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4ª edição

Região da Serra
Região das Hortênsias
Campos de Cima da Serra
Paranhana e Encosta da Serra
Vale do Caí

Caderno Especial do Jornal do Comércio


Porto Alegre, terça-feira, 31 de outubro de 2023

RANDONCORP/DIVULGAÇÃO/JC

Inovação
impulsiona
a indústria e
abre mercados
no exterior
Regiões da Serra, Campos de Cima
da Serra, Hortênsias, Vales do
Paranhana e Caí sediam polos
metalmecânico, de móveis e alimentos,
com exportações para o mundo
Caderno Especial do Jornal do Comércio
2 Porto Alegre, Terça-feira, 31 de outubro de 2023

Carta do editor

Indicadores para uma visão de futuro no RS


MARCO
QU
I NT
AN
A/
AR
Isso é possível através forma pontual, no dia, trata- Econômico do Rio Grande do em Passo Fundo no dia 13 de
de um trabalho de jornalismo -se apenas de mais um dado, Sul. Trazer novos indicadores, setembro; e em Caxias do Sul,
QU
I VO

de dados, em que juntamos e a iniciativa de uma empresa, tão importantes para uma vi- em 24 de outubro – ficou evi-
/ JC

analisamos informações, em de uma prefeitura, de um go- são de futuro. Identificar opor- dente a importante contribui-
alguns casos publicadas ao verno, de uma cooperativa... tunidades e ver os desafios. ção de lideranças regionais
longo do tempo isoladamente. Evidentemente, tem seu valor E como estamos fazendo para apontar os caminhos do
A partir dessa “visão da flo- para o setor e para o momento esse mapeamento? Esse pro- desenvolvimento econômico.
resta”, de conjunto dos dados, em que acontece. jeto é pensado desde o ano Em 20 de novembro, será
conseguimos trazer novas in- Agora, quando reunimos passado e foi implementado realizado o último evento re-
formações. todos os dados, todas as notí- no início deste ano, com entre- gional, em Porto Alegre. A cada
Um exemplo é a pesquisa cias de investimentos realiza- vistas de empresários e eco- edição, além do painel regio-
Marcas de Quem Decide, que dos em um determinado lugar, nomistas, análise de dados, nal, publicamos um caderno
Guilherme Kolling revela anualmente a preferên- no nosso caso, em solo gaú- consulta a relatórios de entida- como este, que circula hoje no
Editor-Chefe do Jornal do Comércio cia e a lembrança de marcas cho, temos um panorama com- des empresariais e de órgãos JC, com o detalhamento das
em 75 setores da economia pleto dos aportes feitos. E aí públicos, tudo isso para fazer cadeias produtivas e da econo-
O Mapa Econômico do Rio gaúcha, há 25 anos. A evolução trazemos um indicador novo, um mapa da economia do Rio mia dessas regiões.
Grande do Sul é um projeto desse mapeamento de marcas que é a soma dos investimen- Grande do Sul. Esse é o quarto conteú-
ambicioso, considerando a ri- permite ver as transformações tos no Rio Grande do Sul anun- Além disso, estamos reali- do especial da série, com um
queza e a diversidade da eco- no mercado ao longo do tempo. ciados ou realizados ao longo zando encontros regionais para mapa das principais atividades
nomia do Estado. Mas também Outro exemplo desse tra- de um ano. ouvir as lideranças locais dos das regiões da Serra, Campos
é um desafio a que nos propu- balho de dados é o nosso Em 2022, por exemplo, na mais diferentes setores, sobre de Cima da Serra, Hortênsias,
semos nos 90 anos do Jornal Anuário de Investimentos do quinta edição do Anuário de In- desafios e oportunidades para Vale do Paranhana e Enconsta
do Comércio porque está em Rio Grande do Sul. Ele começa vestimentos do Rio Grande do o desenvolvimento econômico. da Serra, e Vale do Caí.
linha com o nosso trabalho do no dia a dia, já que, em quase Sul, mapeamos 300 aportes Desta forma, descobrimos as É uma parte do Rio Grande
dia a dia. todas as suas edições, o Jornal anunciados ou realizados no demandas locais para que o do Sul muito industrializada –
Como diário de economia do Comércio publica informa- Estado, pela iniciativa privada Estado possa crescer. com polos metalmecânico, mo-
e negócios do Rio Grande do ções de novos empreendimen- ou pelo poder público. E iden- Dividimos o Rio Grande do veleiro, calçadista, de alimen-
Sul, ao publicar matérias sobre tos em solo gaúcho: uma rede tificamos a cifra total de R$ 62 Sul em cinco grandes regiões, tos e bebidas – e que investe
novos negócios e empreendi- de varejo que abre novas uni- bilhões de investimentos no reunidas conforme semelhan- forte em inovação. Tem ainda
mentos, o Jornal do Comércio dades, uma indústria que ex- Rio Grande do Sul. ças e proximidade geográfica: relevância na pauta de expor-
está, de certa forma, fazendo pande a produção, uma estra- Trata-se de um indicador, Regiões Sul, Campanha tações, além de sediar o princi-
um raio-X da economia gaúcha da que é ampliada, um parque que pode ser comparado com e Fronteira Oeste; pal polo turístico do Estado. E
a cada edição. eólico que é instalado. os anos anteriores, já que o Regiões Central, Vales, abriga muitas outras potencia-
Em uma dimensão maior, Olhando essas notícias de Anuário já teve cinco edições. Jacuí Centro e Alto Jacuí; lidades, como mostraremos ao
ao longo do ano, publicamos E também pode ser analisado Regiões Norte, Noroeste longo desse especial.
conteúdos especiais sobre regionalmente – quanto cada e Missões; Finalmente, cabe observar
setores da economia gaúcha, região recebeu de investimen- Regiões da Serra, Cam- que a economia está sempre
aprofundando temas e reve- Esse é o quarto tos. pos de Cima da Serra, Hortên- em transformação, o que per-
lando tendências. especial da série Esses casos ilustram a sias, Vales do Paranhana e Caí; mite projetar que esse trabalho
O caráter de formulação importância estratégica de in- Região Metropolitana, do Mapa Econômico seguirá ao
está em apresentar informa- Mapa Econômico do formações e indicadores para Litoral e Vale do Sinos. longo dos anos, mostrando as
ções novas ao grande público, RS, contando sempre nortear decisões e saber onde Nos quatro eventos até mudanças nas regiões e, de
permitindo pensar e projetar estamos e para onde vamos. aqui realizados – em Pelotas, forma comparativa, trazendo
o desenvolvimento econômico com a contribuição De uma certa forma, é o em 23 de junho; em Santa tendências e indicadores.
do Rio Grande do Sul. de lideranças locais objetivo desse projeto Mapa Cruz do Sul em 3 de agosto; Boa leitura!

ÍNDICE
EXPEDIENTE
 Editor-Chefe: Indicadores para uma visão de futuro do RS página 2 Novo Polo Químico no Vale do Caí página 15
Guilherme Kolling
guilhermekolling@jornaldocomercio.com.br A divisão do Estado em cinco regiões página 4 Polo moveleiro inova para ganhar o mundo página 16

 Editor-executivo: Dados sobre a população e o PIB páginas 6 e 7 Vale do Paranhana e a criação calçadista página 17
Mauro Belo Schneider
mauro.belo@jornaldocomercio.com.br
Serra Gaúcha aposta em inovação página 8 Vinhos têm Indicação de Procedência página 18
 Editora de Economia:
Fernanda Crancio Multinacionais exportam tecnologia da Serra página 9 O chocolate artesanal de Gramado página 19
fernanda.crancio@jornaldocomercio.com.br
Setor metalmecânico abrange vários municípios página 10 Vacaria é referência na produção de maçãs página 20
 Reportagem:
Eduardo Torres
eduardo.torres@jcrs.com.br
Com indústria forte, varejo também prospera página 11 Veranópolis é pioneira na produção de biodiesel página 21

 Projeto gráfico e diagramação: Um mapa de oportunidades páginas 12 e 13 O turismo na Região das Hortênsias página 22
Luís Gustavo Van Ondheusden
Ecossistema de inovação e uso do grafeno páginas 14 Desafios logísticos para o desenvolvimento página 23
Jornal do Comércio Terça-feira, 31 de outubro de 2023 3
Caderno Especial do Jornal do Comércio
4 Porto Alegre, Terça-feira, 31 de outubro de 2023

Reportagem Especial

A divisão do Estado em 5 grandes regiões


Sul de maneira regionalizada, elaboração de políticas de de- pela Secretaria do Planejamen- por um mapeamento, por isso,
Mapa Econômico do para que se possa compreen- senvolvimento pelo governo, to do Estado, que divide o Rio quando se trata da análise re-
RS segue critério der cada característica e po- mas também elemento funda- Grande do Sul em nove regiões gional, cruzamos diversos as-
da Secretaria de tencial local, é uma tarefa per- mental para a iniciativa privada funcionais. Elas foram agrupa- pectos, com tempo de respos-
Planejamento do Estado manente. em busca de maior eficiência das em cinco regiões, de acor- ta às ações governamentais ou
“O Estado tem, entre as em potenciais investimentos do com afinidades e proximida- privadas mais curtos ou longos
Eduardo Torres suas atividades econômicas, no Rio Grande do Sul. de geográfica. em nossas análises”, explica.
eduardo.torres@jcrs.com.br muitas especialidades bastan- Em cada região analisada, Para o economista Rodrigo Cada capítulo deste traba-
te distintas entre si. Tratar a o mapeamento trará caracte- Feix, esta forma de organiza- lho será acompanhado de pai-
A radiografia regionalizada análise econômica e todo o pla- rísticas locais e potencialida- ção considera a regionalização néis regionais, em que lideran-
da economia do Rio Grande do nejamento de forma regional é des de indústria, agricultura, “de baixo para cima”, e permite ças dos diversos setores são
Sul é instrumento permanente a maneira mais adequada de serviços, varejo e investimen- uma melhor percepção das di- ouvidas para apontar rumos e
para pesquisadores, econo- levarmos em consideração, por tos em infraestrutura. Serão ferenças locais, muitas vezes desafios. O primeiro encontro
mistas, governos e potenciais exemplo, as vocações locais, apresentadas as principais não perceptíveis a um olhar ocorreu em 23 de junho, em Pe-
investidores. que respeitam fatores históri- iniciativas em cada um destes distante, na economia gaúcha. lotas. A segunda edição foi rea-
Ao completar 90 anos de cos, climáticos e ambientais, setores. “Muitas vezes um movi- lizada em Santa Cruz do Sul,
circulação, o Jornal do Comér- como fluxos populacionais Para a divisão de regiões, mento leva algum tempo a mais no dia 3 de agosto. A terceira
cio está elaborando um ma- específicos, que condicionam foi adotado o cri- para ser percebido aconteceu em Passo Fundo, no
peamento da economia do Es- a forma como se deu o desen- tério estabe- dia 13 de setembro. E a quarta
tado em cinco especiais com volvimento de uma determina- lecido teve Caxias do Sul como sede,
grandes reportagens. da região, e qual a tendência em 24 de outubro. Porto Ale-
O quarto, nesta edição, futura”, explica o economista e gre fecha a série com um
aborda as regiões Serra, Cam- pesquisador do Departamento painel programado
pos de Cima da Serra, Hortên- de Economia e Estatística para o dia 20 de
sias, Vale do Paranhana e En- (DEE), Rodrigo Feix. novembro.
consta da Serra, e Vale do Caí. Compreender
As características geográ- estas nuances é Passo Fundo
ficas, culturais e históricas do essencial na
Rio Grande do Sul não são uni-
formes. Por isso, pensar a eco-
nomia do Estado exige identi-
ficar os vários territórios entre
os 497 municípios gaúchos,
Caxias do Sul
com seus 21,7 mil quilômetros
quadrados.
Além disso, radiografar
a economia do Rio Grande do
Santa Cruz do Sul

Porto Alegre

Pelotas

AS CINCO REGIÕES
Regiões Sul, Campanha e Fronteira Oeste
Evento em Pelotas realizado em 23 de junho

Regiões Central, Vales do Rio Pardo, Taquari, Jaguari, Jacuí Centro e Alto Jacuí
Evento em Santa Cruz do Sul realizado em 3 de agosto

Regiões Norte, Noroeste e Missões


Evento em Passo Fundo realizado em 13 de setembro

Regiões da Serra, Campos de Cima da Serra, Hortênsias, Vales do Paranhana e Caí


Evento em Caxias do Sul realizado em 24 de outubro

Região Metropolitana de Porto Alegre, Litoral e Vale do Sinos


Evento em Porto Alegre será em 20 de novembro
Jornal do Comércio Terça-feira, 31 de outubro de 2023 5

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Caderno Especial do Jornal do Comércio
6 Porto Alegre, Terça-feira, 31 de outubro de 2023

População da Serra, Hortênsias, Vales do Paranhana e Caí


As 10 maiores populações Campos de Cima
da Serra
municipais nas 5 regiões
População População
Município
atual em 2010
1. Caxias do Sul 463.338 435.551
2. Bento Gonçalves 123.151 104.659
Vacaria
3. Farroupilha 69.885 63.675
4. Vacaria 64.187 61.342 Bento Gonçalves
5. Montenegro 63.624 59.415 Caxias
6. Taquara 53.242 54.590 do Sul
Serra
7. Parobé 52.058 51.275 Garibaldi Canela
8. Canela 48.946 39.227 Farroupilha Gramado
9. Gramado 40.134 32.290
Montenegro Taquara
10. Garibaldi 34.335 30.679
Parobé
Campos de Cima 100.765 habitantes Vale do Caí Hortênsias
da Serra (em 2010 eram 98.020, alta de 2,8%)

População População
Município Vale do Paranhana
atual em 2010
e Encosta da Serra
Vacaria 64.187 61.342
Bom Jesus 11.202 11.519
Ipê 5.325 6.018
São José dos Ausentes 4.172 3.290
Campestre da Serra 3.242 3.247
 A população total das regiões Serra,
Esmeralda 3.195 3.168
Campos de Cima da Serra, Hortênsias,
Monte Alegre dos Campos 3.180 3102
Vales do Paranhana e Caí era de 1.584.899
Muitos Capões 2.879 2.988 em 2022, de acordo com o Censo, um
Pinhal da Serra 2.248 2.130 crescimento de 8,86% em relação a 2010,
André da Rocha 1.135 1.216 quando eram 1.455.844 habitantes.
 São 78 municípios. Entre os 10 mais

populosos, destaque para o crescimento


Região da Serra 939.680 habitantes populacional de Canela e Gramado, com
(em 2010 eram 862.377, alta de 8,96%)
altas superiores a 20% em habitantes.
População População  As cinco regiões retratadas nesta edição
Município
atual em 2010 do Mapa Econômico do RS tiveram alta
populacional. A Região das Hortênsias foi a
Caxias do Sul 463.338 435.551
que mais cresceu proporcionalmente (17,7%).
Bento Gonçalves 123.151 104.659
Farroupilha 69.885 63.675
Garibaldi 34.335 30.679 Região das 149.552 habitantes 184.953 habitantes
Vale do Caí (em 2010 eram 169.632, alta de 9,03%)
Flores da Cunha 30.892 27.139 Hortênsias (em 2010 eram 126.965, alta de 17,7%)
Carlos Barbosa 30.418 25.162 População População População População
Município Município
Nova Prata 25.692 22.830 atual em 2010 atual em 2010
Guaporé 25.268 22.814 Canela 48.946 39.227 Montenegro 63.624 59.415
Veranópolis 24.021 22.810
Gramado 40.134 32.290 São Sebastião do Caí 24.428 23.134
São Marcos 21.084 20.103
Nova Petrópolis 23.177 19.040 Feliz 13.764 12.359
Serafina Corrêa 16.961 14.253
Antônio Prado 12.980 12.831 São Francisco de Paula 21.893 20.551 Bom Princípio 13.132 11.789
Nova Bassano 9.649 8.840 Cambará do Sul 6.361 6.542
Capela de Santana 11.159 10.462
Paraí 7.194 6.812 Picada Café 5.351 5.138
Nova Araçá 4.954 4.001 Salvador do Sul 6.879 6.747
Jaquirana 3.690 4.177
Cotiporã 3.846 3.917 Barão 6.461 5.735
Vila Flores 3.646 3.207 Vale Real 6.058 5.118
Vale do Paranhana 209.949 habitantes
Nova Roma do Sul 3.466 3.343 e Encosta da Serra (em 2010 eram 204.850, alta de 2,4%)
São Jorge 2.912 2.848 Harmonia 5.378 4.259
População População
Boa Vista do Sul 2.779 2.776 Município Tupandi 5.029 3.924
atual em 2010
Pinto Bandeira 2.723 2.609 Taquara 53.242 54.590 Brochier 4.966 4.675
Fagundes Varela 2.566 2.579
Parobé 52.058 51.275 São José do Hortêncio 4.447 4.094
Monte Belo do Sul 2.557 2.668
Nova Pádua 2.343 2.450 Igrejinha 32.808 31.899 Pareci Novo 4.319 3.530
São Valentim do Sul 2.207 2.168 Três Coroas 24.425 23.812
São Pedro da Serra 3.548 3.316
Protásio Alves 2.025 2.000 Rolante 21.253 19.448
Coronel Pilar 1.607 1.725 Alto Feliz 3.072 2.891
Santa Maria do Herval 6.340 6.063
Vista Alegre do Prata 1.590 1.569 Maratá 2.470 2.527
Lindolfo Collor 6.244 5.227
Santa Tereza 1.505 1.732 São José do Sul 2.285 2.058
Montauri 1.499 1.542 Morro Reuter 6.029 5.722
Riozinho 4.473 4.330 São Vendelino 2.251 1.975
Guabiju 1.417 1.598
União da Serra 1.170 1.487 Presidente Lucena 3.077 2.484 Linha Nova 1.683 1.624
Caderno Especial do Jornal do Comércio
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Regiões concentram 16,4% do PIB do Rio Grande do Sul


