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EDUCAÇÃO A

DISTÂNCIA

METODOLOGIA DO
ENSINO DE HISTÓRIA I
MARIANA LOPES SOARES

1
LEGENDA DE

Ícones
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão
do conteúdo aplicado ao longo da apostila, você irá encontrar
ícones ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para
determinado trecho do conteúdo, cada uma com uma função
específica, mostradas a seguir:

Trata-se dos conceitos, definições e informações


importantes nas quais você precisa ficar atento.

FIQUE ATENTO

São opções de links de vídeos, artigos, sites ou livros


da biblioteca virtual, relacionados ao conteúdo
apresentado na apostila.
BUSQUE POR MAIS

Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada


unidade, associando-os a suas ações, seja no ambiente
profissional ou cotidiano.
VAMOS PENSAR?

Atividades de fixação sobre o conteúdo visto e aplicado


na apostila.

FIXANDO O CONTEÚDO

Apresentação dos significados de um determinado


termo ou palavras mostradas no decorrer da apostila.

GLOSSÁRIO

Espaço para marcar citações de algum livro, artigo ou


site que sustenta e reforça uma ideia.

CITAÇÕES

2
UNIDADE 1
SUMÁRIO A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE HISTÓRIA E PRÁTICA DE ENSINO

1.1 Introdução......................................................................................................................................................................................................7
1.2 A Formação do Professor de História......................................................................................................................................8
1.3 Ser Professor de História: Uma reflexão sobre o ofício docente no Brasil no século XXI................11
1.4 Gestão da sala de aula.......................................................................................................................................................................13

UNIDADE 2
UMA REFLEXÃO SOBRE A REALIDADE EDUCACIONAL BRASILEIRA

2.1 Introdução...................................................................................................................................................................................................18
2.2. Os percursos para a democratização ao acesso à escola....................................................................................19
2.3. Os números da desigualdade e os indicadores de qualidade da educação.......................................21
2.4. Novos desafios e propostas na educação.......................................................................................................................23
2.4.1. O uso de tecnologias....................................................................................................................................................................23
2.4.2. Educação integral..........................................................................................................................................................................23
2.4.3. A educação inclusiva...................................................................................................................................................................24
2.4.4. O investimento formação de professores...................................................................................................................25

UNIDADE 3
O PAPEL DA HISTÓRIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

3.1 Introdução..................................................................................................................................................................................................30
3.2. Os objetivos da história na educação básica................................................................................................................31
3.3. O papel do professor na construção da identidade e na formação cidadã........................................32
3.4. As práticas de cidadania no ambiente escolar............................................................................................................33

UNIDADE 4
OS CAMINHOS DA HISTÓRIA COMO DISCIPLINA ESCOLAR NO BRASIL

4.1. Introdução.................................................................................................................................................................................................39
4.2. O ensino de história no Período Colonial e no Império.......................................................................................40
4.3. O papel da história a partir da instituição da república......................................................................................40
4.4. Mudanças no ensino de história a partir dos anos 1990.....................................................................................41

UNIDADE 5
A RELAÇÃO ENTRE A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO HISTÓRICO E O SABER
HISTÓRICO ESCOLAR

5.1. Introdução.................................................................................................................................................................................................49
5.2 Entre a universidade e a sala de aula..................................................................................................................................49
5.3. A pesquisa didático-histórica....................................................................................................................................................50
5.4. A importância da ação mediadora do professor.......................................................................................................51

UNIDADE 6
FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO ENSINO DE HISTÓRIA

6.1 Introdução..................................................................................................................................................................................................57
6.2. Os estudos sobre as metodologias de ensino de história..................................................................................57
6.3 O cotidiano em sala de aula........................................................................................................................................................57
6.4. O plano de aula....................................................................................................................................................................................58
6.5. A aula expositiva..................................................................................................................................................................................59
6.6. Trabalhando com fontes históricas......................................................................................................................................60
6.7. Repensando as práticas de avaliação.................................................................................................................................61
6.8. O uso de tecnologias em sala de aula...............................................................................................................................62
6.9. Metodologias ativas: A sala de aula invertida...............................................................................................................64
6.10. O trabalho com filmes nas aulas de história...............................................................................................................65

3
UNIDADE 1
CONFIRA NA APOSTILA
Reflexões sobre o processo de formação do professor de História no Brasil e sobre
ofício docente, tendo em vista as exigências do atual contexto do ensino brasileiro.

UNIDADE 2
Contextualização do atual cenário educacional brasileiro, apresentando os percursos
para a democratização do acesso à escola, os números da desigualdade e os
indicadores de qualidade da educação, bem como os novos desafios e propostas na
educação.

UNIDADE 3
Estudos sobre os objetivos da História na educação básica nos diferentes momentos
políticos da história do Brasil. Discussões sobre o papel do professor na construção
da identidade e na formação cidadã, bem como sobre o desenvolvimento de práticas
de cidadania no ambiente escolar.

UNIDADE 4
Os caminhos da organização da História como disciplina escolar no Brasil,
apresentando as características do ensino de História no período colonial e no
Império. O papel da História a partir da instituição da República e as mudanças no
ensino de História a partir dos anos 1990.

UNIDADE 5
Estudos sobre os objetivos da História na educação básica nos diferentes momentos
políticos da história do Brasil. Discussões sobre o papel do professor na construção
da identidade e na formação cidadã, bem como sobre o desenvolvimento de práticas
de cidadania no ambiente escolar.

UNIDADE 6
Os caminhos da organização da História como disciplina escolar no Brasil,
apresentando as características do ensino de História no período colonial e no
Império. O papel da História a partir da instituição da República e as mudanças no
ensino de História a partir dos anos 1990.

4
INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico(a),

O presente material da disciplina


PESQUISA E PRÁTICA DE ENSINO I
(Metodologia do Ensino de História I) é
parte importante para a sua formação
em História pela Faculdade Única.

O objetivo deste material, bem como


o da disciplina, é contribuir para a sua
reflexão sobre a realidade educacional
brasileira e o papel da História na
Educação Básica, compreendendo
a história da disciplina escolar tendo
em vista as transformações do mundo
contemporâneo. Também se espera
que o aluno da graduação desenvolva
a habilidade de analisar a relação
entre a produção de conhecimento
histórico e o saber histórico escolar. Por
fim, será apresentado ao graduando
alguns dos fundamentos teóricos e
metodológicos do ensino de História.

5
UNIDADE 1

A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE
HISTÓRIA E A PRÁTICA DE ENSINO

6
1.1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, as discussões A terceira unidade discute


voltadas para a formação do professor o papel da História na educação
de História têm se ampliado. básica, apresentando as propostas
Durante muito tempo, os cursos de e os objetivos iniciais para o estudo
graduação priorizaram as disciplinas da disciplina e sua relação com as
com temáticas abordadas pela expectativas do Estado e das elites,
historiografia, enquanto as disciplinas bem como a sua importância na
voltadas para a prática de ensino atualidade e a sua contribuição para a
eram consideradas responsabilidade construção da identidade do aluno e
da área de Pedagogia. Entretanto, os para o exercício da cidadania.
cursos de graduação passaram por A quarta unidade apresenta
transformações, sobretudo a partir os percursos da História até a sua
da separação entre bacharelado e constituição como disciplina escolar
licenciatura. no Brasil e as transformações pela
Pensar a prática de ensino em qual passou em diferentes momentos
História implica em considerar vários políticos do país, através de reformas e
aspectos, que serão abordados ao propostas curriculares.
longo das seis unidades desse material. Na quinta unidade é discutida
Em primeiro lugar, é necessário a relação entre a produção de
propiciar uma reflexão sobre o ofício conhecimento histórico e o saber
do professor no Brasil no século XXI, histórico escolar, identificando
compreendendo os principais desafios as especificidades do ambiente
e expectativas da profissão desde a acadêmico e da sala de aula, bem
formação universitária, conforme será como a importância da pesquisa
abordado nessa primeira unidade. didático-histórica e da ação mediadora
Outro aspecto a ser considerado do professor.
quando se aborda a prática de ensino é A sexta e última unidade
a realidade educacional brasileira, tema apresenta os fundamentos teóricos
da segunda unidade, que reconstitui o e metodológicos do ensino de
processo de democratização do ensino, História, conteúdo imprescindível
apresenta dados sobre as disparidades para a disciplina de prática de ensino,
da educação no país e identifica as apresentando aos futuros profissionais
novas exigências para o ensino, como algumas orientações, discussões
o uso da tecnologia, a expansão da e possibilidades para o ensino de
educação integral e o aprofundamento História.
da educação inclusiva.

7
Os estudos e pesquisas sobre estabelecimento de novas diretrizes para
o ensino de História têm crescido o ensino e para a formação docente.
1.2. A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE HISTÓRIA
consideravelmente nos últimos anos, Além dessa expressiva mudança,
bem como as preocupações com a outras transformações foram ocorrendo
formação inicial dos docentes, visto que nos cursos de graduação em História.
a graduação é o ponto de partida para Estes, em grande parte, integravam
o desenvolvimento de conhecimentos as modalidades de bacharelado e
e ferramentas que o nortearão em seu licenciatura adotando um modelo
ingresso na profissão. Como ressalta de organização curricular cuja carga
GUIMARÃES (2013): horária das disciplinas voltadas para
o ensino era bem reduzida quando
Os cursos superiores de licenciatura são comparada às disciplinas de abordagens
espaços de formação profissional, de
aprendizagem da profissão, que devem historiográficas. Os estudos sobre didática
possibilitar a articulação das atividades de e o estágio supervisionado adquiriram
ensino, pesquisa, extensão e as práticas
pedagógicas. É na graduação que a um caráter de formação pedagógica e
aprendizagem profissional é sistematizada,
os saberes docentes (disciplinares,
complementação para o exercício da
pedagógicos e outros) são organizados docência. Ou seja, os cursos de graduação
como estruturantes da formação do
professor. (GUIMARÃES, 2013, p. 114). nesse modelo davam mais enfoque à
formação de pesquisadores do que a de
Assim, diante da importância da professores. Algumas determinações
licenciatura na formação profissional, do Conselho Nacional de Educação
questões relevantes devem consideradas promoveram a separação entre as duas
durante esse processo, como a modalidades e ampliaram a carga horária
abordagem teórica dos cursos superiores mínima dos cursos de licenciatura, de
que é extensa e, em grande parte, se modo a reestruturar a formação de
distancia da realidade do cotidiano professores, ofertando mais disciplinas
escolar, bem como as transformações no vinculadas às questões didáticas e de
cenário educacional brasileiro. práticas pedagógicas. Atualmente, a
A formação de professores maior parte dos cursos de graduação
de História passou por grandes em História no país corresponde às
transformações nas últimas décadas. licenciaturas, que prevalecem sobre os
No Brasil entre os anos 1960 e 1980, cursos de bacharelado ou sobre os que
grande parte desses profissionais se ainda integram as duas modalidades.
formou em cursos de licenciaturas
polivalentes em Estudos Sociais, que
habilitavam o docente para o ensino de O MODELO 3+1
História e Geografia, Organização Social FIQUE ATENTO

e Política do Brasil e Estudos Sociais,


CERRI (2013) destaca o perfil dos
devido às reformas promovidas durante cursos superiores de formação docente que
os governos militares. Eram, em sua predominou durante muitos anos. Trata-se do
modelo “3+1”, que recebeu essa denominação
maioria, cursos de licenciatura curta, porque se referia a três anos de estudos
que negavam à História a condição de teóricos na área disciplinar, acrescidos de
um ano de formação pedagógica. Por muito
disciplina autônoma. (NADAI, 1993, p. tempo, a conclusão dos três primeiros anos
157). Essa modalidade foi sendo extinta dava, ao graduando, o direito a um diploma
de conclusão com o título de Bacharel e o
progressivamente a partir da década de ano complementar correspondia ao diploma
1980, após mobilizações pela valorização de Licenciatura, para o exercício da profissão
docente. Ainda hoje, em menor proporção,
da licenciatura plena em História e pelo
existem cursos que adotam este modelo.

8
Todavia, como argumenta SOUZA GUIMARÃES (2013, p. 13) destaca que nos últimos
(2015, p. 86), a ampliação da carga horária anos houve um incremento da produção
nos cursos de licenciatura por si só não científica e das publicações sobre o ensino
garante a melhora da qualidade da e a aprendizagem de História, em virtude
formação profissional, se ainda existir a do crescimento do número do número de
concepção de uma didática geral, aplicável pesquisadores, dos intercâmbios internacionais
à formação de professores de todas as e da circulação de pesquisas e informações
áreas. Desse modo, o autor destaca a entre as instituições. Outra mudança nos
importância do desenvolvimento de cursos de licenciatura foi o desenvolvimento
conhecimentos específicos para o ensino de tecnologias de informação e comunicação
de História. Para ele, mesmo as disciplinas (TICs) e a ampliação dos cursos de formação
específicas dos cursos de graduação que de professores na modalidade educação à
priorizam as discussões historiográficas distância (EAD).
devem contemplar a preocupação com a Portanto, é importante considerar todos
função didática do conhecimento, sendo esses elementos ao se pensar a formação
importante também que os graduandos inicial do professor de História, discutindo os
identifiquem as carências de orientação elementos voltados para a prática de ensino,
dos estudantes e possibilidades de compreendendo as especificidades da
articulação do conhecimento à vida disciplina e aspectos relevantes ao cotidiano da
prática: profissão. Ademais, é importante ressaltar que
o processo de desenvolvimento profissional
Nesse sentido, o desafio é uma
formação de professores que não mais é constante, pois além da formação inicial, no
os prepare somente para transmitir curso de graduação, o docente dá continuidade
didaticamente conteúdos históricos
previamente selecionados, facilitando em seu desenvolvimento profissional através de
uma aprendizagem de informações cursos de pós-graduação, de aperfeiçoamento,
históricas dadas. Os novos profissionais
precisam compreender a natureza de participação em eventos, de palestras, de
eminentemente investigativa da
aprendizagem histórica, a relação entre troca de experiências, dentre outras práticas.
conhecimento histórico e vida prática, e Apesar de todas as transformações ocorridas nos
também os fundamentos epistemológicos
da produção do conhecimento histórico. últimos anos acerca dos cursos de licenciatura,
A partir disso, também é importante é notório que ainda hoje, em algumas regiões
que reconheçam o papel do professor na
investigação da realidade social na qual do Brasil, muitos professores não possuem
está inserido, e também na intervenção
sobre essa realidade, a partir do manejo formação compatível com as disciplinas que
do conhecimento histórico em aulas de lecionam e, em alguns casos, nem mesmo a
história. (SOUZA, 2015, p. 88).
formação no Ensino Superior, como ressalta
GUIMARÃES (2013):
SCANEIE O CÓDIGO
E ACESSE O LINK Nesse sentido, o desafio é uma formação
BUSQUE POR MAIS de professores que não mais os prepare
somente para transmitir didaticamente
conteúdos históricos previamente
CERRI, Luís Fernando. “A formação de selecionados, facilitando uma aprendizagem
professores de história no Brasil: antecedentes de informações históricas dadas. Os novos
e panorama atual”. História, histórias. Brasília, profissionais precisam compreender a
vol. 1, n. 2, 2013. Disponível em: natureza eminentemente investigativa da
https://periodicos.unb.br/index.php/hh/article/ aprendizagem histórica, a relação entre
download/10730/9425/ conhecimento histórico e vida prática, e
SOUZA, Éder Cristiano. “Formação de também os fundamentos epistemológicos da
professores em História: Desafios e perspectivas produção do conhecimento histórico. A partir
disso, também é importante que reconheçam
para a redefinição da relação teoria e prática”.
o papel do professor na investigação da
Revista Acadêmica Licencia&acturas. Ivoti, realidade social na qual está inserido, e
v. 3, n. 2, p. 85-92, julho/dezembro de 2015. também na intervenção sobre essa realidade,
Disponível em: < http://www.ieduc.org.br/ojs/ a partir do manejo do conhecimento histórico
index.php/licenciaeacturas/article/view/91> em aulas de história. (SOUZA, 2015, p. 88).

9
A formação dos professores implica
em uma atenção maior às pesquisas
educacionais, em todas as etapas de sua
carreira, e não somente nos cursos de
licenciatura. Também é importante que
os cursos de aperfeiçoamento estejam
em consonância com as necessidades do
docente em seu cotidiano para que sejam
realmente significativos e promovam o
desenvolvimento profissional, de modo
a não ser apenas informativo, mas que
possa ser incorporado à sua experiência.

10
Uma vez concluída a graduação, Além disso, tornou-se lugar comum
surgem várias preocupações dos dizer que a maioria dos professores
SOBRE O OFÍCIO DOCENTE NO BRASIL NO SÉCULO XXI egressos dos cursos de licenciatura: sentir enfrenta situações como salas de
segurança para administrar a classe, aula lotadas, carga horária excessiva, a
conduzir as aulas, garantir a aprendizagem ausência de participação da família na
1.3. SER PROFESSOR DE HISTÓRIA: UMA REFLEXÃO

dos alunos. Muitas são as cobranças que vida escolar do filho, problemas sociais
recaem sobre os professores, seja pela que afetam na vida dos estudantes,
família, pela escola, pela secretaria de enfim, circunstâncias para os quais o
educação ou pela sociedade em geral, profissional não foi preparado durante a
que consideram esses profissionais como sua formação.
os principais responsáveis pelo sucesso Por outro lado, a missão do
ou fracasso do aluno, desconsiderando professor – em particular o de História –
os demais fatores que podem interferir pode ser transformadora, contribuindo
no processo de aprendizagem: questões para a formação dos cidadãos;
sociais, cognitivas, familiares, de políticas possibilitando aos alunos ferramentas
públicas ou de gestão escolar. para compreender a realidade e
autonomia para intervir na sociedade;
se empenhando para que os alunos
compreendam e valorizem a diversidade
e propiciando aos alunos a compreensão
sobre as transformações e contradições
O PAPEL DO PROFESSOR
dos processos históricos, bem como suas
DE ACORDO COM A LDB mudanças e permanências.
FIQUE ATENTO

Para SCHMIDT (1998, p. 57), o


A Lei de Diretrizes e Bases (Lei 9394/96) que
professor de História pode ensinar aos
regulamenta o sistema educacional brasileiro
alunos as ferramentas de trabalho
estabelece, no Artigo 13, as atribuições dos
necessárias para a compreensão e a
docentes:
valorização da diversidade dos pontos de
Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:
vista, cabendo ao docente ensinar seus
I – participar da elaboração da proposta
alunos a problematizarem os temas das
pedagógica do estabelecimento de ensino;
aulas e integrá-los em um conjunto mais
II – elaborar e cumprir plano de trabalho,
amplo de conhecimentos. Os argumentos
segundo a proposta pedagógica do
da autora demonstram a importância
estabelecimento de ensino;
do dinamismo do processo ensino-
III – zelar pela aprendizagem dos alunos;
aprendizagem. Não se trata do professor
IV – estabelecer estratégias de recuperação
como transmissor do conteúdo e do aluno
para os alunos de menor rendimento;
como mero receptor de conhecimentos,
V – ministrar os dias letivos e horas-aula
mas sim de um diálogo entre os sujeitos
estabelecidos, além de participar integralmente
que promove a construção dos saberes.
dos períodos dedicados ao planejamento, à
Para esse processo de ensino-
avaliação e ao desenvolvimento profissional;
aprendizagem não existe um único
VI – colaborar com as atividades de articulação
caminho a ser seguido, pois muitas vezes
da escola com as famílias e a comunidade.
as estratégias da aula precisam que ser
(BRASIL. Lei nº 9.394, de 20/12/96, art.13).
modificadas e adaptadas de acordo com
as necessidades que surgirem. Contudo
é importante que o graduando considere
algumas orientações de especialistas da
didática da História, por isso a relevância

11
dos estudos sobre a prática de ensino,
sobretudo quando estão voltadas para a
disciplina que será lecionada.
Muitas vezes, a excessiva
carga horária do profissional, a baixa
remuneração e a qualidade dos cursos
de formação que não correspondem
com a necessidades do professor
contribuem para desestimulá-lo a buscar
aprimoramento. Assim como as aulas
precisam ser atrativas para os alunos,
os cursos de aprimoramento precisam
despertar o interesse dos docentes para
que de fato se alcance o desenvolvimento
profissional, o aprofundamento e a
atualização de conhecimentos, a troca de
experiências, a reavaliação das práticas
pedagógicas e o desenvolvimento
de competências importantes para a
docência (como estratégias de motivação
para os alunos, uso de tecnologias,
práticas para a educação inclusiva, para
a educação integral e para projetos
interdisciplinares).

