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no mundo
A centelha que daria origem ao primeiro grupo de A.A. foi acesa em Akron, Ohio, em junho de 1935,
durante uma conversa entre um corretor da Bolsa de Valores de New York e um médico de Akron. Seis
meses antes, o corretor havia sido libertado de sua obsessão pela bebida por uma repentina experiência
espiritual, após um encontro com um amigo alcoólico que havia estado em con-tato com os Grupos Oxford
daquela época. Ele havia, também, recebido muita ajuda do falecido Dr. William D. Silkworth, médico de
New York e especialista em alcoolismo, hoje considerado um santo médico pelos membros de A.A. e cuja
história a respeito dos primeiros dias de nossa Sociedade estão em nossos livros. Com este médico, o
corretor aprendeu sobre a gravidade do alcoolismo.
Embora não conseguisse aceitar todos os dogmas dos Grupos Oxford, ele se convenceu da necessidade
de um inventário moral, da confissão dos defeitos de personalidade, da reparação junto aos que havia
prejudicado, da ajuda ao próximo e da necessidade de acreditar e confiar em Deus.
Antes de sua viagem a Akron, o corretor havia trabalhado muito junto a vários alcoólicos, baseado na
teoria de que somente um alcoólico poderia ajudar outro alcoólico, mas o único a quem conseguira manter
sóbrio havia sido ele próprio. O corretor fora a Akron tratar de negócios que não.deram certo, o que o
deixou com muito medo de começar a beber novamente. De repente, percebeu que, para se salvar,
precisava levar sua mensagem a outro alcoólico. Esse outro alcoólico foi o médico de Akron.
O médico, várias vezes, havia tentado resolver seu problema alcoólico através de recursos espirituais,
mas não obteve sucesso. Porém, quando o corretor lhe transmitiu a descrição do Dr. Silkworth a respeito
do alcoolismo e seu caráter incurável, o medico começou a buscar o remédio espiritual para sua doença
com uma determinação da qual nunca antes fora capaz. Parou de beber e permaneceu sóbrio até o
momento de sua morte em 1950. Isto pareceu provar que um alcoólico podia exercer sobre outro alcoólico
um efeito impossível de ser conseguido por qualquer não alcoólico. Demonstrou também que um trabalho
persistente, de um alcoólico com outro, era vital para a recuperação permanente.
Por isto, os dois homens começaram, quase freneticamente, a tentar persuadir os alcoólicos que
chegavam à enfermaria do Akron City Hospital. Seu primeiro caso, desesperador, recuperou-se
imediatamente e tornou-se o terceiro membro de AA. Nunca mais bebeu. Este trabalho em Akron
prosseguiu durante todo o verão de 1935. Houve muitos fracassos, mas, de vez em quando, havia um
sucesso encorajador. Quando, no outono de 1935, o corretor voltou para New York, o primeiro grupo de
A.A. havia sido formado, embora, na época, ninguém se desse conta disso.
Um segundo grupo logo se formou em New York e seu exemplo foi seguido em 1937, com o início de um
terceiro, em Cleveland. Além destes, havia alcoólicos solitários que tomaram conhecimento das idéias
básicas em Akron ou New York e tentavam formar grupos em outras cidades. No final de 1937, o número
de membros com um tempo razoável de sobriedade era suficiente para convencê-los de que uma nova luz
havia penetrado no mundo sombrio do alcoólico.
Era então o momento, acreditaram os esforçados grupos, para levar ao mundo sua mensagem e sua
inigualável experiência. Esta determinação deu frutos na primavera de 1939, com a publicação deste
volume. Os membros somavam então cerca de 100 homens e mulheres. A nova sociedade, ainda sem
nome, começou então a ser chamada Alcoólicos Anônimos, a partir do título de seu próprio livro. O
período de vôo cego terminou e A.A. entrou numa nova fase de sua época pioneira.
Com o aparecimento do novo livro, muita coisa começou a acontecer. O Dr. Harry Emerson Fosdick, o
famoso clérigo, aprovou-o em sua crítica. No outono de 1939, Fulton Oursler, na ocasião editor da Liberty,
publicou em sua revista um artigo intitulado "Os Alcoólicos e Deus". Isto gerou um afluxo de 800 frenéticas
consultas ao pequeno escritório de New York, instalado naquele meio tempo. Cada uma das consultas foi
criteriosamente atendida, panfletos e livros foram remetidos. Homens de negócios, "deslocando-se dos
grupos já existentes, apresentaram-se aos novos membros em potencial. Novos grupos foram criados e
descobriu-se, para surpresa geral, que a mensagem de A.A podia ser transmitida tanto pelo correio quanto
verbalmente. Em fins de 1939, calculava-se que 800 alcoólicos estavam a caminho da recuperação.
Na primavera de 1940, John D. Rockefeller Jr. ofereceu um jantar a vários amigos, para o qual convidou
membros de A.A., a fim de que estes contassem suas histórias. Notícias a respeito chegaram ao
conhecimento do grande público. Novamente choveram consultas e muita gente foi às livrarias comprar o
livro "Alcoólicos Anônimos".
Em março de 1941, o número de membros de AA. havia chegado a 2.000. Então, Jack Alexander
escreveu um importante artigo no Saturday Evening Post retratou A.A de forma tão convincente para o
público que os alcoólicos em busca de ajuda realmente caíram sobre nós como uma avalanche. No final
de 1941, A.A contava com 8.000 membros. O processo de crescimento acelerado estava a todo vapor.
A.A. se havia transformado em instituição nacional.
Nossa Sociedade entrou então num tímido e emocionante período de adolescência. O teste enfrentado foi
o seguinte: Poderiam aqueles inúmeros alcoólicos até então errantes se reunir e trabalhar juntos com
sucesso? Haveria discussões a respeito de membros, liderança e dinheiro? Haveria disputas de poder e
prestígio? Haveria dissidências que destruiriam a unidade de AA.? Em pouco tempo, A.A. viu-se cercada
por estes problemas, por todos os lados e em todos os grupos. Mas, a partir desta alarmante e a princípio
dilacerante experiência, nasceu a convicção de que os membros de AA precisavam permanecer unidos ou
morreriam separados. Precisávamos unificar nossa Irmandade ou sair de cena.
Assim como havíamos descoberto os princípios através dos quais um alcoólico conseguia se manter vivo,
precisávamos desenvolver princípios segundo os quais os grupos de AA e A.A.como um todo conseguisse
sobreviver e funcionar de forma eficaz. Acreditava-se que nenhum alcoólico, homem ou mulher, poderia
ser excluído de nossa Sociedade; que nossos líderes deveriam servir, jamais governar; que cada grupo
deveria ser autônomo e que não seria exercida qualquer terapia profissional.
Não haveria taxas ou mensalidades; nossas despesas deveriam ser cobertas por nossas próprias
contribuições voluntárias. Nossa organização deveria se restringir ao mínimo, até mesmo em nossos
centros de serviço. Nossas rela-ções públicas deveriam basear-se em atração, não em promoção. Foi
decidido que todos os membros deveriam ser anônimos a nível de imprensa escrita, rádio, televisão e
cinema. E sob circunstância alguma deveríamos dar endosso, fazer alianças ou entrar em controvérsias
públicas.
Esta era a essência das Doze Tradições de A.A. cujo texto integral encontra-se no livro “Os Doze Passos
e as Doze Tradições”.
Embora nenhum desses princípios tivesse a força de regras ou leis, já haviam sido, em 1950, tão
amplamente aceitos, que foram confirmados por ocasião de nossa primeira Conferência Internacional,
realizada em Cleveland. A extraordinária unidade de A.A. é, hoje, um dos maiores trunfos de nossa
Sociedade.
Enquanto as dificuldades internas de nossa fase adolescente iam sendo eliminadas, a aceitação pública
de AA. crescia a passos largos. Havia duas razões principais para que isto ocorresse: o grande número de
recuperações e os lares refeitos. O efeito causado por estes se fazia sentir em toda parte. Dos alcoólicos
que chegavam a A.A. e realmente se esforçavam, 50% ficavam imediatamente sóbrios e assim
permaneciam, 25% chegavam à sobriedade após algumas recaídas e, dos restantes, aqueles que
continuavam em A.A. apresentavam melhoras. Milhares de outros freqüentavam umas poucas reuniões de
A.A. e, a princípio, decidiam não precisar do programa. Mas um grande número destes - cerca de dois
terços - começou a voltar com o passar do tempo.
Outra razão para a ampla aceitação de A.A. foi a dedicação de amigos ligados à medicina, à religião e à
imprensa que, ao lado de inúmeros outros, se tornaram nossos hábeis e persistentes advogados. Sem
este apoio, teria sido impossível que A.A. progredisse tão depressa.
Alcoólicos Anônimos não é uma organização religiosa. Nem apóia qualquer ponto de vista médico em
especial, embora cooperemos amplamente com os médicos, assim como com os religiosos.
Não fazendo o álcool qualquer distinção de cor ou classe, somos uma perfeita amostra do povo e, em
terras distantes, o mesmo processo democrático imparcial se está desenvolvendo. Em matéria de
afiliações religiosas pessoais, incluímos católicos, protestantes, judeus, hindus, muçulmanos e budistas.
Mais de 15% de nossos membros são mulheres.
Atualmente, o número de membros de A.A. cresce na proporção de cerca de vinte por cento ao ano. Por
enquanto, diante do problema total de vários milhões de alcoólicos de fato ou em potencial em todo o
mundo, conseguimos ainda muito pouco. É bastante provável que jamais sejamos capazes de atingir mais
do que uma razoável fração do problema do alcoolismo em todas as suas ramificações. No que se refere à
terapia para o alcoólico, certamente não temos o monopólio.
Nossa maior esperança, porém, é que todos aqueles que até agora não tenham encontrado respostas,
possam começar a encontrar alguma em um dos nossos grupos, ou em nossa literatura e venham, em
breve, juntar-se a nós na estrada de acesso a uma nova liberdade.
Corria o ano de 1945, um membro viajante norte americano, de nome Bob Valentine, amigo de Bill W, de passagem
pelo Rio de Janeiro, então capital nacional, conhece uma pessoa também americana (não está totalmente definido
se era homem ou mulher), com o nome de Lynn Goodale. Após conversar com Bob Valentine, Lynn encontra a
sobriedade. A Fundação do Alcoólico era a responsável direta pela correspondência de Alcoólicos Anônimos com a
sociedade e o elo entre a correspondência de seus membros. Portanto, Bob Valentine, de volta aos EUA, em visita à
Fundação, passa-lhe o endereço de Lynn, como possível contato no Brasil.
Prontamente, a secretária da Fundação do Alcoólico escreve-lhe uma carta na qual solicita a confirmação do contato
brasileiro, dizendo-se feliz por poder assinalar um ponto na cidade do Rio de Janeiro em seu mapa de contatos no
exterior. Ao receber essa correspondência, Lynn responde afirmativamente sobre incluir-se como contato de A.A. no
Rio de Janeiro e informa que sua estada no Brasil seria por pouco tempo. Solicita também algum material
(memorandos, boletins etc.) e diz:
“Há quatro meses evito o primeiro gole; fazendo algo, creio que manterei minha sobriedade (...) gostaria de ter
alguma participação no crescimento de Alcoólicos Anônimos aqui no Brasil."
A carta de agosto de 1945, assinada por Margareth Burger, então secretária da Fundação do Alcoólico, não altera
muito os acontecimentos mas marca o final da correspondência e Lynn Goodale sai de cena. No ano seguinte, a
Fundação do Alcoólico recebe a seguinte correspondência, vinda do Brasil:
Prezado Secretário:
Há coisa de um mês o remetente desta esteve em seu escritório e, ante-cipadamente prevendo sua mudança aqui
para o Rio de Janeiro, solicitou algum contato com um membro de A.A. Fui gentilmente informado do nome de Lynn
Goodale - Av. Almirante Barroso nº 91, como tal, lamento informar que devido ao meu precário português, ou pelo
endereço incompleto, fui incapaz de localizar essa pessoa e o auxílio das listas telefônicas locais também foi
insuficiente.
Você teria a paciência suficiente (considerando que o correio aéreo regular consome 29 valiosos dias na ligação Nova
Iorque/Rio de Janeiro) de fornecer-me instruções suficiente para contatar essa pessoa ou qualquer outro membro
de A.A. no Rio?
Quem somos
Nós de A.A. somos homens e mulheres que descobrimos e admitimos ser incapazes de controlar o álcool.
Aprendemos que precisamos viver sem ele, a fim de evitar a ruína para nós mesmos e para os que nos são caros.
Com grupos locais em milhares de comunidades, participamos informalmente de uma irmandade internacional, com
membros em mais de 181 países. Nosso único e fundamental propósito é mantermo-nos sóbrios e atender àqueles
que procuram nosso auxílio, ajudando-os a alcançarem a sobriedade.
Não somos reformadores nem estamos ligados a qualquer grupo, causa ou filiação religiosa. Não temos desejo
algum de tornar o mundo abstêmio.
Não recrutamos membros. Evitamos impor nossos pontos de vista e só nos pronunciamos sobre eles quando
solicitados.
Em nossa Irmandade encontram-se homens e mulheres de idades e níveis sociais, econômicos e culturais os mais
variados. Muitos dentre nós beberam por anos a fio antes de compreenderem que o álcool era, para eles,
incontrolável.
Outros tiveram a sorte de chegar a essa conclusão logo que começaram a beber exageradamente.
Variam as consequências de nossa maneira alcoólica de beber. Alguns de nós estávamos praticamente perdidos
antes de buscar a ajuda de A.A.
Não tínhamos mais família, bens ou respeito próprio. Tínhamos vivido na sarjeta de muitas cidades. Havíamos sido
hospitalizados e presos vezes sem conta.
Havíamos cometido muitas ofensas graves contra a sociedade, contra nossas famílias, contra nossos patrões e contra
nós mesmos.
Outros de nosso meio nunca foram presos ou internados. Nem perderam empregos ou famílias por causa do beber.
Porém, finalmente chegamos ao ponto onde descobrimos que o álcool estava interferindo em nossa vida normal.
Quando descobrimos que não poderíamos viver sem o álcool, também procuraram ajuda no A.A.
Todas as grandes religiões estão representadas em nossa Irmandade e muitos líderes religiosos têm estimulado
nosso crescimento. Contamos com ateus e agnósticos entre nós.
A fé ou a filiação a qualquer credo não constitui condição para ser membro de A.A.
Une-nos um problema comum: o álcool.
Reunindo-nos; trocando ideias ou ajudando, juntos, outros alcoólicos, podemos de algum modo, permanecer sóbrios
e eliminar a compulsão para a bebida, o que outrora fora uma força dominante em nossas vidas.
Não temos a pretensão de sermos os únicos possuidores da resposta para o problema do alcoolismo. Sabemos que o
programa de A.A. funciona para nós, e temos visto funcionar, quase sem exceção, para cada novo membro que
desejava, sincera e honestamente, deixar de beber.
Através do A.A. aprendemos muito sobre o alcoolismo e sobre nós mesmos. Tentamos manter esse aprendizado
bem claro em nós o tempo todo, porque nos parece ser a chave de nossa sobriedade. Para nós, é fundamental que a
sobriedade seja sempre a primeira preocupação.
A doença do alcoolismo
Hoje estamos prontos para aceitar que o alcoolismo, ao menos pelo que nos tange, é uma doença – uma doença
progressiva, que jamais pode ser "curada" mas que, como outras enfermidades, pode ser estacionada . Concordamos
que não já nada de vergonhoso em se estar doente, desde que encaremos o problema com honestidade, e
procuremos solucioná-lo.
Estamos perfeitamente prontos para admitir que somos alérgicos ao álcool e consideramos simples bom-senso
manter distância daquilo que nos causa a alergia.
Compreendemos agora que, uma vez que uma pessoa cruze a invisível fronteira entre um forte hábito de beber e o
alcoolismo compulsivo, será sempre um alcoólico. Pelo que sabemos, nunca mais poderá voltar ao hábito social
"normal" de beber.
"Uma vez alcoólico, sempre alcoólico", é um simples fato com que temos de conviver.
Aprendemos também que há poucas alternativas para os alcoólicos. Se continuam a beber, seus problemas se
tornarão progressivamente mais graves; estarão certamente no caminho da sarjeta, dos hospitais, das prisões ou
outras instituições, ou rumo a uma morte prematura.
A única alternativa é parar de beber completamente, abster-se até da mais insignificante quantidade de álcool sob
qualquer forma. Se estão dispostos a seguir este curso e beneficiarem-se da ajuda disponível, uma vida inteiramente
nova pode abrir-se para os alcoólicos.
Na época em que bebíamos, por vezes nos convencíamos de que, para controlar nosso beber, bastaria parar após o
segundo copo, ou o quinto, ou qualquer número. Apenas gradualmente pudemos compreender que não era nem o
quinto, nem o décimo, nem o vigésimo gole que nos embriagava; era o primeiro! Era o primeiro que provocava o
desastre.
Era o primeiro que nos iniciava num turbilhão. Era o primeiro que estabelecia uma cadeia de pensamentos alcoólicos
que nos levava às bebedeiras descontroladas.
Em A.A. existe uma expressão que diz: "Para um alcoólico, um gole é muito e mil não são suficientes".
Outra coisa que muitos de nós aprendemos durante a época em que bebíamos foi que a sobriedade forçada
geralmente não era uma experiência muito agradável. Alguns de nós conseguimos permanecer sóbrios
ocasionalmente durante dias, semanas e até anos.
Mas não desfrutamos esta sobriedade. Sentimo-nos mártires. Tornamo-nos irascíveis. Era difícil conviver e trabalhar
conosco. Persistimos em olhar para o futuro, para o dia em que poderíamos beber de novo.
Agora que estamos no A.A., temos uma nova concepção da sobriedade. Desfrutamos uma sensação de livramento,
um sentimento de liberdade até mesmo com relação ao desejo de beber.
Já que não podemos esperar beber normalmente em tempo algum do futuro, concentramo-nos em viver hoje uma
vida completa, sem álcool.
Quanto ao ontem, nada podemos fazer. E o amanhã nunca chega. Hoje é o único dia com que temos de preocupar-
nos.
E sabemos, por experiência própria, que mesmo os "piores" beberrões podem passar 24 horas sem um trago. Alguns
preferem adiar a próxima bebida por uma hora ou mesmo por um minuto – mas eles aprendem que é possível adiar
o primeiro gole.
A primeira vez que ouvimos falar do A.A., pareceu-nos miraculoso alguém que realmente tivesse sido bêbado
inveterado alcançar e manter o tipo de sobriedade de que outros membros mais antigos de A.A. falavam.
Alguns dentre nós achávamos que nossa maneira de beber era especial, que nossas experiências eram diferentes,
que o A.A., embora pudesse dar bons resultados para outros, não serviria para nós.
Outros de nós, que não tínhamos sido seriamente marcados pela bebida, achávamos que o A.A. podia ser ótimo para
os bêbados vagabundos, mas que nós provavelmente poderíamos resolver o problema sozinhos.
Nossa experiência no A.A. ensinou-nos duas coisas importantes.
Primeira: os problemas básicos que os alcoólicos enfrentam são os mesmos, tanto para os que esmolam para beber
uma pinga quanto para os que exercem elevadas funções em grandes empresas.
Segunda: agora compreendemos que o programa de A.A. de recuperação funciona para quase todo alcoólico, se este
honestamente quer que funcione, não importa qual o seu nível social ou sua experiência com a bebida.
Permanecer sóbrios
De qualquer modo, então, conseguimos nos manter sóbrios numa irmandade tão informal?
A resposta é que, uma vez adquirida sobriedade, tentamos preservá-la, observando e imitando a experiência feliz
daqueles que nos precederam no A.A.
Tal experiência provê certas "ferramentas" e guias que podemos aceitar ou rejeitar a nosso livre critério. Porque
nossa sobriedade é o que há de mais importante para nós atualmente, achamos muito sensato seguir os passos
sugeridos por aqueles que já demonstraram a eficácia do programa de recuperação do A.A.
Por ser A.A. essencialmente um modo de vida, poucos dentre nós conseguimos descrever com precisão a maneira
como os vários elementos do programa de recuperação contribuem para nossa atual sobriedade.
Não interpretamos nem vivemos o programa de A.A. exatamente da mesma forma. Podemos todos testemunhar,
porém, que o A.A. funciona para nós enquanto muitas outras tentativas falharam. Muitos membros que têm se
mantido sóbrios durante anos dizem que simplesmente aceitaram o programa "com fé", e ainda hoje não entendem
bem como o A.A. os ajuda. Entretanto, continuam tentando transmitir sua fé aos que muito bem entendem a
maneira desastrosa com que o álcool age contra o alcoólico.
Os Doze Passos de A.A. consistem em um grupo de princípios, espirituais em sua natureza que,
se praticados como um modo de vida, podem expulsar a obsessão pela bebida e permitir que o
sofredor se torne íntegro, feliz e útil. Não são teorias abstratas; são baseadas na experiência dos
êxitos e fracassos dos primeiros membros de A.A.
1. Admitimos que éramos impotentes perante o álcool - que tínhamos perdido o domínio sobre
nossas vidas.
2. Viemos a acreditar que um Poder superior a nós mesmos poderia devolver-nos à sanidade.
3. Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, na forma em que O
concebíamos.
5. Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano, a natureza exata
de nossas falhas.
6. Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de caráter.
8. Fizemos uma relação de todas as pessoas que tínhamos prejudicado e nos dispusemos a
reparar os danos a elas causados.
9. Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, salvo
quando fazê-las significasse prejudicá-las ou a outrem.
10. Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o admitíamos
prontamente.
11. Procuramos através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente com Deus,
na forma em que o concebíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a
nós e forças para realizar essa vontade.
12. Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a estes passos, procuramos transmitir
esta mensagem aos alcoólicos e praticar estes princípios em todas as nossas atividades.
As Doze Tradições
As Doze Tradições de A.A. dizem respeito à vida da própria Irmandade. Delineiam os meios pelos quais
A.A. mantém sua unidade e se relaciona com o mundo exterior, sua forma de viver e desenvolver-se.
PRIMEIRA TRADIÇÃO
“Nosso bem estar comum deve estar em primeiro lugar; a reabilitação individual depende da unidade de
A.A.”
SEGUNDA TRADIÇÃO
“Somente uma autoridade preside, em última análise, ao nosso propósito comum – um Deus amantíssimo
que Se manifesta em nossa consciência coletiva. Nossos líderes são apenas servidores de confiança; não
têm poderes para governar.”
TERCEIRA TRADIÇÃO
“Para ser um membro de A.A., o único requisito é o desejo de parar de beber.”
QUARTA TRADIÇÃO
“Cada grupo deve ser autônomo, salvo em assunto que digam respeito a outros grupos ou a A.A. em seu
conjunto.”
QUINTA TRADIÇÃO
“Cada grupo é animado de um único propósito primordial – o de transmitir sua mensagem ao alcoólico que
ainda sofre.”
SEXTA TRADIÇÃO
“Nenhum grupo de A.A. deverá jamais sancionar, financiar ou emprestar o nome de A.A. a qualquer
sociedade parecida ou empreendimento alheio à Irmandade, a fim de que problemas de dinheiro,
propriedade e prestígio não nos afastem do nosso objetivo primordial.”
SÉTIMA TRADIÇÃO
“Todos os grupos de A.A. deverão ser absolutamente autossuficientes, rejeitando quaisquer doações de
fora"
OITAVA TRADIÇÃO
“Alcoólicos Anônimos deverá manter-se sempre não profissional, embora nossos centros de serviços
possam contratar funcionários especializados.”
NONA TRADIÇÃO
“A.A. jamais deverá organizar-se como tal; podemos, porém, criar juntas ou comitês de serviço
diretamente responsáveis perante aqueles a quem prestam serviços.”
DÉCIMA TRADIÇÃO
“Alcoólicos Anônimos não opina sobre questões alheias à Irmandade; portanto, o nome de A.A. jamais
deverá aparecer em controvérsias públicas.”
ENTRANDO EM AÇÃO
Por que o alcoolismo é uma doença incurável se muito de nós já foi liberto da obsessão pelo
álcool?
Hoje posso compreender o significado da palavra INCURÁVEL e defini-la no caso do alcoolismo e
o que ela representa para a minha maneira de viver. Hoje tenho convicção de que, embora já não
sinta mais vontade de beber, entendo que os motivos que me levavam a beber destrutivamente
eram causados pelos meus instintos desenfreados (Bill – Quarto Passo), por isso, necessito estar
permanentemente buscando o equilíbrio necessário para o controle das minhas emoções. Sei
que não conseguiria levar uma vida satisfatória em desequilíbrio.
Emoções demais podem me levar à euforia e de menos à frustração e ambas são nocivas ao
processo de recuperação do alcoólico.
No Capitulo Dois, do Livro Azul, Bill descreve: “Portanto, o problema principal do alcoólico está
mais em sua mente do que em seu corpo.” Logo, percebo que sou portador de uma doença física
e mental e que após controlar a ação de beber evitando o primeiro gole, tenho que partir para um
trabalho aprofundado em minha mente e para que isso aconteça, devo entrar em ação.
Como exemplo um médico que descobre que seu paciente sofre de diabetes. A primeira medida a
ser tomada é de que deverá evitar o açúcar, mas será que somente evitando o açúcar poderá o
doente resolver esse problema e levar uma vida normal? Logicamente que não, pois a diabetes
necessita do constante controle da taxa de glicemia, posto que, tanto o excesso (hiperglicemia)
quanto a falta de açúcar (hipoglicemia) no organismo, comprometem seriamente a saúde, ou
seja, são fatores de desequilíbrio no organismo.
Outro exemplo, a febre: Não é uma doença, mas representa um sintoma dela, indicando que algo
não está bem em nosso organismo causando esse processo febril. Logo, Será preciso investigar
a origem desse processo, caso contrário, pouco adiantará tomar medicamentos antitérmicos se o
mal não for combatido em sua origem. Se assim não for feito, provavelmente a febre voltará.
Portanto, sobriedade não é tão somente um ato de não beber, é preciso muito mais! Desse modo,
embora o álcool represente tanta preocupação, devo submeter-me ao programa de Doze Passos
de A. A. para alcançar o equilíbrio de minhas emoções, uma vez que os meus defeitos de caráter
foram causadores direto de minha maneira de beber destrutiva. Sei também, que alguns defeitos
poderão ser arrancados de mim e outros até comprometedores permanecerão comigo, não
restando alternativas se não trabalhar para mantê-los em equilíbrio, caso contrário, através do
descontrole emocional minha sobriedade estará seriamente ameaçada.
Então, não me resta alternativa, está em minhas mãos: “DEVO ENTRAR EM AÇÃO” procurar
através dos Doze Passos de A. A. trabalhar nessa direção.
No Primeiro Passo sugeriram que usasse de honestidade e boa vontade e admitisse ser
impotente ao álcool. Confesso ter relutado bastante, mas disseram que para tomar essa decisão
deveria ser cem por cento, não deveria haver uma centelha de dúvidas, senão, pouco ou nada
adiantaria e eu acabaria voltando ao copo, o que seria devastador para a minha vida. Então,
admiti que era impotente ao álcool e que havia perdido o domínio de minha vida através dele.
No Segundo Passo me mostraram que ainda havia esperança, ou seja, havia uma luz no final do
túnel e sugeriram que eu acreditasse que um Poder Superior a mim (Deus como eu concebo)
poderia devolver-me a sanidade. Procurei associar-me a essa ideia já que tantos ali no grupo
haviam chegado tão longe de Deus e da fé e hoje falavam com doçura e emoção Seu Santo
Nome e O agradeciam pela transformação de suas vidas. Não tive dúvidas!
No Terceiro Passo sugeriram que eu tivesse fé e entregasse a minha vontade e a minha vida aos
cuidados de Deus, o que a principio parecia fácil falando, foi muito difícil na prática, pois a minha
parte nessa etapa embora parecesse pequena, requeria uma entrega com honestidade de
propósitos e também ação, porque Deus só faria por mim o que eu não poderia se tudo
começasse por mim, ou seja, Ele realizaria o milagre na minha vida se eu a colocasse em Suas
mãos e me dispusesse a aceitar as coisas que eu não poderia modificar. Só então, percebi que:
“Se não sou culpado pela minha doença, sou responsável pela minha recuperação.”
Através do Quarto Passo sugeriram que eu tivesse coragem e destemidamente fizesse meu
inventário moral para detectar e identificar todos os meus defeitos de caráter, imperfeições e
também as possíveis vítimas desses desajustes, ou seja, inventariar as minhas ações
desastradas cometidas através do álcool, reconhecendo onde errei e a quem eventualmente
ofendi ou prejudiquei.
No Quinto Passo verifiquei a necessidade de voltar a ser integro e para tanto, seria necessário
que me submetesse aos princípios de recuperação de A. A. – Os Doze Passos, que me sugerem
atuar em sentido contrario aos meus desejos naturais e assim, desinflar meu ego, que somente
admitindo perante DEUS, perante nós mesmos e perante outro ser humano, a natureza exata das
minhas falhas, eu poderia obter a sobriedade prolongada e a paz de espírito, ou seja, não poderia
viver sozinho com insistentes problemas e os defeitos de caráter que os causaram.
No Sexto Passo entendi ser necessário usar de boa vontade e que “este é o passo que separa o
adulto do adolescente”. Que DEUS me libertaria de minha obsessão pelo álcool e de todos os
outros problemas e defeitos, se me prontificasse a deixar que Ele removesse todos os meus
defeitos de caráter e DEUS passou a fazer isso.
Portanto, havendo alcançado uma completa libertação do alcoolismo, por que então, não deveria
chegar pelos mesmos meios, à perfeita libertação de qualquer outro problema ou defeito?
No Sétimo Passo diz que o principio fundamental de cada um dos Doze Passos é a humildade. E
ainda: “Foi somente através de repetidas humilhações que fomos forçados a aprender alguma
coisa a respeito de humildade. Só ao fim de uma longa estrada, marcada por sucessivas derrotas,
humilhação e esmagamento definitivo de nossa autossuficiência, que começamos a sentir
humildade como algo mais do que uma condição de desespero rastejante. Logo, com humildade,
roguei a Ele que me livrasse de minhas imperfeições.
Até aqui, trabalhei por mim, para me melhorar por dentro buscando a autodisciplina e a partir do
Oitavo Passo, entendi que deveria trabalhar para fora na direção das pessoas a quem prejudiquei
e que através de minhas constantes bebedeiras causei danos ou prejuízos. Ou seja, devo fazer
um levantamento das perdas e danos causados pela vida de bebedeiras e detectar possíveis
vítimas, relacionando-as para as devidas reparações e, se possível, perdoar aqueles que
ocasionalmente, tenham me causado prejuízos ou me ofendido, pois não posso me dar ao luxo
de guardar mágoas ou ressentimentos.
Dentro do Nono Passo encontro a maneira prática mencionada no Oitavo Passo, ou seja, o
principio do amor, parto da relação para ação, observando, porém, o cuidado de fazê-lo sempre
que possível e a exceção fica por conta das situações em que essa atitude possa prejudicá-las ou
a outrem.
Parto para o Décimo Passo e observei ser necessária perseverança e assim, identifiquei as três
maneiras distintas de fazer o meu inventario:
1 – O DIÁRIO = Análise sistemática através da qual aprendemos a identificar, admitir e corrigir as
nossas falhas diárias e isto constitui a essência da edificação de caráter e da vida reta.
2 – O RELÂMPAGO = Que é levantado quando ficamos por uma súbita razão, muito perturbados
emocionalmente.
3 – O DA LIMPEZA GERAL = Que é o levantamento periódico usado por muitos A. As a cada
semestre ou a cada ano, quando é feita a revisão do nosso progresso durante a ultima etapa.
Entrando, por fim, no Décimo Segundo Passo, reconheço ter sido necessário grande dose de
humildade para atingir um estágio necessário e poder servir de atração para o alcoólico que ainda
sofre e de entender o lema descrito neste Passo: “O prazer de viver é o tema e a ação sua
palavra chave.”
Chegou o momento oportuno de nos voltarmos para fora, em direção de nossos companheiros
alcoólicos ainda aflitos e praticar esses princípios em todas as nossas atividades. São princípios
de amor para servir ao próximo, que são descritos assim pelo Dr. Alberto Morales Tobon, médico
psiquiatra e ex-custódio não alcoólico: “É surpreendente como DEUS, em seus inescrutáveis
desígnios, escolheu para levar a cabo no mundo a obra redentora dos alcoólicos, principalmente
a um alcoólico em seu pior estágio de degradação.”.
1º PASSO
”Admitimos que éramos impotentes perante o álcool - que tínhamos perdido o
domínio sobre nossas vidas”.
Principio Espiritual : HONESTIDADE
Admitimos que éramos impotentes perante o álcool – que tínhamos perdido o domínio sobre
nossas vidas.
Quase ninguém se dispõe a admitir uma derrota total. É terrível admitir que o álcool tornou-se
uma obsessão que priva o alcoolista de toda sua auto-suficiência. O primeiro passo trata da
dificuldade que surge para admissão da derrota completa em relação ao uso do álcool. O
alcoolista, com o copo na mão, perde o controle quanto à ingestão de bebida alcoólica e quanto a
todas as conseqüências desta ingestão.
Para obter sucesso em manter-se abstinente, é preciso reconhecer esta impotência perante o
álcool. Caso contrario, a sobriedade será precária. Diz a literatura de A. A.: “O princípio de que
não encontraremos qualquer força duradoura sem que antes admitamos a derrota completa, é a
raiz principal da qual germinou e floresceu nossa sociedade toda” (Os Doze Passos, p. 14).
Muitos se revoltam por ter que admitir a derrota. Chegam no grupo de A. A. buscando apoio e
escutam que nenhuma força de vontade será suficiente para quebrar a obsessão pela bebida.
Inicialmente, apenas os casos mais desesperados conseguiam aceitar esta verdade.
Felizmente, isto mudou com o passar dos anos. Alcoolistas em um estágio menos grave
conseguiam reconhecer seu alcoolismo. Para que estas pessoas pudessem aceitar esta perda do
governo de sua vida, os alcoolistas que tinham atingido um grau mais sério de alcoolismo
puderam a elas mostrar que, em momento anterior à chegada do fundo do poço, a vida já havia
se tornado ingovernável. Percebeu-se que, caso o recém-chegado ainda permanecesse em
dúvida, levava consigo a idéia da natureza da enfermidade, e, muitas vezes, voltava ao grupo
antes de precisar chegar a dificuldades extremas.
Observa-se que poucas pessoas conseguem praticar com sinceridade o programa de A.A. sem
chegarem afundar completamente. Isso ocorre pelo fato de que “… praticar os restantes onze
passos de A. A. requer a adoção de atitudes e ações que quase nenhum alcoólatra que ainda
bebe, sonharia adotar” (Os Doze Passos, p. 15). É o desejo de sobrevivência que leva o
alcoolista a ter disposição para escutar a mensagem de A. A., e a reconhecer a necessidade de
seguir o programa dos Doze Passos.
IMPOTÊNCIA
Admitimos que éramos impotentes perante o álcool – que tínhamos perdido o domínio sobre
nossas vidas.
Não é coincidência que o próprio Primeiro Passo mencione impotência. Uma admissão de
impotência pessoal perante o álcool é a pedra fundamental do alicerce da sobriedade.
Aprendi que não tenho o Poder e controle que uma vez pensei ter. Sou impotente sobre os que
as pessoas pensam sobre mim. Sou impotente até por ter perdido o ônibus. Sou impotente sobre
como as outras pessoas praticam (ou não praticam) os Passos. Mas, também aprendi que não
sou impotente perante algumas coisas. Não sou impotente perante minhas atitudes. Não sou
impotente perante a negatividade. Não sou impotente sobre assumir responsabilidade por minha
própria sobriedade. Tenho o poder de exercer uma influência positiva sobre mim mesmo, as
pessoas que amo e o mundo em que vivo.
A VITÓRIA DA RENDIÇÃO
Percebemos que somente através da derrota total somos capazes de dar os primeiros passos na
direção da liberação e da força. Nossa admissão de impotência pessoal finalmente produz e
alicerce firme sobre o qual, vidas felizes e significativas podem ser construídas.
Quando o álcool influenciava cada faceta de minha vida, quando as garrafas tornaram-se o
símbolo de toda minha auto-indulgência e permissividade, quando vim a perceber que, por mim
mesmo, não podia fazer nada para vencer o poder do álcool, percebi que não tinha outro recurso
a não ser a rendição. Na rendição encontrei a vitória – vitória sobre minha egoística auto-
indulgência, vitória sobre minha resistência teimosa à vida como ela era dada para mim. Quando
parei de lutar contra tudo e contra todos, comecei a caminhada para a sobriedade, serenidade e
paz.
UM ATO DA PROVIDÊNCIA
Realmente é terrível admitir que, com um copo na mão temos convertido nossas mentes numa
obsessão tão grande por beber destrutivamente que somente um ato da providência pode
removê-la de nós.
Meu ato da Providência (manifestação de cuidado e direção divina) veio quando experimentei a
falência total do alcoolismo ativo – tudo que tinha algum significado em minha vida havia ido
embora. Telefonei para Alcoólicos Anônimos e, a partir daquele instante minha vida nunca mais
foi a mesma. Quando penso naquele momento tão especial, sei que Deus estava agindo em
minha vida bem antes que eu fosse capaz de conhecer e aceitar conceitos espirituais. O copo foi
arriado através desse único ato da Providência e minha jornada pela sobriedade começou. Minha
vida continua se expandindo com o cuidado e a direção divina. O Primeiro Passo, no qual admiti
que era impotente perante o álcool, que tinha perdido o domínio de minha vida, tornou-se mais
um significado para mim um dia de cada vez – na salvadora de vidas, vivificante Irmandade de
Alcoólicos Anônimos.
O PASSO 100%
Somente o Primeiro Passo, onde admitimos inteiramente que somos impotentes perante o álcool,
pode ser praticado com absoluta perfeição.
Muito antes de conseguir alcançar a sobriedade em A. A. eu sabia, sem nenhuma dúvida, que o
álcool estava me matando mas, mesmo com esse conhecimento, fui incapaz de parar de beber.
Assim, quando encarei o Primeiro Passo, foi fácil admitir que me faltava forças para não beber.
Mas, que tinha perdido o domínio de minha vida? Nunca. Cinco meses após ter chegado em A. A.
estava bebendo novamente e imaginando por quê.
Mais tarde, de volta a A. A. e sentindo a dor de minhas feridas, aprendi que o Primeiro Passo é o
único que pode ser praticado 100%. E que a única maneira para praticá-lo é aceitar esse Passo
100%. Desde então, já se passaram muitas 24 horas e não precisei praticar novamente o
Primeiro Passo.
ATINGINDO O FUNDO
Por que toda esta insistência que todo A. A. deve primeiro atingir o fundo do poço? A resposta é
que poucas pessoas tentarão praticar programa de A. A. sinceramente, a menos que tenham
chegado ao fundo. Pois praticar os restantes onze Passos do programa, significa a adoção de
atitudes e ações que quase nenhum alcoólico que esta ainda bebendo pode sonhar em fazer.
Atingindo o fundo do poço minha mente abriu e fiquei disposto a tentar algo diferente. O que
tentei foi A. A. Minha nova vida em A. A. pode-se comparar como aprender a andar de bicicleta
pela primeira vez: A. A. tornou-se minha bicicleta de treinamento e minha mão de apoio. Não é
que eu desejasse tanto a ajuda; simplesmente não queria voltar a sofrer essas coisas novamente.
Meu desejo de evitar voltar ao fundo novamente foi mais forte que meu desejo de beber. No
começo isso foi que me manteve sóbrio. Porém, após algum tempo, descobri a mim mesmo
trabalhando os Passos o melhor que podia. Em breve percebi que minhas atitudes e ações
estavam mudando aos poucos. Um Dia de Cada Vez, senti-me bem comigo mesmo, com os
outros, e minhas feridas começaram a cicatrizar. Agradeço a Deus pela bicicleta de treinamento e
a mão de apoio que escolhi chamar de Alcoólicos Anônimos.
HONESTIDADE RIGOROSA
Quem se dispõe a ser rigorosamente honesto e tolerante?
Quem se dispõe a confessar suas falhas a outra pessoa e a fazer reparações pelo danos
causados? Quem se interessa, ao mínimo, por um Poder Superior, e ainda pela meditação e a
oração? Quem se dispõe a sacrificar seu tempo e sua energia tentando levar a mensagem de A.
A. ao próximo? Não, o alcoólico típico, egoísta ao extremo, pouco se interessa por estas medidas,
a não ser que tenha de tomá-las para sobreviver.
Eu sou um alcoólico. Se eu beber eu morrerei. Meu Deus, que poder, energia e emoção esta
simples declaração gera em mim! Mas, verdadeiramente, é tudo que preciso saber por hoje.
Estou disposto a ficar vivo hoje? Estou disposto a ficar sóbrio hoje? Estou disposto a pedir ajuda
e estou disposto a ajudar outro alcoólico que ainda sofre hoje? Descobri a natureza fatal de minha
situação? O que devo fazer, hoje, para permanecer sóbrio?
PRIMEIRO PASSO
Admitimos… (“Nós” a primeira palavra do Primeiro Passo)
Quando eu bebia, tudo o que eu pensava era sempre “!Eu, Eu, Eu”, ou “Meu, Meu, Meu”. Tal
obsessão do ser, tal doença da alma, tal egoísmo espiritual me escravizou à garrafa mais da
metade de minha vida.
O caminho para encontrar Deus e fazer Sua vontade um dia de cada vez, começou com a
primeira expressão do Primeiro Passo… “Nós”.
Havia poder, força e segurança no plural e para um alcoólico como eu, também havia vida. Se
tivesse tentado me recuperar sozinho, provavelmente teria morrido. Com Deus e outro alcoólico
tenho um propósito divino na minha vida… tornei-me um canal para o amor benéfico de Deus.
“A RAIZ PRINCIPAL” DE A. A.
O princípio de que não encontraremos qualquer força duradora sem que antes admitamos a
derrota completa, é a raiz principal da qual germinou e floresceu nossa Irmandade.
Derrotado e sabendo disto, cheguei às portas de A. A. sozinho e com medo do desconhecido. Um
Poder fora de mim mesmo havia me tirado de minha casa, guiou-me para uma lista telefônica,
depois até a parada de ônibus e pelas portas de Alcoólicos Anônimos. Uma vez dentro de A. A.
Experimentei uma sensação de ser amado e aceito, algo que não sentia desde a minha tenra
infância.
INGOVERNABILIDADE
... Que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas.
Se quisermos nos recuperar, precisamos compreender a impotência pessoal. O que mais
nos ajuda é olhar honestamente para a forma como o nosso uso de álcool ou de drogas nos
afetou. Em vez de vivermos como pessoas livres e naturais, ficamos reduzidos a lutar pela
sobrevivência, isto é ingovernabilidade.
A ingovernabilidade está ligada a impotência e as várias formas de pressão social e de
stress, impossibilitam-nos de dirigir nossas próprias vidas e isso nos aponta para duas formas de
ingovernabilidade que é a social e a pessoal.
INGOVERNABILIDADE SOCIAL
A ingovernabilidade social resulta diretamente em bebermos álcool ou usarmos qualquer
outra droga que nos altere. Não há grandes duvidas de que uma pessoa intoxicada a guiar um
automóvel seja ingovernável.
As pessoas que se enchem de anfetaminas e vão fisicamente para além da exaustão, são
ingovernáveis. Vemos a ingovernabilidade social nos condutores alcoolizados, nas detenções por
comportamentos desordeiros, nas discussões familiares ou nas brigas após intoxicações. As
pessoas sob o efeito de qualquer droga reagem de uma forma afetada por essas drogas. A
adicção ativa afeta diretamente as nossas emoções e os nossos comportamentos e na realidade
afeta todas as áreas de nossas vidas. Estes comportamentos não acontecem somente com
pessoas Dependentes de Químicos, mas sim com qualquer pessoa que consuma drogas ou
álcool nas quantidades em que nós estamos acostumados a usar.
Descobrimos muitas vezes, comportamentos ingovernáveis no nosso passado. Olhemos
para trás e pensemos em reuniões de família ou em ocasiões sociais. Alguns de nós podemos ter
ultrapassado um pouco os limites, tornando-nos mais agitados do que o normal. Talvez nos
tenhamos posto a contar historias ou a dançar e a relacionar-nos com o sexo oposto de uma
forma pouco comum para o nosso feitio. No trabalho, o uso de químicos fazia-nos perder muitas
horas e a faltar às responsabilidades. Em qualquer dos casos, agora veremos que somos
ingovernáveis.
INGOVERNABILIDADE PESSOAL
A ingovernabilidade pessoal envolve atitudes e crenças sobre nós próprios e o ambiente
que nos rodeia e as pessoas com quem vivemos. Em muitos casos, a Ingovernabilidade Pessoal
estava presente, muitos anos antes da nossa adicção a químicos. Muita gente acredita que o
álcool e as drogas são os demônios das nossas vidas, mas na realidade somos nós e não os
comprimidos ou o álcool que causam a maioria dos nossos problemas. Os químicos podem
destruir uma pessoa, mas apenas se essa pessoa aprender a justificar o seu abuso. Segundo
os AA, tapar a garrafa com a rolha não é suficiente. Precisamos rejuvenescer as nossas
personalidades e aprender a conhecer-nos a um nível mais intimo. Temos de descobrir aquilo a
que os AA chamam de defeitos de caráter e imperfeições e à medida que o vamos fazendo,
aprendemos a nos aceitar-nos como seres humanos, com pontos fortes e fracos, como todo
mundo. Os Dependentes de Químicos parecem ter alguns defeitos em comum. Um deles é o
egocentrismo. Na verdade, este defeito é necessário para que a nossa doença progrida. É
preciso atacar o egoísmo de frente para quebrar a nossa negação, para reconstruir a confiança e
a compreensão pelos outros. Outro defeito de caráter é a imaturidade básica que parece ser
predominante em dependentes de químicos. A imaturidade tem como consequência uma atitude
de derrota perante a vida e pode também ocorrer quando estamos sóbrios, mesmo sem
notarmos. Há algumas pessoas, por exemplo, que funcionam bem quando estão sóbrias, mas
quando se sentem um pouco agitadas, ou a sua rotina é quebrada ou elas reagem de uma forma
muito exagerada. Reagir exageradamente é claramente uma atitude imatura e na verdade,
qualquer comportamento que tenha como consequência uma diminuição do respeito por nós
mesmos ou pela nossa dignidade é um comportamento imaturo. Os acessos de mau humor, o
não compartilhar os sentimentos honestamente com os outros, o insistir em fazer as coisas só a
nossa maneira, são mais exemplos de imaturidade. Estes padrões de comportamento podem
expandir-se e tomar gradualmente conta da nossa personalidade. A ingovernabilidade pessoal
abrange muitas formas de comportamento, devido às pessoas que são também muito diferentes
uma das outras. Existem, no entanto, alguns desejos básicos que todos partilhamos. Queremos
amar e ser amados e queremos sentir que valemos a pena. A questão é que realizar estes
desejos pode ser muito mais fácil se aceitarmos as condições da vida, em vez de tentarmos
constantemente moldar a vida para atingirmos os nossos desejos.
1° AVALIAÇÃO
5. O que é rendição?
rendição? Explique?
VIEMOS A ACREDITAR
Parabéns! Você já admitiu que é impotente perante o álcool, e que tinha perdido o domínio
sobre sua vida. Aqueles de nós que estamos a recuperar da adicção ao álcool e a outras drogas,
sabemos a coragem que é necessária para fazer o Primeiro Passo. De a si próprio muito valor por
tê-lo conseguido, porque você merece!
O Primeiro Passo é onde aquilo que era impossível se torna possível. Aprendemos que é
possível para nós parar de beber e de usar drogas um dia de cada vez e que não somos pessoas
más e que não precisamos nunca mais estar sozinhos. Para os adictos e os alcoólatras em
recuperação é aí que o milagre começa.
O Terry tem quase trinta anos tem quase 30 anos e já conhece este programa há um mês.
Como ele diz “Quando estava a usar, nunca pensei que pudesse viver sem o álcool e as drogas,
foi preciso um milagre para ver que eles estavam a me matar e foi preciso outro milagre para me
sentir com coragem suficiente para dar uma chance à sobriedade, mesmo que só por um dia. É
isso que o Passo Um é para mim um milagre”.
A Valerie está limpa e sóbria há 30 anos. “O que foi cozinhado, nunca mais será cru
novamente – diz ela a rir – mas nós alcoólatras, temos uma grande facilidade em nos esquecer,
por isso eu faço o Primeiro Passo todas as manhãs quando acordo. Se alguma vez eu
esquecesse que sou uma alcoólatra, poderia derrapar e isso poderia custar-me a vida. Eu preciso
do Primeiro Passo para melembrar, de quem sou”.
Durante demasiado tempo, confiamos nas drogas e no álcool para resolver os nossos
problemas. Quando entramos em recuperação, talvez tenhamos nos esquecido de como lidar de
uma maneira saudável com as nossas vidas, com os nossos problemas e com os nossos
sentimentos. Se nós bebíamos e consumíamos drogas para ultrapassar as dificuldades,
precisamos desenvolver instrumentos que nos vão ajudar nos tempos difíceis. Se nós bebíamos e
consumíamos drogas para nos divertirmos, precisamos desenvolver novas formas de
divertimento. Se nós bebíamos e consumíamos drogas fosse porque fosse, precisamos aprender
a lidar com os altos e baixos da vida diária.
Viver sem o álcool e drogas, sem ter o programa, pode-se tornar um verdadeiro inferno.
Com o programa, as pessoas e os 12 Passos, pode-se descobrir uma razão para viver e pode-se
viver em paz. Uma vida que nunca imaginamos, sem falar na experiência que ganhamos.
O Passo Um é a chave que abre a porta para a sobriedade. Ele nos dá uma escolha, mas
não podemos nos manter limpos e sóbrios somente com o Passo Um. Para isso precisamos das
outras ferramentas do programa.
“A nova versão melhorada é – Devagar se vai ao longe, mas com ação – diz a Sandy – Eu
devia saber!”.
A Sandy tem 32 anos e é mãe de duas crianças pequenas e nos últimos seis anos, ela tem
estado dentro e fora de recuperação e na maior parte do tempo, fora. Há três semanas, acabou o
seu terceiro tratamento e desta vez, está determinada a descobrir porque é que recaiu, para que
isto não acontece de novo. “Ia a reuniões e tinha uma madrinha – explica ela – mas assim que
fazia 90 dias de limpeza, voltava lá. A última vez foi mau, muito mau e tiraram os meus filhos. Se
não ficar limpa e sóbria, nunca mais vou os recuperar. Esta ultima vez que estive em tratamento,
o meu conselheiro perguntou-me qual era a minha experiência com os 12 Passos. Tive que
admitir que eu nuncahavia passado do Passo Um”.
A diferença entre o Passo Um e o Passo Dois é a diferença entre ficar limpo e sóbrio e
viver limpo e sóbrio.A fim de nos tornarmos sóbrios, precisamos admitir a nossa impotência e
perda de domínio sobre as substancias alteradoras da mente e do comportamento, as quais nós
tínhamos entregado as nossas vidas.
Para vivermos sóbrios, precisamos confiar em qualquer coisa exterior a nós. Precisamos
encontrar um Poder que não nos destrua como o álcool e as drogas nos fizeram. Viver sóbrio
significa encontrar um Poder que nos guie e no qual possamos realmente confiar.
É no Passo Dois que começamos a encontrar essa força referida como “um Poder Superior
a nós mesmos”. Isto significa que alguém vai nos obrigar a acreditar em Deus? De maneira
alguma! Não existe nenhum programa de 12 Passos que o obrigue a acreditar seja no que for. As
ferramentas são apenas sugestões que ajudaram vários de homens e mulheres a se recuperar do
alcoolismo e da adicção a drogas. Talvez as ferramentas que no ajudaram, o ajudem também.
Normalmente, para começar o Passo Dois é bom olhar para como está a sua
Espiritualidade. Shermam é um adicto a cocaína em recuperação, tem quase 40 anos e celebrou
recentemente o seu segundo ano estando limpo e sóbrio.
Ele lembra: “Já tinha ouvido dizer que isto era um programa espiritual, mas só quando
entrei em NA é que pensei pela primeira vez num Poder Superior. Não é que eu rejeitasse a ideia
de Deus, mas eu não sabia se acreditava ou não acreditava Nele. Para lhes dizer a verdade, não
estava nem ai. Afinal, que diferença fazia se Deus existisse ou não?”.