Somado, o Produto Interno Bruto
(PIB) das regiões Serra, Campos de As 10 maiores populações municipais nas cinco regiões
Cima da Serra, Hortênsias, Vales do 1  Caxias do Sul R$ 25.965.161.310
Paranhana e do Caí é de 2  Bento Gonçalves R$ 6.450.900.600
R$ 77.474.281.100, o que 3  Montenegro R$ 3.905.781.931
representa 16,4% do PIB do Rio
4  Farroupilha R$ 3.607.729.923
Grande do Sul. Os dados são de
5  Carlos Barbosa R$ 3.078.519.379
2020, os mais recentes com recorte
municipal. Quem lidera a lista dos 6  Vacaria R$ 2.541.968.407
maiores PIBs municipais é Caxias 7  Garibaldi R$ 2.302.654.875
do Sul, segunda maior economia do 8  Gramado R$ 2.022.329.978
Estado, que superou a marca de 9  Flores da Cunha R$ 1.948.953.361
R$ 25 bilhões. O segundo maior 10  Igrejinha R$ 1.711.229.294
PIB nessas cinco regiões também
fica na Serra, em Bento Gonçalves. Fonte: Secretaria de Planejamento do Estado do RS

Campos de Cima R$ 4.708.867.846 R$ 52.352.263.060 R$ 5.232.453.768


da Serra (dados de 2020, representa 0,99% em Região da Serra (dados de 2020, representa 11,1% em Região das Hortênsias (dados de 2020, representa 1,1% em
relação do PIB do RS naquele ano) relação do PIB do RS naquele ano) relação do PIB do RS naquele ano)

Município PIB em 2020 Município PIB em 2020 Município PIB em 2020


Vacaria R$ 2.541.968.407 Caxias do Sul R$ 25.965.161.310 Gramado R$ 2.022.329.978
Muitos Capões R$ 724.936.864 Bento Gonçalves R$ 6.450.900.600 Canela R$ 1.243.847.245
Bom Jesus R$ 390.434.446 Farroupilha R$ 3.607.729.923
Nova Petrópolis R$ 826.388.832
Esmeralda R$ 215.910.305 Carlos Barbosa R$ 3.078.519.379
São Francisco de Paula R$ 793.012.632
Pinhal da Serra R$ 214.397.239 Garibaldi R$ 2.302.654.875
Cambará do Sul R$ 172.474.201
Flores da Cunha R$ 1.948.953.361
Ipê R$ 192.562.835
Picada Café R$ 98.779.912
Veranópolis R$ 1.633.450.462
Campestre da Serra R$ 140.798.140
Nova Prata R$ 1.323.123.237 Jaquirana R$ 75.620.968
São José dos Ausentes R$ 116.119.278
São Marcos R$ 968.734.037
André da Rocha R$ 88.611.305
Guaporé R$ 960.169.808 R$ 6.798.814.220
Monte Alegre dos Campos R$ 83.129.027 Vale do Paranhana (dados de 2020, representa 1,4% em
Antônio Prado R$ 670.901.342 e Encosta da Serra relação do PIB do RS naquele ano)

Serafina Corrêa R$ 655.627.661 Município PIB em 2020


R$ 8.381.882.206
Vale do Caí (dados de 2020, representa 1,7% em Nova Bassano R$ 622.403.225 Igrejinha R$ 1.711.229.294
relação do PIB do RS naquele ano)

Município PIB em 2020 Paraí R$ 313.957.023 Taquara R$ 1.403.652.645

Montenegro R$ 3.905.781.931 Nova Araçá R$ 263.689.994 Parobé R$ 1.279.035.986

Bom Princípio R$ 774.888.392 Vila Flores R$ 212.817.774 Três Coroas R$ 767.701.170


São Sebastião do Caí R$ 764.721.079 Nova Roma do Sul R$ 200.991.302 Rolante R$ 602.177.771
Tupandi R$ 507.732.007 Cotiporã R$ 165.954.254 Lindolfo Collor R$ 318.554.767
Feliz R$ 470.879.360 Fagundes Varela R$ 137.478.414 Santa Maria do Herval R$ 214.509.236
Salvador do Sul R$ 305.547.943
Boa Vista do Sul R$ 95.769.125 Morro Reuter R$ 211.333.878
Barão R$ 254.487.858
São Jorge R$ 91.678.320 Presidente Lucena R$ 161.574.519
Capela de Santana R$ 237.708.709
Nova Pádua R$ 78.854.921
Riozinho R$ 129.044.954
Harmonia R$ 201.263.833
Monte Belo do Sul R$ 74.341.260
Vale Real R$ 152.002.738
Guabiju R$ 71.844.361
Alto Feliz R$ 122.272.524
Protásio Alves R$ 68.234.552
São José do Hortêncio R$ 111.551.400
São Valentim do Sul R$ 65.703.953
Destaques da Região
Pareci Novo R$ 110.224.099  Caxias do Sul tem o 2º maior PIB do Rio
Pinto Bandeira R$ 64.220.040 Grande do Sul.
Brochier R$ 99.289.923
 Vacaria tem o 2º maior Valor Adicionado Bruto
São Pedro da Serra R$ 84.147.589 Vista Alegre do Prata R$ 61.541.947
(VAB) Agrícola do Rio Grande do Sul.
Montauri R$ 60.230.091  Caxias do Sul tem o maior VAB Industrial do
Maratá R$ 76.303.706
Rio Grande do Sul e Bento Gonçalves é o 9º no
São José do Sul R$ 75.948.079 União da Serra R$ 53.522.010 Estado nesse aspecto.
 Caxias do Sul tem o 2º VAB de Serviços do Rio
São Vendelino R$ 71.558.614 Santa Tereza R$ 43.107.304
Grande do Sul.
Linha Nova R$ 55.572.422 Coronel Pilar R$ 39.997.195
Caderno Especial do Jornal do Comércio
8 Porto Alegre, Terça-feira, 31 de outubro de 2023

Dados sobre o Reportagem Especial


Valor Adicionado Bruto (VAB)
O perfil econômico das regiões é traduzido pelo
Valor Adicionado Bruto (VAB), que mostra o quanto
Empresas da Serra Gaúcha
cada setor contribui dentro do que é produzido. apostam em inovação
VAB Industrial: comum aos setores metalme- contou que surgiu a necessida-
Caxias do Sul é o motor da economia da Serra. O município
Fabricação de veículos
elétricos já é realidade cânico, calçadista, moveleiro, de de uma cola específica para
centraliza o maior polo metalmecânico e automotivo do Rio
de alimentos e até do turístico, as suas operações. Imediata-
Grande do Sul, que responde por 52,8% da arrecadação de ICMS em Caxias do Sul que prosperam neste recorte do mente, ele acionou todo o ecos-
industrial da cidade. O município tem o segundo maior
PIB gaúcho e o maior VAB Industrial da região e do Estado. Eduardo Torres Mapa Econômico do RS. sistema que há na cidade e na
Para que se tenha uma região, e em duas horas apare-
VAB Industrial - 10 municípios líderes É questão de tempo para ideia, nos últimos 10 anos, as ceu uma solução. Em qual outro
que o transporte público das regiões foram destino de R$ 2,2 lugar isso seria possível? Está
Caxias do Sul R$ 7 bilhões
grandes cidades tenha os ôni- bilhões em investimentos do no DNA da nossa produção”,
Bento Gonçalves R$ 2 bilhões bus elétricos como solução BRDE – 22% dos R$ 9,9 bilhões diz o secretário municipal de
Carlos Barbosa R$ 1,4 bilhão mais sustentável para reduzir aportados no período no Esta- Desenvolvimento Econômico de
Montenegro R$ 1,3 bilhão o impacto ao meio ambiente. do. Destes recursos, R$ 767,4 Caxias do Sul, Élvio Gianni.
Os primeiros 30 veículos com milhões (81% na Serra) foram Foi assim em 1950, quando
Farroupilha R$ 1 bilhão
chassis 100% nacionais e mo- para projetos da indústria da foi apresentado ao Senai o de-
Garibaldi R$ 852,5 milhões tores exclusivamente elétricos transformação, sobretudo, em safio de iluminar a Festa da Uva.
Igrejinha R$ 740,8 milhões já rodam em testes em algumas linhas de financiamento para a Surgia ali a Intral, hoje a única
Flores da Cunha R$ 709,9 milhões cidades brasileiras. Até o final inovação. fabricante de drivers para a ilu-
do ano, outros 100 modelos do E quem inova, com a velo- minação com produção 100%
Veranópolis R$ 653,8 milhões
chamado Attivi Integral devem cidade que se observa nessas nacional no Brasil. Da fábrica
Nova Prata R$ 396,7 milhões sair da indústria da Marcopolo, regiões, parte da liderança em em Caxias do Sul, onde traba-
em Caxias do Sul. seus setores no mercado nacio- lham 273 pessoas, saem diaria-
Também não está longe da nal às exportações, e avança mente 8 mil drivers, destinados,
VAB Serviços:
realidade caminhões rodando para a instalação em terras es- em 95% dos casos, ao mercado
Referência econômica da Serra, Caxias do Sul tem também o maior
nas estradas brasileiras de ma- trangeiras. Tornam-se multina- nacional. Mas a empresa expor-
VAB de Serviços nas 5 regiões deste recorte do Mapa Econômico
do RS. É apontado como melhor município para se empreender em
neira mais econômica, limpa cionais sem desfazer a raiz em ta para mais de 10 países.
inovação no Rio Grande do Sul. O ambiente propício a novos negócios e eficiente. Até o final do ano, solo gaúcho. “Hoje, temos a capacidade
resulta hoje em 86 mil CNPJs ativos, sendo 90% de micro a médias a Randoncorp pretende ter 50 As regiões concentram, por de suprir a demanda deste pro-
empresas. Gigantes do varejo, como postos e distribuidoras de com- carretas 100% elétricas no mer- exemplo, 10 entre os 50 maio- duto em todo o mercado nacio-
bustíveis, têm na cidade ambiente favorável. cado. res municípios exportadores nal. Nosso esforço tem sido o
Ambos os projetos têm des- gaúchos, entre janeiro e setem- de mostrar para o consumidor
VAB Serviços – 10 municípios líderes tino comum, e, principalmente, bro deste ano, conforme o Mi- a importância de valorizar esta
Caxias do Sul R$ 15 bilhões origens semelhantes, dentro nistério da Indústria e Comércio produção brasileira. Além dis-
Bento Gonçalves R$ 3,4 bilhões das unidades de inovação de Exterior. Não à toa, empresas so, temos um potencial muito
duas das principais indústrias como Randoncorp, Tramontina grande para a exportação, e
Montenegro R$ 1,9 bilhão
da Serra Gaúcha. O chamado e Marcopolo, todas da Serra e por isso estamos investindo
Farroupilha R$ 1,8 bilhão “chão de fábrica”, no proces- com operações fora do Brasil, anualmente na renovação e
Gramado R$ 1,5 bilhão so de internacionalização que lideram o levantamento do Mar- estruturação do parque fabril”,
Vacaria R$ 1,5 bilhão acontece entre os principais cas de Quem Decide, organiza- diz o CEO da empresa, Rodrigo
polos produtivos das regiões do pelo Jornal do Comércio. Fantinel.
Taquara R$ 1 bilhão
da Serra, Campos de Cima da “A permanência de grandes Somente no ano passado,
Garibaldi R$ 961,8 milhões Serra, Hortênsias e Vales do Caí empresas que hoje são multi- o setor industrial de equipa-
Carlos Barbosa R$ 904,1 milhões e Paranhana, virou palco para o nacionais se justifica pelo am- mentos elétricos respondeu por
Canela R$ 874,1 milhões pioneirismo em tecnologia. biente criado ao longo da histó- quase R$ 80 milhões em arre-
O faro para compreender as ria, e sempre renovado a partir cadação de ICMS ao município.
necessidades do mercado com de práticas que parecem sim- Desde o começo de 2022, a In-
VAB Agrícola:
velocidade para responder às ples no dia a dia. Outro dia, um tral investe R$ 18 milhões em
Município que é referência no Estado e no País na produção de maçãs, demandas é uma característica grande empresário da cidade expansão.
Vacaria não limita a sua produção agrícola à fruta. O município também
tem destaque nas produções de milho e feijão e, ao lado de Muitos Ca-
pões, é a última fronteira da soja nos Campos de Cima da Serra. O VAB
Agrícola do município, que tem 90% das suas exportações na produção Caxias do Sul é o motor de desenvolvimento regional
de maçãs, também está entre os principais do Rio Grande do Sul.
Aportar recursos para se- Fazenda apontam que, em uma característica própria,
VAB Agrícola – 10 municípios líderes guir acelerando a economia 2021, havia 3,3 mil indústrias como descreve o economista e
Vacaria R$ 479,5 milhões local é quase uma obrigação em Caxias do Sul – é um terço pesquisador do Departamento
Muitos Capões R$ 382,9 milhões
em Caxias do Sul, que é, literal- do total de indústrias na Serra Estadual de Economia (DEE),
mente, o motor do desenvolvi- –, e mais da metade delas são Rodrigo Feix. “A crise econômi-
São Francisco de Paula R$ 341 milhões mento regional. dos setores metalmecânico e ca de 2014 atingiu com muita
Caxias do Sul R$ 235,5 milhões Com PIB de R$ 25,9 bilhões automotivo. força o setor metalmecânico da
Farroupilha R$ 153,2 milhões registrado em 2020, a cidade Em 2022, do total de Serra. Eles foram forçados a se
é a segunda no ranking dos R$ 1,7 bilhão arrecadados pelo adaptar, e esse processo aca-
Bom Jesus R$ 152,7 milhões
municípios do Estado, e tem o município em ICMS industrial, bou acelerando a internaciona-
Flores da Cunha R$ 113,4 milhões maior Valor Adicionado Bruto R$ 897,6 milhões – 52,8% do lização dessas empresas, com
Esmeralda R$ 111,5 milhões (VAB) Industrial não apenas da total – foram provenientes toda a demanda que o cenário
Bento Gonçalves R$ 94,3 milhões região, mas de todo o Rio Gran- deste setor. Não à toa, Caxias internacional exigia. Hoje, elas
de do Sul. do Sul é o segundo maior polo se consolidam em um novo pa-
Ipê R$ 74,8 milhões
Dados da Secretaria da metalmecânico do País, com tamar.”
Caderno Especial do Jornal do Comércio
Porto Alegre, Terça-feira, 31 de outubro de 2023 9

