necessárias ao avanço para outra
etapa de ensino tenham sido consolidadas.
Desse modo, observa-se que o acesso à escola
foi ampliado, mas isso não significa garantia de
aprendizagem e permanência escolar, como
ressalta Selva Guimarães (2012):
20
De acordo com o Anuário Brasileiro ensino superior, muitos alunos oriundos
INDICADORES DE QUALIDADE DA EDUCAÇÃO de Educação Básica (2019), baseado nos da rede pública não alcançam o nível de
dados de 2018, 68,1% dos adolescentes proficiência recomendado em leitura,
da Região Norte concluíram o Ensino escrita e operações matemáticas.
2.3. OS NÚMEROS DA DESIGUALDADE E OS
21
Um dos indicadores utilizados Um dos indicadores utilizados
para mensurar a qualidade da educação para mensurar a qualidade da educação
brasileira atualmente é o IDEB. O Índice brasileira atualmente é o IDEB. O Índice de
de Desenvolvimento na Educação Básica Desenvolvimento na Educação Básica foi
foi criado em 2007 pelo Instituto Nacional criado em 2007 pelo Instituto Nacional de
de Estudos e Pesquisas Educacionais Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Anísio Teixeira (Inep), uma autarquia Teixeira (Inep), uma autarquia do Ministério
do Ministério da Educação (MEC), com da Educação (MEC), com o objetivo de
o objetivo de medir a qualidade do medir a qualidade do aprendizado nas
aprendizado nas escolas brasileiras escolas brasileiras e estabelecer metas para
e estabelecer metas para a melhoria a melhoria do ensino. Para calcular o IDEB
do ensino. Para calcular o IDEB são são utilizados instrumentos como a taxa de
utilizados instrumentos como a taxa aprovação, reprovação e evasão da escola,
de aprovação, reprovação e evasão da questionários socioeconômicos e o resultado
escola, questionários socioeconômicos dos alunos nas provas periodicamente
e o resultado dos alunos nas provas aplicadas pelo Inep, como as do Sistema de
periodicamente aplicadas pelo Inep, como Avaliação da Educação Básica (Saeb), que
as do Sistema de Avaliação da Educação avalia o desempenho dos alunos em Língua
Básica (Saeb), que avalia o desempenho Portuguesa e Matemática. A população em
dos alunos em Língua Portuguesa e geral pode ter acesso a esses dados, através
Matemática. A população em geral pode de um sistema online de consultas, onde
ter acesso a esses dados, através de um deverá ser informado o Estado, o município
sistema online de consultas, onde deverá e o nome da escola a ser pesquisada. Assim,
ser informado o Estado, o município e o o usuário pode se informar sobre todas
nome da escola a ser pesquisada. Assim, as notas obtidas pela escola e também
o usuário pode se informar sobre todas compará-las com outras unidades.
as notas obtidas pela escola e também
compará-las com outras unidades.
SCANEIE O CÓDIGO
E ACESSE O LINK
CHIRINEA, Andréia Melanda and BRANDAO, Carlos da Fonseca. O IDEB como política de regulação do
Estado e legitimação da qualidade: em busca de significados. Ensaio: aval.pol.públ.Educ. [online]. 2015,
vol.23, n.87, pp.461-484. ISSN 0104-4036. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
40362015000200461&lng=en&nrm=iso&tlng=pt
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.html)
22
continua tradicional. É necessário repensar o
2.4. NOVOS DESAFIOS E
modelo de educação e as práticas pedagógicas
PROPOSTAS NA EDUCAÇÃO para que as aulas sejam atrativas e os objetivos
de aprendizagem sejam alcançados.
Além do enfrentamento de questões com
raízes históricas, como o acesso e permanência
no ensino, a qualidade da aprendizagem e a 2.4.2. Educação integral
desigualdade de oportunidades, a educação
brasileira no século XXI se depara com novos Nos últimos anos tem se enfatizado cada
desafios a serem superados, como o uso de vez mais a necessidade de expansão da oferta do
tecnologias, a ampliação da educação integral ensino integral no Brasil. Por um lado, isso é um
e da educação inclusiva, além da necessidade dado positivo, visto que possibilita o aumento
de se repensar e investir na formação docente, do rendimento escolar, o aprofundamento de
de modo a atender às demandas da sociedade conhecimentos, o acesso a várias atividades
atual. artísticas e esportivas e o desenvolvimento de
novas habilidades.
No entanto, é importante ressaltar que a
2.4.1 O uso de tecnologias Educação Integral não é mesmo que educação
em tempo integral, ou seja, não se trata
Em muitas escolas públicas no Brasil simplesmente da ampliação da carga horária
atualmente o uso da tecnologia já é uma do aluno, mas sim oportunizar a formação do
realidade. O uso do celular, do data show, aluno em diversos aspectos: intelectual, social,
dos computadores, de softwares, aplicativos cultural, físico, dentre outros. Implica em
e de plataformas educacionais tem crescido fornecer meios para que o aluno compreenda
consideravelmente nas instituições de a realidade em que vive e a sua capacidade de
ensino. No entanto, como em vários aspectos transformação.
mencionados neste capítulo, o acesso a Apesar de encontrar amparo na Lei
recursos tecnológicos é bem assimétrico. As de Diretrizes e Bases de 1996, a expansão da
novas possibilidades e propostas na educação Educação Integral no Brasil enfrenta vários
com o uso de tecnologias se deparam, obstáculos, como a falta de projeto pedagógico
em muitos locais, com as limitações nas específico, a falta de estrutura e de investimento
estruturas das escolas, como o baixo número adequado, a insuficiente formação didática dos
de equipamentos, a insuficiência de internet monitores e profissionais envolvidos e a falta de
para atender às necessidades da escola e a parceria com outras instituições que possam
falta de metodologias adequadas para integrar oferecer novos espaços e possibilidades.
os recursos tecnológicos com criatividade e
enriquecer as aulas de maneira significativa.
Além da imprescindibilidade de se
ofertar a tecnologia com qualidade de maneira
equitativa em todas as regiões e redes de
ensino, é importante se repensar a formação
dos professores para trabalhar com uma
geração que já nasceu familiarizada com a
internet e aparelhos eletrônicos, de modo a
conseguir bons resultados de aprendizagem.
Afinal, uma escola bem equipada não significa,
necessariamente, a garantia de que o aluno irá
adquirir conhecimento, se a forma de ensinar
23
No processo de educação integral, além em todos os níveis, além de possibilitar
da gestão do tempo, é necessário um projeto formação de professores e profissionais da área,
pedagógico que contemple o desenvolvimento a participação da família e da comunidade, e
global do aluno, com objetivos definidos para a acessibilidade mobilidade e equipamentos,
cada atividade, que promova uma integração nos transportes, na comunicação e informação.
do aluno com a realidade em que está inserido A oferta desse atendimento deve ocorrer
e que contribua também para sua formação preferencialmente na rede regular de ensino,
como cidadão. Ou seja, não se trata apenas mas também pode ser realizado por meio de
de estender a jornada escolar do aluno com convênios com instituições especializadas, o
atividades extras, mas incluir no planejamento que não descaracteriza a concepção de um
os objetivos que sejam relevantes para a sistema educacional inclusivo.