O Peter está limpo e sóbrio há cinco anos. “Eu sempre acreditei em Deus – explica ele –
Mesmo quando bebia, eu ia a uma igreja e rezava regularmente. Quando cheguei ao AA achei
que o lado espiritual ia ser fácil para mim, mas quando alguém partilhou numa reunião que os
seus sentimentos revelaram as suas verdadeiras crenças espirituais, tive que olhar mais sério
para as minhas próprias crenças e acabei por ter que encarar os fatos: se ei tinha uma fé tão
solida num Deus que me amava e que tomava conta de mim, então não viveria tão assustado e
teria que beber um litro de vodca por dia. Para mim, o Segundo Passo me abriu os olhos!”.
“Eu cresci num religião muito rígida – diz a Valerie – Ia à missa todos os domingos e
também as sessões de estudo da Bíblia. Quando era uma adolescente, assumi que era lésbica e
isso não ia lá muito bem com minha igreja. Fui rejeitada e não percebi como é que Deus podia
deixar que isso me acontecesse, por isso eu também O rejeitei. Quando cheguei ao AA e ouvi as
pessoas falarem sobre Deus, achei que não ia conseguir me recuperar, mas como a minha
madrinha me disse, para mim era suficiente ter boa vontade para ouvir e estar aberta a
possibilidade de que as minhas crenças poderiam mudar, mesmo que eu tenha começado a ir a
reuniões só há poucos dias. Eu já tinha ouvido falar em “Despertar Espiritual” e para muitos de
nós, isto pode ser inspirador, mas também pode ser confuso e intimidativo”.
Através dos 12 Passos, aprendemos que o conceito de Poder Superior é muito pessoal e
que varia tanto quanto a qualidade das pessoas que sobre ele se debruçam. Ao ouvirmos os
outros falarem em Poder Superior, poderemos começar a comparar a nossa fé com a deles.
Afinal de contas, os alcoólatras e adictos são iguais a todo o resto do mundo, quando
comparamos o nosso interior com o exterior dos outros. Comparamos a nossa fé, tal como nos
comparamos fisicamente, como nos vestimos, como as nossas casas, como os nossos empregos
ou como os nossos companheiros.
Ao começarmos a comparar a nossa Espiritualidade, é quase certo que nós iremos nos
prejudicar, bem como a nossa recuperação. Se por exemplo, olharmos para a Espiritualidade de
outra pessoa e pensarmos que é melhor que a nossa, poderemos nos sentir erradamente e que
não estamos a viver o programa. Se a Espiritualidade de alguém for vista como pior, o nosso
convencimento pode impedir-nos de desenvolvermos um melhor contato consciente com Deus.
Em qualquer um dos casos, estamos a prepara-nos para a próxima bebida ou droga.
A maioria de nós entra para o programa a pensar que um despertar é como uma aparição
vinda dos céus. Há mesmo pessoas que afirmam que os seus despertares espirituais se
manifestam na forma de flashes repentinos e que mudaram suas vidas para sempre, mas para
muitos de nós, provavelmente a maioria, um Despertar Espiritual é um processo muito mais
gradual.
Para nós que somos pessoas em recuperação, é difícil imaginar, independente de qualquer
que seja nossa religião ou antecedentes Espirituais, que exista um Poder totalmente consistente
de constante amor e que se preocupe profundamente com cada um de nós. É difícil imaginar um
Poder que guie todos na direção da paz, de um proposito e da abundancia. O segredo e a boa
vontade para procurar um Poder Superior, onde ainda não o tínhamos procurado, implica por vez
em olhar para Deus de forma que nunca antes o havíamos imaginado. Significa que temos que
apreciar experiências Espirituais que anteriormente achávamos ridículas. A nossa sobriedade
pode depender disso!
“Quando eu tinha acabado de chegar, ouvi outro membro recente afirmar que seu Deus era
um esquilo – explica Peter – Se ele visse o esquilo na garagem do seu carro, significava que ele
não podia faltar à reunião, porem se ele não visse o esquilo, significava que podia deixar de ir,
mesmo ele sabendo que se provavelmente não fosse à reunião, provavelmente ele iria beber,
mas todos os dias, durante os noventa dias, ele viu o esquilo. Era uma loucura e mesmo assim,
ele recebeu o porta-chaves dos noventa dias na primeira tentativa! Eu levei sete meses para
conseguir ter noventa dias, por isso tive de pensar se ele não estaria aberto a qualquer coisa que
eu não estava”.
HÁ ALGUMA COISA QUE POSSA ME AJUDAR?
À medida que avançamos, o mais provável é que venhamos a sentir que nenhum grupo e
nenhum programa possa ser Deus.
Muitos adictos e alcoólatras em recuperação acreditam que o seu Poder Superior lhes fala
através de Reuniões de 12 Passos. Vemos frequentemente o nosso Poder Superior, não só de
maneira diferentes, mas também sob uma nova perspectiva. A Sandy afirma - “Cresci a acreditar
que Deus era muito assustador, tanto quanto eu sabia, Ele servia para me castigar quando eu
fazia algo de errado, mas quando cheguei ao AA, ouvi pela primeira vez, pessoas falarem de um
Deus que estava lá a tomar conta delas. Foi nos AA que descobri que Deus não me ia castigar
por eu não ter sido a melhor mãe. Este foi o meu despertar e acho que o meu Despertar Espiritual
foi o descobrir que quer existisse ou não um Deus, eu não era Ele”.
Shermam diz que o seu crescente conceito de Poder Superior alterou a forma como ele via
a si próprio. “Eu era do tipo “posso fazer tudo sozinho”, não pedia ajuda a ninguém, muito menos
a Deus – diz ele – Mas quando cheguei ao fundo do poço, foi a primeira vez que pedi ajuda. Não
sabia se existia algum Deus, mas pedi da mesma forma, porque sabia que eu não iria conseguir
sozinho nem por mais um segundo. Acho que o meu Despertar Espiritual foi o descobrir que quer
existisse ou não um Deus, eu não era Ele”.
“Eu sei que não vim para parar por mim – diz o Terry – Quando cheguei ao fundo do poço,
tive o meu Despertar Espiritual”. A esta altura, eu percebi que existia uma força que tomaria conta
de mim se eu O deixasse. A Valerie acrescenta – “Hoje em dia, consigo ver a minha vida como
um longo e gradual Despertar Espiritual”.
O QUE É ESSE OBSTÁCULO CHAMADO “INSANIDADE”?
A frase, devolvido a sanidade, pode ser outro dos obstáculos quando chegamos ao 2°
Passo pela primeira vez. Para começar, nem todos conseguimos nos descrever honestamente
como insanos agora que não bebemos e nem usamos. Mesmo que nos considerássemos
insanos, como poderíamos acreditar que Deus nos devolveria a sanidade quando tudo o que
tínhamos tentado havia falhado?
“Claro que eu era insano enquanto eu usava – diz o Shermam – Quem não era?”
Eu guiei drogado muitas vezes e até adorava fazer isso. Esquecia-me completamente das
consequências que poderia ter. Só quando fui preso, depois do acidente que tive, é que pensei
que algo estava errado com o meu uso. Uma mulher inocente foi parar em uma cama de hospital
e foi então que eu pensei que fazer o que eu fazia, talvez já não seja muito divertido. Isto é
insanidade, mas hoje em dia já não faço coisas desse gênero.
“Amo os meus filhos acima de tudo – diz a Sandy – E perdi-os por causa da minha bebida.
Isto é insanidade. Agora que estou sóbria, tudo isso acabou, não é?”.
A Sandy diz – “Já não saio à noite, não fico mais furiosa num minuto e no outro estou
meiga e chorosa. Já não me comporto mais como uma louca”.
“Quando estava a usar drogas e a beber muito, tinha regularmente perdas de memorias –
aponta Shermam – Recuperei uma vez a memoria no meio de um avião para Paris e não tinha a
menor ideia de como tinha ido parar lá. Foi uma loucura e agora que estou limpo e sóbrio, este
tipo de coisas já não me acontecem mais. A minha definição de louco era baseada nas minhas
atitudes e em como os outros me viam. Quando fiz o 2° Passo, descobri que a insanidade não
tem nenhuma forma particular. Ela tem muito a ver com a maneira de como você se sente por
dentro”.
“Quando cheguei a este programa, ouvi dizer que insanidade é repetir os mesmos erros a
espera de resultados diferentes – diz a Valerie – E mesmo depois de estar já há algum tempo
neste programa, podia observar em mim este tipo de comportamento. Foi isso que me ajudou a
realizar o que foi para mim o Segundo Passo e que me levou a precisar de mais tempo para
entrar no conceito de Poder Superior”.
O Peter levanta outro assunto – “Eu não via as más atitudes como uma forma de
insanidade – diz ele – E não via que o fato de eu não acreditar em mim próprio, também era uma
insanidade. Agora que estou no programa há cinco anos, penso que uma baixa autoestima é uma
forma de insanidade”.
QUEM É INSANO?
Quando falamos de baixa estima, não estamos a falar de algo que aparece sem mais nem
menos. Na verdade, já a tínhamos desde tão cedo, que muitos de nós nem nos conseguimos nos
lembrar de alguma vez termos tido outro nível de autoestima.
Muitos de nós crescemos no meio do alcoolismo e mesmo que não fossem problemas de
drogas ou álcool, poderiam muito bem ser outro tipo de problemas. Problema com a comida,
dificuldades com a raiva, medos relacionados com as contas e cartões de credito são os tipos de
problema que caracterizam pessoas com baixa autoestima.
Às vezes aprendemos o que era autoestima através da forma como nossas famílias nos
tratavam e, no entanto, aprendemos mais frequentemente, ao observar a forma como se tratavam
entre eles e a eles próprios. Para o mal ou para o bem, as nossas famílias eram o nosso modelo.
Alguns de nós até chegamos a acreditar que éramos demasiados fracos para fazermos
mudanças positivas.
Como diz o Peter – “Quando eu era um recém-chegado, o meu padrinho estava sempre a
me dizer para eu parar de me bater. Nunca tinha pensado nisso dessa maneira, pensava que
estava só a dar uma visão perfeita e realista do meu valor!”.
Mesmo que o nosso comportamento pareça saudável, as atitudes por trás dele pode não
ser. Às vezes, precisamos olhar para além de algumas qualidades como a autoconfiança, e
perguntarmo-nos se elas são tão positivas como gostamos de pensar. Há momentos em que
temos que ser autoconfiantes e há momentos em que temos que pedir ajuda. A solução é
encontrarmos um equilíbrio saudável e alguns de nós, por exemplo, somos tão autoconfiantes
que achamos que podemos nos recuperar sozinhos.
“Logo que sai do tratamento, achei que tinha que me recuperar sozinha – diz a Sandy –
Quando fiz o primeiro passo e arranjei uma madrinha, achei que tinha toda a ajuda que precisava.
Já estava limpa, mas agora eu ia cuidar do resto. A seguir, só me lembro de estar outra vez a
usar. Com a terapia, estou a perceber o medo que tenho de pedir ajuda e consigo ver o quão
doentio que isso é. Por isso, talvez o Segundo Passo possa me ajudar nesta área”.
Por outro lado, alguns de nós, mostramos pouca autoconfiança nas nossas vidas.
Dependemos demasiado dos outros, como pais, como companheiros, como amigos, como
patrões e em alguns casos, dos nossos próprios filhos, para tomarem conta de nós.
“Isso sou eu – diz o Terry – Estava sempre a contar com a minha mãe e o meu pai para me
pagarem a fiança, como fizeram quando eu fui preso depois do desastre de automóvel. Pagaram
muitas das minhas contas, até me colocarem no primeiro tratamento e pagaram a estadia. Desta
vez, disseram-me que eu estava por contra própria. Fiquei mesmo furioso com eles. Sempre
achei que eles deveriam me bancar em tudo e agora vejo que a raiva esconde o medo que tenho
em não conseguir tomar conta de mim. Agora que estou no programa, estou a aprender que com
a ajuda de Deus, posso fazer isso”.
Somos pessoas que dependemos de coisas exteriores a nós como o álcool e outras
drogas, para nos sentirmos bem com nós próprios. No entanto, porque deixamos de beber e usar
drogas, não significa que deixamos automaticamente de procurar outras coisas ou outras
pessoas para resolver os nossos problemas. Medimos demasiadas vezes a nossa recuperação
pela quantidade de coisas materiais que conseguimos reaver e apesar de nos estarem sempre a
repetir que a sobriedade é um trabalho interior, pode demorar tempo para que a sintamos dentro
de nós.
“O uso de drogas fez com que eu perdesse tudo o que tinha – diz o Shermam – Quando
entrei em recuperação, tinha perdido meu negocio, as minhas casas e os meus carros e quando
olhei para o Passo Dois, pensei: Vou conseguir a minha Mercedes de volta! Fiquei desapontado
quando descobri que ia recuperar a minha sanidade, mas não necessariamente minha
Mercedes”.
Temos também que olhar para a insanidade das metas que nos propomos a atingir. Nós
alcoólatras e adictos, como qualquer outra pessoa, queremos o que queremos quando o
queremos e isso significa sempre agora e normalmente, os adictos e alcoólatras em recuperação
ficarem frustrados por não se recuperarem com mais rapidez.
NÃO SOMOS NÓS QUE MARCAMOS O COMPASSO, MAS SIM DEUS.
Ao aplicar o Segundo Passo, descobrimos por vezes que nosso compasso pode não ser o
compasso de Deus. Também podemos descobrir que o compasso Dele e os seus planos podem
ser muito melhores do que os nossos e isto é um alivio para muitos de nós.
“Quero os meus filhos de volta acima de tudo – diz a Sandy – Faria qualquer coisa para tê-
los outra vez. Por isso tento manter-me sóbria, mas a minha conselheira diz que tenho que pôr
minha sobriedade em primeiro lugar e não os meus filhos. Apesar de saber intelectualmente o
que ela quer dizer com isto, ainda é muito difícil para eu aceitar. Ao trabalhar o Segundo Passo,
eu consigo ver que seria uma loucura ir às reuniões de que tanto preciso neste momento e ainda
tomar conta de duas criancinhas ao mesmo tempo. A verdade é que ainda não estou pronta para
ser a mãe que os meus filhos merecem. Como diz a minha madrinha: Quando Ele quiser e não
quando eu quiser”.
Pode ser também que tenhamos de considerar como mais saudável, que certas coisas
jamais nos serão devolvidas. “Eu era um louco por trabalho – diz o Shermam – E estava a
trabalhar numa indústria onde todos são loucos. No meu primeiro ano de recuperação, planejei
formas de voltar a esse tipo de negocio, mas nessa altura, o meu padrinho sugeriu que talvez
valesse a pena eu procurar outro tipo de trabalho. Para dizer a verdade, fiquei muito magoado
com a sugestão. Pensei que ele estava a dizer que eu já não servia para nada, mas ele tinha
razão. Voltar a esse trabalho seria uma espécie de armadilha para voltar a usar drogas e eu não
sei se tenho outra oportunidade de me recuperar”. Quanto mais o tempo passa sem bebermos ou
usarmos, melhor compreendemos a diferença entre o Primeiro e o Segundo Passo. O Primeiro
Passo é uma admissão essencial e precisamos olhar para ele regularmente, para nos
lembrarmos de quem somos e do que fazemos aqui. É uma referencia que se deve ser fixada
para sempre nas nossas mentes e nos nossos corações. Em contraste, o Passo Dois é um
processo e um processo pode ser um estranho conceito. Muitos de nós pensamos durante
demasiado tempo que um processo significava olharmos para a nossa lenta degradação, pois nos
era difícil enxergarmos que algo de bom poderia nos acontecer, mas em recuperação, viemos a
aprender que um processo também pode significar olharmos para as nossas vidas que estão a
melhorar.
PROCESSO – O QUE SIGNIFICA E PARA QUE SERVE?
Para muitos de nós, o Passo Dois começa quando tomamos consciência do desenrolar de
um processo positivo nas nossas vidas e junto com isso, o tempo torna-se nosso amigo em vez
de nosso inimigo.
“Não estava habituado como processos – diz Peter – Pensava que era tudo ou nada.
Desisti de estudar quando eu tinha 16 anos e arranjei um emprego onde eu ganhava mal e o
odiava. Queixava-me do meu emprego, mas nunca me ocorreu que eu podia fazer outra coisa da
minha vida. Sabia que havia outros que haviam voltado a estudar e que tinham adquirido mais
conhecimentos, passando a ganhar mais dinheiro, mas nunca me ocorreu que eu poderia ser
uma dessas pessoas.Acho que para mim, o alcoolismo era isto: Fazer tudo por tudo até cair.
Queixava-me o tempo todo, mas nunca pensei em procurar outro tipo de trabalho e não me
parecia que ficar sóbrio fosse um processo. Num dia estava bêbado e no outro eu era um
alcoólatra em recuperação. Eu não conseguia compreender o que é que as pessoas queriam
dizer com tornar-se sóbrio”.
Mesmo assim, possivelmente a nossa própria experiência é a que mais conta. Uma vez
que saboreamos um pouco de recuperação, é mais fácil vir a acreditar. Como disse o Peter – “Foi
quando fiz um ano de recuperação que notei no que realmente eu tinha mudado por fora e por
dentro e tudo isso, em apenas um ano. Estou grato pela experiência dos outros porque me deu
ideias que eu nunca tinha tido antes. Boas ideias, mas não apenas em relação a ficar limpo e
sóbrio, mas também sobre como me dar com as outras pessoas e a andar para frente com a
minha vida. Vi outras pessoas a fazê-lo e isso fez com que eu me perguntasse se eu também não
conseguiria, mas foram os meus próprios resultados que me fizeram acreditar nos processos”.
A primeira experiência que temos quando a vida saudável é uma sensação de bem estar.
Finalmente deixamos de estar presos perante as drogas e ao álcool. É uma verdadeira libertação.
“Quando entrei no programa, o meu “EU” tinha deixado de existir – diz Valerie – Não sabia o que
pensar e não queria saber como me sentia. Andava na escuridão a espera do próximo desastre e
a me sentir completamente desamparada. Chegou a tal ponto, que até das coisas mais simples
eu tinha medo e tinha ataques de pânico o tempo todo. Estava completamente louca, mas só
descobri isso quando entrei para o AA. Agora sei a diferença entre sanidade e insanidade e
quando os sentimentos insanos do passado voltam, faço novamente outro Segundo Passo. Ainda
não consigo explicar como é bom saber que ainda estou aqui”.
Nunca mais teremos os acidentes que aconteceram tantas vezes a alcoólatras e adictos.
Como diz o Terry: “Apenas pensava que eu era alguém que me magoava facilmente e que eu
tinha um pequeno problema de coordenação. Fiquei espantado ao ver que em uma semana
depois de ficar limpo e sóbrio, varias partes do meu corpo tinham começado a voltar à cor normal.
Acho que é isso que acontece quando se para de esbarrar nos moveis o tempo todo!”.
Acabou-se a insanidade que nos fazia negar a nossa verdadeira situação física e
começamos a recuperamos o nosso sistema nervoso bem devagar, ao mesmo tempo em que os
nossos terminais nervosos parecem curar-se.
Muitos alcoólatras e adictos identificam esta melhoria através da comichão que sentem no
principio da recuperação. As fobias que nunca pensávamos deixar de ter, o medo de atravessar
pontes, de entrar em tuneis e da multidão parecem também desaparecer.
Como diz a Valerie: “Deus sabe que eu não fiquei limpa e sóbria para ultrapassar o meu
medo das multidões, pensava que era algo com que eu tivesse que conviver para o resto da
minha vida, acontecesse o que acontecesse. Por isso achei espantoso que tenha desaparecido
quando deixei de beber e foi uma consequência ter deixado à sobriedade acontecer. Eu não fiz
com que acontecesse, mas para mim isto é o Segundo Passo. As ações certas levam a
consequências certas e se eu mantiver a minha sobriedade em primeiro lugar, todo o resto ficará
no lugar certo”.
“Pude ver a minha parte emocional ser recuperada – diz o Peter – Tinha um mau feitio,
mesmo antes de beber. Então comecei a usar drogas para ter certo equilíbrio, mas rapidamente
voltei a ter as mesmas fúrias. Continuavam sempre até eu ficar esgotado. Quando usava, tinha
duas velocidades: para frente e furioso e parado e meio morto. Extremos totais e nada no meio.”
“A verdade é que toda a gente tinha medo de mim e só depois do Quarto Passo e de muito
aconselhamento é que descobri que precisava que tivessem medo de mim para me sentir seguro.
Mal fiquei limpo e sóbrio e isso começou a mudar. Não aconteceu de uma só vez, mas houve
uma grande melhoria desde o começo da minha sobriedade. Pude ver a mudança acontecer e os
primeiros a vê-la foram os meus colegas, depois alguns amigos que se mantinha a distancia e
finalmente a minha família. Já não tinha fúrias como antes e foi então que me senti de novo são.
Fiquei frustrado, porque minha mulher se recusou a voltar para mim quando fiquei sóbrio –
acrescenta – e quando o meu padrinho me pôs a fazer o Segundo Passo, percebi que precisava
trabalhar primeiro em mim próprio e só depois encarar o casamento de novo. Graças a Deus que
a minha mulher decidiu olhar para os seus problemas noutra Irmandade de 12 Passos. Já
estamos outra vez juntos, mas continuamos a aprender que mesmo que nos amemos muito, só
um Poder Superior nos poderá tornar unos”.
Como diz a Valerie: “A sobriedade não mudou o que sentia sobre religião. Em AA, aprendi
que não preciso ser religioso para ser profundamente espiritual. Hoje em dia tenho um Poder
Superior da minha concepção. Para começar, é uma mulher. Não tem nada a ver com o Deus em
que minha antiga igreja acreditava. Ela é obviamente uma feminista e tem um sentido de humor
fantástico. Conhece-me melhor do que eu próprio me conheço e ama-me por inteiro. Quanto mais
o tempo passa em sobriedade, mais lhe peco direção. Quando cheguei ao AA ouvi alguém dizer
que o Poder Superior tinha melhores planos do que ele mesmo podia imaginar”.
“E eu, ao fim de 30 anos em AA, posso honestamente afirmar que também foi esta a minha
experiência”.
“Quando fiquei sóbrio, voltei a frequentar a igreja onde cresci – acrescenta Peter – A maior
parte das vezes era para agradar ao meu pai, mas agora que estou em sobriedade, comecei a
ouvir muitas coisas de um modo diferente do que ouvia antes. Agora, a religião da minha infância
tornou-se minha religião de adulto. Encontro espiritualidade na minha religião, mas também a vejo
em muitos outros lugares”.
Enquanto o restante dos outros Passos nos ajuda a crescer espiritualmente, o Segundo
Passo é aquele em que começamos a desenvolver uma relação consistente com o poder da
nossa concepção e onde começamos a pedir direção ao nosso Poder Superior.
Quando surgem problemas, olhamos primeiro para Ele, em vez de olhar para uma bebida
ou para uma droga, pedindo direção para avaliarmos os nossos motivos e as nossas ações.
Torna-se claro, por vezes lentamente, que o nosso Poder Superior nos ama, que se preocupa e
quer trabalhar conosco no sentido de nos mantermos sóbrios e sãos.
Uma grande parte de nós prefere os fins aos meios e esse é um aspecto especialmente
destrutivo da nossa insanidade. No principio da nossa adicção, o álcool e as drogas eram um
meio para atingirmos um fim para nos sentirmo-nos bem conosco e com o mundo. Quanto maior
a necessidade de bebida ou de droga, menor a preocupação do modo como às conseguíamos,
ou a que preço. As substancias alteradoras de humor, tornaram-se nosso fim, ou pelo menos
assim o achávamos. Na verdade, era um meio para uma doença sem cura, para a entrada num
hospital ou prisão e possivelmente para a morte. À medida que vamos avançando na nossa
recuperação e na nossa sanidade, a direção dada pelo nosso Poder Superior torna-se num meio
para alcançar serenidade junto a uma vida cheia de esperança e talvez de paz.
“Nunca pensei que eu poderia aprender a ser uma pessoa sã – declara Shermam – Mas
estou a aprender muito no NA. Aprendo a ver como eram doentes as minhas antigas atitudes e a
substitui-las aos poucos, um dia de cada vez”.
“Disse a minha primeira madrinha que eu não percebia como é que eu podia fazer as
mudanças que precisava – lembra Valerie – Pensei que ia levar o resto da vida e não conseguia
ver como é que eu ia ficar sóbria tanto tempo. A minha madrinha lembrou-me que eu já tinha feito
uma grande mudança. Tinha parado de beber. E perguntou-me como é que eu tinha conseguido
e respondi: “Isso não tem nada a ver comigo e tudo o que fiz foi pedir ajuda.” A minha madrinha
disse que isto era a chave para todo o resto e mesmo que eu ainda não acreditasse num Poder
Superior, ela queria sinceramente ficar melhor e que estava aberta a mudanças, a ponto de ela
acreditar que estava exatamente onde devia”.
“Hoje acredito que qualquer pessoa pode mudar desde que não tente fazer isso sozinha.
Acredito que qualquer um pode ser feliz, desde que aprecie o caminho e não unicamente o
resultado final”.
Ter pensamentos positivos significa arriscar. Pode parecer que não passa de especulação
olhar para as coisas positivas a acontecer nas nossas vidas e estar à espera dos milagres
quando necessitamos deles. Então e se não acontecer nada? Não ficaremos satisfeitos? Não é
mais seguro estar à espera do pior?
“De certo modo, penso que acreditava na dor – admite Sandy – Se eu sofrer o suficiente.
Será que Deus não me recompensará dando-me alguma felicidade, pelo menos durante algum
tempo? Era assim que funcionava o meu pensamento, mas quando cheguei ao fundo do poço,
descobri que nada aprendera sobre a felicidade, só pelo fato de me sentir infeliz. A minha
madrinha diz que a dor é inevitável, mas que podemos optar por não sofrer. Agora olho para toda
a crença que eu tinha na infelicidade como uma forma de insanidade. Não é isso o Segundo
Passo?”
“Ainda me lembro de quando senti nas entranhas o Segundo Passo – diz o Peter – Estava
há seis meses no programa, sempre limpo e sóbrio, quando fui despedido do meu emprego e não
me lembro de ficar tão assustado, nem sequer tinha vontade de beber. Queria me suicidar, mas
em vez de fazê-lo, sem querer pensar, fui a uma reunião e comecei logo a sentir-me melhor e
quando a reunião acabou eu já me sentia de novo esperançado. Foi então que percebi que Deus
estava a fazer por mim aquilo que eu próprio não conseguia. A única coisa que eu fiz foi ir em
frente, pois sabia que se continuasse no caminho certo, Deus continuaria a ajudar-me”.
ENCONTRAR SOLUÇÕES
“Para mim, fazer o Segundo Passo significa pedir ao meu Poder Superior para me deixar
olhar através dos seus olhos ao invés de olhar pelos meus – acrescenta Sandy – Isto me faz
lembrar que não sou eu que me encontro atrás do volante, mas sim o meu Poder Superior, já que
não recorro ao álcool à procura de soluções”.
“Hoje começo a perceber como é que o Segundo Passo faz com que eu volte a sentir que
mereço a ser amado”
“Por vezes é maravilhoso – acrescenta Shermam – Outras vezes é muito difícil, mas é
sempre um dia de cada vez. Sei que o Poder Superior não me dá mais do que aquilo que eu
posso aguentar. Quando começo a sentir que é demasiado, olho para o Segundo Passo e volto a
me lembrar de que é uma loucura pensar que não vou conseguir ultrapassar. Sempre que o faço,
volto a sentir um Despertar Espiritual e nunca é um raio vindo do céu e sim apenas um
sentimento de calma, de que está tudo bem, mesmo que não pareça”.
“Sabe aquela sensação de que todas as crianças são perfeitas? Pergunta Valerie – São
tão confiantes e amorosas porque ainda ninguém lhes disse que não merecem ser amadas. Hoje
consigo voltar a ver como é que o Segundo Passo faz com que eu volte a me sentir merecedora
de amor. Não conseguia fazer isto por mim própria, pois as drogas e o álcool também não o
fizeram e por melhores que fossem meus amigos e familiares, também não o conseguiriam fazer
por mim. Sei hoje que só um Poder Superior consegue faze-lo por mim ou por outra pessoa
qualquer”.
DÚVIDAS
Ainda tem duvidas sobre o Segundo Passo? Talvez algumas reservas? Não se preocupe.
O Passo Dois não é só sobre um processo, é o processo. Desde que consigamos vir a acreditar
que um Poder Superior nos devolva a sanidade um dia de cada vez, faremos progressos
enormes na direção de uma sobriedade feliz e produtiva. Parabéns! Fez o Segundo Passo!
Está pronto agora para o Terceiro Passo. Se ainda esta a lutar, ganhe coragem, pois o
Terceiro Passo mostra-nos como podemos sentir paz e aceitação nas nossas vidas, desde que
estejamos sóbrios e decididos a entregar a nossa vontade e a nossa vida aos cuidados de Deus
tal como a concebemos. Va lá! A partir de agora é sempre melhorar!
METAS/OBJETIVOS/METODOS
METAS
OBJETIVOS
METODOS
Fazer uma lista com cinco exemplos de comportamento doentio incluindo sentimentos,
lugares e hora que estejam relacionados com os eventos. Compartilhar exemplos das
listas com colegas.
Ler o Segundo Passo do livro azul – Os 12 Passos e as 12 Tradições.
Compartilhar a auto avaliação do Segundo Passo.
PASSO DOIS
“Viemos a acreditar que um Poder maior do que nós poderia devolver-nos a sanidade”
4. Você tem confiança em Deus? Como você demonstra essa confiança no seu
dia a dia?
5. O que é insanidade?
6. Como você pode colocar em pratica esse Passo em sua vida, hoje?
“Decidimos entregar a nossa vontade e as nossas vidas aos cuidados de Deus na forma
em que O concebíamos”.
A maioria de nós entra em recuperação admitindo que a nossa maneira de lidar com a
adicção não funcionou já que se tivéssemos sido capazes de reavermos o controle sobre o nosso
uso e de mantê-lo, ou de parar de usar e manter-se parado, não estaríamos à procura de ajuda.
O livro azul dá-lhe a possibilidade de trabalhar este Passo sozinho se tal for necessário.
“Achamos muito conveniente fazer este Passo Espiritual com uma pessoa compreensiva, tal
como a nossa mulher, o nosso melhor amigo ou conselheiro espiritual. Mas para nos
encontrarmos com Deus, é melhor estarmos a sós, do que alguém que talvez não compreenda”.
Sempre que possível, converse sobre este Passo com o seu padrinho/madrinha e outros
amigos em recuperação.
Alguns já podem estar a tentar dar-lhe alguma direção, por vezes dolorosa, sobre o que
fazer com os seus obstáculos para se recuperar. O mais provável é que os seus obstáculos para
se recuperar possam fazer com que você se sinta muito defensivo, mas isso é natural. No
entanto, se conseguir identificar as suas defesas para o seu processo de recuperação, poderá
sempre reservar-se o direito de não gostar daquilo que ouve, mas mesmo assim, continuar aberto
a experiências.
OBSTÁCULOS AO 3° PASSO
VONTADE PRÓPRIA
O Passo Três fala-nos sobre entregarmos a nossa vontade e as nossas vidas. “Desculpe,
mas isso é tudo o que possuo”.
Se pudesse mandar na sua recuperação e a fizesse acontecer em uma vez, seria o fim da
historia, mas a vontade própria, sob a influência das nossas adicções, ficou descontrolada. O
desaparecimento da liberdade de escolha, em relação às drogas e ao álcool, faz parte da
natureza da adicção e por isso, a vontade de fazer escolhas saudáveis fica gravemente
danificada no adicto e no alcoólatra.
A dura realidade de ser um adicto é que você pode voltar a confiar nos seus próprios
julgamentos sobre si mesmo, tornando-se necessário colocar de lado a sua teimosia, o suficiente
para que os outros nove passos resultem consigo. Por outras palavras, significa abandonar as
suas ideias do passado sobre aquilo que o vai tornar e o manter limpo e sóbrio. Já as
experimentou antes, lembra-se?
O Passo Três pede-lhe que deixe a sua recuperação serem guiadas por uma força,
processo, grupo ou pessoa - Um Poder maior que si próprio.
A sua adicção vai se esforçar para tenta-lo controla-lo e proteger a ela própria. Lembre-se
de que quando a sua vida está descontrolada, as suas normais características positivas ficam
distorcidas. Para compensar a consciência inquietante de que o álcool ou outra droga tem
realmente controlado a sua vida, é natural que passe por um período de grande obstinação.
O objetivo de recuperação não é torna-lo num fraco, sem vontade própria, como se fosse
um zumbi, mas sim no de ter boa vontade. É preciso que tenha boa vontade suficiente para
aprender a manter-se sóbrio de uma nova forma que talvez ainda não lhe tenha ocorrido ou que a
principio não compreenda. Isto parece ser simples demais, mas espere até que o seu
padrinho/madrinha ou conselheiro (a) lhe sugira que faça algo com que não concorde ou que não
esteja disposto a fazer. Muitos recém-chegados ao Programa dizem: “Não me parece que isso
seja neste momento, o melhor para mim”. Atenção! Se estiver limpo e sóbrio há pouco tempo, é
provável que não você não seja o seu melhor juiz. Se você decidiu ter boa vontade e está pelo
menos aberto a uma nova sugestão, fale sobre o quanto detesta esta opinião, o quanto discorda
dela e de como acha que seu padrinho/madrinha é um tirano, mas faça-o, e veja o que acontece.
A NECESSIDADE DE CONTROLAR
“Concedei-me Senhor a serenidade para aceitar as coisas que não posso modificar.
Coragem para modificar aquelas que eu posso e a sabedoria para distinguir uma das outras”.
Existe nela um grande equilíbrio e realismo e a oração do controlar podia ser: “Deus, me
dá o poder de mudar tudo aquilo que eu quiser para que tudo passe a ser a minha maneira e
conceda aos outros a sabedoria necessária para concordarem comigo”.
As tentativas de controlar podem não ser sempre diretas e pode não estar a desafiar os
outros ou agir como um ditador. De fato, você pode até mesmo ser muito sincero e educado no
modo como deseja controlar a vida dos outros para o seu bem, mas o que é que acontece
quando seus esforços para controlar não funcionam? É fácil para você aceitar o mundo como ele
é ou debate-se para que ele se torne a sua maneira?
O Livro de Alcoólicos Anônimos usa a imagem do autor, cujo desejo secreto é o de dirigir.
“Cada um comporta-se como o ator que pretende dirigir todo espetáculo, que está sempre
a tentar orientar as luzes, a coreografia, o cenário e os atores a sua maneira”. Se o seu plano
seguisse a ordem por ele estabelecida e se as pessoas fizessem o que ele quer, o espetáculo
seria extraordinário. Todos, incluindo ele próprio, ficariam satisfeitos e a vida seria uma maravilha.
Ao tentar fazer esta montagem, o ator consegue até por vezes demonstrar grande virtude. Pode
mostrar-se afável, simpático, paciente, generoso e até mesmo modesto e disposto a sacrificar-se.
Por outro lado, pode ser mesquinho, egocêntrico, egoísta e desonesto, mas como a maior parte
das pessoas, é provável que se manifeste diversas destas características.
O que acontece geralmente? O espetáculo não resulta muito bem. Ele começa a pensar
que a vida não o trata como deve ser.
Então ele decide esforçar-se mais, torna-se mais exigente ou mais afável, conforme o caso
e mesmo assim, a peça não resulta como ele quer.
Admitindo estar de certo modo errado, tem a certeza de que os outros têm ainda mais
culpa, começa a zangar-se, a sentir-se indignado e com pena de si próprio. Onde está o
verdadeiro problema? Não procura o seu próprio interesse, mesmo quando tenta ser amável?
Não é vitima da ilusão, de que pode tirar satisfação e felicidade deste mundo, desde que controle
tudo como deve ser?
Há alguma coisa aqui que o descreva? Já esteve alguma vez agarrado a crença de que
tem muitas das respostas que as pessoas procuram? Se ao menos elas o ouvissem? Como se
sente quando as pessoas não ligam para o seu conselho, ou não confiam que possa obter
melhores resultados se fossem feitos a sua maneira? Controla compulsivamente todas as
pequenas coisas tais como, quando e como é que o carro vai ser lavado, onde é que o carro vai
ser lavado, onde é que os quadros se penduram, como é quese arrumam exatamente as coisas
na secretária, quem se senta aonde no restaurante, quem guia e por qual caminho?
Como é que fica quando deixa outra pessoa tomar o controle? É sempre o primeiro a falar?
Está sempre um passo a frente da maioria das pessoas? Está disposto a ouvir o ponto de vista de
outras pessoas antes de dar o seu? Se alguém comete um erro, tem que corrigir?
Se este é o seu perfil, temos boas e más noticias! As boas notícias são que muitas dessas
motivações e energia podem, com pratica, serem direcionadas para a sua recuperação. A sua
força pode estar na parte do programa que diz: “fazer as coisas acontecerem”. O seu
padrinho/madrinha, conselheiro (a), membros do grupo e outros em recuperação, podem ajuda-lo
a se beneficiar desta força. O perigo é que você pode controlar demasiado ou assumir que o seu
caminho e ritmo de recuperação são perfeitos.
Esta boa vontade para entregar alguns de seu controle, deixá-lo-á possivelmente mais
aberto à direção certeira dada por outros que sabem como se manter sóbrio. Isso o levará a sua
recuperação, podendo se modificar.
Será que isto quer dizer que nunca mais vai poder ter a iniciativa de nada, agora que está
limpo e sóbrio? Que tem de ficar sentado, esperando passivamente por alguma direção? Não!
Significa é que deve ficar aberto a mudança ou a possibilidade de que os seus planos mais
delineados possam simplesmente não funcionar. Isto é aquilo que as pessoas em recuperação
querem dizer quando falam de entregar os resultados. Poderá também ouvir falar muito sobre a
vontade de Deus. Seja quem for o seu Poder Superior, o livro azul lhe dirá também:
“A aceitação é hoje a chave do meu relacionamento com Deus. Eu nunca fico parado sem
fazer nada a espera que Ele me diga o que fazer. Pelo contrario, eu faço aquilo que preciso fazer
e entrego-Lhe os resultados, sejam eles quais forem. É essa a vontade de Deus para mim”.
IMPACIÊNCIA
Você é uma pessoa paciente? Muitos adictos e alcoólicos têm uma mentalidade de “agora
e já”. À medida que a adicção progride, vai tendo normalmente que ser alimentada cada vez mais
regularmente. Teve necessidade ou vontade de ficar drogado cada vez mais e cada vez mais
depressa? Esta necessidade ou desejo de alterar seu humor, não desaparece de repente,
quando se está limpo e sóbrio. Mesmo que seja uma pessoa relativamente desembaraçada, vai
achar difícil aguentar o tratamento, a sua família, o seu padrinho/madrinha, o conselheiro (a), os
membros do seu grupo, as reuniões, ou mesmo a si próprio, especialmente no inicio.
Tenha cuidado! Se sentir que as coisas não estão bem como deviam, fale com o seu
padrinho/madrinha ou com alguém do programa que tenha algum tempo de recuperação. Eles
sabem o que você está passando e lembre-se de que não dá para se ter dez anos de sobriedade
sem estar sóbrio durante dez anos. Não existe nenhuma versão acelerada deste programa,
portanto iremos com certeza ouvir estes slogans: “Tenha calma e não se apresse” ou “Devagar se
vai ao longe”.
Praticar a paciência põe a prova a sua serenidade e é necessário falar com alguém sobre a
frustração que sente. Melhora com o tempo. Defina prioridades e comece pelas coisas que
precisam ser feitas e que lhe são mais agradáveis. Guarde o melhor para depois, arranje alguns
minutos varias vezes ao dia para relaxar e não fazer nada. Parece fácil, mas pode fazer você ficar
doido quando experimentar.
INTOLERÂNCIA
É muito mais fácil tirar o inventario da outra pessoa do que a si próprio. Se você se
debruça sobre as falhas e as imperfeições dos outros no programa, mesmo que tenha razão, está
a impedir a possibilidade de ouvir a sabedoria de recuperação que os outros têm para dar. Pode
ser que também, você se torne impaciente ou intolerante consigo mesmo ou com suas falhas ou
com a suposta incapacidade de progredir. Verifique o que os outros pensam sobre o seu
progresso e faça uma sondagem e analise dos resultados. Pode se ter que trabalhar o programa
mais do que tem feito até agora ou talvez precise pegar um pouco mais leve.
Tomar a decisão de entregar a sua vontade e a sua vida ao Poder Superior requer
paciência para com o plano, enquanto que não é preciso ter muita paciência para tomar a decisão
do Terceiro Passo. Normalmente demora algum tempo, especialmente quando o resultado que se
quer não está a acontecer exatamente com a velocidade que deseja. À medida que se vai
avançando na recuperação, vai se tornando mais paciente e mais confortável a entrega de algum
controle.
Lembre-se, o nosso objetivo é o processo e não a perfeição. Seja paciente consigo próprio,
pois você não é nenhuma maquina em recuperação, nem um santo iluminado, mas apenas um
ser humano imperfeito que faz o melhor que sabe.
IMATURIDADE
Muita da disciplina contida nos Passos requer uma maturidade que muitos de nós éramos
incapazes ou que não queríamos desenvolver, quando estávamos a beber ou usar drogas.
Aqueles de nós que vem de famílias dependentes de químicos, não tem provavelmente
bons exemplos de comportamento maduro. Isto dificultou-nos quando chegou a hora de crescer.
Muitos de nós passamos anos a aprender a ter o que queremos e quando queremos, o
álcool e outras drogas nos iludiram a ponto de acharmos que as regras que governam os outros
não se aplicam a nós. A fé naquilo que queremos que seja verdade, juntamente com o
pensamento imaturo, podem tornar-se num obstáculo para fazermos um Terceiro Passo eficaz.
FALSO ORGULHO
Grande ego! Na verdade, ele era um vendedor razoavelmente bom que às vezes obrigava
as pessoas a comprarem os carros. Além do normal relacionamento com seus clientes, ele não
tinha qualquer vida social.
Este vendedor compreendia tão pouco as pessoas, que se afastava de quase todas,
incluindo de sua família. Tinha também dificuldades em manter-se num emprego e tendo sido
despedido varias vezes por irresponsabilidade devido ao seu uso de drogas, ficou sem trabalho e
sem um tostão. Fez de tudo para negar as consequências dolorosas de sua adicção e o falso
orgulho era seu pior inimigo.
ARROGÂNCIA / GRANDIOSIDADE
Uma jovem entrou no centro de tratamento para se tratar da sua adicção a cocaína e ao
álcool. Aparentemente parecia ter tudo o que uma jovem quer: talento, beleza, uma família que a
apoiava, uma boa educação, pose, espirito e charme.
Conhecia muitas pessoas bem relacionadas e era também uma das pessoas mais
arrogantes que pudesse existir! Apesar de suas qualidades numerosas, tinha uma visão tão
exagerada de si própria que era quase impossível deixar que alguém se aproximasse. Não ouvia
as opiniões que os seus colegas e conselheiros tinham para lhe dar e tinha ataques de fúria
quando era confrontada com sua realidade e com seu estilo de vida perigoso e descontrolado que
levava.
Desistir da arrogância ou grandiosidade não significa que tenhamos que nos tornar num
capacho ou rastejar como um inseto! Significa sim, que a recuperação evoluirá de tal forma, que
nos será mais fácil percebermos e aceitarmos abertamente as nossas imperfeições humanas.
Fazer o inventario do que o livro Azul chama de “obstáculos maiores” e trabalhos para modificar
ou eliminar os defeitos de caráter, faz parte do trabalho a ser feito do Passo Quatro ao Passo
Sete.
Construa uma base solida para trabalhar estes Passos, adotando a abertura e
receptividade que caracterizam o Terceiro Passo.
REBELDIA / AUTOSSUFICIÊNCIA
Alguns são um pouco mais sutis na sua rebeldia. Podem parecer satisfeitos com os
conselhos e diretrizes que recebem e agradece-los muito, mas vão em frente e fazem
exatamente o que lhes vem à cabeça, podem dizer uma coisa na sua frente e nas suas
costas, dizer outra completamente diferente e podem agradecer a sua ajuda de uma
maneira que o faça se sentir insultado. É preferível que seja honesto com sua rebeldia, a
gastar as suas energias a encobri-la. A maioria de nós não gosta que nos digam o que
devemos ou não fazer, preferimos pensar que somos tão autossuficientes e adultos que
podemos resolver os nossos próprios problemas. Se quisermos no recuperar, temos de
deixar de ser orgulhosos, e admitirmos que não temos as respostas para tudo. A rebeldia
impede-nos de ouvirmos informações que possam salvar-nos a vida e isto é a falsa
sensação de autossuficiência que pode nos derrotar ao invés de nos salvar. No apêndice
que se encontra no fim do livro Azul, Herbert Spencer descreve a atitude fechada com que
alguns adictos entram em recuperação.
“Há um principio que constitui uma barreira a toda informação, que resiste a
qualquer argumentação e que garante a uma pessoa a eterna ignorância – Esse princípio é
o desprezo antes da investigação”.
Você está farto da vida que tem levado – Está farto de se sentir farto e decidiu dar uma
chance a recuperação? Tenha, no entanto, cuidado quando começar a se sentir melhor. Ao
aproximar-se do Terceiro Passo, estará provavelmente a sentir-se fisicamente tão bem como há
anos não se sentia. Sente-se como novo e provavelmente é nesta fase que a sua doença o fará
sentir que não tem problema nenhum.
Se, como o Terceiro Passo sugere, é difícil entregar o controle, pode ser tentado a pensar
que já tem o controle que precisava para voltar a tomar conta da sua vida. Este é um tipo de
pensamento perigoso, especialmente no inicio da recuperação. Muitos se tornam confiantes tão
depressa, que voltam a usar novamente. Quando a confiança excessiva se instala, é tempo de
lembrar porque é que entrou em um programa de recuperação.
Mas se você não arriscar também, não terá verdadeiras recompensas. Existem em
recuperação, pessoas que se preocupam mesmo com você. Confiar em todo mundo seria uma
loucura, mas por outro lado, não confiar em ninguém em recuperação, resultará numa abstinência
solitária ou numa recaída.
O Terceiro Passo pede que tome a decisão de entregar a sua vontade e a sua vida aos
cuidados de um Poder Superior a si próprio e seja como for, você não se entregará a algo que o
quer prejudicar, que o quer controlar ou que planeje secretamente estragar lhe a vida.
Aceite e confie que amigos, colegas de grupo, padrinho/madrinha, conselheiro (a) e o seu
Deus, se preocupam genuinamente com você.
“Ofereço-me a Ti, meu Deus, para que Tu edifiques através de mim e faças de mim o que
quiseres. Liberta-me da escravidão e do ego para que eu possa cumprir o melhor a tua vontade.
Remova as minhas dificuldades e que a vitória sobre elas, sirva de testemunho do Teu poder, do
Teu amor e do Teu modo de vida, aqueles que eu possa ajudar. Que eu faça sempre a Tua
vontade!”. Se não acredita num Deus e olha para os outros, para o seu padrinho/madrinha ou
para o seu grupo como seu Poder Superior, dê um voto para os sentimentos da oração, de forma
a parecer-se num contrato entre você e o seu Poder Superior, mais ou menos do gênero:
“Concordo que serei responsável por procurar ajuda na minha recuperação. Estarei aberto às
sugestões e as direções dadas pelos outros e não terei mente fechada as suas ideias sobre a
minha recuperação. Tomo consciência que minha vontade própria nem sempre serve o meu
melhor interesse e irei procurar a ajuda de que necessito para escolher o melhor caminho. Estarei
aberto a este processo de recuperação e confiarei que o melhor que eu posso ter na minha vida é
estar satisfeito com a minha sobriedade”.
Já teve que lutar com o Passo Um e Dois e encarar algumas realidades difíceis, agora tem
de decidir – Estará disposto a abraçar os princípios de AA com o mesmo fervor com que aquele
que se está a se afogar, se agarra a uma boia de salvação? Quererá embarcar numa viagem sem
saber ao certo aonde o irá levar? Está disposto a caminhar ao lado de outros que passaram pelo
mesmo que está a passar e que o podem levar por caminhos por onde nunca pensou ir? Confiar
no processo dos Passos para guia-lo numa viagem de descobertas interiores que serão ao
mesmo tempo dolorosas e enormemente compensadoras? Pode concretizar a sua decisão do
Terceiro Passo, colocando em ação as sugestões do Quarto e Quinto Passo?
“Abandone-se a Deus como O concebe, admitindo os seus erros perante Ele e perante os
seus semelhantes. Limpe os destroços do passado, dê livremente o que quer encontrar e junte-se
a nós. Estaremos contigo na Comunidade do Espirito e ao percorrer a estrada de um destino feliz,
encontrará seguramente algum de nós. Que Deus o abençoe e o guarde – Até lá”.
Aplicar Questionário;
PASSO TRÊS
“Decidimos entregar nossas vontades e nossa vida aos cuidados de Deus da maneira
como nós O compreendíamos”
4. Como você pode colocar em pratica esse Passo, entregando sua vontade e sua vida aos
cuidados de Deus?
12. Mesmo estando sem usar drogas, continuamos compulsivos, obsessivos e egocêntricos?
O Terceiro Passo é em primeiro lugar, um passo de ação e lida com decisões e ações que
facilitam nosso crescimento espiritual e emocional. Aliás, a eficiência de todo o programa
de AA dependerá de quão bem e sinceramente tenhamos tentado chegar à decisão de
“entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, na forma em que o
concebíamos”.
O livro de AA sugere que: “achamos por bem dar esse passo espiritual com uma pessoa
compreensiva...” (cap. V – Como funciona).
1. Você acredita que (Segundo Passo) você precisa mudar? Que você tem a capacidade
de fazê-lo? Que você pode contar com ajuda disponível para efetivar as mudanças que
precisa realizar? Que você merece este esforço?
2. Falando sobre tomar decisões. Empreender ações, mudar. Você acha difícil ou fácil
estabelecer prioridades em relação ao que precisa ser mudado?
a. Você é passivo ou ativo? (Fica esperando ou age?).
b. Você adia as coisas (deixa) ou as realiza?
c. Você foge da responsabilidade ou aceita a responsabilidade?
3. O Terceiro Passo diz que decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados
de Deus na forma em que O concebíamos.
a. BOA VONTADE é a chave neste passo. Você consegue se lembrar de
momentos em sua vida em que você esteve disposto a mudar? O que ajudou
você a fazer tais mudanças?
b. Você consegue se lembrar dos momentos em que você quis mudar, mas não
procurou ajuda para fazê-lo?
4. Você percebe que teimosia, egocentrismo (pensa e fala só em si) e egoísmo (quer tudo
para si) são em si, autodestrutivos? O que em sua própria vida o faz acreditar nisso?
5. Liste cinco exemplos de decisões que você tenha tomado para entregar-se, deixar
acontecer desde que você entrou em tratamento. Coloque um asterisco (*) naqueles
exemplos que você pratica diariamente.
6. “Deus na forma em que o concebíamos”
“A maioria de nós acredita que esta consciência de um Poder Superior ao nosso é a
essência da experiência espiritual. Nossos membros mais religiosos a chamam de
consciência de Deus”.
Queremos frisar que qualquer ADICTO capaz de encarar seus problemas com
honestidade, pode a luz da nossa experiência, se recuperar, sempre que não fechar
sua mente a todos os conceitos espirituais. Somente poderá ser derrotado por uma
atitude de intolerância ou de negação beligerante.
Verificamos não fazer necessidades de que ninguém tenha dificuldade com a
espiritualidade do programa. A boa vontade, a honestidade e uma mente aberta são os
elementos necessários à recuperação. “E são indispensáveis” (Livro Azul de AA – Cap.
V – A experiência espiritual).
METAS/OBJETIVOS/METODOS
METAS
OBJETIVOS
4º PASSO
Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.
Os instintos humanos são necessários para a sobrevivência, mas muitas vezes excedem suas
funções especificas. A maioria dos problemas existentes decorrem deste excesso. O Quarto
passo tem por finalidade levar o alcoolista a perceber como, quando e onde tais excessos
provocaram deformidades emocionais, de modo a ajudá-lo a corrigi-los. A sobriedade e felicidade
dependem disso.
Quando a vida é direcionada quase que para um aspecto apenas, como por exemplo, exo, busca
de segurança, desejo de poder, ocorre um desequilíbrio que compromete a qualidade de vida do
individuo em questão e das pessoas que o cercam. Os instintos desenfreados seriam a causa
básica do beber desenfreado do alcoolista. O esforço para examiná-los pode levar a reações
graves. Alcoolistas que tendem à depressão podem mergulhar em sentimentos de culpa e de
auto-repugnância. Podem perder a perspectiva, o que vai impedir que façam o inventário moral.