MARCOPOLO/DIVULGAÇÃO/JC

Reportagem Especial

Multinacionais gaúchas
exportam tecnologia
Com 13 mil funcionários negócios. As áreas de desenvol- veículos rodoviários, urbanos e
pelo mundo, Marcopolo vimento da engenharia, assim micros. Em Caxias do Sul, ainda
como da Marcopolo Next, que é opera, além dos ônibus elétri-
produz ônibus elétricos em uma das frentes de negócios do cos, a fabricação de veículos so-
planta no Rio Grande do Sul grupo, com a responsabilidade bre trilhos, com a marca Marco-
de acelerar processos, são gran- polo Rail.
Com uma receita líquida de des responsáveis pelo fortale- “Estamos no mercado há
R$ 5,4 bilhões em 2022 e a lide- cimento da empresa no cenário 74 anos, e mesmo posicionada Linha de produção de ônibus em unidade instalada em Caxias do Sul
rança nacional no mercado de internacional. Hoje, temos em entre as melhores do mundo,
ônibus e micro-ônibus, a Marco- torno de 700 ônibus elétricos e temos muito orgulho em dizer O caminho da empresa ini- foi marcante. O País vivia um
polo emprega hoje 7 mil pessoas hídricos circulando no mundo, que somos da Serra Gaúcha, ciou em 1949, quando Paulo Bel- momento de incentivos governa-
entre duas fábricas em Caxias mas com chassis de parceiros, pelo destaque que as indústrias lini e os irmãos Nicola empreen- mentais à industrialização ace-
do Sul – além da recém inaugu- desenvolvidos em conjunto. desta região têm. É a partir daqui deram, criando a Nicola e Cia, lerada e à infraestrutura, espe-
rada unidade de componentes, Nosso desafio era criarmos a que a Marcopolo é uma referên- uma das primeiras empresas do cialmente de estradas. A solução
em Farroupilha. tecnologia 100% nacional, que cia no transporte de passagei- Brasil dedicada à fabricação de vinha da Serra, e se expandiu.
Ao todo, são 13 mil funcio- agora é realidade”, explica o CEO ros. Temos hoje diversos caxien- carrocerias para ônibus, inicial- Em 1961, a empresa, que
nários entre as 11 unidades, que da empresa, André Armaganijan. ses que iniciaram a carreira nas mente, em madeira. Com 15 fun- ainda não se chamava Marcopo-
incluem o Espírito Santo e seis Segundo ele, a produção unidades da cidade e levam essa cionários, foram três meses para lo, fez a sua primeira exportação
países – Argentina, Colômbia, das primeiras unidades do Attivi experiência para outras opera- a entrega da primeira. Três anos para o Uruguai. Dez anos depois,
México, China, Austrália e África seguirá nas fábricas de Caxias ções, não para ‘exportarmos’ depois, fabricaram a primeira já com o nome que faz referência
do Sul. Foi da fábrica no distrito do Sul, mas há possibilidade de o que temos em Caxias do Sul, estrutura metálica. ao navegador que expandiu os
de Ana Rech, em Caxias do Sul, expandir para outras fábricas do mas para reforçar o que fazemos Assim como agora o pio- horizontes pelo mundo, a Marco-
que saiu o Attivi Integral, ônibus grupo, conforme a demanda e a aqui, de aproximar as pessoas neirismo nos veículos elétricos polo foi a primeira indústria au-
elétrico lançado em meados do logística. e promover o desenvolvimento aponta para a Serra, naquela tomobilística brasileira a vender
ano passado. Hoje, todas as unidades da regional, com a valorização dos época a demonstração da capa- tecnologia para o exterior, para
“A inovação é uma das nos- Marcopolo estão aptas à pro- trabalhadores locais”, aponta cidade dos empreendedores da a Venezuela. Hoje, a Marcopolo
sas principais fontes de novos dução dos seus modelos de Armaganijan. região saírem na frente também exporta para mais de 100 países.

TÂNIA MEINERZ/JC

Randoncorp fabrica carreta elétrica e desenvolve materiais inteligentes


Com mais de 50 operações “Mudamos muito nos últi- de cargas moderno”, explica o Este é o coração da produ-
em 120 países, a Randoncorp mos anos. Hoje, os semirrebo- CEO Sérgio Carvalho. ção das novas carretas elétri-
iniciou atividades em 1940, com ques respondem por apenas Toda a base das ações da cas, com estrutura fabril inédita
a oficina dos irmãos Raul e Her- 35% da receita. Temos dedicado Randoncorp está na Serra. E na América Latina. Foram três
cílio Randon, em Caxias do Sul. muito investimento, com o obje- permanecerá. “A jovialidade de anos de desenvolvimento desta
Eles desenvolveram, no começo tivo de avançarmos ainda mais uma empresa com mais de 70 carreta que poderá gerar econo-
da década de 1950, o primei- como uma das principais empre- anos está ligada à expertise que mia de 25% de diesel nas rotas
ro freio a ar do Brasil, atraindo sas do mundo, na criação de tec- temos na Serra. Nossos produ- de transportadores, com mais
transportadores do país inteiro. nologia de vanguarda a partir do tos seguem sendo desenvolvi- velocidade e tração extra.
Com estes clientes, veio o desa- Sul do Brasil. A carreta elétrica é dos na região”, diz o executivo. A Randoncorp tem 11 fábri-
fio maior: desenvolver uma solu- um exemplo, mas temos traba- Nos próximos cinco anos, a cas nas mais diversas atividades
ção para o transporte de cargas. lhado com o desenvolvimento empresa investirá R$ 60 milhões em Caxias do Sul, desde a fabri-
No final da década de 1950, sur- de materiais inteligentes, nano- na nova unidade de produção cação de semirreboques até o
giu na Randon o primeiro semir- partículas. É algo inédito inclusi- para tecnologias de eletromo- desenvolvimento de nanopartí-
reboque. A empresa é a maior ve em outros continentes. Assim bilidade da Suspensys – braço culas para os componentes de
fabricante de reboques e semir- como na origem da empresa, a responsável pelos sistemas de peças na área de transporte. Em
CEO da Randoncorp, Carvalho reboques da América Latina, Randoncorp dedica-se à busca eixos e suspensões da Randon- 2022, faturou R$ 11,2 bilhões, a
fala em tecnologia de vanguarda uma das 10 maiores do mundo. de soluções para o transporte corp –, a Suspensys E-Mobility. maior receita de sua história.

A gente faz muito, porque faz junto.


O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul está construindo
o futuro, a evolução, o desenvolvimento: da profissão, das pessoas, de um mundo
melhor. E tudo isso só é possível porque é construído sempre a muitas mãos.

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Caderno Especial do Jornal do Comércio
10 Porto Alegre, Terça-feira, 31 de outubro de 2023

Reportagem Especial
Municípios
exportadores da
Serra, Campos
de Cima da Serra,
Força do setor metalmecânico
Hortênsias, Vales
do Paranhana
e do Caí
abrange diversos municípios
TRAMONTINA/DIVULGAÇÃO/JC

 Caxias do Sul (9º no RS Tramontina, de Carlos milhões de peças por mês – 60


entre janeiro e setembro de Barbosa, tem capacidade milhões em Carlos Barbosa.
Na Serra, há unidades ainda
2023): 46% das exportações de produção de 86 em Farroupilha e Garibaldi.
em reboques, semirrebo- milhões de itens ao mês
ques, carrocerias, acessórios São fabricados nas unidades
para automóveis, ônibus e de Carlos Barbosa itens de
micro-ônibus. Eduardo Torres cutelaria, materiais elétricos,
ferramentas para jardinagem e
 Montenegro (13º no RS
Carlos Barbosa, na Serra, construção civil e equipamen-
entre jan-set): 46,4% das
tem população de 30,4 mil ha- tos para cozinha, como pias,
exportações em tratores e
bitantes, 10% empregada entre coifas e fornos. De Farroupilha,
partes de veículos, 11% em
produtos bélicos.
as quatro fábricas da Tramonti- saem panelas e talheres, e em
na no município. Uma relação Garibaldi estão os segmentos
 Carlos Barbosa (15º no que começou em 1911, quando industrial, automotivo, aero-
RS entre jan-set): 95% das a Tramontina era uma ferraria náutico e de construção civil. Tramontina tem quatro fábricas no município de Carlos Barbosa
exportações em artefatos essencial para as necessida- A Tramontina conta ainda com
domésticos e outros produ- des daquela comunidade. fábricas em Encruzilhada do A empresa teve origem em da reutilização de resíduos,
tos em metal. “Há uma relação direta en- Sul, no Pará e em Pernambuco. uma pequena ferraria em 1911. e o alumínio pode ser reutili-
 Nova Prata (26º no RS tre a empresa e a história do “Se lá no início, com a pe- Assim como na década de 1920 zado diversas vezes sem per-
entre jan-set): 78% das município. São 36% dos funcio- quena ferraria, o foco eram a empresa inovou ao desenvol- der as características. Além
exportações em produtos nários com mais de 10 anos de os reparos para a indústria e ver um canivete e dar início à disso, todo o resíduo da pro-
de borracha. empresa, e são muito comuns a ferragem para cavalos, hoje cutelaria, agora, para ganhar dução da linha Lyf é reciclado
 Bento Gonçalves (29º no os casos de pais, mães, filhos e nosso trabalho é oferecer so- cada vez mais relevância in- internamente. O aço também
RS entre jan-set): 53% das companheiros todos trabalhan- luções para o bem-estar das ternacional, cada uma de suas é produzido a partir de fontes
exportações em móveis, do na empresa. Ou de gerações pessoas. A fabricação de cani- unidades industriais tem um de energia limpa e renovável.
assentos e pré-moldados; da mesma família dentro da vetes a mão, artesanal, dá lu- centro de pesquisa e desenvol- O cuidado está também nas
19% em suco de uva, vinhos e Tramontina”, conta a gerente gar à indústria 4.0, que aposta vimento próprio. embalagens, que não contêm
produtos de padaria. de marketing corporativo da na diversificação, tecnologia e Os resultados estão nas ex- plástico. Desde 2021, nossas
 Igrejinha (31º no RS entre
empresa, Rosane Fantinelli. inovação. São mais de 22 mil periências com a aplicação da unidades reduziram em mais
Essa relação se traduz nas itens distribuídos em 120 paí- internet das coisas, como um de 12,8 toneladas o uso de
jan-set): 75% das exporta-
ções em calçados com solas
contas do município. A fabri- ses”, diz Rosane. cooktop conectado, que permi- plástico em embalagens”, ex-
de borracha ou plástico. cação de produtos de metal É que a força do setor me- te o preparo de comidas guia- plica a gerente.
gerou arrecadação de R$ 82,6 talúrgico vai bem além dos li- das por aplicativo, ou como um
 Farroupilha (33º no RS
milhões em ICMS em Carlos mites de Caxias do Sul. Confor- organizador de ferramentas
entre jan-set): 45% das expor- Barbosa em 2022, quase 60% me o Sindicato das Indústrias para a aeronáutica que, com Setor metalmecânico
tações em artefatos de uso de toda receita com indústrias. Metalúrgicas, Mecânicas e de o uso de inteligência artificial, e automotivo na
doméstico em metal. É a produção da Tramontina Material Elétrico de Caxias do identifica ferramentas e gera Serra Gaúcha e
 Garibaldi (40º no RS entre que coloca Carlos Barbosa em Sul e Região (Simecs), são 17 relatórios fundamentais para no Vale do Caí
jan-set): 47% das exporta- 15º lugar entre os municípios municípios que concentram evitar acidentes. Ou ainda na
ções em vinhos, vinagres, exportadores do Rio Grande 4,5 mil empresas do setor, com nova linha de utensílios de co-  Caxias do Sul (Randoncorp,

farinhas e preparações para do Sul, entre janeiro e setem- faturamento anual de R$ 50 bi- zinha recicláveis e fabricados Marcopolo, Agrale, Madal, Intral,
alimentação animal. bro deste ano. Os materiais lhões. com materiais reciclados. Guerra, Soprano)
 Carlos Barbosa (Tramontina)
 São Sebastião do Caí (42º produzidos entre as suas fá- Em 2022, a Tramontina fa- “É a combinação de ma-
 Farroupilha (Tramontina,
no RS entre jan-set): 93% bricas respondem por 95% das turou R$ 8,3 bilhões, e projeta teriais reciclados com a maior
exportações do município. crescimento de até 15% neste responsabilidade ambiental Marcopolo, Soprano)
das exportações em carnes,  Garibaldi (Tramontina)
conservas e miudezas. A empresa conta com 10 ano. E tem uma trajetória que no processo de fabricação
 Nova Prata (Vipal)
mil funcionários entre 10 fábri- precede, em muito, o boom do destes produtos. No caso dos
 Veranópolis (45º no RS  Montenegro (CBC, John Deere)
cas, com capacidade total de setor metalmecânico de Caxias talheres e facas, os elementos
entre jan-set): 74% das expor-
tações em produtos da soja.
produção que ultrapassa 86 do Sul. de plástico são provenientes Fonte: Sindecs

 Flores da Cunha (50º no


RS entre jan-set): 25% das ex-
portações em vinhos, sucos,
vinagres, aguardente, 25%
A recuperação de pneus em Nova Prata ganhou o mundo
em mobiliários e 22,3% em Também na Serra Gaúcha, há capacidade de processa- No começo da década de Entre os produtos inova-
componentes de veículos. em Nova Prata, há outra mul- mento de 20 mil toneladas de 1960, ele era sócio em um pos- dores, a Vipal tem a chamada
 Vacaria (57º no RS entre tinacional com raízes locais borracha por mês. A empresa to de combustíveis e, à beira Banda Verde, que garante 10%
jan-set): 86% das exporta- no setor automotivo. Com uma também tem unidades indus- da estrada, percebeu o alto de economia no transporte e
ções em maçãs, peras e trajetória de 50 anos, a Borra- triais na Bahia, em Minas Ge- volume de pneus descartados. redução dos danos ambientais.
marmelos. chas Vipal hoje distribui seus rais, nos Estados Unidos e na Comprou três máquinas para A produção industrial da
 Parobé (68º no RS entre produtos para mais de 90 paí- Argentina. reformá-los e deu início à em- borracha garantiu, em 2022,
jan-set): 88% das exporta- ses e se consolida como uma Assim como as demais presa. R$ 46,4 milhões em arrecada-
ções em calçados com solas das maiores fabricantes de grandes indústrias da região, a Em Nova Prata, a empresa ção de ICMS para Nova Prata, o
de borracha ou plástico. produtos em borracha para origem da Vipal, com Vicencio estruturou, além de um centro equivalente a 46,8% de toda a
Fonte: Ministério do
pneus no mundo. Paludo, também esteve no tino de pesquisas, um centro de for- arrecadação industrial do mu-
Comércio Exterior Entre as suas sete indús- para perceber a oportunidade mação técnica e um laboratório nicípio de pouco mais de 25 mil
trias, três delas em Nova Prata, que surgia. para testes de produtos. habitantes.
Caderno Especial do Jornal do Comércio
Porto Alegre, Terça-feira, 31 de outubro de 2023 11