formação plural desse estudante. Também é Ainda há muito que se avançar nesse
fundamental repensar a prática dos professores sentido, como um atendimento eficiente que
e elaborar projetos que incentivem promovam contemple instrumentos que são fundamentais
a articulação entre a escola e a sociedade. para o processo de aprendizagem, como ensino
de libras, de braile, confecção e uso de materiais
diferenciados; condições de mobilidade como
2.4.3. A educação inclusiva rampas, elevadores, piso guia para cegos;
a disponibilidade de recursos e materiais
diferenciados; o atendimento de uma equipe
Outro desafio para o sistema educacional
de profissionais especializados, dentre outros.
brasileiro na atualidade diz respeito à ampliação
Além disso, é imprescindível que se
da educação inclusiva, a fim de possibilitar o
estabeleça uma parceria entre os profissionais
acesso e a permanência de todas as pessoas na
da saúde, os docentes, as famílias, os demais
escola e que seja garantida uma escolarização
alunos e toda a comunidade escolar para que
com qualidade, acessibilidade e mobilidade
o processo de inclusão obtenha êxito. Esse
para todos os estudantes, preferencialmente
processo possibilita o desenvolvimento não
no ensino regular.
só dos alunos com necessidades especiais,
No Brasil, a pauta da educação inclusiva
mas também contribui para que os demais
tem ganhado espaço nos últimos anos,
estudantes ampliem a visão de mundo,
principalmente a partir da Constituição de 1988,
fortaleçam a convivência e a valorizem a
que enfatizou a ideia de educação para todos,
diversidade.
ampliando as discussões sobre as práticas
inclusivas no ambiente escolar. Em outras
partes do mundo o movimento em prol da
educação inclusiva também se intensificou, a
partir de encontros, conferências e documentos
direcionados ao assunto.
A partir da elaboração das diretrizes
da Política Nacional de Educação Especial
na perspectiva da Educação Inclusiva foram
sistematizados os objetivos e as funções do
Atendimento Educacional Especializado
(AEE) cuja atribuição é possibilitar o acesso, a
participação e a aprendizagem dos alunos com
algum tipo de necessidade educacional especial
nas escolas regulares e orientar os sistemas de
ensino a fim de garantir a educação especial
24
2.4.4. O investimento na
formação de professores
GLOSSÁRIO
Para que os desafios da educação básica INEP: Instituto Nacional de Educação Básica (IDEB) é
no século XXI, mencionados acima uso de um indicador criado em 2007, que reúne os resultados
tecnologias, ampliação da educação integral e do fluxo escolar e das médias de desempenho nas
da educação inclusiva –sejam enfrentados com avaliações, a fim de estabelecer um parâmetro para a
êxito, é imprescindível investir na formação qualidade da educação brasileira.
docente e repensar o papel do professor. Muitas
vezes, a excessiva carga horária do profissional, MEC: O Ministério da Educação é um órgão do
a baixa remuneração e a qualidade dos cursos governo federal criado em 1930, sendo responsável
de formação que não correspondem com a pelos assuntos relacionados à educação e cultura em
necessidades do professor contribuem para todo território nacional. É o órgão superior de todas
desestimulá-lo a buscar aprimoramento. as secretarias de educação estaduais e municipais do
Assim como as aulas precisam ser atrativas Brasil.
para os alunos, os cursos de aprimoramento
precisam despertar o interesse dos docentes Educação integral: concepção que compreende que
para que de fato se alcance o desenvolvimento a educação deve garantir o desenvolvimento dos
profissional, o aprofundamento e a atualização sujeitos em todas as suas dimensões – intelectual,
de conhecimentos, a troca de experiências, física, emocional, social e cultural.
a reavaliação das práticas pedagógicas e o
desenvolvimento de competências importantes Educação inclusiva: concepção de ensino que tem
para a docência (como estratégias de motivação como objetivo garantir o direito de todos à educação.
para os alunos, uso de tecnologias, práticas para Compreende a Educação Especial dentro da escola
a educação inclusiva, para a educação integral regular e transforma a escola em um espaço para
e para projetos interdisciplinares). todos. Pressupõe a igualdade de oportunidades e a
valorização das diferenças humanas, contemplando,
assim, as diversidades étnicas, sociais, culturais,
intelectuais, físicas, sensoriais e de gênero dos seres
humanos. Implica a transformação da cultura, das
práticas e das políticas vigentes na escola e nos
VAMOS PENSAR? sistemas de ensino, de modo a garantir o acesso, a
participação e a aprendizagem de todos, sem exceção.
Além do que foi discutido nessa unidade, que outras
questões atuais podem ser apontadas como desafios
para a educação brasileira no século XXI? Quais seriam
os possíveis caminhos para superar esses obstáculos?
25
FIXANDO O CONTEÚDO
“Seres humanos são diversos em suas experiências culturais, são únicos em suas
personalidades e são também diversos em suas formas de perceber o mundo. Seres
humanos apresentam, ainda, diversidade biológica. Algumas dessas diversidades
provocam impedimentos de natureza distinta no processo de desenvolvimento das
pessoas (...) Como toda forma de diversidade é hoje recebida na escola, há a demanda
óbvia por um currículo que atenda a essa universalidade” (LIMA, 2006, p. 17).
Um currículo que busca atender a diversidade presente nas salas de aula precisa prever
minimamente:
26
Questão 03 – (UFJF 2016) Concurso do Colégio de aplicação João XXIII
Ampliar o período que a criança passa na escola não garante o aumento das oportuni-
dades de aprendizado nem a melhoria da qualidade do ensino. Para um resultado po-
sitivo, as novas atividades precisam ter conexão com o projeto pedagógico da escola e
devem ser oferecidas por profissionais afinados com os objetivos da instituição. O Brasil
possui experiências variadas nessa área e até mesmo por isso o assunto tem gerado
muita discussão nas esferas governamentais e entre pesquisadores.
27
Questão 05 – (Copese UFJF 2016) Colégio de Aplicação João XXIII
28
UNIDADE 3
29
A terceira unidade da disciplina tem
como objetivo discutir o papel da História
3.1. INTRODUÇÃO
30
A reflexão sobre o papel da História na possibilitou abordagens mais próximas da
educação básica é de grande importância realidade dos alunos e reflexões acerca do
3.2. OS OBJETIVOS DA HISTÓRIA
31
3.3. O PAPEL DO PROFESSOR NA CONSTRUÇÃO O estudo de outras sociedades, momentos se sentirá qualificado e inclinado a exercer.
O verdadeiro potencial transformador da
históricos, culturas e valores pode ser História é a oportunidade que ela oferece
explorado pelo professor como uma de praticar a “inclusão histórica”. (PINSKY &
PINSKY, 2003, p. 28).
DA IDENTIDADE E NA FORMAÇÃO CIDADÃ
32
O trabalho do professor de História (BRASIL. Lei nº 9.394, de 20/12/96, art.14).
no processo de construção da cidadania
3.4. AS PRÁTICAS DE CIDADANIA NO
33
As experiências de participação coletiva
na escola podem contribuir para a criação de
ações de combate à intolerância e a corrupção,
de inclusão, de valorização do patrimônio,
dentre outras questões fazem parte do universo
desse aluno. Ou seja, a socialização e as práticas
de cidadania dentro da escola podem conduzir
os alunos a desenvolverem a autonomia, o senso
de responsabilidade, a luta por seus direitos e o
exercício de seus deveres.
VAMOS PENSAR?
GLOSSÁRIO
34
FIXANDO O CONTEÚDO
35
Questão 02 - (UECE) - 2018 - (SEDUC/CE) - Adaptada
No que diz respeito aos fins educativos da História, não basta apenas que se saiba sobre
os fatos ocorridos no passado; é necessário situá-los em seu contexto, perceber que,
no estudo do passado, há diferenciados pontos de vista, alguns até discordantes entre
si; além disso, é preciso que se estabeleça a reflexão de que há múltiplas maneiras de
obter e avaliar as informações sobre o pretérito.