Indivíduos que tendem ao orgulho ou mania de grandeza podem sentir-se diminuídos pela
sugestão deste inventário. Pensarão que os defeitos de caráter, se é que os têm, foram
provocados principalmente pelo álcool, e que um inventario desta natureza será desnecessário.
Mais um motivo para evitar um inventário seria que os problemas presentes são causados por
outras pessoas, e estas é que deveriam fazer um inventário moral. Neste momento o padrinho
vem em socorro e mostra ao alcoolista que seus defeitos são semelhantes aos de outras
pessoas. Leva-o a perceber que possui valores também. Com aquelas pessoas que acham que o
inventário não é uma necessidade, o padrinho encontra outra dificuldade, pois o orgulho não
permite que reconheça seus defeitos. “O problema é ajudá-las a descobrir uma trinca nas
paredes construídas pelo seu ego, através da qual poderão ver a luz da razão” (Os Doze Passos,
p. 37).
pelo sexo, segurança e posição social se torna o único objetivo de nossa vida, então o orgulho
entra em cena para justificar nossos excessos” (Os Doze Passos, p. 39).
Estas falhas, por sua vez, geram o medo, que gera outras falhas também. Orgulho e medo vêm à
tona quando o alcoolista tenta olhar seu interior, e dificultam o inventário. A persistência, no
entanto traz uma sensação de alívio indescritível, e uma confiança totalmente nova que são os
frutos iniciais deste passo.
Na seqüência surge a dúvida sobre por onde começar e como fazer um inventário bem feito. A
sugestão é que se inicie pelas falhas que mais incomodam. O alcoolista poderá examinar sua
conduta quanto aos instintos primários de sexo, segurança e vida social. Como sugestão também
são apresentadas diversas perguntas sobre problemas nestas três áreas (sexualidade, segurança
financeira e emocional). Os sintomas mais freqüentes a elas relativos são também analisados.
Acredita-se que alguns alcoolistas “… farão objeção a muitas perguntas feitas, por acharem que
seus defeitos talvez não tenham sido assim tão flagrantes. (…) um exame consciente é capaz de
revelar justamente os defeitos dos quais tratam as perguntas desagradáveis” (Os Doze Passos,
p. 43).
O inventário proposto pelo quarto passo deveria ser meticuloso. Para isso, a redação de
perguntas e respostas pode ajudar a pensar com clareza e a avaliar com honestidade.
LIBERTAÇÃO DA CULPA
No tocante às outras pessoas, tivemos de eliminar a palavra “culpa” de nosso vocabulário
e de nossos pensamentos.
Quando me tornei disposto a aceitar minha própria condição de impotência, comecei a perceber
que culpar a mim mesmo por todos os problemas na minha vida poderia ser uma viagem para
dentro de mim mesmo, de volta para a desesperança. Pedindo ajuda e escutando profundamente
as mensagens contidas nos Passos e Tradições do programa, foi possível mudar essas atitudes
que atrasam minha recuperação. Antes de ingressar em A. A. eu desejava tanto a aprovação de
pessoas importantes, que estava disposto a me sacrificar, bem como os outros, para ganhar
posição social. Invariavelmente eu tinha muitos desgostos. No programa encontrei verdadeiros
amigos que me amam, me entendem e procuram ajudar-me a aprender a verdade sobre mim
mesmo. Com a ajuda dos Doze Passos, sou capaz de construir uma vida melhor, livre da culpa e
da necessidade de auto-justificação.
OLHANDO DENTRO
Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.
O Quarto Passo é um esforço vigoroso e cuidadoso para descobrir em cada um de nós quais
eram e quais são nossos defeitos. Desejo descobrir exatamente como, quando e onde meus
desejos naturais se deformaram. Desejo olhar honestamente a infelicidade que isto causou aos
outros e a mim. Descobrindo quais são as minhas deformidades emocionais, posso corrigi-las.
Sem um esforço persistente e boa vontade para fazer isto, haverá pouca sobriedade ou
contentamento para mim.
Necessito ter um conhecimento claro e seguro de mim mesmo para resolver emoções confusas.
Tal percepção não acontece da noite para o dia e nenhuma autoconsciência é permanente.
Todos têm capacidade para crescer e para se conhecer através de um encontro honesto com a
realidade. Quando não evito os problemas mas os enfrento diretamente, sempre tentando
resolvê-los, eles se tornam poucos.
CONSTRUINDO O CARÁTER
Exigir dos outros excessiva atenção, proteção e amor, só pode despertar a dominação ou a
revolta…
Quando descobri minha necessidade de aprovação no Quarto Passo, não pensava considerá-la
como um defeito de caráter.
Preferia pensar que era uma qualidade vantajosa (o desejo de agradar as pessoas). Rapidamente
me mostraram que esta “necessidade” pode ser paralisante. Hoje ainda gosto de obter a
aprovação dos outros, mas não estou mais disposto a pagar o preço que costumava para
consegui-la. Não me curvo mais como uma rosca para conseguir que os outros gostem de mim.
Se consigo a sua aprovação, isto é muito bom; mas se não, eu sobreviverei sem ela. Sou
responsável por falar o que considero ser a verdade, não o que penso que os outros possam
querer ouvir.
Costumava beber devido às coisas que as outras pessoas faziam para mim. Quando vim para A.
A. me falaram para ver em que havia me equivocado. O que tinha eu a ver com todos estes
diferentes assuntos? Quando simplesmente aceitei que eu tinha uma parte neles, fui capaz de
colocá-los no papel e vê-los como eram: coisas humanas.
Não esperava ser perfeito! Fiz erros antes e farei novamente. Ser honesto a respeito deles
permitiu-me aceitá-los – e aceitar a mim mesmo – bem como aqueles com quem tinha diferenças.
IRMANDADE VERDADEIRA
Em nenhuma ocasião procuramos ser um membro da família, um amigo entre amigos, um
trabalhador a mais em nossa empresa, ou um membro útil da sociedade. Sempre nos
esforçamos para chegar até o topo do morro, ou então para nos escondermos à sombra
dele. Este comportamento egoísta impedia uma relação de companheirismo com nossos
semelhantes. Da verdadeira fraternidade pouco conhecíamos.
Esta mensagem contida no Quarto Passo foi a primeira que ouvi alta e clara: antes disso eu não
havia visto descrito em letras de imprensa! Antes de chegar em A. A. Não conhecia nenhum lugar
que pudesse me ensinar a ser uma pessoa entre as pessoas. Desde a minha primeira reunião vi
pessoas fazendo isso e eu desejava o que elas tinham. Uma das razões pelas quais hoje sou um
alcoólico sóbrio e feliz, é que estou aprendendo a mias importante lição.
Hoje não sou mais um escravo do álcool, porém, de muitas maneiras a escravidão ainda ameaça
meu ego, meus desejos e até mesmo meus sonhos. Ainda que sem sonhos eu não possa existir;
sem sonhos não há nada que me impulsione para frente.
Devo pedir a força de Deus para encarar a pessoa que mais temo, meu eu verdadeiro, a pessoa
que Deus criou para ser eu mesmo. A não ser que possa ou até que faça isto, estarei sempre
fugindo e nunca serei realmente livre. Peço a Deus, diariamente, que me mostre a liberdade!
Quando fiz meu Quarto Passo, seguindo as sugestões do Livro Grande, notei que minha lista de
ressentimentos estava cheia de meus preconceitos e de culpar os outros por não ser capaz de ter
sucesso e não aproveitar plenamente meus talentos. Também descobri que me sentia diferente
por ser negro. À medida que continuei a praticar o Passo, aprendi que sempre tinha bebido para
me livrar desses sentimentos. Somente quando fiquei sóbrio e trabalhei o meu inventário foi que
pude não culpar mais ninguém.
O PRINCIPAL CULPADO
O ressentimento é o principal culpado. Destrói mais alcoólicos do que qualquer outra
coisa. Dele nasce toda forma de doença espiritual, pois somos doentes não só física e
mentalmente mas também espiritualmente.
Quando me olho praticando o Quarto Passo, é fácil achar desculpas para os erros que fiz, porque
posso vê-los facilmente como uma questão de “desforra” de um erro feito contra mim. Se continuo
a reviver minha velha dor, isto é um ressentimento, e ressentimentos bloqueiam a luz do sol para
minha alma. Se contínuo a reviver dores e ódios, irei machucar e odiar a mim mesmo. Após anos
na escuridão dos ressentimentos, encontrei a luz do sol. Devo libertar-me dos ressentimentos,
não posso me permitir o luxo de conservá-los.
Sugere isto que eu ignore esta emoção humana? Acredito que não. Antes de conhecer o
programa de A. A., eu era um escravo dos moldes de comportamento do alcoolismo. Estava
acorrentado à negatividade, sem esperança de soltar-me.
Em minha juventude em experimentei o medo e erradamente pensava que sua mera presença
fazia de mim um covarde.
Não sabia que uma das definições de “coragem” é a “disposição de fazer as coisas certas apesar
do medo”. “Coragem”, portanto, não é necessariamente a ausência do medo.
Durante as horas em que eu não tinha amor na minha vida, com certeza tinha medo. Ter medo de
Deus é ter medo da alegria. Olhando para trás, percebo que durante as horas em que mais temia
à Deus, não havia alegria em minha vida. Quando aprendi a não temer à Deus, também aprendi a
experimentar a alegria.
Estas palavras podem ser aplicadas a mim? Eu ainda sou incapaz de formar uma verdadeira
parceria com outro ser humano? Que terrível desvantagem seria para mim levar esta minha vida
sóbria! Na minha sobriedade meditarei e rezarei, para descobrir como posso me tornar um amigo
e companheiro de confiança.
Quantas vezes em meus dias de bebedeira eu evitava um trabalho apenas porque me parecia
muito grande! Não é de se admirar que mesmo estando sóbrio por algum tempo, aja dessa
mesma forma quando me defronto com o que aparenta ser um trabalho monumental, tal como
fazer um minucioso e destemido inventário moral de mim mesmo? O que descubro, após ter
chegado ao outro lado – quando meu inventário está completo – é que a ilusão era maior do que
a realidade. O medo de olhar para mim mesmo me mantinha paralisado e, até eu tornar-me
disposto a pegar lápis e papel, eu estava detendo meu crescimento baseado numa coisa
intangível.
Guia Para o Inventário Moral do Quarto Passo De Alcoólicos Anônimos
Fazendo o inventário moral, necessitamos examinar a nós mesmos nas seguintes áreas:
a) Defeitos de personalidades;
b) Os sete Pecados Capitais;
c) Os Dez Mandamentos;
d) Virtudes, atitudes e responsabilidades
01 – Uma completa e honesta consideração dos itens acima, aplicada ao passado e ao presente.
02 – Não omitir nada por simples vergonha, embaraço ou medo. O início mais fácil é:”Que coisas me
incomodam? Em especial: o que me incomoda mais?
03 – Determinar, em particular e separadamente, as atitudes, desejos e motivações que me movem.
04 – Escrever tudo o que for encontrado ou mesmo apenas suspeitado. É necessário enfrentar-nos de
cara limpa (se desejar destrua as páginas mais tarde).
05 – Faça uma lista dos defeitos e também das qualidades. Os primeiros para eliminação; os
segundos para reconstrução.
EXEMPLO:
Quando um alcoólico deseja realizar o quarto passo de A.A., ele primeiramente examina suas
qualidades e defeitos. As qualidades são resumidamente exemplificadas aqui. Pesquise-se em você
próprio e anote-as numa folha de papel. Quanto aos defeito, de um modo geral,encontramos os que
se seguem em diversos graus:
01 – Egoísmo
02 – Álibis
03 – Pensamento desonesto (semelhante à mentira)
04 – Orgulho
05 – Ressentimento (tal como o ódio) é um dos sete pecados capitais
06 – Intolerância
07 – Impaciência
08 – Inveja (está entre os sete pecados capitais)
09 – Malandragem
10 – Procrastinação
11 – Auto-piedade
12 – Falsa sensibilidade
13 – Medo
01 – EGOÍSMO (Egocentrismo)
Definição: Preocupar-se com o próprio conforto, vantagens, etc., sem consideração com os interesses
dos outros.
EXEMPLOS:
A família gostaria de um passeio. O papai aqui prefere beber, jogar futebol, ver TV ou simplesmente
curtir a ressaca. Quem vence?
O garoto precisa de um par de sapatos. Nosso herói promete comprar no dia do pagamento, mas
compra um litro de uísque na mesma noite.
Egocêntrico – Acha que o mundo gira a seu redor. Não dança porque tem medo de parecer
desajeitado. Teme aparecer em desvantagem porque isto machucaria sua fachada perante os outros.
02 – ÁLIBIS
A arte altamente desenvolvida de justificar nossas bebedeiras mediante acrobacias mentais. Desculpa
para beber (que o alcoólico chama de razões). Confira as seguintes e adicione as de suas próprias
invenções:
“Vou tomar uma para alegrar. A partir de amanhã começo a me modificar. Se eu ao menos não
tivesse mulher e filhos para sustentar...Se não fosse minha sogra...Se eu pudesse começar tudo de
novo. Uma dose ajuda a pensar. Tanto faz me embebedar ou não, o dia está estragado mesmo...Se
fulano e beltrano não me chateassem tanto...Se eu houvesse feito as coisas de outro jeito”. E assim
por diante: sempre achamos uma desculpa ou razão.
03 – PENSAMENTO DESONESTO
(Semelhante à mentira)
Uma outra maneira de mentir. Podemos até usar verdades e fatos como base para temperá-los a
nosso gosto, apresentando-os depois exatamente como desejamos. Somos mestres no assunto. Não
é de se admirar que bebemos:
a) A minha garota vai dar a maior bronca se eu deixá-la. Não é justo aborrecer minha mulher com
esta estória. Devo continuar com as duas, portanto. Afinal, a confusão não é culpa da garota (mau
caráter, boa praça, “honesto”)
b) Se contar a nota de 100 que eu ganhei extra, o dinheiro irá para as contas atrasadas, roupas para
a família, dentista, etc. Vai acabar numa discussão tremenda. Além disso preciso de um dinheirinho
para beber. É melhor não falar nada e evitar problemas.
c) Minha mulher se veste bem, como bem, as crianças estão na escola, não falta nada em casa, que
mais eles querem?
04 – ORGULHO
Um sério defeito de personalidade,bem como um dos 7 pecados capitais. Definição: vaidade,
egoísmo, admiração exagerada por si próprio. Auto estima, arrogância, ostentação, autopromoção:
a) Você tem vergonha de contar para as pessoas que deixou de beber?
b) Comete um erro e é chamado a atenção. Como reage? Queixa-se?
c) Seu orgulho sofre quando admite não dominar a bebida?
d) O orgulho torna-se minha própria Lei. O Juiz de mim mesmo, meu próprio Poder Superior.
e) Produz as críticas, falatórios pelas costas, difamação.
f) Crio desculpas para meus erros, pois não admito minhas deficiências.
05 – RESSENTIMENTO
Como o ódio ou raiva é um dos 7 Pecados Capitais. Para muitos alcoólicos, a fraqueza mais perigosa
de todas. É o desprazer causado por injuria ou imaginado, acompanhado de irritação, exasperação ou
ódio:
a) Você é despedido, portanto, passa a odiar o chefe
b) Sua esposa alerta-o sobre o álcool. Você se enfurece.
c) Um colega está se esforçando e recebe elogios. Você tem fama de bebedor, teme que ele seja
promovido em sua frente, chama-o de puxa-saco, odeia-o.
d) Você pode alimentar ressentimentos de uma pessoa, de um grupo, de uma instituição, um clube,
de uma religião.
06 – INTOLERÂNCIA
Definição: Recusa a conviver com credos (políticos ou religiosos) e praticar costumes diferentes de
seus próprios.
a) Você pode odiar alguém por ser judeu, negro, gringo, ou por ter uma religião ou nacionalidade
diferente da sua
b) Tivemos alguma possibilidade de escolha quando nascemos branco, preto, amarelo, brasileiro ou
americano?
c) Similarmente nossa religião não é quase sempre herdada?
07 – IMPACIÊNCIA
Definição: Má vontade para suportar atrasos, oposição, dor, aborrecimento, etc. com calma.
a) Um alcoólico é uma pessoa que monta num cavalo e galopa loucamente em todas as direções ao
mesmo tempo.
b) Você reclama quando sua mulher faz esperar alguns minutos a mais do que o tempo especial que
você concedeu? Você nunca fez ela esperar?
08 – INVEJA
Também um dos sete pecados capitais. Definição: Descontentamento perante a boa estrela dos
outros.
a) O vizinho troca de carro todo o ano pois economiza para isto. Sinto-me mal por não fazer o mesmo
e contra-ataco ridicularizando-o;
b) O cunhado é um bom chefe de família, trabalhador aplicado, um tipo decente. Naturalmente,
invejoso, eu o considero “metido a besta”, convencido e esnobe.
c) A velha frase típica: “Se eu tivesse tipo as oportunidades daquele sujeito, eu também estaria por
cima”.
09 – MALANDRAGEM
Manifestação do nosso grande falso orgulho. Uma forma de mentir, desonestidade de primeira. É a
velha máscara.
a) Presenteei minha mulher com uma nova máquina de lavar por puro acaso, isto ajudou a limpar meu
cartaz depois da última bebedeira.
b) Compro um terno novo porque minha posição nos negócios exige. E espero que a família,
enquanto isso, se apresente de roupa velha.
c) O grande orador de A.A. que embasbaca os companheiros com sua sabedoria e dedicação ao
programa. Mas não tem tempo para a mulher e os filhos, nem para
cuidar do trabalho. Grande chapa na reunião, um tirano irritado em casa. Nosso herói.
d) Quando paramos para pensar, encontramos tudo realmente em ordem?
10 – PROCRASTINAÇÃO
Definição: A arte de deixar para depois, adiar as coisas que precisam ser feitas. O velho”amanhã eu
faço”.
a) Pequenas coisas sempre adiadas, tornaram-se inviáveis?
b) Engano a mim mesmo dizendo que eu vou fazer as coisas a meu modo, ou tenho que por ordem e
disciplina em meus deveres diários?
c) Posso resolver pequenos assuntos quando me pedem ou me sinto forçado a fazer pelos outros?
Ou sou apenas muito preguiçoso ou orgulhoso?
d) Coisas pequenas feitas no amor de Deus, tornaram-se grandiosas?
11 - AUTOPIEDADE
Um insidioso defeito de personalidade e um sinal vermelho de perigo. Corte imediatamente: é
preparação para a queda.
a) Todo mundo na festa está se divertindo e bebendo. Porque não posso fazer o mesmo?(Esta é a
versão longa do “pobre de mim”).
b) Se eu tivesse o dinheiro que esse cara tem...(P.S. quando se sentir assim, visite um sanatório, um
leprosário, uma enfermaria de crianças e depois relacione as bênçãos que lhe são concedidas).
12 – FALSA SENSIBILIDADE
Tipo melindroso, cheio de não-me-toques.
a) Cumprimento alguém que não me responde. Fico sentido e bravo. Foi a mim que me esnobou, só
isto que conta. Maturidade companheiro...
b) Espero ser chamado para falar na reunião, mas não o sou. Imagino toda sorte de coisas e concluo
que o coordenador não vai com a minha cara. Faz sujeira comigo, mas as coisas não ficarão assim.
13 – MEDO
Um pressentimento, real ou imaginário, de fatalidade iminente. Suspeitamos que a bebida, atos
arrojados, negligência, etc. estão nos prejudicando. Tememos o pior. Quando aprendemos a aceitar o
primeiro passo, solicitar o auxílio do Poder Superior e encarar a nós mesmos com honestidade, o
pesadelo do medo desaparece.
ORGULHO
A vaidade, egoísta: admiração exagerada por si próprio. O orgulho faz de mim minha própria lei. Juiz
da moralidade e meu próprio Deus. O orgulho produz as críticas, o falatório pelas costas, palavras
farpadas e verdadeiros assassinatos morais, tudo para elevar seu ego por comparação. O orgulho me
faz condenar aqueles que me criticam. O orgulho me fornece desculpas. E o orgulho gera:
Perversão do direito dado por Deus ao homem, de possuir coisas materiais. Desejo riqueza sobre a
forma de dinheiro ou outras coisas como um fim em si, em vez de simples meio para vários fins, tais
como atender à alma e ao corpo em suas necessidades? Para adquirir riqueza em qualquer de suas
formas, desrespeito os direitos alheios? Ser desonesto sob qualquer forma? Caso o seja, em que
grau e de que modo? Em troca de uma diária honesta, dou um dia de trabalho honesto, por exemplo?
Como utilizo as coisas que possuo? Sou pão-duro com a minha família? Gosto de dinheiro e das
posses como coisas em si? É excessivo meu amor ao supérfluo? De que maneira preservo minha
riqueza ou a aumento? Sou conivente com fraudes, perjúrios, práticas duvidosas no trato com outras
pessoas? Tento justificar-me quanto a tais questões? Chamo sovinice de economia? Chamo negócios
mais ou menos escusos de Grandes Jogadas ou Larga Visão? Chamo de “segurança” meu acúmulo
exagerado de reservas financeiras? Se presentemente, nada ou muito
pouco possuo em dinheiro e bens, que práticas imagino utilizar para obtê-los no futuro? Farei, por
assim dizer, qualquer negócio para consegui-los e enganarei a mim mesmo achando novos inocentes
para negócio s pouco ou nada inocentes?
LUXÚRIA
Gostos e desejos incontrolados pelos prazeres da carne. Sou culpado de luxuria em qualquer das
suas formas? Digo a mim mesmo que a imprópria ou indevida indulgência nas atividades sexuais é
necessária para uma “boa saúde”ou uma “vida completa”? Ou ainda para “liberdade da
personalidade”? Participo de qualquer atividade sexual fora do matrimônio? E, em casa, ajo como
homem ou como animal? Acredito mesmo que luxúria é amor ou secretamente compreendo que a
luxúria não é amor e que amor não é luxúria? Ou não sei que o sexo é apenas uma das muitas
expressões do amor moralmente limitado pelo matrimônio. Pratiquei qualquer excesso sexual que
afetou minha razão por:
INVEJA
Mau estar perante os bens dos outros. Até que ponto sou invejoso? Não gosto de ver outras pessoas
felizes ou bem sucedidas como se elas tivessem roubado aquela felicidade ou sucesso de mim? Fico
ressentido com aqueles mais espertos do que eu porque sou ciumento? Critico as vezes as boas
obras realizadas, porque secretamente gostaria de tê-las realizado eu mesmo, devido as honrarias ou
prestigio que acarretaram? Fui suficientemente invejoso de alguém a ponto de inventar ou distorcer
fatos a seu respeito? Passo adiante histórias sobre o próximo? Ser religioso inclui chamar pessoas
religiosas de hipócritas porque elas vão à Igreja e tentam ser espiritualmente melhores, embora
sujeitas às mesmas falhas humanas que eu? Marco ponto nessa também? Desaprovo o homem de
boas maneiras, sábio ou culto, de ser esnobe porque invejo a superioridade dele? Amo genuinamente
as pessoas ou sinto-me apartado delas porque as invejo por algum dos motivos acima ou quaisquer
outros?
ÓDIO
O desejo violento de punir os outros. Entrego-me as crises temperamentais, fico vingativo, alimento
impulsos de “ficar quites” ou de “não vou engolir essa?” Apelo para a violência, cerro os punhos ou “
fico uma fera”? Sou impaciente, exageradamente sensível, facilmente me melindro? Resmungo
mesmo em assuntos menores? Ignoro o fato de que a raiva impede o desenvolvimento da
personalidade e freia o processo espiritual? Compreendo que o ódio inevitavelmente prejudica a
postura mental e freqüentemente compromete o bom julgamento? Permito que a raiva me governe
mesmo sabendo que me cega para os direitos dos outros? Como posso desculpar pequenos assaltos
de raiva, sabendo que a raiva destrói o ânimo contemplativo, indispensável para atender às
inspirações do Poder Superior? Permito-me enraivecer-me quando os outros são fracos e se
enraivecem contra mim? Como posso alimentar esperanças de receber o sereno espírito de Deus em
minha alma freqüentemente agitada por explosões de raiva, mesmo de menor importância.
GULA
Abuso dos prazeres legítimos que Deus concede ao comer e beber os alimentos para a auto-
preservação? Enfraqueço minha vida moral e intelectual por excessiva ingestão de comida ou
bebida? Geralmente como em excesso e assim escravizo minha alma e caráter aos prazeres do
corpo além das necessidades razoáveis? Engano a mim mesmo dizendo que posso ser um comilão,
sem afetar minha vida moral? Alguma vez, mesmo uma única, fiquei nauseado por excesso de
bebida, aliviei-me e retornei a beber imediatamente? Bebo tanto que meu intelecto e minha
personalidade se deterioraram tanto que o orgulho pessoal e o julgamento social desapareceram?
Bebi tanto que desenvolvi um espírito de desespero, que enfraqueci minha vontade e materializei
minha vida em vez de espiritualizá-la?
PREGUIÇA
Doença da vontade que causa a negligência do dever. Sou indolente, dado a vagares, procrastinação,
despreocupação e indiferença quanto às coisas materiais? Sou apenas morno em minhas orações?
Não pratico o autodisciplina? Prefiro ler uma novela do que ler algo que requeira trabalho mental,
como o Livro Azul, por exemplo? Desanimo facilmente nas coisas que me são moral ou
espiritualmente difíceis? A sugestão para qualquer forma de esforço me deixou surdo? Sou facilmente
distraído das coisas espirituais, retornando facilmente às coisas temporais? Às vezes sou tão
indolente que executo meu trabalho sem o necessário cuidado?
01- AMAR A DEUS SOBRE TODAS AS COISAS – Deus é meu Poder Superior, ou dinheiro, fama,
posição, ocupam o primeiro lugar? Procuro antes de tudo seguir a vontade dele?
02- NÃO TOMAR SEU SANTO NOME EM VÃO – Usa uma linguagem adequada, ou pretende utilizar
palavrões na sua Face? Seria respeitoso?
03- GUARDAR OS DIAS SANTIFICADOS – Minha atitude para com a religião e as igrejas procura
respeitar a espiritualidade?
04- HONRAR PAI E MÃE – Esta é a Lei do amor, do respeito e da obediência. Como pai, mereci esta
honra?
05- NÃO MATAR – Inclui-se aqui o ódio, a raiva, o ressentimento, e os ferimentos mediante palavras.
06- NÃO COMETER ADULTÉRIO - Violei o matrimônio de outra pessoa em qualquer circunstância ?
07- NÃO ROUBAR – Inclui tapeações, golpes de qualquer espécie, “facadas” sem devolução, outros
débitos não pagos
08- NÃO LEVANTAR FALSO TESTEMUNHO – Examinar também, calúnias, maledicência, fofocas e
distorção de fatos presenciados ou não.
09- NÃO COBIÇAR A MULHER DO PRÓXIMO - Não apenas atos, não alimentar pensamentos,
vacilações e tolerância. A miséria mental, espiritual e emocional que impus a mim mesmo e aos
outros.
10- NÃO COBIÇAR OS BENS DO PRÓXIMO – Recapitule e veja: competição desonesta, as táticas,
“tipo lobo come lobo”.
Quando um alcoólico para de beber, parte de sua vida é tomada. Esta é uma perda terrível de
superar, a menos que seja reparada. Não podemos apenas jogar o álcool pela janela. A bebida
significa tudo ou quase tudo para nós. Nosso meio de encarar a vida, a chave para a fuga, a saída
para nossos problemas. Assim, para conseguirmos uma nova maneira de viver, necessitamos de um
novo jogo de ferramentas: os 12 Passos e a maneira de viver de A.A.
O mesmo princípio se aplica na eliminação dos nossos defeitos do caráter. Nós empregamos
substitutos mais adequados ao bem viver. Tal como quanto à bebida, não lutamos contra os nossos
defeitos. Nós os substituímos por coisas mais adequadas.
Use o material a seguir para analisar mais a fundo o seu caráter e também como guia para reconstruir
a si mesmo; são as suas novas ferramentas. O objetivo não é atingir a santidade nem a perfeição
absoluta. Mas obter a felicidade normal no tipo de vida que produz respeito próprio, respeito que é
amor para com os outros e segurança contra o pesadelo do alcoolismo.
01 – AS VIRTUDES DIVINAS:
FÉ – ESPERANÇA E CARIDADE
a) FÉ – O ato de deixar aquela parte do nosso destino que não podemos controlar (isto é nosso
futuro) nas mãos de um Poder Superior a nós mesmos, ou de Deus, com certeza de que Ele proverá
nosso bem estar. Fraca, de início, torna-se uma convicção profunda.
- A fé é um presente,uma graça, mas é adquirida através da dedicação, através da aceitação, de
preces cotidianas, meditação diária, com o nosso próprio esforço.
- Dependemos da Fé: Temos fé qua o jantar será servido, que o carro nos transportará, que nossos
companheiros de trabalho farão suas partes. Sem fé arrebentamos pelas costuras.
- A fé espiritual é a aceitação de nossos dons, limitação, problemas e provações com igual gratidão,
sabendo que Deus tem seu plano para nós. Como “o seja feita vossa vontade”, como nosso guia
diário, perderemos o medo, encontraremos a nós mesmos e ao nosso destino.
- A caridade é paciente,é bondosa, não inveja, não é pretensiosa, não é envaidecida, ambiciosa,
rebuscada nem provocada. Não pensa o mal nem se alegra com a maldade; antes rejubila-se com a
verdade, suporta todas as coisas, crê em todas as coisas, tem esperança em todas as coisas e resiste
a tudo...
- No seu sentido mais profundo, a caridade é a arte de viver realística e plenamente guiada pela
consciência espiritual de nossas responsabilidades e pelo nosso débito de gratidão ao Poder Superior
e ao nosso próximo.
ANÁLISE: Usei as qualidades da fé, esperança e caridade em minha vida passada? Como poderei
aplicá-las dentro de minha nova maneira de viver?
a) CORTESIA – Alguns de nós temos medo de ser cavalheiros. Preferimos fazer o tipo de grosseirão
ou de “grosso” vaidoso.
b) CONTENTAMENTO – As circunstancias não determinam nosso estado de espírito. Nós o fazemos.
Hoje me sentirei contente. Hoje procurarei a beleza da vida.
c) ORDEM – Viva apenas o dia de hoje. Organize o dia de hoje. Ordem é a primeira Lei do Paraíso
d) USO DO TEMPO – O tempo pode ser produtivo,desperdiçado ou profanado
e) PONTUALIDADE – Autodisciplina; ordem; consideração para com os outros.
f) LEALDADE – A prova de senso moral de um homem.
g) SINCERIDADE – A marca registrada do auto-respeito e da autenticidade. A sinceridade produz a
convicção, gera entusiasmo, contagia.
h) CAUTELA AO FALAR – Vigiar o seu único órgão imprevisível: a língua. Podemos ser maldosos ou
irrefletidos. Frequentemente os danos são irreparáveis.
i) BONDADE – Uma das melhores satisfações da vida. Não conhecemos a felicidade verdadeira
enquanto não aprendemos a dar de nós.
j) PACIÊNCIA – O antídoto para o ressentimento, a auto-piedade e a impulsividade.
k) TOLERÂNCIA – Requer a cortesia normal, a coragem de saber viver e deixar viver.
l) INTEGRIDADE – A qualificação máxima de um homem: honestidade, lealdade e sinceridade
m) EQUILÍBRIO – Não se leve demasiadamente a sério. Alcançamos melhor visão perspectiva se
pudermos rir de nós. Cura alfinetadas.
n) GRATIDÃO – Um homem sem gratidão é arrogante, estúpido ou ambos. Gratidão é simplesmente
o reconhecimento honesto de ajuda recebida. Use-a em sua orações, nos trabalhos dos 12 Passos,
nas suas relações familiares.
ANÁLISE: Considerando as Pequenas Virtudes, em que ponto falhei particularmente e de que forma
isto contribui para o meu problema acumulado? À quais virtudes devo prestar maior atenção para
minha reformulação?
a) Um plano de ação bem feito para hoje. Não deixe, entretanto, que sua simplicidade o engane. Este
plano nos acerta direto nos pontos sensíveis.
b) Viva um dia de cada vez. Controle o problema da bebida hoje. Ontem já passou. Amanhã talvez
nem chegue. Hoje é nosso.
Apenas por hoje, tentarei viver apenas o dia de hoje e não enfrentar o problema da vida logo de uma
só vez. Durante apenas 12 horas consigo realizar certas coisas que me esmagariam, caso tivesse de
executá-las durante minha existência toda.
Apenas por hoje serei feliz. Isto aplica em ser verdade o que disse Lincoln:”A maior parte das pessoas
é feliz quando decide sê-lo”. Apenas por hoje me ajustarei às coisas como elas são, em lugar de
ajustar as coisas aos meus próprios desejos. Aceitarei a minha sorte como vier e tentarei caber dentro
dela.
Apenas por hoje tentarei aprimorar minha mente. Estudarei algo. Aprenderei algo. Não serei um
preguiçoso mental. Lerei alguma coisa que requer esforço, raciocínio e concentração. Por que não o
Livro Azul?
Apenas por hoje exercitarei minha alma de três maneiras. Auxiliarei alguém e não deixarei que o
saibam. Se alguém descobrir, não valeu. Farei no mínimo duas coisas que não tenho vontade de
fazer, apenas como treinamento. E, por fim, não demonstrarei a ninguém que os meus sentimentos
estão feridos, mas hoje eu me dominarei.
Apenas por hoje seguirei um plano. Posso não seguir a risca, mas tentarei. Com isso me livrarei de
duas pestes: pressa e indecisão. Apenas por hoje reservarei uma meia hora apenas para mim, para
me descontrair. Durante algum momento desta meia hora tentarei obter uma melhor perspectiva da
minha vida.
Apenas por hoje não terei medo. Especialmente, não terei medo de gozar aquilo que for belo e de
acreditar em que, dando para o mundo, o mundo também dará para mim.
Apenas por hoje serei agradável. Cuidarei de minha aparência, procurarei me vestir corretamente,
falar em tom moderado, agir cortesmente, não fazer nenhuma crítica, não procurar defeito em nada,
não tentar melhorar ninguém nem ditar regulamento a pessoa alguma.
04 – ATITUDES
05 – RESPONSABILIDADE
A – Com Deus:
1 – Cultivo meus amigos e o que posso extrair deles? Minha amizade leva etiqueta de preço?
2 – Francamente estou interessado nos meus vizinhos, suas crianças, e bem estar de nossas igrejas,
escolas e projetos comunitários? Ou não ligo a mínima?
3 – Considero-me um cidadão de valor para a minha cidade e para meu País ou estou aproveitando
as boas coisas, como todos, de graça? Sou um membro respeitador e respeitável da minha
comunidade?
4 – “Ama ao próximo como a ti mesmo” aplica-se a minha relação com as pessoas, ou sou eu
primeiro e sempre o primeiro.
B – Comigo próprio :
1 – Determinar o que desejo na vida e procurar ajuda necessária para as realizações indispensáveis:
coragem, intelecto, esforço e tempo.
2 – Decorar minhas obrigações diárias, reconhecendo que o cumprimento delas é indispensável e
essencial para a paz de espírito e a sobriedade.
3 – Colocar as coisas mais importantes em primeiro lugar, aceitar o que precisa ser aceito e nunca
mais enganar ou decepcionar a mim mesmo.
4 – Olhar para as maravilhas e as belezas da vida, em lugar de buscar o panorama errado.
5 – Mudar o velho álibi: “Não agüento mais” – por “Aguento isto e muito mais ainda, por hoje”.
1- Lembro-me sempre que “A Deus e ao A.A. devo o renascimento”. Minha obrigação é dupla. Ser o
melhor AA e por o A.A. ao alcance dos outros.
2- Meu conhecimento de alcoolismo e dos princípios do A.A. não valem nada, a menos que eu os
explique constantemente. E é indispensável para manutenção da sobriedade o comparecimento
regular às reuniões.
3- Minha sobriedade depende não da admissão, mas da aceitação e prática dos 12 Passos.
4- Contribuir para a melhoria de meu grupo. Se atualmente a idéia, de uma reunião for rememoração
de porres passados, surgirá material mais sólido, tal como discutir qualquer um dos DOZE PASSOS
5- Veja como você vive. Para mim e para cada membro. De um exemplar do Livro Azul para outras
pessoas que jamais o leram.
Para muitos membros de A. A.o medo e a relutância são muito intensos em relação a este
passo. Mais fácil é admitir de uma maneira generalizada, que quando bebiam, tornavam-se
maus elementos. O preço a ser pago por esta superficialidade costuma ser alto, pois
carregar o peso sozinho manta a culpa, irritabilidade, depressão e ansiedade.
A humildade é outra grande dádiva que se alcança ao admitir os próprios defeitos perante
outra pessoa. Esta admissão conduz a um maior realismo e honestidade do alcoolista a
respeito de si próprio.
Pode surgir a ideia de fazer a admissão das falhas diretamente com Deus, pois enfrentar
outra pessoa é mais embaraçoso. É verdade que a opinião dos outros pode apresentar
falhas, mas sendo mais específica, torna-se de grande valia para um iniciante ainda
inexperiente em relação a um contato com um Poder Superior.
A escolha da pessoa para realizar este passo deve ser cuidadosa. Para alguns, uma
pessoa totalmente estranha poderá ser a melhor escolha. O contato e a aproximação com
esta pessoa requerem decisão e força de vontade, mas após uma explicação cuidadosa, o
contato flui com facilidade, e a sensação de alívio é grande.
Para muitos alcoolistas é neste momento que começam de modo real a sentir a presença
de Deus. A saída do isolamento pelo compartilhar o peso terrível da culpa conduz a um
espaço de descanso no qual é possível preparar-se para os passos seguintes.
Desde que é verdade que Deus vem para mim através das pessoas, posso ver que
mantendo as pessoas à distância. Deus está muito mais perto de mim do que eu penso, e
posso senti-lo amando as pessoas e permitindo que elas me amem. Mas não posso nem
amar e nem ser amado, se permito que meus segredos finquem no caminho.
O meu lado que recuso olhar é que me governa. Devo ter disposição para olhar o lado
negro, a fim de curar minha mente e o meu coração, porque este é o caminho da
liberdade. Devo caminhar na escuridão para encontrar a luz, e caminhar no medo para
encontrar a paz.
Revelando meus segredos – e assim me livrando da culpa – posso de fato mudar meu
pensamento; alterando o meu pensamento; posso mudar a mim mesmo. Meus
pensamentos criam meu futuro. O que serei amanhã é determinado pelo que penso hoje.
Meu passado não é mais uma autobiografia; é um livro de referência para ser tirado da
estante, aberto e compartilhado. Hoje quando relato por dever, sai a mais maravilhosa
pintura, porque, embora este dia negro – como acontece com alguns dias – as estrelas
brilharão com mais intensidade mais tarde. Em um futuro muito próximo serei chamado
para atestar que elas brilham. Todo meu passado será neste dia parte de mim, porque é a
chave não a fechadura.
LIMPEZA DA CASA
De algum modo, estar sozinho com Deus não parece ser tão embaraçoso quanto enfrentar
outra pessoa. Até que resolvamos sentar e falar em voz alta a respeito das coisas que há
tempos temos escondido, nossa disposição de “limpar a casa” é meramente teórica.
Era até comum para mim falar com Deus e comigo mesmo sobre meus defeitos de caráter.
Mas, sentar-me cara a cara e discutir abertamente estas intimidades com outra pessoa
era muito difícil. Nessa experiência eu reconheci, entretanto, um alívio semelhante ao que
experimentei quando admiti pela primeira vez que sou um alcoólico. Comecei então a
apreciar o significado espiritual do programa, e a compreender que este Passo era apenas
uma introdução do que ainda estava por vir nos restantes sete Passos.
“INTEIRAMENTE HONESTO”
Se esperamos viver felizes por muito tempo neste mundo, precisamos ser inteiramente
honestos com alguém.
Como todas as virtudes, a honestidade é para ser compartilhada. Ela começou após eu
compartilhar “.. toda (minha) história de vida com alguém…” A fim de encontrar o meu
lugar na Irmandade. Mais tarde compartilhei minha vida a fim de ajudar o ingressante a
achar o seu lugar conosco.
A FLORESTA E AS ÁRVORES
… aquilo que nos vem, enquanto estamos sós, pode ser deturpado pelos nossos anseios e
auto justificativas. A vantagem em falar com outra pessoa é que podemos, de forma
direta, obter seus comentários e conselhos sobre a nossa situação…
Não me lembro de quantas vezes me senti raivoso e frustrado e disse para mim mesmo:
“As árvores me impedem de ver a floresta!” Finalmente percebi de que quando estava
sofrendo dessa maneira, é que necessitava de alguém que pudesse me guiar em separar a
floresta e as árvores; que pudesse me sugerir um caminho melhor para seguir; que
pudesse me ajudar a apagar o fogo; e me ajudar a evitar as rochas e armadilhas.
“NADA ESCONDA”
A inteira confiança depositada naquele com quem compartilharemos nossa auto-análise,
bem como nossa boa disposição, serão as provas verdadeiras da situação… Desde que
você não esconda nada, sua sensação de alivio aumentará de minuto a minuto. As
emoções reprimidas durante anos saem de sua clausura e, milagrosamente, desaparecem
aos serem expostas. À medida que a dor diminui, uma tranqüilidade benéfica a substitui.
Acredito que se eu procurar Deus posso encontrar uma maneira de vier melhor e peço a
Ele todo dia para me ajudar a viver uma vida sóbria.
Devo fazer qualquer coisa para me libertar, se eu desejo encontrar esta paz de espírito
que tenho procurado por tanto tempo. Contudo, nada disto deve ser feito às custas dos
outros. Egoísmo não tem lugar na maneira de vida de A. A.
Quando faço meu quinto Passo, é mais sábio escolher uma pessoa com quem compartilho
objetivos comuns, porque se essa pessoa não me entende, meu progresso espiritual pode
ser retardado e posso estar em perigo de recair. Assim, peço orientação divina antes de
escolher o homem ou a mulher que terá a minha confiança.
UM LUGAR DE DESCANSO
Todos os Doze Passos de A. A. nos pedem para aturar em sentido contrário aos nossos
desejos naturais, todos desinflam nosso ego. Quando se trata desse assunto, poucos
Passos são mais duros de aceitar que o Quinto. Mas, dificilmente, qualquer deles é mais
necessário à obtenção da sobriedade prolongada e à paz mental do que este.
Após escrever meus defeitos de caráter, estava sem disposição de falar sobre eles, e
decidi que era a hora de parar de carregar esta carga sozinho. Precisava confessar estes
defeitos a alguém. Tinha lido – e tinham me falado – que não podia me manter sóbrio a não
ser que o fizesse.
Quando fiz meu Quinto Passo, tornei-me consciente de que todos os meus defeitos de
caráter se originavam da minha necessidade de me sentir seguro e amado. Usar somente
a minha vontade para trabalhar com meus defeitos e resolver o meu problema eu já havia
tentado obsessivamente. No Sexto Passo aumentei a ação que tomei nos três primeiros
Passos – meditando no Passo, dizendo-o várias vezes, indo às reuniões, seguindo as
sugestões de meu padrinho, lendo e procurando dentro de mim mesmo. Durante os três
primeiros anos de sobriedade tinha medo de entrar num elevador sozinho. Um dia decidi
que tinha de enfrentar este medo. Pedi ajuda a Deus, entrei no elevador e ali no canto
estava uma senhora chorando. Ela disse que desde que seu marido havia morrido ela tinha
um medo mortal de elevadores. Esqueci meu medo e a confortei. Esta experiência
espiritual ajudou-me a ver como a boa vontade era a chave para trabalhar o resto dos
Doze Passos para a recuperação. Deus ajuda aqueles que se ajudam.
AFINAL, LIVRE
Outra grande dádiva que podemos esperar por confiar nossos defeitos a outro ser humano
é a humildade – uma palavra freqüentemente mal compreendida… representa um claro
reconhecimento do que e quem somos realmente, seguido de um esforço sincero de ser
aquilo que poderíamos ser.
Sabia no fundo do meu ser que se quisesse ser alegre, feliz e livre para sempre, tinha de
compartilhar minha vida passada com outra pessoa. A alegria e o alívio que senti após
fazer isto estão além de qualquer descrição. Quase que imediatamente após fazer o
Quinto Passo, me senti livre da escravidão do ego e da escravidão do álcool. Esta
liberdade permanece após 36 anos, um dia de cada vez.
Descobri que Deus podia fazer por mim o que eu não podia fazer sozinho.
O PASSADO TERMINOU
A experiência de A. A. nos indicou que não podemos viver sozinhos com problemas
persistentes bem como com os defeitos de caráter que os causam e os agravam. Se … o
Quarto Passo … tem realçado aquelas experiências que preferimos não lembrar … então,
torna-se mais imperativo do que nunca desistir de viver sozinhos com esses fantasmas
torturantes do passado. É preciso falar com alguém a respeito.
O que foi feito, feito está. Não pode ser mudado. Na minha atitude sobre o assunto pode
ser mudada, conversando com aqueles que vieram antes e com os padrinhos. Posso
desejar que o passado nunca tenha sido, mas se mudo minhas ações quanto ao que fiz,
minha atitude mudará. Não preciso desejar que o passado desapareça. Posso mudar meus
sentimentos e atitudes, porém somente através de minhas ações e da ajuda de meus
companheiros alcoólicos.
Certamente não fugi à oportunidade de ver que eu era, especialmente quando as dores de
minhas bebedeiras pairavam sobre mim como uma nuvem escura. Contudo, logo ouvi nas
reuniões a respeito do companheiro que simplesmente não queria praticar o Quinto Passo
e continuava vindo às reuniões, trêmulo pelos horrores de reviver o seu passado. A
maneira mais fácil e suave é praticar estes Passos para nos libertar de nossa doença fatal
e colocar nossa fé na Irmandade e em nosso Poder Superior.
Humildade soa muito como humilhação mas, na realidade, ela é a capacidade de olhar
para mim mesmo – e honestamente aceitar o que vejo. Não preciso ser o “mais esperto”
nem o “mais estúpido” ou qualquer outro “mais”. Finalmente é muito bom ser “eu” mesmo.
É mais fácil para mim aceitar-me se compartilhar toda a minha vida. Se não posso
compartilhar nas reuniões, então é melhor ter um padrinho – alguém com que eu possa
compartilhar “certos fatos” que podem me levar de volta à bebida e para a morte. Preciso
praticar todos os Passos. Preciso do Quinto Passo para aprender a verdadeira humildade.
Métodos mais fáceis não funcionam.
Que grande sentimento é o perdão! Que revelação sobre minha natureza emocional,
psicológica e espiritual. Tudo que se precisa é boa vontade para perdoar: Deus fará o
restante.
… E PERDOAMOS
Com muita dificuldade tenho procurado sempre perdoar as outras pessoas e a mim
mesmo.
Perdoar a si mesmo e perdoar aos outros são duas correntes do mesmo rio, ambas
retardadas ou interceptadas completamente pela represa do ressentimento. Uma vez que
a represa é aberta, ambas as correntes podem fluir. Os Passos de A. A. Permitem-me ver
como o ressentimento cresceu e em conseqüência bloqueou esse fluxo em minha vida. Os
Passos fornecem uma maneira pela qual meus ressentimentos podem ser dispersados –
pela graça de Deus como eu O entendo. É como resultado desta solução que posso achar
a graça necessária que me dá condições de perdoar a mim mesmo e aos outros.
5.1 – Todos os Doze Passos de A.A. nos pedem para atuar em sentido contrário aos nossos
desejos naturais…Porquê?
5.2 – Por que poucos passos são mais duros de aceitar que o Quinto?
5.3 – Podemos viver sozinhos com os problemas e que os defeitos de caráter causam e
agravam?
5.4 – De que forma o quinto Passo nos auxilia a viver conviver com essas
experiências e fatos de nosso passado realçados pelo “holofote” do Quarto Passo ?
5.5 – Nosso medo e relutância fazem com que procuremos “uma maneira mais fácil”. Quais os
perigos dessa atitude?
5.6 – Tentara “carrega o peso” sozinho pode causar instabilidade, ansiedade, depressão e
remorso. Como obter alívio?
5.7 – Admitir os próprios pecados a outro é alguma novidade inventada pelo A.A. ?
5.10 – Acha que grande parte dos A.As. teriam conseguido manter sua sobriedade sem a
corajosa admissão de seus defeitos perante outro ser humano?
5.11 – Acha que pode levar para a sepultura as lembranças aflitivas e humilhantes?
5.12 – Por que o Quinto Passo nos livra das sensações de isolamento?
5.13 – …”Era como se fôssemos atores num palco, subitamente reconhecendo que não
sabíamos uma só linha do nosso papel. Eis uma das razões pela qual amávamos o álcool. Ele
nos permitia desempenhar nosso papel a qualquer tempo.”…
5.14 – Quando chegamos ao A.A. nos encontramos entre pessoas que pareciam nos entender, a
sensação de “fazer parte” de alguma coisa era emocionante. Achávamos que problema do
isolamento havia terminado. Porém logo descobrimos…
5.15 – Acredita que a prática desse passo nos fortalece a esperança de possamos vir a ser
perdoados? Por quê?
5.16 – …Foi somente quando demos o Quinto Passo com resolução que “soubemos”, em nosso
íntimo , que poderíamos aceitar o perdão e perdoar também.
5.17 – Confiar nossos defeitos a outro ser humano nos ajuda a caminhar no sentido da
humildade?
5.19 – Pode-se corrigir um defeito sem antes ver claramente o que ele é? Basta ver?
5.20 – Mesmo desejando muito, acha possível livrar-se dos defeitos sozinho?
5.21 – Autoengano nos causou uma série de problemas. Como poderemos nos assegurar de não
persistir no autoengano?
5.23 – Ainda perturbados pelo medo, pela auto piedade, ou outros sentimentos feridos, temos
condições de nos avaliar com justiça e equilíbrio?
5.24 – Por quê Deus, na forma em que O concebemos, não pode nos contar diretamente onde
estamos errados?
5.25 – Por quê não podemos fazer a admissão direta e somente a Ele?
5.26 – Por quê é necessária a interferência de uma terceira pessoa neste assunto de Quinto
Passo?
5.27 – Enfrentar “Deus” parece ser tão embaraçoso quanto enfrentar outro ser humano?
5.28 – Tratando-se de assuntos espirituais, andar sozinho é perigoso. Concorda? Por quê?
5.29 – Por quê, embora possam conter falhas, os comentários de outra pessoa podem nos
atender melhor do que uma suposta “orientação direta de Deus”?
5.31 – A pessoa que nos auxilia no Quinto Passo tem que ser nosso padrinho em A.A.?
5.32 – Se seu relacionamento com seu padrinho só permite que você revele parte de sua história,
como agir?
5.33 – A pessoa que nos auxilia no Quinto Passo pode estar inteiramente desligada do A.A.?
5.34 – Quais, na sua opinião, as qualidades ou condições que devemos buscar na pessoa que
nos auxiliará na prática do Quinto Passo?
5.35 – Você já praticou o Quinto Passo? Qual foi a sensação? Quais foram os resultados?
5.36 – Como abordar a pessoa que nos auxiliará na prática do Quinto Passo?
6º PASSO
Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de
caráter.
De acordo com um clérigo considerado um dos melhores amigos de A. A., uma pessoa
disposta a “… experimentar o sexto passo com respeito a todos seus defeitos – em
absoluto sem qualquer reserva – tem realmente andado um bom pedaço no campo
espiritual…“ (Os Doze Passos, p. 53). A maioria dos membros de A .A. afirma que Deus
pode, sob certas condições remove estes defeitos de caráter. Para comprovar isso é
apresentado o testemunho de um alcoolista, que, de maneira similar, é repetido
diariamente em todo mundo nas reuniões de A. A.
Esta é a medida de nossos defeitos de caráter ou, se preferirmos, de nossos pecados” (Os
Doze Passos, p. 55). Deus certamente não nega o perdão para aqueles que o pedem, mas é
preciso que se coopere na continuidade da edificação do caráter. Algumas imperfeições
podem ser eliminadas, mas, “… com a maioria teremos que nos contentar com o melhorar
paulatinamente” (Os Doze Passos, p. 55).
Necessário se faz reconhecer que alguns defeitos se prestam para regozijo: sentir-se um
pouco superior ao outro; falar em amor para poder esconder a lascívia. Outras
imperfeições também são analisadas, como o rancor, gula, inveja, preguiça. Como não são
muito prejudiciais, poucas pessoas têm disposição para delas abdicar.
Outras pessoas podem acreditar que estão preparadas para permitir a remoção de todos
os seus defeitos. No entanto, em levantamento das imperfeições menos acentuadas,
teriam que admitir que prefeririam manter algumas delas. São poucas as pessoas, ao que
parece, que têm prontidão para buscar rápida e facilmente a perfeição espiritual e moral.