12
A sala de aula é um dos principais aprendizagem dos alunos. Muitas são as
espaços de atuação do professor. É um cobranças que recaem sobre os professores,
1.4. A GESTÃO DA SALA DE AULA
local de convivência, de diversidade, seja pela família, pela escola, pela secretaria
de aprendizagem, de desenvolvimento de educação ou pela sociedade em geral,
humano, de participação, de sujeitos com que consideram esses profissionais como
histórias de vida. Assim, a gestão da sala os principais responsáveis pelo sucesso
de aula é uma tarefa que exige muitas ou fracasso do aluno, desconsiderando os
habilidades do professor, ao ter que demais fatores que podem interferir no
administrar a complexidade das questões processo de aprendizagem: questões sociais,
cognitivas, afetivas e sociais. Este processo cognitivas, familiares, de políticas públicas
envolve conhecimento, planejamento, ou de gestão escolar.
organização, acompanhamento,
administração do tempo e do espaço,
dentre vários outros fatores.
Muitas vezes durante a aula o
professor se depara com situações
BUSQUE POR MAIS
envolvendo os alunos que estão
GUIMARÃES, Selva. Didática e Prática de Ensino
relacionadas a questões familiares e
de História. 13ª Ed. Papirus, 2013. Disponível
sociais, que a adoção de determinadas
em: <https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/
posturas. Logo, antes mesmo de se
Publicacao/21438/pdf/63> Acesso em 10 novembro
iniciar uma abordagem de conteúdo
2019.
é importante que o docente planeje
a melhor forma de estabelecer um
MORAIS, Regis de. Sala de aula: que espaço é
contato inicial com os alunos, através de
esse?. Campinas, SP: Papirus, 2013.
práticas de acolhimento, de construção
coletiva de regras de convivência, de
SCHMIDT, Maria Auxiliadora. “A formação do
rodas de conversa sobre valores, enfim,
professor de História e o cotidiano da sala de
criar um ambiente propício para que os
aula”. In Circe Maria F. Bittencourt (Org.), O
objetivos de aprendizagem, de interação
saber histórico na sala de aula. 2ª ed. São Paulo,
e de formação para a cidadania sejam
Contexto, 1998. Disponível em: <https://plataforma.
alcançados.
bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/37252/pdf/0>.
Uma aula pode ser muito mais
Acesso em 20 outubro 2019.
significativa para os alunos quando os
alunos compartilham experiências e
aprendem a respeitar os pontos de vista,
por exemplo, do que uma explicação
aprofundada sobre determinado
conteúdo. Portanto, a rotina em sala de
aula envolve um processo de interação GLOSSÁRIO

entre professores e alunos, que se Conselho Nacional de Educação: órgão colegiado


deparam com diversas situações que integrante do Ministério da Educação instituído
pela Lei 9.131, de 25/11/95, a fim de colaborar na
exigem desenvoltura, acompanhamento, formulação da Política Nacional de Educação e
conhecimento e organização. exercer atribuições normativas, deliberativas e de
assessoramento ao Ministro da Educação.
Uma vez concluída a graduação,
surgem várias preocupações dos Lei de Diretrizes e Bases (Lei 9394/96): lei
promulgada em 20 de dezembro de 1996 que
egressos dos cursos de licenciatura: sentir define e regulariza a organização da educação
segurança para administrar a classe, brasileira com base nos princípios presentes na
Constituição.
conduzir as aulas, garantir a

13
FIXANDO O CONTEÚDO

Questão 01 - (CONSULPLAN 2018) SEDUC/PA - Adaptado

Leia os trechos a seguir.

“A História é um componente curricular obrigatório no ensino fundamental, porém,


nem sempre desenvolvido de modo adequado, considerando sua importância para
a formação dos indivíduos de modo adequado, considerando sua importância para a
formação dos indivíduos e de modo que possibilitem a construção de conhecimentos
significativos”.
(Disponível em: http://docplayer.com.br/10440110-Fundamentos-e-metodos-do-
ensino-de-historia-algumas-reflexoes-sobre-a-pratica.html.)

“Aprender a ser sujeito da história, adquirir a consciência do mundo como o ser-estar-


do-homem-no-mundo e saber praticar essa consciência em prol da construção de
um mundo cada vez mais humano, de modo que por meio de seus atos o homem
o construa como um mundo cada vez mais para si mesmo, isso dá certo sobretudo
quando se começa desde pequeno” (In: Guimarães; Falleiros, 2005, p. 4).

Diante das premissas anteriormente expostas e do contexto educacional atual, é


possível inferir que ao professor de história:

a) basta ter um profundo conhecimento do conteúdo, a ponto de saber transitar


pelos mais variados conceitos e reflexões, a fim de transmitir com fidedignidade a
essência da verdade histórica a seus alunos.
b) impõe-se a tarefa de expor os princípios da história, de forma categorizada
e dogmática, garantindo, a seus alunos, o contato com o saber histórico erudito,
dissociado de correntes historiográficas ligadas a saberes populares.
c) cabe dominar os principais conceitos de História e os fundamentos teórico-
metodológicos de seu ensino, desenvolvendo habilidades relacionadas a essas áreas
do conhecimento, com uma ação pedagógica reflexiva e transformadora.
d) resta a tarefa de organizar e registrar de forma científica e comprovada o grande
contingente de informações produzidas cotidianamente, elencando em suas aulas
apenas o que pode ser realmente considerado saber histórico.
e) possui o papel de simplificar os conteúdos acadêmicos e reproduzi-los em sala
de aula, sem nenhuma interferência.

14
Questão 02 - (IDHTEC – 2019) Prefeitura de Macaparana/PE

Na complexa realidade do contexto atual, o professor tem um papel imprescindível


no processo ensino-aprendizagem, o qual vai além de levar o estudante a memorizar
conteúdos.

Nessa perspectiva, a ação docente deve:


I. Ser aberta aos questionamentos e curiosidades dos estudantes.
II. Conhecer a realidade social de cada estudante.
III. Contextualizar os saberes relacionando-os a prática social.
IV. Assumir uma postura centralizadora para manter o foco e a disciplina dos estudantes.

Estão corretas:
a) I e II
b) I, II, III
c) III, IV
d) II e IV
e) I, II, III, IV

Questão 03 - (IDHTEC – 2019) Prefeitura de Macaparana/PE

Sobre a organização da educação escolar, a LDB 9394/96, apresenta as atribuições do


docente, dentre as quais temos:

a) Prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento.


b) Articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração
da sociedade com a escola.
c) Estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento.
d) Estabelecer ações destinadas a promover a cultura de paz nas escolas.
e) Assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas.

Questão 04 - Instituto Pró-Município (2018)

A formação permanente ou continuada do professor deve ter como base a reflexão


sobre a prática docente. A respeito deste tema, analise os itens a seguir:

I. A reflexão sobre a prática docente permite que o professor analise, compreenda e


modifique sua realidade;
II. A formação docente abarca a atualização científica e didática, pois trata-se de algo
comum ao grupo de professores. Fatores mais específicos como a valorização da troca
de experiências, reflexão teoria-prática e uma formação crítica do professorado são
importantes, mas não essenciais aos espaços formativos;
III. A formação continuada ou permanente deve ter como meta principal desenvolver
no docente uma capacidade reflexiva sobre sua prática e a realidade que o cerca,
entretanto também deve ser pensada para possibilitar o trabalho conjunto dos
professores, transformando vivências exitosas individuais e isoladas em crescimento
das instituições escolares envolvidas;

15
IV. O professor deve aceitar-se como sujeito em constante “construção”, disposto a
rever sua prática pedagógica através da reflexão e análise crítica de suas atitudes e
ações.

É correto afirmar que:


a) Somente os itens I e II são verdadeiros
b) Somente os itens II e IV são verdadeiros
c) Somente os itens I, III e IV são verdadeiros;
d) Somente o item II é verdadeiro;
e) Todos os itens são verdadeiros.

Questão 05 - (Copese) UFJF 2016 - COLÉGIO DE APLICAÇÃO JOÃO XXIII

Ao longo do tempo, em diferentes momentos históricos, muitos modelos de


professores foram sendo criados. Além do professor como representante do sagrado, o
sacerdote, podemos identificar modelos de professor como seguidor das orientações
de manuais, como um técnico do ensino, como operário da educação, dentre outros,
todos criados no interior de uma realidade social que demandava tais modelos para
atender às necessidades sociais, econômicas e políticas
(FERREIRA, 2005).
Entre os desafios que se colocam ao professor na atualidade, podemos destacar:

a) Rever suas ações e buscar o aperfeiçoamento da sua prática educativa, com


vistas à adequação ao atual momento em que os recursos midiáticos estão assumindo
o protagonismo nas salas de aula.
b) Buscar novos conhecimentos e pautar a sua ação pedagógica com vistas ao
alcance de resultados mais efetivos e mensuráveis da aprendizagem dos alunos.
c) Buscar um modelo único de ensino, de forma a obter uma alternativa de ensino
que atenda a todas as crianças em seus diferentes contextos de aprendizagem.
d) Pautar suas ações em materiais didáticos cuidadosamente elaborados, de forma
a atender às diferentes necessidades educativas dos alunos.
e) Superar o modelo único de ensino, de forma a buscar novas alternativas de
práticas que atendam às necessidades educativas dos alunos.

16
UNIDADE 2

UMA REFLEXÃO SOBRE A REALIDADE


EDUCACIONAL BRASILEIRA

17
O objetivo geral desta unidade é promover
uma reflexão sobre as disparidades do
2.1. INTRODUÇÃO
sistema educacional brasileiro ao se
considerar os índices de qualidade do ensino
e o acesso a oportunidades. A educação foi
um privilégio da elite durante muito tempo
e, mesmo com a ampliação do número de
vagas, não foi assegurada a oferta de um
ensino de qualidade a toda a população. Nas
últimas décadas os indicadores que avaliam
a qualidade da educação no Brasil têm sido
utilizados para no monitorar os sistemas
educacionais e definir de ações voltadas
para as melhorias nas redes de ensino.
Assim, é importante que o graduando se
familiarize com os dados sobre o panorama
atual da educação brasileira, bem como suas
raízes históricas, identificando os desafios e
propostas para que os sistemas de ensino
possam atender às demandas da sociedade
atual.

18
O panorama da educação marcado pelo incentivo à privatização
brasileira no século XXI é marcado por do ensino e à profissionalização do nível
2.2. OS PERCURSOS PARA A DEMOCRATIZAÇÃO

disparidades regionais, no que diz respeito médio. Assim, as classes populares não
a investimentos em infraestrutura, foram atendidas amplamente por esse
oferta de oportunidades, indicadores de modelo.
qualidade, valorização dos professores. O processo de universalização do
O sistema educacional que vigorou por ensino foi impulsionado principalmente
muito tempo no Brasil possuía um caráter a partir da Constituição de 1988 e da
excludente, desfavorecendo a grande publicação da Lei de Diretrizes e Bases
massa popular e garantindo o acesso à n.9.394/96.
educação principalmente à elite.
Como destaca Célia Maria David
(2015), durante o período colonial a
AO ACESSO À ESCOLA

“dinâmica do modelo agroexportador


não requeria uma qualificação que
A LDBEN
FIQUE ATENTO
pudesse ser atribuída à educação;
portanto, a escola, neste período, como A Lei de Diretrizes e Bases da Educação
preocupação estatal, não fazia sentido; Nacional (LDBEN) é a lei que regulamenta
todo o sistema educacional do Brasil, com
era, mesmo, desnecessária” (DAVID, baseada nos princípios da Constituição. A
2015, p. 113). A formação de parte da elite primeira LDBEN foi promulgada em 1961 e
posteriormente reformulada em 1971 e 1996.
durante o período colonial e imperial A Lei nº 9.394/1996 estabeleceu dois níveis de
ocorria na Europa. A autora aponta que ensino: a educação básica (composta pela
educação infantil, pelo Ensino Fundamental
a preocupação do Estado em ofertar e pelo Ensino Médio) e a Educação Superior.
um sistema educacional começou a se Também incluiu outras modalidades do ensino,
como a educação especial, indígena, no campo
delinear no final do século XIX, sobretudo
e ensino a distância, aumentou o tempo letivo
no início da República, a fim de consolidar para pelo menos 200 dias e 800 horas, dentre
uma identidade nacional e de atender outras determinações. Outras alterações
significativas na LDBEN foram feitas desde a
aos interesses do novo regime político do sua implantação, como a ampliação da duração
país. do Ensino Fundamental obrigatório para nove
anos e a inclusão da obrigatoriedade do estudo
Durante o período da República da história e cultura afro-brasileira e dos povos.
Velha algumas reformas foram realizadas
sem êxito, visto que se baseavam em
um currículo acadêmico-aristocrático No entanto, a democratização do
que não priorizava o acesso das acesso à escola não significou a garantia
classes populares à educação. Outras de uma educação de qualidade e nem
reformas foram realizadas nas décadas mesmo a permanência do aluno na
subsequentes, como na Era Vargas, escola. A ampliação da oferta de vagas nos
que reduziu a autonomia dos Estados últimos anos não veio necessariamente
nas questões educacionais para adotar acompanhada de um aumento dos
medidas centralizadoras para o ensino no investimentos na educação e na
Brasil de acordo com as determinações superação de problemas que perduram
do governo federal. há muito tempo, como inadequada
Nos governos militares, apesar estrutura nas escolas, falta de materiais,
aumento do número de alunos precárias condições de trabalho e má
matriculados e da redução dos índices remuneração dos docentes.
de analfabetismo, houve pouco
comprometimento do Estado com a
educação pública. Este período ficou

19
Em muitos casos, progressão dos
alunos de uma série para outra ocorre de
maneira artificial, sem que as habilidades e
competências necessárias ao avanço para outra
etapa de ensino tenham sido consolidadas.
Desse modo, observa-se que o acesso à escola
foi ampliado, mas isso não significa garantia de
aprendizagem e permanência escolar, como
ressalta Selva Guimarães (2012):

Este fato é revelador de faces da educação


básica brasileira, decorrentes das políticas
públicas e gestão educacional, tais como:
precárias condições de trabalho dos
professores, excessiva carga horária, baixos
salários, ausência de efetivos projetos
de formação continuada, inadequadas
condições físicas e materiais das escolas,
falta de apoio pedagógico, violência e
indisciplina estudantil, dentre outras.
É certo que já avançamos muito, mas
essas características listadas ainda fazem
parte do cenário educacional. Devemos
considerar também as características
das relações entre os diversos espaços de
produção e difusão de saberes em nosso
país, tão marcado pela concentração
de renda e desigualdade sociocultural.
(GUIMARÃES, 2013, p. 42)

Ou seja, embora o percentual da população


brasileira que frequenta a escola atualmente
seja maior do que em décadas anteriores,
existem muitos desafios a serem superados para
que os indicadores educacionais atinjam níveis
recomendáveis. Apesar das transformações
ocorridas no sistema educacional brasileiro
nas últimas décadas, percebe-se que ainda
persistem entraves como as disparidades
regionais e a desigualdade de oportunidades
entre os estudantes que frequentam a rede
pública e a rede particular de ensino.

BUSQUE POR MAIS

SOARES, Kátia Cristina Dambiski; SOARES,


Marcos Aurélio Silva. Sistemas de ensino: legislação e
política educacional para a educação básica. Curitiba:
Intersaberes, 2017.

Disponível em: <https://plataforma.bvirtual.com.


br/Leitor/Publicacao/49254/pdf/0> Acesso em 03
dezembro 2019.

20
De acordo com o Anuário Brasileiro ensino superior, muitos alunos oriundos
INDICADORES DE QUALIDADE DA EDUCAÇÃO de Educação Básica (2019), baseado nos da rede pública não alcançam o nível de
dados de 2018, 68,1% dos adolescentes proficiência recomendado em leitura,
da Região Norte concluíram o Ensino escrita e operações matemáticas.
2.3. OS NÚMEROS DA DESIGUALDADE E OS

Fundamental com 16 anos, contra 81,9% Assim, as diferenças


no Sudeste. Outra demonstração de socioeconômicas também geram
desigualdade é a taxa de atendimento impactos no tempo de escolaridade
nas matrículas de jovens de 6 a 14 anos da população e no acesso ao Ensino
que, no Ensino Fundamental, é maior Superior. A diferença no tempo de estudo
entre brancos do que entre negros. A entre os 25% mais ricos e os 25% mais
escolaridade média da população urbana pobres da sociedade brasileira é de 3,8
no país é de 11,6 anos, dois anos a mais do anos. A taxa de matrícula de brancos na
que a da população rural. Educação Superior é de 30,7%, enquanto
Em relação às habilidades de a de negros é de 15,1%. Apenas 8% dos
leitura, 14,1% das crianças de nível jovens do campo de 18 a 24 anos estão
socioeconômico muito baixo possuem na Educação Superior, uma proporção
nível suficiente de alfabetização, três vezes menor que os que residem em
enquanto 83,5% das crianças com nível regiões urbanas.
socioeconômico muito alto alcançam Portanto, percebe-se que o nível
essa proficiência. A avaliação de leitura de escolaridade da população brasileira
também apresenta melhores resultados varia consideravelmente de acordo com
nas áreas urbanas, onde 47,7% das a cor, o nível socioeconômico e a região.
crianças atingem nível suficiente, contra A disparidade entre brancos e negros,
29,8% das crianças da zona rural. ricos e pobres, população urbana e rural e
No Ensino Médio as desigualdades entre as regiões brasileiras são evidentes.
ficam ainda mais evidentes. A região
Sudeste concentra o maior percentual
de jovens matriculados. Em 2018, a taxa
de matrícula nesse nível foi de 75,6%,
enquanto no Nordeste foi de 60,4%.
A diferença entre a taxa líquida de FIQUE ATENTO

matrícula entre jovens brancos e negros


é de 11,7%. Em relação à conclusão dessa Nas últimas décadas, o uso de
indicadores que avaliam a qualidade da
modalidade de ensino, somente 43,3% educação no Brasil tem adquirido uma
dos jovens concluíram o Ensino Médio importância cada vez maior no monitoramento
até os 19 anos na Bahia, enquanto a dos sistemas educacionais e na definição
de ações voltadas para o alcance de metas
proporção em São Paulo é de 78,3%. e para as melhorias nas redes de ensino.
Outro fator que demonstra a assimetria Os indicadores são compostos por valores
nos índices educacionais no país é a estatísticos que consideram o desempenho
dos alunos em avaliações exte rnas, bem como
discrepância entre os resultados de o contexto econômico e social em que as
alunos oriundos da rede pública e da escolas estão inseridas, considerando o acesso,
rede privada. Os melhores resultados na a permanência e a aprendizagem de todos os
alunos. A divulgação das notas das escolas e sua
rede pública são dos alunos de institutos comparação com os índices dos municípios,
federais. estados e até mesmo em âmbito federal
Os mesmos resultados não podem contribuem para redirecionar as políticas
públicas e até mesmo a gestão escolar.
ser aplicados na maior parte das escolas
estaduais e municipais. Enquanto o
ensino privado prepara os alunos para o

21
Um dos indicadores utilizados Um dos indicadores utilizados
para mensurar a qualidade da educação para mensurar a qualidade da educação
brasileira atualmente é o IDEB. O Índice brasileira atualmente é o IDEB. O Índice de
de Desenvolvimento na Educação Básica Desenvolvimento na Educação Básica foi
foi criado em 2007 pelo Instituto Nacional criado em 2007 pelo Instituto Nacional de
de Estudos e Pesquisas Educacionais Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Anísio Teixeira (Inep), uma autarquia Teixeira (Inep), uma autarquia do Ministério
do Ministério da Educação (MEC), com da Educação (MEC), com o objetivo de
o objetivo de medir a qualidade do medir a qualidade do aprendizado nas
aprendizado nas escolas brasileiras escolas brasileiras e estabelecer metas para
e estabelecer metas para a melhoria a melhoria do ensino. Para calcular o IDEB
do ensino. Para calcular o IDEB são são utilizados instrumentos como a taxa de
utilizados instrumentos como a taxa aprovação, reprovação e evasão da escola,
de aprovação, reprovação e evasão da questionários socioeconômicos e o resultado
escola, questionários socioeconômicos dos alunos nas provas periodicamente
e o resultado dos alunos nas provas aplicadas pelo Inep, como as do Sistema de
periodicamente aplicadas pelo Inep, como Avaliação da Educação Básica (Saeb), que
as do Sistema de Avaliação da Educação avalia o desempenho dos alunos em Língua
Básica (Saeb), que avalia o desempenho Portuguesa e Matemática. A população em
dos alunos em Língua Portuguesa e geral pode ter acesso a esses dados, através
Matemática. A população em geral pode de um sistema online de consultas, onde
ter acesso a esses dados, através de um deverá ser informado o Estado, o município
sistema online de consultas, onde deverá e o nome da escola a ser pesquisada. Assim,
ser informado o Estado, o município e o o usuário pode se informar sobre todas
nome da escola a ser pesquisada. Assim, as notas obtidas pela escola e também
o usuário pode se informar sobre todas compará-las com outras unidades.
as notas obtidas pela escola e também
compará-las com outras unidades.