Reportagem Especial
Colombo é maior
Com uma indústria forte, varejo rede varejista de

também prospera na Serra Gaúcha eletrodomésticos


A tradição de partir de peque-
ARQUIVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO/JC nos negócios até se consolidar
Região é sede de grandes produtos à indústria vinícola. Em de R$ 16 bilhões em 2023 entre como referência nacional é uma
redes de lojas e de pouco tempo, as atividades já todas as suas atividades. lição que não fica restrita às
eram das mais diversas, como “Ao todo, o grupo conta com indústrias da região. No varejo,
postos de combustíveis ele define: sempre aproveitando 10 empresas, sempre em expan- a Lojas Colombo, hoje a maior
oportunidades que o ambiente são e buscando novos nichos. rede varejista de eletrodomésti-
“Onde estão as grandes in- regional oferecia. Da frota de ca- De combustíveis para a aviação, cos do Sul do Brasil, é exemplo.
dústrias e as possibilidades de minhões ao transporte de cargas que passamos a atuar neste ano, Com previsão de faturamento
investimentos, pode ter certeza e até de passageiros, uma fábri- até o comércio digital e um banco de R$ 2,6 bilhões neste ano, a
que há oportunidade e haverá ca de balas, até o primeiro posto digital próprio, que já conta com empresa teve início na mesma
espaço para as pequenas em- de combustíveis, em 1993. 7 mil clientes”, diz o empresário. época em que o polo industrial
presas do varejo e serviço nas- Até que, em 2012, já com A liderança no varejo é da Serra consolidou-se.
cerem e prosperarem.” É assim 26 postos, ainda chamados Di acompanhada por outro ranking A partir de Farroupilha, em 1959,
Adelino Raymundo Colombo
que o empresário Neco Argenta, Trento, as atenções do empre- importante. A Rede Sim está en-
adquiriu um armazém, e logo
presidente da Rede Sim, a maior sário voltaram-se somente a tre as 10 maiores distribuidoras
percebeu uma oportunidade
rede de postos de combustíveis esta atividade. Em 2018, surge de combustíveis do País, e é a para a população crescente da
e lojas de conveniência do Es- a Rede Sim Distribuidora, já em quarta maior do Sul. região: não havia lojas de eletro-
tado, define o cenário da Serra, expansão, com a administração Tem também origem na Ser- domésticos na cidade.
dos Campos de Cima da Serra, dos seus postos próprios e de Argenta é presidente da Rede Sim ra, a 5ª maior distribuidora de Hoje, a Lojas Colombo mantém
das Hortênsias e dos Vales do postos como da rede Vibra, que combustíveis do País. A Rodoil, média de crescimento anual de
Paranhana e Caí. é a maior do Brasil. Essa rede foi considerados os postos da Char- com faturamento que ultrapas- 10%, e emprega 4,2 mil pessoas
Ainda na década de 1980, ampliada, com a aquisição, no rua em toda a Região Sul, são sou R$ 7 bilhões no ano passa- em 304 lojas. Em 1999, foi pio-
Argenta, ao lado do irmão, em ano passado, da Rede Charrua. mais 310 sob o controle do gru- do, surgiu em 2006, em Caxias neira na região nas vendas por
Flores da Cunha, montou um ne- Somente com a bandeira po, que hoje emprega 5,5 mil do Sul, e hoje atua em sete esta- e-commerce, que hoje somam
gócio, inicialmente para fornecer Sim, são 180 postos. Se forem pessoas e projeta faturamento dos, com 29 bases operacionais. 20% do faturamento.
Caderno Especial do Jornal do Comércio
12 Porto Alegre, Terça-feira, 31 de outubro de 2023

PANORAMA

Mapa aponta oportunidades


para Serra, Hortênsias, Vales
do Paranhana e Vale do Caí
Eduardo Torres Antônio Prado
eduardo.torres@jcrs.com.br

Serra
Conheça 14 iniciativas que já se destacam entre as atividades
econômicas ou têm projetos com potencial de alavancar o
desenvolvimento econômico dessa parte do Rio Grande do Sul
Serafina Corrêa
Nova
1. O MAIOR POLO 2. SETOR MOVELEIRO Fagundes Varela
METALMECÂNICO DO REFERÊNCIA NO ESTADO
RIO GRANDE DO SUL Está na Serra o principal polo fabricante Veranópolis
O complexo industrial, que parte de móveis do Rio Grande do Sul. A Pinto Bandeira
da metalurgia, passando pelo setor partir de Bento Gonçalves e municípios
de máquinas e equipamentos, vizinhos, o Sindmóveis aponta que
até as indústrias da borracha e são 300 empresas na região, com Bento Go
de componentes eletrônicos, é 5,6 mil funcionários e R$ 3,1 bilhões
mapeado, partindo de Caxias do de faturamento no último ano. Mas a
Sul, segundo o Simecs, em até 17 produção de alta qualidade no mobiliário, Monte Belo do Sul Garibaldi
municípios. Ao todo, são 4,5 mil entre as regiões retratadas neste recorte
indústrias com um faturamento do Mapa Econômico do RS vai além, e
anual médio de R$ 50 bilhões. também chega ao Vale do Paranhana. Carlos Barbos
Vale Real
Boa Vista do Sul
4. O DESENVOLVIMENTO
Tupandi
DO SETOR CALÇADISTA
3. FLORESTAS PLANTADAS
Se nos últimos anos boa parte
A produção de móveis na Serra tem uma cadeia de
da produção calçadista migrou
fornecimento de madeira, que é essencial para essa
do Rio Grande do Sul para o Vale do Caí
atividade, bem estruturada na região. Conforme o
Nordeste, o tempo consolidou o
Sindimadeira, 100% do material, especialmente pinus,
Estado, especialmente o Vale do
fornecido às indústrias moveleiras vem de florestas
Paranhana, como uma espécie
plantadas. São Francisco de Paula, na Região das
Hortênsias, por exemplo, tem a maior área de pinus
de central de inteligência do setor. Montenegro
Conforme a Abicalçados, o Vale do
plantada no Rio Grande do Sul, e a segunda maior
Paranhana e a Serra concentram
entre todas as florestas plantadas no Estado. Pareci Novo
mais de 600 empresas do setor,
com 30 mil trabalhadores.

5. MOINHOS EM ALTA 7. QUEIJOS E CHOCOLATES


A produção de farinha de trigo, 6. A TERRA DA UVA E DO VINHO COM INDICAÇÃO GEOGRÁFICA
para o processamento de massas, É impossível falar da Serra sem mencionar a sua es- Nos últimos anos, diversos setores
biscoitos, pães e bolos faz parte da pecialidade na produção de uvas e vinhos. Neste ano, econômicos da região, especialmente na
tradição da região de colonização conforme a Secretaria Estadual da Agricultura, foram co- área dos alimentos, têm mobilizado suas
italiana. Conforme a Abitrigo, o lhidos 664,9 milhões de quilos de uvas em todo o Estado, comunidades para a valorização dos produtos
Rio Grande do Sul, com mais de que resultaram em 216,1 milhões de litros de vinho, 38,2 e das receitas exclusivas de cada localidade.
30 moagens em funcionamento, milhões de litros de suco de uva e 13,7 milhões de litros Hoje, são sete produtos certificados com a
responde por 15% da farinha de espumantes. A Serra responde por pelo menos 85% indicação de procedência geográfica, e os
produzida no País. Na Serra, estão dessa produção. O Estado é o maior produtor de uvas do resultados econômicos são imediatos. Os
quatro dos principais moinhos do País e responsável por 90% da produção nacional desti- queijos serranos, por exemplo, tiveram alta
Estado, respondendo por pelo menos nada ao processamento de vinhos, sucos e espumantes. de 50% nas vendas após a certificação, e os
metade da farinha produzida aqui. chocolates de Gramado, 10%.
Caderno Especial do Jornal do Comércio
Porto Alegre, Terça-feira, 31 de outubro de 2023 13

8. CADEIA DO FRANGO
Assim como em outras regiões do Estado e do País,
as gigantes do setor de frigoríficos também dominam
a produção da industrialização do frango entre a Serra
e o Vale do Caí. Ainda assim, a partir da produção
local de aves, este é um setor estabelecido na região.

Campos de Cima da Serra


9. PRODUÇÃO DE LÁCTEOS É TRADIÇÃO
A região não figura entre as principais bacias leitei-
ras do Rio Grande do Sul, no entanto, a produção
de leite, e principalmente de queijo, faz parte do
cardápio da região, com a presença de grandes
atores da economia local, como as cooperativas
Santa Clara e Piá, com tradição centenária.

Vacaria
Monte Alegre dos Campos
Bom Jesus 10. A TERRA DAS MAÇÃS
A região dos Campos de Cima da Serra tornou-se
Prata Campestre da Serra São José a terra das maçãs no Rio Grande do Sul. A produ-
dos Ausentes ção da fruta neste ano chegou a 338 mil toneladas
no Estado, que representa quase 70% da produção
Jaquirana nacional, com 14,4 mil hectares plantados. Deste
total, 8,5 mil hectares foram plantados entre Vaca-
São Marcos ria e Bom Jesus. As maçãs representam 90% das
exportações de Vacaria.
Flores da Cunha
onçalves Cambará
do Sul
Caxias do Sul
Farroupilha
11. O VALE DAS BERGAMOTAS
Entre as potencialidades da economia do Vale do Caí
sa Canela está o plantio da bergamota, e Montenegro é a capital da
São Francisco Hortênsias fruta no Rio Grande do Sul. Neste ano, os produtores do
Gramado município plantaram 3,3 mil hectares e colheram 54 mil
de Paula toneladas da fruta, que rende ainda maior valor agregado
Três Coroas com produtos da indústria cosmética, a partir da essên-
Bom Igrejinha cia da bergamota.
Princípio Parobé

Taquara
12. A INOVAÇÃO COMO MOTOR DA ECONOMIA
Nova Em uma região marcada pelas grandes multinacionais do
Petrópolis setor industrial, que mantêm no RS os setores criativos e
Nova Hartz de desenvolvimento de novos produtos, inovar é a palavra
de ordem. O TecnoUCS, em Caxias do Sul, é um dos mais
avançados polos de inovação do Rio Grande do Sul e, no
Vale do Paranhana, os governos municipais têm fortaleci-
Paranhana e Encosta da Serra do o ecossistema da inovação em conjunto com a Faccat.

13. O MAIOR POLO TURÍSTICO DO RIO GRANDE DO SUL 14. AEROPORTO, FERROVIAS E RODOVIAS
Uma das principais “indústrias” da região é o turismo, A região que teve o seu crescimento industrial, a partir da década de
em todas as suas frentes. Do lazer, com a Região das 1950, estimulado pelos investimentos em infraestrutura no País, com as
Hortênsias recebendo até 9 milhões de pessoas por ano melhorias em rodovias, hoje enfrenta limitações logísticas que chegam
- injetando R$ 1,5 bilhão na economia -, até a aventura e o a representar 15% nos custos ao setor produtivo. Desta vez, as oportuni-
contato com a natureza. Tem ainda o potencial de feiras e dades para reduzir as perdas logísticas apresentam-se desde o ar, com
eventos, o chamado turismo de negócios que, em Caxias o projeto de um novo aeroporto em Caxias do Sul, até a concessão de
do Sul, responde por 80% dos rendimentos do setor. rodovias estaduais da região. Há demanda por um porto no Litoral Norte.
Caderno Especial do Jornal do Comércio
14 Porto Alegre, Terça-feira, 31 de outubro de 2023

LUIS BISOLC/DIVULGAÇÃO/JC

Tecnologia

Ecossistema garante inovação


constante para a indústria
Parques tecnológicos, universidade faz a gestão das in- O instituto foi criado há cin-
universidades e Instituto cubadoras. Mas não é estanque. co anos a partir da iniciativa de
A cada mês, reunimos grandes um grupo de quatro indústrias
Hélice apresentam novas empresas da região, que nos da Serra: Florense, Marcopolo,
soluções para empresas apresentam desafios, e eles são Randon e a Soprano. Hoje, são
levados não apenas às incuba- 22 empresas associadas entre
Durante seis anos, os labora- doras, mas também à sala de 10 municípios da Serra. “Iniciou
tórios do Parque Tecnológico da aula. Temos conseguido cada como um experimento, e deu tão
UCS (TecnoUCS) tiveram papel vez mais aproximar o ritmo da certo que não havia como parar.
fundamental no desenvolvimen- pesquisa acadêmica ao tempo São as empresas em transforma-
to de uma nova matéria-prima, das empresas para encontrarem ção que se conectam ao instituto
100% renovável, para a refor- respostas aos seus desafios”, em busca de algo para crescer.
ma de pneus, e que, neste ano, explica o professor Fernando Ne- Fazemos essa conexão entre o
entrou na linha de produção da ves, que coordena o Núcleo de empreendedor, as universidades
Vipal, em Nova Prata. O objetivo Apoio Empresarial da Faccat. e quem tem novas ideias com Salissa Festugato, do Instituto Hélice, explica como são feitas conexões
da pesquisa era encontrar um A integração se dá principal- potencial”, resume Salissa.
material antioxidante que ser- mente com o setor calçadista, e Ao todo, o Hélice contabiliza da universidade. Toda a univer- principalmente, as portas aber-
visse à indústria de pneus com o papel da universidade tem sido 500 soluções para 60 desafios sidade está sendo redesenhada tas para indústrias. São mais de
maior eficiência e menor impac- marcante no desenvolvimento nos últimos anos, e um investi- por essa vocação e necessidade. 50 empresas incubadas ou resi-
to ambiental do que os produtos da inovação nos processos cria- mento que já chega a R$ 4,5 mi- O parque está estruturado com dentes no campus, caso da Ford,
de origem petroquímica. E a res- tivos. Há 10 anos, a faculdade lhões para 22 startups de todo sete hubs, que vão do desenvol- que desenvolve quatro projetos
posta foi a lignina, obtida a partir tem curso de Design, que ga- o Estado. O resultado, comenta vimento de materiais, agricultu- envolvendo até 300 pesquisado-
de árvores de eucalipto. rante a mão de obra qualificada a diretora, tem sido a absorção ra, alimentação até inteligência res, e da Marcopolo, com outros
Em um cenário onde a ino- para o que é desenvolvido no Rio dessas novas empresas e solu- artificial. São hubs que servem quatro projetos em andamento.
vação faz a diferença, a univer- Grande do Sul para o mundo. ções pelos centros tecnológicos como canal aberto para deman- Ao todo, são 129 projetos ro-
sidade torna-se parada obriga- “O processo de inovação das multinacionais locais. das de empresas, muito além dando. Neste ano, a universida-
tória para grandes empresas da acelerada, exigido principalmen- O Instituto Hélice deve ter, da Serra. Nosso papel é garan- de investe R$ 17 milhões para a
região. E o que acontece desde a te pela internacionalização das nos próximos meses, seu pró- tir a geração de capital humano ampliação do TecnoUCS, com 1,7
Serra até os Vales do Caí e Para- indústrias da região, demandou prio hub, na área conhecida de qualidade para catapultar a mil m2 para 20 novas empresas.
nhana é exemplar quando se tra- um aprendizado por parte dos como o Pátio da Estação, em economia”, diz o reitor da UCS,
ta do protagonismo que a criati- empresários e uma retomada do Caxias do Sul. Por enquanto, o Gélson Rech.
vidade passou a ter na produção. antigo espírito de colaboração projeto funciona no Parque Tec- A partir de uma agência de
No Vale do Paranhana, as que existia no começo da in- nológico da UCS. Desde 2015, o inovação criada no TecnoUCS, Os polos
Faculdades Integradas de Ta- dustrialização da Serra. Era um TecnoUCS contabiliza 1.200 em- há articulação entre empresas de inovação
quara (Faccat) desenvolveram desafio: para se manterem lon- presas com serviços prestados e ambiente universitário. Dali,  Caxias do Sul
um modelo de incubadoras tec- gevas, as empresas precisavam pela universidade, com 545 mu- há um sistema de aceleração  Farroupilha
nológicas em parceria com pre- inovar, mas desconheciam a ló- nicípios afetados de alguma for- de startups, que conta com 40  Igrejinha
feituras. São quatro núcleos, em gica das startups e da inovação ma pelo que foi desenvolvido ali. projetos validados, e um escri-  Parobé

Igrejinha, Parobé, Nova Hartz aberta”, conta a diretora executi- “Temos um ecossistema de tório de projetos com 70 grupos  Nova Hartz

e Taquara. “O espaço é orga- va do Instituto Hélice, de Caxias inovação e de soluções que se de pesquisas equipados com  Taquara

nizado pelo poder público, e a do Sul, Salissa Festugato. tornou um dos principais pilares laboratórios específicos. E há,

