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FICHA CATALOGRÁFICA

TÍTULO: MANUAL DE PREVENÇÃO AO RISCO DE SUICÍDIO: AVALIAÇÃO,


APOIO E CUIDADO

PROPRIEDADES

ID: 94

Categoria: Manual

Classificação: Assistencial

Versão: 1

Vigência: 28/09/2023 15:37:23

Validade: 28/09/2025 00:00:00

ETAPAS DO PROCESSO

NOME CARGO DATA

ELABORADOR LILIANE ROSA OLIVEIRA ASSESSOR TÉCNICO EM SERVIÇO SOCIAL 28/09/2023 12:27:17

ELABORADOR CAMILA SANTOS TOLEDO DA SILVA APOIADORA INSTITUCIONAL 28/09/2023 12:27:17

ELABORADOR MICHELE PEIXOTO QUEVEDO ASSESSORA TÉCNICA EM PSICOLOGIA 28/09/2023 12:27:17

ELABORADOR PRISCILA MITIE IVAHARA APOIADORA INSTITUCIONAL 28/09/2023 12:27:17

JAQUELINE AGOSTINHA MUJOLO ASSESSORA TÉCNICA ASSISTÊNCIA


ELABORADOR 28/09/2023 12:27:17
PIEROTTI FARMACÊUTICA

DANIELE BARGAS NOGUEIRA


ELABORADOR MÉDICO ASSESSOR TÉCNICO 28/09/2023 12:27:17
SCARMELOTI

ELABORADOR GRAZIELLA MAZEO NAPOLI APOIADORA INSTITUCIONAL 28/09/2023 12:27:17

COORDENADORA DE EDUCAÇÃO
VERIFICADOR ADRIANA GERMANO MAREGA 28/08/2023 00:00:00
PERMANENTE

VERIFICADOR ODILON MANGERONA NETTO COORDENADOR MÉDICO APS 28/08/2023 00:00:00

VERIFICADOR CAMILA APARECIDA SILVA DE QUEIROZ COORDENADOR(A) DE PROJETOS 28/09/2023 14:07:19

APROVADOR VILMA RODRIGUES VENANCIO MOREIRA DIRETORA ASSISTENCIAL 28/09/2023 15:37:23


MANUAL DE PREVENÇÃO AO RISCO DE
SUICÍDIO: AVALIAÇÃO, APOIO E CUIDADO
Time Ativamente

Santa Marcelina | Atenção Primaria à Saúde


2023, 1ª VERSÃO.
SANTA MARCELINA
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
MANUAL DE PREVENÇÃO AO RISCO DE SUICÍDIO:
AVALIAÇÃO, APOIO E CUIDADO

MANUAL DE PREVENÇÃO AO RISCO DE SUICÍDIO NA


ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE, AVALIAÇÃO, APOIO E
CUIDADO

2023

“Reprodução não autorizada, sem a devida permissão do time responsável”


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MANUAL DE PREVENÇÃO AO RISCO DE SUICÍDIO:
AVALIAÇÃO, APOIO E CUIDADO

Missão| Oferecer assistência, ensino e pesquisa em Saúde com excelência, à luz dos valores
éticos, humanitários e cristãos.

Visão| Uma instituição que se torne modelo de gestão em saúde por meio da integração dos
processos de informação, humanização e competência técnico-administrativa.

Valores| Espiritualidade/Respeito/Hospitalidade/Alta Performance/ Aprendizado


Organizacional/ Responsabilidade Social
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AVALIAÇÃO, APOIO E CUIDADO

SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO................................................................................................................... 5
2 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 6
3 ABORDAGEM À PESSOA COM RISCO DE SUICÍDIO ................................................................ 8
4 AVALIAÇÃO DO RISCO DE SUICÍDIO .................................................................................... 10
5 CLASSIFICAÇÃO DE RISCO DO SUICÍDIO .............................................................................. 13
6 ABORDAGENS TERAPÊUTICAS NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE .......................................... 15
a) Contrato de Não Suicídio ................................................................................................. 15
b) Telefonemas periódicos ................................................................................................... 16
c) Terapia de Resolução de Problemas ................................................................................. 16
d) Intervenção Breve Interpessoal ....................................................................................... 16
6.1 Orientações sobre o acompanhamento farmacológico da pessoa com risco de suicídio .... 16
7 CUIDADOS DO LUTO POR SUICÍDIO .................................................................................... 21
8 FLUXOGRAMAS ................................................................................................................. 22
8.1 Risco de suicídio identificado – UBS ................................................................................. 22
8.2 Tentativa de suicídio – UBS .............................................................................................. 23
8.4 Risco de suicídio identificado – CER/PAI/URSI/EMAD/ESPECIALIDADES ........................... 24
8.5 Tentativa de suicídio – CER/PAI/URSI/EMAD/ESPECIALIDADES ........................................ 25
8.6 Risco de suicídio identificado – CAPS ............................................................................... 26
8.7 Tentativa de suicídio – CAPS ............................................................................................ 27
8.8 Risco de suicídio identificado/tentativa de suicídio – UPA/PA/AMA ................................. 28
8.8.1 Tabela de Avaliação de Risco de Suicídio para Adultos ......................................................... 29
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................. 30
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1 APRESENTAÇÃO

Este Manual foi organizado para nortear a abordagem da equipe assistencial, diante da
identificação de pessoas em risco de suicídio, durante os atendimentos ou contatos com os usuários,
avaliando os fatores de risco e proteção, assim como sua gravidade.
Outro objetivo importante é direcionar as condutas diagnósticas e terapêuticas, com base
em evidências científicas e recomendações de órgãos oficiais, além da articulação e intervenções
em rede durante o processo terapêutico, baseado na integralidade, nas diferentes modalidades de
assistência.
Outro ponto fundamental é, diante de situações de tentativa de suicídio e suicídios
consumados, orienta-se a realização das notificações compulsórias e imediatas, de acordo com a
normativa vigente Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) “Violência
Interpessoal/ Autoprovocada”.