Assim sendo, é correto dizer que os objetivos didáticos do ensino de História são os
seguintes:
a) Desconstruir completamente o passado e reconstruí-lo com base no presente.
b) Analisar, estabelecer relações, compreender e transmitir o passado.
c) Verificar o passado e o presente com vistas a projetar um futuro próximo.
d) Proporcionar uma cultura humanista que concebe o passado encerrado em si.
e) Memorizar as datas cívicas, os grandes heróis da nação e os acontecimentos
políticos.
a) Ainda hoje o único papel que lhe cabe, que é o da formação do cidadão para
a vida em sociedade, ensinando quais são os modelos de cidadãos no país e sua
responsabilidade no cumprimento de direitos e deveres.
b) Associa-se à construção do nacionalismo e do civismo se firmando em temas
específicos ou datas específicas tais como o folclore, o africanismo ou as datas históricas
comemorativas como a independência do Brasil.
c) Deu uma guinada nos métodos de trabalhar a cidadania com a mudança
paradigmática que veio com a Nova História já que passou a abordar os fatos históricos
pela dimensão da micro história e suas versões.
d) Sob a ótica tradicional, excluía os atores sociais dos grandes acontecimentos
históricos. Na atualidade, se volta para a inclusão dos múltiplos setores da sociedade
na construção do conhecimento histórico.
e) Tem relação com a dimensão cidadã que entra na discussão/problema com o fim
da escravidão em que era preciso entender e criar formas de inserir o ex-escravo e de
ensiná-lo os modos de convívio social.
36
Questão 04 - (FCC) SEE-MG
37
UNIDADE 4
38
A quarta unidade tem como
objetivo a compreensão do processo
4.1. INTRODUÇÃO
39
processo de constituição do Estado nacional
4.2. O ENSINO DE HISTÓRIA NO brasileiro por representantes da elite que
PERÍODO COLONIAL E NO IMPÉRIO ocupavam cargos no governo após a
independência. As políticas educacionais
estruturadas para um sistema de ensino no Brasil
A quarta unidade tem como objetivo Império eram determinadas por uma oligarquia
a compreensão do processo de organização constituída por pessoas que mantinham laços de
da História como disciplina escolar no Brasil, família com portugueses ou que havia estudado
analisando as transformações no ensino e nas em Portugal. Desse modo, os projetos para a
políticas educacionais desde o período colonial Educação com métodos e objetivos definidos que
até os dias atuais. Espera-se que o graduando foram apresentados possuíam uma visão elitista
estabeleça relações entre a historiografia e o e europeia, baseado nas vivências e trajetórias
processo de sistematização da disciplina, bem educacionais dessa elite (BITTENCOURT, 2018, p.
como os interesses envolvidos nos projetos 131). A História ensinada nesse período possuía
governamentais ao estabelecer diretrizes para grande influência francesa; era cronológica e
os currículos e os debates de educadores para a comprometida com uma formação moral.
reorganização do ensino de História, sobretudo
a partir da década de 1990, com a promulgação
da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação
4.3. O PAPEL DA HISTÓRIA A PARTIR DA
Nacional (lei n. 9.394/96) e da criação dos
INSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s).
Durante o governo do Marquês de
Pombal, no século XVIII, surgiu a necessidade No final do século XIX e no início do século
de uma reforma educacional voltada para XX houve uma preocupação em estabelecer o
a formação dos quadros administrativos da conhecimento histórico como científico, por
burocracia estatal, o que provocou um conflito influência da História Positivista, o que ocorreu
com os interesses da Companhia de Jesus, que em um período em que o Brasil saía do regime
até então controlava o sistema educacional do monárquico e entrava no regime republicano.
império português. Assim, os jesuítas foram A partir da proclamação da República o ensino
expulsos de todo o império em 1759 e o ensino de História da Pátria concentrou seus esforços
voltou-se para uma formação técnica e científica em consolidar uma identidade nacional, com
que pudesse contribuir para o crescimento ênfase em na trajetória de grandes homens,
econômico, indicando que o projeto de Pombal os “heróis da pátria”, além do destaque para as
estava voltado para as elites (FONSECA, 2011, p. datas cívicas. Priorizou-se o ensino da história
40). política, que evidenciava a nação. A História
Foi no século XIX, na França, que a História era ensinada sob a ótica do Estado e das elites,
foi sistematizada e transformada em disciplina que justificava o predomínio de uma política
escolar, no contexto de constituição das nações oligárquica sobre uma população composta por
modernas e de laicização da sociedade. No Brasil, ex-escravos, indígenas e mestiços desprovidos
a disciplina História também se desenvolveu no de bens e propriedades. (BITTENCOURT, 2018,
século XIX, após a independência, e do mesmo p. 137). A maioria dos historiadores brasileiros
modo se voltou para a constituição da nação. A incorporou as concepções históricas concebidas
princípio, o ensino de História no Brasil priorizou pelos europeus, o que gerou também uma
a história europeia, sendo história brasileira influência eurocêntrica no ensino de História
tratada como um apêndice da história da do Brasil. Procurou-se construir uma ideia de
Europa. nação formada a partir dos europeus, com a
A organização do ensino de História contribuição de africanos e indígenas. A História
ocorreu a partir de projetos elaborados no ensinada era linear, factual e cronológica e
40
baseada na noção de documentos oficiais como do saber, diluindo-a nos Estudos Sociais,
junto a conceitos genéricos de Geografia,
fonte para provar a verdade dos fatos. Política, Sociologia, Filosofia, etc. Este seria
Durante a Era Vargas, sobretudo o caminho para a formação do “cidadão”,
do homem ideal, que melhor serviria aos
no Estado Novo, houve um esforço na interesses do Estado. (FONSECA, 2011, p.
58).
centralização do ensino, unificando conteúdos
e metodologias.
Os Estados e as escolas perderam a Com o processo de redemocratização
autonomia de elaborarem seus currículos tornou-se evidente a necessidade de mudanças
e a História tornou-se um instrumento de no ensino de História. Discutiram-se novas
educação política. Em 1942, com a Reforma propostas e projetos, que pensavam a realidade
Gustavo Capanema, a História do Brasil foi brasileira e incorporavam as novas produções
restabelecida como disciplina autônoma, tendo acadêmicas voltadas para o ensino e que
como objetivo principal a formação moral e dialogavam com as experiências científicas e
patriótica, voltada para a compreensão de didáticas, de modo a romper com uma visão
grandes acontecimentos, da noção de direitos linear e cronológica, baseada em grandes
e deveres e para o fortalecimento do civismo. acontecimentos e heróis, para apresentar
(FONSECA, 2011, p. 54). O currículo praticamente uma abordagem mais dinâmica e reflexiva,
não abrangia a História da América e da África. transformando a prática pedagógica e
A história da América passou a ser introduzida integrando alunos e professores.
no currículo na década de 1950, entretanto, sem
articulação com o estudo da História do Brasil
4.4. MUDANÇAS NO ENSINO DE
ou da Europa (NADAI, 1992, p. 151).