Grafeno tem aplicação na fabricação de tênis de corrida no Vale do Paranhana


Foi do campus da UCS que O Olympikus Corre Grafeno con- formato de desenvolvimento do UCS Graphene, mas trabalha- no dia a dia. E os usos são os
surgiu um dos mais modernos ta com placa de propulsão, que carbono, caracteriza-se pelo alto mos de maneira colaborativa mais diversos, como na constru-
modelos de tênis de corrida de- ajuda no alto rendimento do cor- poder condutor de eletricidade, com empresas na busca de so- ção civil, saúde, indústria auto-
senvolvidos pela Vulcabras, de redor, desenvolvida à base de de absorção de calor, de flexi- luções para produtos voltados mobilística, refrigeração, armas,
Parobé, no Vale do Paranhana. grafeno. O material, que é um bilidade e resistência. Mesmo ao mercado. Iniciamos esse calçados e vestuário.
CLAUDIA VELHO/DIVULGAÇÃO/JC
sendo extremamente fino, é 100 ecossistema vinculado ao Tec- A equipe de basquete de
vezes mais forte que o aço. noUCS a partir da percepção de Caxias do Sul, por exemplo, lan-
Tornou-se especialidade da que tínhamos um setor produti- çou uma linha de uniformes com
universidade, que, com o UCS vo carente de novas tecnologias, grafeno na composição do teci-
Graphene, é a maior produtora especialmente na área de mate- do. “Para cada setor, há um tra-
em escala industrial da América riais”, explica o coordenador do tamento diferente das partículas
Latina. A partir de uma equipe UCS Graphene, Diego Piazza. de grafeno. Há diferentes tipos
com oito profissionais – além A produção de grafeno é con- deste material e rotas de produ-
dos pesquisadores da universi- sequência de 20 anos de pesqui- ção. Em pouco tempo a socie-
dade – e de empresas parceiras, sa desenvolvida na universidade dade começará a perceber cada
como a Znano, que desenvolveu na área de nanotecnologia para vez mais soluções em materiais
o projeto do tênis, funciona no materiais. Em 2010, pesquisado- a partir de nanopartículas”, diz
campus a unidade de negócios res chegaram ao grafeno e, sete Piazza. Em novembro, a UCS se-
que tem feito a diferença em di- anos depois, concretizaram tra- dia a Feira do Grafeno, com 50
versos setores produtivos. “Não balhos que comprovaram o po- expositores e 20 experiências de
Produto desenvolvido na UCS já é aplicado em diversos produtos temos empresas residentes no tencial de aplicação do material aplicação prática do material.
Caderno Especial do Jornal do Comércio
Porto Alegre, Terça-feira, 31 de outubro de 2023 15

PREFEITURA DE MONTENEGRO/DIVULGAÇÃO/JC
Indústria

Novo Polo Químico já tem


operações no Vale do Caí
Fábrica de cimento é “Desde o início do man- uma série de incentivos. Toda
a primeira unidade de dato, temos recebido diversas empresa que se instalar em
empresas interessadas em se Montenegro recebe do muni-
complexo em Montenegro instalarem nesta área do nosso cípio o aterramento da área e,
município. O investimento da conforme o setor de atuação,
Foi com um aporte de Cimentos Gaúcho, acredito, vai reduções no ISSQN e IPTU. No Empresa Hipermix foi a primeira a se instalar no distrito industrial
R$ 100 milhões da empresa abrir um caminho muito posi- caso da indústria química, há
paulista Hipermix que foi inau- tivo para o município. Pela le- ainda 90% de desconto na com- a Montenegro o 13º lugar entre temos cruzando ou próximo do
gurada, em agosto deste ano, a gislação que aprovamos, além pra da área. Para outros setores os maiores exportadores do Rio município quatro rodovias es-
planta industrial dos Cimentos das indústrias do setor quími- produtivos, o desconto no dis- Grande do Sul entre janeiro e taduais. Mesmo que não este-
Gaúcho, na área reservada a co, este novo distrito industrial trito industrial é de 50%. setembro deste ano. Os princi- jam nas condições ideais para
um dos mais promissores pro- também poderá receber empre- “Estamos no caminho entre pais produtos exportados são escoar a produção, são sempre
jetos industriais no Rio Grande sas de logística”, explica o pre- a Região Metropolitana e a Ser- máquinas agrícolas, a partir da diferenciais e, nos últimos três
do Sul. feito de Montenegro, Gustavo ra. Do ponto de vista logístico, fábrica da John Deere instalada anos, pelo menos 15 empresas
Trata-se de iniciativa con- Zanatta. Montenegro é privilegiado e no município, e produtos arma- aproximaram-se do município
junta entre governo estadual, Há pelo menos uma carta naturalmente atrai novos inves- mentícios, da fábrica da CBC. interessados em se instala-
Sindicato das Indústrias Quí- de interesse já documentada timentos”, diz o prefeito. São duas das 12 empresas rem”, conta Zanatta.
micas do Estado (Sindiquim) e para instalação de mais uma A instalação do Polo Quí- já instaladas ou em processo No horizonte do governo
prefeitura de Montenegro, no empresa paulista naquela área, mico é mais uma oportunidade de instalação entre os 700 hec- municipal está a aquisição de
Vale do Caí, o chamado Polo e também do setor químico, em um município próspero para tares do distrito industrial. Des- uma área para a instalação
Químico, para funcionar como com intenção de investir outros a produção industrial. O setor ta área toral, 35 hectares próxi- de um novo parque industrial
um complemento ao ecossiste- R$ 100 milhões no município. É de transformação responde mos da BR-386 são destinados destinado exclusivamente para
ma bilionário do Polo Petroquí- que a oportunidade para quem por 60,1% da arrecadação de ao Polo Químico. empresas de pequeno e médio
mico de Triunfo. quer investir é garantida por ICMS do município, e garante “Além da rodovia federal, porte.

A CIC Caxias é o coração pulsante dos


negócios e do desenvolvimento econômico de
Caxias do Sul e da Serra Gaúcha. Há 122 anos,
trabalhamos para fortalecer a comunidade
empresarial e transformar a Região.

Nossa história é marcada por parcerias


sólidas, inovação contínua e uma mobilização
incansável para elevar o nosso potencial
econômico e a nossa competitividade.

Mas não nos contentamos com o passado.


Olhamos para o futuro para pavimentar um
caminho ainda mais próspero.
Esse é o nosso compromisso.

Juntos, fazemos história.


Juntos, moldamos o futuro.
Caderno Especial do Jornal do Comércio
16 Porto Alegre, Terça-feira, 31 de outubro de 2023

AUGUSTO TOMASI/DIVULGAÇÃO/JC
Indústria

Polo moveleiro de
Bento inova para
ganhar o mundo
Sindmóveis contabiliza Gonçalves (Sindmóveis) contabi-
300 empresas do setor liza 300 empresas do setor, com
5,6 mil trabalhadores vinculados
instaladas em municípios ao polo moveleiro. O faturamen-
da Serra Gaúcha to dessas empresas, no ano pas-
sado, chegou a R$ 3,1 bilhões.
Eduardo Torres Assim como outros setores
industriais da região, a produção
A partir de alguns cliques, moveleira tem mercado aberto
o consumidor pode elaborar o no exterior. Conforme o Sindmó-
projeto dos seus móveis planeja- veis, no primeiro semestre deste
dos, com a ajuda dos especialis- ano, as empresas da região ne-
tas, e ainda consegue acompa- gociaram US$ 24 milhões. Os
nhar toda a trilha da produção, móveis de Bento chegaram a 42 Gisele Dalla Costa, do Sindicato das Indústrias do Mobiliário, diz que o setor é referência internacional
desde a concepção, a fabrica- países, sendo o Uruguai o maior SINDIMÓVEIS/DIVULGAÇÃO/JC
ção, até o carregamento e a en- importador, seguido pelos EUA. Florestas plantadas
trega. A operação, denominada “Hoje, somos uma referên-
Save Space e desenvolvida em cia mundial pela tecnologia e abastecem indústria
conjunto com o Instituto Hélice, é design aplicados na concepção de móveis do RS
uma das apostas na inovação do dos móveis. Desde muito cedo,
Grupo Bertolini, um dos princi- quando o sindicato foi concebi- A força do polo moveleiro
pais do polo moveleiro de Bento do, o setor já tinha essa preocu- mobiliza ainda toda a cadeia
Gonçalves. Até 2028, a empresa pação de garantir móveis não só produtiva dos fornecedores
criada em 1969 na Serra preten- bonitos, mas funcionais. O polo dessa indústria. Estão na Ser-
de desembolsar R$ 101 milhões como um todo foi um processo ra, por exemplo, três municí-
em processos de modernização. de construção altamente colabo- pios com algumas das maiores
Quando anunciou o plano rativo, que permanece até hoje”, áreas de floresta plantada no
de investimentos, em 2022, o diz a presidente do Sindmóveis, Estado – São Francisco de Pau-
CEO, Evandro José Boscardin, Gisele Dalla Costa. la, Cambará do Sul e Bom Jesus.
explicou: “Investimos em equi- A entidade surgiu em 1977, De acordo com o Sindimadeira,
pamentos, sim, mas a prioridade já com a realização da feira Mo- todo o pinus fornecido para a
está nas pessoas, e na nova for- velsul, hoje a maior da América fabricação de chapas para mó-
ma de consumo de móveis a par- Latina no setor. Seis anos an- Tecnologia é aplicada na concepção e fabricação de móveis na Serra veis gaúchos vem de florestas
tir da pandemia. Estamos aber- tes, a Todeschini, empresa que de pinus plantadas no Rio Gran-
tos às novas ideias e inovações”. surgiu ainda no início do século de do Sul.
É como se a marcenaria ti- XX em Bento Gonçalves com a O Sindmóveis contabiliza,
vesse encontrado a fórmula para
levar o seu trato para a criação
fabricação de gaitas, após um
incêndio, restabeleceu-se como
Produção também está em somente na região de Bento
Gonçalves, uma cadeia de 60
dos móveis a uma escala global. uma indústria de móveis. Inovou expansão no Vale do Caí empresas fornecedoras de in-
Uma fórmula que a Florense, de desde o início, com a produção sumos, máquinas, ferramentas
Flores da Cunha, aplica como de modulados. Engana-se quem pensa responde por 60% da receita e softwares. “Além do cenário
poucas. A empresa, que é uma Desde o ano passado, a em- que o potencial da região na –, Uz Utilidades, Idélli Am- favorável para empreender na
das gigantes gaúchas no setor presa faz um dos maiores inves- produção de móveis limita- bientes, My Home e Bartzen. área moveleira, a nossa região
moveleiro, foi uma das fundado- timentos industriais na região, -se aos arredores de Bento Sozinho, o grupo expor- tem grandes oportunidades
ras do Instituto Hélice. de R$ 272 milhões na amplia- Gonçalves. Além da produ- ta móveis para 45 países. para empresas que fornecem
O grupo atribui o segredo ção do seu parque industrial em ção artesanal característica Desde 2021, é a primeira fa- ao setor. São locais e até mes-
para o crescimento à manuten- Bento Gonçalves, que chegará da Região das Hortênsias, o bricante de móveis do Brasil mo estrangeiras. Mantemos um
ção do que fez a Florense surgir, a quase 100 mil metros quadra- mercado mobiliário tem no considerada carbono zero, e programa, chamado Orchestra
em 1953, como pequena marce- dos. São 700 funcionários em- Vale do Caí outra potência agora, como já acontece com Brasil, que qualifica e poten-
naria familiar. Atualmente a em- pregados nessa produção. no setor. outras empresas do setor da cializa esta cadeia de forneci-
presa é comandada pela terceira O Grupo K1, com fábrica Serra, o Grupo K1 também mento”, aponta a presidente do
geração das famílias parceiras, em Tupandi, apresenta-se vai expandir sua fabricação Sindmóveis.
e denomina sua produção como Principais municípios como o maior grupo do se- para o Nordeste, na Paraíba.
high end custom made. É como tor na América Latina. A em- Na mesma região, há
se fosse uma marcenaria gigan- do setor moveleiro presa criada em 1995 pelos ainda a Madesa, com um Municípios de
te, que customiza cada um dos  Bento Gonçalves irmãos Carlos Sost e Celso moderno parque fabril em destaque no
elementos do projeto desejado  Flores da Cunha Theisen emprega 1,9 mil Bom Princípio. Ao todo, o setor florestal
 Tupandi
pelo cliente. A partir do municí- funcionários em um parque setor moveleiro conta com
 Bom Princípio  São Francisco de Paula
pio da Serra, a Florense conta industrial de 200 mil metros 36,8 mil indústrias no Rio
 São Marcos  Cambará do Sul
com 50 lojas franqueadas no quadrados. Grande do Sul, com 2,4 mil
 Garibaldi  Bom Jesus
Brasil e 14 no exterior, entre Es- A partir de Tupandi, funcionários. O setor movi-
 Caxias do Sul  São José dos Ausentes
tados Unidos e América Latina.  Gramado
são produzidos móveis das mentou, no ano passado,  Jaquirana
O Sindicato das Indús- marcas Kappesberg – que R$ 11,5 bilhões.
trias do Mobiliário de Bento Fonte: Sindmóveis e Movergs Fonte: Ageflor
Caderno Especial do Jornal do Comércio
Porto Alegre, Terça-feira, 31 de outubro de 2023 17
VULCABRAS/DIVULGAÇÃO/JC

Indústria

Vale do Paranhana
concentra criação
do setor calçadista
Municípios como Parobé, e desenvolvimento”, diz o CEO
Igrejinha, Três Coroas da Vulcabras, Pedro Bartelle.
Desde que o novo modelo foi
e Farroupilha mantêm lançado, em 2022, já foram 100
grandes fábricas pódios garantidos por corredo-
res de elite no País. Conquistas
A produção de calçados no que, como explica Bartelle, en-
Vale do Paranhana e na Serra há volvem centenas de pessoas. Só
muito não é mais aquele grande para desenvolver um modelo de
galpão limitado à fabricação em tênis, são pelo menos 120 pro-
série de componentes ou pares fissionais no processo que mais
de calçados. O papel deste, que envolve tecnologia no mundo da
é um dos principais polos calça- indústria calçadista. Centro de Pesquisa em Parobé tem laboratórios para o desenvolvimento de tênis e reúne 700 profissionais
distas do País, cada vez mais é O Centro de Pesquisa e De- TÂNIA MEINERZ/JC
o de criação e desenvolvimento. senvolvimento de Parobé é o de 30%, teve faturamento de Municípios de
Foi a partir do Centro de Pes- maior da América Latina. Lá a R$ 2,9 bilhões, um dos melhores
quisa e Desenvolvimento da Vul- empresa tem 700 funcionários resultados do setor no Brasil. destaque do
cabras, em Parobé, por exem- entre laboratórios de materiais, “A cultura centenária, a es- setor calçadista
plo, que a criação do primeiro de realidade virtual, de usina- trutura industrial e a qualidade  Parobé
tênis de corrida com o uso do gem para matrizes e de impres- principalmente na disseminação  Igrejinha
grafeno começou a tomar forma. são 3D de solados, dedicando de conhecimento e tecnologia  Três Coroas
Foram 18 meses de trabalho em R$ 600 milhões nos últimos dão ao Estado um know-how no  Farroupilha
parceria com o UCS Graphene cinco anos em investimentos em setor que é diferenciado em rela-  Nova Petrópolis
e outros 40 dias de desenvol- tecnologia e inovação. Anual- ção ao Brasil. É algo que nos fez
vimento do protótipo inicial do mente, mais de 800 modelos aprender muito e garantir, hoje,
calçado. são gerados para a indústria. inclusive maior produtividade, como principal linha, expandiu a
“Na indústria de calçados “Em Parobé, garantimos não só com qualidade, do que os asiá- produção para o Nordeste, mas
esportivos, o desenvolvimento o desenvolvimento de tecnolo- ticos”, diz Bartelle. mantém em Farroupilha – onde
de novas tecnologias é uma par- gia para produtos brasileiros, Na origem da Vulcabras, ain- está a origem da família – parte
te fundamental do processo in- mas também a exportação de da em Parobé, havia a produção da produção e administração da
dustrial. No caso do Olympikus conhecimento para EUA e Ja- dos calçados Azaléia. A linha de empresa.
Corre Grafeno, precisávamos pão”, aponta o executivo. sapatos femininos atualmente é Conforme a Associação Bra-
desenvolver um material que ga- Além da marca própria licenciada para a Grendene, ou- sileira das Indústrias de Calça-
rantisse o efeito trampolim, ab- Olympikus, a empresa fabrica tra gigante do ramo calçadista e dos (Abicalçados), o Vale do Pa-
sorvendo o impacto da passada para Under Armour e Mizuno líder nacional em exportações. ranhana e a Serra concentram
e transformando em impulsão, – esta última com 100% da co- A empresa, fundada em 1971, 616 empresas do setor, com 30
com o menor gasto de energia leção de 2022 no Brasil desen- em Farroupilha, é da mesma fa- mil pessoas empregadas. Em
possível. A busca de respos- volvida pela Vulcabras – em mília que tem o maior volume 2022, dali saíram 37,1 milhões
tas aos desafios da produção é plantas no Ceará e na Bahia. Em CEO da Vulcabras, Pedro Bartelle de ações da própria Vulcabras. de pares de calçados, com US$
constante no centro de pesquisa 2022, com crescimento acima vê resposta a desafio da produção A Grendene, que tem a Melissa 186,5 milhões em exportações.