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2 INTRODUÇÃO

Por definição, suicídio é um ato intencional e consumado objetivando findar com a vida. Isso
inclui todas as mortes direta ou indiretamente resultadas de comportamentos executados pelo
próprio indivíduo. Dessa forma, o suicídio é visto como um fenômeno multicausal onde fatores
genéticos, biológicos, sociológicos, psicológicos, culturais e ambientais estão envolvidos (ARAYA &
GONZÀLEZ, citado por BARBOSA e TEIXEIRA, 2021).
O suicídio é um grave problema de saúde pública, com impacto em toda sociedade. No
mundo, estima-se que mais de 700 mil pessoas morrem por suicídio anualmente, segundo a
Organização Mundial de Saúde (OMS); sendo essa a quarta maior causa de mortes de jovens de 15
a 29 anos de idade (BRASÍLIA, 2021).
Antes de falarmos a respeito do suicídio em si, vale a pena tratarmos de conceitos associados
a este fenômeno, tais como: pensamento de morte; ideação suicida; plano suicida e tentativa de
suicídio.
É comum as pessoas apresentarem pensamentos com conteúdo negativo ao longo da vida,
não significando que esses pensamentos possam as levar a cometer suicídio. Popularmente,
expressões como:

“Não tenho mais motivos para continuar vivo”


“Se eu morresse, não faria falta”
“Não vejo mais sentido”
“A vida não vale a pena”
“Tenho vontade de dormir e não acordar mais”
“Deus poderia me levar”

Geralmente são indicativos de desesperança ou outros sintomas depressivos (BRASÍLIA,


2021).
Embora o pensamento de morte seja um alerta e um antecessor da ideação suicida, não
devemos confundir os dois. Torna-se importante a observação da frequência, bem como dos relatos
e pensamentos, onde o sofrimento do sujeito deve ser avaliado, evitando-se o julgamento por parte
das equipes de saúde e famílias.
Conceitualmente, a Ideação Suicida está relacionada a pensamentos de autodestruição que
incluem ideias relativas à pouca valia da vida, ou seja, pensamentos de que a vida não vale a pena

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ser vivida, sendo considerada um indicador importante para o risco de suicídio (REYNOLDS citado
por AZEVEDO e MATOS, 2014).
Já em relação ao Plano Suicida, pode-se considerar que este faz parte de um processo que
se inicia com a ideação suicida, podendo ou não evoluir, de acordo com sua intensidade para o plano
(SETTI, 2017).
Por Tentativa de Suicídio, considera-se o ato de tentar cessar a própria vida, sem consumar
o ato (BRASIL, citado por FREITAS e BORGES, 2014).
Durante uma avaliação do risco de suicídio em um indivíduo, os fatores de risco e de
proteção devem ser considerados pelas equipes de saúde, de acordo com as características do seu
território/população.

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3 ABORDAGEM À PESSOA COM RISCO DE SUICÍDIO

O contato inicial com a pessoa em sofrimento e comportamento suicida é muito importante,


sendo possível fazer do mesmo um momento oportuno para abordagem e avaliação quanto ao risco
para o suicídio (OMS, 2000).
Respeitar a condição emocional e a complexidade da situação de vida, que pode ter gerado
o pensamento de suicídio, sem julgamento moral, com uma atitude de acolhimento, é fundamental
para o sucesso na abordagem (BRASIL, 2006).
Ao contrário das crenças populares, onde falar sobre suicídio pode estimular o
comportamento ou ato suicida, a melhor maneira de se descobrir se alguém tem pensamentos
suicidas é PERGUNTANDO (BRASIL, 2006).
No cotidiano de cuidado a pessoas com comportamento suicida, nota-se o quanto poder
falar abertamente a respeito desse assunto alivia tensões, deixando esses indivíduos muito
agradecidos, mas é necessário saber perguntar (BRASIL, 2006).
Para Botega (2015), seguem as principais crenças errôneas a serem combatidas no dia a dia
dos serviços de saúde:
Ao contrário do imaginário social, fazer questionamentos acerca do suicídio não
SE EU PERGUNTAR SOBRE
estimula ideias de morte, de finitude, de desejo de morte. Estas indagações,
SUICIDIO, PODERIA INDUZIR O
quando realizadas de modo sensato e cuidadoso, fortalecem o vínculo com o
PACIENTE A ISSO?
paciente, proporcionando alívio e acolhimento.
ELE ESTÁ AMEAÇANDO O Não se deve desconsiderar o risco, ainda que em alguns casos, possa se avaliar que
SUICÍDIO, APENAS PARA o sujeito em questão, demonstra com sua ameaça, um componente de
CHAMAR ATENÇÃO? manipulação.
Frequentemente, as pessoas que pensam em morrer demonstram
QUEM DESEJA SE MATAR, SE
comportamento ambivalente em relação a esse desejo. Nesse sentido, se
MATA MESMO?
obtiverem apoio emocional no momento adequado, podem desistir do suicídio.
Esta crença mobiliza no profissional de saúde sentimentos de identificação,
NO LUGAR DELE EU TAMBÉM podendo também emergir sensação de impotência. Esta crença é perigosa, à
ME MATARIA medida que dificulta, em decorrência de julgamentos pessoais, intervenções
visando a prevenção.
VEJA SE DA PRÓXIMA VEZ, VOCÊ Alguns profissionais, no cuidado ao paciente que tentou o suicídio, experimentam
SE MATA MESMO! sentimentos de hostilidade e rejeição, podendo comprometer o cuidado.
É importante observar as características que definem diferenças entre aquele que
QUEM SE MATA É BEM tenta o suicídio e o que consegue se matar. Existe uma heterogeneidade quanto à:
DIFERENTE DE QUEM APENAS motivação, intenção e grau de letalidade, devendo o profissional de saúde estar
TENTA. atento à singularidade de cada caso, por meio de uma análise cuidadosa de fatores
de risco e proteção.
Tabela 1 - Quadro adaptado de Botega (2015).