A aceitação de todas as implicações do sexto passo é uma meta a ser perseguida. Não é
possível praticar com perfeição este e os demais passos, com exceção do primeiro. O
importante é começar e persistir. O que se sugere é manter a disposição para iniciar
persistir na busca pela perfeição.
Um alerta é feito para não postergar por prazo indefinido a lida com algumas das
imperfeições: várias delas devem ser enfrentadas e requerem medidas para o quanto
antes serem removidas.
Quando fiz meu Quinto Passo, tornei-me consciente de que todos os meus defeitos de
caráter se originavam da minha necessidade de me sentir seguro e amado. Usar somente
a minha vontade para trabalhar com meus defeitos e resolver o meu problema eu já havia
tentado obsessivamente. No Sexto Passo aumentei a ação que tomei nos três primeiros
Passos – meditando no Passo, dizendo-o várias vezes, indo às reuniões, seguindo às
sugestões de meu padrinho, lendo e procurando dentro de mim mesmo. Durante os três
primeiros anos de sobriedade tinha medo de entrar num elevador sozinho. Um dia decidi
que tinha de enfrentar este medo. Pedi ajuda a Deus, entrei no elevador e ali no canto
estava uma senhora chorando. Ela disse que desde que seu marido havia morrido ela tinha
um medo mortal de elevadores. Esqueci meu medo e a confortei. Esta experiência
espiritual ajudou-me a ver como a boa vontade era a chave para trabalhar o resto dos
Doze Passos para a recuperação. Deus ajuda aqueles que se ajudam.
O Quarto e Quinto Passos são difíceis, mas de grande valor. Agora estava parado no Sexto
Passo e, um desespero, pequei o Livro Grande e li esta passagem. Estava fora, rezando
por vontade própria, quando levantei meus olhos e vi um grande pássaro subindo para o
céu. Eu o observei subitamente entregar-se às poderosas correntes de ar das montanhas.
Levado pelo vento, mergulhando e elevando-se, o pássaro fez coisas aparentemente
impossíveis. Foi um exemplo inspirador de uma criatura “soltando-se” para um poder
maior que ela própria. Percebi que se o pássaro “retomasse seus controles” e tentasse
voar com menos confiança, apenas com sua força, poderia estragar o seu aparente vôo
livre. Esta percepção me deu disposição para rezar a Oração do Sétimo Passo.
Nem sempre é fácil conhecer a vontade de Deus. Devo procurar e estar pronto para
aproveitar as correntes de ar, pois é ai que a oração e a meditação ajudam. Porque por
mim mesmo eu não sou nada, peço a Deus que me conceda o conhecimento de sua
vontade, força e coragem para transmiti-la hoje.
INTEIRAMENTE PRONTO?
“Este é o Passo que separa os adultos dos adolescentes…” … a diferença entre “os
adultos e os adolescentes” é igual à que existe entre a luta por um objetivo qualquer de
nossa escolha e a meta perfeita que é Deus… Sugere-se que devemos estar inteiramente
dispostos a procurar a perfeição… No momento em que dizemos: “não, nunca”, nossa
mente se fecha para a graça de Deus. .. Este é o ponto exato em que teremos de
abandonar nossos objetivos limitados e avançar em direção à vontade de Deus para
conosco.
Estou inteiramente pronto a deixar que Deus remova estes defeitos de caráter?
Reconheço que não tenho condições de salvar a mim mesmo? Vim a crer que não posso.
Se sou incapaz, se minhas melhores intenções dão errado, se meus desejos têm uma
motivação egoística e se meu conhecimento e minha vontade são limitados – então estou
pronto a admitir a vontade de Deus em minha vida.
Ao fazer o Sexto Passo, lembrei que estou lutando por alcançar um “progresso espiritual”.
Alguns de meus defeitos de caráter ficarão comigo pelo resto de minha vida, mas muitos
foram suavizados ou eliminados. Tudo que o Sexto Passo pede de mim é que me torne
disposto a nomear meus defeitos, reconhecer que são meus e estar disposto a me livrar
daqueles que puder, só por hoje. Quando cresço no programa, muitos dos meus defeitos
tornam-se mais censuráveis para mim que anteriormente, portanto, preciso repetir o Sexto
Passo para que possa ser mais feliz comigo mesmo e manter minha sobriedade.
Quando caminho para a luz de A. A., meu coração fica pleno da presença de Deus.
Quando rezava, costumava omitir muitas coisas que eu precisava que fossem perdoadas.
Pensava que se não falasse dessas coisas para Deus, Ele nunca ficaria sabendo sobre
elas.
Não sabia que se eu tivesse me perdoado por algumas das minhas ações passadas, Deus
me perdoaria também. Sempre fui instruído a me preparar para a jornada da vida, nunca
percebendo até chegar em A. A. que a própria vida é a jornada – quando então
honestamente tornei-me disposto a aprender a perdoar e a ser perdoado. A jornada da vida
é algo muito feliz, desde que eu esteja disposto a aceitar uma mudança de vida e
responsabilidade.
A fofoca mostra a sua feia cabeça durante um café ou um lanche com os sócios de
negócios, ou posso fofocar à noite, quando estou cansado das atividades do dia e me sinto
justificado em reforçar meu ego às custas de alguém.
Defeitos de caráter como a fofoca se introduzem em minha vida quando não estou fazendo
um esforço constante para praticar os Doze Passos. Preciso lembrar a mim mesmo que
minha unicidade é a benção de meu ser, e que isso se aplica igualmente a qualquer um
que cruze meu caminho. Hoje, o único inventário que preciso fazer é o meu. Deixo o
julgamento dos outros para o Juízo Final – a Divina Providência.
Antes de falarmos sobre o SEXTO PASSO, seria oportuno contextualizá-lo no conjunto dos
DOZE PASSOS.
Para mim, essa INSPIRAÇÃO é um contacto com uma realidade SUPERIOR, TOTAL, que
está aqui e agora, presente em todos os momentos, regendo todo o Universo. Mas, não a
vemos, não a apalpamos e, assim, não conseguimos descrevê-la racionalmente.
Esse sistema já foi percebido em outras épocas, por outras pessoas, que o traduziram em
linguagens diferentes, Jesus usou os 12 apóstolos para nos dizer de 12 naturezas
humanas, pelas quais devemos passar para chegar a Ele, ao homem perfeito.
A astrologia, que data de mais de 5.000 anos, também colocava o homem viajando por 12
astros, transitando por 12 forças, 12 percepções diferentes da realidade, traduzidas em 12
signos do zodíaco, sempre em busca da totalidade, da integralidade de si.
Pois bem. O homem sente que lhe falta algo; não compreende o quê; e busca preencher
esse vazio – às vezes com bebida, com drogas, com ideologias.
Os DOZE PASSOS são uma linguagem universal. Por isso, podem ser utilizados pelos
alcoólicos, para expulsar sua obsessão pela bebida, tornando-o um homem íntegro; podem
ser utilizados pelo dependente de drogas; pelo comedor compulsivo; pelo fumante; enfim,
para qualquer plano de vida, que proponha uma integralidade física, psíquica, emocional e
espiritual. É isso que os DOZE PASSOS nos oferecem: um caminho para o SER INTEGRAL.
Assim, os 4 primeiros Passos representam o primeiro nascimento: crianças inocentes e
irresponsáveis ainda, é a primeira AÇÃO do homem diante de um mundo desconhecido e
ameaçador: admitimos nossa impotência (perante o álcool), constatamos a existência de
um PODER SUPERIOR a nós, entregamos nossa vida aos SEUS cuidados e começamos a
nos conhecer, fazendo um minucioso inventário de nós mesmos.
Nos 4 Passos seguintes (5, 6, 7 e 8), admitimos os nossos defeitos e a nossa impotência
diante deles; nos prontificamos para que o PODER SUPERIOR os remova, introduzindo,
como instrumento, a ORAÇÃO; e constatamos a nossa necessidade do OUTRO; fazemos,
então, uma relação de todos a quem prejudicamos.
O SEXTO PASSO nos propõe ESTAR DIANTE DESSES DEFEITOS, MAS SEPARADO DELES,
NÃO PERTENCENDO A ELES. O que o SEXTO PASSO nos propõe é o DESAPEGO: é ver o
nosso EGO sem críticas, sem julgamentos, sem justificativas, sem culpas. Ver nossos
defeitos, imparcialmente, é prontificar-se para DEUS.
É aquela ENTREGA que fizemos no primeiro passo – admitimos que éramos impotentes
perante o álcool – mas, agora, em outro nível, no nível do homem adulto, que já se
conhece e, por isso, admite que é impotente perante o seu próprio ego, sua própria
personalidade, perante as circunstâncias de sua vida, perante os outros, e, assim, entrega
tudo isso também ao PODER SUPERIOR.
Aqui, permitimos que a vontade do PODER SUPERIOR seja feita.
Existe uma tradução livre do Pai-Nosso, diretamente do aramaico, a língua de Jesus, que
nos fala mais profundamente acerca do perdão que a costumeira oração recitada pelos
cristãos: “Desfaz os laços dos erros que nos prendem, assim como nós liberamos as
amarras com que aprisionamos a culpa dos nossos irmãos. Desembaraça-nos dos nós
internos, para que possamos restaurar em nossos corações os laços simples que nos
unem a outros seres”.
3 - Por que não conseguimos nos libertar de qualquer outro problema ou defeito da mesma forma
que conseguimos nos libertar da obsessão pelo álcool?
4 - A maioria das nossas dificuldades pode ser comparada à nossa obsessão pelo álcool?
10 - Qual a melhor atitude possível de se tomar para iniciar o processo de edificação do caráter?
13 - Não! Ainda não posso renunciar a isto! Ou: A isto jamais renunciarei?
14 - Podemos nos congratular por escapar dos extremos, por termos nos livrado dos empecilhos
mais salientes?
16 - Se livrar dos maiores empecilhos não pode ter sido motivado por interesse próprio.
20 - Falar de amor da boca pra fora pode ser encarado como uma tentativa de esconder a
lascívia num canto escuro da mente?
23 - Será que podemos sentir prazer em ser aborrecido por outra pessoa, só para ter a sensação
de nos sentirmos um pouquinho superior a ela?
25 - Quando criticamos, estamos tentando ajudar ou tentando proclamar nossa própria retidão?
29 - Trabalho mais que o necessário para estar seguro, ou para desfrutar mais tarde da preguiça,
só que chamando-a de "aposentadoria"?
31 - Admito que gostaria de ficar com alguns de meus defeitos mais brandos?
32 - Poucos parecem estar prontos, rápida e facilmente, para seguir rumo à perfeição espiritual.
Por quê?
33 - A diferença que existe entre o "adulto e o adolescente" é igual à que existe entre a luta por
um objetivo de nossa escolha e a meta perfeita que é Deus. Concorda? Por quê?
35 - No que diz respeito ao Sexto Passo, a única coisa urgente é que comecemos e seguimos
tentando...
36 - Precisamos fazer uma nova tentativa no sentido de limpar a mente dos preconceitos?
37 - Precisamos erguer nossos olhos em direção à perfeição e estar prontos para caminhar nessa
direção?
7º PASSO
Humildemente rogamos a Ele que nos livrasse de nossas imperfeições.
A humildade é necessária para cada um dos doze passos, e este é o passo que trata mais
especificamente dela. “… Sem um certo grau de humildade, nenhum alcoólatra poderá
permanecer sóbrio” (Os Doze Passos, p. 61). Para poder ser feliz, o alcoolista precisa
desenvolver a humildade em um grau maior do que aquele estritamente necessário para a
sobriedade.
De maneira geral, a humildade não é uma qualidade valorizada. “Uma boa parte da
conversa cotidiana que ouvimos salienta o orgulho que o homem tem de suas próprias
realizações” (Os Doze Passos, p. 61). Além disso, a imensidade de recursos que pode ser
utilizada leva a acreditar no fim da pobreza e que a abundancia será tal que todos possam
satisfazer suas necessidades primárias.
Poucos serão os motivos que poderão levar o homem à discórdia, de modo que haverá
felicidade e liberdade para que o mundo possa concentrar-se no desenvolvimento da
cultura e do caráter.
O recém chegado a A .A. logo percebe que é preciso uma admissão humilde quanto à
impotência diante do álcool. Neste momento a humildade é essencial. Entretanto, a
disposição de batalhar pela conquista da humildade como desejável por si mesma,
costuma demorar muito tempo para a maioria dos alcoolistas. No princípio a rebelião está
presente a cada passo.
Algumas falhas precisam logo ser enfrentadas, para evitar recair no uso do álcool, mas
parece impossível abrir mão de outras imperfeições por serem ainda muito atraentes.
Como decidir e adquirir disposição para enfrentar compulsões e desejos tão fortes?
Chega o momento em que surge grande pressão para agir corretamente, mesmo que a
ação venha a ocorrer com má vontade. Surge também o reconhecimento de que a
humildade é necessária para sobreviver.
A humildade assume novo significado: pode ser o caminho para a serenidade. Desta
maneira, começa uma mudança revolucionária no modo de ver. Novos valores são
percebidos.
Ouvi falar do alcoólico “sem força de vontade”, mas eu sou uma pessoa com uma das mais
fortes vontades da terra! Agora sei que minha incrível força de vontade não é bastante
para salvar minha vida. Meu problema não é assunto de “força de vontade”, mas de
direção. Quando, sem me diminuir, aceito honestamente minhas limitações e me volto
para a orientação de Deus, então minhas piores faltas se convertem em meus maiores
valores. Minha forte vontade, dirigida corretamente, me mantém trabalhando até que as
promessas do programa tornam-se minha realidade diária.
IDENTIFICANDO O MEDO
O principal estimulante para nossos defeitos tem sido o medo egocêntrico…
Não estou mais disposto a viver com a multidão de defeitos de caráter que caracterizam
minha vida quando bebia. O Sétimo Passo é o meu veículo para a libertação destes
defeitos. Rezo para ser ajudado a identificar o medo escondido nos defeitos e então pelo a
Deus para me libertar do medo.
Este método funciona para mim sem falhas e é um dos grandes milagres de minha vida em
Alcoólicos anônimos.
… E LIVRANDO-SE DELE
… primeiramente o medo de que perderíamos algo que já possuímos ou que não
obteríamos algo que buscávamos. Vivendo numa base de exigências não atendidas,
estávamos num estado de perturbação e frustração contínuas. Portanto, não teríamos paz
a menos que pudéssemos encontrar um meio de reduzir estas exigências. A diferença
entre uma exigência e um simples pedido é evidente para qualquer um.
A paz é possível para mim somente quando me livro das expectativas. Quando estou preso
em pensamentos sobre o que quero e o que devo receber, fico num estado de medo ou de
antecipação ansiosa e isto não leva a sobriedade emocional. Preciso render-me sempre, à
realidade de minha dependência de Deus, pois então encontro a paz, gratidão e segurança
espiritual.
Quando finalmente pedi a Deus para remover estas coisas que me separavam Dele e da
luz do Espírito, embarquei numa viagem mais gloriosa do que podia imaginar.
Experimentei libertação destas características que me mantinham escondido em mim
mesmo. Devido à humildade deste Passo, hoje me sinto limpo.
Sou especialmente consciente deste Passo porque agora sou útil a Deus e a meus
companheiros. Sei que Ele me concedeu forças para cumprir Sua vontade e me preparou
para qualquer pessoa ou coisa que possa surgir no meu caminho hoje. Estou realmente em
Suas mãos e agradeço pela alegria de poder ser útil hoje.
SOU UM INSTRUMENTO
“Humildemente rogamos a Ele que nos livre de nossas imperfeições.”
O assunto da humildade é um dos mais fáceis. Humildade não é pensar menos do que
deveria de mim mesmo: humildade é reconhecer que eu faço bem certas coisas, é aceitar
cortesmente um elogio.
Deus pode somente fazer para mim o que Ele pode fazer através de mim. Humildade é o
resultado de saber que Deus é quem faz, não eu. Na luz desta percepção, como posso ter
orgulho de minhas realizações? Sou um instrumento, e qualquer trabalho que pareça estar
fazendo, está sendo feito por Deus através de mim. Peço a Deus diariamente que remova
minhas imperfeições, para que possa mais livremente continuar meus assuntos de A. A. de
“amor e serviço”.
Quando surgem situações que destroem minha serenidade, a dor muitas vezes me leva a
pedir a Deus a clareza para ver meu papel na situação. Admitindo minha impotência,
humildemente peço por aceitação. Tento ver como meus defeitos de caráter contribuíram
para a situação. Poderia ter sido mais paciente? Eu intolerante? Insisti em fazer da minha
maneira? Estava assustado? À medida que meus defeitos são revelados, coloco a
autoconfiança de lado e humildemente peço a Deus que remova minhas imperfeições. A
situação pode não mudar, mas com a prática de exercitar a humildade, desfruto de paz e
serenidade, que são os benefícios, naturais por colocar minha confiança num Poder
Superior a mim mesmo.
UM MOMENTO DECISIVO
Um momento decisivo em nossas vidas chegou quando procuramos a humildade como
algo que realmente desejávamos, em vez de algo que precisávamos ter.
Por que tanta resistência à palavra “humildade”? Eu não sou humilde ante outras pessoas,
mas para Deus, como eu O entendo. Humildade significa “mostrar um respeito submisso” e
ao ser humilde eu percebo que não sou o centro do universo. Quando bebia eu era
consumido pelo orgulho e o egocentrismo. Sentia o mundo todo girar em torno de mim,
que eu era o mestre do meu destino. A humildade me dá condições de depender mais de
Deus para me ajudar a vencer os obstáculos e minhas próprias imperfeições, para que
possa crescer espiritualmente. Preciso resolver mais problemas difíceis para aumentar
minha competência e, quando encontro os obstáculos da vida, preciso aprender a superá-
los com a ajuda de Deus.
UM INGREDIENTE NUTRITIVO
Apesar de que a humildade houvesse anteriormente representado uma alimentação
forçada, agora começa a significar o ingrediente nutritivo que pode nos trazer a
serenidade.
Quando estou tendo um “bom dia”, estes mesmos problemas diminuem em importância e
minha preocupação com eles se reduz. Não seria melhor se encontrasse a chave para
abrir “a mágica” de meus “dias bons” para usar no infortúnio dos meus “dias maus”?
Já tenho a solução! Ao invés de tentar fugir de minhas dores e desejar que meus
problemas desapareçam, posso rezar pedindo a humildade! A humildade curará a dor. A
humildade será tirada de mim mesmo. A humildade, esta força que me é concedida por
esse “Poder Superior a mim mesmo”, é minha, basta pedir! A humildade devolverá o
equilíbrio a minha vida. A humildade permitirá me aceitar alegremente como ser humano.
ORGULHO
Há milhares de anos vimos querendo aumentar nossa parcela de segurança, prestígio e
romance. Quando parecia que estávamos tendo êxito, bebíamos para viver sonhos ainda
maiores. Quando estávamos frustrados, mesmo que pouco, bebíamos para esquecer.
Nunca havia o suficiente daquilo que julgávamos querer.
Em todos esses esforços, muitos dos quais bem intencionados, ficamos paralisados pela
nossa falta de humildade.
Havia-nos faltado a visão de que o aperfeiçoamento do caráter e os valores espirituais
deveriam vir primeiro, e que as satisfações materiais não constituíam o propósito da vida.
Entendi meus defeitos: constantemente adiava meu trabalho; ficava com raiva facilmente;
sentia muita auto-piedade; e pensava: por que eu? Então me lembrei: “o orgulho sempre
vem antes da queda” e eliminei o orgulho e minha vida.
“UMA MEDIDA DE HUMILDADE”
Em todos os casos, o sofrimento havia sido o preço de ingresso para uma nova vida.
Porém, este valor de ingresso havia comprado mais do que esperávamos, trouxe uma
medida de humildade que logo descobrimos ser um remédio para a dor.
Foi doloroso deixar de tentar controlar minha vida, embora o sucesso me havia iludido e,
quando a vida ficava muito difícil, eu bebia para escapar. Aceitar a vida em seus termos, é
o que aprenderei através da humildade que experimento quando coloco minha vontade e
minha vida aos cuidados de Deus, como eu O entendo.
Com minha vida aos cuidados de Deus, o medo, a incerteza e a raiva não são mais minhas
respostas para aquelas situações da vida que eu preferia não acontecessem para mim. A
dor de viver esses momentos será curada pelo conhecimento de que recebi da força
espiritual para sobreviver.
Hoje minhas preces consistem principalmente em dizer “obrigado” ao meu Poder Superior
por minha sobriedade e pela maravilhosa generosidade de Deus, mas preciso também
pedir ajuda e força para colocar em prática a Sua vontade na minha vida. Não preciso
pedir a Deus a cada minuto para me socorrer de situações em que me coloco por não fazer
a Sua vontade. Agora minha gratidão parece estar ligada diretamente à humildade.
Enquanto tenho humildade para ser grato pelo que tenho, Deus continua me abastecendo.
FALSO ORGULHO
Muitos de nós, que nos havíamos considerado religiosos, despertamos para as limitações
desta atitude. Recusando colocar Deus em primeiro lugar; havíamos nos privado de Sua
ajuda.
Muitas noções falsas operam no falso orgulho. A necessidade de orientação para vier uma
vida decente é satisfeita pela esperança experimentada na irmandade de A. A. Aqueles
que trilharam este caminho por muitos anos, um dia de cada vez, dizem que uma vida
centrada em Deus tem possibilidades ilimitadas para o crescimento pessoal. Sendo assim,
muita esperança é transmitida pelos veteranos em A. A.
Agradeço ao meu Poder Superior por deixar-me saber que Ele funciona através de outras
pessoas, e agradeço a Ele por nossos servidores de confiança na Irmandade, que ajudam
os novos membros a rejeitar falsos ideais e a adotar aqueles que levam à uma vida de
compaixão e confiança. Os veteranos em A. A. desafiam os novos a “despertar-se” – assim
eles podem “vir a acreditar”. Peço a Deus que me ajude em minha descrença.
DEFEITOS REMOVIDOS
Porém, agora as palavras: “Sozinho nada sou, o Pai é quem faz”, começaram a adquirir um
significado brilhante e animador.
Quando coloco o Sétimo Passo em ação, devo lembrar que não há espaço para preencher.
Eu não digo, “humildemente peço a Ele para (preencher o espaço) remover meus defeitos”.
Por anos eu preenchi o espaço imaginário com: “Ajuda-me!”, “Dá-me a coragem para!” E
com “Dá-me a força!”, etc. O Passo diz simplesmente que Deus removerá meus defeitos. O
único trabalho que devo fazer é “humildemente pedir”, o que, para mim significa pedir o
conhecimento de que por mim mesmo não sou nada, o Pai é que “Faz o trabalho”.
1. O que e como entendo e tento praticar o Sétimo Passo, nesta data, em meu nome e não no de A.A.
(Enumero os parágrafos para facilitar os debates nos Seminários).
02. Com a ajuda d'Ele estou, aos poucos, eliminando os defeitos de caráter. Desejo, agora, libertar-
me também das falhas. Elas são como o cupim que, traiçoeira, silenciosa e lentamente destroem o
alicerce e quando desperto a casa já ruiu. Dificilmente o homem fracassa em função de grandes erros
ou defeitos mas, pela somatória das pequenas falhas. Se me apego a elas, julgo que sejam normais
e, é justamente aí que se esconde o perigoso, despótico e tirano inimigo.
03. Todos os Passos visam diminuir o ego. Logo, numa análise sucinta e realista concluo que para
praticar o Primeiro Passo, além da admissão e aceitação da impotência, da derrota e rendição, um
mínimo de humildade é necessária. Para acreditar que um Poder superior pode devolver-me à
sanidade devo renunciar ao intelectualismo, à auto-suficiência, à arrogância e agarrar-me a uma
crença e, isso exige um pouquinho mais de humildade. Para vivenciar minha entrega a Deus,
conforme O concebo, necessito de mente aberta, boa vontade, honestidade e estar disposto à ação e
não ignorar que a fé só se sustenta na humildade, jamais no intelecto. O exercício do Quarto, Quinto e
Sexto Passos requerem uma dose bem maior desta preciosa virtude porque, sem ela, se tornariam
mais difíceis. O mesmo se aplica para os demais Passos. O Sétimo Passo me indica o norte, o
caminho que conduz à humildade.
"Sua admissão é o começo da humildade pelo menos o recém – chegado está disposto a renunciar à
idéia de que ele mesmo é Deus. Esse é o começo de que precisa. Se seguir esse procedimento, ele
vai relaxar e praticar todos os Passos que puder, e certamente crescerá espiritualmente".
"No princípio sacrificamos o álcool. Tivemos que fazê-lo ou ele nos teria matado. Mas não poderíamos
nos libertar do álcool, a menos que fizéssemos outros sacrifícios. Os extremismos e os falsos
pensamentos tiveram que desaparecer. Tivemos que atirar pela janela a autojustificação, a
autopiedade e a raiva. Tivemos que nos livrar da competição louca, em busca do prestígio pessoal e
grandes saldos bancários. Tivemos que assumir a responsabilidade pelo nosso estado lamentável e
deixar de culpar os outros por isso.
Foram realmente sacrifícios? Sim, foram. Para obter suficiente humildade e respeito próprio, a fim de
permanecermos vivos, tivemos que abandonar o que tinha realmente sido a nossa possessão mais
querida - nossa ambição e nosso orgulho ilegítimos".
04. Humildade, tão valiosa e bela virtude. Porém, mal entendida. É confundida com simplicidade,
pobreza e miséria. Virtude mal praticada no mundo em que vivemos, onde invertemos a ordem dos
valores. Vejamos como se vangloriam os homens por seus pequenos feitos.
"A humildade, como palavra e ideal, tem passado bem mal em nosso mundo, não somente é mal
entendida a idéia, mas, freqüentemente a palavra em si desagrada profundamente. Muitas pessoas
não praticam, mesmo ligeiramente, a humildade como um modo de vida. Uma boa parte da conversa
cotidiana que ouvimos, e muito do que lemos, salienta o orgulho que o homem tem de suas próprias
realizações".
"Nenhum membro de A .A. quer condenar os avanços materiais. Nem entramos em discussão com
muita gente que se agarra à crença de que satisfazer nossos desejos básicos é o objetivo principal da
vida. Mas estamos convencidos de que nenhum tipo de pessoa no mundo jamais se atrapalhou tanto,
tentando viver segundo esse pensamento, como os alcoólicos.
Estávamos à procura de mais segurança, prestígio e romance. Quando parecíamos estar sendo bem
- sucedidos, bebíamos para viver sonhos ainda maiores. Quando estávamos frustrados, mesmo um
pouco, bebíamos para esquecer.
Em todas essas lutas, muitas delas bem-intencionadas, nosso maior obstáculo era nossa falta de
humildade. Faltava-nos ver que a formação do caráter e os valores espirituais tinham que vir em
primeiro lugar e que as satisfações materiais eram simplesmente subprodutos e não o principal
objetivo da vida".
05. Se eu não praticar um mínimo de humildade, minha sobriedade, se a tiver, será insegura, tênue,
precária e arriscada. Graças a humildade poderei obter os magníficos resultados da prática dos Doze
Passos. O Primeiro Passo – transformou minha fraqueza em força; minha derrota em vitória; minha
rendição em liberdade; minha perda em ganho e minha pequenez em grandeza. O Segundo Passo –
converteu minha descrença em crença. O Terceiro Passo – permitiu que quanto mais eu dependo de
Deus mais independente me torno. O Quarto Passo – retirou-me da ignorância e levou-me ao auto-
conhecimento. O Quinto Passo – transformou meu isolamento em salutar convívio; comigo mesmo;
com Deus e com o próximo, pois não tenho mais segredos ou cadáveres dentro de mim, nem
escondidos debaixo do tapete. O Sexto Passo – reduziu meus defeitos e aumenta minhas virtudes. O
Sétimo Passo – modificou minhas imperfeições em aprimoramento. O Oitavo Passo – transfigurou
meus relacionamentos tumultuados em relacionamentos pacíficos. O Nono Passo – possibilitou-me
alterar danos em reparações. O Décimo Passo – inverteu meus ressentimentos em inventários diários
e respectivo perdão. O Décimo Primeiro Passo – atenuou a minha rebelião e me fortaleceu na prece,
na oração e na meditação. O Décimo Segundo Passo – possibilitou-me passar da desgraça bêbada
para um mensageiro da esperança para outro bêbado desesperançado.
"Uma melhor percepção da humildade inicia uma mudança revolucionária em nossa maneira de ver.
Nossos olhos começam a se abrir aos excelentes valores que vieram diretamente do doloroso
esvaziamento do ego. Até agora, nossas vidas foram em grande parte dedicadas à fuga do sofrimento
e dos problemas. A fuga através da garrafa foi sempre nossa solução.
Então, em AA, observamos e escutamos. Por todo lado vimos o fracasso e a miséria transformados,
pela humildade, em valores inestimáveis.
Para aqueles que têm progredido em AA, a humildade leva a um claro reconhecimento do que e de
quem realmente somos, seguido da tentativa sincera de nos tornar aquilo que poderíamos ser".
06. Entender e fazer a vontade de Deus é o melhor caminho para alcançar e manter a humildade. Os
benefícios provenientes dela são inestimáveis e garantidos para qualquer ser humano que se
disponha a tentar exercitá-la. Vale apenas. Quem experimentar, confirmará colhendo frutos dantes
inimagináveis.
07. Muitos alcançam a humildade pela busca voluntária, outros na base das cacetadas. Eu, a pouca
que tenho, a encontrei através de muitas cacetadas e muito sofrimento. Creio que o valor dela é o
mesmo, não importando como foi encontrada. O importante é que eu me disponha a cultivá-la como
uma das mais preciosas pérolas ou jóia, naturalmente, dentro das minhas limitações. Por ignorância
passei longo período de minha vida enclausurado no egocentrismo, na arrogância e no orgulho. A
reversão deste quadro não é repentina, mas lenta e gradual. Preservar a humildade é, para mim, um
exercício muito, mas, muito difícil mesmo.
"Nós, seres humanos, não podemos ter humildade absoluta. No máximo, podemos apenas vislumbrar
o significado e o esplendor desse perfeito ideal. Só Deus pode se manifestar no absoluto; nós, seres
humanos, precisamos viver e crescer no domínio do relativo.
Assim sendo, buscamos o progresso, na humildade, para o dia de hoje".
08. Quando mostro-me orgulhoso, arrogante, importante e exigente comigo e com os outros é porque
tento esconder minha inferioridade. Mas, conseguindo exercitar a humildade deixo isso de lado,
reconhecendo assim meu real tamanho. Admitindo que não sou um gigante e nem um pigmeu. Sou
apenas o que sou. Para mim a humildade consiste em reconhecer meu verdadeiro e real tamanho,
incluindo defeitos e virtudes.
09. Vale muito mais o fracasso das tentativas em obtê-la, do que a punição por nunca ter tentado.
Estou seguro de que Deus não exige que eu consiga, apenas deseja que eu continue tentando. Minha
meta não é a perfeição, apenas o aprimoramento. Lembrando, sempre, que o crescimento consiste
em permanentes mudanças para melhor. Esta é uma tarefa para a vida inteira, sem nunca esquecer
que é: "Só Por Hoje!"
10. A humildade é como um jardim, ele só permanece limpo, bonito e admirado enquanto for bem
cuidado. Acredito que a aceitação, a boa vontade, a mente aberta, a honestidade, a esperança, a fé, e
o desejo de praticar os princípios de A.A. em todas as minhas atividades diárias, representam um
grande tesouro para mim. Esta prática me propiciará o Despertar Espiritual – o sustentáculo da
humildade.
"A Aceitação e a Fé são capazes de produzir cem por cento de sobriedade. De fato, elas geralmente
conseguem; e assim deve ser, caso contrário, não poderíamos viver. Mas a partir do momento em
que transferimos essa atitudes para nossos problemas emocionais, descobrimos que só é possível
obter resultados relativos. Ninguém pode por exemplo, se livrar completamente do medo, da raiva e
do orgulho.
Consequentemente, nesta vida, não atingiremos uma total humildade nem amor. Assim vamos ter que
nos conformar, com referência à maioria de nossos problemas, pois um progresso muito gradual, às
vezes é interrompido por grandes retrocessos. Nossa antiga atitude de `tudo ou nada' terá que ser
abandonada".
11. Vejamos como Bill W. define humildade: "Por mim mesmo, tentei encontrar a definição mais
verdadeira de humildade que posso. Essa não será a definição perfeita porque serei sempre
imperfeito.
Nesse artigo, escolheria uma como esta: `A humildade absoluta' consistiria num estado de completa
libertação de mim mesmo, libertação de todas as exigências que meus defeitos de caráter atualmente
lançam em peso sobre mim. A humildade perfeita seria uma total boa vontade, em todas as épocas e
lugares, de reconhecer e fazer a vontade de Deus.
Quando penso nesse ideal, não preciso ficar desanimado porque nunca o atingirei, nem preciso me
encher de presunção de que algum dia alcançarei todas essas virtudes. Preciso apenas me
concentrar na visão da própria humildade, esperando que ela cresça e encha meu coração. Isso feito,
posso compará-la a meu último inventário pessoal. Então, obtenho uma saudável idéia de onde me
encontro no caminho da humildade. Vejo que minha caminhada em direção a Deus apenas começou.
À medida que me reduzo a meu verdadeiro tamanho, me fazem rir a importância e o interesse por
mim mesmo".
12. "O Dr. Bob foi na realidade uma pessoa muito mais humilde do que eu, e o anonimato ele
compreendeu muito facilmente. Quando se soube com toda segurança que ele estava para morrer,
alguns de seus amigos sugeriram que se erguesse um monumento ou mausoléu em sua homenagem
e de sua esposa Anne - digno de um fundador e sua esposa. Contando-me a esse respeito, o Dr. Bob
sorriu e disse: `Deus os abençoe. Eles têm boa intenção, mas que sejamos enterrados, tanto você
como eu, da mesma maneira como são todas as pessoas. No cemitério de Akron, onde jazem o Dr.
Bob e Anne, a lápide simples não diz sequer uma palavra a respeito de A.A. Esse exemplo
comovedor e definitivo de modéstia provará de ser de maior valor para A.A., a longo prazo, do que
qualquer promoção pública ou qualquer monumento grandioso".
13. A Enciclopédia Brasileira Globo, assim define humildade: "Qualidade do que é humilde. Condição
do que é humilde, modéstia. Teol. Virtude que consiste no reconhecimento da verdadeira criação do
homem perante o Criador. É considerada como o fundamento de todas as virtudes morais. Escreve
Balmes (El critério) que a humildade revela os próprios defeitos, não permite que os méritos pessoais
sejam exagerados, e inclina que sejam aproveitados o conselho e o exemplo de todos. "Virtude que,
bem entendida, é a verdade, mas a verdade aplicada ao conhecimento do que somos, de nossas
relações com Deus e com os homens. `Os autores ascéticos falam em graus de humildade'".
14. O que a enciclopédia define, a nossa Irmandade sugere, veementemente. Eu como membro
deveria seguir.
16. "Humildade Não É Humilhação, Mas Força Provinda De Deus"! "Só O Orgulhoso Confunde
Humildade Com Humilhação"!
17. Enquanto A Humildade É A Mãe De Todas As Virtudes, O Orgulho É O Pai De Todos Os Defeitos.
18. "Adquirir humildade maior é o princípio fundamental de cada um dos Doze Passos de A.A., pois
sem um certo grau de humildade, nenhum alcoólico poderia ficar sóbrio.
Quase todos os AAs. descobriram,, também, que a não ser que desenvolvam essa preciosa virtude,
pelo menos o mínimo necessário, não obterão a sobriedade necessária, e faltarão os ingredientes
para a verdadeira felicidade. Sem ela não poderão viver com um propósito útil ou, nas horas difíceis,
apelarem para a fé que pode enfrentar qualquer emergência".
19. "Para aqueles que têm progredido em A.A., a humildade leva a claro o reconhecimento do que e
de quem realmente somos, seguido de uma tentativa sincera de nos tornar aquilo que poderíamos
ser".
20. "Encontramos muitos em A.A. que antes pensavam, como nós, que humildade era sinônimo de
fraqueza. Eles nos ajudaram a nos reduzir ao nosso verdadeiro tamanho. Com seu exemplo nos
mostraram que a humildade e o intelecto são compatíveis, contanto que colocássemos a humildade
em primeiro lugar. Quando começamos a fazer isso, recebemos a dádiva da fé que funciona. Essa fé
também é para você.
Apesar da humildade ter anteriormente representado uma humilhação agora ela começa a significar o
ingrediente que pode nos trazer serenidade".
21. "Nosso primeiro problema é aceitar nossas circunstâncias atuais como são, a nós mesmos como
somos, e as pessoas que nos cercam como também são. Isso é adotar uma humildade realista sem a
qual nenhum verdadeiro progresso pode sequer começar. Repetidamente precisaremos voltar a esse
pouco lisonjeiro ponto de partida. Esse é um exercício de aceitação que podemos praticar com
proveito todos os dias de nossas vidas.
Desde que evitemos arduamente transformar esses reconhecimentos realistas dos fatos da vida em
álibis irreais para a prática da apatia ou do derrotismo, eles podem ser a base segura sobre a qual
pode ser construída a crescente saúde emocional e, portanto, o progresso espiritual".
22. A inteligência, aliada à ciência, forçam a natureza para revelar seus segredos, de forma que a
miséria cederá lugar à abundância e ao conforto, mas a conquista da felicidade esteve e estará
sempre consubstanciada na humildade. Tenho convicção plena de que a reedificação do caráter, em
absoluto pode perder-se na poeira deixada pela corrida desenfreada na busca do sucesso e do
conforto. A ciência tão evoluída é incapaz de, do nada, criar um único fio de cabelo. Bill W.. dizia não
ser contra os avanços científicos e tecnológicos, conquanto a humildade estivesse em primeiro lugar.
"Concentrávamos muito em nós mesmos e naqueles que nos cercavam. Sabíamos que éramos
cutucados, por medos ou ansiedades descabidas, a uma vida que levava à fama, dinheiro e ao uso
que supúnhamos que fosse liderança. Assim, o falso orgulho tornou-se o outro lado da terrível moeda
com a marca do `medo'. Simplesmente tínhamos que ser a pessoa mais importante, a fim de encobrir
nossas inferioridades mais profundas.
A verdadeira ambição não é aquilo que achávamos que era. Ela é o profundo desejo de viver de
maneira útil e caminhar humildemente, sob a graça de Deus".
23. "Uma vez que estávamos convencidos de que poderíamos viver exclusivamente pela nossa força
e inteligência, tornava-se impossível a fé num Poder superior. Isto era assim, mesmo quando
acreditávamos que Deus existia. Podíamos na verdade ter as mais fervorosas crenças religiosas, que
continuavam estéreis, porque nós mesmos ainda tentávamos fazer o papel de Deus. Já que
púnhamos a autoconfiança em primeiro lugar não era possível uma verdadeira confiança num Poder
superior. Faltava aquele ingrediente básico da humildade, o desejo de buscar e fazer a vontade de
Deus".
24. "Vejo a `humildade por hoje' como uma posição sadia e segura entre os violentos extremos
emocionais. É um lugar tranqüilo, onde posso ter bastante perspectiva e bastante equilíbrio para dar
mais um pequeno passo pela estrada claramente marcada que indica a direção dos valores eternos".
25. "A educação e treinamento religiosos de seu provável membro podem ser bem superiores aos que
você tenha. Nesse caso, ele vai duvidar que você possa acrescentar alguma coisa ao que ele já
conhece.
Mas desejará saber porque as próprias convicções não funcionaram, enquanto as suas parecem
funcionar bem. Talvez ele seja um exemplo de que a fé sozinha não basta. para ser vital, a fé deve
ser acompanhada de auto-sacrifício, altruísmo e ação construtiva.
Admita a possibilidade dele saber mais a respeito de religião do que você, mas chame a atenção dele
para o fato de que, por mais profundas que sejam sua fé e educação religiosa, essas qualidades não
poderiam lhe ter servido muito. Caso contrário, ele não estaria solicitando sua ajuda.
O Dr. Bob não precisava de mim para sua orientação espiritual. Ele tinha mais do que eu. Na verdade
o que ele mais precisava, quando nos encontramos pela primeira vez, era de uma profunda deflação
e da compreensão que somente um bêbado pode dar a um outro. O que eu precisava era de
humildade, de esquecimento de mim mesmo e de estabelecer um verdadeiro parentesco com um
outro ser humano de meu próprio tipo ".
26. "Todo o progresso de A.A. pode ser expressado em apenas duas palavras: Humildade e
Responsabilidade. Todo nosso desenvolvimento espiritual pode ser medido, com precisão, conforme
nosso grau de adesão a esses magníficos padrões.
Uma humildade aprofundando-se sempre, acompanhada de uma crescente boa vontade para aceitar
e cumprir as responsabilidades bem definidas - estas são realmente nossas pedras de toque para
todo o crescimento na vida do espírito. Elas nos proporcionam a essência do bem, tanto no ser como
no atuar. É por meio delas que conseguimos encontrar e fazer a vontade de Deus".
27. "Percebemos que não precisávamos sempre apanhar e levar cacetadas para ter humildade. Ela
poderia ser alcançada, procurando-a voluntariamente ou pelo constante sofrimento.
Em primeiro lugar, procuramos obter um pouco de humildade, sabendo que morreremos de
alcoolismo senão o fizermos. Depois de algum tempo, embora ainda possamos nos revoltar, até certo
ponto, começamos a praticar a humildade, porque essa é a coisa certa a se fazer. Chega então o dia
em que, finalmente livres da revolta, praticamos a humildade, porque no fundo a queremos como um
modo de vida".
"Embora fossem muitas as variações, meu principal tema era sempre: `Como sou terrível!' Do mesmo
modo como muitas vezes exagerava minhas mais modestas qualidades, por orgulho, assim também
exagerava meus defeitos através do sentimento de culpa. Em todos os lugares eu vivia confessando
tudo a quem quisesse ouvir. Acreditem ou não, eu achava que essa ampla exposição de meus erros
era uma grande humildade de minha parte e considerava um consolo e um grande bem espiritual.
Mas, mais tarde, percebi profundamente que na verdade não tinha me arrependido dos danos que
causei aos outros. esses episódios eram apenas a base para contar histórias e fazer exibicionismo.
Com essa compreensão, chegou o começo de um certo grau de humildade".
28. "Muitos membros mais antigos que têm submetido a `cura das bebedeiras' de A.A. a severos, mas
bem - sucedidos testes, descobrem que ainda lhes falta sobriedade emocional. Para obter isso,
devemos desenvolver uma maturidade e equilíbrio verdadeiros - quer dizer, humildade - em nossas
relações com nós mesmos, com nossos semelhantes e com Deus".
"Posso alcançar a `humildade por hoje' apenas na medida em que sou capaz de evitar, por um lado, o
lamaçal de sentimento de culpa e revolta e, por outro, essa bela mas enganadora terra semeada de
moedas de ouro do orgulho do insensato. É assim que posso encontrar e permanecer no verdadeiro
caminho da humildade, que está situado entre esses dois extremos. Logo, é necessário um inventário
constante que possa mostrar quando me afasto do caminho".
29. "Em cada história de A.A., o sofrimento tinha sido o preço da admissão para uma nova vida. Mas
esse preço tinha comprado mais do que esperávamos. Ele trouxe a humildade, que logo descobrimos
que era um remédio para o sofrimento. Começamos a ter menos medo do sofrimento e a desejar a
humildade mais do que nunca".
30. "É dito a todo recém-chegado, e logo ele reconhece por si mesmo, que sua admissão humilde de
impotência perante o álcool constitui seu primeiro passo em direção à libertação de seu poder
embriagador
É dessa forma que, pela primeira vez, vemos a humildade como uma necessidade. Mas isso é
apenas o começo. Afastar completamente nossa aversão à idéia de ser humildes, obter uma visão da
humildade como o caminho que leva à verdadeira liberdade do espírito humano, dispostos a trabalhar
para a conquista da humildade, como algo a ser desejado por si mesmo, demora muito, muito tempo
para a maioria de nós. Uma vida inteira engrenada ao egocentrismo não pode ser mudada de
repente".
31. "A natureza é lenta, porém segura; ela não trabalha mais depressa do que é necessário; ela é a
tartaruga que ganha a corrida pela perseverança. Por isso não temei... Há muitos anos por vir!"
32. "Quase todo repórter que faz a cobertura de A.A. se queixa, a princípio, da dificuldade de escrever
sua história sem nomes. Mas esquece rapidamente sua dificuldade, quando compreende que há um
grupo de pessoas que não se preocupam de forma alguma com a aclamação.
Provavelmente é a primeira vez em sua vida que faz uma reportagem sobre uma organização que
não quer publicidade pessoal. Embora ele seja céptico a respeito, essa sinceridade evidente
transforma-o num amigo de A.A.
Movidos pelo espírito do anonimato, tentamos deixar de lado nossos desejos naturais de distinção
pessoal como membro de A.A., tanto entre nossos companheiros alcoólicos como ante o público em
geral. À medida que pomos de lado aquelas aspirações mais humanas, acreditamos que cada um de
nós toma parte na confecção de um manto protetor que cobre toda nossa sociedade e sob o qual
podemos crescer e trabalhar em unidade".
33. "Agora que não somos mais fregueses de bares e bordéis, agora que trazemos para casa o
dinheiro recebido pelo trabalho, agora que estamos tão ativos em A.A. e agora que as pessoas nos
felicitam por esses sinais de progresso - bem, naturalmente continuamos a nos felicitar. Claro que não
estamos ainda muito perto da humildade.
Deveríamos estar dispostos a tentar a humildade, procurando remover nossas imperfeições, da
mesma forma que fizemos quando admitimos que éramos impotentes perante o álcool e viemos a
acreditar que um Poder superior a nós mesmos poderia devolver-nos à sanidade.
Se a humildade pôde nos permitir encontrar a graça, através da qual pôde ser banida a obsessão
mortal do álcool, então deve haver esperança de se obter o mesmo resultado, em relação a qualquer
outro problema que possamos ter".
34. "Não se envergonhe de ser humilde. A humildade consiste no conhecimento perfeito daquilo que
somos e que podemos, sem fantasiar-nos com qualidades que não temos. Humildade não é posição
de corpo nem de voz: é a posição de espírito, que sabe o que é e o que pode, e não precisa
manifestar-se aos outros: Vale para si mesmo. Seja, pois, humilde!"
35. "O verdadeiro sábio avalia claramente o quanto ainda ignora e se torna desde logo humilde e
simples, condescendente e solitário, fraternal e honesto".
36. "Procure ser humilde em todas as circunstâncias. Humildade não é dizer 'sim' a tudo e todos. Nem
é apregoar que somos humildes. Não é agachar-se a tudo o que os outros dizem. Não! Humildade é
saber exatamente o que somos e o que valemos. E conhecer a nós mesmos, procurando corrigir
sinceramente nossos defeitos, e não nos querer impor aos outros. Quem é humilde, em geral, não
sabe que o é. Mas quem não é humilde é que pensa que é!"
37. "Lembre-se de que não devemos humilhar ninguém. Os erros que os outros cometem hoje, nós
podemos cometê-los amanhã. Não se julgue inatingível nem infalível. Todos podem falhar. Trate os
outros com tolerância, para que possa reerguê-los, se errarem. A perfeição não é desta terra. Não
exija dos outros aquilo que você também ainda não pode dar".
38. "Quando der uma esmola, não anuncie a todos. 'Não saiba sua mão esquerda o que faz a direita'.
Ajude sem alarde, para não humilhar aquele a quem sua generosidade ajudou. Respeite o próximo e
ajude sempre, mas em silêncio, porque o Pai, que vê no segredo, o recompensará muito mais do que
o reconhecimento público que tiverem seus atos".
39. "Na humildade reside a promessa de utilizarmos honestidade e inteligência que são dádivas para
solucionarmos nossos problemas".
40. "Não evita as pequenas falhas, pouco a pouco cai nas grandes".
41. "Sê humilde se queres adquirir sabedoria; sê mais humilde ainda, quando a tiveres adquirido".
42. A diferença entre defeitos e imperfeições é óbvia. Defeito - marco um compromisso e não
compareço por preguiça. Falha - combino um encontro e chego atrasado.
43. Falhas: exigências, auto-piedade, desdém, revolta, raiva, martírio, sofrimento, mentira,
preocupação, impaciência, comodismo, imaturidade, insensatez, impontualidade, meias-verdades,
indiferença, falta de educação, de cortesia, má vontade, irritabilidade, mau humor, etc.
44. Qualidades: paciência, calma, tolerância, respeito, prudência, sensatez, maturidade, segurança,
responsabilidade, compreensão, bondade, amor, pontualidade, cortesia, justiça, atenciosidade,
equilíbrio, simpatia, sinceridade, alegria, polidez, crescimento espiritual, bom-humor, sermos
cuidadosos, ponderados, criteriosos, reflexivos, todas as palavras bonitas que rimam com equilíbrio,
juízo e bom senso e a maior de todas - a humildade.
8º PASSO
Fizemos uma relação de todas as pessoas que tínhamos prejudicado e nos dispusemos a
reparar os danos a elas causados.
O oitavo passo pede que o alcoolista faça uma retrospectiva sobre as suas relações
pessoais, avaliando quem e quanto as pessoas foram prejudicadas pelo seu
comportamento enquanto bebia. Pode ser grande a tentação de justificar ofensas quando
o outro também agrediu, mas é preciso lembrar que o comportamento do alcoolista muitas
vezes agravava os defeitos dos outros. Outra dificuldade que se apresenta é que “… a
perspectiva de chegar a visitar ou mesmo escrever às pessoas envolvidas, agora nos
parecia difícil, sobretudo quando lembrávamos a desaprovação que a maioria delas nos
encarava” (p. 70).
Assim que se inicia este exame “… suas grandes vantagens vão se revelando tão
rapidamente que a dor irá diminuindo à medida que os obstáculos, um a um, forem
desaparecendo” (Os Doze Passos, p. 70). Um dos obstáculos mais difíceis que surge é o
perdão. As afrontas que os outros possam ter cometido freqüentemente prestam-se para
minimizar ou esquecer as que o alcoolista a eles infligiu.
Após a revisão da área das relações humanas, a percepção dos traços da personalidade
que mais prejuízos trouxeram aos outros, pode-se buscar na memória quais foram as
pessoas que foram ofendidas. É preciso que o alcoolista verifique as coisas que fez, ao
mesmo tempo em que desculpa as ofensas contra ele feitas pelos outros. Julgamentos
extremos devem ser evitados, tanto de um lado, como do outro.
NÓS NOS TORNAMOS DISPOSTOS
Neste momento, estamos tentando pôr em ordem nossas vidas.
Mas, isto não é um fim em si.
Como posso, facilmente, ficar mal-orientado ao aproximar-me do Oitavo Passo! Desejo ser
livre e transformado de alguma maneira pela prática do Sexto e Sétimo Passos. Agora,
mais do que nunca, sou vulnerável ao egoísmo e à minha agenda oculta. Preciso cuidar de
lembrar que a auto-satisfação, algumas vezes proveniente do perdão das pessoas que
prejudiquei, não é meu verdadeiro objetivo. Torno-me disposto a fazer reparações,
sabendo que através deste processo sou corrigido e ajustado de seguir adiante, conhecer
e desejar a vontade de Deus para mim.
Quando me aproximei do Oitavo Passo, fiquei pensando como poderia relacionar todas as
coisas que tinha feito a outras pessoas, já que havia muitas pessoas e algumas delas nem
estavam mais vivas. Algumas das dores que infligi não eram tão graves, mas realmente
me aborreciam. O mais importante deste Passo era tornar-me disposto a fazer o que
precisasse para reparar os danos o melhor que pudesse nesta hora em particular. Onde há
uma vontade há um caminho, assim, se quero me sentir melhor, preciso livrar-me dos
sentimentos de culpa que tenho. Uma mente em paz não tem espaço para sentimentos de
culpa. Com a ajuda de meu Poder Superior, se sou honesto comigo mesmo, eu posso
limpar a minha mente destes sentimentos.
Não tenho a liberdade de selecionar alguns nomes para a relação e deixar outros de lado.
É uma relação de todas as pessoas a quem prejudiquei. Posso ver imediatamente que este
Passo está ligado ao perdão porque, se não estou disposto a perdoar alguém, há poucas
chances de colocar seu nome na lista. Antes de colocar o primeiro nome da lista, fiz uma
pequena oração: “Perdoo a qualquer um e a todos que tenham me prejudicado, em
qualquer tempo e sob quaisquer circunstâncias”.