HISTÓRIA A PARTIR DOS ANOS 1990
Na década de 1950, por influência
da Escola Nova, parte da historiografia já
criticava as práticas pedagógicas da disciplina, A partir da década de 1990, o ensino de
como a priorização da História Política, a História passou por várias mudanças, como o
abordagem cronológica, a passividade do rompimento de ideia de uma história universal
aluno, a metodologia de ensino que se baseava e a ênfase no estudo de história temática,
na memorização dos fatos. Defendia-se a que apresenta uma abordagem a partir do
necessidade de reformulação do ensino da cotidiano sem uma hierarquia entre os temas;
disciplina, de modo a estimular os alunos a ênfase na História Social; a busca de maior
a investigarem, analisarem e pensarem relação entre a produção acadêmica e o saber
criticamente. Apesar disso, o ensino de História escolar; o uso de fontes variadas, buscando
no Brasil manteve grande parte de suas dialogar e debater a ideia de uma história oficial
concepções e práticas tradicionais. e da memória social; a compreensão de que os
Com a instalação do regime militar, em alunos e os professores são sujeitos da História.
1964, os órgãos públicos trataram de adequar o Portanto, o ensino da disciplina passou a ter um
ensino à nova situação política do país. O ensino caráter reflexivo, valorizando questões como a
de História passou a ser controlado, de modo identidade, a cidadania e a cultura (NADAI, 1992,
a eliminar o seu caráter contestador. Neste p. 159).
período foi instituída a obrigatoriedade das Também nos anos 1990 a política escolar
disciplinas de Estudos Sociais e de Educação passou por várias transformações, como a
Moral e Cívica. Como ressalta Thaís Nívia de substituição da disciplina Estudos Sociais por
Lima e Fonseca (2011): História e Geografia nos anos iniciais e finais do
ensino fundamental; a extinção das disciplinas
A preocupação desse ensino era fazer com Educação Moral e Cívica, Organização Social
que o aluno localizasse e interpretasse fatos
sociais, não de maneira analítica e reflexiva, e política do Brasil e Estudos dos Problemas
mas deformando a História como campo Brasileiros;
41
Brasileiros; a progressiva extinção da mantém características eurocêntricas
formação de professores de História a partir (BITTENCOURT, 2018, p. 142).
de licenciatura curta em Estudos Sociais; a Outro passo importante nesse sentido foi
promulgação da Nova Lei de Diretrizes e Bases a publicação da Resolução nº 1, de 17 de junho
da Educação Nacional (LDBEN) – lei n. 9.394/96 de 2001, que instituiu as Diretrizes Curriculares
– que possibilitou a implementação de novas Nacionais para a Educação das Relações
políticas públicas; a elaboração dos Parâmetros Étnico-Raciais e para o Ensino de História e
Curriculares Nacionais (PCN’s) e a instituição e Cultura Afro-Brasileira e Africana, em meio aos
o aperfeiçoamento do Programa Nacional do esforços para que se promova a valorização
Livro Didático (PNLD), que passou a avaliar os da identidade e da cultura dos afro-brasileiros
livros didáticos no âmbito do MEC (GUIMARÃES, e dos africanos e para a construção de uma
2013, p. 12). sociedade mais democrática e de relações
étnico-raciais positivas.
42
em pratica. BITTENCOURT (2018, p. 147), todavia,
ressalta a importância de que os professores
mantenham sua autonomia na organização de VAMOS PENSAR?
suas aulas, bem como a necessidade de fazer
Com base nas discussões apresentadas na
suas adaptações metodológicas, de criar e
unidade, na sua trajetória enquanto estudante e
possibilitar opções de materiais didáticos diante em suas observações sobre o ensino de História na
de uma realidade educacional caracterizada atualidade, reflita:
por uma enorme diferenciação cultural e
• ainda existem práticas do ensino tradicional que
socioeconômica.
são adotadas na atualidade?
SCANEIE O CÓDIGO
E ACESSE O LINK GLOSSÁRI O
BUSQUE POR MAIS
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Educação Escola Nova: é considerada a terceira geração da
Infantil e Ensino Fundamental. Brasília: MEC/ Escola dos Annales, da qual mantém algumas
Secretaria de Educação Básica, 2017. Disponível em: características, mas que também abriu espaço para
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/ novas abordagens, como a micro-história, a história
BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf do cotidiano e a história regional, além de ampliar a
diversidade de métodos, conceitos e temas.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Ensino
Médio. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Básica, Gustavo Capanema: ministro da educação entre 1934
2018. Disponível em: e 1945, durante a Era Vargas.
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/
historico/BNCC_EnsinoMedio_embaixa_site_110518. História Positivista: corrente historiográfica que
pdf no final do século XIX buscou atribuir a História à
condição de ciência. Dentre os princípios da História
FONSECA, Thaís Nívia de Lima e. História & ensino Positivista destacam-se: a ideia de objetividade
de História. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2011. da História, bem como a de imparcialidade do
Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br/ historiador, que apenas narra a verdade dos fatos;
Leitor/Publicacao/36588/pdf a concepção de tempo como linear e progressivo;
a priorização da história política, sobretudo da
NADAI, Elza. O ensino de História no Brasil: Europa; a valorização de documentos oficiais.
trajetória e perspectiva, Revista Brasileira de Circe Fernandes. Reflexões sobre o ensino de
História, São Paulo, vol. 13, n. 25/26, set. 1992/ ago. História. Estud. av.,São Paulo , v. 32, n. 93, p. 127-
1993, p.143-146 Disponível em <https://www.anpuh. 149, Agosto de 2018. Disponível em <http://www.
org/arquivo/download?ID_ARQUIVO=30596> scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
40142018000200127&lng=en&nrm=iso>.
43
FIXANDO O CONTEÚDO
a) I apenas.
b) I e II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
44
Questão 02 - CONSULPLAN (2013) Concurso da Prefeitura de Venda Nova do Imigrante
– ES (Adaptada)
O ensino da história está presente nas escolas brasileiras desde o século XIX. Naquela
época, tinha entre seus principais objetivos, estudar a formação da nação e desenvolver
uma identidade nacional. Isto se dava, dentre outras formas, através da valorização
dos heróis e acontecimentos considerados marcos da história do país. À medida que o
tempo foi passando, outros objetivos foram preconizados pelo estudo da história. Após
a década de 1930, por exemplo:
45
Questão 03 - ENADE 2014
O mito das três raças foi uma construção fortemente enraizada na produção de material
didático no Brasil e compõe uma das representações mais divulgadas da chamada
identidade brasileira. Ou seja, a uma cultura brasileira mestiça costuma-se fazer
corresponder uma identidade brasileira igualmente mestiça, coesa e homogênea. Os
textos dos PCNs e das Diretrizes, ao defenderem a ideia de pluralidade cultural, entendida
também como diversidade cultural, criticam exatamente o papel homogeneizador
dessa formulação.
MATTOS, H. et al. Personagens negros e livros didáticos. In: ROCHA, H. et al. A História
na escola. Rio de Janeiro: FGV, 2009, p. 309.
46
Questão 04 - Da análise feita sobre as atuais propostas, quando comparadas às
anteriores, pode-se perceber que apresentam críticas quanto aos conteúdos de História
voltados ou para a ideia de uma História nacional subordinada à ótica europeia ou para
uma História centrada nos modos de produção (...).
BITTENCOURT, Circe. O saber histórico na sala de aula. 2ª edição. São Paulo: Contexto,
1998, p. 23.