SCANEIE O CÓDIGO
E ACESSE O LINK

BUSQUE POR MAIS

CHIRINEA, Andréia Melanda and BRANDAO, Carlos da Fonseca. O IDEB como política de regulação do
Estado e legitimação da qualidade: em busca de significados. Ensaio: aval.pol.públ.Educ. [online]. 2015,
vol.23, n.87, pp.461-484. ISSN 0104-4036. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
40362015000200461&lng=en&nrm=iso&tlng=pt

Indicadores da educação. Anuário Brasileiro da Educação Básica (https://www.todospelaeducacao.org.br/_


uploads/_posts/302.pdf)

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.html)

Vídeo - Panorama da Educação no Brasil – TV Brasil https://www.youtube.com/watch?v=2hfUTDz2f3E

22
continua tradicional. É necessário repensar o
2.4. NOVOS DESAFIOS E
modelo de educação e as práticas pedagógicas
PROPOSTAS NA EDUCAÇÃO para que as aulas sejam atrativas e os objetivos
de aprendizagem sejam alcançados.
Além do enfrentamento de questões com
raízes históricas, como o acesso e permanência
no ensino, a qualidade da aprendizagem e a 2.4.2. Educação integral
desigualdade de oportunidades, a educação
brasileira no século XXI se depara com novos Nos últimos anos tem se enfatizado cada
desafios a serem superados, como o uso de vez mais a necessidade de expansão da oferta do
tecnologias, a ampliação da educação integral ensino integral no Brasil. Por um lado, isso é um
e da educação inclusiva, além da necessidade dado positivo, visto que possibilita o aumento
de se repensar e investir na formação docente, do rendimento escolar, o aprofundamento de
de modo a atender às demandas da sociedade conhecimentos, o acesso a várias atividades
atual. artísticas e esportivas e o desenvolvimento de
novas habilidades.
No entanto, é importante ressaltar que a
2.4.1 O uso de tecnologias Educação Integral não é mesmo que educação
em tempo integral, ou seja, não se trata
Em muitas escolas públicas no Brasil simplesmente da ampliação da carga horária
atualmente o uso da tecnologia já é uma do aluno, mas sim oportunizar a formação do
realidade. O uso do celular, do data show, aluno em diversos aspectos: intelectual, social,
dos computadores, de softwares, aplicativos cultural, físico, dentre outros. Implica em
e de plataformas educacionais tem crescido fornecer meios para que o aluno compreenda
consideravelmente nas instituições de a realidade em que vive e a sua capacidade de
ensino. No entanto, como em vários aspectos transformação.
mencionados neste capítulo, o acesso a Apesar de encontrar amparo na Lei
recursos tecnológicos é bem assimétrico. As de Diretrizes e Bases de 1996, a expansão da
novas possibilidades e propostas na educação Educação Integral no Brasil enfrenta vários
com o uso de tecnologias se deparam, obstáculos, como a falta de projeto pedagógico
em muitos locais, com as limitações nas específico, a falta de estrutura e de investimento
estruturas das escolas, como o baixo número adequado, a insuficiente formação didática dos
de equipamentos, a insuficiência de internet monitores e profissionais envolvidos e a falta de
para atender às necessidades da escola e a parceria com outras instituições que possam
falta de metodologias adequadas para integrar oferecer novos espaços e possibilidades.
os recursos tecnológicos com criatividade e
enriquecer as aulas de maneira significativa.
Além da imprescindibilidade de se
ofertar a tecnologia com qualidade de maneira
equitativa em todas as regiões e redes de
ensino, é importante se repensar a formação
dos professores para trabalhar com uma
geração que já nasceu familiarizada com a
internet e aparelhos eletrônicos, de modo a
conseguir bons resultados de aprendizagem.
Afinal, uma escola bem equipada não significa,
necessariamente, a garantia de que o aluno irá
adquirir conhecimento, se a forma de ensinar

23
No processo de educação integral, além em todos os níveis, além de possibilitar
da gestão do tempo, é necessário um projeto formação de professores e profissionais da área,
pedagógico que contemple o desenvolvimento a participação da família e da comunidade, e
global do aluno, com objetivos definidos para a acessibilidade mobilidade e equipamentos,
cada atividade, que promova uma integração nos transportes, na comunicação e informação.
do aluno com a realidade em que está inserido A oferta desse atendimento deve ocorrer
e que contribua também para sua formação preferencialmente na rede regular de ensino,
como cidadão. Ou seja, não se trata apenas mas também pode ser realizado por meio de
de estender a jornada escolar do aluno com convênios com instituições especializadas, o
atividades extras, mas incluir no planejamento que não descaracteriza a concepção de um
os objetivos que sejam relevantes para a sistema educacional inclusivo.
formação plural desse estudante. Também é Ainda há muito que se avançar nesse
fundamental repensar a prática dos professores sentido, como um atendimento eficiente que
e elaborar projetos que incentivem promovam contemple instrumentos que são fundamentais
a articulação entre a escola e a sociedade. para o processo de aprendizagem, como ensino
de libras, de braile, confecção e uso de materiais
diferenciados; condições de mobilidade como
2.4.3. A educação inclusiva rampas, elevadores, piso guia para cegos;
a disponibilidade de recursos e materiais
diferenciados; o atendimento de uma equipe
Outro desafio para o sistema educacional
de profissionais especializados, dentre outros.
brasileiro na atualidade diz respeito à ampliação
Além disso, é imprescindível que se
da educação inclusiva, a fim de possibilitar o
estabeleça uma parceria entre os profissionais
acesso e a permanência de todas as pessoas na
da saúde, os docentes, as famílias, os demais
escola e que seja garantida uma escolarização
alunos e toda a comunidade escolar para que
com qualidade, acessibilidade e mobilidade
o processo de inclusão obtenha êxito. Esse
para todos os estudantes, preferencialmente
processo possibilita o desenvolvimento não
no ensino regular.
só dos alunos com necessidades especiais,
No Brasil, a pauta da educação inclusiva
mas também contribui para que os demais
tem ganhado espaço nos últimos anos,
estudantes ampliem a visão de mundo,
principalmente a partir da Constituição de 1988,
fortaleçam a convivência e a valorizem a
que enfatizou a ideia de educação para todos,
diversidade.
ampliando as discussões sobre as práticas
inclusivas no ambiente escolar. Em outras
partes do mundo o movimento em prol da
educação inclusiva também se intensificou, a
partir de encontros, conferências e documentos
direcionados ao assunto.
A partir da elaboração das diretrizes
da Política Nacional de Educação Especial
na perspectiva da Educação Inclusiva foram
sistematizados os objetivos e as funções do
Atendimento Educacional Especializado
(AEE) cuja atribuição é possibilitar o acesso, a
participação e a aprendizagem dos alunos com
algum tipo de necessidade educacional especial
nas escolas regulares e orientar os sistemas de
ensino a fim de garantir a educação especial

24
2.4.4. O investimento na
formação de professores
GLOSSÁRIO

Para que os desafios da educação básica INEP: Instituto Nacional de Educação Básica (IDEB) é
no século XXI, mencionados acima uso de um indicador criado em 2007, que reúne os resultados
tecnologias, ampliação da educação integral e do fluxo escolar e das médias de desempenho nas
da educação inclusiva –sejam enfrentados com avaliações, a fim de estabelecer um parâmetro para a
êxito, é imprescindível investir na formação qualidade da educação brasileira.
docente e repensar o papel do professor. Muitas
vezes, a excessiva carga horária do profissional, MEC: O Ministério da Educação é um órgão do
a baixa remuneração e a qualidade dos cursos governo federal criado em 1930, sendo responsável
de formação que não correspondem com a pelos assuntos relacionados à educação e cultura em
necessidades do professor contribuem para todo território nacional. É o órgão superior de todas
desestimulá-lo a buscar aprimoramento. as secretarias de educação estaduais e municipais do
Assim como as aulas precisam ser atrativas Brasil.
para os alunos, os cursos de aprimoramento
precisam despertar o interesse dos docentes Educação integral: concepção que compreende que
para que de fato se alcance o desenvolvimento a educação deve garantir o desenvolvimento dos
profissional, o aprofundamento e a atualização sujeitos em todas as suas dimensões – intelectual,
de conhecimentos, a troca de experiências, física, emocional, social e cultural.
a reavaliação das práticas pedagógicas e o
desenvolvimento de competências importantes Educação inclusiva: concepção de ensino que tem
para a docência (como estratégias de motivação como objetivo garantir o direito de todos à educação.
para os alunos, uso de tecnologias, práticas para Compreende a Educação Especial dentro da escola
a educação inclusiva, para a educação integral regular e transforma a escola em um espaço para
e para projetos interdisciplinares). todos. Pressupõe a igualdade de oportunidades e a
valorização das diferenças humanas, contemplando,
assim, as diversidades étnicas, sociais, culturais,
intelectuais, físicas, sensoriais e de gênero dos seres
humanos. Implica a transformação da cultura, das
práticas e das políticas vigentes na escola e nos
VAMOS PENSAR? sistemas de ensino, de modo a garantir o acesso, a
participação e a aprendizagem de todos, sem exceção.
Além do que foi discutido nessa unidade, que outras
questões atuais podem ser apontadas como desafios
para a educação brasileira no século XXI? Quais seriam
os possíveis caminhos para superar esses obstáculos?

25
FIXANDO O CONTEÚDO

Questão 01 – (UFJF 2019) Concurso do Colégio de aplicação João XXIII

As diretrizes da Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação


Inclusiva (BRASIL, 2008) indicam que o atendimento educacional especializado (AEE)
tem como função principal:

a) Criar atividades pedagógicas para apoiar estudantes com dificuldades de


aprendizagem em espaços exclusivos destinados a acompanhamento individual.
b) Identificar as dificuldades específicas dos estudantes e encaminhar para
especialistas que possam atender suas necessidades.
c) Identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que
eliminem as barreiras para a plena participação dos estudantes.
d) Acompanhar o trabalho realizado nas classes comuns para diagnosticar quais os
problemas que ocorrem nos processos de ensino que prejudicam a aprendizagem dos
estudantes.
e) Buscar recursos na comunidade para desenvolver projetos de inclusão para
estudantes com deficiência.

Questão 02 – (UFJF 2019) Concurso do Colégio de aplicação João XXIII

“Seres humanos são diversos em suas experiências culturais, são únicos em suas
personalidades e são também diversos em suas formas de perceber o mundo. Seres
humanos apresentam, ainda, diversidade biológica. Algumas dessas diversidades
provocam impedimentos de natureza distinta no processo de desenvolvimento das
pessoas (...) Como toda forma de diversidade é hoje recebida na escola, há a demanda
óbvia por um currículo que atenda a essa universalidade” (LIMA, 2006, p. 17).
Um currículo que busca atender a diversidade presente nas salas de aula precisa prever
minimamente:

a) Uma base curricular comum que garanta a homogeneidade do ensino.


b) Diferenciações e adaptações para alguns, mesmo que pareçam excludentes.
c) Uma grade de conteúdos que todos devem aprender da mesma forma.
d) A possibilidade de cada estudante escolher o que quer aprender.
e) Acessibilidade ao currículo por meio de diversidade de ações e variadas linguagens.

26
Questão 03 – (UFJF 2016) Concurso do Colégio de aplicação João XXIII

Ampliar o período que a criança passa na escola não garante o aumento das oportuni-
dades de aprendizado nem a melhoria da qualidade do ensino. Para um resultado po-
sitivo, as novas atividades precisam ter conexão com o projeto pedagógico da escola e
devem ser oferecidas por profissionais afinados com os objetivos da instituição. O Brasil
possui experiências variadas nessa área e até mesmo por isso o assunto tem gerado
muita discussão nas esferas governamentais e entre pesquisadores.

Sobre os fundamentos da Escola de Tempo Integral relativos aos processos pedagógicos,


assinale V para as afirmativas verdadeiras e F para as afirmativas falsas.

( ) Necessitam ser reproduzidos em outro turno para que haja aprendizagem


consistente.
( ) Implicam tempos, espaços e oportunidades educativas, desenvolvidos
exclusivamente nas escolas.
( ) Devem contemplar uma educação integral, desenvolvendo corpo, mente e vida
social dos estudantes.
( ) Precisam respeitar a lógica e as etapas de formação humana dos estudantes.

Marque a sequência CORRETA:


a) V, F, V, F.
b) F, V, F, V.
c) V, V, F, V.
d) F, F, V, V.
e) V, V, F, F.

Questão 04 – (IDECAN 2019) Concurso IFPB

Em relação aos indicadores Educacionais, analise as afirmativas a seguir.


I. Os indicadores são compostos por parâmetros quantitativos e qualitativos que
auxiliam no acompanhamento de determinada atividade, apontando se os objetivos
estão sendo atingidos ou se há necessidade de intervenção.
II. Indicadores qualitativos podem ser expressos em quantidades e percentuais.
Resultantes de apurações, contabilizações e estatísticas, são apresentados em valores
objetivos ou absolutos, referentes a fatos e empíricos da realidade social em uma
pesquisa ou em um processo de avaliação.
III. Os indicadores educacionais atribuem valor estatístico à qualidade do ensino, atendo-
se não somente ao desempenho dos alunos mas também ao contexto econômico e
social em que as escolas estão inseridas.

Está correto apenas o que se afirma em:


a) Se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
b) Se todas as afirmativas estiverem corretas.
c) Se somente a afirmativa II estiver correta.
d) Se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
e) Se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

27
Questão 05 – (Copese UFJF 2016) Colégio de Aplicação João XXIII

Na última década, o país registrou uma evolução significativa na política de inclusão


das crianças com deficiência em escolas de ensino regular. Acerca do processo de
inclusão, pode-se afirmar:

I. O processo de inclusão se refere a um processo educacional que visa estender ao


máximo a capacidade da criança portadora de deficiência na escola e na classe regular.
Envolve fornecer o suporte de serviços da área de Educação Especial através dos seus
profissionais.
II. Compreende-se por educação inclusiva o processo de inclusão dos portadores de
necessidades especiais ou de distúrbios de aprendizagem na rede comum de ensino
em todos os seus graus.
III. Incluir significa perceber que as crianças podem aprender juntas, embora tendo
objetivos e processos diferentes.
IV. Incluir significa propiciar um atendimento integrado à criança na classe comum
e levar os professores a estabelecer formas criativas de atuação com as crianças
portadoras de deficiência.

Marque a alternativa CORRETA.


a) Somente as alternativas I e II estão corretas.
b) Todas as alternativas estão incorretas.
c) Somente as alternativas II e III estão corretas.
d) Todas as alternativas estão corretas.
e) Somente a alternativa IV está incorreta.

28
UNIDADE 3

UMA REFLEXÃO SOBRE A REALIDADE


EDUCACIONAL BRASILEIRA

29
A terceira unidade da disciplina tem
como objetivo discutir o papel da História
3.1. INTRODUÇÃO

na educação básica nos diferentes


momentos políticos da História do Brasil, que
durante um longo período esteve voltado
para atender aos interesses do Estado e
das elites, através do fortalecimento do
civismo, do patriotismo e da consolidação
de uma identidade nacional. Todavia,
as transformações políticas e sociais
no país, sobretudo a partir dos anos
1980, e as novas produções acadêmicas
contribuíram para as discussões acerca da
necessidade de mudanças no ensino de
História. As novas propostas se voltaram
para o caráter reflexivo da disciplina,
que possui um papel fundamental na
construção da cidadania, estimulando a
liberdade de pensamento do indivíduo
e contribuindo para a construção de
identidades pessoais e sociais e para a
formação de uma sociedade ciente de
seus direitos. Assim, o a unidade também
propõe que o graduando analise o papel
do professor na construção da identidade
e na formação cidadã, bem como sobre o
desenvolvimento de práticas de cidadania
no ambiente escolar.