É bom para mim contemplar uma pequena, mas muito significante palavra, cada vez que é
feita Oração do Pai Nosso. A palavra é “como”. Eu digo, “Perdoai as nossas ofensas, assim
“como” nós perdoamos àqueles que nos ofenderam.” Neste caso, “como” significa “da
mesma maneira”. Estou pedindo para ser perdoado da mesma maneira que perdoo aos
outros.
Quando digo esta parte da oração, se estou abrigando ódio ou ressentimentos, estou
chamando por mais ressentimentos, quando deveria estar chamando o espírito do perdão.
Não enganava apenas, enganava Joe. O que parecia serem atos impessoais, foram na
realidade afrontas pessoais, porque foram pessoas – pessoas de valor – a quem
prejudiquei. Preciso fazer alguma coisa a respeito das pessoas que magoei para que possa
desfrutar de uma sobriedade cheia de paz.
REMOVENDO “O VENENO”
“O inventário moral é um exame ousado dos danos que nos ocorreram durante a vida, e
um sincero esforço para vê-los em sua verdadeira perspectiva. Ele tem o efeito de tirar o
“veneno” de dentro de nós, a substância emocional que abate ou inibe ainda mais.”
Quando olhei para o Oitavo Passo, tudo o que foi pedido para completar com sucesso os
sete passos anteriores veio junto: coragem, honestidade, sinceridade, disposição e
meticulosidade. Não poderia reunir a força requerida para esta tarefa no começo, e é por
isso que está escrito neste Passo: “nos dispusemos…”
Precisava desenvolver a coragem para começar, a honestidade para ver onde eu estava
errado, um desejo sincero de colocar as coisas em ordem, precisava ser meticuloso ao
fazer a relação e precisava ter disposição para assumir os riscos exigidos para a
verdadeira humildade. Com a ajuda de meu Poder Superior, para desenvolver estas
virtudes, completei este Passo e continuei movendo-me para adiante na minha busca de
um crescimento espiritual.
REPARANDO OS DANOS
Tentamos varrer o entulho acumulado como resultado de nosso esforço em viver na
teimosia e dirigir sozinhos o espetáculo. Se não temos vontade de fazê-lo, pedimos para
que ela nos chegue.
Lembremo-nos de que, a princípio, estávamos dispostos a fazer todo o possível para
vencer o álcool.
Fazer uma relação das pessoas a quem prejudiquei não foi uma coisa particularmente
difícil. Elas apareceram no meu inventário do Quarto Passo: pessoas de quem eu tinha
ressentimentos, reais ou imaginários e a quem tinha magoado por atos de retaliação. Para
minha recuperação ser completa, acreditava que não era importante para aqueles que
legitimamente tinham me magoado, fazer-me reparações.
O que é importante no meu relacionamento com Deus é que permaneço perante Ele,
sabendo que fiz todo os possível para reparar os danos que causei.
EU TINHA ME DESLIGADO
Poderíamos, então, perguntar a nós mesmos: o que queremos dizer quando falamos em
“prejudicar” as outras pessoas?
Que tipos de “danos” se fazem às pessoas, afinal? Para definir a palavra “dano” de
maneira prática, poderíamos dizer que é o resultado do choque entre instintos, que causa
prejuízos físicos, mentais, emocionais ou espirituais às pessoas.
Eu tinha assistido a reuniões sobre o Oitavo Passo, sempre pensando: “Realmente não
magoei muitas pessoas, magoei principalmente a mim mesmo”. Mas quando escrevi a
minha relação, não era tão curta como pensava. Ou gostava de você, ou não gostava, ou
precisava de alguma coisa de você – era simples assim. As pessoas não faziam o que eu
queria e os relacionamentos íntimos ficavam na contramão devido às exigências pouco
razoáveis de meus parceiros. Estes eram “pecados de omissão”? Devido a bebida eu tinha
me “desligado” – nunca estando ali para outras pessoas ou tomando parte em suas vidas.
Que bênção tem sido olhar estes relacionamentos, fazer meus inventários calmamente,
sozinho com o Deus do meu entendimento e sair diariamente, com a disposição de ser
honesto e franco em meus relacionamentos.
REPARANDO O DANO
Em muitas instâncias descobriremos que, mesmo que o dano causado aos outros não
tenha sido grande, o dano emocional que causamos a nós mesmos foi enorme.
Você já pensou que o dano causado a um sócio nos negócios ou talvez a um membro da
família foi tão leve que não merece na realidade um pedido de desculpas, porque eles nem
vão se lembrar do fato? Se essa pessoa e o erro feito a ela, continuam vindo ao
pensamento, causando inquietação ou talvez um sentimento de culpa, então eu coloco o
nome desta pessoa no topo da minha “relação de reparações” e me predisponho a fazer
uma apologia sincera, sabendo que me sentirei calmo e relaxado sobre essa pessoa,
assim que esta parte importante de minha recuperação esteja cumprida.
SARANDO
Embora, às vezes, totalmente esquecidos, os conflitos emocionais que nos prejudicaram
se ocultam e permanecem em lugar profundo, abaixo do nível de consciência.
Somente pela ação positiva posso remover os restos de culpa e vergonha causados pelo
álcool. Durante meus infortúnios, quando bebia, meus amigos me diziam: “Por que você
está fazendo isto? Você está somente se prejudicando.”
Embora tenha prejudicado a outros, o meu comportamento causou graves feridas à minha
alma. O Oitavo Passo me ofereceu uma maneira de perdoar a mim mesmo. Aliviam-se
muitos dos meus danos escondidos quando faço a relação daqueles a quem prejudiquei.
Fazendo reparações, liberto a mim mesmo de pesos, contribuindo assim para minha
recuperação.
UM QUADRO DE REFERÊNCIA
Voltemos mais uma vez à nossa relação (inventário). Esquecendo os maus tratos que os
outros praticaram, procuramos resolutamente nossos próprios erros. Onde fomos
egoístas, desonestos, interesseiros e medrosos?
Existe uma liberdade maravilhosa em não precisar de aprovação constante dos colegas de
serviço ou das pessoas que eu amo. Gostaria de ter conhecido a respeito deste Passo
antes, porque uma vez que desenvolvi um quadro de referência, me senti capaz de fazer a
coisa certa a seguir, sabendo que a ação se ajustava à situação e que esta era a coisa
apropriada a fazer.
A boa disposição é uma coisa peculiar para mim, porque com o tempo, parece vir primeiro
com consciência e, depois com uma sensação de desconforto, fazendo-me querer tomar
alguma decisão. Quando reflito em praticar o Oitavo Passo, minha disposição de fazer
reparações aos outros vem como um desejo de perdão, a outros e a mim mesmo. Senti o
perdão para os outros após tornar-me cônscio de minha parte nas dificuldades dos
relacionamentos. Desejava sentir a paz e a serenidade descritas nas promessas.
Praticando os primeiros Sete Passos, fiquei sabendo quem tinha prejudicado e que eu
tinha sido meu pior inimigo. A fim de restaurar meus relacionamentos com meus
semelhantes, sabia que precisava mudar. Desejava viver em harmonia comigo mesmo e
com os outros, para que pudesse também ter uma vida de liberdade emocional. O começo
do fim de meu isolamento – de meus companheiros e de Deus – veio quando escrevi minha
relação do Oitavo Passo.
Preparação para Realizar a Lista : (Leia e Siga em Frente, faça sua Lista)
01. O que e como entendo e tento praticar o Oitavo Passo de A.A., nesta data. Em meu
nome e não no da Irmandade. (Enumero os parágrafos para facilitar os debates nos
Seminários).
02. Estou agora preparado para fazer um detalhado inventário de Oitavo Passo. Relaciono
todos os prejudicados, sem excluir ninguém (mesmo aqueles cujas reparações não
poderei fazer). Como exerci meus deveres e direitos na vida: com meus pais; irmãos;
professores; e colegas? Em relação à namorada, esposa ou concubina? À vida conjugal e à
educação dos filhos? Na condição de empregado, empregador ou sócio? Com meus
superiores ou subalternos, com os colegas de trabalho? Na vida social, cívica e religiosa?
(se for o caso). Com parentes e com os que mais queriam me ajudar. Até mesmo com os
companheiros de bebedeiras e os botequineiros. Não esquecendo daqueles que moram
longe, daqueles que sequer sei onde residem, incluindo aqueles que já faleceram. Qual a
intensidade dos conflitos, sofrimentos e fracassos impostos a mim e aos outros, em
função das minhas atitudes alcoólicas.
Reflito sobre a extensão da gravidade. Os danos podem ser de ordem física, material,
emocional e espiritual de menor ou maior gravidade como: acidentes só com perdas
materiais, com ferimentos graves ou até mortes; agressões físicas leves, graves ou
gravíssimas causando mortes; agressões verbais leves ou exasperadas com
conseqüências incomensuráveis; calúnias; falsos testemunhos; adultério; roubos de
pequena ou grande monta; falsificação de documentos ou contas de viagem; faltas ao
trabalho; baixa produtividade; dívidas não saldadas; grandes desfalques na organização
onde trabalhava; etc. Embora, tudo isto foi causado por uma doença, não deve ser
relegado. Sejam benditos os erros passados, se com eles aprendi como conviver sem
repeti-los.
“No momento em que examinamos um desentendimento com uma outra pessoa, nossas
emoções se colocam na defensiva. Para evitar de encarar as ofensas que fizemos a uma
outra pessoa, salientamos, com ressentimento, as ofensas que ela nos fez. Prevalecendo
disso nos agarramos à sua má conduta, como desculpa perfeita para minimizar ou
esquecer a nossa.
A essa altura precisamos logo nos segurar. Não vamos esquecer que os alcoólicos não
são os únicos atormentados por emoções doentias. Em muitos casos estamos, na
realidade lidando com companheiros sofredores, pessoas que tiveram suas desgraças
aumentadas por nós.
Se estamos a ponto de pedir perdão para nós mesmos, por que não deveríamos começar
perdoando a todos eles”?
04. Vejamos o que disse Bill W. sobre isto: “Ao fazer a relação das pessoas as quais
prejudicamos, a maioria de nós depara com outro resistente obstáculo. Sofremos um
choque bastante grave quando nos damos conta que estávamos preparando a admissão
de nossa conduta desastrosa cara a cara perante aqueles que havíamos tratado mal. Já
foi bastante embaraçoso quando, em confiança, havíamos admitido estas coisas perante
Deus, nós mesmos e outro ser humano. Mas a perspectiva de chegar a visitar ou mesmo
escrever às pessoas envolvidas, agora nos parecia difícil, sobretudo quando lembrávamos
a desaprovação com que a maioria delas nos encarava. Também havia casos em que
havíamos prejudicado certas pessoas que, felizmente, ainda desconheciam que haviam
sido prejudicadas. Por quê, lamentávamos, não esquecer o que se passou? Por quê
devemos considerar até essas pessoas? Estas eram algumas das maneiras em que o
medo conspirava com o orgulho para impedir que fizéssemos uma relação de todas as
pessoas as quais tínhamos prejudicado”.
05. “Embora em alguns casos não possamos fazer reparação alguma, e em outros o
adiamento da ação seja preferível, deveríamos, contudo, fazer um exame acurado, real e
exaustivo da maneira pela qual nossa vida passada afetou as outras pessoas. Em muitas
instâncias descobrimos que, mesmo que o dano causado aos outros não tenha sido
grande, o dano emocional que causamos a nós mesmos foi enorme”.
06. Será que no meu alcoolismo ativo somente eu fui o prejudicado? Absolutamente, não!
O alcoolismo ativo representa um verdadeiro vendaval, um verdadeiro tufão, um
verdadeiro tornado; um grande terremoto sobre as vida alheias também. Por onde um
alcoolista passa deixa rastros de danos como: Desrespeito, intrigas, mentiras,
desavenças, discórdia, brigas, magoas, desesperança, medo, vergonha, raiva, descrédito,
indignidade, irresponsabilidade, desonestidade, arrogância, teimosia, desamor,
insensatez, desagregação e agressividade com rompantes de quebrar tudo como: portas,
janelas, utensílios, eletrodomésticos, comprado com os parcos recursos do infeliz
cônjuge. Pessoalmente tive dificuldades no Oitavo Passo, achava que havia prejudicado
somente a mim mas, bastou eu abrir uma fenda na parede do meu ego e os danos
causados aos outros vieram à mente.
Comecei as reparações com minha filhas e esposa, depois com companheiros de trabalho,
circulo de amizades, donos de botecos e companheiros de bebedeiras. No começo foi
razoavelmente difícil, mas logo se tornou cada vez mais fácil. Ao fazer reparações com
companheiros de bebedeiras consegui algumas abordagens de Décimo Segundo Passo.
Embora não fosse esta a minha intenção.
“Alguns de nós, contudo, tropeçaram em um obstáculo bem diferente. Apegamo-nos à tese
de que, quando bebíamos, nunca ferimos alguém, exceto nós mesmos. Nossas famílias
não sofreram porque sempre pagamos as contas e raramente bebemos em casa. Nossos
colegas de trabalho não foram prejudicados porque, geralmente comparecíamos ao
trabalho. Nossa reputação não havia sofrido porque estávamos certos de que poucos
sabiam de nossas bebedeiras e aqueles que sabiam nos asseguravam, às vezes, que uma
boa farra, afinal de contas, não passava de uma falha de um bom sujeito. Que mal,
portanto, havíamos cometido realmente. Certamente nada que não pudéssemos consertar
com algumas desculpas banais. É claro que esta atitude é o resultado final do
esquecimento forçado. É uma atitude que só pode ser mudada por uma busca profunda e
honesta de nossas motivações e ações”.
07. A.A. propõe este passo para fazer-me sofrer? Muito pelo contrário, isso possibilita
melhorar meu emocional. A medicina sabe que uma ferida crônica só começa a melhorar
para depois cicatrizar quando bem escarificada. A dor causada garante a cura. Alguém
poderia dizer se o Programa é “Só Por Hoje”, por que então remover o passado? Ora,
olhando e examinando meu passado, aprendo lições para evitar os mesmos erros. Danos
possíveis de reparar e, não reparados geraram conflitos emocionais. Mesmo aqueles já
esquecidos. Daí a importância de, dentro do possível, lembrá-los. Não me envergonho em
corrigir meus erros e mudar de opiniões. Não me envergonho de raciocinar e aprender.
Somente uma pessoa que nada aprendeu, não assume seus erros e modifica suas
opiniões.
“Quem Esquece O Seu Passado Está Sujeito A Repeti-Lo.”
09. “É necessário que esclareçamos, por meio de um exame de nossas relações pessoais,
toda informação possível sobre nós e sobre nossas principais dificuldades. Uma vez que
nossos relacionamentos difíceis com outros seres humanos quase sempre foram a causa
imediata de nosso sofrimento, incluindo nosso alcoolismo, nenhum campo de investigação
poderia trazer recompensas mais satisfatórias e valiosas do que esse.
A reflexão calma e ponderada sobre nossas relações pessoais pode aprofundar nosso
conhecimento. Podemos ir muito além daquelas coisas superficiais que estavam erradas
em nós, até essas falhas que eram básicas, falhas que, às vezes, eram responsáveis pela
formação de nossa vida toda. A minuciosidade descobrimos, nos recompensará – e no
recompensará bem”.
10. “Havendo cuidadosamente revisto toda esta área das relações humanas, e decidido
exatamente quais os traços de nossa personalidade que prejudicaram e incomodaram os
outros, podemos agora começar a rebuscar nossa memória na busca das pessoas que
temos ofendido. Identificar os mais próximos e mais profundamente feridos não deveria
ser difícil. Então, ao retroceder, ano por ano, pelas nossas vidas até onde chegar a
memória, certamente formaremos uma longa relação de pessoas que foram afetadas em
menor ou maior grau. Deveríamos, é claro, ponderar e pesar cada caso cuidadosamente.
Haveremos de querer nos apegar à decisão de admitir as coisas que nós temos feito, ao
mesmo tempo em que desculpamos as injúrias feitas a nós, sejam elas reais ou
imaginárias. Deveríamos evitar os julgamentos extremos tanto de nós mesmos quanto das
outras pessoas envolvidas. Não devemos exagerar nem os nossos defeitos, nem os deles.
Um exame calmo e objetivo será nossa firme intenção. Cada vez que vacile nosso lápis,
podemos nos fortificar e animar, lembrando-nos do que a experiência de A.A. neste passo
tem significado para outros. É o começo do fim do nosso isolamento de nossos
semelhantes e de Deus”.
11. “Em muitos casos estamos, na realidade, em frente a co-sofredores, pessoas que
tiveram suas desditas aumentadas pela nossa contribuição. Se estamos a ponto de pedir
perdão para nós mesmos, por que não começar por perdoar a todos eles”?
12. Não maximizo e nem minimizo os danos que causei e que os outros me causaram. O
indispensável é eu relacionar os danos que causei. Pois, se os outros me causaram danos,
poderia ter sido em função de minhas atitudes bêbadas. Não posso ficar na defensiva
culpando os outros. Muito menos justificar dizendo eu fiz isto ou aquilo para fulano ou
beltranos porque ele me fizeram …
13. O Oitavo e Nono Passos estão interligados e me ensinam a fascinante, mas desafiante
arte do relacionamento humano. Meu relacionamento começou no ventre materno e só
terminará depois de sepultado. Sem ter aprendido o mínimo necessário. Alguém disse:
“Quanto mais conheço os homens, mais prefiro conviver com os animais”. Só para
contrariar, respondo: eu prefiro conviver com os homens mesmo, porque o desafio é bem
maior.
14. Minha paz independe das atitudes das pessoas que me cercam, mas a bem verdade, se
meu relacionamento for bom será mais fácil para mim. “Que Come Por Mim”! Já ouvi esta
expressão: “Retirem As Pessoas Da Minha Vida E Os Meus Problemas Estarão Resolvidos”.
Acontece, porém, que pessoas precisam de pessoas para poderem sobreviver. Somos
seres sociais. O homem é uma ilha, sim! mas, uma ilha cercada de homens por todos os
lados.
15. “O Oitavo e Nono Passos se preocupam com as relações pessoais. Primeiro, olhamos
para o passado e tentamos descobrir onde erramos; então, então fazemos uma enérgica
tentativa de reparar os danos que tenhamos causado; e, em terceiro lugar, havendo desta
forma limpado o entulho do passado, consideramos de que modo, com o novo
conhecimento de nós mesmos, poderemos desenvolver as melhores relações possíveis
com todas as pessoas que conhecemos”.
“Eis uma incumbência difícil. É uma tarefa que poderemos realizar com crescente
habilidade sem, contudo, jamais concluí-la. Aprender a viver em paz, companheirismo e
fraternidade com qualquer homem e mulher, é uma aventura comovente e fascinante.
Todo AA acabou descobrindo que pouco pode progredir nesta nova aventura de viver sem
antes voltar atrás e fazer, realmente, um exame acurado e impiedoso dos destroços
humanos que, porventura, tenha deixado em seu passado. Até certo ponto, tal exame já
foi feito quando fez o inventário moral, mas agora chegou a hora em que deveria redobrar
seus esforços para ver quantas pessoas feriu, e de que forma. Esta reabertura das feridas
emocionais, algumas velhas, outras talvez esquecidas, e ainda outras, sangrentas e
dolorosas, dará a impressão, à primeira vista, de ser uma operação desnecessária e sem
propósito. Mas se for reiniciada com boa vontade, então as grandes vantagens de assim
proceder vão se revelando tão rapidamente que a dor irá diminuindo à medida que os
obstáculos, um a um, forem desaparecendo”.
16. “Um cuidadoso exame de todas as nossas experiências passadas, pode nos revelar o
fato surpreendente de que, tudo o que nos aconteceu, foi para o nosso bem. É triste falhar
na vida; porém mais triste ainda é não tentar vencer”.
17. “Poderíamos então perguntar a nós mesmos: O que queremos dizer quando falamos
que ‘prejudicamos’ outras pessoas? Que tipos de ‘danos’ se fazem às pessoas, afinal? Para
definir a palavra ‘danos’ de maneira prática, poderíamos dizer que é o resultado de
choques entre instintos, que causam prejuízos físicos, mentais ou espirituais às pessoas.
Se estamos constantemente mal humorados, despertamos a ira nos outros, se mentimos
ou defraudamos, privamos os outros não somente de seus bens materiais, mas de sua
segurança emocional e paz de espírito. Na realidade nós os convidamos a se tornarem
desdenhosos e vingativos. Se nossa conduta sexual for egoísta, poderemos despertar o
ciúme a angústia e um forte desejo de nos pagar com a mesma moeda”.
18. “Dirija seus pensamentos para a solução do problema. Pense na felicidade que lhe
trará a solução perfeita. Imagine a sensação agradável que será possuir a perfeita solução
do problema. Pensando na solução, você ativa a inteligência do subconsciente, que tudo
sabe, tudo vê e tudo pode”.
19. “Antes de partires em busca dos teus direitos, deves examinar até onde cumpristes os
teus deveres”.
20. “Não aponte as falhas alheias; nem mesmo com o dedo limpo. O ódio excita
contendas; mas, o amor cobre todas as transgressões”.
21. “A maioria das pessoas só aprendem as lições da vida, depois que a mão dura do
destino lhe toca os ombros”.
22. “Não maldigas os parentes … Contra a vida, não acuses as pessoas pelos teus
insucessos”.
23. “Passarei por este mundo uma só vez. Assim, todas as boas ações que possa praticar
e todas as gentilezas que possa dispensar, a qualquer ser humano, não devem ser
adiadas. Devo aproveitar este momento, pois nunca voltarei a passar por este caminho”.
26. “Bendize o teu remorso … Nas lágrimas do arrependimento, fulge a luz da divina
salvação. – Quem se arrepende começa a ser bom”.
27. “Princípios da eficiência: Não temer o futuro nem idolatrar o passado. O insucesso é
apenas uma oportunidade para começar de novo com mais inteligência. O passado só nos
serve para mostrar nossas falhas e fornecer indicações para o progresso do futuro”.
28. “Há pessoas que estão sempre prevendo dores e pesares; e, deste modo, sofrem
mágoas que nunca se realizam”.
“Deveríamos fazer um preciso e exaustivo exame de como nossa vida passada afetou
outras pessoas. Em muitos casos descobrimos que, embora o dano causado aos outros
não tenha sido grande, o dano emocional que causamos a nós mesmos o foi. Às vezes,
totalmente esquecidos, os conflitos emocionais que nos prejudicaram continuam muito
profundos, abaixo do nível da consciência. Portanto, deveríamos tentar relembrar e rever
bem os acontecimentos do passado, que deram origem a esses conflitos e continuam
causando violentos desequilíbrios emocionais, descolorando dessa forma nossa
personalidade e mudando nossa vida para pior.
Reagimos mais fortemente às frustrações do que as pessoas normais. Tornando a viver
esses episódios e discutindo-os em estreita confiança com outra pessoa, podemos reduzir
seu tamanho e portanto seu poder inconsciente”.
29. “Deus concede o progresso a passos lentos, porque a luz repentina ofusca a vista”.
30. “Se alguém não o compreende, perdoe, e siga em frente! Não guarde em seu coração
mágoas e ressentimentos, medo e tristeza. Caminhe para frente! Quanta gente espera de
você apoio, compreensão e carinho! Se não o compreendem, não se importe. Perdoe e
siga em frente, porque em todos os caminhos encontraremos sempre lições preciosas,
que nos farão progredir”.
31. “Não alimente inimizades! Procure fazer as pazes com todos aqueles que estão de mal
com você. Aproveite a oportunidade de estar ao lado de seus adversários, para fazer-lhes
bem, em troca do mal que lhe fizeram. Não deixe escapar o ensejo de anular o mal em
torno de você, enquanto estiver na terra, para que, ao sair dela, tenha sua consciência
tranqüila”.
34. “O ressentimento é o principal culpado. Destrói mais alcoólicos do que qualquer outra
coisa. Dele nascem todas as formas de doença espiritual, pois tínhamos estado doentes
não só física e mental, como também espiritualmente. Quando nossa doença espiritual é
superada, nós nos fortalecemos mental e fisicamente.
Ao lidar com nossos ressentimentos, íamos anotando-os num papel. Fazíamos uma relação
das pessoas, instituições ou princípios que nos davam raiva. Depois nos perguntávamos
por que nos davam raiva. Na maioria dos casos, achávamos que nossa auto-estima,
nossos bolsos, nossas ambições e nossos relacionamentos pessoais (incluindo sexo)
estavam prejudicados ou ameaçados.
‘O mais exaltado trecho de uma carta pode ser uma maravilhosa válvula de segurança –
contanto que a cesta de lixo esteja por perto’”.
35. “Cada vez que vacile nosso lápis, podemos nos fortificar e animar lembrando-nos do
que a experiência de A.A. neste Passo tem significado para outros. É o começo do fim do
nosso isolamento de nossos semelhantes e de Deus”.
36. Particularmente, sempre me questiono: estou fazendo para o meu próximo aquilo que
eu gostaria que ele fizesse comigo? Caso afirmativa prossigo, do contrário, recuo e
reformulo.
37. Com amor, sugiro aos Companheiros para estudarem e praticarem o Programa de
A .A .contido em nossa Literatura e disponível nos Grupos e nos Escritórios de Serviços
Locais (ESL) pelo preço de reposição.
38. Os versículos Bíblicos, pertinentes a este Passo, os incluí para enriquecer o tema –
porém, sem nenhuma conotação religiosa.
At. 24,16. “Por isso procuro sempre ter uma consciência sem ofensas…”.
Eclo. 22, 19-25. “Quem machuca os olhos faz cair lágrimas, e quem fere um coração revela
os sentimentos dele. … e quem ofende um amigo perde a amizade. Embora já tenha
empunhado a espada contra o amigo, não se desespere, porque ainda há remédio. Ainda
que já tenha aberto a boca contra o amigo, não se apavore, porque pode haver
reconciliação. Mas o ultraje, a arrogância, a violação de segredos e a traição são coisas
que fazem o amigo fugir,”
Eclo. 27, 25-29. “Jogue uma pedra para o alto, e ela cairá na sua própria cabeça; dê um
golpe por traição, e você receberá o golpe de volta. Quem cava um buraco, nele cairá;
quem prepara uma armadilha, ficará preso nela. O mal se volta contra quem o pratica, e
sem que a pessoa saiba de onde ele vem. Sarcasmo e ultraje são próprios do soberbo, mas
a vingança o espreita como leão”.
9º PASSO
Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível,
salvo quando fazê-las significasse prejudicá-las ou a outrem.
Outros problemas difíceis obedecem a esta mesma ideia Seriam, por exemplo, situações
em que uma revelação poderia resultar em uma demissão e conseqüente desemprego do
alcoolista. As conseqüências repercutiriam então sobre a segurança financeira da família.
Quando reflito sobre o Nono Passo, vejo que a sobriedade física deve bastar para mim.
Preciso lembrar-me da desesperança que sentia antes de encontrar a sobriedade, e como
estava disposto a fazer qualquer coisa para consegui-la. Sobriedade física não é o
bastante para aqueles que estão à minha volta, contudo, devo cuidar para que a dádiva de
Deus seja usada para construir uma vida nova para minha família e as pessoas a quem
amo.
É igualmente importante que eu deva estar disponível para ajudar outros que desejam a
maneira de vida de A. A.
Peço a Deus que me ajude a compartilhar a dádiva da sobriedade para que aqueles a quem
conheço e amo possam ver seus benefícios.
RECONSTRUÇÃO
Sim, há pela frente um longo período de reconstrução…
EQUILÍBRIO EMOCIONAL
Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível.
Quando revejo os meus dias de bebida, recordo de muitas pessoas a quem toquei
casualmente na minha vida, mas cujos dias eu transformava com minha raiva e sarcasmo.
Não tenho condições de saber por onde andam estas pessoas, e reparações diretas a elas
não são possíveis. A única reparação que posso fazer a estas pessoas não identificadas,
as únicas “mudanças para melhor” que posso oferecer, são reparações indiretas feitas a
outras pessoas, cujos caminhos se cruzam casualmente. Cortesia e amabilidade,
praticadas regularmente, me ajudam a viver em equilíbrio emocional, em paz comigo
mesmo.
O Nono Passo recupera em mim um sentimento de pertencer, não somente à raça humana,
mas, também ao mundo atual. Primeiro , o Passo me faz deixar a segurança de A. A., para
que possa tratar com pessoas não AAs “lá fora”, nos termos delas, não os meus. É uma
ação temerosa mas necessária, se quero voltar para a vida. Segundo, o Nono Passo me
permite remover ameaças à minha sobriedade, reparando relacionamentos passados. O
Nono Passo mostra o caminho para uma sobriedade mais serena, deixando-me livre de
destroços passados, para não tropeçar-me com eles.
As promessas mencionadas nesta passagem estão vindo pouco a pouco para a minha
vida. O que me deu esperança foi colocar o Nono Passo em ação. O Passo me permitiu ver
e fixar objetivos em minha recuperação.
Fazer reparações diretas é importante para mim. A medida que reparo relacionamentos e
comportamentos do passado, posso com mais facilidade viver uma vida sóbria!
Embora tenha alguns anos de sobriedade há horas em que “as coisas velhas” do passado
precisam ser cuidadas e o Nono Passo sempre funciona, quando eu o pratico.
FAZENDO REPARAÇÕES
Acima de tudo, deveríamos tentar estar absolutamente seguros de que não estamos
desmoronando por causa do medo.
Ter coragem, não ter medo, são dádivas de minha recuperação. Elas me permitem pedir
por ajuda e continuar a fazer minhas relações com um sentido de dignidade e humildade.
Fazer reparações pode exigir uma certa dose de honestidade que sinto-me faltar: mas,
com a ajuda de Deus e a Sabedoria de outros posso alcançar e encontrar a força para agir.
Minhas reparações podem ser ou não aceitas, mas, após estarem feitas posso andar com
um sentimento de liberdade e saber que, por hoje, eu sou responsável.
EU SOU RESPONSÁVEL
Pois a disposição de aceitar todas as conseqüências de nossos atos passados e, ao
mesmo tempo, de assumir a responsabilidade pelo bem-estar de outros, constitui o próprio
espírito do Nono Passo.
Na recuperação e com a ajuda de Alcoólicos Anônimos, aprendo que a coisa de que tenho
medo é justamente a minha liberdade. Ela vem de minha tendência de não querer assumir
responsabilidade por nada: eu nego, ignoro, culpo, evito. Então um dia eu olho, admito,
aceito. A liberdade, a saúde e a recuperação que experimento está em olhar, admitir e
aceitar. Aprendo a dizer “sim, eu sou responsável”.
Quando posso dizer estas palavras com honestidade e sinceridade, então estou livre.
REPARANDO OS DANOS
Bom senso, escolher cuidadosamente o momento, coragem e prudência – eis as qualidade
que precisamos ter quando damos o Nono Passo.
Fazer reparações pode ser visto de duas maneiras: primeira, reparar o dano. Se eu
danifiquei a cerca do vizinho eu “faço um conserto” – e isto é uma reparação direta. A
segunda maneira é modificando meu comportamento. Se minhas ações prejudicaram
alguém eu faço um esforço diário para não causar mais danos a ninguém. Eu “conserto
minha maneira de ser” e isto é uma reparação indireta.
Qual é o melhor modo? O único modo correto, desde que eu não cause danos posteriores,
é as duas maneiras. Se o dano já esta feito então eu simplesmente “reparo minhas
maneiras”. Agir desta maneira me garante fazer reparações honestas.
PAZ DE ESPIRITO
Submetemos o assunto a nosso padrinho ou conselheiro espiritual pedindo, sinceramente
a ajuda e orientação de Deus – mas resolvendo atuar de maneira certa, quando ficar claro,
custe o que custar?
Minha crença em um Poder Superior é uma parte essencial do meu trabalho no Nono
Passo; perdão, momento certo e motivos corretos são os outros ingredientes. Minha
disposição para fazer o Passo é uma experiência de crescimento que abre as portas novos
e honestos relacionamentos com as pessoas a quem prejudiquei. Minha ação responsável
me traz mais perto dos princípios espirituais do programa: amor e serviço. Paz de espírito,
serenidade e uma fé mais sólida, sem dúvida vêm a seguir.
“Deus em sua sabedoria infinita, selecionou este grupo de homens e mulheres para ser
depositários de suas Bem Aventuranças. Ao escolhe-lo para ser mensageiro deste
milagre,Ele não se dirigiu ao afortunado. Ele foi em busca do humilde, do enfermo, do
infortunado. Ele foi diretamente ao
doente.” (Texto retirado da literatura de AA)
9º Passo:
Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível,
salvo quando fazê-lo significa-se prejudicá-las ou a outrem.
“Por tanto, quando fores apresentar tua oferenda no altar, se ali te lembrares de que teu
irmão tem algo contra tí, deixa a tua oferenda ali, diante do altar, e vai primeiro
reconciliar-te com teu irmão; depois, vem apresentar tua oferenda.” (Mateus 5,23-24)
As catástrofes naturais são sempre notícias absorventes. Terremotos, furacões, incêndios
em florestas ou matagais e enchentes prendem nossa atenção. Porém, raramente, vemos
o trabalho árduo de reconstrução que acontecem depois que o desastre passou. Vidas,
lares, negócios e comunidades inteiras são restauradas e reanimadas.
O 9º Passo assemelha-se às restaurações e a reconstrução que acontecem depois da
calamidade. Pelo processo de reparação, começamos a corrigir os danos de nosso
passado. No 8º Passo, avaliamos os danos e fizemos um plano. Agora, no 9º, entramos em
ação.
A prática do 9º Passo envolve contatos pessoais com aqueles a quem prejudicamos.
Percorremos nossa lista do 8º Passo, pessoa por pessoa. Abordamos cada uma delas com
delicadeza, sensibilidade e compreensão. Deus pode nos ajudar a descobrir o melhor jeito
de fazer o contato. Algumas pessoas requerem um encontro frente a frente, enquanto
outras situações podem ser resolvidas com mudanças de nosso comportamento. Seja qual
for o caso, Deus nos concede a sabedoria e a orientação que precisamos.
10º PASSO
Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o
admitíamos prontamente.
Alem da ressaca devida ao excesso de bebida, existe também a ressaca emocional, que é
“… fruto direto do acúmulo de emoções negativas ontem sofridas e, às vezes, hoje – o
rancor, o medo, o ciúme e outras semelhantes” (Os Doze Passos, p. 79). Para viver com
serenidade é preciso eliminar tias ressacas.
Embora iguais em princípio, os inventários diferem de acordo com a ocasião em que são
feitos. Há o inventário “relâmpago”, que é feito nos momentos de confusão. Inventários
diários são feitos para revisar os acontecimentos das últimas 24 horas. Existem ainda os
inventários periódicos, feitos para avaliar o progresso de um determinado período.
A dificuldade do inventário reside na falta de hábito de uma análise detalhada. Uma vez
adquirido, o hábito passa a ser uma atividade proveitosa, compensando Amplamente o
tempo com ele despendido. Muitos alcoolistas têm o hábito de fazer um inventário anual
ou semestral.
Existe um preceito espiritual que explica que, cada vez que o indivíduo se sente
perturbado, existe algo errado com ele. Entre os sentimentos perturbadores encontra-se o
rancor. Quando este é justificado, a literatura esclarece que para o alcoolista este rancor
pode ser perigoso: é preferível deixá-lo para as pessoas mais equilibradas, que conseguem
mantê-lo sob controle. Outros sentimentos que têm o poder de transtornar as emoções do
alcoolista são o ciúme, os ressentimentos, a inveja, auto piedade e o orgulho. “Um
inventário ‘relâmpago’ levantado no meio de tais perturbações pode ser de grande valia
para acalmar as emoções tempestuosas” (Os Doze Passos, p. 81).
O inventário diário aplica-se para situações que ocorreram durante as vinte e quatro
horas. Para todas as situações há necessidade “… de autodomínio, análise honesta do
ocorrido, disposição para admitir nossa culpa e, igualmente, para desculpar as outras
pessoas” (Os Doze Passos, p. 82).
A percepção de que todas as pessoas têm falhas começa a gerar tolerância e evidência
de que não faz sentido ofender-se com pessoas que sofrem tal qual o alcoolista dos
desajustes que acompanham o desenvolvimento. Uma mudança tão radical na forma de
ver as coisas pode levar muito tempo. Se são raras as pessoas que conseguem amar a
todas as outras, é comum encontrar indiferença e ódio entre as pessoas. O alcoolista, no
entanto, não pode manter a ideia de que pode odiar ou temer quem quer que seja. “A
cortesia, a bondade, a justiça e o amor são chaves que abrem a porta da harmonia entre
nós e as outras pessoas” (Os Doze Passos, p. 84).
Ao final do dia, muitos alcoolistas fazem o inventário das últimas 24 horas. Percebem que
boas intenções e atos construtivos estão presentes em sua mente.
Por outro lado, o exame dos pensamentos e atos inadequados ou desagradáveis permitem,
de modo geral, perceber e entender quais foram os motivos que os geraram. É preciso
apenas reconhecer a falha, tentar visualizar qual comportamento teria sido adequado,
aproveitar a lição e fazer a reparação se necessária.
Para outras situações, apenas um exame mais detalhado irá mostrar quais foram os reais
motivos de algumas ações. Algumas vezes, poderá ter surgido uma justificativa para
explicar uma conduta inadequada, e será tentador imaginar que havia bons motivos para o
comportamento em questão. “Esta estranha característica do complexo mente-emoção,
este desejo pervertido de ocultar atrás do bom motivo, o errado, se infiltra nos atos
humanos de alto a baixo” (Os Doze Passos, p. 85). A edificação do caráter consiste em
perceber, admitir e corrigir estas falhas. Uma avaliação minuciosa de como foi o dia
possibilita agradecer a Deus as graças recebidas e adormecer com a
consciência tranquila.
A PROVA DECISIVA
Quando praticamos os nove primeiros Passos, estamos nos preparando para a aventura de
uma nova vida. Mas, ao nos aproximarmos do Décimo Passo, começamos a nos submeter
à maneira de viver de A. A. dia após dia, em qualquer circunstância. Logo, vem a prova
decisiva: permanecer sóbrios, manter nosso equilíbrio emocional e viver utilmente sob
quaisquer condições?
Eu sei que as promessas estão sendo cumpridas na minha vida, mas desejo mantê-las e
desenvolvê-las pela aplicação diária do Décimo Passo. Tenho aprendido através deste
Passo que, se estou perturbado, há algo errado comigo. A outra pessoa pode estar errada
também, mas eu posso tratar somente com os meus sentimentos. Quando estou magoado
ou transtornado, tenho que procurar a causa continuamente em mim e preciso então
admitir e corrigir meus erros. Não é fácil, mas enquanto sei que estou progredindo
espiritualmente, sei que posso considerar meu esforço como um trabalho bem feito.
Descobri que a dor é uma amiga: ela me deixa saber que há alguma coisa errada com as
minhas emoções, da mesma forma que uma dor física mostra que há alguma coisa errada
com meu corpo. Quando atuo de forma apropriada através dos Doze Passos, a dor
gradualmente vai embora.
A BAGAGEM DE ONTEM
Os sábios sempre souberam que alguém só consegue fazer alguma coisa de sua vida
somente depois que o exame de si mesmo venha a se tornar um hábito regular, admita e
aceite o que encontre e, então tente corrigir o que lhe pareça errado, com paciência e
perseverança.
Tenho hoje mais do que o suficiente para lidar, sem ter que arrastar também a bagagem
de ontem. Devo equilibrar as contas de hoje, se quiser ter uma chance amanhã. Portanto,
pergunto a mim mesmo se errei e como posso evitar repetir esse comportamento em
particular. Magoei alguém, ajudei alguém, e por quê?
Alguma coisa que faço hoje acaba transbordando para o amanhã, porém, isso não precisa
acontecer com quase tudo, se eu fizer um inventário diário de forma honesta.
CONTROLANDO DIARIAMENTE
Continuamos fazendo o inventário pessoal.
O axioma espiritual referido no Décimo Passo: “toda vez em que estivermos perturbados,
não importa qual a causa, há alguma coisa errada conosco” também me diz que não
existem exceções a isto. Não importa o quanto os outros pareçam ser ir razoáveis, eu sou
responsável para não reagir negativamente. Independente do que está acontecendo à
minha volta, sempre terei a prerrogativa e a responsabilidade de decidir o que acontece
dentro de mim. Eu sou o criador de minha própria realidade.
Quando faço meu inventário diário, sei que devo parar de julgar os outros. Se julgo os
outros, provavelmente estou a mim mesmo.
Quem mais me perturba, é meu melhor professor. Tenho muito que aprender com ele ou
com ela e, em meu coração, deveria agradecer a essa pessoa.
INVENTÁRIO DIÁRIO
… e, quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente.
UM PRECEITO ESPIRITUAL
É um preceito espiritual, que cada vez que estamos perturbados, seja qual for a causa,
alguma coisa em nós está errada.
Eu nunca entendi realmente o preceito espiritual do Décimo Passo, até a ter a seguinte
experiência. Estava sentado lendo em meu quarto, de madrugada quando, subitamente,
ouvi meus cachorros latindo no pátio de trás. Meus vizinhos desaprovam este barulho,
assim, com uma mistura de sentimentos de raiva e vergonha, bem como do medo da
desaprovação de meus vizinhos, chamei os cachorros imediatamente.
Várias semanas mais tarde, a mesma situação se repetiu, exatamente da mesma maneira,
mas eu estava me sentindo em paz comigo mesmo e fui capaz de aceitar a situação –
cachorros sempre latem – e, calmamente, chamei os cachorros.
Os dois incidentes me ensinaram que, quando uma pessoa experimenta eventos quase
idênticos e reage de duas maneiras diferentes, significa que não é a situação que é de
extrema importância, mas a condição espiritual da pessoa.
Sentimentos vêm de dentro, não das circunstâncias exteriores. Quando minha condição
espiritual é positiva, eu reajo positivamente.
De repente vi que podia fazer alguma coisa a respeito de minha raiva, podia consertar-me
ao invés de tentar consertar os outros. Acredito que não há exceções a este preceito.
Quando estou com raiva, ela está sempre auto centrada. Preciso continuar me lembrando
que sou humano e que estou fazendo o melhor que posso, mesmo quando este melhor é
pouco.
Assim, peço a Deus para remover minha raiva e deixar-me realmente livre.
AUTO-DOMÍNIO
Nosso primeiro alvo deve ser o desenvolvimento do auto-domínio.
Um dia, quando fazia essa viagem, comecei a rever o meu progresso na sobriedade e não
fiquei feliz com o que vi. Esperei com o passar do dia, trabalhando, esquecer esses
pensamentos incômodos. Porém, como ia aparecendo um desapontamento após outro,
meu descontentamento somente aumentou e as pressões dentro de mim continuaram
subindo.
Me recolhi para uma mesa isolada na sala de firma e me perguntei como poderia
aproveitar melhor o restante do dia. Antigamente, quando as coisas iam mal,
instintivamente deseja lutar contra. Mas, durante o curto tempo que eu tinha tentando
viver o programa de A. A., havia aprendido a voltar atrás e dar uma olhada em mim
mesmo. Reconheci que, embora não sendo a pessoa que desejava ser, eu tinha aprendido
a não reagir da minha velha maneira. Aquelas velhas estruturas de comportamento só
trouxeram tristeza e dor para mim e para os outros. Voltei para minha seção de trabalho,
determinado a ter um dia produtivo, agradecendo a Deus pela chance de fazer progresso
aquele dia.
REFREANDO A PRECIPITAÇÃO
Ser justo e tolerante é um objetivo para o qual preciso trabalhar diariamente. Peço a Deus
como eu O concebo, para me ajudar a ser amoroso e tolerante com as pessoas que amo e
com aqueles que estão em maior contato comigo.
Peço orientação para reprimir minha língua quando estou agitado, e paro um momento
para refletir sobre o cataclismo emocional que minhas palavras podem causar, não
somente a outros mas também em mim. Oração, meditação e inventários são a chave para
um pensamento firme e ação positiva para mim.
INVENTÁRIOS INCESSANTES
Continuamos vigiando o egoísmo, a desonestidade, o ressentimento e o medo. Quando
estes surgirem, pediremos imediatamente a Deus que os remova. Iremos discuti-los em
seguida com alguma pessoa e, se causamos algum dano, prontamente vamos repará-lo.
Então, firmemente, voltamos nossos pensamentos para alguém a quem possamos ajudar.
A aceitação imediata de pensamentos ou ações erradas é uma tarefa difícil para a maioria
dos seres humanos, mas para alcoólicos em recuperação como eu, é difícil devido à minha
propensão para o egoísmo, o medo e o orgulho. A liberdade que o programa de A. A. me
oferece torna-se mais abundante quando, através de inventários incessantes de mim
mesmo, admito, reconheço e aceito responsabilidade por meus erros. É possível então
para mim conseguir uma compreensão mais profunda e mais ampla do que é a humildade.
Minha disposição em admitir quando a falta é minha, facilita o progresso de meu
crescimento e me ajuda a ser mais compreensivo e prestativo para os outros.
A mim faltava a serenidade. Com mais coisas para fazer do que era possível, embora me
esforçasse muito, cada vez estava mais atrasado. Preocupações sobre coisas não feitas
ontem e medo pelos prazos de entrega amanhã, negavam-me a calma de que eu precisava
para ser eficaz a cada dia.
Antes de praticar o Décimo e o Décimo Primeiro Passos comecei a ler passagens como a
citada acima.
Tentei focalizar a vontade de Deus, não os meus problemas, e confiar que Ele poderia
administrar o meu dia.
Durante meus primeiros anos em A. A., considerava o Décimo Passo como uma sugestão
de que olhasse periodicamente ao meu comportamento e reações. Se houvesse alguma
coisa errada, deveria admiti-la; se uma desculpa fosse necessária, deveria pedi-la.
Após alguns anos de sobriedade, senti que podia fazer um auto-exame mais
freqüentemente. Somente após a passagem de mais alguns anos eu percebi o significado
total do Décimo Passo e da palavra “continuamos”. “Continuamos” não significa de vez em
quando, ou freqüentemente. Significa “durante cada dia”.
UM AJUSTAMENTO DIÁRIO
Cada dia é um dia em que devemos aplicar a visão da vontade de Deus em todas as
nossas atividades.
Para mim é muito simples: todo dia peço ao Poder superior que me conceda a graça da
sobriedade por mais aquele dia!
Tenho conversado com muitos alcoólicos que voltaram a beber e sempre pergunto a eles:
“Você rezou por sobriedade no dia em que tomou o primeiro goles? Nenhum deles disse
que sim. Quando prático o Décimo Passo e tento manter minha casa em ordem
diariamente, sei que se eu pedir por um indulto diário, ele será concedido.
Tranqüilo de que não estou mais sempre errado, aprendo a aceitar a mim mesmo, como
sou, com um novo entendimento dos milagres da sobriedade e serenidade.
VERDADEIRA TOLERÂNCIA
Finalmente começamos a perceber que todas as pessoas, nós inclusive, estamos mais ou
menos emocionalmente doentes e freqüentemente errados, e então, aproximando-nos da
verdadeira tolerância, conhecemos o real significado do amor ao próximo.
Ocorreu-me o pensamento de que, até certo ponto, todas as pessoas são emocionalmente
doentes. Como nós poderíamos não ser? Quem entre nós é perfeito? Como poderia algum
de nós ser perfeito emocionalmente? Portanto, o que mais podemos nós fazer?, senão
suportar um ao outro e tratar cada um como gostaríamos de ser tratados em
circunstâncias similares. Isso é realmente o amor.
“Deus em sua sabedoria infinita, selecionou este grupo de homens e mulheres para ser
depositários de suas Bem Aventuranças. Ao escolhe-lo para ser mensageiro deste
milagre,Ele não se dirigiu ao afortunado. Ele foi em busca do humilde, do enfermo, do
infortunado. Ele foi diretamente ao
doente.” (Texto retirado da literatura de AA)
DOZE PASSOS:
( Adaptados de AA)
Os Doze Passos são sugestões de conduta ideais para nos libertarmos de problemas
emocionais, dependências, compulsões, solidão e uma série de comportamentos
indesejáveis que adquirimos como conseqüência de nossa separação de Deus que nos
levam ao sofrimento.
” Os Doze Passos são um presente que Deus enviou a humanidade através dos fundadores
de AA, e que tem curado e salvado milhares de vidas no mundo inteiro.”
10º Passo:
Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o
admitíamos prontamente.
“Assim, pois, aquele que pensa estar de pé tome cuidado para não cair.” (1Cor 10,12)
Quem cultivou um jardim sabe o cuidado necessário para mantê-lo saudável. Precisamos
remover pedras e ervas daninhas, enriquecer o solo com fertilizantes, cercá-lo para que
retenha a água, plantar as sementes, regar e proteger contra insetos. É preciso cuidado
constante para manter o jardim livre de ervas daninhas que poderiam retomá-lo se as
deixássemos. Outrora o Jardim lhes pertencia e elas parecem sempre querê-lo de volta.
Uma olhada contínua sobre nossas qualidades e defeitos e o firme propósito de aprender e
crescer dessa forma, são necessidades para nós. Nós alcoólicos aprendemos isto de
maneira difícil. Em todos os tempo e lugares, é claro, pessoas mais experientes adotaram
a prática do auto-exame e da crítica impiedosa. Os sábios sempre souberam que alguém
só consegue fazer alguma coisa de sua vida, depois que o exame de si mesmo venha a se
tornar um hábito regular, admita e aceite o que encontre e, então, tente corrigir o que lhe
pareça errado, com paciência e perseverança.
Um ébrio não pode viver bem hoje se está com uma terrível ressaca, resultante do
excesso de bebidas ontem ingerido. Porém, existe outro tipo de ressaca que todos
experimentamos, bebendo ou não. É a ressaca emocional, fruto direto do acúmulo de
emoções negativas sofridas ontem e, às vezes, hoje – o rancor, o medo, o ciúme e outras
semelhantes. Se quisermos viver serenamente hoje e amanhã, sem dúvida temos que
eliminar essas ressacas. Isto não quer dizer que devamos perambular morbidamente pelo
passado Requer, isto sim, a admissão e correção dos erros agora.. No inventário podemos
pôr em ordem o nosso passado. Feito isso, nos tornamos de fato capazes de deixa-lo para
trás. Se nosso balanço é feito com cuidado e se tivermos obtido paz conosco mesmo,
segue-se a convicção que os desafios de amanha poderão ser encarados na medida em
que se apresentem. (pág.78 e 79)
…O inventário só é difícil pela falta do hábito da auto-análise meticulosa. Uma vez que
essa saudável prática tenha se tornado rotineira, passará a ser tão interessante e
proveitosa que não nos daremos conta do tempo tomado. Pois os minutos ou horas
passados em auto-exame certamente terão o condão de tornar mais leves e felizes as
horas restantes do dia. Com o passar do tempo, os inventários passarão a fazer parte
integrante de nossa vida diária e não serão coisas raras ou à parte.(pág. 79)
…È um preceito espiritual, o de que cada vez que estamos perturbados, seja qual for à
causa, alguma coisa em nós está errada. Se ao sermos ofendidos, nos irritamos, é sinal de
que também estamos errados. Mas esta é uma regra sem exceções? Que é do rancor
“justificável” ? Se alguém nos enganar, não temos o direito de ficarmos magoados? Não
podemos, com razão, ficar zangados com os hipócritas ou farisaicos? Para nós em AA., as
exceções são sempre perigosas. Descobrimos que devemos deixar o rancor, embora
justificável, para àqueles que possam melhor controlá-lo. (pág. 80)
Nosso primeiro alvo deve ser o desenvolvimento do autodomínio, que é a mais alta das
prioridades. Quando falamos ou agimos precipitada ou imprudentemente, nossa
capacidade de fazer justiça e ser tolerante se evapora imediatamente. Uma só palavra
dura ou julgamento leviano pode estragar nossas relações com outras pessoas por todo
um dia ou, talvez, um ano. Nada traz mais proveito que o controle da língua ou da pena.
Devemos evitar a crítica mal-humorada e os argumentos contundentes. O mesmo vale
para o amuo ou o desdém silencioso. Estas são as armadilhas para as emoções feitas com
orgulho e espírito de vingança. (pág. 81)
…Finalmente começamos a perceber que todas as pessoas, inclusive nós, estamos até
certo ponto emocionalmente doentes e freqüentemente errados, e então, aproximando-
nos da verdadeira tolerância, conhecemos o real significado do amor ao próximo.
Enquanto progredimos, vai se tornando cada vez mais evidente o fato de que não faz
sentido ficarmos zangados ou ofendidos, com pessoas que, como nós, estão sofrendo dos
males ou desajustes peculiares ao crescimento. (pág.82)
…Mesmo quando tenhamos nos esforçado e falhado, podemos considerar o fato como dos
mais positivos. Sob estas condições, as dores do fracasso se transformaram em
vantagem. Dela recebemos o estimulo que necessitamos para progredir. Um conhecedor
do assunto disse uma vez que a dor era a pedra de toque de todo o progresso espiritual.