Tradição é o diferencial da fabricação dos produtos elaborados em Igrejinha e Parobé


Entre janeiro e setembro com a especialização da mão com o objetivo de criar o calça- Paranhana, há 47 anos, em um terceirizados.
deste ano, Parobé foi o 68º mu- de obra, com muita qualidade do ideal para crianças e sem- galpão de madeira, em Igreji- “Nós temos investido mui-
nicípio gaúcho com maior volu- no desenvolvimento e no aca- pre buscamos ser uma empre- nha. Mesmo com apenas oito to na qualificação dos nossos
me de exportações, 88% delas bamento dos produtos. Isso sa que trabalha com foco em empregados e uma máquina funcionários a partir de Igre-
foram de calçados. Já Igrejinha, nos dá muita vantagem em re- questões sustentáveis”, diz de costura, já tínhamos a nos- jinha, e levado essa qualifi-
que é o 31º maior exportador, lação ao que é produzido em a presidente da Bibi, Andrea sa mão de obra de qualidade cação para outras regiões do
teve os calçados como 75% de outras regiões”, aponta o exe- Kohlkrausch. e, com o tempo, agregamos os Estado”, aponta o empresário,
todo o material vendido ao ex- cutivo da empresa, Sérgio Bo- Entre os destaques da cal- nossos demais diferenciais”, diz que neste ano investe R$ 60
terior. É nestes dois municípios cayuva. çadista está a utilização de o presidente da Calçados Beira milhões em duas novas fábri-
que a Usaflex produz e segue É este diferencial que tem matéria-prima 100% atóxica, Rio, Roberto Argenta. cas em Candelária, no Centro
expandindo. São investidos garantido a empresas como a alinhamento das questões de A empresa, listada entre as do Estado.
R$ 72 milhões na ampliação Bibi valor agregado à sua pro- sustentabilidade com fornece- maiores do Rio Grande do Sul Segundo Argenta, a expan-
da fábrica, que aumentará a dução. Neste mês de outubro, dores e o não descarte das so- pela Revista Amanhã, faturou são tem como objetivo aumen-
capacidade produtiva em 6 mil pela terceira vez, a empresa de bras da indústria. R$ 5 bilhões no ano passado, e tar o potencial exportador do
pares de calçados por dia, che- Parobé recebeu a premiação “O design, o maquinário e projeta chegar a R$ 5,5 bilhões calçado gaúcho. Hoje, a Cal-
gando a 34 mil, em Igrejinha. máxima de Origem Sustentável principalmente a qualidade da em 2023. Somente em Igreji- çados Beira Rio destina 90%
“Hoje a nossa produção é à sua cadeia produtiva. mão de obra são os diferenciais nha, são 800 funcionários. Ao da sua produção ao mercado
100% gaúcha. Temos aqui um “Somos a primeira empre- da produção gaúcha de calça- todo, a Beira Rio emprega 10 nacional, mas exporta para até
diferencial muito importante sa a realizar estudos científicos dos. Nascemos na beira do Rio mil funcionários e outros 15 mil 100 países.
Caderno Especial do Jornal do Comércio
18 Porto Alegre, Terça-feira, 31 de outubro de 2023

EMERSON RIBEIRO/DIVULGAÇÃO/JC
Indústria

Vinhos têm Indicação


Geográfica reconhecida
Serra Gaúcha ganha da Cunha e Nova Pádua), Monte Neste ano, o Estado regis-
cinco selos de produtos Belo (Monte Belo do Sul), Far- trou a maior safra de uvas vi-
roupilha, Pinto Bandeira e o Vale níferas desde 2018, com 99,7
de qualidade com dos Vinhedos (Bento Gonçalves), milhões de quilos colhidos. Mas
características próprias este, concentrando o maior volu- a soma de todos os tipos de uva
me da produção vitivinícola. chegou a 664,9 milhões de qui-
Eduardo Torres “Temos uma história de 92 los, que resultaram em 216,1
anos que começou com 16 fa- milhões de litros de vinho, 38,2 Tonello observa que a Cooperativa Aurora é a maior vinícola do Brasil
A tradição na produção de mílias de imigrantes italianos milhões de litros de suco de uva EDUARDO BENINI/DIVULGAÇÃO/JC
comidas e bebidas é vista no que se uniram para fortalecer a e 13,7 milhões de litros de espu-
mundo inteiro como “Made in produção vinícola em Bento. Se- mantes. A Serra responde por
Serra Gaúcha”. Somente nesta guimos fiéis àqueles princípios pelo menos 85% dessa produ-
região, o Rio Grande do Sul tem de perseverança. Precisamos ção. O Estado é o maior produtor
reconhecidos sete produtos com nos reinventar muitas vezes, e de uvas do País e responsável
Indicações Geográficas. Nada seguimos nessa transformação. por 90% da produção nacional
melhor do que o vinho para sim- Somos a maior vinícola do Brasil, destinada ao processamento de
bolizar este valor agregado ao respondendo historicamente por vinhos, sucos e espumantes.
que é produzido nesta parte do 10% da produção gaúcha, e os O cooperativismo teve papel
Estado. São cinco indicações nossos vinhos chegam a 20 paí- marcante na vitivinicultura da
com vinhos de características ses”, conta o presidente do Con- Serra. Conforme a Fecovinho,
próprias: Altos Montes (Flores selho de Administração da Coo- são seis delas na região. E o ano
perativa Aurora, Renê Tonello. de 1931, quando foi criada a Au-
Trata-se de uma cooperati- rora, foi fundamental nessa his-
O mapa da uva e do va, com 1.067 famílias no cultivo tória. No mesmo ano, foi criada
vinho por municípios de 2,8 mil hectares de uvas em a Cooperativa Nova Aliança, em
Produção de uvas (para mesa) 11 municípios da Serra, em um Flores da Cunha, e a Garibaldi,
 Caxias do Sul raio de 50 quilômetros a partir de no município de mesmo nome. Maurício Salton destaca diversificação de produção e espumantes
 Bento Gonçalves Bento Gonçalves. Só na produ- Com 450 produtores asso-
 Farroupilha ção da Aurora, neste ano foram ciados entre 18 municípios, com “Mesmo sendo protagonista Conforme a pesquisa Niel-
 Vale Real colhidos 70,5 milhões de quilos 1,2 mil hectares de cultivo, a Coo- no mercado nacional e interna- sen Super Varejo, a Salton é a
 Flores da Cunha da fruta. São 70% da produção perativa Garibaldi hoje tem 43% cional, a nossa empresa sempre quarta na preferência do consu-
destinados aos sucos, 28% aos do volume dos seus negócios priorizou o desenvolvimento da midor da Região Sul nas vendas
Produção de uvas (para indústria) vinhos e espumantes e outros relacionado aos espumantes. A cidade onde nascemos, 32% dos de gim. Ocupa também o quinto
 Flores da Cunha 2% para outros produtos viníco- meta, aponta o presidente Os- colaboradores são moradores lugar na região entre os vinhos
 Bento Gonçalves las, como o brandy. car Ló, é chegar a 50% em 2025. de Bento Gonçalves. Temos 113 de mesa, que representam 20%
 Farroupilha
Dados da Secretaria Esta- A produção comercial de vinhos anos e um compromisso social das vendas.
 Caxias do Sul
dual da Agricultura demonstram na Serra, porém, começou antes marcante. Nos últimos três anos, Após as denúncias de casos
 Garibaldi
que Bento Gonçalves, com 20 das cooperativas. por exemplo, a Salton desenvol- de trabalho análogo à escravi-
milhões de litros em 2023, é o Desde 1910, a família Salton veu o programa Legado Social, dão na última vindima, as duas
Produção de vinhos (de mesa) município com o maior volume tornava-se conhecida no atual que destinou R$ 282 mil para cooperativas e a empresa têm
 Flores da Cunha
 Farroupilha
de vinhos finos produzidos no município de Bento Gonçalves ações em áreas como a educa- dedicado suas ações ao reforço
 Bento Gonçalves
Estado, seguido por Farroupilha. pela sua produção incrementada ção e o combate à violência nas das políticas de compliance e
 Campestre da Serra
Em relação aos vinhos de pelos filhos do imigrante Antonio comunidades em que atuamos”, ESG. A recuperação da imagem
 Caxias do Sul
mesa, a liderança é de Flores da Domenico Salton. A produção diz o diretor-presidente da em- já é perceptível nos números.
Cunha, com 86,3 milhões de li- hoje é expandida não apenas à presa, Maurício Salton. Na Aurora, por exemplo, até
Produção de vinhos (finos) tros engarrafados este ano, tam- Serra, mas também à Campanha Os espumantes são o carro- setembro já foram recebidos 155
 Bento Gonçalves bém seguido por Farroupilha. Os e a São Paulo. Ao todo, são 830 -chefe da produção, responden- mil turistas em sua sede e nas
 Farroupilha três municípios da Serra dividem hectares cultivados entre áreas do por 46% das vendas, mas a propriedades com produção vi-
 Garibaldi o protagonismo entre os maiores próprias e de famílias parceiras, Salton tem diversificado a pro- nícola. A expectativa, aponta
 Flores da Cunha produtores de uvas de mesa e que resultam em 4% de toda a dução. Por exemplo, 27% das Tonello, é superar os 241,8 mil
 Caxias do Sul para a indústria em solo gaúcho. safra gaúcha. vendas são de destilados. registrados em 2022.

Campos de Cima da Serra amplia produção de queijo serrano com selo de procedência
Outro dos selos de origem concedido neste ano –, que che- estaria sujeito a incertezas do Ausentes e Bom Jesus, Biten- é garantido.” É que este não é
na região está nos Campos de gam a fabricar 1,5 mil quilos de setor. Desde que conquistamos court produz até 15 quilos por qualquer queijo. A começar pelo
Cima da Serra. Somente lá é queijo serrano por dia. o reconhecimento de identifica- dia, e vende tudo rapidamente. leite que dá origem a ele. Para
possível encontrar o queijo ser- Aos 57 anos, Cladecir Biten- ção geográfica do queijo, as ven- “Todo o turista que hoje vem ser o queijo serrano, não pode
rano. De acordo com a Associa- court, que preside a associação, das e o valor do produto aumen- para os Aparados, por exemplo, ser originário de vacas leiteiras,
ção dos Produtores de Queijo e cria 22 vacas em campo nativo taram em uns 50%. Significou tem que passar aqui para levar mas de vacas de raças de cor-
Derivados do Leite dos Campos em São José dos Ausentes, e há muito valor agregado”, conta. o queijo serrano. E tem ainda te. Elas precisam ser criadas no
de Cima da Serra (Aprocampos), 18 anos dedica-se à produção do Com a sua queijaria, a Vô toda a demanda para os conta- campo nativo, típico de Cima da
a região conta com pelo menos queijo serrano. “Se fosse ven- Manuel, estrategicamente po- tos que temos em Porto Alegre Serra. E no momento da produ-
50 produtores – 10 deles já con- der leite, com certeza não teria sicionada à beira da estrada e em outras regiões com maior ção, o leite é cru. O queijo é ob-
tam com o selo de procedência, o rendimento que tenho, e ainda no limite entre São José dos consumo. Na Expointer, o lucro tido somente com coalho e sal.
Caderno Especial do Jornal do Comércio
Porto Alegre, Terça-feira, 31 de outubro de 2023 19