47
UNIDADE 5
48
aos estudos pedagógicos, didáticos e ao estágio
5.1. INTRODUÇÃO supervisionado.
Conforme abordado na unidade anterior,
O objetivo desta unidade é a discussão as mudanças no ensino de História nos anos
sobre os vínculos entre a produção de 1980 e 1990 apontavam para a necessidade de
conhecimento histórico, no ambiente um diálogo cada vez maior entre a produção
acadêmico, e o saber histórico escolar. Embora acadêmica e as experiências didáticas.
a ideia de necessidade de articulação entre Neste período, ampliaram-se os estudos e as
os dois ambientes pareça irrefutável, ainda há publicações sobre o papel da História como
muito que se avançar nesse sentido. Assim, é disciplina escolar e a prática do profissional
importante que o graduando compreenda que desta área, bem como a produção de diretrizes
o saber histórico escolar não é uma simplificação curriculares, livros didáticos, programas de
da produção acadêmica, visto que a sala de formação dos professores. As novas tendências
aula não é um local de mera reprodução de da historiografia contemporânea também
conhecimentos, mas também de produção. É se tornaram cada vez mais presentes nessas
importante ainda que se analise a influência das abordagens.
concepções historiográficas nas abordagens Como ressalta GUIMARÃES (2017, p.
dos conteúdos. O texto da unidade também 304), a produção de saberes históricos dentro
evidencia outras possibilidades de articulação da escola possui vínculos com a historiografia
entre a universidade e a sala de aula, como o profissional. Embora possua uma lógica
investimento nas pesquisas didático-históricas distinta, percebe-se que as pesquisas, tanto
e o aprofundamento sobre o ensino de História na investigação histórica, quanto no ensino,
através da aplicabilidade na educação básica possuem um conjunto de técnicas de análises,
dos conhecimentos produzidos na academia. constroem textos com aspectos formais
e linguísticas particulares, consideram as
condições políticas, socioeconômicas e culturais
5.2. ENTRE A UNIVERSIDADE em que se desenvolve a investigação histórica.
E A SALA DE AULA Desse modo, os saberes escolares não
podem ser vistos como uma simplificação da
produção acadêmica. Não se trata de adaptar
A ideia de articulação entre a produção as discussões historiográficas ao contexto
acadêmica e o ensino de História, tão enfatizada da sala de aula. O Ensino de História possui
nos debates, eventos e cursos voltados para métodos e linguagens próprias, estabelecendo
a formação de professores parece óbvia, um diálogo com os saberes científicos, mas
como se já fosse um consenso para todos os também com os saberes docentes, decorrentes
profissionais da área de História. Todavia, a sua de sua experiência, os saberes sociais e os
aplicabilidade ainda é recente e necessita de saberes construídos com base na vivência dos
muito aperfeiçoamento para que as práticas alunos. Como destaca BITTENCOURT (1998), é
tradicionais sejam superadas. necessário
Durante muito tempo os cursos de
graduação dissociaram as disciplinas voltadas (...) rever e aprofundar o conceito de
conhecimento histórico escolar, que não
para a didática das demais disciplinas com pode ser entendido como mera e simples
temáticas abordadas pela historiografia, como transposição de um conhecimento maior,
proveniente da ciência de referência e que
se a prática de ensino fosse uma atribuição é vulgarizado e simplificado pelo ensino
somente da Pedagogia. Os cursos de graduação (...). O conhecimento histórico escolar
é uma forma de saber que pressupõe
dedicavam a maior parte de seu currículo um método científico no processo de
transposição da ciência de referência para
às discussões historiográficas específicas e uma situação de ensino, permeando-se,
estipularam uma pequena parcela de sua grade em sua reelaboração, com o conhecimento
proveniente do “senso comum” de
49
representações sociais que são redefinidos
de forma dinâmica e contínua na sala de SCANEIE O CÓDIGO
aula. (...) A história escolar não é apenas
uma transposição da história acadêmica,
E ACESSE O LINK
BUSQUE POR MAIS
mas constitui-se por intermédio de um
processo no qual interferem o saber erudito,
O artigo abaixo apresenta uma discussão sobre a
os valores contemporâneos, as práticas e
os problemas sociais. (BITTENCOURT, 1998, influência das principais correntes de pensamento
p. 25). histórico que estiveram presentes no ensino de
História e influenciaram na abordagem dos conteúdos
em sala de aula:
50
o caráter reflexivo da História.
O investimento em pesquisas didático-
5.4. A IMPORTÂNCIA DA AÇÃO
históricas é cada vez mais necessário para se MEDIADORA DO PROFESSOR
preencher as lacunas que ainda existem entre a
universidade e a escola. Esse processo demanda Tendo em vista que ainda existem
tanto o conhecimento de teorias, quanto a resquícios de uma abordagem tradicional nos
observação e a experiência com as formas de manuais didáticos e nos sistemas de ensino,
organização do ensino, com as abordagens do é nesse contexto que a ação mediadora do
currículo, com as práticas pedagógicas, com as professor é fundamental, a fim de reduzir
linguagens específicas, com as vivências em a distância entre a formação recebida nos
sala de aula e com os perfis de estudantes do cursos superiores e a exigência da sociedade. É
século XXI. Assim, de acordo com GUIMARÃES importante que o professor esteja em sintonia
(2017): com as produções historiográficas e com as
abordagens sobre o ensino de História, ciente
de que não cumpre o papel de um simples
A didática da história, como campo do facilitador do conteúdo e com a percepção
saber, deve insistir em estreitar o diálogo
entre o trabalho dos historiadores e
de que o conhecimento histórico chega aos
a educação escolar e não se limitar à alunos incorporando também suas vivências,
transposição do conhecimento histórico
acadêmico para os estudantes da educação a analogia e a empatia com o tema estudado
básica. Defendemos a proposição de que a deve ser considerada. Entretanto, o docente
didática da história analise todas as formas
e funções do raciocínio e do conhecimento deve ser cauteloso. GUIMARÃES (2013) alerta
histórico na vida cotidiana e prática.
Isso inclui o papel da história na opinião
que, inconscientemente, o professor pode agir
pública, os usos da história nos meios de modo contrário, perpetuando “estereótipos
de comunicação de massa, bem como
considera as possibilidades e os limites das sociais, mitos, fatos e heróis da memória
representações históricas nas diferentes dominante”.
fontes e linguagens. (GUIMARÃES, 2017, p.
330). Para SILVA e GUIMARÃES (2015), o
professor, por ser dotado de historicidade e
por produzir saberes e práticas educativas, é o
Para a autora, o investimento na elemento-chave nesse processo de integração
pesquisa sobre o ensino de história requer entre pesquisa e ensino de História, pois transita
análises e ferramentas que se aproximam entre a teoria e a prática, entre a historiografia
e, ao mesmo tempo se distanciam da e sala de aula e promove o vínculo entre o
historiografia profissional, uma vez que o mundo acadêmico e o cotidiano escolar. Para
ensino de história possui vínculos com a os autores, essas mediações devem sempre ser
produção de conhecimento histórico, mas pensadas em movimento, que naturalmente
também com a didática. Para a autora, “a sala será marcado por tensões, distanciamentos e
de aula não se limita a lugar de reprodução, aproximações.
estende-se também a lugar de produção de
conhecimentos”. Assim, professores, alunos e
A preocupação desse ensino era fazer com
demais colaboradores da pesquisa devem ser que o aluno localizasse e interpretasse fatos
escutados e contribuírem para esse processo, sociais, não de maneira analítica e reflexiva,
mas deformando a História como campo
como destacam SILVA e GUIMARÃES (2015), do saber, diluindo-a nos Estudos Sociais,
junto a conceitos genéricos de Geografia,
ao afirmarem que os locais de realização das Política, Sociologia, Filosofia, etc. Este seria
pesquisas não são apenas as universidades, mas o caminho para a formação do “cidadão”,
do homem ideal, que melhor serviria aos
também as escolas e as comunidades onde se interesses do Estado. (FONSECA, 2011, p.
inserem os estabelecimentos de ensino. 58).