Nós AAs. Podemos concordar de coração com ele, pois sabemos que antes da sobriedade
vem, obrigatoriamente, o sofrimento resultante da bebida, assim como antes da
serenidade, vem o desequilíbrio emocional. (pág. 83)
Aprender a identificar, admitir e corrigir estas falhas todos os dias, constitui a essência da
edificação do caráter e da vida reta. O sincero arrependimento pelos danos causados, a
gratidão genuína pelas bênçãos recebidas e a disposição de tentar realizar melhor coisa
amanhã, serão os valores permanentes que procuraremos. Tendo, dessa forma, feito o
exame meticuloso de nosso dia, sem deixar de incluir as coisas bem feitas e tendo
vasculhado nossos corações, sem medo ou concessões, estamos realmente prontos para
agradecer a Deus todas as graças recebidas e podemos, então, DORMIR COM A
CONSCIENCIA TRANQUILA. (pág. 84)
PERGUNTAS SOBRE OS PASSOS.
10 – PASSO 10
10.1 – Quando começamos a nos submeter à maneira de viver de A.A., dia após
dia?
10.5 – Sabia que os sábios sempre souberam que alguém só consegue fazer
alguma coisa de sua vida depois que o exame de si mesmo venha a se tornar um
hábito regular, admita e aceite o que encontra e , então tente corrigir o que lhe
pareça errado com paciência e perseverança?
10.14 – Toda vez que estamos perturbados, seja qual for a causa, alguma coisa em
nós está errada. Concordas? Por quê? Existem exceções?
10.18 – Éramos (ou somos) capazes de distinguir se uma reação rancorosa era (ou
é) justificável ou não?
10.19 – A ira é o luxo a que podem se dar as pessoas mais equilibradas. Concorda
10.25 – Na prática do Décimo Passo, qual deve ser o nosso primeiro alvo?
10.31 – Faz sentido ficarmos zangados ou ofendidos com pessoas que, como nós,
estão sofrendo dos males do ou desajustes peculiares ao crescimento?
10.33 – Podemos nos aguentar por muito tempo se mantivermos o ódio arraigado
em nosso interior?
10.37 – Hoje estou fazendo aos outros o que gostaria que fizessem comigo?
10.42 – Que fazer quando agimos de acordo com o orgulho, irritação, ciúme,
angústia ou medo?
10.45 – Quais deverão ser objetos de nossa procura, nossos valores permanentes?
11º PASSO
Procuramos através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente com
Deus, na forma em que o concebíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade
em relação a nós e forças para realizar essa vontade.
Os alcoolistas são pessoas ativas, e tendem com frequência a não levar a sério a oração e
meditação, que são, para eles, os principais meios de contato consciente com Deus.
Aqueles que permanecem considerando o grupo de A. A. como sua “força superior” podem
encarar com desagrado as afirmações sobre o poder da oração. Alguns pretendem
demonstrar a não existência de Deus pela presença da pobreza, crueldade, doença e
injustiça. Outros usam argumentos diferentes.
Usada regularmente, a oração passa a ser indispensável. É ela que permite a presença de
Deus na vida do alcoolista. Quando a auto-análise, a meditação e a oração “são postas em
ação harmônica e logicamente, resultam em uma base inabalável para toda a vida” (Os
Doze Passos, p. 89).
O exame dos pensamentos e sentimentos permite que a ação e graça de Deus exerça
influência na parte negativa e escura do ser. A ferramenta que ilumina esta parte escura é
a meditação.
Para os alcoolistas que não sabem por onde começar, sugere-se que busquem uma oração
que os satisfaça, como por exemplo, a de São Francisco de Assis: “Ó Senhor! Faze de mim
um instrumento de Tua paz…” (Os Doze Passos, p. 90).
Como sucede quando se quer construir uma casa, cujo projeto se inicia com o uso da
imaginação, a meditação ajuda a ter uma noção do objetivo espiritual. Para facilitar o
relaxamento, pode-se imaginar que se está em uma praia, nas montanhas ou planícies.
São apresentadas também algumas reflexões sobre esta oração, bem como, algumas
características do processo de meditação. Um dos primeiros resultados da meditação é o
equilíbrio emocional.
A oração, por sua vez, “… é a elevação do coração e da mente para Deus (…) O estilo
comum de oração é uma petição a Deus” (Os Doze Passos, p. 92-93). Existe tentação de
expressar pedidos na oração para resolver situações da maneira que se pensa ser
adequada e que, com freqüência, não é a vontade de Deus. Convém lembrar a parte do
enunciado deste passo que define as necessidades: conhecer a vontade de Deus e obter
forças para realizá-la.
Diante de situações delicadas, pode-se pedir da mesma forma: ‘”Seja feita a Sua vontade e
não a minha.”’ (Os Doze Passos, p. 93). Em momentos críticos, a lembrança de que, como
diz a oração, “é melhor consolar do que ser consolado, compreender do que ser
compreendido, amar do que ser amado” traz consigo a intenção deste passo.
Esperar uma resposta certa e definida de Deus para uma situação perturbadora e
específica apresenta um sério risco. Freqüentemente os pensamentos que parecem ser
uma resposta divina são justificativas feitas inconscientemente, embora bem
intencionadas. “É um indivíduo muito desconcertante o A. A., ou qualquer outro homem,
que tenta implantar rigorosamente em sua vida este modo de rezar, com esta necessidade
egoística de respostas divinas. (…) Com a melhor das intenções, ele tende a impor sua
própria vontade em qualquer situação ou problema…” (Os Doze Passos, p. 94).
Em relação a outras pessoas, pode surgir uma tentação semelhante, quando se pede a
Deus que resolva determinada dificuldade da maneira como se acha que deve ser.
A. A. sugere que, tanto para si como para os outros, a oração deveria pedir que se
cumprisse a vontade de Deus.
MANEIRAS MISTERIOSAS
… nas épocas de sofrimento e dor, quando a mão de Deus parecia ser pesada e até
injusta, novas lições sobre a vida foram aprendida, novas fontes de coragem foram
descobertas e finalmente, de forma iniludível, chegou a convicção de que Deus,
efetivamente “age de maneira misteriosa na realização de Suas maravilhas”. Após perder
a minha carreira, família e saúde, não tinha ainda me convencido de que minha maneira de
vier precisava ser vista de uma nova forma. A bebida e o uso de outras drogas estavam me
matando, mas eu nunca tinha encontrado uma pessoa em recuperação ou um membro de
A. A.
Pensava que meu destino era morrer sozinho e que eu merecia isso. No auge do meu
desespero, meu filho menor adoeceu gravemente com uma rara enfermidade. Os esforços
dos médicos para ajudá-lo provaram ser inúteis. Redobrei meus esforços para bloquear
meus sentimentos, porém, agora o álcool havia deixado de surtir efeito. Estava só olhando
fixamente os olhos de Deus, suplicando Sua ajuda. Em alguns dias, devido a uma estranha
série de coincidências tive meu primeiro contato com A. A. e desde então tenho
permanecido sóbrio. Meu filho sobreviveu e sua doença está em regressão. Todo o
episódio me convenceu da minha impotência e da perda de controle da vida. Hoje meu
filho e eu agradecemos a Deus por Sua intervenção.
Um alcoólico sóbrio acha muito mais fácil ser otimista sobre a vida. Otimismo é o
resultado natural de me encontrar gradualmente possibilitado de tirar o melhor proveito
de cada situação. À medida que minha sobriedade física continua, eu saio do nevoeiro,
ganho uma perspectiva mais clara, e posso determinar melhor que curso de ação tomar. A
sobriedade física é tão vital que posso adquirir um maior potencial desenvolvendo uma
disposição sempre crescente para valer-me da orientação e direção de um Poder Superior.
Minha capacidade para fazer isto vem do meu aprendizado – e prática – dos princípios do
programa de A. A.
A fusão de minha sobriedade física com a espiritual produz a substância de uma vida mais
positiva.
FOCALIZANDO E ESCUTANDO
A prática do auto-exame, da meditação e da oração estão diretamente interligadas.
Usadas separadamente, elas podem trazer muito alivio e benefício.
Se faço primeiro meu auto-exame, tenho certeza de que terei bastante humildade para
orar e meditar – porque verei e sentirei a necessidade de fazê-lo. Alguns desejam começar
e terminar com a oração, deixando um intervalo para o auto-exame e a meditação,
enquanto outros começam com a meditação, escutando os conselhos de Deus sobre seus
defeitos ainda escondidos ou não reconhecidos. Outros ainda se empenham num trabalho
escrito e verbal de seus defeitos, terminando com uma oração de louvor e de ação de
graças. Estes três – auto-exame, meditação e oração – formam um círculo sem começo
nem fim. Não importa onde ou como eu começo, aos poucos chego ao meu destino: uma
vida melhor.
Os últimos três Passos do programa invocam a disciplina amorosa de Deus sobre a minha
natureza obstinada. Se dedico apenas alguns momentos toda a noite para uma revisão dos
pontos mais importantes do meu dia, junto com o reconhecimento daqueles aspectos que
não me agradam muito, eu ganho uma história pessoal de mim mesmo, uma história que é
essencial à minha caminhada para o auto conhecimento.
Fui capaz de perceber meu crescimento, ou a falta dele, e pedir numa prece para ser
aliviado desses defeitos de caráter contínuos que me causam sofrimento. Meditação e
oração também me ensinam a arte de concentrar-me e escutar.
Verifico que a confusão do dia se acalma quando rezo por Sua orientação e vontade. A
prática de pedir a Ele que me ajude em meus esforços para a perfeição coloca uma nova
perspectiva ao tédio de cada dia, porque sei que existe honra em qualquer trabalho bem
feito. A disciplina diária de oração e meditação me manterá em boa condição espiritual,
capaz de encarar qualquer coisa que o diga me traga, sem pensar em uma bebida.
As primeira palavras que falo, quando levanto de manhã são: “Oh! Deus, me levanto para
fazer a Tua vontade!”
Esta é a oração mais curta que conheço e ela está profundamente enraizada em mim. A
oração não muda a atitude de Deus para comigo: ela muda minha atitude para com Deus.
Distinta da oração, a meditação é um tempo calmo, sem palavras. Estar centrado é estar
fisicamente relaxado, emocionalmente calmo, mentalmente focalizado e espiritualmente
consciente. Uma maneira de manter o canal aberto e melhorar meu contato consciente
com Deus, é manter uma atitude de gratidão. Nos dias em que sou grato, coisas boas
parecem acontecer em minha vida. No momento que começo a xingar as coisas na minha
vida, o fluxo de bem pára. Deus não interrompeu o fluxo: minha própria negatividade é que
o interrompeu.
Quando eu “me solto e me entrego a Deus”, penso mais clara e sabiamente. Sem ter que
pensar a respeito, rapidamente me livro das coisas que me causam dor e desconforto.
Como acho difícil me livrar da espécie de pensamentos e atitudes preocupantes que me
causam uma imensa angústia, tudo que preciso fazer nestas horas é permitir que Deus,
como eu O concebo, me liberte delas e no mesmo instante me solto de pensamentos,
recordações e atitudes que estão me incomodando.
Quando recebo ajuda de Deus como eu O concebo, posso viver minha vida um dia de cada
vez e lidar com os desafios que apreçam no meu caminho. Somente então posso viver uma
vida de vitória sobre o álcool, numa sobriedade confortável.
Com Ele eu encontro meu verdadeiro eu interior. Meditação e oração diárias renovam e
reforçam minha fonte de bem-estar. Recebo então a abertura para aceitar tudo que Ele me
oferece. Com Deus tenho a afirmação reiterada de que minha jornada era como Ele deseja
para mim e, por isto sou grato de ter Deus na minha vida.
UMA SENSAÇÃO DE PERTENCER
Talvez uma das maiores recompensas que conseguimos obter com a meditação e a
oração, seja a íntima convicção de que passamos a fazer parte.
Após uma sessão de meditação, sabia que o sentimento que experimentava era uma
sensação de fazer parte, porque me sentia tão à vontade. Eu sentia muita quietude
interna, com mais disposição para deixar de lado pequenas irritações.
Apreciava meu senso de humor. O que também experimento na minha prática diária é o
puro prazer de pertencer ao fluxo criativo do mundo de Deus. Como é favorável para nós,
que a oração e a meditação estejam escritas diretamente em nossa maneira de vida de A.
A.
ACEITAR A SI MESMO
Sabemos que o amor de Deus vela sobre nós. Enfim, sabemos que quando nos voltarmos
para Ele, tudo estará bem conosco, agora e para sempre.
Rezo para estar sempre disposto a recordar que sou filho de Deus, uma alma divina numa
forma humana, e que a tarefa mais urgente e básica na minha vida é aceitar, conhecer,
amar e cuidar de mim mesmo. Quando me aceito, estou aceitando a vontade de Deus.
Quando me conheço e me amo, estou conhecendo e amando a Deus. Quando cuido de
mim, estou agindo sob a orientação de Deus. Rezo para ter disposição de abandonar
minha arrogante autocrítica, e louvar a Deus humildemente aceitando-me e cuidando de
mim mesmo.
INTUIÇÃO E INSPIRAÇÃO
… pedimos a Deus inspiração, um pensamento intuitivo ou uma decisão. Relaxamos e
seguimos com calma. Não lutamos.
Eu invisto o meu tempo no que realmente amo. O Décimo Primeiro Passo é uma disciplina
que me dá condições de ficar junto com meu Poder Superior, lembrando-me que, com a
ajuda de Deus, intuição e inspiração são possíveis.
A prática deste Passo conduz ao amor-próprio. Na tentativa consciente para melhorar meu
contato consciente com um Poder Superior, sou sutilmente lembrado do meu passado
doentio, com suas estruturas de pensamentos grandiosos e sentimentos falsos de
onipotência. Quando peço por força para me realizar a vontade de Deus para mim, torno-
me consciente da minha impotência. Humildade e um saudável amor-próprio são
compatíveis, um resultado direto de trabalhar o Décimo Primeiro Passo.
MANUTENÇÃO VITAL
Aqueles de nós que estão se utilizando regularmente da oração seriam tão incapazes de
dispensá-la como ao ar, ao alimento ou à luz do sol, tudo pela mesma razão. Quando
recusamos ar, luz ou alimento, o corpo sofre. Se virarmos as costas à meditação e à
oração, também estamos negando às nossas mentes, emoções e intuições, um apoio
imprescindível.
O Décimo Primeiro Passo não precisa me esmagar. O contato consciente com Deus pode
ser tão simples e tão profundo como o contato com outro ser humano. Posso sorrir. Posso
escutar. Posso perdoar. Todo encontro com o outro é uma oportunidade para a oração,
para reconhecer a presença de Deus dentro de mim.
Hoje posso me aproximar um pouco mais do meu Poder Superior. Quanto mais procuro a
beleza do trabalho de Deus nas outras pessoas, mais seguro estarei de Sua presença.
UM ALIVIO DIÁRIO
O que temos na realidade é um alivio diário, que depende da manutenção de nossa
condição espiritual.
Manter minha condição espiritual é como fazer exercício todo dia, planejando a maratona,
nadando, correndo. É permanecer em boa forma espiritualmente, e isto requer prece e
meditação. A mais simples e mais importante maneira de melhorar meu contato
consciente com o Poder Superior é rezar e meditar. Sou impotente perante o álcool como
sou para fazer voltar as ondas do mar; nenhuma força humana teve o poder para vencer o
meu alcoolismo. Agora sou capaz de respirar o ar de alegria, da felicidade e da sabedoria.
Tenho o poder para amar e reagir aos eventos à minha volta com os olhos de uma fé em
coisas que não são aparentes. Meu alívio diário significa que não importa o quanto as
coisas pareçam ser difíceis e dolorosas. Hoje eu sempre posso recorrer à força do
programa para permanecer liberto de minha sutil, frustradora e poderosa doença.
Algumas vezes grito, bato o pé e dou as costas para o meu Poder Superior. Então minha
doença me diz que sou um fracasso e que, se continuar zangado, com certeza irei beber.
Nesses momentos de obstinação é como se eu tivesse escorregando de uma penhasco e
uma mão me apanhasse. A mensagem acima é a minha rede de segurança, no sem tido de
que me instiga a tentar algum novo comportamento, como o de ser amável e paciente
comigo mesmo. Ela me garante que meu Poder Superior esperará até eu estar disposto
mais uma vez a arriscar a me entregar, cair na rede e rezar.
EU ESTAVA CAINDO RÁPIDO
Nós AAs somos pessoas ativas, desfrutando da satisfação de lidar com as realidades da
vida… Portanto, não é de se estranhar que, com frequência, façamos pouco caso da
meditação e da oração séria, como não sendo coisas de real necessidade.
Eu estava escorregando para fora do programa já algum tempo, mas foi preciso a ameaça
de uma doença terminal para me trazer de volta e, particularmente, para a prática do
Décimo Primeiro Passo de nossa abençoada Irmandade. Embora tivesse quinze anos de
sobriedade e fosse ainda muito ativo no programa, sabia que a qualidade de minha
sobriedade caíra bastante. Dezoito meses mais tarde, um exame revelou um tumor
maligno e o prognóstico de morte certa dentro de seis meses. O desespero se instalou
quando me registrei em um programa de reabilitação, após o qual sofri dois pequenos
ataques que revelaram dois grandes tumores no cérebro. Enquanto ia atingindo novos
fundos de poço, eu me perguntava por que isto estava acontecendo comigo. Deus permitiu
que eu reconhecesse minha desonestidade e que me tornasse capaz de aprender
novamente.
Mas basicamente reaprendi o significado total de Décimo Primeiro Passo. Minha condição
física melhorou dramaticamente, e minha doença é insignificante, comparada com o que
quase perdi.
Eu peço simplesmente que durante o dia Deus coloque em mim o melhor entendimento de
Sua vontade que eu possa ter, e que me conceda a graça de poder executá-la.
No transcorrer do dia posso fazer uma pausa quando diante de situações que precisam ser
enfrentadas e de decisões que precisam ser tomadas, e renovar o pedido simples: “Seja
feita a Tua vontade, não a minha.”
Devo ter sempre em mente que em toda situação eu sou responsável pelo resultado.
Posso “Soltar-me e entregar-me à Deus.” Repetindo humildemente: “Seja feita a Tua
vontade e não a minha.” Paciência e persistência na procura de Sua vontade me libertarão
da dor de expectativas egoísticas.
Não importa em que parte do meu crescimento espiritual me encontre, a oração de São
Francisco me ajuda a melhorar meu contato consciente com o Deus do meu entendimento.
Penso que uma das grandes vantagens de minha fé em Deus é que eu não O entendo. Pode
ser que meu relacionamento com meu Poder Superior seja tão proveitoso, que eu não
precise entender. Tudo que sei é que se prático o Décimo Primeiro Passo regularmente, da
melhor maneira que posso, continuarei a melhorar meu contato consciente, conhecerei a
Sua vontade para comigo e terei forças para executá-la.
Eu não pretendo ter todas as respostas em assuntos espirituais, nem pretendo ter todas as
respostas sobre alcoolismo. Existem outros que também estão engajados numa busca espiritual.
Se mantenho a mente aberta sobre o que os outros têm a dizer, tenho muito a ganhar. Minha
sobriedade grandemente enriquecida e minha prática do Décimo Primeiro Passo é mais
proveitosa, quando faço uso tanto da literatura e as práticas de minha tradição judaico-cristã, bem
como dos recursos de outras religiões.
Assim, recebo apoio de muitas fontes para ficar longe do primeiro gole.
Meditação e oração são práticas que remontam as raças primitivas e consideradas essenciais à
renovação espiritual.
Ao meditar nossa mente pondera, considera, sonda, pesquisa, pesa e acrescenta sempre um
pouco mais de informação que enriquece nosso pensamento de tal forma levando-nos a novos
conhecimentos tornando mais claras certas verdades espirituais.
De conformidade com as leis mentais, de coração puro e mente aberta: Oramos!
A centelha divina de cada um de nós aspira reconhecer a Fonte elevada que nos criou e a oração
leva nosso espírito a compartilhar das mesmas idéias de um Poder superior a nós mesmos, ou
seja, o conhecimento de Sua vontade em relação a nós e força para realizá-la.
Quando nos aproximamos do Poder Superior em oração estamos num estado receptivo que nos
leva para mais perto do nosso ideal e podemos assim, experimentar uma efusão radiante e
gloriosa do espírito.
“Quando compreendi que Deus é um Ser realmente bom, a Oração e a Meditação passaram a
ser para mim uma conversa muito agradável com Ele, na linguagem do meu coração.”
“O relacionamento com Deus é o nosso relacionamento mais importante e é impossível sem a
comunicação.”
“A não ser que você tenha uma experiência espiritual, não existe nada que possa ser feito. Você
está muito condicionado pelo alcoolismo para ser salvo por outro caminho.”
“Deus não quer que eu ajunte tesouros materiais porque estes tesouros e a trça e a ferrugem
destroem e os ladrões arrobam e furtam.”
“ Meditação e oração”
12º PASSO
Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a estes passos, procuramos
transmitir esta mensagem aos alcoólicos e praticar estes princípios em todas as nossas
atividades.
A alegria de viver e a ação são os aspectos tratados neste passo. Quando chega a este
ponto, o alcoolista começa a perceber uma espécie de “despertar espiritual”. É este o
momento de se voltar para os alcoolistas que ainda sofrem.
Aqueles que passam por um despertar espiritual genuíno têm em comum a dádiva
recebida que “… consiste em um novo estado de consciência e uma nova maneira de ser”
(Os Doze Passos, p. 98). Ocorre uma ligação com uma fonte de energia que estava antes
indisponível. Os alcoolistas recebem então um bem gratuito, para o qual, pelo menos em
parte, tornaram-se preparados pela prática dos passos anteriores.
O trabalho deste passo inclui também o apoio que a presença do membro mais antigo nas
reuniões proporciona, e também, a transmissão da mensagem que ocorre nos
depoimentos feitos nas reuniões. Aqueles que não se sentem capazes de falar ou não tem
condições para fazer as abordagens com aqueles que ainda sofrem, podem praticar este
passo aceitando serviços que, embora pouco notados, são importantes e consistem em
providenciar, por exemplo, o café no final das reuniões, que proporciona ambiente
acolhedor aos recém-chegados.
Podem surgir também experiências negativas com o Décimo Segundo Passo, que “…
parecerão sérios reveses para nós, mas, com o tempo, serão encarados como meros
degraus na ascensão para um estágio melhor” (Os Doze Passos, p. 101). Exemplo disso
são as recaídas de alcoolistas que foram ajudados, a rejeição de conselhos dados aos
novatos, ou ainda, a perturbação que pode surgir com conselhos que foram aceitos. A
longo prazo, percebe-se que estas dificuldades são decorrentes do crescimento.
A idéia de praticar os princípios dos Doze Passos em todas as atividades traz consigo uma
serie de indagações. A maior delas é: será possível, como diz o Décimo Segundo Passo
praticar estes “… princípios em todas as nossas atividades? (…) Podemos fazer com que o
espírito de A. A. esteja presente em nossas atividades diárias? Estamos prontos para
arcar com as novas e reconhecidas responsabilidades que nos cercam? Chegaremos a
aceitar a pobreza, a doença, a solidão e a consternação com coragem e serenidade?” (Os
Doze Passos, p. 102-103). A resposta de A. A. a estas questões é que isso é possível.
Os grandes desafios, como para todas pessoas, vêm de problemas menores e crônicos da
vida. A solução reside no maior desenvolvimento espiritual. Este, por sua vez, traz a
consciência de que o antigo comportamento diante dos instintos requer uma drástica
revisão. O desejo de “… segurança emocional e material, prestígio pessoal e poder, vida
sentimental e realizações no seio da família, todos estes carecem de ser equilibrados e
reorientados” (Os Doze Passos, p. 105).
Se o crescimento espiritual for colocado em primeiro plano, será criada uma grande
oportunidade para uma vida de realizações. O modo de ver e agir em relação à segurança
emocional e financeira começará a mudar profundamente. Quer dominando os outros ou
por eles sendo dominado, a experiência anterior sempre levava ao desapontamento. Com
o desenvolvimento espiritual foi possível perceber que a segurança emocional entre
pessoas adultas pressupõe que as pessoas se situem em um mesmo nível, dando e
recebendo de modo equilibrado.
Agindo desta maneira, o alcoolista descobre que as pessoas sentem-se por ele atraídas.
Descobre também que Deus é a melhor fonte de equilíbrio emocional, e que,
depender Dele funciona quando tudo o mais falhar. Dependendo Dele não há
necessidade de o alcoolista se apoiar totalmente na proteção e cuidados de outras
pessoas. Em conseqüência surgem força e paz interiores dificilmente abaladas por fatores
externos.
A atitude em relação ao dinheiro sofre uma mudança radical. Antes, o dinheiro “… nada
mais era do que um simples, mas imperioso, requisito para o nosso provimento futuro de
bebida e o conforto do desligamento que ele nos trazia” (Os Doze Passos, p. 110). Em A.
A., o que importa é a segurança material em geral, e não mais uma grande quantidade de
dinheiro. O medo, entretanto, pode se manter presente, sem que se leve em conta que ele
se manifesta para todas as pessoas, sejam ou não alcoolistas, e também, sem lembrar da
ajuda de Deus. “Porém, com o passar do tempo, descobrimos que, com a ajuda dos Doze
Passos de A. A., podíamos perder o medo, não importando quais fossem nossas
possibilidades materiais” (Os Doze Passos, p. 111).
Aproximadamente na época em que o A. A. foi iniciado, foi feito um estudo com um grande
número de alcoolistas. Constatou-se que eram infantis, emocionalmente sensíveis e com
mania de grandeza. Inicialmente horrorizados, nos anos seguintes a maioria dos membros
de A. A. concordou com os resultados da pesquisa. Mais adiante, percebeu-se “… que nos
A. A. maduros, os impulsos distorcidos foram restaurados à imagem do verdadeiro objetivo
e postos na direção certa” (Os Doze Passos, p. 114). Quando escolhidos, pelos bons
serviços prestados, para cargos de maior responsabilidade, buscam ser humildes. Sabe-se
que “A liderança autêntica é aquela que tem por base o exemplo construtivo e não as
efêmeras exibições de poder e glória” (Os Doze Passos, p. 114).
Sentir que não é preciso ser especialmente reconhecido para poder ser útil e muito feliz é
maravilhoso. Existia um engano em relação à verdadeira ambição.
“Ela é o profundo e sadio desejo de viver uma vida útil e caminhar humildemente por
mercê de Deus” (Os Doze Passos, p. 114).
Espera-se que a cada dia que passa, cada um se identifique mais com o sentido da singela
oração de Alcoólicos Anônimos:
ORAÇÃO DA SERENIDADE:
CONCEDEI-NOS SENHOR,
A SERENIDADE NECESSÁRIA
COMPROMISSO
A compreensão é a chave que abre a porta dos princípios e atitudes certas, e a ação
correta é a chave do bem viver.
Durante toda a minha vida, dependi das pessoas para minhas necessidades emocionais e
de segurança, mas hoje não posso mais viver desta maneira. Pela graça de Deus admiti
minha impotência perante pessoas, lugares e coisas. Tinha sido realmente “um
dependente de pessoas”: onde quer que fosse precisava haver alguém que prestasse
alguma atenção a mim.
Era o tipo de atitude que somente piorava as coisas, porque quanto mais dependia dos
outros e exigia atenção, menos recebia.
Parei de acreditar que qualquer poder humano poderia me libertar desse sentimento vazio.
Embora permaneça um frágil ser humano que precisa praticar os Passo de A. A. para
colocar este princípio acima da personalidade, é somente um Deus amoroso quem pode
me dar a paz interior e a estabilidade emocional.
LIBERDADE DO MEDO
Quando, pela graça divina, chegamos a aceitar o nosso destino, compreendemos que
podíamos, intimamente, viver em paz e mostrar aos que ainda sofriam do mesmo medo,
que eles também poderiam superá-lo. Descobrimos que a libertação do medo era mais
importante do que a da penúria.
Valores materiais guiaram minha vida por muitos anos, durante meu alcoolismo ativo.
Acreditava que o total de minhas posses me faria feliz, apesar de continuar sentindo-me
falido após tê-las conseguido. Assim que vim para A. A. pela primeira vez, descobri uma
nova maneira de viver. Como resultado de aprender a confiar nos outros, comecei a
acreditar num Poder Superior a mim. Ter fé me libertou da escravidão do ego. Quando os
ganhos materiais foram substituídos pelas dádivas de espírito, minha vida tornou-se
controlável. Então escolhi compartilhar minhas experiências com outros alcoólicos.
PASSOS “SUGERIDOS”
Nosso Décimo Segundo Passo também diz que, como resultado da prática de todos os
Passos, cada um de nós foi descobrindo algo que se pode chamar de “despertar
espiritual”… O meio de que A. A. dispõe em nosso preparo para a recepção desta dádiva
está na prática dos Doze Passos de nosso programa.
Eu lembro da resposta do meu padrinho quando falei que os Passos eram “sugeridos”. Ele
replicou que eles são “sugeridos” da mesma maneira que, se você saltar de um avião com
um pára-quedas, é “sugerido” que você puxe a corda para abri-lo e salvar a sua vida. Ele
mostrou-me que era “sugerido” que eu praticasse os Doze Passos se quisesse salvar a
minha vida. Assim eu tento me lembrar diariamente que tenho todo um programa de
recuperação, baseado em todos os Doze Passos “sugeridos”.
SERENIDADE
Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a estes Passos…
O programa pode não ser sempre fácil de praticar, mas precisei reconhecer que minha
serenidade veio após praticar os Passos. Quando pratico os Passos em tudo que faço e os
aplico em todos os meus negócios, descubro que estou acordado para Deus, para os
outros e para mim mesmo. O despertar espiritual que desfruto como resultado de
trabalhar os Passos, é a consciência de que eu não estou mais sozinho.
A parte difícil é praticar estes princípios em todas as minhas atividades. É importante que
eu compartilhe os benefícios que recebo de a. A., especialmente em casa. A minha família
não merece a mesma paciência, tolerância e compreensão que dou tão generosamente
para o alcoólico?
Quando revejo o meu dia, tento perguntar: “Tive a chance de ser um amigo hoje e a
perdi?”, “Tive chance de estar por cima de uma situação desagradável e a evitei?”Tive
uma chance de dizer: sinto muito e me recusei?”
Da mesma forma que peço a Deus que me ajude com meu alcoolismo a cada dia, peço que
me ajude a ampliar minha recuperação para incluir todas as situações e todas as pessoas!
A minha experiência tem sido que, quando todos os recursos humanos parecem ter
fracassado, há sempre Um que nunca me desampara. Além disso, Ele está sempre ali para
compartilhar minha alegria, guiar-me para o caminho certo e para confiar-me a Ele quando
nada mais resta. Enquanto que meu bem estar e felicidade podem ser aumentados ou
diminuídos pelos esforços humanos, somente Deus pode fornecer a alimentação amorosa
da qual depende minha saúde espiritual diária.
VERDADEIRA AMBIÇÃO
Estávamos enganados com a verdadeira ambição; ela é o profundo e sadio desejo de viver
uma vida útil e caminhar humildemente, por mercê de Deus.
Durante meus anos de bebedeiras, minha única preocupação era a de que meus amigos
me tivessem em alto conceito. Minha ambição em tudo que fazia era para ter o poder de
ficar no topo. Meu interior continuava me dizendo alguma coisa, mas eu não podia aceitá-
la. Nem sequer permitia perceber que continuamente usava uma máscara. Finalmente
quando a máscara caiu e eu gritei para o único Deus que podia conceber; a Irmandade de
A. A., Meu Grupo e os Doze Passos estavam lá. Aprendi como mudar ressentimentos em
aceitação, medo em esperança e raiva em amor. Aprendi também amar sem abrir
expectativas, compartilhando minhas preocupações e cuidados por meus companheiros
para que cada dia possa ser alegre e proveitoso.
Eu começo e termino meu dia agradecendo a Deus, que tão generosamente derrama Suas
graças sobre mim.
Reforço minha sobriedade compartilhando o que recebi de graça. Quando olho para trás,
naquele tempo em que comecei minha recuperação, já havia uma semente de esperança
de que poderia ajudar outro alcoólico a sair do seu lamaçal. Meu desejo de ajudar outro
alcoólico é a chave para minha saúde espiritual. Mas nunca esqueço que Deus age através
de mim. Sou somente Seu instrumento.
Mesmo quando a outra pessoa não está pronta, existe sucesso, porque meu esforço em
seu beneficio ajuda-me a ficar sóbrio e a me tornar mias forte. Agir, nunca ficar cansado
no trabalho do Décimo Segundo Passo, é a chave. Se sou capaz de rir hoje, não posso
esquecer aqueles dias em que chorava. Deus me lembra que posso sentir compaixão!
TRANSMITINDO A MENSAGEM
E agora o que diremos do Décimo Segundo Passo? A maravilhosa energia que dele se
desprende e a entusiástica transmissão de nossa mensagem ao alcoólico ainda sofredor e
que, finalmente, transforma os Doze Passos em sublime orientação para todas as nossas
atividades, é o pagamento, a magnífica realidade de Alcoólicos Anônimos.
Renunciar ao mundo do alcoolismo não é abandoná-lo, mas agir sobre princípios que
venho a amar e tratar com carinho, e devolver aos outros, que ainda sofrem, a serenidade
que conheci. Quando estou realmente empenhado neste propósito, pouco importa que
roupas uso ou como vivo. Minhas tarefa é transmitir a mensagem e liderar pelo exemplo,
não por projetos.
AS RECOMPENSAS DE DAR
Isto de fato é dar, nada pedindo. Ele não espera qualquer paga ou amor por parte de seu
companheiro. E então descobre que, pelo paradoxo divino contido nesta maneira de dar.
Já recebeu a sua própria recompensa, não importando se seu irmão foi ajudado ou não.
Agradeço a Deus por aqueles que vieram antes de mim, aqueles que me falaram para não
esquecer dos Três Legados: Recuperação, Unidade, Serviço. No meu Grupo base, os Três
Legados estão descritos num letreiro que diz: “Tome um banco de três pernas, tente
equilibrá-lo somente em uma perna ou em duas. Nossos Três Legados devem manter-se
intactos. Na Recuperação nós conseguimos ficar sóbrios juntos; na Unidade trabalhamos
juntos para o bem de nossos Passos e Tradições; e através do Serviço nós damos aos
outros, de graça, o que nos foi dado”.
Uma das principais dádivas em minha vida tem sido saber que eu não terei mensagem
para dar a menos que me recupere em Unidade com os princípios de A .A.
Após encontrar A. A. e parar de beber, levou um tempo antes que entendesse porque o
Primeiro Passo contém duas partes: minha impotência perante o álcool e a perda do
controle da minha vida. Da mesma maneira, acreditei por muito tempo que para estar em
sintonia com os Doze Passos bastava que “transmitisse esta mensagem para os
alcoólicos”. Isso era apressar as coisas. Eu tinha esquecido que existiam Doze Passos e
que o Décimo Segundo Passo também tem mais do que uma parte. Aos poucos aprendi
que era necessário para mim “praticar estes princípios” em todas as áreas de minha vida.
Trabalhando todos os Passos completamente, não somente permaneço sóbrio e ajudo
alguém mais a alcançar a sobriedade, mas também transformo minhas dificuldades com a
vida em alegria de viver.
A ALEGRIA DE VIVER
Portanto, a alegria de viver bem é o tema do décimo Segundo Passo.
12 – PASSO 12
12.1 – Qual o tema do Décimo – Segundo Passo? Qual sua palavra chave?
12.3 – Consigo ver o conjunto do Décimo Segundo Passo e todas as suas implicações?
12.5 – A vida é um beco sem saída, algo para ser suportado ou dominado?
12.7 – Qual o meio que A.A. dispõe para preparar nosso despertar espiritual?
12.19 – Até o último dos recém-chegados logo descobre recompensas nunca sonhadas
quando procura ajudar seu irmão alcoólatra, aquele que ainda está mais cego do que ele.
Isto de fato é…
12.22 – Aqueles que não têm o dom da palavra, facilidade de comunicação, também
colaboram com o trabalho do Décimo Segundo Passo? Como?
12.23 – Todos os trabalhos do Décimo Segundo Passo resultam (ou devem resultar) em
sobriedade para a pessoa abordada? Devemos nos decepcionar?
12.24 – Muito sucesso, pelo menos aparente, nos trabalhos do Décimo Segundo Passo,
significa que somos infalíveis e fontes seguras de consulta para todos os outros assuntos?
12.26 – Temos condições para amar a vida, em todos os seus aspectos, com tanto
entusiasmo quanto amamos aquela pequena parcela que descobrimos quando tentamos
ajudar a outros alcoólatras a alcançar a sobriedade?
12.27 – Somos capazes de tratar nossos familiares, já bastante perturbados com o mesmo
espírito de amor e tolerância com que tratamos nossos companheiros do grupo de A.A.?
12.28 – As pessoas de nossa família, que foram envolvidas e até marcadas pela nossa
doença, merecem de nós o mesmo grau de confiança e de fé que depositamos em nossos
padrinhos?
12.29 – Podemos fazer com que o espírito do A.A. esteja presente em nossas atividades
diárias?
12.30 – Estamos prontos para arcar com as novas e reconhecidas responsabilidades que
nos cercam?
12.31 – Podemos levar para religião de nossa escolha, novo propósito e devoção?
12.32 – Será que podemos encontrar uma nova alegria tentando dar um jeito nas coisas
desarranjadas?
12.33 – Que espécie de acordo podemos fazer coma derrota ou êxito aparentes? Vemos
possibilidade de nos acomodar a ambos sem desespero ou orgulho?
12.34 – Chegamos a aceitar a pobreza, a doença, a solidão e a consternação com coragem
e serenidade?
12.35 – …vemos a monotonia, a dor e até a desgraça transformadas por aquelas que…
12.37 – É necessário ingerir o primeiro gole para que, muitas vezes, nos afastemos em
maior ou menor distância da faixa de normalidade?
12.39 – Parei de beber, as coisas vão bem em casa e no trabalho, para que me preocupar
com todos os Doze Passos? Bastam-me o Primeiro e a parte do Décimo Segundo que trata
de levar a mensagem. Correto?
12.40 – O que pode ocorrer se nos deixamos levar pela “dança dos dois passos”?
12.41 – Será que nós alcoólatras podemos encontrar em A.A. os meios com os quais
enfrentar infortúnios que nos afligem?
12.42 – Temos agora condições para lidar com os problemas com a mesma decisão e
habilidade com que fazem nossos amigos não-alcoólatras?
12.44 – A graça Divina pode nos sustentar e fortalecer em qualquer situação, mesmo a
mais catastrófica?
12.45 – Nossos problemas básicos são diferentes dos das outras pessoas?
12.48 – Que fazer com nossas velhas atitudes diante de nossos instintos?
12.49 – A satisfação de nossos desejos pode ser o objeto exclusivo, a finalidade única da
vida?
12.53 – Por que, quase sempre, as pessoas que mais amávamos eram levadas a nos repelir
ou abandonar por completo?
12.54 – Tornou-se evidente que, se pretendíamos algum dia nos sentir emocionalmente
seguros entre pessoas adultas, teríamos que colocar nossas vidas no mesmo plano
delas…Concorda?
12.57 – Que atitude pode nos trazer forca e paz interiores inabaláveis pelas falhas dos
outros ou por qualquer infortúnio não causado por nós?
12.58 – Como ter uma vida conjugal cada vez mais sólida e feliz?
12.59 – Que anomalias ou distorções podem ser introduzidas nas relações conjugais pelo
alcoolismo?
12.61 – O cônjuge em A.A. deve insistir para que o outro também pratique o programa de
recuperação?
12.65 – Pode o A.A. oferecer ao solitário, àquele que por múltiplas razões não pode
constituir família, um ambiente de bem estar válido e duradouro? Como?
12.71 – Nossa independência financeira é mais importante do que uma dependência total
de Deus?
12.72 – Quando, pela graça Divina, chegamos a aceitar nosso destino, compreendemos
que podíamos, intimamente, viver em paz e mostrar aos que ainda sofriam do mesmo
medo, que eles também poderiam superá-lo.
12.73 – Demos como certo que a libertação do medo era mais importante do que a penúria.
12.76 – Continuo ambicioso, mas não absurdamente, porque agora posso ver e aceitar …
12.79 – …Assim, o orgulho enganoso tornou-se a outro lado da ruinosa moeda marcada
“medo”.
12.80 – Com alguns êxitos esporádicos, alardeávamos as façanhas que seriam realizadas
futuramente. Já coma derrota…
12.81 – …A liderança autêntica é aquela que tem por base o exemplo construtivo e não as
efêmeras exibições de poder e glória…
12.82 – Estávamos enganados com a verdadeira ambição. Ela é o profundo e sadio desejo
de viver uma vida útil e caminhar humildemente, por…
12.83 – Tantos problemas significam que o A.A. consiste fundamentalmente num dilema
torturante e no esforço para eliminá-los?
12.86 – A compreensão é a chave que abre a porta dos princípios e atitudes certas, e a
ação correta é a chave do bem viver.
12.87 – Em cada dia que passa em nossa vida, que cada um se identifique ainda mais
profundamente com o sentido íntimo da singela oração de A.A.: “Concedei-nos…
EU SOU UM ALCOOLISTA ?
1. Já tentou parar de beber por uma semana (ou mais), sem conseguir atingir seu objetivo?
Muitos de nós "largamos a bebida" muitas vezes antes de procurar A.A. Fizemos sérias promessas aos
nossos familiares e empregadores. Fizemos juramentos solenes. Nada funcionou até que ingressamos em
A.A. Agora não lutamos mais. Não prometemos nada a ninguém, nem a nós mesmos. Simplesmente
esforçamo-nos para não tomar o primeiro gole hoje. Mantemo-nos sóbrios um dia de cada vez.
2. Ressente-se com os conselhos dos outros que tentam fazê-lo parar de beber?
Muitas pessoas tentam ajudar bebedores-problema. Porém, a maioria dos alcoólicos ressente-se com os
"bons conselhos" que lhes dão. (A.A. não impõe esse tipo de conselho a ninguém. Mas, se solicitados,
contaríamos nossa experiência e daríamos algumas sugestões práticas sobre como viver sem o álcool.)
3. Já tentou controlar sua tendência de beber demais, trocando uma bebida alcoólica por
outra?
Sempre procurávamos uma fórmula "salvadora" de beber. Passamos das bebidas destiladas para o vinho
e a cerveja. Ou confiamos na água para "diluir" a bebida. Ou, então, tomamos nossos goles sem misturá-
los. Tentamos ainda beber somente em determinadas horas. Porém, seja qual for a fórmula adotada,
invariavelmente acabamos embriagados.
A maioria de nós está convencida (por experiência própria) de que a resposta a esta pergunta fornece uma
chave quase infalível sobre se uma pessoa está ou não a caminho do alcoolismo, ou já se encontra no
limite da "normalidade" no beber.
É óbvio que milhões de pessoas podem beber (às vezes muito) em seus contatos sociais sem causar
danos sérios a si mesmos, ou a outros. Você parou alguma vez para perguntar-se por que, no seu caso, o
álcool é, tão freqüentemente, um convite ao desastre?
6. Seu problema de bebida vem se tornando cada vez mais sério nos últimos doze meses?
Todos os fatos médicos conhecidos indicam que o alcoolismo é uma doença progressiva. Uma vez que a
pessoa perde o controle da bebida, o problema torna-se pior, nunca desaparece. O alcoólico só tem, no
fim, duas alternativas: (1) beber até morrer ou ser internado num manicômio, ou (2) afastar-se do álcool
em todas as suas formas. A escolha é simples.
Muitos de nós dizíamos que bebíamos por causa das situações desagradáveis no lar. Raramente nos
ocorria que problemas deste tipo são agravados, em vez de resolvidos, pelo nosso descontrole no beber.
8. Nas reuniões sociais onde as bebidas são limitadas, você tenta conseguir doses extras?
Quando tínhamos de participar de reuniões deste tipo, ou nos "fortificávamos" antes de chegar, ou
conseguíamos geralmente ir além da parte que nos cabia. E, freqüentemente, continuávamos a beber
depois.
9. Apesar de prova em contrário, você continua afirmando que bebe quando quer e pára
quando quer?
Iludir a si mesmo parece ser próprio do bebedor problema. A maioria de nós que hoje nos encontramos em
A.A., tentou parar de beber repetidas vezes sem ajuda de fora. Mas não conseguimos.
10. Faltou ao serviço, durante os últimos doze meses, por causa da bebida?
Os chamados "apagamentos" (em que continuamos funcionando sem contudo poder lembrar mais tarde
do que aconteceu) parecem ser um denominador comum nos casos de muitos de nós que hoje admitimos
ser alcoólicos. Agora sabemos muito bem quais os problemas que tivemos nesse estado "apagado" e
irresponsável.
12. Já pensou alguma vez que poderia aproveitar muito mais a vida, se não bebesse?
A.A., em si, não pode resolver todos os seus problemas. No que se refere, porém, ao alcoolismo, podemos
mostrar-lhe como viver sem os "apagamentos", as ressacas, o remorso ou o desconsolo que acompanham
as bebedeiras desenfreadas. Uma vez alcoólico, sempre alcoólico. Portanto, nós em A.A. evitamos o
"primeiro gole". Quando se faz isto, a vida se torna mais simples, mais promissora e muitíssimo mais feliz.
Qual foi a contagem?
Respondeu SIM quatro vezes ou mais? Em caso positivo, é provável que você tenha um problema sério
de bebida, ou poderá tê-lo no futuro.
Por que dizemos isto? Somente porque a experiência de milhares de alcoólicos recuperados nos ensinou
algumas verdades básicas a respeito dos sintomas do alcoolismo - e de nós mesmos.
Você é a única pessoa que poderá dizer, com certeza, se tem ou não um problema com a bebida . Se a
resposta for SIM, teremos satisfação em mostrar-lhe como conseguir parar de beber. Se ainda não puder
admitir que você tem um problema de bebida, não faz mal.
Apenas sugerimos que você encare sempre a questão com mentalidade aberta.
Nós, membros de Alcoólicos Anônimos, encontramos a resposta a esta pergunta quando olhamos
honestamente para nossa vida passada.
Nossa experiência prova claramente que a menor dose causa dificuldade ao alcoólico ou bebedor
problema.
Nas palavras da Associação Médica Americana:
"O álcool, além de sua propriedade viciante, possui também um efeito psicológico que modifica o
pensamento e o raciocínio. Uma só dose pode mudar o processo mental de um alcoólico, de modo que ele
acha que pode agüentar outra... outra e outra...
O alcoólico pode aprender a controlar inteiramente a sua doença, mas a enfermidade não pode ser curada
de modo que ele possa voltar ao álcool sem consequência adversa.” (De uma declaração oficial publicada
a 31 de julho de 1964).
Para surpresa nossa, ficar sóbrio não é a experiência horrível e enfadonha que prevíamos! Quando
bebíamos, viver sem o álcool parecia não ser vida.
Mas, para a maioria dos membros de A. A., viver sóbrio é realmente viver – uma experiência repleta de
alegria e que achamos muito melhor do que os problemas que tínhamos quando bebíamos.
Uma observação a mais: qualquer pessoa pode parar de beber e ficar sóbria. Todos nós já fizemos isso
uma porção de vezes. A arte é permanecer "e viver" sóbrio.
Alcoolismo é doença
Dez por cento da população brasileira sofre com o alcoolismo. Os homens estão à frente nessa
estatística com 70% dos casos, enquanto as mulheres correspondem a 30%. "O alcoolismo é a
doença mental mais comum no mundo”, afirma Sérgio Nicastri, psiquiatra do Hospital Israelita
Albert Einstein.
Ap
esar de comum e dos altos índices de adictos, ainda existe muita dúvida e preconceito em torno
da doença, o que dificulta o tratamento. “Encarar o problema de frente é um desafio para o
doente e para sua família. “Ainda existem pessoas que enxergam o alcoolismo como fraqueza,
falta de caráter, e não como uma doença”, avalia o médico.
Esse pensamento tem a ver com a história. Apenas nos últimos trinta anos a dependência passou
a ser vista como uma doença, com sintomas e sinais bem definidos. “Ela é uma condição
patológica que tira a liberdade do indivíduo de optar pelo consumo ou não de bebida alcoólica”,
explica o psiquiatra do Einstein.
Histórico familiar de alcoolismo é um fator importante. Nesse caso a pessoa herda geneticamente
a predisposição à dependência e pode apresentar maiores chances de aderir ao vício de bebidas
alcoólicas. Entretanto, outros fatores devem ser observados: ansiedade, angústia e insegurança
também deixam as pessoas mais vulneráveis à bebida. Além disso, condições culturais, fácil
acesso ao álcool e os valores que cercam seu consumo também influenciam na dependência.
Quando é dependência:
A medicina trabalha com critérios claros e bem definidos para diagnosticar casos de dependência
de qualquer tipo de droga. Essa inovação no diagnóstico ocorreu na década de 80 e pode ser
aplicada em qualquer indivíduo. Alguns desses critérios são:
Perda de controle: desejo incontrolável de consumo.
Tolerância: necessidade de consumir doses maiores para obter o mesmo efeito de quando se
bebia menos.
Síndrome de abstinência: surgimento de sintomas físicos e psíquicos quando o consumo é
reduzido ou interrompido.
Tentativa de evitar a síndrome de abstinência: busca pela droga para não sentir os sintomas
da abstinência.
Saliência do consumo: a droga é mais importante do que tudo o que o indivíduo valorizava.
É preciso tratar
Os primeiros passos rumo à recuperação são reconhecer-se doente e querer mudar de vida. A
partir daí, o dependente deve procurar um profissional da saúde mental (psicólogo ou psiquiatra)
que vai avaliar o quadro, examiná-lo e conversar com a família.
“Toda mudança de comportamento apresenta dificuldade. Por isso, o melhor tratamento é aquele
que é decidido em conjunto com o paciente, o médico e a família, pois o dependente precisa de
apoio de todas as pessoas que estão à sua volta”, explica o psiquiatra.
Internar ou não, por quanto tempo e onde são outras etapas que devem ser avaliadas sempre
com a ajuda de um médico.
O medo dos sintomas da abstinência são muito comuns entre pacientes. “O que poucas pessoas
sabem é que hoje existem medicamentos que ajudam a diminuir esses sintomas. Além disso,
utilizamos estratégias psicológicas que deixam o paciente em estado de alerta e preparado para
enfrentar as situações difíceis”, diz o dr. Nicastri.
“Apenas nos últimos trinta anos a dependência passou a ser vista como uma doença, com
sintomas e sinais bem definidos”
Muitas pessoas no mundo sabem que não podem comer certos alimentos sem se sentir muito
indispostas ou até doentes. Uma pessoa com alergia alimentar pode sair por aí lamentando-se
queixando-se a todo mundo de sua injusta privação e reclamando constantemente por não poder
(ou por não lhe ser permitido) comer algo muito gostoso. É evidente que, embora nos sintamos
logrados, não é sábio ignorar nossa constituição fisiológica. Se ignorarmos nossas limitações,
poderemos sofrer grave indisposição ou enfermidade. Para continuarmos com saúde e
razoavelmente felizes, temos de aprender a viver com o organismo que possuímos.
Um dos novos hábitos que o alcoólico recuperado pode aprender a cultivar é a percepção calma
de si mesmo, como alguém que precisa evitar produtos químicos (álcool e outras drogas que o
substituem) se desejar manter boa saúde. Como prova disso, temos nosso passado de
bebedeira, um total de centenas de milhares de anos consumidos na bebida por nós, homens e
mulheres. Sabemos que, á medida que nosso tempo de bebedeira passava, os problemas
relacionados com a bebida pioravam continuamente.
O alcoolismo é progressivo.
Naturalmente, muitos de nós passamos por fases em que, durante meses ou mesmo anos,
julgávamos que nosso beber parecia ter se normalizado. Parecíamos capazes de manter um
elevado consumo de álcool com bastante segurança. Ou podíamos ficar abstêmios, exceto em
algumas noites de embriaguez, sendo que nosso beber não piorava perceptivelmente, tanto
quanto podíamos ver. Nada de horrível ou dramático acontecia. Contudo, podemos agora ver
que, nesse período longo ou curto, nosso problema tornava-se inevitavelmente mais grave.