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Cada um tem sua forma de conversar e cada caso é diferente do outro, no entanto seguem
algumas orientações:
Encontrar o lugar adequado, propício para o desenvolvimento de uma conversa
Passo 1
tranquila e que possa manter a privacidade dos envolvidos.
Passo 2 Estar disponível garantindo o tempo necessário.
Escutar afetivamente, pois o contato e a escuta são passos importantes para a
Passo 3
redução do nível de desesperança da pessoa com ideação suicida .
Tabela 2 - Quadro adaptado de Brasil (2006) e OMS (2000).

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4 AVALIAÇÃO DO RISCO DE SUICÍDIO

Devemos levar em consideração a natureza e complexidade do risco de suicídio, que


combina fatores internos e externos, quando estamos diante dessa avaliação. Condições
predisponentes e precipitantes, se interrelacionam, podendo aumentar ou reduzir o risco para
tentativa de suicídio.
Abaixo, listamos os principais fatores de risco e proteção (CFM, 2014; Botega, 2015; Rio de
Janeiro, 2016).
FATORES DE RISCO QUE NÃO DEVEM SER ANALISADOS ISOLADAMENTE, MAS SIM, COMO UM CONJUNTO DE
VULNERABILIDADES ASSOCIADAS DENTRO DE UM CONTEXTO. SÃO CARACTERISTICAS OU CONDIÇÕES QUE
AUMENTAM AS CHANCES DE UMA PESSOA TENTAR O SUICIDIO.
PATOLOGIAS CLÍNICAS
(primeiros meses após o
SOCIODEMOGRÁFICOS E diagnóstico e sintomas não PATOLOGIAS
PSICOLÓGICOS
AMBIENTAIS responsivos ao tratamento, PSIQUIÁTRICAS
também constituem situações de
risco.)

Sexo Pacientes com câncer, HIV


Perda recente Depressão
(Masculino) e Doenças neurológicas

Idade Perda dos pais na infância Doenças cardiovasculares Alcoolismo


(superior a 45 anos)

Estado Civil
(incidência em pessoas Datas importantes Doença pulmonar Abuso de substâncias
divorciadas, solteiras, viúvas é (reações de aniversário que
maior que entre as pessoas remetam a uma perda)
obstrutiva crônica psicoativas
casadas)

Situação econômica critica Instabilidade familiar Doenças reumatológicas Esquizofrenia

Traços de personalidade:
impulsividade, Transtornos de
Aposentadoria
agressividade, labilidade de personalidade
humor
História familiar de doença
Desemprego afetiva, de alcoolismo e Transtorno afetivo bipolar
suicídio
Stress prolongado e
eventos de vida
Acesso a meios letais, como estressantes
armas de fogo e drogas (assédio, bullying, problemas de
relacionamento, crise financeira,
fases de transição ou perdas)
Classificação territorial
(incidência em áreas urbanas é Isolamento social
maior que em áreas rurais)
Ter vivenciado suicídio de
outra pessoa
Tabela 3 - CFM, 2014; Botega, 2015; Rio de Janeiro, 2016.

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FATORES DE PROTEÇÃO: SÃO MENOS ESTUDADOS PORQUE GERALMENTE SÃO DE DIFICIL MENSURAÇÃO E NÃO
DEVEM SER USADOS
PARA OBSCURECER AQUELES FATORES QUE IDENTIFICAM O RISCO DE SUICÍDIO.

SOCIODEMOGRÁFICOS E AMBIENTAIS PSICOLÓGICOS


Laços sociais bem estabelecidos com família e amigos Autoestima elevada
Crenças religiosas Razão para viver
Estar empregado Ausência de doença mental
Ter crianças em casa Senso de responsabilidade com a família

Gravidez desejada e planejada e puerpério Capacidade de adaptação positiva

Acesso a serviços e cuidados de saúde mental Capacidade de resolução de problemas

Estilo de vida saudável Relação terapêutica positiva


Disposição para buscar ajuda em casos de decisões
Pais atenciosos e presentes
importantes
Apoio da família em situações de necessidade Habilidade para se comunicar

Adesão a valores e normas socialmente compartilhados Capacidade para fazer uma boa avaliação da realidade

Prática de uma religião e outras práticas coletivas Bom relacionamento interpessoal


(esportes, atividades culturais, artísticas)

Rede social que oferece apoio prático e emocional Integração e bons relacionamentos em grupos sociais
(colegas, amigos, vizinhos)

Regularidade do sono
Tabela 4 - CFM, 2014; Botega, 2015; Rio de Janeiro, 2016.