Gramado se destaca na produção de chocolate artesanal Serra Gaúcha reúne moinhos


O chocolate de Gramado, na
LUGANO/DIVULGAÇÃO/JC
e fábricas de farinha de trigo
Região das Hortênsias, é mais
um dos produtos reconhecidos São poucas as cidades na biscoitos. A meta é, até 2025,
com o selo de identificação de região que não têm um moi- ter capacidade para produ-
procedência geográfica na re- nho que conte, por si só, boa zir 4 mil toneladas diárias de
gião. Na verdade, é o primeiro parte da história da coloniza- biscoitos em Caxias do Sul, e
chocolate artesanal atestado ção italiana da Serra. Não há chegar a um faturamento de
com o selo em todo o Brasil. municípios da região entre os R$ 1,7 bilhão. “Claro que o
Uma tradição iniciada entre maiores produtores de trigo mercado do Sudeste é impor-
1975 e 1976, com as primeiras do Estado, no entanto, as fari- tante, e está lá o principal foco
produções da Prawer e da Luga- nhas, massas, pães e biscoi- consumidor do País, mas aqui
no. Desde o ano passado, oito tos, que não podem faltar na no Estado ainda temos muitas
das 28 indústrias de chocolates mesa do “gringo”, caíram no oportunidades para serem ex-
locais receberam o selo de indi- Chocolate em forma de Kikito, troféu do Festival de Cinema de Gramado gosto do consumidor da Re- ploradas, como no caso dos
cação como os legítimos Choco- gião Sul e do Brasil. biscoitos”, aponta Tondo.
lates Artesanais de Gramado. E que exigiu investimentos de Produtos com A farinha de trigo prefe- Hoje a empresa tem 15%
o resultado, como atesta a As- R$ 10 milhões nos últimos dois rida do público entre os três da sua produção de biscoitos
sociação da Indústria e Comér- anos. “Abrimos mão da loja de identificação estados do Sul, por exemplo, dedicada a outras marcas,
cio de Chocolates de Gramado fábrica que tínhamos para am- geográfica na é produzida pelo Moinho do mas projeta o fortalecimen-
(Achoco), é imediato. Nos primei- pliar a área de produção, com a Nordeste. Uma das principais to da marca própria, em um
ros meses, o faturamento dessas instalação de novas máquinas,
Serra e Campos moageiras do País, a empresa processo semelhante ao que
chocolaterias aumentou 10%. treinamentos e certificações. de Cima da Serra criada em 1945 em Antônio aconteceu com as massas, há
“Desde o início, há 47 anos, Nosso esforço tem sido redo-  Chocolates artesanais de Prado, hoje produz farinhas e 15 anos.
o esforço da nossa empresa foi brado na qualificação da nossa Gramado (Gramado) outros 100 produtos também Entre os biscoitos, po-
pela produção de um chocolate mão de obra, para mantermos  Queijo serrano (São José dos no Paraná. rém, a concorrência é dura
realmente premium, com qua- talentos que multipliquem a tra- Ausentes, Bom Jesus) Levantamento da Asso- na Serra. A liderança na ven-
lidade relacionada às famílias dição do verdadeiro chocolate  Vinhos de Monte Belo (Monte ciação Brasileira da Indústria da de biscoitos e bolachas
de Gramado. Tem muito a ver de Gramado”, explica Esteves. Belo do Sul) do Trigo (Abitrigo) de 2022 na Região Sul é da Isabela,
com o aconchego e a hospitali- Mesmo com franquias em  Vinhos e espumantes do Vale
mostra que o Rio Grande do que opera o seu moinho, com
dade que a cidade tem. E, com todos os estados brasileiros, dos Vinhedos (Bento Gonçalves) Sul hoje produz 15% da fari- 1.022 funcionários, em Bento
 Vinhos e espumantes de Pinto
Gramado cada vez mais nas ca- 100% da produção da empresa é nha de trigo brasileira. São 32 Gonçalves. Dali, saem mais
beças de quem pensa em fazer em Gramado, e com as caracte- Bandeira (Pinto Bandeira) moagens ativas no Estado. Na de 70 produtos entre massas
 Vinhos e espumantes de
turismo no Rio Grande do Sul, rísticas artesanais necessárias. Serra, estão pelo menos qua- e biscoitos.
Farroupilha (Farroupilha)
os chocolates são a experiência São mais de 200 funcionários  Vinhos e espumantes de
tro grandes moinhos, entre “É uma marca consolida-
plena do local que vendemos. trabalhando na produção. Altos Montes (Flores da Cunha e
Antônio Prado, Vacaria, Bento da, e que mantém o objetivo
Se o turismo local passou da Para obter o selo de Cho- Nova Pádua Gonçalves e Caxias do Sul. de estar sempre presente nas
contemplação à experiência, colate Artesanal de Gramado, “A busca constante por mesas do consumidor do Sul.
o chocolate tem um papel fun- a produção da massa de cacau qualidade, sempre de olho Historicamente, a Isabela li-
damental”, diz o diretor de mar- precisa ser toda feita dentro do “Todas as lojas que vendem nas necessidades que o mer- dera as vendas de massas no
keting e expansão da Lugano, município, não podem ser usa- chocolate certificado têm o selo cado apresenta, para trazer- Rio Grande do Sul, agora, es-
Jonas Esteves. das gorduras hidrogenadas e na vitrine ou em um quadro no mos novidades no nosso mix tamos direcionando a maior
Assim como o setor de tu- é preciso usar no mínimo 25% interior da loja. Antes, muitos de produtos, é a nossa cultu- parte dos investimentos para
rismo, os chocolates de Gra- de cacau na fórmula dos choco- consumidores acabavam com- ra, que vem desde a origem o incremento da produção de
mado também vivem um boom. lates brancos, 35% na de cho- prando gato por lebre, nos casos do moinho”, diz o gerente de biscoitos cobertos com cho-
Nos últimos quatro anos, a Lu- colates ao leite e entre 42% e de empresas que apenas derre- marketing da Orquídea, Mar- colates”, aponta o gerente
gano saltou de uma produção 55% nos meio amargos, e para tem e moldam o chocolate em celo Tondo. industrial da fábrica de Bento
de 10 toneladas por mês para os amargos, acima de 55% de Gramado”, explica o presidente Ele é neto do fundador Gonçalves, Roberto José Pos-
100 toneladas. Uma mudança cacau. da Achoco, Fabiano Contini. da empresa, Darvino Tondo samai.
que, ao lado da esposa e dos Criado em 1954, o moi-
irmãos, há 70 anos criou o nho, desde 2003, faz parte
moinho em Pinto Bandeira. do grupo nordestino M. Dias
Laticínios e a tradição da fabricação de queijos Hoje, a Orquídea emprega 1,2
mil pessoas e produz 25% da
Branco. A cada dia, são pro-
duzidas 180 toneladas de
Os municípios da região não segunda na preferência do con- Laticínios por farinha do Rio Grande do Sul. massas e 300 toneladas de
aparecem na lista dos maiores sumidor da Região Sul quando Tem a sua principal produção biscoitos.
produtores de leite do Estado, se trata do leite UHT, e a quin- município: em Caxias do Sul, e mantém A produção de farinhas na
mas os laticínios, que produzem ta na região no queijo ralado.  Carlos Barbosa em Bento Gonçalves um de Serra tem ainda no Moinho
queijo, têm papel importante no A cooperativa, que foi pioneira (Cooperativa Santa Clara) seus moinhos. Se na época Vacaria a maior capacidade
mapa econômico regional. no setor de laticínios, tem pa-  Nova Petrópolis de Dalvino a capacidade pro- de armazenamento e bene-
É o caso da Cooperativa San- pel fundamental na evolução (Cooperativa Piá) dutiva chegava a 2 toneladas ficiamento de trigo do País.
 Taquara (Dielat)
ta Clara, criada há 111 anos por do município. A Festiqueijo, por por dia, já com três tipos de Neste caso, a prioridade, a
 Boa Vista do Sul (Laticínios
imigrantes italianos que chega- exemplo, que é o principal even- farinhas, e atendia o consumo partir da moagem, é a prepa-
ram a Carlos Barbosa e tinham a to de Carlos Barbosa, teve ori- Steffenon / Languiru) na Serra, hoje, são 1,2 mil to- ração de farinhas especiais
 Bento Gonçalves (Bento
necessidade de unir e fortalecer gem na Festa do Leite, promo- neladas por dia, com mais de para a panificação.
Gonçalves)
a produção local de leite. vida pelas famílias cooperadas. 300 itens fabricados com a
“O espírito cooperativista, São 2,4 mil associados e Fonte: Sindilat moagem do trigo. Moinhos por
que fortaleceu os produtores 2,2 mil funcionários entre as A Orquídea se destaca municípios
e toda a comunidade, desde operações da Santa Clara, que em farinha de trigo, massas e
 Caxias do Sul (Orquídea)
o primeiro dia, perdura ainda incluem três laticínios, em Car- em Carlos Barbosa. Mais da misturas para bolos. A próxi-
 Vacaria (Moinhos Vacaria)
hoje. Tudo o que inovamos ou los Barbosa, Casca e Getúlio metade da produção da coope- ma frente, na qual a empresa  Antônio Prado (Moinhos do
investimos é pensando no coo- Vargas, duas fábricas de ra- rativa é dedicada ao leite. Em tem investido R$ 200 milhões Nordeste)
perativado”, explica o diretor da ções, em Carlos Barbosa e Es- média, 800 mil litros diários. A desde o ano passado até  Bento Gonçalves (Isabela)
cooperativa, Alexandre Guerra. tação, um frigorífico de suínos cada mês, são 600 toneladas de 2024, é para ganhar lugares
A marca Santa Clara é a e uma cozinha coletiva, ambos queijos produzidos. importantes no mercado de Fonte: Abitrigo
Caderno Especial do Jornal do Comércio
20 Porto Alegre, Terça-feira, 31 de outubro de 2023

Agronegócio
Conservas Oderich e o
Vacaria é referência pioneirismo nos enlatados
no cultivo de maçãs Ao longo deste ano, a Ode-
rich, de São Sebastião do Caí,
atuam em São Sebastião do
Caí. As carnes e miudezas da
AGAPOMI/DIVULGAÇÃO/JC
investe R$ 45 milhões para Oderich representam 93% das
Quase 90% das exportações avançar no mercado nacional exportações do município, que
do município dos Campos de conservas. Faz aportes, ocupa o 42º lugar entre as ex-
principalmente, no desenvol- portações das cidades gaú-
de Cima da Serra são da vimento de novas embalagens chas entre janeiro e setembro.
comercialização da fruta exclusivas, que vão além da li- O auge das salsichas en-
nha dos sachês, por exemplo. A latadas, que chegaram a re-
Eduardo Torres empresa dedica ainda recursos presentar 80% das receitas da
para uma nova tecnologia em Oderich, passou. Vieram legu-
Nos Campos de Cima da defumadores de salsichas. mes e também doces em con-
Serra, Vacaria é a referência no É que seguir apostando no serva. Um frigorífico próprio
cultivo de maçãs. Quase 90% fortalecimento da produção a na Campanha garante o abas-
de todas as exportações do mu- partir do Vale do Caí, hoje, para tecimento à unidade do Caí.
nicípio, que ocupa a 57ª posição o mundo, está no DNA da famí- Assim como uma fábrica de
entre os maiores exportadores lia que é pioneira não apenas latas própria, em Eldorado do
gaúchos, é de maçãs, peras e entre os produtores de conser- Sul, garante a demanda da em-
marmelos. “É o último rincão vas no País, segmento no qual presa e a venda para terceiros.
de resistência na produção da Rio Grande do Sul tem 370 produtores de maçã, sendo 330 em Vacaria estão entre as preferências do Há ainda produção de legumes
maçã. Em todo o Estado, são 370 consumidor da Região Sul e de em Goiás e de conservas no
produtores, sendo 330 na região processo de refrigeração das fru- industrializados, é também o todo o Brasil, mas da própria Sul do Estado. Toda a produção
de Vacaria. Temos potencial pro- tas para a venda também é con- maior produtor de hortifrutigran- industrialização gaúcha. é distribuída a partir de São Se-
dutivo muito grande, passamos centrado nos Campos de Cima jeiros. São mais de 50 culturas “Hoje, nossa unidade em bastião do Caí. “A Oderich tem
de 1 milhão de toneladas da fruta da Serra, onde estão 73% dessas em propriedades familiares, que São Sebastião do Caí mantém a hoje um papel muito impor-
no mercado nacional, agora nos- estruturas. “A gala, principal cul- garantem 75% do abastecimen- atividade que está nas nossas tante no combate à fome e no
so desafio é melhorarmos a ima- tivar da região, é muito desejada to da Ceasa na Serra e 25% em raízes, com produção dos itens fornecimento de alimentos em
gem da maçã gaúcha e o alcance no mercado. E tem sido sinônimo Porto Alegre. São 21 mil hectares de carne suína, bovina e de continentes que dependem do
no exterior. O ideal é conseguir- do desenvolvimento de Vacaria. de cultivos, com a uva de mesa aves, entre enlatados e conge- alimento enlatado, dos embu-
mos exportar mais do que 10% Em 20 anos, o orçamento do mu- sendo a principal plantação. lados. Além de patês, feijoada, tidos e congelados. Países da
do que vendemos no Brasil”, diz nicípio triplicou”, comenta Sozo. maionese, catchup, mostarda e África, Oriente, Caribe e Leste
o presidente da Associação Gaú- Não à toa, Vacaria tem o maior Municípios que molhos. As salsichas, que du- Europeu foram mercados que
cha de Produtores de Maçã (Aga- VAB Agrícola das regiões retra- rante anos foram o carro-chefe, descobrimos e nos estabelece-
pomi), José Sozo. tadas neste Mapa Econômico, e se destacam na hoje garantem em muito a nos- mos nesses últimos 30 anos”,
A última safra do País resul- também o 2º maior no Estado. produção de maçãs sa presença no exterior. Já ex- conta o CEO da empresa.
tou em 501,9 mil toneladas de A Serra e os Campos de Cima  Vacaria
portamos para até 80 países, e Da fábrica de São Sebas-
maçãs, sendo 338 mil toneladas, da Serra têm ainda destaque em  Bom Jesus hoje as vendas para o exterior tião do Caí saem, por exemplo,
ou 67,3%, de produção gaúcha. cultivos como o do pêssego, com  Caxias do Sul respondem por 45% da nossa os kits de alimentos compra-
Entre os 14,4 mil hectares culti- o domínio da produção da fruta  São Francisco de Paula receita”, diz o CEO da empresa, dos pelas Forças Armadas bra-
vados neste ano no Rio Grande de mesa, milho e feijão. E o mais  Monte Alegre dos Campos Marcos Oderich. sileiras e de outros países para
do Sul, Vacaria e Bom Jesus con- curioso. Caxias do Sul, mesmo Entre os 2,3 mil funcioná- o fornecimento a refugiados e
centraram 8,5 mil hectares. O sendo um dos municípios mais Fonte: Agapomi rios atuais da empresa, 1 mil em zonas de guerra.

Plantio da bergamota se destaca em municípios do Vale do Caí


Do vaporizador que refresca faturamento da propriedade, em hectares. Neste ano, a produção aportes para estoque, terraple- Outros cultivos
o ambiente na casa da família Montenegro, no Vale do Caí. chega a 198 toneladas de berga- nagem e equipamentos para
ao batom usado pela esposa, é É que o cultivo de frutas, motas colhidas. Desde 2006, ele abertura de açudes. Investimen- importantes na região
a essência das bergamotas pro- além das uvas, é uma das prin- é um dos fornecedores da Ceasa, tos que Viegas não abre mão na Produção de pêssegos
duzidas pelo agricultor Gustavo cipais potencialidades das re- em Porto Alegre. “O cultivo da sua propriedade. “Fizemos um  Pinto Bandeira

Viegas que mostram, a cada giões deste Mapa Econômico do bergamota é muito favorecido açude em 2019, adquirimos ma-  Farroupilha

safra, o tamanho da eficiência RS. Um potencial que, em 1996, aqui em Montenegro e no Vale quinário e, posso dizer, saímos  Caxias do Sul

desta produção. A venda dos fru- estimulou, por exemplo, a Bom do Caí. A terra é mais argilosa, o fortalecidos depois de três anos  Antônio Prado

tos verdes para a elaboração de Princípio Alimentos a industruia- relevo ajuda e a logística é favo- de estiagem no Estado. De uma  Campestre da Serra

essências à indústria cosmética, lizar o que se produz na região. rável. O mercado prefere nossa perda que ficaria em torno de Produção de milho
que são processados por quatro A empresa, que hoje tem fábrica bergamota em relação a outros 40% da produção, conseguimos  Vacaria
empresas da região do Vale do com 14 mil metros quadrados estados brasileiros, porque tem ter crescimento de 15%. Com o  Muitos Capões
Caí, já representa até 15% do em Tupandi, e pretende inves- mais sabor e coloração. É uma aumento da capacidade hídrica,  Bom Jesus
tir na sua ampliação a partir de cultura que herdei e, quem sabe, agora avançando, tenho aumen-  Esmeralda

Municípios que se 2024, emprega 270 pessoas. A minhas filhas, que ainda são pe- tado a produtividade das plan-  Caxias do Sul
produção começou com a venda quenas, vão levar adiante.” tas”, explica o produtor.
destacam na produção de geleias, chimias e recheios à No município que neste ano A liderança no mercado das Produção de feijão
 Muitos Capões
de bergamotas base de frutas, e hoje inclui con- cultivou 3,3 mil hectares, um frutas também é observada per-
 Vacaria
 Montenegro servas, laticínios e chocolates. quarto da produção de todo o to dali, em Bom Princípio. Em um
 Bom Jesus
 Pareci Novo Viegas herdou a produção Estado, foram colhidas 54 mil universo de 143 produtores, o  Esmeralda
 São José do Sul do pai e do avô, que começa- toneladas de bergamotas em município cultivou 1,2 milhão de  Monte Alegre dos Campos
 Harmonia ram a plantar bergamotas nos 2023. Um potencial que é esti- plantas de morangos neste ano,
 Veranópolis anos 1980, e hoje ele cultiva 17 mulado pelo governo local, com 15% acima de 2022. Fonte: Secretaria da Agricultura
Caderno Especial do Jornal do Comércio
Porto Alegre, Terça-feira, 31 de outubro de 2023 21

OLEOPLAN/DIVULGAÇÃO/JC
Combustíveis

Veranópolis
é pioneira na
produção de
biodiesel no RS
Oleoplan começou a um papel de protagonismo na
produzir o biocombustível evolução da importância econô-
mica do grão para a economia
no ano de 2007 gaúcha. Em 2007, foi no muni-
cípio da Serra que a Oleoplan Fábrica na Serra, com capacidade para produzir 1,3 milhão de litros de biodiesel/dia, emprega 650 pessoas
As regiões da Serra e Cam- inaugurou a primeira planta de
pos de Cima da Serra não figu- produção de biocombustível do a considerar a legislação do uso também em outra unidade, na soja da Oleoplan garante 75% de
ram entre as principais áreas Rio Grande do Sul. do biodiesel para complementar Bahia. Em Veranópolis, empre- tudo o que é exportado por Ve-
produtoras de soja do Rio Gran- “A empresa sempre teve os combustíveis no transporte ga 650 pessoas, transformando ranópolis, que é o 45º município
de do Sul. Na safra de 2022, so- como princípio, desde 1979, brasileiro, já estávamos prontos 100% do óleo produzido em bio- exportador do Rio Grande do Sul
mente Vacaria e Muitos Capões quando iniciou as operações no para essa evolução”, conta o di- diesel. Com uma capacidade de entre janeiro e setembro deste
estavam presentes entre os 30 processamento de soja, espe- retor de relações institucionais esmagamento de 2,5 mil tonela- ano.
principais produtores do Estado, cialmente na produção de óleo, da Oleoplan, Leonardo Zillio. das diárias de soja, a empresa Em 2022, a empresa recebeu
com 109 mil hectares plantados agregar valor ao produto local. Hoje a empresa também processa 1,3 milhão de litros diá- seu primeiro certificado para ex-
e 267,7 mil toneladas colhidas. Dois anos antes da inauguração opera no terminal hidroviário rios de biodiesel. portar o combustível produzido
No entanto, Veranópolis tem da planta, logo que o País passou de Canoas e processa biodiesel A produção de derivados de na Serra Gaúcha.

A tradicional culinária da
imigração italiana
da Serra Gaúcha
Cada prato é uma homenagem à autenticidade da gastronomia que
herdamos dos nonnos e das nonnas, onde o artesanal recebe todo
cuidado e dá vida a sabores genuínos.

Na nossa mesa, as refeições são mais do que apenas uma experiência


gastronômica, são uma celebração de nossa herança e uma expressão de
carinho por cada ingrediente.