30
A reflexão sobre o papel da História na possibilitou abordagens mais próximas da
educação básica é de grande importância realidade dos alunos e reflexões acerca do
3.2. OS OBJETIVOS DA HISTÓRIA

na formação docente, visto que pode meio em que vivem.


influenciar em suas metodologias em sala As discussões acerca do papel
de aula e direcionar suas práticas voltadas da História na formação de crianças
para a formação dos alunos. e jovens se voltaram para o caráter
NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Durante muito tempo o ensino de reflexivo da disciplina, que possui um


História na Educação Básica se concentrou papel fundamental na construção da
em atender aos interesses do Estado e das cidadania, estimulando a liberdade de
elites, que buscavam uma formação moral pensamento do indivíduo e contribuindo
que fortalecesse o civismo e o patriotismo, para a construção de identidades pessoais
a fim de consolidar uma identidade e sociais e para a formação de uma
nacional que correspondesse aos anseios sociedade ciente de seus direitos. Desse
dos grupos que estavam no poder. No modo, o ensino de História deve estar
Brasil, isso pode ser observado no processo alinhado a esses objetivos.
de instituição da República, bem como na De acordo com Circe Bittencourt, as
Era Vargas e no regime militar. Por isso, transformações sofridas pela sociedade, o
as abordagens de ensino enfatizavam as desenvolvimento tecnológico, responsável
datas cívicas, os grandes heróis da nação e por mudanças aceleradas e pela circulação
os acontecimentos políticos. de grande quantidade de informações
Nesse contexto, pouco se discutia implicaram em novas exigências para a
sobre o papel da disciplina na educação História enquanto disciplina da Educação
básica. Todavia, as transformações políticas Básica, como a de “identificar as relações
e sociais no país, sobretudo a partir dos anos entre as atuais necessidades da sociedade
1980, e as novas produções acadêmicas contemporânea e o conhecimento
contribuíram para as discussões acerca da histórico a ser veiculado pelas propostas
necessidade de mudanças no ensino de curriculares”. Assim, a disciplina escolar
História. Hoje já está disseminada a noção deve estar articulada aos grandes objetivos
de que o ensino de História não se trata da da sociedade. (BITTENCOURT, 2004, p. 14-
mera reprodução de conhecimentos ou da 17)
transposição dos conteúdos das pesquisas
de historiadores ou ainda de conduzir os
estudantes a memorizarem datas, fatos
e biografias de grandes personalidades,
uma vez que essas ações não contemplam
os objetivos de promoverem a autonomia
e a atitude intelectual dos educandos.
O ensino de História tradicional,
que mostrava o ponto de vista do Estado
e das elites não abria espaço, por exemplo,
para o ponto de vista de grupos como
índios e negros na História do Brasil, o
que também não possibilitava as ações
e reflexões acerca de seus problemas. A
partir do momento em que as aulas de
História passaram a englobar a trajetória
de grupos sociais e de pessoas comuns e a
tratar questões do cotidiano, isso também

31
3.3. O PAPEL DO PROFESSOR NA CONSTRUÇÃO O estudo de outras sociedades, momentos se sentirá qualificado e inclinado a exercer.
O verdadeiro potencial transformador da
históricos, culturas e valores pode ser História é a oportunidade que ela oferece
explorado pelo professor como uma de praticar a “inclusão histórica”. (PINSKY &
PINSKY, 2003, p. 28).
DA IDENTIDADE E NA FORMAÇÃO CIDADÃ

ferramenta para a reflexão acerca de seu


meio, para a construção da identidade
coletiva do aluno e para que este se Nesse sentido, o professor desempenha
identifique como um sujeito histórico. um papel fundamental neste processo
Sobre o papel do estudo da História da de reflexão do aluno sobre seu meio e em
construção da identidade dos alunos, sua formação cidadã. Ao instigar o aluno
Circe Bittencourt ressalta que: a refletir sobre os seus valores e práticas
cotidianas e estabelecer relações com o
meio em que vive e com outras culturas
Este fato é revelador de faces da educação
básica brasileira, decorrentes das políticas
e temporalidades, o professor pode
públicas e gestão educacional, tais como: contribuir para que sejam desenvolvidas
precárias condições de trabalho dos
professores, excessiva carga horária, baixos habilidades para que os estudantes
salários, ausência de efetivos projetos possam intervir na sociedade.
de formação continuada, inadequadas
condições físicas e materiais das escolas, Para isso, o docente de História precisa
falta de apoio pedagógico, violência e
indisciplina estudantil, dentre outras.
de um permanente aperfeiçoamento,
É certo que já avançamos muito, mas além do domínio do conteúdo a ser
essas características listadas ainda fazem
parte do cenário educacional. Devemos ensinado é imprescindível que o professor
considerar também as características busque constante atualização sobre as
das relações entre os diversos espaços de
produção e difusão de saberes em nosso metodologias, linguagens, práticas de
país, tão marcado pela concentração
de renda e desigualdade sociocultural.
ensino, produções acadêmicas e as novas
(GUIMARÃES, 2013, p. 42) tecnologias. Também é importante que o
professor conheça a realidade do aluno, a
No entanto, é preciso salientar a importância fim de criar estratégias para estimular a sua
das escolhas pedagógicas do professor curiosidade e participação, propiciando
para que os alunos compreendam as questões que levantem debates e
limitações e especificidades de seu tempo promovam a empatia e a analogia do
e para que estes desenvolvam a habilidade estudante.
de identificar semelhanças e diferenças
entre os períodos mais distantes e os
acontecimentos atuais. Desse modo, ao SCANEIE O CÓDIGO
estabelecer as relações entre presente E ACESSE O LINK
BUSQUE POR MAIS
e passado e ao sentir a proximidade da
história com o contexto em que vive, o BITTENCOURT, Circe. O saber histórico na sala de
aluno percebe-se como um ser social e aula. 2ª edição. São Paulo: Contexto, 1998.
um sujeito histórico. Para Jaime Pinsky e
Carla Bassanezi Pinsky (2003), o aluno Disponível em: <https://plataforma.bvirtual.com.
br/Leitor/Publicacao/37252/pdf/0>. Acesso em 20
outubro 2019.
(...) precisa saber que não poderá nunca se
tornar um guerreiro medieval ou um faraó GUIMARÃES, Selva. Ensino de história e
egípcio. Ele é um homem de seu tempo cidadania. Campinas, SP: Papirus, 2017.
e isso é uma determinação histórica. (...)
Cabe ao professor aproximar os alunos dos
personagens concretos da História, sem Disponível em:
idealização, mostrando que gente como a <https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor
gente vem fazendo História. Quanto mais o /Publicacao/115910/
aluno sentir a História como algo próximo
dele, mais terá vontade de interagir com
ela, não como uma coisa externa, distante,
mas como uma prática que ele

32
O trabalho do professor de História (BRASIL. Lei nº 9.394, de 20/12/96, art.14).
no processo de construção da cidadania
3.4. AS PRÁTICAS DE CIDADANIA NO

encontra no espaço escolar um local Ou seja, o princípio de gestão democrática


propício para exitosas práticas, uma vez que compreende que a administração escolar deve
envolver a participação de toda a comunidade
é um ambiente de convivência, de diálogo,
(professores, aluno, pais e responsáveis, equipe
de pluralidade de ideias, de compreensão pedagógica, direção e demais funcionários),
de diferenças e singularidades, de direitos nas decisões da instituição de ensino. São
e deveres, de modo que o aluno possa exemplos dessa participação: a elaboração do
AMBIENTE ESCOLAR

Plano Político Pedagógico, o fortalecimento


desenvolver a responsabilidade, o senso
do Conselho Escolar, a formação do grêmio
crítico e a autonomia. Ou seja, é um estudantil, a decisão sobre as prioridades
lugar que oportuniza a articulação entre na aquisição de recursos, dentre outros. É
objetivos da disciplina e as demandas da importante ressaltar que nesses exemplos, cada
segmento da comunidade escolar possui uma
sociedade.
atribuição específica.
A escola é o espaço que possibilita
ao aluno as primeiras experiências de
socialização e participação coletiva,
Desse modo, é possível vivenciar a
através de grêmios estudantis,
cidadania de forma prática no ambiente
colegiado, projetos e outras experiências
escolar. Afinal, a escola não deve ser vista
educativas. Para Selva Guimarães (2017),
apenas como uma ferramenta para a
a gestão democrática das escolas pode
inserção no mercado de trabalho, mas
potencializar as práticas de cidadania,
sim, como um espaço de formação dos
fortalecendo os colegiados, os conselhos
cidadãos. Para isso, é necessário superar
de classe, trabalhos comunitários, projetos
o caráter conteudista do ensino centrada
transversais e interdisciplinares. E nesse
transmissão do conhecimento pelo
contexto, as disciplinas que, como a
professor e na absorção deste pelo aluno.
História, tem como objeto de estudo temas
É necessário estimular o diálogo e criar
relacionados à questão da cidadania
possibilidades para que as crianças e os
possuem o papel de promover estudos e
jovens reflitam sobre os temas abordados
aprendizados de princípios e valores da
em sala de aula e os relacionem com a
democracia, dos direitos sociais, civis e
sociedade em que vivem, para que possam
políticos. (GUIMARÃES, 2017, p. 108-110)
se tornar agentes transformadores em seu
meio.
Através das aulas de História
os alunos podem compreender as
FIQUE ATENTO raízes históricas de muitos problemas
enfrentados pela sociedade brasileira,
O artigo 14 da Lei de Diretrizes e Bases (Lei
n. 9.394/96) estabelecer que as instituições como a concentração de renda, a exclusão,
públicas que ofertam a Educação Básica devem o preconceito e a corrupção. O estudo
ser administradas com base no princípio da dos processos históricos associado à
Gestão Democrática.
problematização da vida social auxilia
Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as
normas da gestão democrática do ensino o aluno a perceber as mudanças, as
público na Educação Básica, de acordo com as permanências, as contradições e as
suas peculiaridades e conforme os seguintes ambiguidades do mundo em que vive
princípios:
e a atuar como agente transformador,
I - participação dos profissionais da educação na
elaboração do projeto pedagógico da da escola;
questionando e se mobilizando contra as
II - participação das comunidades escolar e situações de opressão, a fim e construir
local em conselhos escolares ou equivalentes. uma sociedade mais democrática.

33
As experiências de participação coletiva
na escola podem contribuir para a criação de
ações de combate à intolerância e a corrupção,
de inclusão, de valorização do patrimônio,
dentre outras questões fazem parte do universo
desse aluno. Ou seja, a socialização e as práticas
de cidadania dentro da escola podem conduzir
os alunos a desenvolverem a autonomia, o senso
de responsabilidade, a luta por seus direitos e o
exercício de seus deveres.

VAMOS PENSAR?

O vídeo abaixo, pertencente ao programa Caminhos


da Escola da TV Escola, apresenta a temática Educação
para a Cidadania. O vídeo retrata o ambiente escolar
e mostra algumas experiências e possibilidades para
o exercício da cidadania na escola, como o caso da
Escola Estadual Julieta Caldas, em Taboão da Serra -
SP, em que os alunos estudam, discutem e solucionam
juntos questões de respeito mútuo, discriminação e
direitos humanos.

Disponível em: <https://www.youtube.com/


watch?v=aZH2UXiJvbE>

Com base no vídeo e nos temas abordados por esta


unidade, responda:
• Qual o papel da História na Educação Básica,
considerando-se o contexto atual?
• Que situações, práticas escolares e que
estratégias nas aulas de História podem
estimular os alunos a exercerem a cidadania?

GLOSSÁRIO

Projeto político-pedagógico (PPP): documento que


norteia as ações da instituição de ensino a partir de
diretrizes, métodos e metas para o processo educativo
e é elaborado em consonância com os valores da
instituição e com as expectativas da comunidade
escolar.

Conselho escolar: órgão colegiado composto por


representantes da comunidade escolar e local que
debate, acompanha e delibera sobre questões político-
pedagógicas, administrativas e financeiras da escola.

34
FIXANDO O CONTEÚDO

Questão 01 - IFSP (2015)

Ensinar História hoje – História como construção, diálogo passado/presente,


problematização de questões oriundas do presente, mas que se apresentam em
diferentes tempos históricos –, nos parece, encerra uma questão básica: como ensinar
os alunos a pensar historicamente? Em outras palavras: como direcionar as ações
pedagógicas no sentido do desenvolvimento do pensamento histórico dos alunos?
Sem dúvida, tarefa das mais complexas, considerando que o exercício mental de pensar
historicamente não é uma capacidade inata, ou mesmo dada, mas, sim, uma forma de
raciocinar adquirida através da prática sistemática e específica de operações cognitivas
e afetivas (ANDRADE, 2007, p. 235).

A proposição da autora Vera Andrade sobre o ensino de História (assinale a alternativa


correta):

a) Reduz o ensino da História a um campo do conhecimento que se restringe a


narrar o passado.
b) Apresenta o desafio atual para os que se dedicam ao ensino de História, ou seja, o
de constituir uma disciplina que permita ao aluno, pela análise do passado, construir um
repertório das principais tendências historiográficas disponíveis em nosso tempo, isto
é, constituir-se como um historiador prático/profissional que concilie razão e emoção.
c) Revela uma das tendências atuais do ensino da história, isto é, a resistência à
difusão de uma concepção estruturalista e, portanto, a-histórica para os alunos. A chave,
para a autora, estaria na conciliação entre capacidades racionais e as capacidades inatas
de interpretação histórica.
d) Propõe que se estabeleça o nexo entre presente e passado no ensino da História.
Assim, a História não será apresentada ao aluno como mera narrativa do passado, mas
como construção do diálogo entre presente e passado a partir das próprias indagações
que constituem o tempo presente do aluno.
e) Ao propor o desenvolvimento do raciocínio histórico para os alunos, tende a
afirmar a noção de ensino profissionalizante, comum às escolas técnicas.

35
Questão 02 - (UECE) - 2018 - (SEDUC/CE) - Adaptada

No que diz respeito aos fins educativos da História, não basta apenas que se saiba sobre
os fatos ocorridos no passado; é necessário situá-los em seu contexto, perceber que,
no estudo do passado, há diferenciados pontos de vista, alguns até discordantes entre
si; além disso, é preciso que se estabeleça a reflexão de que há múltiplas maneiras de
obter e avaliar as informações sobre o pretérito.

Assim sendo, é correto dizer que os objetivos didáticos do ensino de História são os
seguintes:
a) Desconstruir completamente o passado e reconstruí-lo com base no presente.
b) Analisar, estabelecer relações, compreender e transmitir o passado.
c) Verificar o passado e o presente com vistas a projetar um futuro próximo.
d) Proporcionar uma cultura humanista que concebe o passado encerrado em si.
e) Memorizar as datas cívicas, os grandes heróis da nação e os acontecimentos
políticos.

Questão 03 - FUMARC 2018) Concurso SEE/MG - Professor de Educação Básica

A discussão de Cidadania é presente e importante no Brasil contemporâneo. Há 30


anos, a Constituição Federal de 1988 já dava destaque com um dos 5 fundamentos
(Soberania, cidadania, dignidade da pessoa humana, valores sociais do trabalho e da
livre iniciativa e pluralismo político). No ensino de História, Cidadania está atrelada a
tudo o que é essencial para a formação tanto no ensino fundamental como no médio.
Sobre a Cidadania no Ensino de História, é CORRETO afirmar:

a) Ainda hoje o único papel que lhe cabe, que é o da formação do cidadão para
a vida em sociedade, ensinando quais são os modelos de cidadãos no país e sua
responsabilidade no cumprimento de direitos e deveres.
b) Associa-se à construção do nacionalismo e do civismo se firmando em temas
específicos ou datas específicas tais como o folclore, o africanismo ou as datas históricas
comemorativas como a independência do Brasil.
c) Deu uma guinada nos métodos de trabalhar a cidadania com a mudança
paradigmática que veio com a Nova História já que passou a abordar os fatos históricos
pela dimensão da micro história e suas versões.
d) Sob a ótica tradicional, excluía os atores sociais dos grandes acontecimentos
históricos. Na atualidade, se volta para a inclusão dos múltiplos setores da sociedade
na construção do conhecimento histórico.
e) Tem relação com a dimensão cidadã que entra na discussão/problema com o fim
da escravidão em que era preciso entender e criar formas de inserir o ex-escravo e de
ensiná-lo os modos de convívio social.

36
Questão 04 - (FCC) SEE-MG

Ao término do ensino básico, espera-se que o estudo da História tenha contribuído


para o aluno dominar inúmeras habilidades e competências, entre elas:

a) O domínio dos procedimentos de construção do conhecimento histórico, como


a cópia de textos e a valorização de heróis.
b) O reconhecimento dos valores sociais como resultado de uma cultura única,
hegemônica e legítima diante das demais manifestações culturais.
c) A construção de uma consciência histórica independente das noções de tempo
e das culturas que a produziram.
d) A capacidade de definir as escolas historiográficas e as suas contribuições para a
pesquisa em História.
e) A percepção da História como resultado da ação humana ao longo do tempo,
marcada pela pluralidade de sujeitos e de múltiplas memórias.

Questão 05 - ENADE 2014

O Projeto Político-Pedagógico (PPP) relaciona-se à organização do trabalho pedagógico


da escola, indicando uma direção, explicitando os fundamentos teórico-metodológicos,
os objetivos, o tipo de organização e as formas de implementação e avaliação.
VEIGA, I. P. A.; RESENDE, L. M. G. (Org.). Escola: espaço do Projeto Político-Pedagógico.
4ª ed. Campinas-SP: Papirus, 1998 (adaptado).

Considerando a elaboração do PPP, avalie as seguintes afirmações.

I. O PPP constitui-se em processo participativo de decisões para instaurar uma forma


de organização do trabalho pedagógico que desvele os conflitos e as contradições no
interior da escola.
II. A discussão do PPP exige uma reflexão acerca da concepção de educação e sua
relação com a sociedade e a escola, o que implica refletir sobre o homem a ser formado.
III. A construção do PPP requer o convencimento dos professores, da equipe escolar
e dos funcionários para trabalharem em prol do plano estabelecido pela gestão
educacional.

É correto o que se afirma em


a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

37
UNIDADE 4

OS CAMINHOS DA HISTÓRIA COMO


DISCIPLINA ESCOLAR NO BRASIL

38
A quarta unidade tem como
objetivo a compreensão do processo
4.1. INTRODUÇÃO

de organização da História como


disciplina escolar no Brasil, analisando as
transformações no ensino e nas políticas
educacionais desde o período colonial até
os dias atuais. Espera-se que o graduando
estabeleça relações entre a historiografia e
o processo de sistematização da disciplina,
bem como os interesses envolvidos nos
projetos governamentais ao estabelecer
diretrizes para os currículos e os debates
de educadores para a reorganização do
ensino de História, sobretudo a partir da
década de 1990, com a promulgação da
nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (lei n. 9.394/96) e da criação dos
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s).

39
processo de constituição do Estado nacional
4.2. O ENSINO DE HISTÓRIA NO brasileiro por representantes da elite que
PERÍODO COLONIAL E NO IMPÉRIO ocupavam cargos no governo após a
independência. As políticas educacionais
estruturadas para um sistema de ensino no Brasil
A quarta unidade tem como objetivo Império eram determinadas por uma oligarquia
a compreensão do processo de organização constituída por pessoas que mantinham laços de
da História como disciplina escolar no Brasil, família com portugueses ou que havia estudado
analisando as transformações no ensino e nas em Portugal. Desse modo, os projetos para a
políticas educacionais desde o período colonial Educação com métodos e objetivos definidos que
até os dias atuais. Espera-se que o graduando foram apresentados possuíam uma visão elitista
estabeleça relações entre a historiografia e o e europeia, baseado nas vivências e trajetórias
processo de sistematização da disciplina, bem educacionais dessa elite (BITTENCOURT, 2018, p.
como os interesses envolvidos nos projetos 131). A História ensinada nesse período possuía
governamentais ao estabelecer diretrizes para grande influência francesa; era cronológica e
os currículos e os debates de educadores para a comprometida com uma formação moral.
reorganização do ensino de História, sobretudo
a partir da década de 1990, com a promulgação
da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação
4.3. O PAPEL DA HISTÓRIA A PARTIR DA
Nacional (lei n. 9.394/96) e da criação dos
INSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s).
Durante o governo do Marquês de
Pombal, no século XVIII, surgiu a necessidade No final do século XIX e no início do século
de uma reforma educacional voltada para XX houve uma preocupação em estabelecer o
a formação dos quadros administrativos da conhecimento histórico como científico, por
burocracia estatal, o que provocou um conflito influência da História Positivista, o que ocorreu
com os interesses da Companhia de Jesus, que em um período em que o Brasil saía do regime
até então controlava o sistema educacional do monárquico e entrava no regime republicano.
império português. Assim, os jesuítas foram A partir da proclamação da República o ensino
expulsos de todo o império em 1759 e o ensino de História da Pátria concentrou seus esforços
voltou-se para uma formação técnica e científica em consolidar uma identidade nacional, com
que pudesse contribuir para o crescimento ênfase em na trajetória de grandes homens,
econômico, indicando que o projeto de Pombal os “heróis da pátria”, além do destaque para as
estava voltado para as elites (FONSECA, 2011, p. datas cívicas. Priorizou-se o ensino da história
40). política, que evidenciava a nação. A História
Foi no século XIX, na França, que a História era ensinada sob a ótica do Estado e das elites,
foi sistematizada e transformada em disciplina que justificava o predomínio de uma política
escolar, no contexto de constituição das nações oligárquica sobre uma população composta por
modernas e de laicização da sociedade. No Brasil, ex-escravos, indígenas e mestiços desprovidos
a disciplina História também se desenvolveu no de bens e propriedades. (BITTENCOURT, 2018,
século XIX, após a independência, e do mesmo p. 137). A maioria dos historiadores brasileiros
modo se voltou para a constituição da nação. A incorporou as concepções históricas concebidas
princípio, o ensino de História no Brasil priorizou pelos europeus, o que gerou também uma
a história europeia, sendo história brasileira influência eurocêntrica no ensino de História
tratada como um apêndice da história da do Brasil. Procurou-se construir uma ideia de
Europa. nação formada a partir dos europeus, com a
A organização do ensino de História contribuição de africanos e indígenas. A História
ocorreu a partir de projetos elaborados no ensinada era linear, factual e cronológica e