Durante a avaliação, os fatores de risco e proteção devem ser avaliados criteriosamente para
cada indivíduo, considerando seu contexto, já que cada fator pode aumentar ou reduzir o risco para
o suicídio, podendo alterar a classificação (BRASÍLIA, 2021).
Os fatores de proteção, tanto identificados pela própria pessoa em risco de suicídio, quanto
pelo profissional, devem ser considerados relevantes, já que comumente são ignorados durante a
avaliação de risco (BRASÍLIA, 2021).
Alguns fatores podem demandar urgência de intervenção, por apresentar indícios de maior
risco, de uma pessoa cometer um ato suicida, tais como (BRASÍLIA, 2021):

• Histórico de tentativa de suicídio prévias recentes;


• Identificação de providências para execução de um plano suicida;
• Eventos estressores psicossociais percebidos pela pessoa como perdas;
• Sentimentos de abandono, ansiedade severa, desespero, humilhação, que causam
dor psíquica intensa;

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• Uso abusivo de algumas substâncias, como álcool ou outras drogas;


• Impulsividade;
• Deterioração das relações sociais, do funcionamento geral, ocupacional, do
autocuidado e isolamento;
• Presença de sintomas psicóticos, com vozes de comando suicidas/ homicidas.

Sendo assim, não existe uma intervenção única que seja adequada para todos os casos; as
soluções devem ser construídas em conjunto com cada paciente.
Durante a avaliação, alguns itens já indicam pontos de intervenção, por exemplo, se o
suporte social é frágil ou ausente, a intervenção deve se direcionar a ampliar este suporte. Na
presença de alta impulsividade, sugere-se estratégias para aumento do controle de impulsos
(BRASÍLIA, 2021).
A seguir, apresentamos o quadro de Classificação, com suas características, dinâmica e
possíveis intervenções a fim de nortear as equipes na avaliação do Risco de Suicídio.

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5 CLASSIFICAÇÃO DE RISCO DO SUICÍDIO

CLASSIFICAÇÃO E
DINÂMICA POSSÍVEIS INTERVENÇÕES
CARACTERÍSTICAS
1. Ofereça apoio emocional, proporcionando à pessoa falar
sobre as circunstâncias pessoais e sociais emergentes que o
colocam em risco.
2. Atente-se em relação aos sentimentos suicidas, pois quanto
Baixo Risco mais abertamente a pessoa fala sobre perda, isolamento e
Verbalização de conteúdos Pensamentos como: “Eu desvalorização, menos confusa suas emoções se tornam.
negativos, que possam remeter não consigo continuar”, 3. A pessoa tende a se tornar reflexiva quando esta confusão
a pensamentos de morte. “Eu gostaria de estar emocional cede, e este processo de reflexão é crucial, uma vez
Condições psíquicas morto”, são que a decisão de viver é do próprio indivíduo.
estabilizadas, mas que externalizados pela 4. Foque nos aspectos positivos da pessoa, estimulando-a falar
apresentam um potencial para pessoa, mas ela não sobre como problemas anteriores foram resolvidos, sem
complicações caso não haja elabora nenhum plano. recorrer ao suicídio.
acompanhamento longitudinal. Caso a pessoa não demonstre melhora, discuta o caso em
equipe e considere a possibilidade de compartilhar com equipe
multiprofissional da UBS de referência ou serviço de saúde
mental.
5. Mantenha contato, encontrando-a em intervalos regulares.
1. Ofereça apoio emocional, atente-se em relação aos
sentimentos suicidas da pessoa e foque nos aspectos positivos.
2. Considere os sentimentos de ambivalência apresentados pelo
indivíduo em risco de suicídio, fortalecendo gradualmente o
desejo de viver.
3. Trabalhe alternativas ao suicídio.
4. Utilize a força do vínculo existente entre você e o indivíduo
para organizar um contrato, com o objetivo de que ele busque
auxílio, com a equipe de saúde ou de uma outra pessoa definida
como referência, caso o impulso de cometer suicídio aumente.
5. Outra possibilidade é pactuar com a pessoa à não execução do
ato suicida por um período definido, objetivando ganhar tempo
A pessoa, apesar de não até que o tratamento tenha resultado, ex.: uso de antidepressivo
pretender cometer nos casos de depressão, ou até que a pessoa consiga acesso ao
Médio Risco suicídio imediatamente, serviço de saúde mental.
Condições psíquicas que podem apresenta pensamentos 6. Converse antes com o indivíduo, a fim de obter seu
evoluir para um problema sério suicidas e/ou discurso consentimento e para alinhar as informações que serão
se não forem acompanhadas. com ideação suicida compartilhadas.
inconsciente ou pouco 7. Informe que será necessário o contato com a família ou o
estruturada. indivíduo indicado, solicitando aumento do apoio oferecido à
pessoa.
8. Apresente medidas de prevenção que poderão ser realizadas
por familiares ou o indivíduo indicado. Exemplos: esconder
armas, não deixar medicamentos em local que a pessoa tenha
acesso e com alguém responsável por administrá-los.
9. Explique à pessoa que tais medidas são temporárias, até que
minimize o risco.
10. Considere a necessidade de realizar consulta de apoio
matricial e/ou encaminhar a pessoa para o serviço de saúde
mental.
11. Caso identifique que a pessoa não possui apoio familiar e/ou
rede pessoal significativa, considere o caso como de alto risco.