51
Outro caminho importante para
promover esse intercâmbio, no que se refere
VAMOS PENSAR?
ao ambiente acadêmico é investir mais nas
Um dos caminhos para articular a produção acadêmica
pesquisas didático-históricas, bem como
com o saber histórico escolar, segundo Kátia Abud ampliar e aprofundar os estudos sobre o
(2005, p. 27), é estimular a empatia e a analogia dos ensino de História nos cursos de graduação,
alunos, visto que “as representações históricas que através das disciplinas teóricas e do estágio
os alunos constroem emergem de determinados
supervisionado, de modo a vincular de forma
processos da vida humana prática, que interagem com
o conhecimento escolar”. efetiva a produção acadêmica e o ensino de
História.
•Que estratégias podem ser utilizadas para estimular a
empatia e a analogia em sala de aula? Quais os limites
e possibilidades dessa prática? SCANEIE O
•Que outras práticas podem contribuir para estreitar as CÓDIGO
relações entre a produção acadêmica e o saber histórico? E ACESSE O LINK
BUSQUE POR MAIS
52
FIXANDO O CONTEÚDO
53
Questão 03 - ENADE (2014)
Os currículos organizam conhecimentos, culturas, valores e artes a que todo ser humano
tem direito. Assim, o currículo dever analisado conforme as experiências vividas pelos
estudantes, nas quais se articulam os saberes, aprendidos por eles na vivência e na
convivência em suas comunidades, com os conhecimentos sistematizados que a escola
deve lhes tornar acessíveis.
ARROYO, M. G. Educandos e educadores: seus direitos e o currículo. In: ARROYO, M.
G. Indagações sobre o currículo: educandos e educadores: seus direitos e o currículo.
Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007, p. 67 (adaptado).
a) I, apenas.
b) II e III, apenas.
c) II e IV, apenas.
d) I, III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.
54
Questão 04 - ENADE 2017
A cultura científica parte do princípio de que, para conhecer todo e qualquer objeto
(ou questão sobre um tema), é preciso formular um problema sobre ele e jamais se
contentar em ter apenas opiniões definidas sobre o objeto a ser estudado.
Transpondo esse princípio para uma aula que pretende formar um aluno crítico,
não cabe ao professor planejá-la apenas para discorrer sobre um tema histórico sem
formular perguntas problematizadoras que instiguem os alunos a se posicionarem
sobre o tema a partir de seu conhecimento e de sua experiência prévia.
BITTENCOURT, C. M. F. Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo: Editora
Cortez, 2005 (adaptado).
Existe uma distância entre o saber escolar e o conhecimento que o aluno possui. A
transposição didática expressa bem o que ocorre com os saberes a serem ensinados
na escola. Há uma passagem da cultura extraescolar ao currículo formal, do currículo
formal ao currículo real e do currículo real à aprendizagem efetiva dos alunos. Essa
passagem acontece quando o professor realiza um processo de:
55
UNIDADE 6
56
História, o uso de filmes e várias outras
6.1. INTRODUÇÃO possibilidades.
De fato, esses estudos por si só não são
A formação do professor de história capazes de estabelecerem um método pronto
requer a compreensão sobre o método histórico para ser seguido pelo egresso da licenciatura
e o ofício do profissional da História em seu em História. Os saberes docentes são adquiridos
cotidiano. O objetivo desse capítulo é orientar principalmente através da experiência
os futuros professores quanto às possibilidades profissional no ambiente escolar. Todavia, são
e métodos importantes para se chegar a orientações importantes, fundamentos a que
um resultado, que é o ensino/aprendizagem os futuros profissionais da área devem estar
de História em sala de aula. Não cabe aqui atentos para se chegar a um resultado, que é a
trazer um método pronto para o ensino de aprendizagem em sala de aula e para atender
História, mas sim os fundamentos e algumas aos objetivos da disciplina que, como já visto
orientações relevantes para a prática de ensino em unidades anteriores, estão relacionados
em História (planejamento, dinâmica das aulas, com a formação para a cidadania. Como
uso de recursos tecnológicos, trabalhos com ressalta GUIMARÃES (2013, p. 116-118), “formação
fontes históricas e linguagem cinematográfica), e prática não são atividades distintas para os
visto que os saberes docentes são constituídos professores” e que “na construção da identidade
tanto pelos conhecimentos teóricos, adquiridos profissional cada um ensina e desenvolve um
durante a graduação, quanto pela experiência método próprio de ensinar e aprender”. É um
do cotidiano escolar. processo de constante aperfeiçoamento. São
os saberes docentes que, como já mencionado
na unidade anterior, são formados a partir da
6.2. OS ESTUDOS SOBRE AS experiência do professor, os saberes sociais e os
METODOLOGIAS DE ENSINO DE HISTÓRIA saberes construídos com base na vivência dos
alunos.
Considerando as singularidades da
Nos últimos anos tem crescido o número disciplina escolar História em relação à
de publicações e de pesquisas didático- disciplina acadêmica, as discussões aqui
históricas, que abrangem tanto as produções apresentadas visam possibilitar a reflexão sobre
historiográficas quanto a prática de ensino de a prática do profissional de História em seu
História. As questões didáticas e as escolhas trabalho cotidiano e construir um alicerce, a fim
pedagógicas do docente não são vistas por de que o graduando compreenda o caminho,
como algo dissociado do conhecimento os possíveis métodos a serem seguidos para
histórico, mas tratam de um tipo de pesquisa que os objetivos do ensino de História sejam
relacionada especificamente à docência em alcançados.
História, com linguagens e métodos próprios,
de modo a articular a pesquisa acadêmica
e o ensino. Esses estudos possuem grande
importância para a formação dos professores 6.3. O COTIDIANO EM SALA DE AULA
de História durante o curso de graduação.
Nesse sentido, são valiosas as
contribuições de KARNAL (2003), BITTENCOURT Ao iniciar sua carreira em sala de aula,
(1998), GUIMARÃES (2013; 2017), e diversos outros o egresso do curso de História se depara
autores, que abordam temas importantes sobre com inúmeras exigências: que ele domine o
a prática de ensino em História, o trabalho conteúdo, que consiga despertar o interesse dos
com fontes históricas, o uso de tecnologias, as alunos, que desenvolva práticas pedagógicas e
práticas de avaliação, a dinâmica das aulas de procedimentos didáticos, que saiba lidar com
57
os conflitos e necessidades de suas turmas.