40
baseada na noção de documentos oficiais como do saber, diluindo-a nos Estudos Sociais,
junto a conceitos genéricos de Geografia,
fonte para provar a verdade dos fatos. Política, Sociologia, Filosofia, etc. Este seria
Durante a Era Vargas, sobretudo o caminho para a formação do “cidadão”,
do homem ideal, que melhor serviria aos
no Estado Novo, houve um esforço na interesses do Estado. (FONSECA, 2011, p.
58).
centralização do ensino, unificando conteúdos
e metodologias.
Os Estados e as escolas perderam a Com o processo de redemocratização
autonomia de elaborarem seus currículos tornou-se evidente a necessidade de mudanças
e a História tornou-se um instrumento de no ensino de História. Discutiram-se novas
educação política. Em 1942, com a Reforma propostas e projetos, que pensavam a realidade
Gustavo Capanema, a História do Brasil foi brasileira e incorporavam as novas produções
restabelecida como disciplina autônoma, tendo acadêmicas voltadas para o ensino e que
como objetivo principal a formação moral e dialogavam com as experiências científicas e
patriótica, voltada para a compreensão de didáticas, de modo a romper com uma visão
grandes acontecimentos, da noção de direitos linear e cronológica, baseada em grandes
e deveres e para o fortalecimento do civismo. acontecimentos e heróis, para apresentar
(FONSECA, 2011, p. 54). O currículo praticamente uma abordagem mais dinâmica e reflexiva,
não abrangia a História da América e da África. transformando a prática pedagógica e
A história da América passou a ser introduzida integrando alunos e professores.
no currículo na década de 1950, entretanto, sem
articulação com o estudo da História do Brasil
4.4. MUDANÇAS NO ENSINO DE
ou da Europa (NADAI, 1992, p. 151).
HISTÓRIA A PARTIR DOS ANOS 1990
Na década de 1950, por influência
da Escola Nova, parte da historiografia já
criticava as práticas pedagógicas da disciplina, A partir da década de 1990, o ensino de
como a priorização da História Política, a História passou por várias mudanças, como o
abordagem cronológica, a passividade do rompimento de ideia de uma história universal
aluno, a metodologia de ensino que se baseava e a ênfase no estudo de história temática,
na memorização dos fatos. Defendia-se a que apresenta uma abordagem a partir do
necessidade de reformulação do ensino da cotidiano sem uma hierarquia entre os temas;
disciplina, de modo a estimular os alunos a ênfase na História Social; a busca de maior
a investigarem, analisarem e pensarem relação entre a produção acadêmica e o saber
criticamente. Apesar disso, o ensino de História escolar; o uso de fontes variadas, buscando
no Brasil manteve grande parte de suas dialogar e debater a ideia de uma história oficial
concepções e práticas tradicionais. e da memória social; a compreensão de que os
Com a instalação do regime militar, em alunos e os professores são sujeitos da História.
1964, os órgãos públicos trataram de adequar o Portanto, o ensino da disciplina passou a ter um
ensino à nova situação política do país. O ensino caráter reflexivo, valorizando questões como a
de História passou a ser controlado, de modo identidade, a cidadania e a cultura (NADAI, 1992,
a eliminar o seu caráter contestador. Neste p. 159).
período foi instituída a obrigatoriedade das Também nos anos 1990 a política escolar
disciplinas de Estudos Sociais e de Educação passou por várias transformações, como a
Moral e Cívica. Como ressalta Thaís Nívia de substituição da disciplina Estudos Sociais por
Lima e Fonseca (2011): História e Geografia nos anos iniciais e finais do
ensino fundamental; a extinção das disciplinas
A preocupação desse ensino era fazer com Educação Moral e Cívica, Organização Social
que o aluno localizasse e interpretasse fatos
sociais, não de maneira analítica e reflexiva, e política do Brasil e Estudos dos Problemas
mas deformando a História como campo Brasileiros;

41
Brasileiros; a progressiva extinção da mantém características eurocêntricas
formação de professores de História a partir (BITTENCOURT, 2018, p. 142).
de licenciatura curta em Estudos Sociais; a Outro passo importante nesse sentido foi
promulgação da Nova Lei de Diretrizes e Bases a publicação da Resolução nº 1, de 17 de junho
da Educação Nacional (LDBEN) – lei n. 9.394/96 de 2001, que instituiu as Diretrizes Curriculares
– que possibilitou a implementação de novas Nacionais para a Educação das Relações
políticas públicas; a elaboração dos Parâmetros Étnico-Raciais e para o Ensino de História e
Curriculares Nacionais (PCN’s) e a instituição e Cultura Afro-Brasileira e Africana, em meio aos
o aperfeiçoamento do Programa Nacional do esforços para que se promova a valorização
Livro Didático (PNLD), que passou a avaliar os da identidade e da cultura dos afro-brasileiros
livros didáticos no âmbito do MEC (GUIMARÃES, e dos africanos e para a construção de uma
2013, p. 12). sociedade mais democrática e de relações
étnico-raciais positivas.

PCN’s Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s)


organizaram o currículo em torno de eixos
FIQUE ATENTO temáticos desdobrados em subtemas, voltados
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) são para a História local e do cotidiano e a História
documentos contendo as diretrizes elaboradas pelo das organizações populacionais, nos anos
Governo Federal contendo propostas e referências para iniciais do ensino fundamental; para a História
as disciplinas escolares, tanto da rede pública quanto
relações sociais, da cultura e do trabalho e
da rede privada de ensino. Surgiram na década de 1990
em meios às discussões realizadas por todo o país, com as representações e relações de poder nos
a participação de especialistas na área de educação, anos finais do ensino fundamental. Também
buscando atender até mesmo atender às exigências estabeleceu os temas transversais (para todas
de organismos internacionais.
as disciplinas): Ética, Saúde, Meio Ambiente,
Após muitas críticas à versão preliminar do
documento, ocorreram várias alterações, a fim de Orientação Sexual, Pluralidade Cultural,
elaborar uma base curricular que norteasse as ações Trabalho e Consumo. Além de estarem em
educacionais na busca da qualidade do ensino no consonância com o movimento acadêmico e
país e na construção de uma cidadania democrática.
com o contexto político, vários desses tópicos
foram incorporados ao currículo após debates
BITTENCOURT destaca que os de movimentos sociais.
currículos produzidos após a Lei de Diretrizes A Lei de Diretrizes e Bases de 1996 já previa
e Bases de 1996, assim como as propostas dos a construção de uma “base nacional comum
Parâmetros Curriculares Nacionais, de 1998 curricular” (BNCC), a fim de nortear os currículos
se estenderam para todos os níveis de ensino e as propostas pedagógicas dos sistemas de
e de sistemas escolares, incluindo escolas ensino de todo o país e estabelecer um patamar
das comunidades indígenas e quilombolas. de aprendizagem em todas as regiões do Brasil
Atendendo a reivindicações de grupos sociais, e em todas as redes de ensino. O documento
novos conteúdos históricos foram inseridos, normativo, homologado em 2017, estabelece
abrangendo também a ótica de outros grupos conhecimentos, competências e habilidades
na história brasileira, como a dos africanos e a que se espera que todos os estudantes
dos indígenas, com o objetivo de se construir desenvolvam ao longo da escolaridade básica
uma cidadania democrática. Através das leis (BRASIL, 2017).
10.639/03 e 11.645/08 foram introduzidas a A BNCC ainda está em fase de
História da África e das culturas afro-brasileiras implantação, portanto seus resultados não
e a História dos indígenas, que passaram a foram avaliados, mas sabe-se que o ensino de
integrar o currículo, que em partes, ainda História poderá sofrer alterações a partir do
momento em que a Base for colocada

42
em pratica. BITTENCOURT (2018, p. 147), todavia,
ressalta a importância de que os professores
mantenham sua autonomia na organização de VAMOS PENSAR?
suas aulas, bem como a necessidade de fazer
Com base nas discussões apresentadas na
suas adaptações metodológicas, de criar e
unidade, na sua trajetória enquanto estudante e
possibilitar opções de materiais didáticos diante em suas observações sobre o ensino de História na
de uma realidade educacional caracterizada atualidade, reflita:
por uma enorme diferenciação cultural e
• ainda existem práticas do ensino tradicional que
socioeconômica.
são adotadas na atualidade?

• que práticas seriam essas?

• que fatores podem explicar a permanência dessas


práticas?

SCANEIE O CÓDIGO
E ACESSE O LINK GLOSSÁRI O
BUSQUE POR MAIS

BITTENCOURT, BNCC: a Base Nacional Comum


BITTENCOURT, Circe Fernandes. Reflexões sobre o Curricular é um documento, ainda em fase de
ensino de História. Estud. av.,São Paulo , v. 32, n. 93, p. implantação, que regulamenta quais são as
127-149, Agosto de 2018. Disponível em <http://www. aprendizagens essenciais a serem trabalhadas nas
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- escolas brasileiras de Educação Básica, sejam elas
40142018000200127&lng=en&nrm=iso>. públicas ou particulares.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Educação Escola Nova: é considerada a terceira geração da
Infantil e Ensino Fundamental. Brasília: MEC/ Escola dos Annales, da qual mantém algumas
Secretaria de Educação Básica, 2017. Disponível em: características, mas que também abriu espaço para
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/ novas abordagens, como a micro-história, a história
BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf do cotidiano e a história regional, além de ampliar a
diversidade de métodos, conceitos e temas.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Ensino
Médio. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Básica, Gustavo Capanema: ministro da educação entre 1934
2018. Disponível em: e 1945, durante a Era Vargas.
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/
historico/BNCC_EnsinoMedio_embaixa_site_110518. História Positivista: corrente historiográfica que
pdf no final do século XIX buscou atribuir a História à
condição de ciência. Dentre os princípios da História
FONSECA, Thaís Nívia de Lima e. História & ensino Positivista destacam-se: a ideia de objetividade
de História. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2011. da História, bem como a de imparcialidade do
Disponível em: https://plataforma.bvirtual.com.br/ historiador, que apenas narra a verdade dos fatos;
Leitor/Publicacao/36588/pdf a concepção de tempo como linear e progressivo;
a priorização da história política, sobretudo da
NADAI, Elza. O ensino de História no Brasil: Europa; a valorização de documentos oficiais.
trajetória e perspectiva, Revista Brasileira de Circe Fernandes. Reflexões sobre o ensino de
História, São Paulo, vol. 13, n. 25/26, set. 1992/ ago. História. Estud. av.,São Paulo , v. 32, n. 93, p. 127-
1993, p.143-146 Disponível em <https://www.anpuh. 149, Agosto de 2018. Disponível em <http://www.
org/arquivo/download?ID_ARQUIVO=30596> scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
40142018000200127&lng=en&nrm=iso>.

43
FIXANDO O CONTEÚDO

Questão 01 - (FUNDEP – Concurso Prefeitura de Santa Bárbara - 2018) Para muitos


pesquisadores, o século XIX é considerado marco zero na constituição da História
enquanto disciplina e campo de estudos e pesquisas no Brasil. É fato conhecido dos
estudiosos desse campo e reforçado pelas palavras de Carlos Leonardo Kelmer Mathias
(2011, p. 41) que, nesse contexto, pode-se identificar que o Estado Imperial “estava em
busca de sua afirmação enquanto nação e detinha uma orientação em sintonia com as
tendências historiográficas caudatárias, fundamentalmente de matriz francesa”.

Dessa forma, refletindo sobre as características fundadoras / balizadoras do ensino de


história ao longo do século XIX, analise as afirmativas a seguir.

I. O ensino de história nasceu sob a égide da elaboração dos agentes responsáveis


por formar a nação, arquitetando um passado habilitado a homogeneizar e unificar as
ações humanas na constituição de uma cultura nacional.
II. A história ensinada era a história exclusiva da elite branca, voltada para Europa e
para a mestiçagem da raça brasileira.
III. A história ensinada, dada sua natureza caudatária, cuja matriz era o Colégio
Pedro II, não costumava estar em sintonia com a história acadêmica, produzida pelo
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB).

Conforme as informações e reflexões desse autor em relação ao ensino de história no


Brasil, ao longo do século XIX, estão corretas as afirmativas:

a) I apenas.
b) I e II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

44
Questão 02 - CONSULPLAN (2013) Concurso da Prefeitura de Venda Nova do Imigrante
– ES (Adaptada)

O ensino da história está presente nas escolas brasileiras desde o século XIX. Naquela
época, tinha entre seus principais objetivos, estudar a formação da nação e desenvolver
uma identidade nacional. Isto se dava, dentre outras formas, através da valorização
dos heróis e acontecimentos considerados marcos da história do país. À medida que o
tempo foi passando, outros objetivos foram preconizados pelo estudo da história. Após
a década de 1930, por exemplo:

a) A principal função da história, tanto como disciplina, quanto ciência nascente,


era transmitir a história das civilizações ocidentais, das quais o Brasil se originara, tendo
a Europa como centro referencial e modelo a ser seguido.
b) O ensino da história passou a defender, entre outras coisas, a necessidade da
relação dos conteúdos com o presente e a utilização do método biográfico (vida de
grandes homens, heróis e condutores de homens, e nacionalidade).
c) O principal objetivo era transmitir o conhecimento puro, pragmático e científico,
baseado nas comprovações acadêmicas e ligado especificamente às áreas tecnológicas
e empreendedoras do estado-nação em franca evolução.
d) A história deveria garantir a exposição temática e crítica dos conteúdos, baseados
especificamente no desenvolvimento de habilidades e competências, formando
cidadãos participativos, porém conscientes de suas obrigações políticas.
e) O ensino de História passou a valorizar a trajetória de grupos sociais e a tratar
questões do cotidiano, o que possibilitou abordagens mais próximas da realidade dos
alunos e reflexões acerca do meio em que vivem.

45
Questão 03 - ENADE 2014

O mito das três raças foi uma construção fortemente enraizada na produção de material
didático no Brasil e compõe uma das representações mais divulgadas da chamada
identidade brasileira. Ou seja, a uma cultura brasileira mestiça costuma-se fazer
corresponder uma identidade brasileira igualmente mestiça, coesa e homogênea. Os
textos dos PCNs e das Diretrizes, ao defenderem a ideia de pluralidade cultural, entendida
também como diversidade cultural, criticam exatamente o papel homogeneizador
dessa formulação.
MATTOS, H. et al. Personagens negros e livros didáticos. In: ROCHA, H. et al. A História
na escola. Rio de Janeiro: FGV, 2009, p. 309.

Refletindo sobre o texto acima, em especial com relação às diversidades históricas e


culturais tratadas nos PCNs e Diretrizes, avalie as afirmações a seguir.

I. As conexões entre PCNs e as Diretrizes tendem a construir uma


nova relação educacional, abordando a importância histórica de índios e negros no
Brasil, e, ao inserir tais grupos nos livros didáticos, o objetivo principal é mostrar sua
participação na formação cultural do povo brasileiro
II. A partir das discussões sobre o “mito da democracia racial”, grupos antes considerados
à margem do contexto histórico-cultural, passaram a fazer parte das políticas de inclusão,
exemplificada pela inserção de temas como História da África e História Indígena nos
diferentes níveis de ensino.
III. Os livros didáticos passaram a acompanhar a perspectiva da pluralidade cultural,
considerando a diversidade da formação social e histórica do Brasil, abordando as
diferenças culturais dos povos indígenas a partir da relação passado e presente, bem
como a discussão sobre o sistema escravista, desde o tráfico Atlântico até os dias atuais.
IV. Ao analisar a relação livro didático, PCNs e Diretrizes sobre a questão da pluralidade
histórica e cultural, o professor deve observar o que na prática é aplicado em sala de
aula, dando ênfase em questões relacionadas à realidade local, em detrimento da
realidade nacional.

É correto apenas o que se afirma em


a) I e III.
b) II e III.
c) II e IV.
d) I, II e IV.
e) I, III e IV.

46
Questão 04 - Da análise feita sobre as atuais propostas, quando comparadas às
anteriores, pode-se perceber que apresentam críticas quanto aos conteúdos de História
voltados ou para a ideia de uma História nacional subordinada à ótica europeia ou para
uma História centrada nos modos de produção (...).
BITTENCOURT, Circe. O saber histórico na sala de aula. 2ª edição. São Paulo: Contexto,
1998, p. 23.

Comparando-se as características do ensino de História tradicional com as atuais


concepções para o ensino de História, pode-se afirmar que:

a) As abordagens tradicionais no Ensino de História sempre valorizaram a diversidade


cultural, incorporando os pontos de vista dos diversos grupos que formaram a sociedade
brasileira.
b) As atuais concepções do ensino de História valorizam o trabalho com fontes
históricas em sala de aula, de modo a aproximar os alunos da linguagem acadêmica, a
fim de comprovar a veracidade dos fatos.
c) Tanto as abordagens tradicionais quanto as atuais concepções para o ensino de
História concordam que o principal objetivo da disciplina é promover uma formação
moral e patriótica, o que justifica a necessidade de memorização dos conteúdos.
d) Dentre as principais características das atuais concepções do ensino de História,
destacam-se a importância da reflexão e análise dos processos históricos, o objetivo de
formação para a cidadania e a valorização da pluralidade cultural.
e) As abordagens tradicionais sempre criticaram o caráter eurocêntrico e a
concepção linear e factual da História, buscando não reproduzir essas ideias em sala de
aula.

Questão 05 - Com o processo de redemocratização no Brasil, no final dos anos 1980


e início dos anos 1990, discutiram-se novas propostas e projetos a fim de promover
mudanças no ensino de História. Dentre as mudanças no ensino de História no Brasil
nesse contexto, destaca-se

a) O ensino de História da Pátria, que concentrou seus esforços em consolidar uma


identidade nacional, com ênfase em na trajetória dos “heróis da pátria” e do destaque
para as datas cívicas.
b) A tentativa de eliminar o caráter contestador da História e a diluição das
abordagens históricas a partir da obrigatoriedade das disciplinas de Estudos Sociais e
de Educação Moral e Cívica.
c) A adaptação dos textos clássicos, de maneira semelhante ao ensino das escolas
européias, abordando a história brasileira como um apêndice da história da Europa.
d) A ênfase em um ensino de História linear, factual, cronológico e baseado na noção
de documentos oficiais como fonte para provar a verdade dos fatos.
e) A incorporação das novas produções acadêmicas voltadas para o ensino de
História, através de uma abordagem mais reflexiva, valorizando questões como a
identidade, a cidadania e a cultura.