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CLASSIFICAÇÃO E
DINÂMICA POSSÍVEIS INTERVENÇÕES
CARACTERÍSTICAS
Situação presente de
autoagressão e/ou
hetero agressão e/ou 1. Permaneça junto da pessoa. Nunca a deixe sozinha. Esclareça
dispõe de plano definido que você está ali para ajudá-la, protegê-la, já que no momento
e apresenta meios para ela parece estar com muita dificuldade para comandar a própria
Alto Risco fazê-lo logo ou vida.
Condições que potencialmente prontamente, ou está 2. Entre em contato com o serviço hospitalar de referência e
ameaçam à vida e requerem tentado evadir para tal discuta o caso com equipe responsável.
rápida intervenção, ou sinais que finalidade. 3. Solicite ambulância para remoção ao serviço hospitalar de
ameaçam a própria vida e/ou de Identifica-se referência e encaminhe relatório do caso.
terceiros. comportamentos de 4. Informe ao profissional que irá acompanhar o paciente na
Presença de agravos no quadro despedida, falas remoção qual o resultado da sua avaliação, pois é indispensável
clínico orgânico e necessidade ameaçadoras que ele entenda o motivo do encaminhamento.
de suporte hospitalar. direcionadas, em 5. Informe a família/rede de apoio e reafirme a importância do
especial na presença de cuidado.
sinais de perda do 6. Esses casos devem obrigatoriamente ser referenciados à Rede
controle, prejuízos ao de Atenção Psicossocial após a atenuação do risco.
julgamento, orientação e
sensopercepção.
Tabela 5 - Quadro adaptado de São Paulo (2023) e OMS (2000).

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6 ABORDAGENS TERAPÊUTICAS NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE

O indivíduo em risco de suicídio necessita da construção de um Projeto Terapêutico Singular


(PTS) ampliado, que integre os serviços da rede intra e intersetorial, garantindo acompanhamento
mais intensivo, que dê sustentação durante o período de maior crise, quando os pensamentos,
planejamento e desejo/impulso para os atos são mais frequentes. (RIO DE JANEIRO, 2016).
Alguns casos necessitarão de um projeto que envolva atividades na Unidade Básica de Saúde
e demais serviços da rede, cada um contribuindo com uma abordagem que fará parte da trama de
sustentação do indivíduo até sua melhora (RIO DE JANEIRO, 2016).
A equipe deve ter flexibilidade para dialogar entre si, com outros serviços, com o próprio
indivíduo e rede de apoio; familiares, amigos e outras pessoas próximas ou recursos da comunidade
para garantir o monitoramento do indivíduo enquanto persistir o risco (RIO DE JANEIRO, 2016).
A formação dessa rede não se dá de modo imediato, não basta chamar as pessoas a integrar
o cuidado, visto que, muitas delas, vivenciam grande estresse e sentimentos relacionados ao tema.
Um espaço de escuta para que todos se sintam fortalecidos no amparo faz muita diferença,
minimizando sentimentos de estresse, medo, impotência e sobrecarga (RIO DE JANEIRO, 2016).
As abordagens terapêuticas dependerão da gravidade do risco de suicídio e das condições
propostas no PTS. Intervenção Breve, Terapia de Resolução de Problemas, Telefonemas periódicos
para apoio e monitoramento e Visitas Domiciliares são estratégias utilizadas na prevenção do
suicídio. Alguns casos exigirão o estabelecimento de um Contrato de Não Suicídio (RIO DE JANEIRO,
2016).

a) Contrato de Não Suicídio


A Técnica de contrato contribui na prevenção do suicídio, sendo mais efetivo quando os
pacientes conseguem ter controle sobre suas ações. Um exemplo é fazer um pacto com o indivíduo
de que ele não irá cometer suicídio antes de conversar com a equipe, ou que ele não cometerá
suicídio por um período determinado. Diante do contrato estabelecido, o paciente terá parâmetros
para saber quando buscar ajuda, de acordo com as pactuações estabelecidas com o(s)
profissional(is) e/ou equipe que o acompanha. Para se manter no cuidado, o autoconhecimento é
importante no reconhecimento de seus limites e grau de impulsividade.

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b) Telefonemas periódicos
A realização de contatos telefônicos pelos profissionais de saúde, à pessoa em risco ao
suicídio, é uma estratégia simples e complementar às demais atividades terapêuticas propostas.
c) Terapia de Resolução de Problemas
É uma técnica desenvolvida especificamente no contexto da Atenção Primária, apoiando os
profissionais no acompanhamento de pessoas em situações de risco ao suicídio, com sintomas
depressivos e ansiosos. Recomenda-se em média de quatro a seis encontros, com duração de 30
minutos aproximadamente.
A técnica direciona, quando metas objetivas e realistas, podem ser elaboradas para
solucionar o problema apresentado pelo paciente. Possivelmente esta intervenção terapêutica
tende a ser pouco eficaz em pessoas com transtornos de personalidade e transtornos mentais
graves.
d) Intervenção Breve Interpessoal
É uma técnica de intervenção de curta duração, focada no presente, sendo estruturada em
situação problema especifica ou foco, tendo como objetivo a remissão de sintomas, principalmente
por meio da melhora nas relações familiares e interpessoais. Esta estratégia segue um ciclo de 3
fases (inicial, intermediária e final) e pode ser concluída em média de 8 a 12 sessões, através de
abordagem individual e/ou grupal.

6.1 Orientações sobre o acompanhamento farmacológico da pessoa com risco de suicídio

Como a maioria das pessoas com ideação suicida possui uma doença psiquiátrica como base
de sua problemática, esta deve ser tratada para que se obtenha melhora (RIO DE JANEIRO, 2016).
Alguns medicamentos possuem maior potencial de toxicidade, por isso devem ser usados com
maior cautela, entre eles estão: Antidepressivos tricíclicos (Amitriptilina, Nortriptilina, Imipramina),
Carbonato de Lítio, Antipsicóticos.