Alguns médicos especialistas no assunto dizem-nos que não há dúvida de que o alcoolismo vai
constantemente piorando à medida que envelhecemos (conhece alguém que não esteja
envelhecendo?). Estamos também convencidos, depois de incontáveis tentativas de provar o
contrário, de que o alcoolismo é incurável, exatamente como algumas outras doenças. Isto
porque não podemos mudar a constituição química de nosso organismo e voltar a ser
normalmente os bebedores sociais que muitos de nós parecíamos ser na juventude. Não
podemos, como dizem alguns, transformar picles novamente em pepino. Não houve
medicamento nem tratamento psicológico que jamais conseguisse "curar" um de nós do
alcoolismo.
Além disso, tendo visto milhares e milhares de alcoólicos que não pararam de beber, estamos
fortemente convencidos de que o alcoolismo é uma doença fatal. Não só vimos alcoólicos
beberem até a morte – de delirium tremens, ao suspender a bebida, ou de convulsões, ou de
cirrose do fígado, conseqüente do alcoolismo – mas também sabemos que muitas mortes
oficialmente não atribuídas ao alcoolismo são, na realidade, causadas por ele. Com frequência,
quando há um acidente de automóvel, um afogamento, um suicídio, um ataque cardíaco, um
incêndio, uma pneumonia ou um derrame como causa imediata da morte, foi o excessivo
consumo de álcool que conduziu àquela condição ou àquele acontecimento fatal.
Ora, acontece que isto é surpreendentemente fácil com relação ao alcoolismo, se a gente
realmente deseja a recuperação. E, como nós do A. A. aprendemos a desfrutar a vida, nós,
realmente, desejamos nos recuperar e permanecer bem. Tentamos não perder de vista o
caráter imutável de nosso alcoolismo, mas aprendermos a não entregar-nos à autopiedade e nem
ficar falando sobre isso o tempo todo. Nós o aceitamos como uma característica de nosso
organismo, assim como nossa estatura ou a necessidade de usar óculos, ou como
quaisquer alergias que possamos ter.
Então, podemos planejar viver bem – não com amargura – com essa convicção, desde que
comecemos simplesmente por evitar aquele primeiro gole só por hoje. Um membro de A. A., que
é também cego, disse que seu alcoolismo é bem parecido com sua cegueira. "Uma vez que
aceitei a perda de minha visão" - explica ele - "e recebi o treinamento de reabilitação que me foi
oferecido, descobri que realmente posso, com a ajuda de minha bengala ou de meu cão, ir aonde
quer que eu deseje ir com bastante segurança, desde que eu não esqueça ou ignore o fato de
que sou cego. Mas, quando ajo com a convicção de que posso ver, é ai que me machuco ou fico
em dificuldade."
"Se quiser recuperar-se", disse uma mulher de A. A., "aceite o tratamento, siga as instruções
e continue vivendo. É fácil, se você se lembrar dos novos fatos a respeito de sua saúde. Quem
é que tem tempo de sentir-se diminuído ou lamuriar-se, quando há tantas delícias relacionadas
com uma vida feliz, sem temor da doença?"
Resumindo, lembramos que temos uma enfermidade incurável, potencialmente fatal, chamada
alcoolismo. E, em vez de continuar bebendo, preferimos planejar e usar novas maneiras de viver
sem o álcool. Não precisamos ter vergonha de sofrer de uma doença. Não é nenhuma desgraça.
Ninguém sabe exatamente porque certas pessoas se tornam alcoólicas e outras não. Não temos
culpa. Não quisemos ser alcoólicos. Não tentamos contrair esta doença. Afinal de contas não
sofremos de alcoolismo só por gostar disso. Não nos propusemos, com malícia e deliberação a
fazer coisas das quais nos envergonharíamos depois. Nós as fizemos fora de nosso melhor juízo
e instinto, porque estávamos realmente doentes e nem sequer o sabíamos. Já aprendemos que
nada lucramos com o remorso ou a preocupação de como ficamos assim. O primeiro passo para
sentir-se melhor e superar a doença é simplesmente não beber.
Veja se esta idéia lhe convém. Você não preferiria reconhecer que tem um problema de saúde,
que pode ser tratado com sucesso, a ficar perdendo um tempo enorme, preocupando-se
miseravelmente sobre o que está errado com você? Nós achamos que esta é uma imagem mais
bonita e mais agradável de nós mesmos do que os sombrios seres humanos que nos habituamos
a ver. E é mais verídica também. Nós o sabemos. A prova é o modo como sentíamos, agimos e
pensamos – agora.
Quem quiser, está convidado para um "período grátis de experiência" a respeito deste novo
conceito do eu. Depois, se desejar voltar aos tempos antigos, está livre para recomeçá-lo.
Qualquer um tem o direito de reaver sua desgraça, se quiser. Por outro lado, você também pode
conservar sua nova imagem, se preferir. Ela também é sua, por direito.
Padrões de consumo do álcool :
A elaboração dos padrões de consumo de álcool é feita com base em aspectos médicos e
psicossociais, e tem como um de seus objetivos auxiliar o público geral na compreensão do tema
sobre uso de álcool, considerando seus potenciais efeitos nocivos para o indivíduo e para a
sociedade. Assim, a criação de tais padrões torna-se uma prática de grande importância ao
estabelecer diretrizes que possibilitam uma maior predição dessas consequências.
a) Consumo moderado
Um termo impreciso para um padrão de beber que implicitamente se contrapõe ao beber intenso.
Significa beber quantidades moderadas e que não causam problemas.
De acordo com o documento intitulado “Self-help strategies for cutting down or stopping
substance use: a guide (2010)”2, da OMS, não existe um nível seguro para o consumo de álcool.
Se a pessoa bebe, há risco de problemas de saúde e outros, especialmente se:
• Bebe mais de 2 doses* por dia;
• Não deixa de beber pelo menos dois dias na semana.
A OMS ainda recomenda que o consumo de bebidas alcoólicas não deve ser feito se a pessoa:
• estiver grávida ou amamentando;
• for dirigir, operar máquinas ou realizar outras atividades que envolvam riscos;
• apresentar problemas de saúde que podem ser agravados pelo álcool;
• fizer uso de medicamento que interage diretamente com o álcool;
• não conseguir controlar o seu consumo.
b) Beber social
Frequentemente, este termo é usado de maneira imprecisa para indicar um padrão distinto
do beber problemático. Geralmente refere-se ao uso de bebidas alcoólicas de acordo com os
costumes sociais, fundamentalmente na companhia de outras pessoas e somente por razões e
de maneira socialmente aceitáveis. O beber social não equivale necessariamente ao beber
moderado.
Considerar o volume de álcool consumido em uma única ocasião é importante por estar
relacionado a diversas consequências prejudiciais como intoxicação, lesões e violência. O
consumo pesado episódico é associado a estas consequências mesmo que a média de consumo
de álcool de um indivíduo seja relativamente baixa.
a) Consumo moderado
Este padrão de consumo é distinto para homens e mulheres, devido às diferenças biológicas em
termos de metabolismo do álcool e quantidade de água no organismo:
• Homens: não mais que 4 doses** em um único dia e não mais que 14 doses por semana.
• Mulheres: não mais que 3 doses em um único dia e não mais que 7 doses por semana.
Mesmo dentro desses limites, é possível que tenha problemas caso beba muito rápido ou se tiver
outros problemas de saúde. Por isso, para diminuir eventuais riscos, sugere-se que beba devagar
e alimente-se adequadamente durante o consumo de álcool. Ademais, algumas pessoas devem
evitar completamente o uso de álcool, incluindo aquelas que:
• planejam conduzir veículo ou operar máquinas;
• tomam medicamentos que interagem com o álcool;
• tenham condição médica que possa agravar com o álcool;
• estão grávidas ou tentando engravidar.
c) Uso pesado
Para adultos saudáveis em geral, o consumo pesado significa consumir mais do que a dose diária
(4 doses para homens e 3 para mulheres) ou semanal indicadas como moderadas (14 doses para
homens e 7 para mulheres).
Vale destacar ainda o conceito de “Binge drinking” descrito pelo Journal of Studies on Alcohol
and Drugs (JSAD)5:
Deve ser usado para descrever um longo período de tempo (geralmente dois ou mais dias) no
qual o indivíduo consuma álcool repetidamente, a ponto de intoxicar-se, e abandona ou
negligencia suas atividades habituais e obrigações para usar a substância. É a combinação do
uso prolongado com o abandono de atividades habituais que forma o núcleo da definição
O diagnóstico da dependência química conta atualmente com critérios claros e objetivos (quadro 1). A presença desses critérios confirma esse
diagnóstico, qualquer que seja o indivíduo. Portanto, eles têm natureza universal. Por outro lado, podem ser individualizados. Isso acontece
porque os critérios de dependência química possuem níveis de gravidade1. Essa importante inovação diagnóstica, introduzida a partir dos anos
oitenta, será o mote desse comentário.
Tolerância A necessidade de doses cada vez maiores da substância para obter o mesmo efeito de
antes.
Evitação da síndrome de abstinência Consiste no uso continuado da substância a fim de evitar o surgimento dos sintomas de
abstinência.
Saliência do consumo Utilizar a substância vai se tornando mais importante do que tudo o que o indivíduo
valorizava.
Estreitamento do repertório do beber É o consumo dissociado de eventos sociais. Não se utiliza mais a droga por ocasião de
eventos. Usa-se pela necessidade de aliviar sintomas de abstinência.
Reinstalação da síndrome de dependência É o retorno do comportamento de consumo e dos sintomas de abstinência após um curto
período de retorno do consumo.
Entender a gravidade de um quadro de
dependência é personalizar o diagnóstico. É
criar subsídios para melhor planejar uma
abordagem terapêutica. A gravidade de um
quadro de dependência pode ser entendida
a partir das repercussões que o consumo
de drogas provoca nos diversos campos da
vida de um indivíduo (figura 1).
Para investigar a gravidade, é preciso uma avaliação detalhada. Um procedimento capaz de identificar os
sintomas e em seguida quantifica-los quanto a sua gravidade (quadro 3).
Quadro 2: Quadro 3:
Fases da motivação para a mudança Questões essenciais na investigação da gravidade
Com a coleta desses dados, além de um perfil adequado acerca da dependência, criam-se subsídios
para planejar o manejo terapêutico.
Vejamos o exemplo colocado acima. O histórico do consumo deste indivíduo não demonstra a
presença de nenhum critério de dependência. Houve apenas o aparecimento da tolerância, que
isolada não apresenta qualquer indício de dependência. Ao longo de sua vida, o consumo de álcool
não chegou a atrapalhar seus planos em nenhum campo de sua vida. Nota-se um consumo de baixo
risco.
Já este indivíduo evoluiu para um consumo problemático e chegou a dependência. Todos os critérios
para dependência química se fazem presentes (quadro 4).
Compulsão ou perda do controle Houve um aumento progressivo do consumo, que invadiu áreas importantes de sua vida,
sem que o indivíduo exercesse nenhum controle esse.
Síndrome de abstinência Começou a apresentar tremores matinais a partir do oitavo ano de uso diário.
Saliência do consumo O consumo sobressaiu aos seus estudos, seu emprego, seus relacionamentos e vida
afetiva.
Estreitamento do repertório do beber Nota-se uma perda de vínculos (trabalho, família, namoro) e a ritualização do consumo
(uso diário, desvinculado de eventos sociais ou de controle).
Reinstalação da síndrome de dependência Critério ausente, pois nunca havia estado abstinente até a internação.
Nesse caso, encontramos um indivíduo bastante prejudicado pelo consumo de álcool. Parece possuir pouco apoio da
família. Ter o apoio da família significa ajuda direta e aumentam as chances de sucesso no tratamento. A ausência da
família piora o prognóstico e aumenta a gravidade do uso.
Ele não tem como se manter e acumulou poucos recursos capazes de lhe prover autonomia. Muito diferente daqueles que
apesar do consumo intenso, conseguem empregos precários, informais, onde sua tarefa seja acessória e dispensável. Seu
objetivo é apenas conseguir algum dinheiro. Ou ainda, daqueles que ocupam empregos importantes e bebem em horários
em que nãom estão trabalhando (almoço, pós-expediente, hora do descanso).
Seu controle sobre o álcool parece ser precário: sofreu prejuízos sociais e físicos graves e ainda assim permaneceu
usando. Seria menos grave se houvesse alguém em sua família cuja a autoridade é aceita pelo usuário, que o respeita e
reduz o consumo quando solicitado. Ou se o indivíduo, apesar de beber uma garrafa de uísque por dia, o fizesse após o
expediente. Tudo isso indica a necessidade de um acompanhamento inicial mais intensivo, talvez até internado.
A análise da gravidade possibilita a identificação de fatores protetores e de manutenção. Possibilita, também, qual o grau
de comprometimento do indivíduo com seu tratamento e quais os controles que este é capaz de exercer sobre o seu
cosumo. Trata-se, assim, de uma ferramenta fundamental para qualquer profissional interessado na questão da
dependência.
Saiba como cada parte do seu corpo sofre com o excesso de álcool
Confira no infográfico como o abuso de bebidas compromete o fígado, cérebro e até os músculos
Cerveja, chope, whisky, vodka, caipirinha. Antes de encher o caneco neste Carnaval, é bom saber de
algumas informações valiosas sobre os efeitos do exagero do álcool no seu corpo. Você sabia que os
dados mais recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que os brasileiros
consomem 18,5 litros de álcool puro por ano, sendo, portanto, o quarto país que mais consome álcool
das Américas.
E as pesquisas não param por aí. Ainda segundo a OMS, o álcool causa quase 4% das mortes no
mundo todo, matando mais do que a Aids, a tuberculose e a violência. Hoje o impacto do abuso de
álcool é considerado igual ao impacto da dependência em si, o alcoolismo.
Para aqueles que não sabem, abuso de álcool é quando a pessoa ingere bebida alcoólica em doses
maiores que cinco, em uma só situação, sem uma "carreira" de consumidor, mas mesmo assim colhe
os malefícios para o organismo.
Esse dado é preocupante, já que revela que aquela pessoa que abusa de bebidas alcoólicas uma vez
ou outra pode correr os mesmos riscos de vida do que uma pessoa dependente.
"Isso acontece por que o corpo de um abusador não está acostumado com o etanol, diferentemente
do dependente", conta a médica psiquiatra Ana Cecilia Marques, pesquisadora da Unidade de Álcool
e Drogas (Uniad) da Unifesp e especialista em dependência química da Associação Brasileira de
Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead).
Confira agora por que o excesso de bebidas alcoólicas causa tantos danos ao nosso
organismo e quais partes do nosso corpo são mais afetadas com essa prática:
Por que o excesso de álcool causa tantos danos?
Para entender como a ingestão de bebidas alcoólicas consegue causar danos a tantas partes do
nosso corpo, é preciso explicar o processo de metabolização do álcool ou etanol, ou seja, como o
nosso corpo absorve, metaboliza e excreta essa substância.
A médica Ana Cecilia explica que o órgão responsável por metabolizar o álcool é o fígado, e que ele
só metaboliza em média uma dose de bebida alcoólica por hora - entenda uma dose como uma lata
de cerveja (360ml), uma taça de vinho (100ml) ou de destilado (40ml).
Portanto, se tomarmos seis latas de cerveja, por exemplo, nosso fígado irá levar as mesmas seis
horas para metabolizar todo o álcool presente em nosso corpo. "E enquanto o fígado metaboliza a
primeira latinha, o resto do álcool fica circulando no sangue e intoxicando, causando alterações e
danos em diferentes órgãos", explica Ana Cecília.
O órgão responsável por metabolizar o álcool é o fígado, e ele só metaboliza em média uma dose
de bebida alcoólica por hora.
Sistema gastrointestinal
Quando bebemos uma cerveja ou uma caipirinha, o álcool logo é absorvido pelo nosso sistema
gastrointestinal. Ele irrita as mucosas do esôfago e do estômago, alterando as membranas do
intestino, prejudicando a absorção.
Os resultados podem ser esofagite, gastrite e até diarreia. Já no fígado, o álcool vai alterar a produção
de enzimas, aumentando este conjunto de substâncias que serão responsáveis pela metabolização.
"É como se o álcool forçasse o trabalho do fígado, que fica sobrecarregado", diz Ana. "O fígado passa
a produzir mais enzimas para metabolizar o etanol e isso culmina com uma inflamação crônica e
hepatite alcoólica, podendo evoluir para cirrose", completa.
Outro órgão afetado pelo excesso de bebidas alcoólicas é o pâncreas, responsável pela fabricação de
insulina e de enzimas digestivas. O álcool pode causar uma inflamação no pâncreas, e essa
inflamação pode evoluir para uma pancreatite.
A pancreatite é uma doença que causa uma forte e repentina dor abdominal, perda de apetite,
náusea, vômito e febre. O tratamento é feito em hospitais e inclui medicações para a dor e
antibióticos.
Sistema nervoso central
Quando abusamos das bebidas alcoólicas, o sistema nervoso, ou seja, nosso cérebro é afetado logo
após a ingestão da segunda dose. Homens apresentam alterações na percepção da realidade e do
comportamento logo após a segunda dose, e mulheres já na primeira.
De acordo com a especialista Ana Cecilia, os sintomas decorrentes da presença de álcool no sistema
nervoso são: problemas de atenção, perda da memória recente, perda de reflexo, perda do juízo
crítico da realidade. Com o aumento da dose, sonolência, anestesia e, no grau mais elevado, o coma
alcoólico.
"O coma é um grau de intoxicação grave, por ação direta do etanol no sistema nervoso central e em
outros sistemas orgânicos", diz Ana Cecilia. Quando isso acontece, é muito importante procurar
socorro médico. Se o corpo não conseguir se recuperar do coma, pode haver parada respiratória,
podendo levar à morte.
A reversão do quadro inclui medidas gerais para manutenção da vida, que vão desde oxigenação,
hidratação, correção da glicemia, do magnésio e do zinco, entre outros cuidados que podem variar de
caso para caso.
Sistema renal
Os rins são responsáveis pela filtração final do etanol, de apenas 6% da substância. Mas quando
abusamos das bebidas, o etanol altera a capacidade dos rins de filtrar as substâncias do nosso
corpo, causando uma alteração dos hormônios que controlam a pressão arterial, o que culmina em
hipertensão arterial.
Pulmões
Como o sangue passa pelos pulmões para efetuar as trocas gasosas, nem esse órgão fica livre dos
efeitos do álcool. "O etanol deixa as trocas gasosas mais lentas, pois os pulmões recebem um sangue
muito sujo", conta Ana Cecilia.
O resultado disso é uma respiração mais lenta, fazendo a pessoa sentir dificuldades para respirar. É
por isso também que o bafômetro capta o álcool ingerido, que ainda está circulante.
Sistema cardiovascular
A ingestão de bebidas alcoólicas favorece a liberação de dopamina no cérebro. Este hormônio
neurotransmissor é responsável pela regulação de outras substâncias que, por sua vez, regulam o
sistema cardiovascular.
Isto significa uma possível alteração da pressão arterial, da frequência cardíaca e depois, dos vasos
sanguíneos. A taquicardia e a hipertensão arterial são as consequências mais comuns.
Sistema muscular
É o sistema nervoso central o grande responsável por movimentar nossos músculos. A médica
especialista da Abead explica que além da alteração central causada pelo álcool, que deixa as
mensagens que chegam aos músculos mais lentas, as ligações nervosas periféricas são
comprometidas, e a sensação é de relaxamento.
Sistema hormonal
Ninguém escapa da ação do etanol e, portanto, as glândulas também têm seus produtos, no caso os
hormônios, alterados. Porém, são as pessoas que já apresentam doenças de alteração hormonal,
como diabetes, que sentem com mais intensidade os danos físicos pela ingestão de bebidas
alcoólicas.
A principal consequência do abuso de álcool em diabéticos, por exemplo, é uma rápida evolução ao
coma alcoólico. Ana explica que o etanol altera a metabolização da glicose pelo fígado e pelo
pâncreas, este último já adoecido pelo diabetes. Por conta disso, os danos aparecem mais rápido.
Ressaca
Além de todas as complicações que o álcool causa enquanto o indivíduo ainda está embriagado e
intoxicado, ele ainda deixa seu efeito para o dia seguinte, a famosa ressaca. Dentre os sintomas da
ressaca estão enjoo, vômitos, diarreia, tontura, pensamento embaralhado, moleza e até um
sentimento de tristeza.
"Quando a pessoa é dependente de álcool é diferente. Ele tem uma tolerância maior pelo etanol, que
demora em média, cinco anos para se desenvolver", conta Ana Cecilia.
Os órgãos e sistemas comprometidos são os mesmos citados acima, porém, quando os problemas
aparecem, as complicações são bem mais graves e muitas vezes irreversíveis.
Dentre as doenças que podem surgir do alcoolismo estão gastrite crônica, hepatite crônica que pode
evoluir para cirrose, hipertensão arterial, diabetes por alteração crônica no funcionamento do
pâncreas e problemas de memória que podem evoluir para demência alcoólica - não só quando está
sob os efeitos da bebida, como é o caso do abuso -. Além disso, o álcool também altera a imunidade,
abrindo caminho para o surgimento de outras doenças.
TRABALHOS ADICIONAIS
Auto-Estima, Culpa e Alcoolismo
"Façamos a experiência dizendo em voz alta: - eu não posso beber e - eu não quero beber! Qual das duas frases
tem mais força?"
Ouço com freqüência vários companheiros dizerem "eu não posso beber". Não seria mais interessante dizer "eu não quero
beber"?
Façam uma experiência: pronunciem essas duas frases em voz alta; deixem-nas ecoar na mente e percebam quanto a
segunda é mais forte; como ela transmite certeza, convicção, positivismo, enquanto a primeira deixa transparecer uma
certa dúvida, um quê de incerteza.
Além disso, "eu não quero beber" sugere decisão consciente e firme por parte de quem emite a frase, ao passo que "eu
não posso beber" pode fazer pensar em uma atitude de fora para dentro, uma decisão que uma pessoa toma por outra.
Buscando apoio para essa distinção que faço entre querer e poder, procurei auxílio no dicionário e lá descobri que querer,
dentre outras coisas, é "ter ou manifestar vontade firme e decidida" e que poder é, dentre outras coisas, "ter força, ou
energia, ou calma ou paciência para".
Se analizarmos atentamente as duas definições, veremos que a primeira, a priori, não permite falhas nem vacilos, pois
parte de um desejo firme e honesto, o qual, aplicado a nós, se traduz num desejo firme e honesto de não ingerirmos
bebidas alcoólicas. Já a segunda mostra um estado e/ou virtudes que podem, em determinados momentos de nossa vida,
falhar, constrangendo-nos, fazendo-nos duvidar ou vacilar diante de nossa escolha inicial. Essa pequena discussão pode
parecer inoportuna ou sem propósito, mas quero lembrar-lhes que, segundo alguns autores (opinião, diga-se de passagem,
compartilhadas por mim), a palavra possui um grande poder, sendo capaz de derrubar ou erguer qualquer indivíduo.
Partindo dessa premissa e da definição de querer, quando digo "eu não quero", estou fortalecendo em mim uma idéia que,
para a grande maioria de nós, foi construída sobre uma base de muito sofrimento, tanto pessoal quanto daqueles que se
encontram ou se encontravam conosco.
Para nós, alcoólatras em recuperação, esta vida de abstinência e de busca de sobriedade é uma construção que se realiza
a cada período de 24 horas em que nos mantemos sóbrios. Sendo uma construção, tem como pedra fundamental a
admissão e a aceitação da nossa impotência perante o álcool.
Quando iniciamos nossa caminhada, é compreensível que utilizemos o verbo poder, pois ainda temos a nos sondar a
mente algumas incertezas e medo que nos conduzem a duvidar do nosso sucesso na empreitada iniciada.No decorrer das
24 horas, porém, fortalecemos o nosso ideal, retiramos das nossas reuniões os materiais de que necessitamos para erguer
uma sólida construção e, então, passamos a utilizar o verbo querer, que traz em si, como já foi dito, uma fonte de convicção
de que conseguimos e de que conseguiremos vencer este obstáculo, o Alcoolismo.
Responder a alguém que nos pergunta se queremos ou não beber com "não posso" ou "não quero" dependerá da
circunstância, do momento, porém, em minha opinião, ao dizermos "não quero", estamos afirmando, sem sombra de
dúvida, ao nosso interpelador e a nós mesmos que estamos convictos da nossa posição.
Doze Pontos da Bebedeira Seca
Bebedeira Seca impede a plenitude da vida do alcoólico dando assim continuidade a sua insatisfação e
infelicidade.Deixamos de beber mais não crescemos emocionalmente continuamos verdadeiros bebês emocionais.
Nós nos conformamos em parar de beber e continuamos a apresentar os mesmos defeitos de caráter isso impede o
nosso amadurecimento emocional, manifestamos conduta imprópria e indesejável como quando ficávamos
bêbados.
Sobriedade é aprender a viver em abstinência através de um continuo crescimento emocional que permita alcançar
a maturidade.
Ponto 1
Sintomas: incapacidade de crescer emocionalmente continua sendo uma criança na sua maneira de pensar de controlar
suas emoções e seu comportamento, não consegue ser um adulto responsável, depende dos outros (movido a toque), não
consegue ter uma condição fundamental para a sobriedade que é Autonomia e Responsabilidade, se fazem de vítimas
continuam culpando os outros pelo seu fracasso.
Ponto 2
Sintomas: mentiras, pretextos, promessas não cumpridas, empréstimos, corrupto, e o mais grave acreditam na sua própria
mentira e persiste na sua atitude de fugir da sua própria realidade que não aceita.
Ponto 3
Sintomas: não consegue sentir a plenitude em viver sóbrio, insatisfação de viver, amargurado existencial, não bebe por
obrigação e não por convicção da aceitação de sua doença, insatisfeito com tudo, vive no passado cheio de
ressentimentos.
Ponto 4
Permanente sentimento de culpa com auto desvalorização, auto piedade e tendência ao auto castigo.
Sintomas: lastro terrível de culpa não consegue perdoar, pessoas com baixa auto-estima, tendência ao perfeccionismo,
desvalorização pessoal, condutas autodestrutivas, sabotam seu próprio sucesso, não acreditam ser merecedores da
felicidade.
Ponto 5
Sintomas: o egocentrismo é a compensação neurótica de seu complexo e inferioridade e baixa auto-estima, necessidade
de aparecer chamar atenção a qualquer custo, gosta da polêmica e do conflito agressivo, continua pensando que não
precisa de ajuda dos outros, auto suficiente o que resulta em decisões erradas para resolver seus problemas existenciais,
torna-se um onipotente que é forma patológica de orgulho e desenvolve um sentimento de superioridade para disfarçar seu
profundo sentimento inferioridade.
Ponto 6
Medos permanentes: atitude tremor perante os desafios da vida com angustia e tensão continua.
Sintomas: eternos angustiados só conseguiam se aliviar bebendo, vivem em constante estado de tensão e desenvolvem
muitos medos (dos problemas, conflitos, doença, responsabilidade, medo de ser adulto, trabalho, perigos cotidianos) Vive
projetado no futuro, sofre por antecipação, apresentam enxaqueca, suores, transtornos do apetite e sono e alguns chegam
a graves fobias, obsessões, compulsões e ataque de pânico precisando de atenção médica especializada.
Ponto 7
Sintomas: Depressivos são muito vulneráveis ao aspecto emocional, ficam com freqüência tristes, incapacidade de
desfrutar a vida, baixa energia, desmotivados e apáticos, bipolaridade de personalidade, baixa saúde mental requer
atenção médica especializada.
Ponto 8
Sintomas: Dificuldade de controlar seus impulsos sexuais e sentimentais, já era assim mesmo antes de começar a beber,
pessoa insegura, baixa auto-estima, é problemático para se envolver com sexo oposto, usa o álcool como muleta
emocional para fugir de sua inibição, bêbados são incapazes de fazer escolha saudável nos seus relacionamentos e se
arrependem, deturpam seus extintos sexuais, comportamentos extremos com violência sexual (violação, estrupo, sadismo),
conduta homossexual, mesmo secos persistem nessas atitudes machismo e ciúmes patológico, apresentam ejaculação
precoce, impotência e frigidez, infidelidade, promiscuidade sexual, dependência sexual do parceiro.
Ponto 9
Negação da sua realidade não alcoólica, com a persistência dos mecanismos de racionalização e projeção.
Sintomas: negador contumaz, nega seus defeitos de caráter que não consegue perceber e nem aceitar o que impede seu
crescimento emocional, se irrita quando é confrontado, muda de grupo com freqüência porque se sentem atacados pelos
depoimentos dos companheiros, rejeitam ajuda médica profissional continuam culpando os outros pelo seu insucesso.
Ponto 10
Sintomas: Drogas, jogo, tabaco, podem se tornar de várias condutas compulsivas sexo comida internet, ingovernabilidade
emocional.
Ponto 11
Espiritualidade ausente ou muito empobrecida, com orgulho intelectual, tendência ao materialismo ou pouca fé.
Sintomas: Se recuperam fisicamente, consegue melhor governabilidade de suas emoções, atuação social, mais não
experimenta um despertar espiritual condição fundamental para se conseguir uma sobriedade íntegra, a essência dos Doze
Pontos é fundamentalmente espiritual, a recuperação tem que ser psicofísica social espiritual, ou seja, tem que ter a
recuperação da fé em si mesmo, nos outros, nas coisas e num Poder Superior da minha compreensão, o materialismo a
qualquer custo nos afasta de Deus, Espiritualidade Fraca é conseqüência do orgulho intelectual, refletem uma auto-
suficiência existencial própria de certos alcoólicos que conseguiram em recuperação nível cultural, riqueza, poder e
prestígio, Carentes de humildade são vítimas de um dos mais graves sintomas d a bebedeira seca a Onipotência "Irmão
mais velho de Deus"
Ponto 12
Comportamento inadequado no seu grupo de alcoólicos anônimos, com seus companheiros ou com ao princípios do
programa.
Sintomas: falta de crescimento emocional provoca distorção no entendimento do programa de recuperação dos "Doze
Passos" por isso apresenta comportamento inadequado no grupo, projeta nos princípios básicos a sua compensação
neurótica em vez do bem estar comum, unidade e serviço, em vez de ser uma testemunha da sobriedade s é um típico
membro inconformado e crítico com tudo que se faz no grupo, esses bêbados secos são a luta pelo poder, a inveja e os
ressentimentos com outros companheiros, praticam o exibicionismo, fofocas e a politicagem. Já outros se manifestam pela
passividade no seu grupo não lêem a literatura, não cooperam com o serviço, só escutam bebem café e criticam os
demais,vão ao grupo por motivação neurótica tais como fazer negócio com os companheiros, pedir dinheiro emprestado
(sem pagar) se envolver emocionalmente e sexualmente com companheiras e companheiros de sexo oposto.
Conclusão
A recuperação integral do alcoolismo e de outras dependências constitui um processo longo e complicado que todo doente
em recuperação deveria ter em conta.
Alcançar a sobriedade implica em praticar qualidade tais: como a liberdade, a responsabilidade, a honestidade e a
humildade, desenvolvidas numa linha de disciplina, perseverança, determinação em fazer trocas e manter-se de mente
aberta. Uma vez alcançada à sobriedade, consegue-se o crescimento emocional progressivo e sem limites, que conduz ao
objetivo final do tratamento que é alcançar uma de real felicidade e qualidade de vida.
O mesmo homem voltará a beber
"Ouvi esta pequena frase pela primeira vez de um companheiro, que por sua vez diz tê-la ouvido ou lido em algum Grupo
de A.A."
Em uma determinada reunião em nosso Grupo o assunto se desenrolou em cima desta poderosa frase, cheia de conteúdo, que resolvi
adotá-la como uma das tantas frases inspiradoras deste poderoso programa simples de recuperação.
Vejamos alguns tópicos: Como chegou aquele homem, "eu" em A.A.? Eu era só problema de bebedeiras desenfreadas, fundo de poço
total, ou havia mais alguma coisa acontecendo dentro de mim? Na realidade, por ter passado por um profundo esmagamento do ego antes
de me aproximar de A.A., já cheguei convicto que tinha perdido totalmente o controle sobre a minha maneira de beber e que algo teria
que ser feito caso eu quisesse continuar vivendo. Logo na primeira reunião, os companheiros lá presentes me tiraram todo o peso que
carregava por me julgar um incompetente, um desmoralizado nesta "arte de beber".
Eles me afirmaram que eu era tão somente portador de uma doença incurável, mas que não deveria me desesperar, que apesar de não
haver cura ela poderia ser detida bastando para isso evitar o primeiro gole e freqüentar as reuniões.
Assim eu fiz, e diga-se, com muita satisfação e alegria. O tempo foi passando e em um determinado momento a minha lua de mel com a
vida sem beber foi acabando (conforme a nossa própria literatura prevê) e fui buscar dentro do programa sugerido de A.A. uma nova
maneira de viver. Tinha convicção que a solução para todos os meus problemas se encontrava e se encontra dentro dos princípios
sugeridos por A.A. e esta fé no programa sempre me salva nos momentos difíceis.
Pois bem, foi através dos demais passos de A.A., além do primeiro, que fui descobrindo que o ato de beber era simplesmente um pano de
fundo, uma fuga de mim mesmo e se eu não fizesse alguma coisa a respeito fatalmente eu voltaria a beber. A partir daí mergulhei no
programa. Fui descobrindo que o inventário do quarto passo tinha que ser meu e não dos outros, que era eu e não os outros o foco
principal de minha recuperação; que a admissão dos meus diversos defeitos de caráter e de personalidade tinha que ser feito sem
ressalvas a alguém de minha confiança; que as reparações, mesmo que podendo ser adiadas, tinham que ser feitas. O perdão é
extremamente importante para que eu melhore a minha qualidade de vida e que através do Décimo Passo eu tinha uma ferramenta
infalível para evitar que graves situações voltassem a acumular dentro de mim mesmo e por aí fui caminhando e estou caminhando
buscando a prática das Tradições na minha vida e até dos Conceitos.
Hoje, olhando para trás, para aquela noite da minha primeira reunião em A.A., percebo claramente que aquele homem daquela noite
mudou, ele já não é mais o mesmo e, por isso mesmo, a vida está melhorando e a necessidade de beber para encobrir determinadas
situações e defeitos já não existe mais.
Como disse Bill W.: "Não fugimos da bebida, através do programa de A.A. estamos deixando a bebida longe de nós". E como diz
atualmente o meu companheiro em todas as reuniões: "O Mesmo Homem Voltará a Beber".
Esta pequena frase cheia de filosofia e sabedoria é um sinal constante de advertência para mim mesmo: pratique o programa em todas as
atividades, caso contrário o mesmo homem poderá voltar a beber e aí...
Para finalizar, quero registrar um trecho de um texto magnífico escrito por Bill W.: "A Próxima Fronteira: A Sobriedade Emocional
(Linguagem do Coração) que vale a pena ser lido na íntegra e discutido em nossas diversas reuniões de recuperação:
"Mesmo os veteranos que submeteram o nosso Programa de Recuperação a testes severos, mas bem sucedidos, ainda descobrem que
freqüentemente lhes falta sobriedade emocional... Aqueles anseios da mente adolescente que tantos de nós experimentamos por
aprovação de outras pessoas, segurança material e financeira perfeita e relacionamento amoroso sem atritos e com satisfação total
revelam-se impossíveis de ser alcançados quando vamos chegando a idade mental adulta. Paramos de beber, estamos freqüentando as
reuniões de A.A., buscando seus princípios e ainda assim sofremos todos os tipos de reveses possíveis e em todas as áreas". Na minha
opinião, ele está apenas nos advertindo que o "O Mesmo Homem Voltará a Beber".
A família do alcoolista(Fonte:Site da Uniad)
por: Neliana Buzi Figlie
Se você tem um amigo, um familiar, um colega de trabalho que é dependente de álcool, você tem o que fazer!
O alcoolismo acaba sendo uma armadilha para o dependente e também para a família, para o trabalho e para a
comunidade onde o dependente vive. Mas você pode tentar desarmar esta armadilha!
QUEM É FAMÍLIA ?
A primeira idéia que nos vem a mente quando falamos em família é: casal heterossexual, com dois filhos, um animal
de estimação, o homem como chefe da família e a mulher como dona de casa.
Quando temos esta estrutura, torna-se fácil definir a família. Mas nem sempre isso é real. Por família, devemos
entender várias formas de relacionamento com compromisso. Por exemplo: um alcoólatra solteiro que mantém uma
relação amigável com a família do vizinho, casais homossexuais, irmãos de criação, entre outros. A família pode ser
aquela que tem acesso ao dependente, sem ser necessariamente a família consangüínea.
O alcoolismo não é causa, mas sim efeito
O alcoolismo é um sintoma que ao surgir, se interpõe entre o indivíduo, a família e outros relacionamentos sociais,
influenciando todo curso de vida.
Todo sintoma tem uma causa.
Fica a questão: " Como funcionar sem a bebida ?". Daí a dificuldade de abandonar o hábito de beber, embora a
pessoa perceba as conseqüências negativas em sua vida.
Mas existem Fatores Protetores que podem evitar a continuação do hábito ou as recaídas:
• Boas oportunidades de trabalho
• Boas oportunidades educacionais
• Recursos da Comunidade: serviços sociais, lugares com o número reduzido de traficantes, tratamento clínico e
psicológico, grupos de auto-ajuda (AA,NA) , etc.
• Família: amor materno e paterno, relacionamento conjugal positivo, moradia definida, bom relacionamento.
Nem sempre estes fatores existem simultaneamente. Em alguns casos basta um destes itens para motivar o
dependente para tornar-se abstinente.
ATENÇÃO: Existem famílias em que ocorre a necessidade de uma pessoa alcoólatra para que ela funcione.
Exemplo: "Eu bebo porque você me deixa nervoso."
"Mas eu só fico nervosa quando você bebe."
A família tem um padrão de comunicação que define comportamentos. Em alguns casos, quando o alcoolista "se
cura", alguém pode piorar.
TIPOS DE FAMÍLIA
Esconder Assumir
O alcoolismo é visto como um desgosto e a família tende a esconder o alcoolista, tentando ajudá-lo.
A família não tem controle sobre o beber do alcoólatra, mas este beber acaba afetando a vida da família.
Como mudar esta situação:
1. Aprender o que é Alcoolismo (conceito de dependência, tolerância, síndrome de abstinência e recaídas).
2. Entender o funcionamento da família: Qual é o real papel de cada membro ?
3. Pedir e procurar ajuda: as conseqüências físicas, sociais e emocionais do alcoolismo são difíceis de serem
suportadas, principalmente quando os vizinhos começam a comentar, alguns familiares a recriminar o apoio dado,
contas a pagar, demissões... Nestes momentos de crise é bom contar com um amigo para desabafar, um terapeuta
para orientar ou mesmo a procura da religião para confortar o sofrimento.
O alcoolismo não é fraqueza ou falta de moral. Trata-se de uma dependência física e psicológica que controla o
comportamento do dependente.
MITOS
Existem falsas noções sobre alcoolismo. É importante sabermos quais são elas para modificarmos nossos
pensamentos e/ou atitudes:
1. "Para quem bebia pinga, uma cerveja não faz mal"
Álcool é álcool! Uma cerveja grande eqüivale a uma dose de whisky, pinga ou um copo de vinho.
2. "Se eu tenho emprego, não sou alcoólatra "
O alcoolismo atinge até mesmo grandes executivos, que conseguem desempenhar suas atividades, mas que não
excluí o consumo abusivo. O outro lado da moeda são os cargos pequenos , onde o indivíduo necessita tomar pelo
menos uma dose antes de trabalhar para evitar as famosas ressacas ou tremedeiras que acabam por prejudicar seu
desempenho.
3. "Mas ele(a) uma boa pessoa!"
Ser alcoólatra não é sinônimo de que a pessoa seja um mau caráter. Contudo, quando intoxicada, a pessoa perde a
consciência de seus atos, mas não quer dizer que possua uma personalidade má.
4. "Mas nós temos um bom lar"
Muitos alcoólatras permanecem com suas famílias por longos anos, mantendo muitas vezes uma família de
aparência.
5. "Mas ele(a) não bebe sempre
"Beber diariamente não caracteriza o alcoólatra. Uma pessoa que bebe uma dose diária tem um beber social. Se o
número de doses for igual ou maior que 21( para homens ) e 14 ( para mulheres ), mesmo que o consumidor beba
uma vez por semana, já é um beber abusivo.
6. "Mas ele é tão inteligente que não pode ser um alcoólatra"
Esta é uma fala comum entre os patrões quando começam a desconfiar do consumo de álcool de seu funcionário.
Lembre-se: Não há relação entre inteligência e alcoolismo.
7. "Ele desempenha seu trabalho brilhantemente e raramente falta"
Que bom! Este funcionário ainda não deixou que seu consumo afetasse seu trabalho, mas e depois do expediente?
8. "Mas eu nunca o vi beber"
Quando pensamos na figura do alcoólatra, a primeira imagem é o estereótipo do consumidor que não sai do bar.
Porém, existem muitos alcoólatras que compram sua bebida e a bebem nos lugares mais inesperados.
9. "Todo alcoólatra é um vagabundo ou beberrão"
Não pense que o alcoólatra é apenas aquele que fica jogado na sarjeta. Muitos são pessoas respeitáveis, que têm a
aparência bem cuidada.
10. "Mas ele(a) veio de uma boa família"
Alcoolismo acontece com qualquer pessoa, independente do nível social, econômico ou de status.
11. "Com a internação ele(a) irá se curar"
Na maioria das vezes a internação é vista como "Salvadora da Pátria", mas para alguns familiares que já passaram
por esta experiência , sabem que a afirmação acima nem sempre é verdadeira.
Em alguns casos a internação pode ser eficaz quando o dependente está motivado ou quando ele está muito doente.
Pensemos: em um ambiente protegido de problemas , pressão social e bebida, com cuidado 24 horas por dia, tornar-
se fácil atingir a abstinência. Quando ocorre o retorno para o seu meio de origem : amigos, problemas, bares,
bebidas e cobranças continuam a existir. Por tal o tratamento ambulatorial em alguns casos pode ser mais efetivo.
12. "O alcoolismo só atingem os homens"
A realidade é que existe mais homens do que mulheres alcoólatras. Contudo, existem mulheres alcoólatras e por ser
considerada uma dependência masculina, é esperado que as mulheres escondam sua dependência por vergonha ou
culpa.
Violência é crime! Não se esconda e procure ajuda! Você sabe que existe a Delegacia da Mulher e o SOS Criança?
5. Os passivos
Apatia não ajuda!
O familiar apático tenta se esconder em seu mundo e não se confronta com o beber e suas conseqüências.
6. Os acusadores
São aqueles que acreditam que o alcoólatra é o problema da família, tornando responsabilidade do dependente
todas as ações dos outros membros da família.
Intensifica o rebaixamento da auto-estima- O dependente se sente o pior dos piores, sem saída para mudar seu
conceito.
7. Símbolo da perfeição
Tratam-se de familiares que tentam chamar atenção do alcoólatra através de seu comportamento exemplar,
comparando-se a este em todo o momento. Também é comum a comparação entre irmãos ou cônjuges. Tal atitude
somente contribui para que o dependente se sinta pequeno, sem valor.
BUSCANDO SOLUÇÕES
A solução ideal seria a "cura do alcoolismo", mas esta solução depende da motivação do dependente e do familiar.
Se o dependente não tem esta motivação, a melhor solução para a família seria efetuar algumas modificações nos
comportamentos dos familiares, objetivando a interrupção ou pelo menos dificultar, o curso do alcoolismo.
1. Não atuar pelo alcoólatra
É importante a família quebrar o sistema de proteção, atribuindo a responsabilidade dos problemas e conseqüências
do beber ao próprio alcoólatra.
2. Pensar mais em você
Só podemos ajudar alguém quando estamos bem, caso contrário, como oferecer algo que não temos para dar?
O dependente causa um abalo na vida do familiar e este tende a abandonar algumas de suas atividades. Retome-as,
cumpra suas responsabilidades e cuide mais de si mesmo. Quando o alcoólatra passa a perceber que você não está
mais seguindo o ritmo dele, ele começa apensar: "o que está acontecendo?".
3. Adquirir conhecimento
Informe-se : é importante saber alguns conceitos básicos para poder entender e ajudar o alcoólatra. Por exemplo:
nos primeiros dias em que o dependente fica sem beber, é comum um hálito alcoólico, que dá a impressão de
consumo, denominada "Hálito de Vinagre. A família se desespera, fiscaliza ou cobra, fato este que pode levar o
alcoólatra a beber. Se os familiares tem este tipo de informação, a atitude muda.
4. Conversar
Evite falar com o dependente apenas assuntos relacionados ao álcool. Procure mantê-lo interessado e também
interessar-se sobre outros aspectos da vida. E, lembre-se: o alcoolismo é conseqüência e não causa. Porém existem
pessoas que chegam a um grau de dependência tão elevado, que mal restam outros aspectos de vida para
conversar. Nestes casos procure estimular ou mesmo apontar este "vazio" na vida do alcoólatra, tentando ajuda-lo a
enxergar o que ele pode fazer para modificar seu futuro.
5. Recaídas
Prepare-se! Por mais estabilizada que esteja a situação de abstinência, as recaídas são previstas no processo.
Tenha em mente que o voltar a beber pode ser passageiro, principalmente se forem tomadas as medidas
adequadas.
6. Limites
Seja compreensivo e amigo com firmeza, sabendo definir limites e regras, principalmente sobre sua competência e
do dependente.
No primeiro momento a reação é de raiva, ódio e explosão! Tente se acalmar e refletir sobre a situação. Não gaste
suas energias em falar com uma pessoa intoxicada. Espere os efeitos passarem para haver um diálogo consciente.
Neste diálogo, procure colocar o que você espera e até onde você agüenta (seus próprios limites).
7. Aspecto Social
Com a abstinência, perde-se ou ocorre uma diminuição no convívio social com os amigos do bar. Daí vem as
frustrações: falta de amigos e falta de bebida.
Propiciar atividades de lazer ou de convívio familiar para tentar abrandar estas frustrações são importantes.
Atividades físicas acabam sendo as mais comuns , mas também pense em passeios, vídeo, cinema, teatro, leitura,
visitas a casa de parentes e amigos, buscar filhos na escola, etc.
8. EVITE: Não dar importância ou ignorar os fatos
Expulsar de casa
Julgar o dependente como o único culpado
Policiar intensivamente
9. Procurar ajuda profissional
Não se deixe levar pelo sentimento de fracasso. Os profissionais de saúde existem para ajudar tanto o dependente,
como o familiar. Em alguns casos é necessário uma atuação técnica e não apenas familiar.
Será que não é uma exigência muito grande a família acreditar que deve dar conta de tudo sozinha?
10. Procurar Recursos da Comunidade
Existem grupos de Auto-Ajuda (AA e NA), religião e palestra...enfim, tudo que o dependente possa sentir como eficaz
para ajudá-lo.
ATENÇÃO: Nem sempre o que é melhor para a família, é melhor para o dependente. O principal envolvido precisa
estar motivado.
Vale ressaltar que estes recursos podem ser utilizados simultaneamente a um tratamento. Não existe um único
detentor do saber ou uma forma única de cura.
FAMÍLIA IDEAL
Este quadro pode tornar-se realidade.
O alcoolismo não é um caminho sem volta !
Acredite! Você pode ajudar muito para modificar a rota deste caminho.
Auto Suficiência
Ser auto-suficiente significa não precisar de qualquer tipo de auxílio para suprir as necessidades
de um indivíduo. Significa que por si só ele é capaz de resolver quaisquer questões que lhe
aparecem no decorrer da sua vida. Isto é uma fantasia, é uma irrealidade.
Por natureza temos um instinto grupal, precisamos de outras pessoas que nos ajudem a resolver
as necessidades. Deus nos fez assim, em nossa essência somos assim. Quem afirma que não
precisa de ninguém para realizar-se poderia ser classificado como qualquer coisa, menos um ser
humano.
Com a dependência química isso se agravou severamente, pois se antes já vivíamos distantes
das pessoas, a culpa e o medo que a adicção nos trouxe, afastou-nos mais ainda e nos
tornamos pessoas ainda mais duras e ressentidas. O isolamento emocional cresceu dentro de
nós e vestimos a capa de super-heróis para sobrevivermos. Esse é o motivo que impede que o
dependente peça ajuda, pois seria assumir o velho pedido de socorro que não gostamos nem de
pensar nele. É uma dor que evitamos o tempo todo. Na maioria das vezes a própria doença
incumbe de levar-nos a pedir socorro, ou corremos o risco de morrer. O problema é que
achamos que precisamos de ajuda para pararmos de usar, mas para as demais questões de
nossa vida, poderemos resolver a nosso modo.
Adictos que pensam assim são aqueles que não conseguiram dar o Primeiro Passo por
completo. Não aceitam que a dependência química invadiu todos os cantos de sua vida e não
conseguem entrar em recuperação. Rendem-se diante da droga, mas não perante a sua
maneira de comportar-se. Permanecem tentando ser o super-herói. O resultado é que a
recuperação não vai acontecer e em pouco tempo irá recorrer ao uso das drogas para aliviar a
tensão provocada pelo medo e pela raiva de si próprio.
O caminho para a alegria de viver só poderá ser construído pela honestidade e pela humildade,
pois de outras formas já tentamos e seus resultados foram os que nos trouxeram até aqui.
A armadilha da auto-sabotagem
Há momentos da vida que reconhecemos que estamos prontos para dar um novo salto, para
efetivar uma mudança profunda. Nos lançamos num novo empreendimento, numa nova relação
afetiva, mudamos de cidade e até mesmo de apelido. Mas, aos poucos, nós nos pegamos
fazendo os mesmos erros de nossa “vida passada”. É como se tivéssemos dado um grande
salto para cair no mesmo buraco. Caímos em armadilhas criadas por nós mesmos. Nos auto-
sabotamos. Isso ocorre porque, apesar de querermos mudar, nosso inconsciente ainda não nos
permitiu mudar !
Em nosso íntimo, escutamos e obedecemos, sem nos darmos conta, ordens de nosso
inconsciente geradas por frases que escutamos inúmeras vezes quando ainda éramos
crianças. Toda família tem as suas. Por exemplo: “Não fale com estranhos” é uma clássica.
Como a nossa mente foi programada para não falar com estranhos, cada vez que conhecemos
uma nova pessoa nos sentimos ameaçados. Uma parte de nosso cérebro nos diz “abra-se” e a
outra adverte “cuidado”.
Num primeiro momento, o desafio em si é encorajador, por isso nos atiramos em novas
experiências e estamos dispostos a enfrentar os preconceitos. No entanto, quando surgem as
primeiras dificuldades que fazem com que nos sintamos incapazes de lidar com esse novo
empreendimento, percebemos em nós a presença desta parte inconsciente que discordava que
nos arriscássemos em mudar de atitude: “Bem que eu já sabia que falar com estranhos era
perigoso”.
Dificilmente percebemos que nos auto-sabotamos. Nós nos auto-iludimos quando não lidamos
diretamente com nosso problema raiz.
A auto-ilusão é um jogo da mente que busca uma solução imediata para um conflito, ou seja,
um modo de se adaptar a uma situação dolorosa, porém que não represente uma mudança
ameaçadora. Por exemplo, se durante a infância absorvemos a idéia de que ser rico é ser
invejado e assim menos amado, cada vez que tivermos a possibilidade de ampliar nosso
patrimônio nós nos sentiremos ameaçados! Então, passaremos a criar dívidas, comprando
além de nossas possibilidades, para nos sentirmos ricos, porém com os problemas já
conhecidos de ser pobres. Não é fácil perceber que a traição começa em nós mesmos, pois
nem nos damos conta de que estamos nos auto-sabotando!
Na auto-ilusão, tudo parece perfeito. Atribuímos ao tempo e aos outros a solução mágica de
nossos problemas: com o tempo a dor de uma perda passará; seu amado irá se arrepender de
ter deixado você e voltará para seus braços como se nada houvesse ocorrido. No entanto, só
quando passarmos a ter consciência de nossos erros é que não seremos mais vítimas deles !
Temos uma imagem idealizada de nós mesmos, que nos impede de sermos verdadeiros.
Produzimos muitas ilusões a partir desta idealização. Muitas vezes, dizemos o que não
sentimos de verdade. Isso ocorre porque não sentimos o que pensamos !
Muitas vezes não queremos pensar naquilo que sentimos, pois, em geral, temos dificuldade
para lidar com nossos sentimentos sem julgá-los. Sermos abertos para com nossos
sentimentos demanda sinceridade e compaixão. Reconhecer que não estamos sentindo o que
deveríamos sentir ou gostaríamos de estar sentindo é um desafio para conosco mesmos.
Algumas de nossas auto-imagens não querem ser vistas !
É nossa auto-imagem que gera sentimentos e pensamentos em nosso íntimo. Podemos nos
exercitar para identificá-la. Mas este não é um exercício fácil, pois resistimos em olhar nosso
lado sombrio. No entanto, uma coisa é certa: tudo que ignoramos sobre nossa parte sombria,
cresce silenciosamente e um dia será tão forte que não haverá como deter sua ação. Portanto,
é a nossa auto-imagem que dita nosso destino.