47
UNIDADE 5

A RELAÇÃO ENTRE A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO


HISTÓRICO E O SABER HISTÓRICO ESCOLAR

48
aos estudos pedagógicos, didáticos e ao estágio
5.1. INTRODUÇÃO supervisionado.
Conforme abordado na unidade anterior,
O objetivo desta unidade é a discussão as mudanças no ensino de História nos anos
sobre os vínculos entre a produção de 1980 e 1990 apontavam para a necessidade de
conhecimento histórico, no ambiente um diálogo cada vez maior entre a produção
acadêmico, e o saber histórico escolar. Embora acadêmica e as experiências didáticas.
a ideia de necessidade de articulação entre Neste período, ampliaram-se os estudos e as
os dois ambientes pareça irrefutável, ainda há publicações sobre o papel da História como
muito que se avançar nesse sentido. Assim, é disciplina escolar e a prática do profissional
importante que o graduando compreenda que desta área, bem como a produção de diretrizes
o saber histórico escolar não é uma simplificação curriculares, livros didáticos, programas de
da produção acadêmica, visto que a sala de formação dos professores. As novas tendências
aula não é um local de mera reprodução de da historiografia contemporânea também
conhecimentos, mas também de produção. É se tornaram cada vez mais presentes nessas
importante ainda que se analise a influência das abordagens.
concepções historiográficas nas abordagens Como ressalta GUIMARÃES (2017, p.
dos conteúdos. O texto da unidade também 304), a produção de saberes históricos dentro
evidencia outras possibilidades de articulação da escola possui vínculos com a historiografia
entre a universidade e a sala de aula, como o profissional. Embora possua uma lógica
investimento nas pesquisas didático-históricas distinta, percebe-se que as pesquisas, tanto
e o aprofundamento sobre o ensino de História na investigação histórica, quanto no ensino,
através da aplicabilidade na educação básica possuem um conjunto de técnicas de análises,
dos conhecimentos produzidos na academia. constroem textos com aspectos formais
e linguísticas particulares, consideram as
condições políticas, socioeconômicas e culturais
5.2. ENTRE A UNIVERSIDADE em que se desenvolve a investigação histórica.
E A SALA DE AULA Desse modo, os saberes escolares não
podem ser vistos como uma simplificação da
produção acadêmica. Não se trata de adaptar
A ideia de articulação entre a produção as discussões historiográficas ao contexto
acadêmica e o ensino de História, tão enfatizada da sala de aula. O Ensino de História possui
nos debates, eventos e cursos voltados para métodos e linguagens próprias, estabelecendo
a formação de professores parece óbvia, um diálogo com os saberes científicos, mas
como se já fosse um consenso para todos os também com os saberes docentes, decorrentes
profissionais da área de História. Todavia, a sua de sua experiência, os saberes sociais e os
aplicabilidade ainda é recente e necessita de saberes construídos com base na vivência dos
muito aperfeiçoamento para que as práticas alunos. Como destaca BITTENCOURT (1998), é
tradicionais sejam superadas. necessário
Durante muito tempo os cursos de
graduação dissociaram as disciplinas voltadas (...) rever e aprofundar o conceito de
conhecimento histórico escolar, que não
para a didática das demais disciplinas com pode ser entendido como mera e simples
temáticas abordadas pela historiografia, como transposição de um conhecimento maior,
proveniente da ciência de referência e que
se a prática de ensino fosse uma atribuição é vulgarizado e simplificado pelo ensino
somente da Pedagogia. Os cursos de graduação (...). O conhecimento histórico escolar
é uma forma de saber que pressupõe
dedicavam a maior parte de seu currículo um método científico no processo de
transposição da ciência de referência para
às discussões historiográficas específicas e uma situação de ensino, permeando-se,
estipularam uma pequena parcela de sua grade em sua reelaboração, com o conhecimento
proveniente do “senso comum” de

49
representações sociais que são redefinidos
de forma dinâmica e contínua na sala de SCANEIE O CÓDIGO
aula. (...) A história escolar não é apenas
uma transposição da história acadêmica,
E ACESSE O LINK
BUSQUE POR MAIS
mas constitui-se por intermédio de um
processo no qual interferem o saber erudito,
O artigo abaixo apresenta uma discussão sobre a
os valores contemporâneos, as práticas e
os problemas sociais. (BITTENCOURT, 1998, influência das principais correntes de pensamento
p. 25). histórico que estiveram presentes no ensino de
História e influenciaram na abordagem dos conteúdos
em sala de aula:

FIALHO Lia Machado Fiuza; MACHADO, Charliton


José dos Santos e SALES, José Albio Moreira de.
FIQUE ATENTO “As teorias da História e a História ensinada no
Ensino Fundamental”. Educativa, Goiânia, v. 19, n. 1,
Circe Bittencourt fundamenta seus argumentos p. 1043-1065, set. /dez. 2016. Disponível em: <http://
nos estudos do francês André Chervel (1990), que seer.pucgoias.edu.br/index.php/educativa/article/
analisa as especificidades do conhecimento escolar
e critica a ideia de “transposição didática” no
sentido de simplificação da ciência de referência, A própria organização do currículo em eixos
ao defender a autonomia das disciplinas escolares, temáticos buscou uma conexão com as
uma vez que elas também produzem saberes. produções acadêmicas, a fim de romper com
a uma visão linear, cronológica, eurocêntrica
e baseada no sujeito histórico Estado-nação
A produção acadêmica e as (BITTENCOURT, 1998). Esse movimento
transformações nas concepções historiográficas ocorreu em virtude dos debates e das críticas
foram fundamentais para a reformulação à organização curricular tradicional. Apesar
do ensino de História. A ênfase na História disso, observa-se a presença da cronologia
Social e do cotidiano, por exemplo, contribuiu mesmo dentro dos eixos temáticos, o que
para um ensino de história mais próximo do pode se perceber principalmente nos livros
contexto em que vivem os alunos. As críticas à didáticos. Mesmo apresentando traços de uma
História tradicional, linear, factual e cronológica abordagem tradicional, esses materiais ainda
contribuíram para que o ensino de História constituem a principal forma de acesso de
fosse mais reflexivo. A nova visão sobre o uso muitos estudantes à abordagem historiográfica,
de fontes históricas, por exemplo, ampliou- que pode aparecer através de recursos
se significativamente a partir da Escola dos como ilustrações, textos historiográficos e
Annales, trazendo novas possibilidades de documentais complementares. (ABUD, 2005,
trabalho no ambiente escolar. Como ressalta p. 31).
ABUD (2005, p. 32) as novas abordagens em sala
de aula “muitas vezes correspondem ás novas
tendências historiográficas, com a inclusão de 5.3. A PESQUISA DIDÁTICO-
sujeitos até recentemente desconsiderados
pelo saber histórico escolar, como mulheres,
HISTÓRICA
crianças, trabalhadores”.
Nesse sentido ABUD (1998) explica a ercebe-se, portanto, que ainda há a
influência das concepções científicas de cada necessidade de uma constante integração
disciplina nos programas e currículos, que entre a produção acadêmica e os saberes
divulgam o estado de desenvolvimento em escolares. Nas últimas décadas buscou-se
que as ciências de referência se encontram e ampliar essa relação entre pesquisa acadêmica
a direção que devem tomar ao se transformar e ensino, através das pesquisas sobre a prática
em saber escolar, embora sofram também docente da disciplina, das discussões sobre os
interferências do Estado na construção desse currículos e, por exemplo, incorporando temas
trabalho pedagógico. como a história do cotidiano, ou enfatizando o

50
o caráter reflexivo da História.
O investimento em pesquisas didático-
5.4. A IMPORTÂNCIA DA AÇÃO
históricas é cada vez mais necessário para se MEDIADORA DO PROFESSOR
preencher as lacunas que ainda existem entre a
universidade e a escola. Esse processo demanda Tendo em vista que ainda existem
tanto o conhecimento de teorias, quanto a resquícios de uma abordagem tradicional nos
observação e a experiência com as formas de manuais didáticos e nos sistemas de ensino,
organização do ensino, com as abordagens do é nesse contexto que a ação mediadora do
currículo, com as práticas pedagógicas, com as professor é fundamental, a fim de reduzir
linguagens específicas, com as vivências em a distância entre a formação recebida nos
sala de aula e com os perfis de estudantes do cursos superiores e a exigência da sociedade. É
século XXI. Assim, de acordo com GUIMARÃES importante que o professor esteja em sintonia
(2017): com as produções historiográficas e com as
abordagens sobre o ensino de História, ciente
de que não cumpre o papel de um simples
A didática da história, como campo do facilitador do conteúdo e com a percepção
saber, deve insistir em estreitar o diálogo
entre o trabalho dos historiadores e
de que o conhecimento histórico chega aos
a educação escolar e não se limitar à alunos incorporando também suas vivências,
transposição do conhecimento histórico
acadêmico para os estudantes da educação a analogia e a empatia com o tema estudado
básica. Defendemos a proposição de que a deve ser considerada. Entretanto, o docente
didática da história analise todas as formas
e funções do raciocínio e do conhecimento deve ser cauteloso. GUIMARÃES (2013) alerta
histórico na vida cotidiana e prática.
Isso inclui o papel da história na opinião
que, inconscientemente, o professor pode agir
pública, os usos da história nos meios de modo contrário, perpetuando “estereótipos
de comunicação de massa, bem como
considera as possibilidades e os limites das sociais, mitos, fatos e heróis da memória
representações históricas nas diferentes dominante”.
fontes e linguagens. (GUIMARÃES, 2017, p.
330). Para SILVA e GUIMARÃES (2015), o
professor, por ser dotado de historicidade e
por produzir saberes e práticas educativas, é o
Para a autora, o investimento na elemento-chave nesse processo de integração
pesquisa sobre o ensino de história requer entre pesquisa e ensino de História, pois transita
análises e ferramentas que se aproximam entre a teoria e a prática, entre a historiografia
e, ao mesmo tempo se distanciam da e sala de aula e promove o vínculo entre o
historiografia profissional, uma vez que o mundo acadêmico e o cotidiano escolar. Para
ensino de história possui vínculos com a os autores, essas mediações devem sempre ser
produção de conhecimento histórico, mas pensadas em movimento, que naturalmente
também com a didática. Para a autora, “a sala será marcado por tensões, distanciamentos e
de aula não se limita a lugar de reprodução, aproximações.
estende-se também a lugar de produção de
conhecimentos”. Assim, professores, alunos e
A preocupação desse ensino era fazer com
demais colaboradores da pesquisa devem ser que o aluno localizasse e interpretasse fatos
escutados e contribuírem para esse processo, sociais, não de maneira analítica e reflexiva,
mas deformando a História como campo
como destacam SILVA e GUIMARÃES (2015), do saber, diluindo-a nos Estudos Sociais,
junto a conceitos genéricos de Geografia,
ao afirmarem que os locais de realização das Política, Sociologia, Filosofia, etc. Este seria
pesquisas não são apenas as universidades, mas o caminho para a formação do “cidadão”,
do homem ideal, que melhor serviria aos
também as escolas e as comunidades onde se interesses do Estado. (FONSECA, 2011, p.
inserem os estabelecimentos de ensino. 58).

51
Outro caminho importante para
promover esse intercâmbio, no que se refere
VAMOS PENSAR?
ao ambiente acadêmico é investir mais nas
Um dos caminhos para articular a produção acadêmica
pesquisas didático-históricas, bem como
com o saber histórico escolar, segundo Kátia Abud ampliar e aprofundar os estudos sobre o
(2005, p. 27), é estimular a empatia e a analogia dos ensino de História nos cursos de graduação,
alunos, visto que “as representações históricas que através das disciplinas teóricas e do estágio
os alunos constroem emergem de determinados
supervisionado, de modo a vincular de forma
processos da vida humana prática, que interagem com
o conhecimento escolar”. efetiva a produção acadêmica e o ensino de
História.
•Que estratégias podem ser utilizadas para estimular a
empatia e a analogia em sala de aula? Quais os limites
e possibilidades dessa prática? SCANEIE O
•Que outras práticas podem contribuir para estreitar as CÓDIGO
relações entre a produção acadêmica e o saber histórico? E ACESSE O LINK
BUSQUE POR MAIS

GUIMARÃES (2013) destaca as AGUIAR, Edinalva Padre. Didática da História: uma


ciência da aprendizagem histórica? XXVIII Simpósio
competências e habilidades necessárias ao
Nacional de História. Lugares dos historiadores: velhos
profissional egresso do curso de História e novos desafios. Florianópolis: ANPUH, 2015.
que são importantes nesse processo, como: Disponível em:
o domínio das diferentes concepções h t t p : / / w w w . s n h 2 0 1 5 . a n p u h . o r g /r e s o u r c e s /
metodológicas que referenciam a construção anais/39/1428351472_ARQUIVO_EdinalvaPadreAguiar-
TextoANPUH2015.pdf
de categorias para a investigação e a análise
das relações sócio-históricas; o conhecimento SCHMIDT, Maria Auxiliadora. O historiador e a pesquisa
de informações básicas referentes às diferentes em educação histórica. Educar em Revista, Curitiba, v.
épocas históricas; a capacidade de transitar 35, n. 74, p. 35-53, abr. 2019.

pelas fronteiras da História e outras áreas do


KARNAL, Leandro. História na sala de aula: conceitos
conhecimento; o desenvolvimento da pesquisa e propostas. São Paulo: Contexto, 2003. Disponível
e a sua difusão não só no âmbito acadêmico, em: < https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/
mas também em instituições de ensino, Loader/1104/pdf> Acesso em: 23 outubro 2019.

museus, órgãos de preservação de documentos


e no desenvolvimento de políticas e projetos
de gestão do patrimônio cultural (GUIMARÃES,
2013, p. 122-123).
Um recurso para promover essa articulação
GLOSSÁRIO
entre pesquisa e ensino no cotidiano escolar é
apresentar ao aluno os métodos e os caminhos Escola dos Annales: foi um movimento historiográfico
do processo de escrita da História, através do surgido na França, durante a primeira metade do
século XX, que questionou a historiografia tradicional
trabalho com fontes históricas, por exemplo.
e apresentou novos elementos para a análise de
Ao estimular o contato com diferentes tipos de processos históricos, como a ideia de compreender
fontes, o professor pode instigar o aluno praticar as ações humanas sob a ótica da longa duração e a
uma postura investigativa, pesquisando ampliação da noção de fontes históricas. Desde o seu
e questionando as informações extraídas surgimento, passou por quatro fases e teve grandes
representantes de cada geração, como os criadores
desses materiais. Não se trata de esperar que
Marc Bloch e Lucien Febvre na primeira fase, Fernand
o aluno se porte como um historiador, mas é Braudel na segunda, Jacques Le Goff e Pierre Nora na
uma oportunidade de transformar as suas terceira e Georges Duby e Jacques Revel na quarta
experiências de aprendizagem. geração.

52
FIXANDO O CONTEÚDO

Questão 01 - (VUNESP 2013) Concurso Prefeitura de Ribeirão Preto


A organização das disciplinas é uma das evidências que permitem refletir sobre as
relações entre o conhecimento acadêmico e o escolar. Modificar o currículo do ensino
fundamental e médio, como quer as recentes propostas de ensino temático, implica
mudanças no currículo de nível superior.
(Circe Maria Fernandes Bittencourt. Ensino de História: fundamentos e métodos, p. 48-
49. Adaptado).

Acerca do saber histórico escolar, é correto afirmar que:

a) As práticas de ensino nas escolas e nas universidades são similares, pois em


ambas o professor pretende apenas transmitir o saber produzido nas pesquisas.
b) Tem os mesmos objetivos que as disciplinas acadêmicas, que visam formar um
cidadão comum não especializado, interessado apenas em situar-se no tempo.
c) Tem um perfil próprio e características específicas, havendo uma articulação
complexa entre as disciplinas escolares e as disciplinas acadêmicas.
d) Se trata de uma reprodução do conhecimento histórico produzido nas
universidades, de forma a adaptar o saber acadêmico para crianças e adolescentes.
e) Tem total autonomia em relação ao ensino superior, pois são contextos
radicalmente diferentes que têm pouco contato entre si.

Questão 02 - Banca: CS-UFG (2016) Concurso da Prefeitura de Goiânia (Adaptado)


Existe uma distância entre o saber escolar e o conhecimento que o aluno possui. A
transposição didática expressa bem o que ocorre com os saberes a serem ensinados
na escola. Há uma passagem da cultura extraescolar ao currículo formal, do currículo
formal ao currículo real e do currículo real à aprendizagem efetiva dos alunos. Essa
passagem acontece quando o professor realiza um processo de:

a) Regulação das aulas.


b) Avaliação dos conteúdos.
c) Diagnóstico dos estudantes.
d) Mediação dos conhecimentos.
e) Simplificação da ciência de referência.

53
Questão 03 - ENADE (2014)
Os currículos organizam conhecimentos, culturas, valores e artes a que todo ser humano
tem direito. Assim, o currículo dever analisado conforme as experiências vividas pelos
estudantes, nas quais se articulam os saberes, aprendidos por eles na vivência e na
convivência em suas comunidades, com os conhecimentos sistematizados que a escola
deve lhes tornar acessíveis.
ARROYO, M. G. Educandos e educadores: seus direitos e o currículo. In: ARROYO, M.
G. Indagações sobre o currículo: educandos e educadores: seus direitos e o currículo.
Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007, p. 67 (adaptado).

A partir da definição de currículo abordada pelo autor, avalie as afirmações a seguir.

I. A construção do currículo constitui um processo de seleção cultural, o que pode


colocar em desvantagem determinados grupos sociais e culturais.
II. O sistema educativo confere ao currículo efetividade que envolve uma multiplicidade
de relações, razão pela qual este deve ser considerado práxis e sua materialização
corresponder à forma como foi idealizado.
III. As teorias críticas reconhecem a existência de poderes diversos diluídos nas relações
sociais, conferindo ao currículo a função de atuar em processos para a inclusão
escolar.
IV. É desafio da escola incluir no currículo experiências culturais diversificadas, que não
reproduzam estruturas da vida social em suas assimetrias e desigualdades.

É correto o que se afirma em

a) I, apenas.
b) II e III, apenas.
c) II e IV, apenas.
d) I, III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.

54
Questão 04 - ENADE 2017
A cultura científica parte do princípio de que, para conhecer todo e qualquer objeto
(ou questão sobre um tema), é preciso formular um problema sobre ele e jamais se
contentar em ter apenas opiniões definidas sobre o objeto a ser estudado.
Transpondo esse princípio para uma aula que pretende formar um aluno crítico,
não cabe ao professor planejá-la apenas para discorrer sobre um tema histórico sem
formular perguntas problematizadoras que instiguem os alunos a se posicionarem
sobre o tema a partir de seu conhecimento e de sua experiência prévia.
BITTENCOURT, C. M. F. Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo: Editora
Cortez, 2005 (adaptado).

O debate apresentado nesse texto suscita importantes questões sobre os procedimentos


metodológicos que devem ser adotados por professores no ensino de História.
Considerando tais procedimentos, é correto afirmar que uma estratégia didática
coerente com as ideias desenvolvidas no texto é

a) mobilizar seu conhecimento histórico para transmiti-los aos alunos, de modo a


apresentar as perguntas e as respostas necessárias à resolução de situações-problema
demonstrando sua competência em lidar com saberes históricos.
b) pesquisar previamente sobre as conclusões a que chegaram os historiadores
reconhecidos sobre determinado assunto, para transmiti-las aos alunos, de modo que
esses as aprendam com os parâmetros científicos adequados.
c) atentar para a necessidade de formular problemas, a fim de propiciar a configuração
de um objeto de estudo que possibilite aos alunos compreender a História como
construção de conhecimento.
d) preparar roteiros para apresentar aos alunos fatos importantes do passado, com o
objetivo de desenvolver sua capacidade de reflexão e crítica.
e) apresentar um tema específico para pesquisa bibliográfica, a fim de que os estudantes
comparem as abordagens de diversos autores.