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EVENTOS OBSERVAÇÕES/
MEDICAMENTOS CLASSE DOSE/POSOLOGIA
ADVERSOS CONTRAINDICAÇÕES
Dose inicial 25mg.
As doses variam de 75 a Boca seca, Início de ação 3 semanas. Uso com
300mg ao dia, sendo a constipação, cuidado em gestantes, durante a
dose média 150mg. ganho de peso, amamentação e cardiopatas.
Amitriptilina Antidepressivo Deve-se aumentar 25mg hipotensão Contraindicações: Distúrbios de
25mg Tricíclico em intervalos de dois ou ortostática, condução cardíaca, glaucoma de
três dias. visão borrada, ângulo fechado, Transtorno Bipolar
Preferencialmente retenção sem uso de estabilizadores de
administrado uma vez a urinária. humor (Ex.: Lítio)
noite
Administrar dose no final do dia ou
Doses terapêuticas boca seca, pela manhã, podendo ser dividida
da Clomipramina constipação, se houver efeitos adversos. Uso
variam entre 75 ganho de peso, com cuidado em gestantes, durante
Clomipramina Antidepressivo e 250mg ao dia. hipotensão a amamentação e cardiopatas.
25mg Tricíclico Aumentar ortostática, Contraindicações: Distúrbios de
dose a cada semana visão borrada, condução cardíaca, glaucoma de
até retenção ângulo fechado, Transtorno Bipolar
dose máxima de 300mg. urinária sem uso de estabilizadores de
humor (Ex.: Lítio)
Dose inicial 25mg
Administrar dose
Doses Terapêuticas entre boca seca,
preferencialmente antes de dormir.
50 a 150mg ao dia. Em constipação,
Uso com cuidado em gestantes,
idosos e adolescentes são ganho de peso,
durante a amamentação e
Nortriptilina Antidepressivo recomendáveis doses de hipotensão
cardiopatas. Contraindicações:
25mg Tricíclico 30 a 50mg. ortostática,
Distúrbios de condução cardíaca,
Traz menos ganho de peso visão borrada,
glaucoma de ângulo fechado,
e efeitos retenção
Transtorno Bipolar sem uso de
cardiovasculares que os urinária
estabilizadores de humor (Ex.: Lítio)
outros tricíclicos.
Efeito Terapêutico pode demorar
Dose inicial 25mg. até 6 semanas. Administrar dose
As doses variam de 75 a Boca seca, preferencialmente antes de dormir.
300mg ao dia, sendo a constipação, Uso com cuidado em cardiopatas.
dose média 150mg. Deve- ganho de peso, Contraindicações: Gestação,
Imipramina Antidepressivo se aumentar 25mg em hipotensão Distúrbios de condução cardíaca,
25mg Tricíclico intervalos de dois ou três ortostática, glaucoma de ângulo fechado,
dia. visão borrada, Transtorno Bipolar sem uso de
Preferencialmente retenção estabilizadores de humor (Ex.: Lítio)
administrado uma vez a urinária. e Infarto. Precauções: Suspender o
noite. medicamento se houver reação
maníaca ou hipomaníaca
Náuseas, Efeito Terapêutico de 7 a 14 dias.
Inicial: 20mg
cefaleia, Uso com cuidado nas gestantes e
Máxima: 80mg
Inibidores Seletivos diminuição do durante a lactação. Administrar o
Fluoxetina Usar preferencialmente
de Recaptação de apetite, dor medicamento junto ou próximo as
20mg pela manhã ou em 2
Serotonina abdominal, refeições. Monitorar o risco do
tomadas (manhã e meio-
insônia, agravamento da ansiedade e
dia).
ansiedade. delirium.

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EVENTOS OBSERVAÇÕES/
MEDICAMENTOS CLASSE DOSE/POSOLOGIA
ADVERSOS CONTRAINDICAÇÕES
Boca seca,
Usar com cautela ou não
cefaleia,
Inicial: 25 a 50mg usar em pacientes com
náuseas,
Sertralina Inibidores Seletivos de Recaptação Média: 100mg/dia doença renal ou hepática.
sonolência,
50mg de Serotonina Máxima: 200mg Dose Uso com cuidado na
tontura,
única manhã ou noite gestação e durante a
retardo na
amamentação.
ejaculação
Antes de iniciar o
Inicial: 300mg, tratamento é necessário
podendo ser exames laboratoriais
Acne, aumento
aumentado para (Hemograma, TSH, T4L,
do apetite,
600mg no 2º dia e a Creatinina e Ureia), ECG e
edema, ganho
900mg no 3º dia BHCG. Necessidade de
de peso,
Variação da dose: monitorização
Lítio polipsia,
Estabilizadores de Humor geralmente entre 900 e laboratorial (Litemia -
300mg poliúria,
2.100mg, avaliada de Mensal).Litemia acima de
tremores finos,
acordo com a Litemia. 1,4 mEq/l considerada
diminuição da
Na fase de manutenção dosagem tóxica. Uso com
memória, gosto
de tratamento, é cuidado em idosos.
metálico
recomendada Litemia Contraindicações:
entre 0,6 e 1,0 mEq/l. Gestantes, durante a
amamentação.
Inicial: 200mg, com
aumento de 200mg a Sonolência, Contraindicado em:
cada 2 dias náuseas, Doenças hematopoiéticas
Média:1.000 a vômitos, Insuficiência hepática,
1.200mg/dia vertigens, visão Histórico de depressão da
Carbamazepina Anticonvulsivantes/Estabilizadores
Máxima: 1.600mg/dia turva, ataxia, medula, óssea,
200mg de humor
Posologia: agranulocitose, agranulocitose por
Preferencialmente a elevação de clozapina ou alergia a
noite ou duas vezes ao enzimas ADTs. Contraindicado na
dia considerando a hepáticas gravidez
dose
Contraindicado na
insuficiência hepática
Náuseas,
Gravidez
vômitos,
Hipersensibilidade ao
sedação,
fármaco Indicação: Mania
dispepsia,
Inicial: 500mg, Aguda, Psicose
diarreia,
podendo Esquizoafetiva,
Valproato de leucopenia,
Anticonvulsivantes/Estabilizadores ser aumentado Transtorno Bipolar,
Sódio alopécia,
de humor 500mg a cada semana agressão episódica e
500mg elevação de
Dose Máxima Diária: automutilação.
enzimas
2000mg Precauções: Realizar
hepáticas,
exames hematológicas,
discrasias
provas de função hepática
sanguíneas,
e gravidez antes da
hiperamonemia
introdução do
medicamento.