Além disso, o docente também precisa se 6.4. O PLANO DE AULA
preocupar com o processo de avaliações, com
os registros de notas e frequência nos diários, O planejamento é uma tarefa
com as reuniões pedagógicas e conselhos de indispensável para o exercício da docência. É
classe, dentre outras atribuições. através da preparação das aulas que o professor
Em meio a tudo isso, o professor ainda se organiza, estabelece objetivos, define qual
pode encontrar situações diversas, como será a sua abordagem, decide sobre os critérios
variedade de perfis de turmas e de alunos, salas de avaliação, seleciona recursos materiais
de aulas lotadas, alunos com necessidades e bibliografias. Planejar é uma atividade
educacionais especiais, carga horária excessiva, constante, que não somente antecipa a aula,
falta de recursos materiais, falta de participação mas que pode ser revista e alterada, de acordo
da família na vida escolar dos filhos, dentre com as necessidades da turma e do contexto da
outras. Ou seja, o contexto em que o professor escola. Além do planejamento específico para
trabalha determinará as suas escolhas, atitudes cada aula, o professor também prepara o seu
e métodos. planejamento anual, coerente com o programa
Ademais, os novos professores ainda político-pedagógico da escola e com os
precisam se preocupar com as demandas currículos estabelecidos pelas redes de ensino,
específicas do ensino de História. Nas unidades bem como articulando a sua área de ensino aos
anteriores, discutiu-se o papel da História como projetos interdisciplinares da instituição.
disciplina escolar e do docente diante dos Sobre o planejamento específico do
desafios e dos novos requisitos da disciplina professor de História, AZEVEDO (2013) explica
atualmente. A História enquanto disciplina que ele deve englobar os conhecimentos
adquiriu um caráter mais reflexivo, com uma do processo didático e das metodologias
abordagem mais próxima da realidade dos específicas da História. Afinal, trata-se de uma
alunos e voltada para a formação cidadã. disciplina que em que os alunos estabelecem
Isso exige do professor maior interação com laços culturais localizados em diferentes tempos
os alunos, pois ele é que disponibilizará as e espaços. A autora ainda indica que plano
ferramentas para que os alunos alcancem os de aula deve conter o tema central da aula, e
objetivos de aprendizagem. no caso específico da disciplina deve indicar
Tudo isso faz com que o professor busque claramente a delimitação temporal. Também
um meio de organização, uma estratégia devem estar presentes no planejamento: os
didática para que os seus objetivos sejam objetivos (de conteúdo e de habilidades) que
alcançados. É necessário compreender o que sejam coerentes com a realidade da escola e
ensinar e como ensinar. Naturalmente, prática do aluno, os procedimentos metodológicos
e a experiência indicarão os caminhos a serem e os critérios de avaliação. Sobre os aspectos
seguidos. Muitas das propostas sugeridas na metodológicos do planejamento, a autora
disciplina e no curso de graduação podem não salienta que:
alcançar o resultado esperado ao longo do dia a
dia em sala de aula. Todavia, é importante que
se apresentem os limites e as potencialidades Recursos e técnicas de ensino integram
um movimento mais amplo de ações
da prática de pesquisa e ensino de História e do profissional da docência no que vem
que o docente, ao ministrar suas aulas, possa a ser chamado de metodologia (ou
procedimentos metodológicos). Recursos
adaptar os métodos, as práticas e as atividades e técnicas em si de nada valem, é preciso
desenvolvidas de forma singular, de acordo com que estejam sendo orientados por uma
tendência, abordagem, perspectiva
cada situação vivenciada em seu cotidiano. teórica. A metodologia, assim, configura-se
como uma postura do docente diante da
realidade na qual atua. Relaciona-se com a
forma como o professor compreende e
58
interpreta a realidade e como relaciona o
resultado disso a uma prática específica
– o processo ensino-aprendizagem.
6.5. A AULA EXPOSITIVA
(AZEVEDO, 2003, p. 21)
59
conhecimentos; elimina a relação
pedagógica autoritária; valoriza a 6.6. TRABALHANDO COM
experiência e os conhecimentos prévios
dos alunos; estimula o pensamento crítico FONTES HISTÓRICAS
dos alunos por meio de questionamentos e
problematizações. (LOPES, 2001, p. 48).
60
sido muito mais fácil. Além disso, a própria
concepção de fonte foi ampliada, não se
6.7. REPENSANDO AS
tratando somente dos documentos oficiais, PRÁTICAS DE AVALIAÇÃO
como ocorria no período em que a História
estava se consolidando como ciência e como A avaliação é uma importante etapa
disciplina escolar. Desse modo, são cada vez do processo ensino aprendizagem. É através
maiores as possibilidades de se explorar as dela que os professores podem diagnosticar
fontes históricas em sala de aula. os conhecimentos prévios dos alunos,
Apesar da multiplicidade de fontes e a refletir sobre a qualidade de suas práticas
sua facilidade de acesso, o seu emprego na sala pedagógica, reorientar o plano de ensino,
de aula pode ficar comprometido se o docente retomar um conteúdo que não foi consolidado,
utilizá-lo apenas como uma comprovação dos analisar o progresso dos alunos, dentre outras
fatos, sem nenhum tipo de problematização, o possibilidades. Os alunos, por sua vez, podem
que representa um ponto de vista tradicional observar o seu desempenho, analisar suas
da História. dificuldades, reorganizar o cronograma de
PEREIRA e SEFFNER (2008, p. 122) alertam estudos.
para o fato de que muitos professores utilizam
erroneamente as fontes como prova e ilustração
de um relato histórico, selecionando somente
materiais que reforcem os seus argumentos. SCANEIE O CÓDIGO
E ACESSE O LINK
Para os autores, as fontes devem ser exploradas BUSQUE POR MAIS
61
Muitas vezes, a dificuldade em abandonar de intencionalidades.
esse tipo de prática é o fato de o próprio Mesmo se não for possível abandonar
professor ter sido submetido, ao longo de sua completamente as provas tradicionais é
vida escolar, acadêmica e até profissional a esse importante que o docente estabeleça outras
modelo tradicional de avaliação, através das alternativas para estabelecer uma análise sobre
avaliações externas na educação básica, dos o nível de aprendizagem dos alunos, visto que
vestibulares para o ingresso no ensino superior não se trata somente da avaliação formal, mas
e dos concursos para o cargo de professor. Esses também do interesse e da participação do aluno
exames de seleção, presentes nos diferentes durante as aulas. Essa avaliação pode ocorrer
níveis de ensino e de formação ainda hoje são também através de atividades que exijam
extremamente conteudistas. compreensão, interpretação e raciocínio e não
Ademais, por mais que o docente tenha simplesmente a memorização, como debates,
consciência das limitações das avaliações seminários, análise de fontes históricas, dentre
tradicionais, não conseguem eliminar outras possibilidades.
completamente esse tipo de prática, uma vez
que ao longo da educação básica os alunos são
submetidos a diversas avaliações externas que
mensuram a qualidade da educação. E ainda,
muitas instituições de ensino estabelecem um FIQUE ATENTO
62
Ou seja, a inclusão digital também gera metade deste século, produziu um
aumento substancial de informações
impactos na vida dos educadores e faz parte do e tecnologias usadas em sua gestão,
cotidiano de muitas escolas brasileiras. podendo-se até afirmar que “estamos a nos
afogar em informações, mas sedentos de
É notório que as tecnologias facilitam conhecimentos”. Isso significa que, apesar
do crescente aumento de informação e
o acesso às informações, que contribuem dos meios de difundi-la e questioná-la,
expressivamente para o processo ensino- ocorre paralelamente um aumento da
distância entre os que sabem e os que não
aprendizagem e que a sua expansão no sistema sabem articulá-las, pensá-las, refleti-las.
educacional brasileiro é uma das principais (SCHMIDT, 1998, p. 63)
63
Ao longo das unidades deste material,
várias abordagens apontaram a necessidade de
se superar a ideia de passividade dos alunos em
VAMOS PENSAR?
uma aula tradicional. Atualmente, a variedade
O vídeo abaixo apresenta uma entrevista com o de recursos tecnológicos possibilitou o
historiador e professor Leandro Karnal, que reflete
desenvolvimento de novas estratégias didáticas,
sobre o novo propósito da educação, em tempos
de facilidade de acesso às informações pelo uso das a fim de despertar o interesse dos alunos e
tecnologias. promover outras formas de aprendizagem.