Questão 05 – UFG (2016) Concurso da Prefeitura de Goiânia (Adaptado)

Existe uma distância entre o saber escolar e o conhecimento que o aluno possui. A
transposição didática expressa bem o que ocorre com os saberes a serem ensinados
na escola. Há uma passagem da cultura extraescolar ao currículo formal, do currículo
formal ao currículo real e do currículo real à aprendizagem efetiva dos alunos. Essa
passagem acontece quando o professor realiza um processo de:

a) regulação das aulas.


b) avaliação dos conteúdos.
c) diagnóstico dos estudantes.
d) mediação dos conhecimentos.
e) simplificação da ciência de referência

55
UNIDADE 6

FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO


ENSINO DE HISTÓRIA

56
História, o uso de filmes e várias outras
6.1. INTRODUÇÃO possibilidades.
De fato, esses estudos por si só não são
A formação do professor de história capazes de estabelecerem um método pronto
requer a compreensão sobre o método histórico para ser seguido pelo egresso da licenciatura
e o ofício do profissional da História em seu em História. Os saberes docentes são adquiridos
cotidiano. O objetivo desse capítulo é orientar principalmente através da experiência
os futuros professores quanto às possibilidades profissional no ambiente escolar. Todavia, são
e métodos importantes para se chegar a orientações importantes, fundamentos a que
um resultado, que é o ensino/aprendizagem os futuros profissionais da área devem estar
de História em sala de aula. Não cabe aqui atentos para se chegar a um resultado, que é a
trazer um método pronto para o ensino de aprendizagem em sala de aula e para atender
História, mas sim os fundamentos e algumas aos objetivos da disciplina que, como já visto
orientações relevantes para a prática de ensino em unidades anteriores, estão relacionados
em História (planejamento, dinâmica das aulas, com a formação para a cidadania. Como
uso de recursos tecnológicos, trabalhos com ressalta GUIMARÃES (2013, p. 116-118), “formação
fontes históricas e linguagem cinematográfica), e prática não são atividades distintas para os
visto que os saberes docentes são constituídos professores” e que “na construção da identidade
tanto pelos conhecimentos teóricos, adquiridos profissional cada um ensina e desenvolve um
durante a graduação, quanto pela experiência método próprio de ensinar e aprender”. É um
do cotidiano escolar. processo de constante aperfeiçoamento. São
os saberes docentes que, como já mencionado
na unidade anterior, são formados a partir da
6.2. OS ESTUDOS SOBRE AS experiência do professor, os saberes sociais e os
METODOLOGIAS DE ENSINO DE HISTÓRIA saberes construídos com base na vivência dos
alunos.
Considerando as singularidades da
Nos últimos anos tem crescido o número disciplina escolar História em relação à
de publicações e de pesquisas didático- disciplina acadêmica, as discussões aqui
históricas, que abrangem tanto as produções apresentadas visam possibilitar a reflexão sobre
historiográficas quanto a prática de ensino de a prática do profissional de História em seu
História. As questões didáticas e as escolhas trabalho cotidiano e construir um alicerce, a fim
pedagógicas do docente não são vistas por de que o graduando compreenda o caminho,
como algo dissociado do conhecimento os possíveis métodos a serem seguidos para
histórico, mas tratam de um tipo de pesquisa que os objetivos do ensino de História sejam
relacionada especificamente à docência em alcançados.
História, com linguagens e métodos próprios,
de modo a articular a pesquisa acadêmica
e o ensino. Esses estudos possuem grande
importância para a formação dos professores 6.3. O COTIDIANO EM SALA DE AULA
de História durante o curso de graduação.
Nesse sentido, são valiosas as
contribuições de KARNAL (2003), BITTENCOURT Ao iniciar sua carreira em sala de aula,
(1998), GUIMARÃES (2013; 2017), e diversos outros o egresso do curso de História se depara
autores, que abordam temas importantes sobre com inúmeras exigências: que ele domine o
a prática de ensino em História, o trabalho conteúdo, que consiga despertar o interesse dos
com fontes históricas, o uso de tecnologias, as alunos, que desenvolva práticas pedagógicas e
práticas de avaliação, a dinâmica das aulas de procedimentos didáticos, que saiba lidar com

57
os conflitos e necessidades de suas turmas.
Além disso, o docente também precisa se 6.4. O PLANO DE AULA
preocupar com o processo de avaliações, com
os registros de notas e frequência nos diários, O planejamento é uma tarefa
com as reuniões pedagógicas e conselhos de indispensável para o exercício da docência. É
classe, dentre outras atribuições. através da preparação das aulas que o professor
Em meio a tudo isso, o professor ainda se organiza, estabelece objetivos, define qual
pode encontrar situações diversas, como será a sua abordagem, decide sobre os critérios
variedade de perfis de turmas e de alunos, salas de avaliação, seleciona recursos materiais
de aulas lotadas, alunos com necessidades e bibliografias. Planejar é uma atividade
educacionais especiais, carga horária excessiva, constante, que não somente antecipa a aula,
falta de recursos materiais, falta de participação mas que pode ser revista e alterada, de acordo
da família na vida escolar dos filhos, dentre com as necessidades da turma e do contexto da
outras. Ou seja, o contexto em que o professor escola. Além do planejamento específico para
trabalha determinará as suas escolhas, atitudes cada aula, o professor também prepara o seu
e métodos. planejamento anual, coerente com o programa
Ademais, os novos professores ainda político-pedagógico da escola e com os
precisam se preocupar com as demandas currículos estabelecidos pelas redes de ensino,
específicas do ensino de História. Nas unidades bem como articulando a sua área de ensino aos
anteriores, discutiu-se o papel da História como projetos interdisciplinares da instituição.
disciplina escolar e do docente diante dos Sobre o planejamento específico do
desafios e dos novos requisitos da disciplina professor de História, AZEVEDO (2013) explica
atualmente. A História enquanto disciplina que ele deve englobar os conhecimentos
adquiriu um caráter mais reflexivo, com uma do processo didático e das metodologias
abordagem mais próxima da realidade dos específicas da História. Afinal, trata-se de uma
alunos e voltada para a formação cidadã. disciplina que em que os alunos estabelecem
Isso exige do professor maior interação com laços culturais localizados em diferentes tempos
os alunos, pois ele é que disponibilizará as e espaços. A autora ainda indica que plano
ferramentas para que os alunos alcancem os de aula deve conter o tema central da aula, e
objetivos de aprendizagem. no caso específico da disciplina deve indicar
Tudo isso faz com que o professor busque claramente a delimitação temporal. Também
um meio de organização, uma estratégia devem estar presentes no planejamento: os
didática para que os seus objetivos sejam objetivos (de conteúdo e de habilidades) que
alcançados. É necessário compreender o que sejam coerentes com a realidade da escola e
ensinar e como ensinar. Naturalmente, prática do aluno, os procedimentos metodológicos
e a experiência indicarão os caminhos a serem e os critérios de avaliação. Sobre os aspectos
seguidos. Muitas das propostas sugeridas na metodológicos do planejamento, a autora
disciplina e no curso de graduação podem não salienta que:
alcançar o resultado esperado ao longo do dia a
dia em sala de aula. Todavia, é importante que
se apresentem os limites e as potencialidades Recursos e técnicas de ensino integram
um movimento mais amplo de ações
da prática de pesquisa e ensino de História e do profissional da docência no que vem
que o docente, ao ministrar suas aulas, possa a ser chamado de metodologia (ou
procedimentos metodológicos). Recursos
adaptar os métodos, as práticas e as atividades e técnicas em si de nada valem, é preciso
desenvolvidas de forma singular, de acordo com que estejam sendo orientados por uma
tendência, abordagem, perspectiva
cada situação vivenciada em seu cotidiano. teórica. A metodologia, assim, configura-se
como uma postura do docente diante da
realidade na qual atua. Relaciona-se com a
forma como o professor compreende e

58
interpreta a realidade e como relaciona o
resultado disso a uma prática específica
– o processo ensino-aprendizagem.
6.5. A AULA EXPOSITIVA
(AZEVEDO, 2003, p. 21)

Uma das práticas de ensino mais


conhecidas por professores e alunos é a
Ou seja, a metodologia adotada reflete
aula expositiva. Durante muito tempo foi
a concepção pedagógica e o ponto de vista do
considerada uma estratégia ultrapassada e
professor, a partir da sua experiência em sala de
foi amplamente criticada. Entretanto, muitos
aula. Assim, por mais que o professor domine
educadores a consideram uma ferramenta
diferentes recursos e técnicas de ensino, é
indispensável para apresentar um tema, auxiliar
com base em sua experiência, em sua visão de
na compreensão de assuntos mais complexos,
mundo, em sua postura e em seu conhecimento
sintetizar informações, concluir um conceito
sobre o contexto da escola, é que ele seleciona
ou retomar pontos da matéria que não foram
os procedimentos metodológicos que julgar
compreendidos pelos alunos.
mais adequados para alcançar os objetivos da
Caracterizada pelo momento em que
sua aula.
as atenções estão voltadas para o professor,
Também é importante que o professor
a chamada aula expositiva tradicional pode
reflita sobre os resultados de sua prática e altere
apresentar uma série de problemas: explicação
seu plano de acordo com as necessidades dos
demasiadamente longa, passividade dos alunos
alunos e da escola. Acerca disso, PINSKY & PINSKY
e pouco espaço para questionamentos. Nesse
(2003, p. 29) argumentam que o professor não
tipo de abordagem, até mesmo as atividades
deve ter dó de mudar a estratégia ou até mesmo
e avaliações exigem apenas a reprodução do
abandonar tópicos e assuntos quando não
conteúdo, não estimulando a reflexão dos
conseguirem uma resposta satisfatória. Muitas
estudantes.
vezes, determinados aspectos de um conteúdo
A fim de superar o caráter tradicional
possibilitam discussões muito mais amplas do
da aula expositiva, Antônia Osima Lopes (2001)
que outro tópico detalhado no livro didático.
explica que é preciso dar-lhe uma dimensão
Assim, aprofundar um debate de acordo com
dialógica. Desse modo, professores e alunos
a dinâmica da aula em detrimento de outros
podem estabelecer um intercâmbio de
temas do planejamento pode surtir muito mais
conhecimentos e experiências.
efeito do que “acelerar” uma discussão apenas
Ao tomar como ponto de partida as
para seguir todos os pontos do plano de aula e
vivências dos alunos e relacioná-los com o
para contemplar todo o conteúdo.
assunto a ser estudado, os alunos podem
refletir o assunto de forma crítica, estabelecer
relações e fazer questionamentos, deixando
SCANEIE O CÓDIGO de ser meros receptores do conteúdo. A autora
E ACESSE O LINK enfatiza que:
BUSQUE POR MAIS

AZEVEDO, Crislane Barbosa. Planejamento docente A dimensão dialógica da aula expositiva


na aula de história: princípios e procedimentos teórico- tem o propósito de transformar essa técnica
de ensino em uma atividade geradora
metodológicos. In: Revista Metáfora Educacional (ISSN tanto da reelaboração de conhecimentos
1809-2705) –versão on-line, n. 14 (jan. – jun. 2013), Feira quanto de sua produção. Adotando-a
de Santana – BA (Brasil), jun. /2013. p. 3-28. Disponível na sala de aula, o professor estará
efetivamente praticando uma educação
em: <http://www.valdeci.bio.br/revista.html>.
transformadora, considerando-se que: a
aula dialógica favorece a compreensão dos
determinantes sociais da educação porque
permite o questionamento; ao mesmo
tempo em que proporciona a aquisição
de conhecimentos, favorece sua análise
crítica, resultando na produção de novos

59
conhecimentos; elimina a relação
pedagógica autoritária; valoriza a 6.6. TRABALHANDO COM
experiência e os conhecimentos prévios
dos alunos; estimula o pensamento crítico FONTES HISTÓRICAS
dos alunos por meio de questionamentos e
problematizações. (LOPES, 2001, p. 48).

O trabalho com fontes históricas é uma


Em uma aula expositiva dialogada, é atividade inerente ao ofício do pesquisador
fundamental que o professor domine bem o e do docente em História. Afinal, os vestígios
conteúdo, planeje cuidadosamente a sua aula deixados por outras sociedades em outras
e esteja atento ao contexto em que vive o aluno temporalidades e em outros espaços constituem
e que tema seja bem contextualizado a fim de o principal instrumento de trabalho desses
estimular a discussão. Também é fundamental profissionais na construção do conhecimento
que o professor estabeleça um esquema das histórico.
ideias apresentadas, avalie a participação dos No entanto, as finalidades e as
alunos, proponha atividades que estimulem metodologias para o uso das fontes na pesquisa
o raciocínio dos alunos e combine a aula acadêmica se diferem daquelas que são
dialogada com outras estratégias de ensino. utilizados pelo docente em sala de aula, pois
Ou seja, a aula expositiva pode ser um como ressaltam PEREIRA e SEFFNER (2008), no
instrumento de grande valor para o professor se ambiente acadêmico a História visa contribuir
planejada adequadamente para não se basear para as discussões historiográficas, enquanto
somente na transmissão de conhecimentos na escola a História visa a formação do cidadão.
centrada no professor. Todavia, é importante Portanto, como o ensino de História na
que ela não seja a única estratégia utilizada educação básica não visa formar historiadores,
pelo docente e que ela seja transformada para os critérios de análise de documentos também
que não se torne uma prática tradicional e se diferem. Isso não desconsidera a discussão
ultrapassada. acerca da necessidade de articulação entre
pesquisa e ensino, mas é importante atentar-se
às especificidades de cada campo.
SCANEIE Nos últimos anos, diante das
O CÓDIGO
E ACESSE O transformações no ensino da disciplina, o uso de
BUSQUE POR MAIS LINK fontes históricas em sala de aula tem ganhado
um espaço cada vez maior. Pesquisadores
FERNANDES, Elisângela; SANTOMAURO, Beatriz.
Aula expositiva: o professor no centro das atenções. e educadores frequentemente destacam a
NOVA ESCOLA, n. 246, Out. 2011. Disponível em https:// importância das fontes como instrumento
novaescola.org.br/conteudo/1402/aula-expositiva-o- para estimular a curiosidade e a compreensão
professor-no-centro-das-atencoes
nas aulas de História. GUIMARÃES (2017, p.
LOPES, Antonia Osima. “Aula expositiva: superando o
323) explica que é necessário que os alunos
tradicional”. In: VEIGA, Ilma Passos Alencastro (Org.). tenham contato com diversas documentações
Técnicas de ensino: por que não? 12. ed. Campinas: históricas e diferentes linguagens, como cartas,
Papirus, 2001. p. 35-48. Disponível em: bulas, decretos, diários de viagem, notícias de
<https://edisciplinas.usp.br/pluginf ile.php/4225968/
jornais e revistas, canções, filmes, gráficos,
mod_resource/content/2/Aula%20Expositiva%20
superando%20o%20tradicional.pdf> hinos, depoimentos orais, propagandas de
produtos, dentre outros, atentando-se ao fato
de que cada tipo documento ou linguagem
exige uma modalidade específica de leitura. A
autora também ressalta que é importante exigir
do estudante argumentação oral e escrita.
Atualmente, a partir dos meios digitais, o
acesso aos mais variados tipos de fontes tem

60
sido muito mais fácil. Além disso, a própria
concepção de fonte foi ampliada, não se
6.7. REPENSANDO AS
tratando somente dos documentos oficiais, PRÁTICAS DE AVALIAÇÃO
como ocorria no período em que a História
estava se consolidando como ciência e como A avaliação é uma importante etapa
disciplina escolar. Desse modo, são cada vez do processo ensino aprendizagem. É através
maiores as possibilidades de se explorar as dela que os professores podem diagnosticar
fontes históricas em sala de aula. os conhecimentos prévios dos alunos,
Apesar da multiplicidade de fontes e a refletir sobre a qualidade de suas práticas
sua facilidade de acesso, o seu emprego na sala pedagógica, reorientar o plano de ensino,
de aula pode ficar comprometido se o docente retomar um conteúdo que não foi consolidado,
utilizá-lo apenas como uma comprovação dos analisar o progresso dos alunos, dentre outras
fatos, sem nenhum tipo de problematização, o possibilidades. Os alunos, por sua vez, podem
que representa um ponto de vista tradicional observar o seu desempenho, analisar suas
da História. dificuldades, reorganizar o cronograma de
PEREIRA e SEFFNER (2008, p. 122) alertam estudos.
para o fato de que muitos professores utilizam
erroneamente as fontes como prova e ilustração
de um relato histórico, selecionando somente
materiais que reforcem os seus argumentos. SCANEIE O CÓDIGO
E ACESSE O LINK
Para os autores, as fontes devem ser exploradas BUSQUE POR MAIS

para mostrar às novas gerações a complexidade


da construção do conhecimento histórico e não PELLIGRINI, Denise; Avaliar para ensinar melhor.
Revista Nova Escola. Ano XVIII n. 159. São Paulo: Ed.
para confirmar o discurso do professor.
Abril, 2003. Disponível em: <https://novaescola.org.br/
Não se trata, ainda, de esperar do aluno a conteudo/395/avaliar-para-ensinar-melhor>
mesma postura de um historiador, mas sim de
estimular nele a percepção de como as fontes
são elaboradas em um determinado contexto, As práticas tradicionais de avaliação
por um determinado grupo e com uma se baseiam na quantidade de informações
intencionalidade. A análise de fontes históricas memorizadas pelos alunos, com um objetivo
é muito mais enriquecedora quando o professor classificatório, atribuindo uma nota que dão
instiga o aluno a questionar, discutir, levantar a ideia de êxito ou de fracasso dos alunos.
hipóteses e interpretar o material, observando Não é raro esse tipo de avaliação adquirir um
quem o produziu, em qual contexto, com qual caráter punitivo para os alunos indisciplinados
intenção, que informações explícitas e implícitas ou desinteressados pela matéria. Esse modelo
ele traz. de prova, em geral, avalia a quantidade de
Tendo em vista que as fontes históricas informações adquiridas, atribuindo uma nota
são materiais que não foram produzidos com que muitas vezes não consideram as habilidades
finalidades didáticas e que não falam por consolidadas pelo aluno. Frequentemente pode
si mesmos, é fundamental a mediação do ocorrer o fato de o professor se deparar com a
professor para que os alunos consigam analisá- resposta de uma questão discursiva em que
las de forma significativa. GUIMARÃES (2017, todas as informações não estão precisamente
p. 330) explica que “o desafio do professor corretas, mas o aluno conseguiu interpretar,
é mobilizar o aluno para a exploração e a raciocinar, compreender um conceito e fazer
análise de documentos, fontes e linguagens, inferências. Ou seja, muito se fala em inovar as
aprendendo outras histórias, não como simples práticas de ensino, todavia, isso não possibilitará
complemento ou informação, ou confirmação resultados significativos se o modelo de
de uma história única”. avaliação continua tradicional.

61
Muitas vezes, a dificuldade em abandonar de intencionalidades.
esse tipo de prática é o fato de o próprio Mesmo se não for possível abandonar
professor ter sido submetido, ao longo de sua completamente as provas tradicionais é
vida escolar, acadêmica e até profissional a esse importante que o docente estabeleça outras
modelo tradicional de avaliação, através das alternativas para estabelecer uma análise sobre
avaliações externas na educação básica, dos o nível de aprendizagem dos alunos, visto que
vestibulares para o ingresso no ensino superior não se trata somente da avaliação formal, mas
e dos concursos para o cargo de professor. Esses também do interesse e da participação do aluno
exames de seleção, presentes nos diferentes durante as aulas. Essa avaliação pode ocorrer
níveis de ensino e de formação ainda hoje são também através de atividades que exijam
extremamente conteudistas. compreensão, interpretação e raciocínio e não
Ademais, por mais que o docente tenha simplesmente a memorização, como debates,
consciência das limitações das avaliações seminários, análise de fontes históricas, dentre
tradicionais, não conseguem eliminar outras possibilidades.
completamente esse tipo de prática, uma vez
que ao longo da educação básica os alunos são
submetidos a diversas avaliações externas que
mensuram a qualidade da educação. E ainda,
muitas instituições de ensino estabelecem um FIQUE ATENTO

padrão para a realização de avaliações, reduzindo


O feedback também é uma importante etapa
a autonomia do professor em sua elaboração.
no processo de avaliação, a fim de possibilitar
No Ensino Médio, por exemplo, a preocupação ao aluno a percepção sobre o seu processo
com o ENEM e os demais processos de seleção de aprendizagem e uma orientação sobre as
para o ingresso no Ensino Superior reforçam a estratégias que podem ser adotadas para melhorar
preocupação com a assimilação de matérias, o seu desempenho. Essa prática também pode ser
relevante para motivar os alunos a se aprimorarem
através do treinamento para a resolução de
e até mesmo reorientar as práticas docentes.
questões em muitos casos, continuam exigindo
a memorização de conteúdo.
No caso do ensino de História, as práticas
tradicionais de avaliação podem acarretar 6.8. O USO DE TECNOLOGIAS
na reprodução frequente de métodos tão EM SALA DE AULA
criticados pelos estudiosos da didática da
História, como a memorização de conteúdos
expostos de forma factual e linear, através de No contexto atual da educação brasileira
textos expositivos e detalhados, ou de exercícios o uso de tecnologias é um processo inevitável e
voltados para o teste e compreensão e fixação urgente. Não se pode mais pensar no processo
de conteúdos cujas propostas não contribuem ensino-aprendizagem sem considerar o uso dos
para o desenvolvimento de competências e computadores, da internet, dos celulares, das
habilidades das novas concepções do ensino da plataformas educacionais e de tantos outros
disciplina. (BEZERRA, 2003. p. 40) recursos tecnológicos.
É importante observar que a avaliação Quando se fala em tecnologia na escola,
não é apenas um momento, mas envolve todo não nos referimos somente à sua utilização pelos
um processo, por isso devem ser diversificadas alunos, que já nascem familiarizados a maioria
as práticas de avaliação, de modo conhecer as desses recursos, mas também dos professores,
diferentes formas e ritmos de aprendizagem uma vez que grande parte das redes de ensino
do aluno, sobretudo no caso dos processos já conta com diários online, promove cursos à
históricos, que envolvem a compreensão de distância e disponibiliza avaliações através da
conceitos, de pontos de vista, internet.