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OBSERVAÇÕES/
MEDICAMENTOS CLASSE DOSE/POSOLOGIA EVENTOS ADVERSOS
CONTRAINDICAÇÕES

Contraindicações: depressão grave


Acatisia, boca seca,
Inicial: 3mg. do SNC, bexiga neurogênica, Doença
distonia, hipercinesia,
Dose média em adultos: de Parkinson, câncer de mama e
parkinsonismo,
Haloperidol 10 a 15mg, em quadros hipertrofia de próstata, transtornos
Antipsicótico sonolência, tremor,
1mg, 5mg e agudos de esquizofrenia. convulsivos. Avaliar a possibilidade
1° Geração sintomas
5mg/ml/1ml Dose média em crianças: de gravidez antes de prescrever. Na
extrapiramidais,
0,5 mg/ dia forma injetável, variar o local de
ganho de peso, rigidez
Máxima: 15 a 20mg aplicação e não utilizar mais de 3ml
muscular
no mesmo local.

Bradicinesia, acatisia,
Contraindicações: gravidez e
agitação, ansiedade,
lactação, insuficiência renal ou
Inicial: 2mg, 1 a 2 aumento do apetite e
hepática grave. Evitar associar com
vezes ao dia. Pode do peso cefaleia,
outras drogas de ação no SNC,
Risperidona Antipsicótico ser aumentada a disfunções sexuais,
monitorar risco de hipotensão
1mg,2mg e 3mg 2° Geração cada 2 dias. taquicardia, tremores,
postural, nas primeiras semanas de
Média: 4 a 6mg sonolência. Sintomas
uso, o paciente poderá ficar agitado
Máxima: 8mg extrapiramidais,
com quadro semelhante a um quadro
principalmente doses
episódico maníaco.
superiores a 6mg/ dia.

Contraindicações: glaucoma de
Ganho de peso
ângulo fechado, hipertrofia
(especialmente no
prostática, íleo paralítico. Precações:
início do tratamento),
Inicial: 5mg dosar transaminases antes e durante
dislipidemia,
Dose média: 5 a 10 mg/ o tratamento, monitorar elevação do
Olanzapina Antipsicótico hiperglicemia,
dia, em dose única nível de colesterol e surgimento de
5mg e 10mg 2° Geração síndrome metabólica,
Máxima: 10 a 20mg diabetes, uso cuidadoso em
aumento transitório
Início da ação: 5 a 10 dias pacientes edemaciados, pelo risco de
assintomático das
AVC- usar doses baixas e se não for
transaminases,
resposta, avaliar troca da medicação.
sedação e sonolência
(Componente Especializado)

Contra Indicações: leucócitos <


3500/mm³ e/ou neutrófilos <
2000/mm³, epilepsia não controlada,
doenças mieloproliferativas, uso de
agentes
Inicial: 25mg
imunossupressores, história de
Aumentar 25mg a cada 2 Sedação, sialorreia,
granulocitopenia/agranulocitose com
dias, em tontura, ganho de
Clozapina 25mg e Antipsicótico clozapina, depressão do SNC, íleo
média, até atingir a dose peso, taquicardia,
100mg 2° Geração paralítico, doença hepática ou
terapêutica de constipação intestinal,
cardíaca grave
200 a 500mg/dia agranulocitose
Precauções: deve ser realizado de
Máxima: 800mg
rotina hemograma e controle de
plaquetas, para controle de
leucopenia e de agranulocitose-fazer
controle hematológico mensal
(Componente Especializado)

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EVENTOS OBSERVAÇÕES/
MEDICAMENTOS CLASSE DOSE/POSOLOGIA
ADVERSOS CONTRAINDICAÇÕES
ganho de peso,
dislipidemia,
Contraindicação:
hiperglicemia,
Inicial: 50 a 100mg/dia hipersensibilidade ao
síndrome
Quetiapina Aumentos de 100mg/dia medicamento, cuidado com
Antipsicótico 2° metabólica,
25mg, 100mg, Máxima: 400 a pacientes diabéticos,
Geração hipotensão
200mg e 300mg 800mg cardíacos, com sinais de
ortostática,
Início da Ação: 4 a 10 dias infecção (componente
sedação,
especializado)
prolongamento
do QT
Tabela 6 - Quadro adaptado de RIO DE JANEIRO, 2016.