Dentre essas propostas, destacam-se as
metodologias ativas, pelas quais os alunos são
https://www.youtube.com/watch?v=xDCQKnwtBgo
os protagonistas no processo de aprendizagem.
• A partir da fala de Leandro Karnal, como os Através das metodologias ativas, os
professores podem desafiar os alunos diante de tantas alunos são desafiados a resolverem problemas
informações e dos recursos tecnológicos?
e a desenvolverem projetos, tornando-se mais
• Em sua opinião, qual seria o novo propósito da
educação?
participativos e mais envolvidos com os assuntos
abordados. Os professores assumem o papel de
mediadores, e não de expositores do conteúdo,
passando a interagir mais com os alunos.
Outro ponto relevante para a inserção
Uma das possibilidades com as
de tecnologias nas aulas é o planejamento
metodologias ativas é a sala de aula invertida,
docente para o uso dos recursos tecnológicos.
pela qual os alunos estudam o conteúdo
É imprescindível que o professor se atualize e
previamente em casa, através de vídeos ou
domine as tecnologias para que, ao chegar
textos, por exemplo, em ambientes virtuais
à sala de aula já esteja familiarizado com as
de aprendizagem (AVA) e em sala de aula as
ferramentas utilizadas e com os objetivos da
atividades são mais dinâmicas, como debates,
aula já estabelecidos.
estudos de caso, dentre outras possibilidades.
Nas aulas de História, as tecnologias
Assim, o tempo da aula que anteriormente seria
podem ser utilizadas em diversas atividades
utilizado em uma explicação teórica, é destinado
que estimulem os alunos de maneira mais
a debates, esclarecimento de dúvidas, tarefas
dinâmica, diversificando o caráter teórico da
em grupo, jogos ou várias outras atividades.
disciplina. Dentre as possibilidades de trabalho,
Tanto o processo no ambiente virtual quanto
podem ser realizadas atividades interativas
as atividades em sala de aula contam com a
em sites de museus virtuais, acesso a acervos
orientação do professor.
de documentos e periódicos digitalizados,
A metodologia da sala de aula invertida
pesquisas orientadas em sites, além de outras
tem ganhado cada vez mais destaque,
estratégias que facilitem a interação entre
sobretudo a partir da expansão dos ambientes
professores e alunos mesmo fora da sala de aula,
virtuais de aprendizagem. Certamente, o
como a construção de blogs, o uso plataformas
seu êxito depende de alguns fatores, como a
educacionais online, em que é possível interagir
disponibilidade de recursos tecnológicos e o
com a turma, enviar materiais, exercícios, links,
comprometimento dos alunos na realização
sugestões de vídeos e propostas de trabalhos
das tarefas, mas oferece novas possibilidades de
avaliativos.
ensino-aprendizagem e alternativas ao ensino
tradicional.
64
SCANEIE filme), bem como outros aspectos, como a
O CÓDIGO estética, o enquadramento, os recortes, a
E ACESSE O
BUSQUE POR MAIS
LINK iluminação, os diálogos, o ponto de vista e
a intencionalidade do roteirista, sé é uma
CANAL FUTURA. Conheça a sala de aula invertida.
adaptação de uma obra literária. É fundamental
2017. (26m36s) Disponível em: https://www.youtube.
com/watch?v=pADyAN15cZ0 que haja uma problematização dos elementos
da produção, a fim de que os alunos
SANTOS, Lyslley Ferreira dos; TEZANI, Thaís Cristina compreendam as suas especificidades da obra
Rodrigues. Aprendizagem colaborativa no ensino de
e estabeleçam comparações com o que foi
história: a sala de aula invertida como metodologia
ativa. Novas Tecnologias na Educação. V. 16 Nº 2,
estudado previamente sobre o conteúdo. Outro
dezembro, 2018. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/ ponto importante é que o professor, sempre que
renote/article/viewFile/89302/51540 necessário, deve fazer interrupções durante a
exibição para alguma explicação ou comentário
relevante para a interpretação do filme.
65
FIXANDO O CONTEÚDO
66
Questão 02 – IFSC 2015 – Concurso Professor de História (adaptado)
67
Questão 03 – (VUNESP) Prefeitura de Ribeirão Preto – 2013
As mais diversas obras humanas produzidas nos mais diferentes contextos sociais e
com objetivos variados podem ser chamadas de documentos históricos. É caso, por
exemplo, de obras de arte, textos de jornais, utensílios, ferramentas de trabalho, textos
literários, diários, relatos de viagem, leis, mapas, depoimentos e lembranças, programas
de televisão, filmes, vestimentas, edificações etc.
68
Questão 04 – Fundação Carlos Chagas (FCC) - 2016 - SEDU/ES -
69
Questão 06 - IFSC 2015 – Concurso Professor de História)
“Não é de hoje que o cinema frequenta as aulas de História nas escolas. Os alunos
gostam. Os professores também. Como recurso pedagógico, a sétima arte é quase
uma unanimidade. Mas é preciso ter cuidado. É bem verdade que o uso do cinema
como ferramenta de ensino é capaz de deixar a aula mais dinâmica e divertida;
entretanto, o professor deve estar atento para as armadilhas que essa estratégia pode
gerar.” - CARDOSO, Oldimar. Baseado em Fatos Reais. Revista Brasileira de História da
Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro, 04 de outubro de 2008. Disponível em: <http://www.
revistadehistoria.com.br/secao/educacao/baseado-em-fatos-reais>. Acesso em: 15 de
out. 2015.
Sobre as novas perspectivas relacionadas ao uso dessas fontes descritas pelo historiador,
avalie o acerto das afirmações a seguir.
I. O uso da televisão deve ser evitado em sala de aula, pois os programas são apenas
produzidos dentro do mercado, sem fins educativos ou questões historiográficas.
II. Ao utilizarem-se canções para a pesquisa ou em sala de aula, o historiador deve
considerar também a parte rítmica e melódica, não apenas a letra.
III. O cinema ficcional deve ser evitado em sala de aula, pois não sendo dirigido por
historiadores, a versão da “realidade” não tem fundamento acadêmico.
IV. Ao pesquisar sobre o cinema, o historiador deve considerar as três possibilidades
básicas de relação entre história e cinema: o cinema na história, a história do cinema e
a história no cinema.
70
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO
QUESTÃO 1: C QUESTÃO 1: C
QUESTÃO 2: B QUESTÃO 2: E
QUESTÃO 3: C QUESTÃO 3: D
QUESTÃO 4: C QUESTÃO 4: D
QUESTÃO 5: E QUESTÃO 5: D
QUESTÃO 1: D QUESTÃO 1: B
QUESTÃO 2: B QUESTÃO 2: B
QUESTÃO 3: D QUESTÃO 3: B
QUESTÃO 4: E QUESTÃO 4: D
QUESTÃO 5: C QUESTÃO 5: E
QUESTÃO 1: C QUESTÃO 1: B
QUESTÃO 2: D QUESTÃO 2: A
QUESTÃO 3: D QUESTÃO 3: C
QUESTÃO 4: C QUESTÃO 4: E
QUESTÃO 5: D QUESTÃO 5: B
QUESTÃO 6: E
71
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