62
Ou seja, a inclusão digital também gera metade deste século, produziu um
aumento substancial de informações
impactos na vida dos educadores e faz parte do e tecnologias usadas em sua gestão,
cotidiano de muitas escolas brasileiras. podendo-se até afirmar que “estamos a nos
afogar em informações, mas sedentos de
É notório que as tecnologias facilitam conhecimentos”. Isso significa que, apesar
do crescente aumento de informação e
o acesso às informações, que contribuem dos meios de difundi-la e questioná-la,
expressivamente para o processo ensino- ocorre paralelamente um aumento da
distância entre os que sabem e os que não
aprendizagem e que a sua expansão no sistema sabem articulá-las, pensá-las, refleti-las.
educacional brasileiro é uma das principais (SCHMIDT, 1998, p. 63)

demandas da atualidade para que ocorram


avanços e melhoria de qualidade nesse setor, Logo, as tecnologias não falam por
conforme já abordado nas unidades anteriores. si mesmas e é importante que o aluno
A integração da tecnologia no ambiente escolar desenvolva a habilidade de discernir,
exige que o professor repense a forma de compreender, analisar e avaliar a procedência
ensinar, reorganize o planejamento e a adote e a confiabilidade das informações, sobretudo
novas estratégias que sejam significativas para em um momento de tanta disseminação de
a aprendizagem dos alunos, considerando os fake news. É imprescindível que o professor
atuais propósitos da educação. discuta com os alunos critérios para a análise
No caso específico do ensino de História, de sites e estabeleça ferramentas para que as
a tecnologia pode ser uma grande aliada na informações obtidas sejam significativas para a
interação entre professores e alunos que, como compreensão da realidade e para o estudo dos
destacado ao longo das unidades, é fundamental processos históricos.
para a construção do conhecimento histórico e KARNAL (2003, p. 17) alerta que muitos
pode contribuir para romper com a tradicional professores, ao tentarem acompanhar as
e tão criticada prática de simples exposição do mudanças, acabam comprando a ideia de que
conteúdo e sua assimilação pelos estudantes. tudo o que não é muito veloz pode ser chato,
Desse modo, a interatividade de modo que em sala de aula o pensamento
proporcionada pela tecnologia pode contribuir analítico é substituído por “achismos” e que
positivamente no estudo dos processos os alunos buscam informações superficiais
históricos. GUIMARÃES (2017, p. 368) salienta a em sites de pesquisa ao invés de fazer uma
necessidade de se fornecer a inclusão na cultura investigação bibliográfica ou até mesmo os
digital aos alunos, de modo que desenvolvam vídeos substituem a leitura ao invés de ser
a habilidade de selecionar com autonomia a um complemento dos livros. Desse modo,
multiplicidade de informações que circulam o uso de tecnologias não cumpre o papel
na rede, contextualizando-as, comparando-as, de enriquecer a aula, mas servem para dar a
analisando-as criticamente e transformando-as impressão de um ensino mais moderno que, no
em conhecimento a ser socializado e debatido. entanto, não contribui para que os objetivos de
Nesse processo de inclusão digital, aprendizagem sejam alcançados. Portanto, os
é necessário que o docente esteja atento recursos tecnológicos não garantem, por si só
a alguns aspectos. A facilidade de acesso a a aprendizagem dos alunos, nem substituem
tantas informações na internet, por exemplo, algumas práticas de ensino.
pode dificultar uma compreensão mais
aprofundada dos conceitos, dos contextos, dos
processos históricos, dos pontos de vista e das
intencionalidades, como destaca SCHMIDT
(1998):

Sabemos que a sociedade contemporânea,


particularmente a partir da segunda

63
Ao longo das unidades deste material,
várias abordagens apontaram a necessidade de
se superar a ideia de passividade dos alunos em
VAMOS PENSAR?
uma aula tradicional. Atualmente, a variedade
O vídeo abaixo apresenta uma entrevista com o de recursos tecnológicos possibilitou o
historiador e professor Leandro Karnal, que reflete
desenvolvimento de novas estratégias didáticas,
sobre o novo propósito da educação, em tempos
de facilidade de acesso às informações pelo uso das a fim de despertar o interesse dos alunos e
tecnologias. promover outras formas de aprendizagem.
Dentre essas propostas, destacam-se as
metodologias ativas, pelas quais os alunos são
https://www.youtube.com/watch?v=xDCQKnwtBgo
os protagonistas no processo de aprendizagem.
• A partir da fala de Leandro Karnal, como os Através das metodologias ativas, os
professores podem desafiar os alunos diante de tantas alunos são desafiados a resolverem problemas
informações e dos recursos tecnológicos?
e a desenvolverem projetos, tornando-se mais
• Em sua opinião, qual seria o novo propósito da
educação?
participativos e mais envolvidos com os assuntos
abordados. Os professores assumem o papel de
mediadores, e não de expositores do conteúdo,
passando a interagir mais com os alunos.
Outro ponto relevante para a inserção
Uma das possibilidades com as
de tecnologias nas aulas é o planejamento
metodologias ativas é a sala de aula invertida,
docente para o uso dos recursos tecnológicos.
pela qual os alunos estudam o conteúdo
É imprescindível que o professor se atualize e
previamente em casa, através de vídeos ou
domine as tecnologias para que, ao chegar
textos, por exemplo, em ambientes virtuais
à sala de aula já esteja familiarizado com as
de aprendizagem (AVA) e em sala de aula as
ferramentas utilizadas e com os objetivos da
atividades são mais dinâmicas, como debates,
aula já estabelecidos.
estudos de caso, dentre outras possibilidades.
Nas aulas de História, as tecnologias
Assim, o tempo da aula que anteriormente seria
podem ser utilizadas em diversas atividades
utilizado em uma explicação teórica, é destinado
que estimulem os alunos de maneira mais
a debates, esclarecimento de dúvidas, tarefas
dinâmica, diversificando o caráter teórico da
em grupo, jogos ou várias outras atividades.
disciplina. Dentre as possibilidades de trabalho,
Tanto o processo no ambiente virtual quanto
podem ser realizadas atividades interativas
as atividades em sala de aula contam com a
em sites de museus virtuais, acesso a acervos
orientação do professor.
de documentos e periódicos digitalizados,
A metodologia da sala de aula invertida
pesquisas orientadas em sites, além de outras
tem ganhado cada vez mais destaque,
estratégias que facilitem a interação entre
sobretudo a partir da expansão dos ambientes
professores e alunos mesmo fora da sala de aula,
virtuais de aprendizagem. Certamente, o
como a construção de blogs, o uso plataformas
seu êxito depende de alguns fatores, como a
educacionais online, em que é possível interagir
disponibilidade de recursos tecnológicos e o
com a turma, enviar materiais, exercícios, links,
comprometimento dos alunos na realização
sugestões de vídeos e propostas de trabalhos
das tarefas, mas oferece novas possibilidades de
avaliativos.
ensino-aprendizagem e alternativas ao ensino
tradicional.

6.9. METODOLOGIAS ATIVAS:


SALA DE AULA INVERTIDA

64
SCANEIE filme), bem como outros aspectos, como a
O CÓDIGO estética, o enquadramento, os recortes, a
E ACESSE O
BUSQUE POR MAIS
LINK iluminação, os diálogos, o ponto de vista e
a intencionalidade do roteirista, sé é uma
CANAL FUTURA. Conheça a sala de aula invertida.
adaptação de uma obra literária. É fundamental
2017. (26m36s) Disponível em: https://www.youtube.
com/watch?v=pADyAN15cZ0 que haja uma problematização dos elementos
da produção, a fim de que os alunos
SANTOS, Lyslley Ferreira dos; TEZANI, Thaís Cristina compreendam as suas especificidades da obra
Rodrigues. Aprendizagem colaborativa no ensino de
e estabeleçam comparações com o que foi
história: a sala de aula invertida como metodologia
ativa. Novas Tecnologias na Educação. V. 16 Nº 2,
estudado previamente sobre o conteúdo. Outro
dezembro, 2018. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/ ponto importante é que o professor, sempre que
renote/article/viewFile/89302/51540 necessário, deve fazer interrupções durante a
exibição para alguma explicação ou comentário
relevante para a interpretação do filme.

6.10. O TRABALHO COM FILMES


NAS AULAS DE HISTÓRIA
SCANEIE O CÓDIGO
E ACESSE O LINK
BUSQUE POR MAIS
A linguagem cinematográfica é uma
ferramenta explorada por grande parte dos VESENTINI, Carlos Alberto. “História e ensino: O tema
professores de História, a fim de enriquecer as do sistema de fábrica visto através de filmes”. In:
aulas, complementar o conteúdo, e ampliar as BITTENCOURT, Circe. O saber histórico na sala de
aula. 2ª edição. São Paulo: Contexto, 1998. p. 163-173.
discussões sobre um tema. Por outro lado, requer
Disponível em: <https://plataforma.bvirtual.com.br/
certos cuidados por parte do docente para Leitor/Publicacao/37252/pdf/0> Acesso em 20 outubro
que não se torne uma forma de simplesmente 2019.
preencher o tempo de uma aula, para substituir
a abordagem teórica, ou que seja uma atividade LUCHETTI, Solange Aparecida; AMARO, Hudson
Siqueira. A utilização de filmes nas aulas de história. Os
desconectada do tema estudado pelos alunos,
desafios da escola pública paranaense na perspectiva
sem um objetivo definido. do professor PDE artigos. Versão online 2014. Disponível
O uso de filmes em sala de aula em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/
demanda um criterioso planejamento da cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2014/2014_

aula, considerando os seguintes fatores: o


professor deve conhecer bem o filme, verificar
se a faixa etária indicativa é coerente com a
idade dos alunos, organizar tempo de exibição,
contextualizar o assunto que se pretende GLOSSÁRIO

abordar antes da exibição do filme e estabelecer


a sua proposta pedagógica, que pode envolver Feedback: no contexto abordado pelo capítulo,
um debate, uma produção de texto ou outra significa um retorno sobre um trabalho realizado ou a
tarefa que seja significativa para os alunos e uma habilidade que foi avaliada.
coerente com o conteúdo trabalhado em sala.
Outro aspecto importante a ser levado
em conta é que as produções cinematográficas
possuem uma linguagem própria e que não
reproduzem fielmente uma época. Assim é
importante que o tema e as características do
vídeo sejam apresentados, como a ficha técnica
(ano de produção, elenco, direção, gênero do

65
FIXANDO O CONTEÚDO

Questão 01 – (VUNESP) Prefeitura de Ribeirão Preto – 2013.

Como ninguém é uma enciclopédia, a primeira coisa a fazer ao montarmos um curso é


selecionar conteúdos. O professor não deve ter dó de abandonar assuntos quando não
conseguir uma resposta satisfatória à questão do porquê: às vezes, mostra-se muito
mais interessante “pular” algumas páginas do livro didático ou da História (seja lá o
que isso quer dizer...) e dedicar o tempo (infelizmente cada vez mais curto) das aulas a
temas como “a situação do índio no Brasil colonial” (ao invés de capitanias hereditárias
e “governadores gerais”), “os movimentos sociais que ajudaram a derrubar a ditadura
militar no Brasil” (ao invés de lista de presidentes da República e suas realizações), “os
efeitos deletérios do nazismo” (ao invés de um histórico detalhado das batalhas da
Segunda Guerra Mundial).
(Jaime Pinsky e Carla Bassanezi Pinsky. Por uma História prazerosa e consequente. In:
Leandro Karnal (Org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas, p. 29).

De acordo com o artigo do historiador Leandro Karnal, a prática de selecionar conteúdos:

a) Deve se remeter necessariamente a uma razão pragmática e utilitária, relacionada


às funções do estudo do passado.
b) Relaciona-se com o fato de que é impossível trabalhar com toda a história,
exigindo do professor o estabelecimento de alguns recortes.
c) Requer dos professores que ressaltem os assuntos mais significativos, em geral
ligados à história política e institucional.
d) É perniciosa e prejudicial aos alunos, pois retira deles a possibilidade de
conhecerem a totalidade da História.
e) Não pode prescindir da organização cronológica e sequencial dos acontecimentos,
que permite aos alunos se situarem no tempo.

66
Questão 02 – IFSC 2015 – Concurso Professor de História (adaptado)

As tecnologias de informação e comunicação (TIC’s), assim como os ambientes virtuais,


são elementos reais e estruturantes de uma nova prática pedagógica e de convívio
social.

Em relação ao uso das tecnologias e o ensino de história, marque as sentenças


verdadeiras com (V) e as falsas com (F).

( ) Conhecer essa nova realidade e perceber como os estudantes se articulam e


relacionam com a mesma é uma oportunidade de problematizar os reflexos oriundos
das técnicas e tecnologias desenvolvidas historicamente e, assim, discutir questões
relativas à história do tempo presente.
( ) A incorporação das tecnologias de informação e comunicação no ensino de história
permite o estabelecimento de novas formas de discussão, construção e difusão do
conhecimento e propicia um processo de ensino aprendizagem mais participativo.
( ) A utilização das tecnologias de informação e comunicação no ensino de história
possui limitações, pois o uso das TIC’s inviabiliza o processo de interação do estudante
com o seu meio, logo não é possível que o mesmo se perceba enquanto um agente
histórico.
( ) A inserção das tecnologias de informação e comunicação no ensino de história
possibilita a inserção de novos elementos metodológicos, como os recursos multimídias,
blog e redes sociais, como também possibilita ao professor e estudantes novos tipos de
abordagens a partir da multiplicidade de material e ferramentas disponíveis.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA de cima para baixo.


a) V, V, F, V.
b) F, V, V, F.
c) F, V, V, V.
d) F, V, F, V.
e) F, F, V, V.

67
Questão 03 – (VUNESP) Prefeitura de Ribeirão Preto – 2013

As mais diversas obras humanas produzidas nos mais diferentes contextos sociais e
com objetivos variados podem ser chamadas de documentos históricos. É caso, por
exemplo, de obras de arte, textos de jornais, utensílios, ferramentas de trabalho, textos
literários, diários, relatos de viagem, leis, mapas, depoimentos e lembranças, programas
de televisão, filmes, vestimentas, edificações etc.

(Parâmetros Curriculares Nacionais – História, p. 83).


Segundo os PCN – História, o trabalho com documentos em sala de aula requer alguns
cuidados, como

a) A seleção preferencial por textos historiográficos no trabalho com o Ensino


Fundamental e a opção dos documentos de época para as atividades didáticas no
Ensino Médio, porque a capacidade cognitiva dos alunos mais velhos permite a leitura
crítica dos textos mais elaborados.
b) A atenção especial aos textos jornalísticos – presentes na imprensa escrita,
na televisiva e nos portais na internet –, por serem mais apropriados para oferecer
elementos de análise crítica das sociedades históricas contemporâneas e por estarem
mais próximos da realidade dos alunos.
c) O de dimensionar que o documento não fala por si mesmo, mas ele precisa ser
interrogado a partir do problema estudado; ao mesmo tempo, as informações formais
e de conteúdo de um documento devem ser compreendidas no contexto da sua
produção.
d) A triagem de documentos produzidos especialmente para esse fim, com intuito
de retirar desses registros humanos informações socialmente úteis e que sirvam
para confirmar as construções historiográficas fundamentadas na dialética passado-
presente-futuro.
e) A escolha de documentos reconhecidos pelos historiadores acadêmicos como
oficiais, objetivando a recuperação do passado real, evitando, dessa forma, que a
relativização do conhecimento histórico desconsidere essa produção como científica e
universal.

68
Questão 04 – Fundação Carlos Chagas (FCC) - 2016 - SEDU/ES -

Em sala de aula, o professor de História pode explorar com os alunos a análise de


documentos

a) Imagéticos, se tiverem sido produzidos no período estudado, visto que imagens


de outras épocas que remetem a tempos passados não possuem a confiabilidade
necessária para serem tomadas como documentos históricos.
b) Escritos, uma vez que a interpretação de textos é a única forma de problematização
de um documento ao alcance de alunos que ainda não possuem instrução e ferramentas
para compreender historicamente outras linguagens.
c) Materiais, pois o manuseio de objetos e utensílios tornam a experiência de
interpretação histórica algo concreto e não requer conhecimento e preparação do
professor para lidar com esse tipo de documento
d) Oficiais, preferencialmente produzidos pelo Estado e já usados em pesquisas
historiográficas, por se mostrarem os mais confiáveis e virem acompanhados de
interpretações seguras.
e) Orais, na medida em que sejam contextualizados e problematizados segundo
os princípios que orientam metodologicamente a história oral, incluindo suas
especificidades e a possível complementação com outros tipos de documentos.

Questão 05 – UnB (CESPE) - 2013 – Concurso SEDUC/CE

Considerando a historicidade dos conceitos estruturadores da história, é correto


afirmar, quanto à elaboração e à condução das atividades didáticas dessa disciplina,
que o professor deve

a) Subordinar as intervenções didáticas ao conhecimento prévio dos alunos.


b) Problematizar a relação entre o conhecimento prévio dos alunos e os
conhecimentos históricos.
c) Diferenciar procedimentos metodológicos e conteúdos específicos da disciplina.
d) Desvincular a realidade socioeconômica escolar do planejamento da disciplina.
e) Reconhecer-se como construtor do conhecimento a ser transmitido aos alunos.

69
Questão 06 - IFSC 2015 – Concurso Professor de História)

“Não é de hoje que o cinema frequenta as aulas de História nas escolas. Os alunos
gostam. Os professores também. Como recurso pedagógico, a sétima arte é quase
uma unanimidade. Mas é preciso ter cuidado. É bem verdade que o uso do cinema
como ferramenta de ensino é capaz de deixar a aula mais dinâmica e divertida;
entretanto, o professor deve estar atento para as armadilhas que essa estratégia pode
gerar.” - CARDOSO, Oldimar. Baseado em Fatos Reais. Revista Brasileira de História da
Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro, 04 de outubro de 2008. Disponível em: <http://www.
revistadehistoria.com.br/secao/educacao/baseado-em-fatos-reais>. Acesso em: 15 de
out. 2015.

Oldimar Cardoso defende do uso de fontes audiovisuais no trabalho do professor em


sala de aula. Além do cinema, outras fontes estão sendo utilizadas, como a televisão e
a canção.

Sobre as novas perspectivas relacionadas ao uso dessas fontes descritas pelo historiador,
avalie o acerto das afirmações a seguir.

I. O uso da televisão deve ser evitado em sala de aula, pois os programas são apenas
produzidos dentro do mercado, sem fins educativos ou questões historiográficas.
II. Ao utilizarem-se canções para a pesquisa ou em sala de aula, o historiador deve
considerar também a parte rítmica e melódica, não apenas a letra.
III. O cinema ficcional deve ser evitado em sala de aula, pois não sendo dirigido por
historiadores, a versão da “realidade” não tem fundamento acadêmico.
IV. Ao pesquisar sobre o cinema, o historiador deve considerar as três possibilidades
básicas de relação entre história e cinema: o cinema na história, a história do cinema e
a história no cinema.

Assinale a alternativa que apresenta somente as afirmações CORRETAS.


a) I, IV.
b) I, II.
c) I, III.
d) II, III.
e) II, IV.

70
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO

UNIDADE 1: A FORMAÇÃO DO UNIDADE 2: UMA REFLEXÃO SOBRE A


PROFESSOR DE HISTÓRIA E REALIDADE EDUCACIONAL BRASILEIRA
PRÁTICA DE ENSINO

QUESTÃO 1: C QUESTÃO 1: C
QUESTÃO 2: B QUESTÃO 2: E
QUESTÃO 3: C QUESTÃO 3: D
QUESTÃO 4: C QUESTÃO 4: D
QUESTÃO 5: E QUESTÃO 5: D

UNIDADE 3: O PAPEL DA HISTÓRIA UNIDADE 4: OS CAMINHOS DA


NA EDUCAÇÃO BÁSICA HISTÓRIA COMO DISCIPLINA
ESCOLAR NO BRASIL

QUESTÃO 1: D QUESTÃO 1: B
QUESTÃO 2: B QUESTÃO 2: B
QUESTÃO 3: D QUESTÃO 3: B
QUESTÃO 4: E QUESTÃO 4: D
QUESTÃO 5: C QUESTÃO 5: E

UNIDADE 5: A RELAÇÃO ENTRE A UNIDADE 6: FUNDAMENTOS TEÓRICOS


PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO E METODOLÓGICOS DO ENSINO DE
HISTÓRICO E O SABER HISTÓRICO HISTÓRIA

QUESTÃO 1: C QUESTÃO 1: B
QUESTÃO 2: D QUESTÃO 2: A
QUESTÃO 3: D QUESTÃO 3: C
QUESTÃO 4: C QUESTÃO 4: E
QUESTÃO 5: D QUESTÃO 5: B
QUESTÃO 6: E

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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