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7 CUIDADOS DO LUTO POR SUICÍDIO

O luto por suicídio, na maioria das vezes, tende a ser mais complexo de ser elaborado,
presume-se que de 5 a 10 pessoas são diretamente afetadas por esse evento. É de extrema
importância que a família enlutada receba suporte da equipe, pois reações como negação, raiva,
barganha, depressão e aceitação são comuns, somadas a sentimentos de vergonha, rejeição, culpa
e abandono, em relação à pessoa que se matou. Dependendo da necessidade de cada pessoa,
podem ser ofertados atendimentos individuais, abordagem familiar, atendimentos em conjunto
com a equipe multiprofissional e/ou participação em grupos de suporte para familiares e
encaminhamentos para outros níveis de atenção, se assim for avaliado como necessário. (RIO DE
JANEIRO, 2016 e BRASÍLIA, 2021).
As pessoas enlutadas podem apresentar maior dificuldade na aceitação da morte por
suicídio e podem tentar omitir de algumas formas a verdade de outros familiares e amigos próximos;
possivelmente pela resistência em entrar em contato com o sentimento relacionado ao ocorrido.
(RIO DE JANEIRO, 2016).
Sentimento de culpa, por acreditar que não foram capazes de ter percebido e evitado a
morte, são frequentemente trazidos pelos familiares em luto pelo suicídio. Esses sentimentos
eventualmente podem ser transferidos aos profissionais, com acusações de que algo mais poderia
ter sido feito. Ressaltamos a importância do registro em prontuário de todas as intervenções
realizadas pela equipe. (RIO DE JANEIRO, 2016).
Em casos mais graves, apesar de todo investimento realizado pela equipe e familiares, pode
não ser possível evitar a morte do paciente por suicídio. (RIO DE JANEIRO, 2016).

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8 FLUXOGRAMAS

8.1 Risco de suicídio identificado – UBS

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8.2 Tentativa de suicídio – UBS

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8.4 Risco de suicídio identificado – CER/PAI/URSI/EMAD/ESPECIALIDADES

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8.5 Tentativa de suicídio – CER/PAI/URSI/EMAD/ESPECIALIDADES

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8.6 Risco de suicídio identificado – CAPS

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8.7 Tentativa de suicídio – CAPS

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8.8 Risco de suicídio identificado/tentativa de suicídio – UPA/PA/AMA

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8.8.1 Tabela de Avaliação de Risco de Suicídio para Adultos

N AVALIAÇÃO DE RISCO DE SUICÍDIO PARA ADULTOS NOTA


1 Você pensou que seria melhor estar morto? 01
2 Você quer fazer mal a si mesmo? 02
3 Você tem pensado em se suicidar? 06
4 Você tem planejado uma maneira de se suicidar? 10
5 Você tentou o suicídio (recentemente)? 10
6 Você já fez alguma tentativa de suicídio (em sua vida)? 04
RISCO DE SUICÍDIO (SOMAR PONTOS)
1 a 5 - Leve | 6 a 9 - Moderado | 10 a 33 - Elevado
Tabela 7 - Adaptado de Amorim, P.; Rev. Bras. Psiquiatria;22: 106 -15, 2000; e Ferreira, M. H. F. et al. Rev. Bras. Psiquiatria; 29:51 -
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Psic., Saúde & Doenças [on line], Portugal, v.15, n.1, p. 179-190, 2014. Disponível em:
<http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-
00862014000100015&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 07 julho 2023.
2. BOTEGA, N.J. Crise suicida: Avaliação e manejo. Porto Alegre: Artmed, 2015.
3. BARBOSA, B. de A.; TEIXEIRA, F.A.F. de C. Perfil epidemiológico e psicossocial do suicídio no
Brasil. Research, Society and Development, v.10, n. 5, e32410515097, 2021.
4. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção á Saúde. Departamento de Ações
Programáticas Estratégicas. Área Técnica de Saúde Mental. Prevenção do suicídio: Manual
dirigido a profissionais das equipes de saúde mental. Brasília, 2006.
5. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico.
Volume 52. Nº 33. Setembro 2021. Brasília, 2021.
6. BRASÍLIA. Secretaria da Saúde. Manual de Orientações para o atendimento à pessoa em risco
de suicídio. 2021. Disponível em: https://abeps.org.br/wp-
content/uploads/2021/05/Manual_de_orientacoes_para_o_atendimentoa_pessoa_em_risco
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7. CFM- Conselho Federal de Medicina. Brasília. Suicídio: Informando para prevenir. 2014.
8. FREITAS, A.P.A. de; BORGES, L.M. tentativas de suicídio e profissionais de saúde: significados
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http://pepsic.bvsalud.org/pdf/epp/v14n2/v14n2a10.pdf. Acesso em: 11 julho 2023.
9. OMS – ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Departamento de Saúde Mental- Transtornos
mentais e Comportamentais. Prevenção do suicídio: Um manual para profissionais da saúde em
atenção primária. Genebra, 2000. Disponível em:
https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/67604/WHO_MNH_MBD_00.2_por.pdf;se
quence=7. Acesso em: 11 julho 2023.
10. RIO DE JANEIRO. Secretaria Municipal de Saúde. Coleção Guia de Referência Rápida- Avaliação
do risco de suicídio e sua prevenção. Rio de Janeiro, 2016.
11. SÃO PAULO. Secretaria Municipal da Saúde. Protocolo de Saúde Mental na Atenção Básica-
Estratificação e Classificação de Risco em Saúde Mental. São Paulo, 2023.

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12. SETTI, V.G.M. Políticas e prevenção do suicídio no Brasil. Revista IANDÉ: Ciências e
Humanidades. São Paulo. Universidade Federal do ABC, vol. 1, n. 1, p. 104-113, 2017.

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