Já são três décadas aprimorando receitas que são passadas de geração


em geração e sempre carregando o frescor da natureza com um padrão
de qualidade nos produtos frescos, diretamente de produtores para fazer
uma cozinha viva.

Paol
Di RS
Bento Gonçalves
PR
Curitiba
SP
Shopping Lar Center
o

Caxias do Sul Vila Olímpia


Garibaldi SC Pinheiros
Gramado Itapema S. José dos Campos
a n o s
Novo Hamburgo Sorocaba
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CI

Ú Porto Alegre
DEL GA
LA SERRA
Recanto Maestro
Caderno Especial do Jornal do Comércio
22 Porto Alegre, Terça-feira, 31 de outubro de 2023

LUCAS DIAS/DIVULGAÇÃO/JC
Serviços

A indústria bilionária do
turismo nas Hortênsias
Gramado e Canela formam somente a região turística das acordo com a prefeitura, há 10
o segundo principal destino Hortênsias responde por 1,1% novos hotéis em construção.
do PIB do Rio Grande do Sul. “O atendimento em Grama-
turístico do Brasil; Vale Nos últimos anos, houve a do é acolhedor, e isso não é um
dos Vinhedos, em Bento atração de megainvestimentos, clichê. É algo que fazemos ques-
Gonçalves, também cresce sobretudo em parques e hotéis tão de levar para onde vamos,
temáticos, que hoje chegam a porque é nato dessa região”, diz
Eduardo Torres 37. O resultado foi uma transfor- o gerente de novos negócios da Impulsionada pelo fluxo de turistas, Canela registra crescimento
mação na característica do turis- Laghetto, Luis Paulo Dyundi.
O turismo entre a Serra, as mo local, passando da contem- Originário, e com a sua ad- De acordo com Cláudio Sou- Mapa do Turismo
Hortênsias e o Paranhana tem plação, em roteiros geralmente ministração toda mantida em za, porém, há um desafio real  Roteiros de lazer e cultura
em todas as suas formas – da consumidos por casais, para o Gramado, a Laghetto conta com para o setor. “Estamos com um
(Gramado, Canela, Nova
aventura, ao entretenimento, destino de famílias do Brasil e do uma rede de 23 hotéis, 14 deles sério risco de cairmos na vala Petrópolis, Bento Gonçalves,
até os eventos e negócios – uma mundo. Conforme o Sindicato da entre Gramado e Canela. Nos comum de lugares que tinham Carlos Barbosa, Garibaldi, Flores
das principais oportunidades na Hotelaria, Restaurantes, Bares e próximos quatro anos, serão vocação turística e, depois de da Cunha)
economia regional. Similares da Região das Hortên- outros 10 estabelecimentos com criarem uma bolha, não deram  Roteiros de aventura (Três
O maior expoente é a região sias (Sindtur), no ano passado, 8 a marca Laghetto. Atualmente, certo. Se o poder público não Coroas, Cambará do Sul, Canela)
de Gramado e Canela, que se mil norte-americanos e 5 mil ale- 1,2 mil pessoas trabalham na frear, por exemplo, a liberação  Roteiros de feiras e eventos
consolida como o segundo prin- mães estiveram na região. rede, 5% com mais de 10 anos de empreendimentos entre 500 (Caxias do Sul, Bento Gonçalves,
cipal destino no Brasil, com 9 “Os parques têm um papel de casa. e mil apartamentos, há risco de Gramado, Taquara)
milhões de visitantes por ano – importante no aumento do pe- “Valorizar essa ‘prata da empobrecer a cadeia”, aponta o
100 vezes mais do que os 90 mil ríodo de permanência do turista. casa’ é fundamental para conso- presidente do Sindtur.
habitantes somados dos dois Sem dúvida, jogou a qualidade lidarmos justamente o jeito de Mesmo que a região das qualificada para ocupar.
municípios –, que movimentam para cima, mas criou o desafio fazer turismo da Serra Gaúcha. Hortênsias tenha 20% dos em- O crescimento da região
pelo menos R$ 1,5 bilhão ao ano. de conseguirmos aumentar a Por exemplo, o café da manhã pregos locais relacionados ao tu- como polo turístico extrapola
Em Gramado, o turismo respon- demanda na velocidade com que daqui é diferenciado. Quando rismo – 70% deles em Gramado aquele cenário de visitantes oca-
de por 86% da economia local, e a oferta tem crescido”, aponta o chegamos em outros lugares, –, que representam 8% de toda sionais. Gramado e Canela foram
em Canela, 73%. presidente do Sindtur, Cláudio mais voltados ao corporativo, a mão de obra no setor no Esta- os municípios com maior taxa de
Dados do Observatório do Souza. São pelo menos 270 ho- isso é visto como uma novidade do, há hoje, como alerta Souza, crescimento populacional entre
Turismo, da Secretaria Estadual téis, e uma oferta de 27 mil lei- que garante a fidelidade deste mil vagas de emprego abertas e 2010 e 2022, conforme o Censo,
do Turismo (Setur), apontam que tos em Gramado. Em Canela, de consumidor”, explica Dyundi. sem mão de obra suficiente ou alta de 24% neste período.

Eventos de negócios são oportunidades e desafios Hortênsias e Vale do Paranhana


Maior feira de inovação in- condições, ao avaliar a cidade a área da Fundação Parque de apostam nos roteiros de aventura
dustrial da América Latina, a que tem o segundo maior polo Eventos de Bento Gonçalves,
Mercopar, em Caxias do Sul, metalmecânico do Brasil. “O para que o local tenha um cen- A cascata do Parque do Ca- Na mesma região, a Urbia
teve recordes neste ano, com turismo de negócios impulsio- tro de convenções climatizado racol é imagem garantida nos Cânions Verdes, que assumiu
39,5 mil visitantes e R$ 563 mi- na a economia local.” e moderno para 4 mil pessoas. cartões postais de Canela. A em 2021 a gestão dos parques
lhões em negócios. Com eventos como a Festa O Observatório do Turismo cada ano, o parque, que com- nacionais dos Aparados da Ser-
A preocupação em valorizar da Uva e a Mercopar consolida- mapeou, em 2022, 55 centros pleta 50 anos em 2023, recebe ra e da Serra Geral, com a prin-
ainda mais os eventos, permi- dos no calendário, Caxias do de convenções no Estado em 350 mil visitantes. O desafio é cipal entrada por Cambará do
tindo que cresçam, ao mesmo Sul conta hoje com 3,2 mil lei- condições para receber even- tornar cada vez mais este roteiro Sul, recebeu investimentos que
tempo que se mantenham sen- tos na rede hoteleira, e o turis- tos de médio e grande porte. uma experiência relacionada ao chegaram a R$ 44 milhões en-
do realizados na Serra Gaúcha, mo de negócios movimenta em São oito na chamada região da turismo de aventura e contato tre 2022 e 2023. Sobre o cânion
foi uma das falas convergentes torno de 80% do setor. Uva e do Vinho, três na Região com a natureza do que à simples Fortaleza, por exemplo, agora o
entre painelistas que participa- A referência de como apro- das Hortênsias e dois no Vale contemplação da queda d’água turista consegue vivenciar um
ram de debate do Mapa Eco- veitar melhor essa oportunida- do Paranhana. de 131 metros. Neste ano, o Par- balanço infinito diante de um
nômico do RS, realizado pelo de vem de Bento Gonçalves. De acordo com Michelon, que do Caracol, assim como o paredão de 800 metros. No pri-
Jornal do Comércio no dia 24 de Com eventos como Expobento, trata-se de mais uma etapa de Parque Estadual Tainhas, entre meiro ano da concessão, porém,
outubro, em Caxias do Sul. Movelsul, Fiemma e Fimma, evolução no movimento lidera- os municípios de Jaquirana, São o número de turistas caiu de 200
Potencializar o turismo re- Bento Gonçalves agrega ainda do por ele no começo dos anos Francisco de Paula e Cambará mil para 100 mil. A perspectiva,
lacionado aos negócios, feiras o potencial dos vinhedos aos 1980, quando retomou o poten- do Sul, na Região das Hortên- após a concretização das melho-
e eventos é o mais novo nicho seus roteiros. Em 2022, o mu- cial turístico da Serra. Na épo- sias e com acesso restrito aos rias estruturais, é chegar a 600
que ganha corpo na Serra. Con- nicípio recebeu o recorde de 1,7 ca, havia apenas três hotéis, pesquisadores, passou a ser mil visitantes por ano.
forme o Observatório do Turis- milhão de visitantes. oito vinícolas e 30 restaurantes gerido pelo Consórcio Novo Ca- Descendo a Serra, o turista
mo estadual, 74% dos visitan- De acordo com Tarcísio Mi- em Bento Gonçalves, com ape- racol Tainhas. Até 2028, estão tem no Vale do Paranhana ativi-
tes de eventos no Rio Grande chelon, proprietário dos Hotéis nas cinco eventos no ano. “Foi previstos R$ 7 milhões em inves- dades como a tirolesa, stand up,
do Sul relatam a vontade de es- Dall’Onder, somente entre os uma transformação cultural timentos para melhorias. A prio- arvorismo, rapel e o rafting nas
tender sua estadia para conhe- três hotéis de Bento Gonçal- que construímos. Hoje, são 40 ridade, de acordo com o gerente corredeiras do Rio Paranhana,
cer o local e as suas atrações. ves e um em Garibaldi, a rede atrações com uma cadeia for- do Parque do Caracol, Rafael tendo Três Coroas como base.
O desafio, como indica a execu- já tem o turismo de negócios mada por 52 hotéis, 80 viníco- Silveira, é revitalizar e inovar em Criada em 1993, a empresa Raft
tiva da Embratur, Vanize Schu- e eventos como 40% das suas las qualificadas e reconhecidas mirantes, trilhas e experiências Adventure, focada no setor, con-
ler, é garantir que os eventos receitas. Michelon é um dos lí- internacionalmente e 330 res- que aumentem a imersão do vi- tabiliza aproximadamente 200
estejam aqui com as melhores deres do projeto de qualificar taurantes”, valoriza. sitante naquele ambiente. mil clientes atendidos.
Caderno Especial do Jornal do Comércio
Porto Alegre, Terça-feira, 31 de outubro de 2023 23

CSG/DIVULGAÇÃO/JC
Infraestrutura

Serra demanda
novo aeroporto,
porto no Litoral e
melhores rodovias
Logística é apontada Juntamente com o aeropor-
como gargalo ao to, o projeto prevê construções
de nova ponte para ligar Caxias
desenvolvimento; do Sul a Gramado, uma nova rota
concessão deve melhorar a São Marcos e um novo acesso
condições de estradas à zona urbana de Caxias.
Entidades empresariais da
Se no começo da década de região também participam das
1950 a força produtiva da Serra discussões para um novo porto
fez a diferença no País ao apro- no Litoral Norte, em Arroio do
veitar a oportunidade que se Sal, que encurtará o caminho em Concessão de estradas da Serra deve duplicar caminho até a Capital, mas serviços ainda são pontuais
apresentava, com as melhorias relação a Rio Grande ou Santa SEPLAN/DIVULGAÇÃO/JC
de infraestrutura em estradas no Catarina para as exportações.
Rio Grande do Sul, agora, a mo- Entre os novos modais, a
bilização é para garantir a quem comunidade de Vacaria tem par-
produz na região um diferencial ticipação importante para viabili-
logístico pelo ar, com o projeto zar a construção de um terminal
do aeroporto de Vila Oliva. rodoferroviário no município, a
“Caxias do Sul é muito boa partir de um dos ramais do sis-
dos seus limites para dentro, tema de trens que passa pela
mas quando dependemos da região.
logística, há um grave gargalo. O projeto é apontado como
O custo logístico para quem pro- aliado não apenas para escoar a
duz aqui chega a ser 15% maior. produção, mas como ponto cha-
Termos um aeroporto para car- ve para reduzir custos no trans-
gas será uma mudança para a porte de insumos para a indús-
cidade e região”, diz o secretário tria e o agro da Serra e do Norte.
de Desenvolvimento Econômico Do ponto de vista rodoviário,
de Caxias do Sul, Élvio Gianni. a principal medida adotada, e já
A expectativa é elaborar o em execução, para reduzir per-
edital para o início das obras, das logísticas é a concessão do Maquete eletrônica mostra como será futuro aeroporto em Caxias do Sul, com transporte de cargas
com investimentos previstos de polo rodoviário da Serra e Vale
até R$ 200 milhões, no final des- do Caí. Conforme a Concessio- da ERS-122 ao redor de Caxias
te ano. A partir do momento em nária Caminhos da Serra Gaúcha do Sul e outros 18 quilômetros As soluções logísticas para a região
que a contratação for feita, serão (CSG), no primeiro ano de con- da RSC-453, entre Farroupilha e
 Aeroporto de Vila Oliva, em 30 anos, 119,4 quilômetros de
três anos de empreitada. cessão são previstos R$ 250 mi- Bento Gonçalves. As duas obras
Caxias já tem um dos princi- lhões. No entanto, obras estrutu- de duplicação, com investimento Caxias do Sul, representará a estradas duplicadas na região,
alternativa para o transporte de entre as ERSs 122, 240 e 446,
pais aeroportos regionais gaú- rais só iniciam em 2024. Em 30 previsto de R$ 600 milhões, de-
cargas aéreo. a RSC-453 e um trecho da
chos. Em 2022, foram 221,4 mil anos, o contrato prevê 119,4 qui- vem ser finalizadas já em 2025.  Terminal Rodoferroviário, BR-470.
passageiros, alta de 131,2% em lômetros de rodovias duplicadas “Neste primeiro ano, já es- em Vacaria, representará uma  Finalização da Estrada
relação ao ano anterior. No en- e outros 55,7 quilômetros para tamos transformando as condi- alternativa para o recebimento Bioceânica, com recursos
tanto, o atual aeroporto não per- receberem uma terceira faixa. ções de rodagem em todas as ro- de suprimentos à produção previsto pelo novo PAC, ligando,
mite o transporte de cargas. De acordo com o diretor dovias concedidas, e certamente industrial da Serra, vindos de pela BR-285, São José dos
O município já fez as desa- executivo da CSG, Paulo Negrei- já fará diferença no transporte”, outras regiões do Brasil. Ausentes a Araranguá (SC).
propriações de 445,5 hectares ros, os dois primeiros trechos aponta Negreiros.  Concessão de rodovias da  Construção de um novo
para o novo aeroporto, e aguar- crônicos a receberem as obras Além da RS-122 e da RSC- Serra e Vale do Caí, assumida porto no Litoral Norte gaúcho,
da análise do projeto pelas auto- mais significativas serão os 453, a concessão inclui as ERSs neste ano pelo CSG, prevê, em em Arroio do Sal.
ridades aeroviárias. pouco mais de 10 quilômetros 240 e 446 e trecho da BR-470.

Conexão entre São José dos Ausentes e Araranguá (SC) está prevista no PAC
Não faz parte da concessão próximos do poder público. de Cima da Serra. construção de uma ponte de maçã enviam o produto refri-
de rodovias para a Concessio- No entanto, a primeira fase Está orçada em mais de 400 metros sobre o Rio das An- gerado por 600 quilômetros de
nária Caminhos da Serra Gaú- do novo Programa de Acele- R$ 70 milhões a finalização da tas. A rodovia terá pista simples rodovia até o Porto de Rio Gran-
cha (CSG) a antiga demanda ração do Crescimento (PAC) pavimentação de pouco mais e vai conectar a região, e tam- de ou para o Porto de Itajaí,
pela duplicação da BR-116 en- incluiu uma obra que promete de 8 quilômetros da BR-285, bém o Norte e Noroeste gaú- também a 600 quilômetros de
tre Caxias do Sul e Vacaria. A acabar com uma “rua sem saí- a Estrada Bioceânica, em São cho, à BR-101, em Araranguá, Vacaria. Com a concretização
estrada tampouco está na lista da” especialmente para os pro- José dos Ausentes, na divisa no lado catarinense. dessa obra, o porto de Imbituba
de pacotes de investimentos dutores de maçãs dos Campos com Santa Catarina, além da Hoje, os produtores de torna-se uma alternativa.
24 Terça-feira, 31 de outubro de 2023 Jornal do Comércio

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