O mestre do budismo tibetano Tarthang Tulku, escre em seu livro “The Self-Image” (Ed. Crystal
Mirror): “A auto-imagem não permanente. De fato, o sentimento em si existe, no entanto o seu
poder de sustentação será totalmente perdido assim que você perder o interesse por alimentar
a auto-imagem. Nesse instante, você pode ter uma experiência inteiramente diferente da que
você julgou possível naquele estado anterior de dor. É tão fácil deixar a auto-imagem se
perpetuar, dominar toda a sua vida e criar um estado de coisas desequilibrado... Como
podemos nos envolver menos com nossa auto-imagem e nos tornar flexíveis ? Somos seres
humanos, não animais, e não precisamos viver como se estivéssemos enjaulados ou em
cativeiro. No nível atual, antes de começarmos a meditar sobre a auto-imagem, não
percebemos a diferença entre nossa auto-imagem e nosso “eu”. Não temos um portão de
acesso ou ponto de partida. Mas, se pudermos reconhecer apenas alguma pequena diferença
entre a nossa auto-imagem e nós mesmos, ou “eu” ou “si mesmo”, poderemos ver, então, qual
parte é a auto-imagem”.
“A auto-imagem pode representar uma espécie de fixação. Ela o apanha, e você como que a
congela. Você aceita essa imagem estática, congelada, como um quadro verdadeiro e
permanente de si mesmo”, explica Peggy Lippit no capítulo sobre Auto-Imagem do livro
“Reflexões sobre a mente” organizado por seu mestre Tarthang Tuku (Ed. Cultrix).
Na próxima vez que você se pegar com frases prontas, aproveite para anotá-las ! Elas revelam
sua auto-imagem e são responsáveis por seus comportamentos repetitivos de auto-sabotagem.
Ao encontrar a auto-imagem que gera sentimentos desagradáveis, temos a oportunidade de
purificá-la em vez de apenas nos sentirmos mal. O processo de autoconhecimento poderá
então se tornar um jogo divertido e curioso sobre nós mesmos !
A auto-aceitação
Muito freqüentemente descobrimos que somos severos críticos de nós mesmos, afogando-nos em
autocomiseração e auto-rejeição.
Antes de conhecermos a programação, muitos de nós passamos nossa vida inteira em auto-
rejeição.
Nós nos odiávamos e tentávamos, de todas as maneiras, nos tornar alguém diferente. Nós
queríamos ser qualquer outra pessoa menos nós mesmos. Incapazes de nos aceitarmos,
tentávamos ganhar a aceitação dos outros. Queríamos que outras pessoas nos dessem o amor e
a aceitação que não conseguíamos ter, nosso amor e amizade eram sempre condicionais. Nós
faríamos qualquer coisa pôr alguém só para ganhar sua aceitação e aprovação e, então,
poderíamos nos ressentir com aqueles que não correspondessem as nossas expectativas.
Porque não podíamos aceitar a nós próprios, esperávamos ser rejeitados pelos outros. Não
podíamos permitir que qualquer um se aproximasse de nós por medo que se conhecessem quem
realmente éramos, poderiam nos odiar. Para nos proteger da vulnerabilidade nós rejeitávamos os
outros antes que eles tivessem a chance de nos rejeitar.
A Humildade
Humildade vem do Latim “humus” que significa “filhos da terra”, ao analisarmos esta frase,
encontramos material suficiente para aprender sobre a humildade.
Filhos da Terra: sentimo-nos oprimidos sabendo que nosso lugar não é aqui, fomos criados a
imagem e semelhança do Criador, descemos por nosso próprio livre arbítrio, devendo retornar
atarvés do nosso esforço e trabalho, fazendo florescer as virtudes latentes em nossa alma.
Se diz que a humildade é uma virtude humilde, quem se vangloria da sua, mostra simplesmente
que lhe falta.
A humildade não depreciação de si mesmo, não é ignorância com relação ao que somos, mas ao
contrário, se tem conhecimento exato do que não somos. Se apresenta com humildade, sem que
a vaidade se manifeste.
Podem-se encontrar diferentes graus de humildade, como também falsas humildades, pode-se
ser humildade em breves momentos, ante algo que nos parece grandioso.
São falsas humildades: Aqueles que se rebaixam ante os outros querendo parecer humildes,
porém estão cheios de ressentimentos, inveja ou ambição.
Outra falsa humildade é não reconhecer ou não acreditar em seu real valor e se sentir inferior,
pode até possuir humildade porém se inferioriza a tal ponto ante seus semelhantes, sentindo
grande sofrimento em seu interior, este ser não respeita a sua dignidade.
Mas, a verdadeira humildade, é aquela que o homem tem consciência e possui uma convicção do
que ele é, da sua capacidade, da sua força ou da sua fraqueza, compreende a sua inferioridade,
reconhece seus limites mas, não sofre por isso, se esforça e trabalha para ser melhor e procura
constantemente seu aperfeiçoamento físico, moral e espiritual.
Ser humilde é saber ir até o ponto de não interferir nos outros, ser humilde é não entrometer-se na
vida dos outros.
Esta humildade, esta consciência, este sentimento se adquire lentamente pelo trabalho interior ou
pode ser provocada pelo recolhimento da existência de algo superior em nós mesmos, reconhecer
a grandeza de Deus, o Poder Superior, das suas Forças Universais ou das leis que as regem,
ante essa compreensão e reconhecimento interior há humildade, reverência à grandeza do
Criador.
O Reparador deixou grandes ensinamentos de humildade: ao lavar os pés dos seus discípulos,
assim como nos ensinou o amor ao próximo e a caridade, quando mitigava o sofrimento dos
pobres.
O homem pode nascer com tendências à virtude da humildade, pode nascer humilde, como
também pode trabalhar para adquiri-la.
A humildade é uma virtude que atua sem ilusão, sendo guiada pela razão. Um bom conhecimento
teórico da humildade favorecem o aprofundamento nesta virtude assim como também o
conhecimento exato de nossas limitações.
A humildade produz no interior do homem alegria, paz e serenidade, todo o ser tem conformidade
do que ele realmente é e se sente satisfeito em sua fraqueza.
A força da virtude está na alma e não precisamos ser santos para ter humildade, afastando o
orgulho, a vaidade, a prepotência e o egoísmo.
Auto-Piedade
A auto-piedade é um alimento venenoso, uma espécie de erva daninha que intoxica por
completo o espírito, dificulta as relações e promove medo, desconfiança, solidão e melancolia. É
filha do egoísmo e da lamentação, afilhada do orgulho e irmã da necessidade de aprovação e de
atenção especial.
O auto-piedoso teme o futuro e lamenta-se do passado, reclama do que não tem, não
percebe a vida e não vive o hoje. Faz-se vítima, a pior possível, até se tornar único em seu
sofrimento. Também tem o hábito de responsabilizar os outros por sua dor, justificando seu
estado, retro-alimentando-se e escondendo-se no sentimento de menos valia.
Depois, quando plenamente tomado por essa toxina, e por não suportá-la, passa a
distribuí-la gratuitamente às pessoas que mais ama, através do pessimismo, e do derrotismo e às
vezes da vingança.
É bom estar atento, pois este sentimento pode tomar posse de qualquer um. É
democrático, não tendo preferência por idade, sexo ou raça e geralmente vai surgindo
devagarinho, assim como a noite sobre o dia, tomando conta da gente, expulsando a alegria de
viver e podendo durar muito.
Outra crença enraizada é a de que o alcoólatra seja uma pessoa fraca de caráter ou sem força
de vontante. Claro, como é que alguém com um minímo de dignidade pode andar cambaleando
por aí?
As pessoas partem do princípio – ingênuo – de que só é bêbado quem quer. Tanto assim que
elas (não-alcoólatras) bebem numa boa e não se deixam “viciar” pelo álcool. O que falta ao
alcoólatra, então, é sermão, descompostura e providências similares para obrigá-lo a readquirir
dignidade e fibra.
É claro que só pensa assim quem nunca sentiu a compulsão alcoólica. Às vezes, quem insulta o
alcoólatra é um gordo que não pára de comer, um fumante que não pára de fumar, um jogador
que não pára de jogar, um mulherengo que não pára de paquerar: é que a compulsão dos outros
é fácil de controlar.
Vergonha na cara não é o que falta ao alcoólatra. A vergonha que ele sente de beber
desbragadamente é tamanha que bebe mais ainda só para embriagá-la.
Um amigo, hoje recuperado pelo Alcoólicos Anônimos, me confiou: “Eduardo, eu antes de virar
alcoólatra cheguei até a morar no Copacabana Palace. Depois, é óbvio, fui perdendo tudo:
dinheiro, profissão e até família. Acredite se quiser, tornei-me mendigo. Mendigo mesmo, do tipo
que cata sobras de comida. Quando ia pedir esmola, tomava mais umas e outras não para
ganhar coragem para pedir esmola e me assumir como mendigo, pois essa eu tinha, mas para
ter coragem de me assumir como alcoólatra. É que as pessoas me chamavam assim, e a
palavra me fazia mal demais”.
Muitos gigantes da vontade, de rara fibra e garra para todas as coisas são alcoólatras. São
fortes para tudo, exceto para o álcool. Padecem de uma vulnerabilidade específica, tal como o
pâncreas de um diabético em relação ao açúcar: não foram feitos um para o outro.
Ninguém se torna dependente do álcool porque quer. Mas simplesmente porque, apesar de
todos os mais sinceros e comoventes esforços, não consegue deixar de beber.
Poder-se-ia argumentar: então, por que começou a beber? Começou porque todo mundo
começa um dia. E quem iria advinhar que, anos depois, estaria possuído por essa compulsão?
O alcoolismo, como já vimos, dá em todo tipo de gente. Logo o alcoólatra não é melhor nem pior
do que ninguém. Exceto por sua compulsão, é tão fraco ou tão forte quanto todo mundo.
É importante deixar tudo isso bem claro, pois muitas pessoas morrem bêbados só para não
serem obrigadas a se reconhecerem como gente fraca, sem fora de caráter.
É óbvio que, não controlado, o alcoolismo em suas etapas avançadas debilita qualquer gigante.
No final, todos os bebedores vão ficando parecidos: vão virando pasta.
O alcoólatra controlado, sem beber, volta a ser um cidadão como outro qualquer. Existem
alcoólatras do mais alto nível. Outros que não são. Exatamente como os não-alcoólatras.
ISOLAMENTO SOCIAL – Tendência a voltar-se para si mesmo, evitando todo tipo de confronto da realidade, é uma
forma de fuga dos próprios sentimentos. Exprime-se como falta de iniciativa, incerteza sobre o seu próprio
desempenho, falta de planificação, dedicação às coisas de rotina para fugir do novo EU de mudanças.
AGRESSIVIDADE – Trata-se de curto-circuito entre o estímulo e a ação. São ações impulsivas, as cabeçadas, os atos
auto-destrutivos, as rebeliões provocativas, os desatinos obstinados. Podendo ser vista por dois ângulos:
Com esse ato, a pessoa inconscientemente procura remover de si, toda consideração da realidade, sem
planificação, ou seja, sem pensar “no que devo” ou “no que quero” fazer.
É o modo de admitir a própria dependência, e em um nível mais profundo, “é o medo da perda do EU”, do papel
que está vivendo.
PREPOTÊNCIA – É um pedido disfarçado. Um tipo de agressividade que traz embutindo uma tensão a ser
descarregada devido à presença de uma mensagem, mas que é por ele mesmo recusada. Essa mensagem pode ser
vista como um pedido de ajuda nas áreas de afeto, saúde física e mental, profissional, desejos e de
relacionamentos.
DESAFIO – É uma reação de alguém que se sente ameaçado por alguma coisa ou pessoa, para assumir
imaginariamente a sua qualidade, no caso, o desafio. Sentindo-se um desafiador, reduz ou elimina o medo de
continuar vivendo o seu papel, ou seja, de ver os seus supostos direitos agredidos.
IMPULSIVIDADE – Consiste em assimilar transitoriamente uma pessoa real ou representar um papel da mesma,
havendo uma identificação com ela a ponto de experimentar como feito à si, o que de fato é feito à essa pessoa.
Este é um evidente comprometimento para a personalidade.
PROJEÇÃO – É um comportamento contra os perigos que vem de fora, mas se o perigo vem de dentro, sua própria
energia é colocada em crise; projetando, o perigo é transferido ou exteriorizado, sendo dessa forma “eliminado”.
Pode ser vista de duas maneiras:
Transferindo o mal estar pelo qual está passando, para o outro. Ex.: “Não sou eu que estou nervoso, é você que não
está bem”.
Atribui aos outros, os motivos que explicariam as próprias perturbações. Ex.: “Eu estou nervoso, mas foi você quem
me fez ficar nervoso”.
NEGAÇÃO – Consiste em criar bloqueios de certas percepções de mundo externo, ou seja, inconscientemente nega
situações intoleráveis de uma realidade externa, para proteger-se de um sofrimento. Assim, a criança fecha os
olhos e acredita que não é vista pelos outros. O dependente químico num processo de auto-destruição nega a
realidade. Da mesma forma que o familiar do dependente nega o seu envolvimento, ou mesmo, a sua auto-
anulação.
FIXAÇÃO – É um mecanismo de defesa que protege a pessoa do medo da destruição pelo confronto pessoal com as
dificuldades de sua situação real, o que ao mesmo tempo, lhe impede de crescer e de amadurecer. Um eterno vir-a-
ser. Um eterno anular-se, não buscando atingir metas criadas, que poderiam ser atingidas.
A REALIDADE É TRANSFORMADA
(Imaturidade relativa à imagem)
ONIPOTÊNCIA – São fantasias e comportamentos que traduzem uma pretensão de poder absoluto. Tendência à
grandiosidade, desejo doentio de receber honras e reverencias, pretensão de ser perfeito e de ser tratado como
alguém privilegiado, especial. Deprecia tudo aquilo que ofusca a própria segurança. No fundo há um sentimento de
insegurança, inferioridade e ausência de capacidade de amar em seus confrontos ou relacionamentos.
JUSTIFICAR – Quando uma pessoa não consegue realizar o que pretende ou quando se sente ameaçada por algo de
fora dela. Justificando, busca identificar-se com esta imagem. Satisfaz inconscientemente o imperioso desejo
narcisista de “ser como”, mas para tanto justifica todas as suas atitudes. Tendo sempre sua vida nas mãos das outras
pessoas.
FANTASIA – É um conjunto de idéias ou imagens mentais que procuram resolver os conflitos emocionais, através da
satisfação imaginária dos impulsos. Este mecanismo reveste-se de um caráter doentio quando tende a impedir
continuamente a resolução dos conflitos, a satisfação real dos impulsos vitais e o contato com a realidade.
TRANSFERÊNCIA – É o processo pelo qual um impulso é modificado de forma a ser expresso de conformidade com as
demandas do meio. Este processo inconsciente é considerado sempre como uma função normal do “EU” normal.
Embora o impulso original não seja consciente, não existe a repressão, pois, ao deparar com a rejeição pela
consciência, o impulso é desviado para canais aceitos.
INTROJEÇÃO OU ISOLAMENTE – É um processo psíquico mediante o qual o indivíduo se isola da carga emotiva ligada a um
acontecimento qualquer, permanecendo emocionalmente frio. A emoção retida, geralmente acaba por se expressar mais tarde
de modo imprevisto, com efeito, totalmente desproporcional à respectiva causa aparente, seja ela por explosão de cólera, de
choro ou por um ato sexual aparentemente inexplicável.
RACIONALIZAÇÃO – É um mecanismo mental empregado pelo “EU” para justificar. É como uma desculpa apresentada para
explicar uma atitude ou um comportamento social ou pessoalmente pouco aceitável.
Ex.: atribuir a irritabilidade ao calor; atribuir o seu mal estar ao marido, esposa, filho, patrão; o atraso a um encontro pouco
desejável, ao trânsito, quando na realidade não se quisesse este encontro. Não busca a verdade, mas a auto-defesa, pelo que a
idéia é levada adiante com rigidez e intolerância. Quem usa a racionalização termina ele mesmo por acreditar nas desculpas que
apresenta.
REPRESSÃO OU RECALQUE – É um processo automático que mantém fora da consciência impulsos, idéias ou sentimentos
inaceitáveis, os quais não podem tornar-se conscientes através da evocação. É um mecanismo de defesa básico e precede a
maioria dos outros, funciona como reforços, quando a repressão é incompleta.
INTELECTUALIZAÇÃO – É o uso defensivo da razão, menos elaborado. Consiste em evitar o problema prático, enfrentando-o a
nível teórico. Controlam-se os afetos e os impulsos com a reflexão abstrata mais que refazendo-se na experiência. É um excesso
de pensamento, privado do componente afetivo.
Parar de beber é fácil
Para de beber é tão fácil que não há alcoólatra no mundo que já não tenha parado de beber dezenas de vezes.
Algumas delas – é verdade – duram não mais do que uma tarde ou noite. Nesse período, contudo, o alcoólatra jurou
a si próprio que jamais voltaria a beber.
Geralmente essas decisões solenes de se manter afastado do copo vêm na manhã seguinte de algum imenso
pileque. A cabeça ainda está zonza, dói tanto que parece que há um martelo batendo no crânio; a boca está amarga
e seca, o estômago em brasa, o corpo todo intoxicado. Nesse estado típico de uma “ressaca”, vão reaparecendo,
aos poucos, as lembranças da noite anterior: os vexames, as inconveniências, os despautérios. Acrescenta-se à
ressaca física, a ressaca moral. Isso quando ressurgem as lembranças, pois muitas vezes o alcoólatra enfrenta a
terrível angústia de não se lembrar de nada do que fez – o famoso “branco”.
De tantas ressacas e vexames, o alcoólatra pára de beber por meses e até por anos. Que alívio! Parece que não
padece mais daquela irresistível compulsão. Nem sente mais vontade de beber: vai às festas e nem se liga no
garçom. Sinceramente, não sente mesmo mais falta da bebida. Nem sonha mais com ela...
Ora, com justa razão imagina-se curado. Não é mais alcoólatra. É uma pessoa como outra qualquer.
Embalado nessa crença, estabelece a taxativa distinção: “beber é uma coisa, ser alcoólatra, outra”.
Por via das dúvidas, contudo, não convém arriscar. Nada de whisky, conhaque ou cachaça. Ele já sofreu demais e
respeita o álcool. Agora, uma cervejinha gelada – só uma – ou um gole de vinho branco, também geladinho, não
hão de fazer mal a ninguém.
De fato, nada acontece. Naquele dia. No dia seguinte, porém, à mesma hora, ele se lembra do dia anterior. E, pela
primeira vez, volta a sentir uma vontadezinha de beber. Tenta se controlar. Aí vêm aquelas idéias que até parecem
sopradas por Satanás: “Mais um golinho não vai fazer mal! Hoje só. Amanhã você pára de vez. Só para matar a
saudade!”.
Talvez tome mais uma bebidinha, talvez não tome, mas recomeça a tortura: a vontade de beber volta e a luta contra
ela leva-o à exaustão; até nos sonhos ele está bebendo ou louco para beber e já acorda pensando nisso. Sua vida
se reduz a isso.
Nesse estado, a mente lhe propõe um pacto: “Volte a beber, mas só a noite. Com moderação. E só bebidas
fraquinhas, ou bebidas forte com muito gelo e soda, em dose bem diluída, para render e não dar pileque”. Às vezes
ele tolera esse pacto por alguns dias. Mas a vontade de beber não se modera, nem se sacia. Manifesta-se cada vez
com mais força. Aí ele volta a beber com a mesma fúria de antes. Talvez até com fúria maior, para ir à forra de todo
aquele período em que não bebeu. Bebe tudo que bebia antes, mais tudo que deixou de beber.
Procura médicos e hospitaliza-se. Toma todo o tipo de remédio. Desintoxica-se, descansa a cabeça. Se tem
dinheiro, vai ao psicanalista ou psicologo.
Mas nada resolve. Novamente pára um tempo de beber, para depois voltar ao álcool com voracidade redobrada.
SOU TUA DOENÇA
Hoje levantei cedo pensando no que tenho a fazer antes que o relógio marque meia-noite.
Posso reclamar porque está chovendo... ou agradecer as águas por lavarem a poluição.
Posso ficar triste por não ter dinheiro... ou me sentir encorajado para administrar minhas
finanças evitando o desperdício.
Posso reclamar sobre minha saúde... ou dar graças por estar vivo.
Posso me queixar dos meus pais por não terem me dado tudo o que queria... ou posso ser
grato por ter nascido.
Posso reclamar por ter que ir trabalhar... ou agradecer por ter trabalho.
Posso sentir o tédio com as tarefas da casa... ou agradecer a Deus por ter me dado um teto
para morar.
Posso lamentar decepções com amigos... ou entusiasmar com a possibilidade de fazer novas
amizades.
E aqui estou.
Charlie Chaplin
Viva e deixe viver
O seu papel de ajudar alguém, não é o de fazer coisas por esse alguém, mas sim, o de ser e
não o de tentar treinar e modificar as ações de alguém, mas treinar e modificar as suas próprias
ações e reações. À medida que você as modifica de negativas para positivas – ex.: o medo pela
fé; o desprezo pelo que ele faz, para respeito pelo potencial que existe dentro dele; a rejeição
pelo desligamento com amor, deixando de tentar enquadrá-lo num determinado padrão ou
imagem; ou ficar na expectativa dele estar acima ou abaixo destes padrões, mas dando uma
oportunidade dele se tornar ele mesmo, dele desenvolver o que há de melhor nele mesmo, sem
se incomodar no que isto venha a ser; modificando o domínio por encorajamento, o pânico por
serenidade; a falsa esperança e egocentrismo por esperança verdadeira baseada no Poder
Superior; trocando a revolta do desespero pela energia da evolução pessoal; em vez de dirigir -
guiar; mudando auto-justificação em auto-compreensão. Na medida que você alcança estas
modificações o mundo e as pessoas à sua volta também mudam para melhor.
Auto-piedade bloqueia ações efetivas. Na medida que afundamos na auto-piedade achamos que
a solução para nossos problemas, está na mudança dos outros ou no mundo ao nosso redor e
não em nós. Assim nos tornamos um caso perdido.
Não se preocupe com as ações futuras dos outros. Tão pouco espere que eles piorem ou
melhorem à medida que o tempo passa, pois estas expectativas são pura criação e este é um
trabalho de Deus, não seu; quando o homem tenta criar vida, ele só cria monstros. Somente o
amor pode criar. Ame e deixe viver.
Lembre-se: todos estão sempre mudando. Quando julgamos alguém, nós os julgamos pelo que
acreditamos conhecer sobre eles, falhando em reconhecer que há muito sobre eles que não
conhecemos e que as pessoas estão constantemente mudando numa tentativa de lidarem
melhor com a vida. Dê crédito aos outros, mesmo quando estão todos em conflito; dê-lhes
crédito pelas tentativas de progredir, mesmo quando seu progresso não seja aparente; e acima
de tudo dê-lhes crédito por terem conseguido muitas vitórias desconhecidas. Somos todos feitos
da mesma matéria, apesar de formas diferentes.
Lembre-se: você também está sempre mudando e você pode direcionar esta mudança
conscientemente se assim o desejar. Você pode modificar - aos outros você só pode amar.
A PRÁ TICA DA ORAÇÃ O DA SERENIDADE
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Não foi A.A. que a criou. Diferentes versões têm sido empregadas através dos séculos por várias
crenças, e esta é de uso corrente hoje em dia tanto fora de A.A. como dentro da irmandade. Quer
pertençamos a esta ou àquela igreja, quer sejamos humanistas, agnósticos ou ateus, a maioria
de nós achou nestas palavras um guia maravilhoso para alcançar a sobriedade, continuar sóbrio
e desfrutar de uma vivência sóbria. Quer consideremos a Oração da Serenidade uma verdadeira
prece ou apenas um desejo fervoroso, ela oferece uma receita simples para uma vida emocional
saudável.
Pusemos um item no alto da lista das coisas “que não podemos modificar”: nosso alcoolismo.
Independentemente do que façamos, sabemos que amanhã não deixaremos, de repente, de ser
alcoólicos, como não teremos menos 10 anos de idade ou mais 15 centímetros de altura.
Não pudemos mudar nosso alcoolismo. Mas não dizemos docilmente: “Está bem, sou um
alcoólico. Acho que tenho de beber até morrer”. Havia alguma coisa que podíamos mudar. Não
tínhamos de ser bêbados. Podíamos vir a ser sóbrios. Certamente isso exigia coragem. E foi
necessário um lampejo de sabedoria para ver que isso era possível, que podíamos ser outros.
Para nós este foi o primeiro e o mais óbvio emprego da Oração da Serenidade. Quanto mais nos
distanciamos do último gole, mais bonitas e mais carregadas de sentido estas poucas linhas se
tornaram. Podemos aplicá-las a todas as situações cotidianas das quais costumávamos fugir
direto para a garrafa.
Tomemos um exemplo: “Odeio o meu trabalho. Tenho de ficar nele ou posso deixá-lo?”. Entra em
cena um pouco de sabedoria. “Bem, se eu sair desta firma, as próximas semanas ou os próximos
meses poderão ser difíceis, porém acabarei num lugar melhor”.
Mas a resposta pode ser: “Enfrentemos a verdade. Os tempos não estão para procurar emprego,
tendo uma família para sustentar. Além disso, estou sóbrio há seis semanas apenas, e meus
amigos de A.A. dizem que é melhor não começar a fazer mudanças drásticas ainda – devo, é
melhor, concentrar-me em não tomar o primeiro gole e esperar até que minha mente se abra. Ora
bem, não posso mudar de serviço agora mesmo. Mas talvez possa mudar minha atitude.
Vejamos: Como posso aprender a aceitar serenamente o emprego?”
Essa palavra – “serenidade” – parecia quase um objetivo impossível na primeira vez que vimos a
oração. De fato, se serenidade significasse apatia, amarga resignação ou resistência impossível,
então nem iríamos tentar atingí-la. Descobrimos, porém, que não significava isso. Quando a
vemos agora, é mais como plena aceitação, uma maneira nítida e realista de ver o mundo,
acompanhada de paz e força interior. A serenidade é como um giroscópio que nos permite
conservar o equilíbrio, a despeito da turbulência que nos assalta. É um estado de espírito que
vale a pena buscar.
LEVAR ADIANTE
Pág. 277 – 2ª Edição
A oração foi descoberta na coluna “In Memoriam” em um número do Herald Tribune de Nova
York, em princípios de junho de 1941. 0 texto exato era: “Mãe, Deus me dá a serenidade para
aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar aquelas que posso e
sabedoria para perceber a diferença. Adeus”. Ruth afirmou que Jack C. chegou uma manhã no
escritório e mostrou a ela o recorte com a Oração da Serenidade. “Fiquei tão impressionada
quanto ele e pedi que a deixasse comigo, para que eu a copiasse e pudesse utilizá-la em cartas
enviadas aos Grupos e aos solitários. Horace C. teve a idéia de imprimi-la em cartões e pagou a
primeira impressão.”
E você, o que faria com seu tempo se soubesse que o mundo acabaria amanhã?
O que é o TOC e quais são os seus sintomas
Medos exagerados de se contaminar, lavar as mãos a todo o momento, revisar diversas vezes a
porta, o fogão ou o gás ao sair de casa, não usar roupas vermelhas ou pretas, não passar em
certos lugares com receio de que algo ruim possa acontecer depois, ficar aflito por que as
roupas não estão bem arrumadas no guarda-roupa, ou os objetos não estão exatamente no
lugar em que deveriam estar, são alguns exemplos de sintomas característicos de um
transtorno: o transtorno obsessivo-compulsivo ou TOC e que são popularmente conhecidos
como "manias" (de limpeza, de verificar as portas, de arrumação).
O que é o TOC
Os sintomas do TOC
Uma das características intrigantes do TOC é a diversidade dos seus sintomas (medos de
contaminação/lavagens, dúvidas excessivas seguidas de verificações, preocupação exagerada
com ordem/simetria ou exatidão, pensamentos de conteúdo inaceitável (violência, sexuais, ou
blasfemos), compulsão por armazenar objetos sem utilidade e dificuldade em descarta-los - ou
colecionismo). Um mesmo indivíduo pode apresentar uma diversidade de sintomas, embora
geralmente exista um que predomine.
O diagnóstico do TOC
Exemplos de compulsões
Compulsões mentais
As compulsões também podem ser atos mentais como: contar, rezar, repetir palavras, frases em
silêncio, repassar argumentos mentalmente, substituir imagens ou pensamentos "ruins" por
imagens ou pensamentos "bons". Da mesma forma que as compulsões motoras observáveis, as
compulsões mentais são executadas com a finalidade de afastar uma ameaça e eliminar a
ansiedade, o medo ou o desconforto.
Compulsões podem ainda fazer parte do quadro clínico de outros transtornos psiquiátricos,
como comer compulsivo, transtornos do controle de impulsos (compulsão por arrancar cabelos,
roer unhas, beliscar-se), compulsões por comprar, adição a drogas ou álcool, jogo patológico.
Nesses casos não são executadas em razão de medos ou para afastar uma ameaça, mas para
obter prazer ou satisfação.
No TOC as obsessões são ativadas por situações triviais como chegar ou sair de casa (dúvidas
e verificações), usar um banheiro público, tocar em objetos como torneiras, maçanetas, dinheiro
(medo de contaminação) ou passar perto de uma lixeira. Tais situações são avaliadas como
representando uma ameaça ou como possibilidade de que ocorra alguma falha ou desastre
(contaminar-se, a casa inundar ou incendiar). Provocam ansiedade, medo e induzem o indivíduo
a fazer algo (os rituais) com o objetivo afastar a "ameaça" ou reduzir o risco, ou ainda evitando o
contato como forma de eliminar o medo ou o desconforto.
As obsessões não são sintomas exclusivos do TOC. Elas podem estar presentes numa
variedade de outros transtornos mentais como, por exemplo, nas depressões (ruminações de
culpa, desvalia ou desamparo), nos transtornos alimentares (preocupação persistente com o
peso ou com as calorias dos alimentos), nos transtornos de impulsos (com aquisições, no
comprar compulsivo, ou com o jogo, no jogo patológico). Nesses casos não deve ser feito o
diagnóstico de TOC mas desses outros transtornos.
As causas do TOC
FATORES BIOLÓGICOS
Sintomas obsessivo-compulsivos em doenças neurológicas
Técnicas como a tomografia computadorizada por emissão de fóton único (SPECT), tomografia
por emissão de pósitrons (PET) e, em especial, a ressonância magnética funcional (RMf)
possibilitaram a visualização do cérebro em funcionamento. Permitiram também comparar o
metabolismo cerebral de indivíduos com TOC, com aqueles que não apresentam a doença
(controles), em situações de provocação dos sintomas (por exemplo: solicitando que tocassem
em coisas contaminadas), antes e depois do tratamento com medicamentos ou com terapia.
Esses estudos em sua maioria apontam para um aumento do fluxo sanguíneo e portanto da
atividade cerebral em indivíduos com TOC no córtex orbito-frontal (OFC) e em regiões mais
profundas do cérebro, nos chamados de gânglios basais, em comparação com os controles.
Esta hiperatividade tende a se normalizar tanto com o tratamento farmacológico como com a
terapia cognitivo-comportamental. No entanto nem todos os pacientes com TOC apresentam
essa hiperatividade ou a sua diminuição com o tratamento.
Genética e o TOC
Pacientes com TOC costumam perceber, avaliar e interpretar a realidade de forma negativa ou
catastrófica. Eles tendem a supervalorizam a gravidade dos riscos e das ameaças (pode-se
contrair AIDS usando um banheiro público) e as possibilidades de ocorrerem eventos
desastrosos como contrair doenças, perder familiares, ou a casa incendiar, se não fizerem
certos rituais. Tendem a superestimar a própria responsabilidade quanto a provocar ou prevenir
eventos negativos futuros - acreditam que uma ação pode influenciar o futuro (por exemplo:
alinhar os chinelos ao pé da cama vai impedir que aconteça algo de ruim para um familiar). São
perfeccionistas, preocupando-se exageradamente em fazer as coisas bem feitas e em evitar
possíveis falhas ou imperfeições. Acreditam que pensar num determinado fato aumenta as
probabilidades de que aconteça (pensar num acidente aumenta a chance de acontecer) ou
ainda, de que ter um determinado pensamento inaceitável (violento, sexual impróprio) equivale a
praticá-lo. Embora não específicas do TOC essas crenças parecem ter um papel importante na
modulação da intensidade dos sintomas OC.
“Só discutimos a opção do procedimento cirúrgico quando a obesidade começa a gerar outras
patologias, como diabetes, hipertensão, problemas articulares e dislipidemias, o que pode
ocasionar complicações
cardíacas, renais e limitações ortopédicas”. Mesmo assim é relevante lembrar as
contraindicações, pois toda e qualquer cirurgia implica em riscos e consequências. Vale citar que,
segundo a Organização Mundial de Saúde, o número de mortes após o procedimento é de um a
cada 500 pacientes operados (0,2%). O risco de óbito chega a 1,5%. “É importante medir a
relação risco-benefício. Essa cirurgia é contraindicada, por exemplo, para pacientes com
distúrbios psiquiátricos ou cardiopatias graves”, explica o médico. A pessoa só deve ser
autorizada a realizar a operação após avaliação com cardiologista, pneumologista,
gastroenterologista, endocrinologista, psicólogo, entre outros.
Pós operatório :
Clinicamente, o pós-operatório da cirurgia de redução de estômago não é simples nem
confortável. Por ser restritiva, os pacientes não conseguem comer grandes quantidades, podendo
apresentar náuseas e vômitos. Nos primeiros dias, a dieta é liquida e fracionada. Nessa fase, os
recém-operados devem ser acompanhados periodicamente, com exames clínicos e laboratoriais,
devido ao risco de desenvolverem um quadro de má absorção de nutrientes, o que pode levar à
desnutrição e anemias. “Portanto torna-se necessária a reposição adequada de vitaminas e
nutrientes quando algum problema é detectado pelos exames.
Se não seguir as recomendações, o paciente corre o risco de ter complicações, como infecções e
neuropatias”. Jader Ferreira chama atenção para uma questão: com o passar do tempo, alguns
pacientes aprendem que comendo pequenas quantidades, mais vezes, eles conseguem burlar a
cirurgia. Assim, voltam a ganhar peso. “Os pacientes com compulsão alimentar, se não
acompanhados com psicólogos no pós-operatório, voltam a engordar”. O médico finaliza
lembrando que a cirurgia bariátrica não é um tratamento estético, mas um recurso terapêutico. “A
indicação deve ser muito precisa, respeitando critérios como o IMC acima de 40, avaliação e
acompanhamento multidisciplinar, para que estejamos seguros do beneficio da cirurgia do ponto
de vista médico”, conclui.
Embora não tenhamos uma estatística detalhada, observamos que este é um risco real que não
se restringe a um número isolado de casos”, explica.Ela finaliza descrevendo de forma genérica
como se caracteriza um paciente emocionalmente pronto para enfrentar essa cirurgia. “É
fundamental que ele se desfaça da ideia equivocada de que o cirurgião vai libertá-lo do mal que o
oprime. Esta é uma responsabilidade da qual o sujeito obeso não pode escapar. Cabe a ele estar
completamente envolvido com as consequências impostas pela decisão de emagrecer através da
cirurgia. Para aqueles que entregam o problema para o médico, atribuindo-lhe a responsabilidade
pelo emagrecimento, as possibilidades de sucesso no pós-cirúrgico diminuem
consideravelmente”.
Compulsão alimentar é uma doença mental em que a pessoa sente a necessidade de comer,
mesmo quando não está com fome, e que não deixa de se alimentar apesar de já estar satisfeita.
Pessoas com compulsão alimentar comem grandes quantidades de alimentos em pouco tempo.
Durante o episódio de compulsão a pessoa sente perda de controle.
Existem alguns problemas que podem favorecer a compulsão alimentar. São eles:
Dieta realizada de forma errada: após dietas muito rígidas há o risco da pessoa
desenvolver a compulsão alimentar. Muitos especialistas afirmam que estas dietas deixam
as pessoas deprimidas e privadas de diversos alimentos e que isso aumenta o desejo por
comidas que elas não poderiam comer. Além disso, estudos apontam que as dietas muito
rígidas levam ao impulso por comer, sentimento de desânimo e incapacidade de parar de
comer quando saciado
Comer por conforto emocional: Estudos apontam que pessoas que comem de forma
compulsiva normalmente tem as mudanças emocionais como gatilho
Estresse: A compulsão alimentar pode ser uma maneira da pessoa lidar com o estresse
Problemas com a imagem corporal: Pessoas com compulsão alimentar normalmente não
gostam de sua aparência. Elas constantemente acham que deveriam comer menos,
mesmo que não consigam fazer algo a respeito disso. A consequência da pessoa se sentir
constantemente gorda e com medo de ganhar mais peso são constantes tentativas de
compensar com dietas malucas, passando fome, tomando medicamentos para emagrecer,
entre outros e isso pode levar a problemas ainda piores
Problemas emocionais mais graves: Casos de compulsão alimentar associados a outras
práticas como vomitar após comer ou ingerir laxantes podem estar ligados a traumas no
passado como abuso sexual, negligência, entre outros.
FATORES DE RISCO
A compulsão alimentar afeta homens e mulheres de todas as idades. Alguns fatores de risco são:
“Eu não consigo me controlar. Eu vou abrir a geladeira e comer não importa a hora do dia,
mesmo que eu tenha acabado de tomar café da manhã, almoçado ou jantado”
“Sei que meus familiares vão sair, por isso, vou inventar uma desculpa para ficar em casa
e comer”
“Estou com vergonha de mim mesmo por fazer isso, sei que é errado enquanto estou
comendo, mas eu continuo. A comida está controlando minha vida”
“Eu como adequadamente diante dos outros, mas chego em casa e como muito quando
ninguém está vendo”
“Vou sempre para a geladeira em busca de algo”.
Compulsão
A clínica da compulsão impõe uma série de desafios aos psicanalistas pois, além de idéias
e atos compulsivos como na neurose obsessiva, outros sintomas e comportamentos muito graves
e radicais são apresentados pelos pacientes, sugerindo uma dificuldade dos mesmos em fazer
frente às pulsões em sua irrefreável repetição e em busca de prazer por caminhos muito curtos
em direção ao ato.
O conceito de compulsão à repetição desenvolvido por Freud, há cerca de um século, vem
fomentando grandes debates sobre diversos distúrbios, tais como os transtornos alimentares,
compulsões sexuais, compulsões às informações e à internet, workholismo, obsessão pela
estética ideal, compulsão a compras, síndrome da pressa, automutilação, drogadição e outros
sintomas compulsivos que se confundem com ideais da vida contemporânea.
Para o senso comum, essas questões, talvez, corressem o risco de serem confundidas
com necessidades de saúde e adaptação às exigências da cultura atual, não fossem os graves
transtornos psicológicos ocasionados tanto por escassez, quanto por excessos vividos nas
relações humanas e expressos no cenário social atual. Se por um lado participamos de uma
grande evolução tecnológica e nos beneficiamos de pesquisas promissoras da medicina e de
outros campos da ciência, que apontam para um futuro melhor, por outro lado, observamos que,
cada vez mais, indivíduos encontram-se aprisionados a comportamentos repetitivos dos quais se
queixam constantemente e de mal estar de que não conseguem se libertar.
Como diz Herbert Vianna em seu desabafo que circula pela web:
“Uma coisa é saúde, outra é obsessão. O mundo pirou, enlouqueceu. Hoje, Deus é a
autoimagem. Religião é dieta. Fé, só na estética. Ritual é malhação. Amor é cafona, sinceridade é
careta, pudor é ridículo e sentimento é bobagem. (...) A máxima moderna é uma só: pagando bem
que mal tem?”
Faço das palavras do Hebert Viana as minhas também, quando ele pede para que as
pessoas discutam esse assunto. Que alguém acorde para o que está ocorrendo, “que o mundo
mude”. De fato precisamos debater este tema no próximo congresso da Federação Brasileira de
Psicanálise, pois muitos ainda poderão ficar ‘pirados’, se não se derem conta do que representam
os seus atos extremados, decorrentes de uma obediência excessiva aos imperativos das pulsões,
da falta de um sentido próprio para a vida, assim como da ausência de autocrítica e de
inclinações singulares, transformando-se em fantoches de uma cultura de narcisos bem
sucedidos, compulsivos e escravos de suas próprias paixões.
COMPORTAMENTOS COMPULSIVOS
Definição
Diz-se que esses comportamentos compulsivos são mal adaptativos porque, apesar do objetivo
que têm de proporcionar algum alívio de tensões emocionais, normalmente não se adaptam ao
bem estar mental pleno, ao conforto físico e à adaptação social. Eles se caracterizam por serem
repetitivos e por se apresentarem de forma freqüente e excessiva. A gratificação que segue ao
ato, seja ela o prazer ou alívio do desprazer, reforça a pessoa a repeti-lo mas, com o tempo,
depois desse alívio imediato, segue-se uma sensação negativa por não ter resistido ao impulso
de realizá-lo. Mesmo assim, a gratificação inicial (o reforço positivo) permanece mais forte,
levando a repetição.
Por exemplo:
1. Se a pessoa é acometida pela idéia (contra sua vontade) de que está se contaminando
através de alguma sujeita nas mãos, terá pronto alívio em lavar as mãos. Entretanto, se
tiver que lavar as mãos 40 vezes por dia, ao invés de adaptar essa atitude acaba por
esgotar.
2. Se a pessoa é acometida pela idéia de que seus pais sofrerão algum acidente fatal, poderá
conseguir alívio da angústia gerada por esses pensamentos se, por exemplo, bater 3
vezes na madeira... Mas tiver que bater na madeira 40 vezes por dia, ao invés de aliviar,
essa atitude acaba por constranger e frustrar.
3. Se a pessoa tem um pensamento incômodo de que aquilo que acabou de comer poderá
engordá-la, terá alívio dessa sensação provocando o vômito, ou tomando laxantes....
Causas
Não há uma causa bem estabelecida para a ocorrência de comportamentos compulsivos. Pode-
se falar em vulnerabilidades e predisposições, seja de elementos familiares, tais como os hábitos
conseqüentes à extrema insegurança e aprendidos no seio familiar, seja por razões individuais e
relacionados às vivências do passado e a ao dinamismo psicológico pessoal, seja por razões
biológicas, de acordo com o funcionamento orgânico e mental.
Assim, comportamentos compulsivos ou aditivos podem ser entendidos como atitudes (mal-
adaptadas) de enfrentamento da ansiedade e/ou angústia, trazendo conseqüências físicas,
psicológicas e sociais graves. Algumas pessoas apresentam
comportamentos com caráter compulsivo, que levam a conseqüências negativas em suas vidas,
como por exemplo, recorrer ao uso abusivo do álcool, das drogas, à fuga do convívio social, ao
hábito intempestivo do vômito e às mais variadas atitudes.
Essas pessoas podem ainda comprar compulsivamente, sem levar em conta o saldo bancário,
comer compulsivamente, mesmo quando não se tem fome, jogar, praticar atividades físicas em
excesso, etc.
Complicações
Didaticamente podemos dizer que existe uma grande semelhança entre comportamentos
compulsivos e dependência química: a angústia provocada pela ausência, os sintomas
emocionais da abstinência, tais como tremores, sudorese, taquicardia, etc, o caráter compulsivo e
repetitivo, a importância que essa atitude ocupa na vida da pessoa, o comprometimento na
qualidade da vida familiar, profissional, afetiva e social. É assim que, por exemplo, o ato de jogar
tem praticamente o mesmo papel que a droga, ou álcool, a cocaína e outras substâncias
psicoativas.
Tipos
Jogar Compulsivo
Através do reforço emocional intermitente, onde ganhar é um reforço positivo imediato e perder é
“apenas” uma circunstância
aleatória, o indivíduo apresenta o comportamento compulsivo de jogar. Está sempre na
expectativa de ganhar, como foi
conseguido anteriormente. Existe ainda uma sensação especial no comportamento de risco, o
que ocupa a mente do jogador
fazendo que passe a repetir o comportamento (dependência). O jogo pode tornar-se uma grande
fonte de prazer, podendo vir a ser a única forma de prazer para algumas pessoas. O jogador
compulsivo costuma se tornar inconseqüente, gastando aquilo que não tem, perdendo a noção de
realidade. A síndrome de abstinência pode estar presente.
Comprar Compulsivo
Essas pessoas impulsivas pelas compras cometem as "... pequenas loucuras que se cometem ao
passar pelas gôndolas de supermercados", diz. "Leva-se uma garrafa de bebida, um iogurte ou
um pacote de biscoitos a mais", observa. Já o compulsivo vai às compras como um viciado que
sai de casa para jogar ou em busca das drogas, e a compulsão acaba sendo uma atitude que
exclui logo o prazer pela aquisição do novo produto.
Trabalhar Compulsivo
Neste caso, o trabalhar perde sua função natural passando a ser prejudicial ao bem estar físico,
familiar psicológico e social do indivíduo. Na compulsão pelo trabalho a pessoa vai de casa para o
trabalho, do trabalho para a casa, excluindo-se de sua vida as opções do lazer, as pausas nos
finais de semana, o convívio descontraído com a família, etc. A pessoa com compulsão pelo
trabalho freqüentemente exige dos outros o mesmo ritmo que tem para si, costuma criticar
demais esses outros, exige perfeição, dedicação e devoção ao trabalho, tal como elas próprias se
comportam. E o próprio compulsivo para
o trabalho sofre com sua situação.
Comer Compulsivo
Todos estes transtornos alimentares compartilham alguns sintomas em comum, tais como,
desejar uma imagem corporal perfeita e favorecer uma distorção da realidade diante do espelho.
Isto ocorre porque, nas últimas décadas, ser fisicamente perfeito tem se convertido num dos
objetivos principais (e estupidamente frívolos) das sociedades desenvolvidas. É uma meta
imposta por novos modelos de vida, nos quais o aspecto físico parece ser o único sinônimo válido
de êxito, felicidade e, inclusive, saúde.
Se relacionam com a dependência química, na medida em que existe a busca do prazer imediato
e alívio da angústia.
Adiante se observará que toda compulsão acaba levando a grandes prejuízos, sentimentos de
culpa e remorso e perdas pessoais e sociais.
Saiba mais:
COMPULSÕES
Os comportamentos compulsivos são chamados, também, de Adição sem drogas, pois, assim
como a Adição às drogas, existe o caráter irresistível do estímulo, o prazer, e a necessidade de
repetição, para alcançar novamente o prazer. Com o tempo, desenvolvem-se problemas,
consequências graves e necessidade cada vez maior de repetir o comportamento compulsivo
para obtenção de alívio da tensão.
Os impulsos patológicos e as adições com ou sem drogas são tentativas de controlar a
angústia, a depressão e a culpa pela atividade impulsiva..
PSICANÁLISE
Exemplo de pais instáveis, ambivalentes na relação com o filho: pais que prometem e não
cumprem, pais que dizem uma coisa e depois dizem o contrário, pais que dizem para o filho se
comportar de uma maneira e agem de outra. Pais que dão e depois tomam. Assim, a criança vai
aprendendo a pegar as coisas (os objetos, as pessoas, os afetos) antes que elas escapem.
Aprendem a atuar e não a pensar.
Como os sintomas trazem prazer, a psicoterapia é entendida pelo compulsivo como uma ameaça
à perda deste prazer.
Então, é necessário verificar se realmente a pessoa está determinada a se tratar. Se existem
motivações para um tratamento Psicoterápico, se vem apresentando problemas interpessoais,
problemas familiares, no casamento, no trabalho.
Se a pessoa sente-se muito mal com tudo o que vem ocorrendo o prognóstico é positivo e será
dado início ao tratamento, já no caso contrário, em que a pessoa considera seu comportamento
natural, aceitável socialmente e não vê motivos para mudar, difícilmente se dará inicio a um
tratamento
Indicação: psicoterapia
A pessoa que apresenta este transtorno demonstra muita agressividade. Apresenta episódios de
agressão contra outras pessoas, podendo ferir, causar lesões.
Psicoterapia e uso de medicações. Apoio a família (Terapia Familiar) e estabelecimento de
limites.
CLEPTOMANIA:
É o roubo com finalidade de obter proteção e perdão. Chama a atenção sobre si através de uma
transgressão ( o roubo). Muitas das vezes, são roubos de coisas inúteis, que vão colecionando.
Ou se sentem no direito de pegar coisas muito desejadas.
Como existe também a possibilidade de ser apanhado, também tem gratificação com a punição e
o perdão.
Tratamento através da psicoterapia para entender as motivações, as culpas, a necessidade de
punição.
Terapia comportamental para o controle dos impulsos e desenvolvimento de novos padrões de
comportamento. Medicamentos para controle da depressão
TRICOTILOMANIA:
OUTRAS COMPULSÕES
TRATAMENTO:
É preciso que a pessoa sinta que precisa de ajuda e que queira esta ajuda. Não
conseguirá sair da situação sozinha.
A psicoterapia irá trabalhar com a ansiedade do jogador compulsivo e as dificuldades
internas que o ato do jogar encobre, esconde.
Serão analisadas situações de abandono na infância, hostilidade, agressividade, medos,
insegurança..
Terá, também, como objetivo uma mudança comportamental, possibilitando que surjam
novas possibilidades do viver com prazer, sem depender do jogar.
COMPULSÃO À INTERNET
Com o avanço da tecnologia, cada vez mais se tornam atraentes as redes sociais, os jogos
eletrônicos, a extensão e agilidade de troca de mensagens e de informações, o uso do aparelho
celular como amigo íntimo e indispensável.
E algumas pessoas acabam se tornando dependentes da Internet. Nunca saem sem seu Laptop,
mesmo em passeio ou férias. Não conseguem ficar desconectadas por um dia sequer, e, quando
não conseguem acessar a Internet, ficam ansiosas e irritadas.|
De um lado temos o “estar conectado” e usufruir do fantástico acesso que a Internet permite em
termos profissionais, de estudos, de ampliar conhecimentos, de troca de idéias, de reduzir
ditâncias entre pessoas, otimizar o trabalho, etc. Atualmente, precisamos deste acesso em várias
áreas do conhecimento e setores profissionais.
De outro lado, temos o “estar conectado” virtualmente e se utilizar desta conexão para se
relacionar com otras pessoas sem se expor.
Favorece aos mais tímidos que têm dificuldades de relacionamento e não gostam de muita
exposição, mas também favorece pessoas que se utilizam deste meio para agir sem aparecer.
Falam o querem, passam a imagem que querem, podem fingir, enganar. Criar um personagem.
É a conexão com anonimato.
A pessoa se descreve e se define como ela deseja ser, ou como ela acha que a pessoa do outro
lado quer que ela seja.
Inseguranças, angústias, medos, falhas, podem ser camufladas, encobertas.
Temos também os casos de conexões virtuais que trazem resultados positivos, tanto de
relacionamentos de amizades, como de namoro e casamento. Passaram do encontro virtual , ao
real.
Como tudo na vida, é preciso ter bom senso. A Internet deve funcionar como um instrumento
acessório, que é importante no contexto de vida atual, mas não é a solução para tudo!
O problema é quando a pessoa não pode ficar nunca sem ela, entrando madrugada a dentro,
prejudicando-se no trabalho, nas relações familiares, na alimentação e no sono.
Que lugar a Internet está substituindo na vida desta pessoa?
COMPULSÃO À JOGOS ELETRÔNICOS
Desde crianças, aprendemos a jogar: Jogar bola, jogos educativos ou não educativos, brincar de
ser adulto e tantos outros jogos e brincadeiras que vão acompanhando o desenvolvimento da
criança, e também fazem parte do processo de socialização.
Atualmente, como não poderia deixar de ser, as crianças, desde muito cedo, aprendem a lidar
com o computador e costumam iniciar com joguinhos. Alguns instrutivos e educativos, outros
somente para brincar. Mesmo crianças que não tem acesso ao computador, quando são
apresentadas à ele, apresentam desenvoltura e facilidade para aprender. De qualquer forma, o
cérebro vai sendo ativado para várias funções: Percepção, Rapidez de resposta, Raciocínio,
Memória, Respostas Motoras. Na medida certa, isto é muito bom para a criança. Já quando os
pais não conseguem estabelecer limites, cai-se no exagero, no excesso e deste ponto em diante,
passa a ser prejudicial.
Horas de sono perdidas, num período de desenvolvimento da criança. Atrasos na escola, deixar
de cumprir suas tarefas diárias, rebeldia, irritação.
Isto pode prosseguir pela adolescência afora, não só com o uso das redes sociais, mas com o
jogar diário.
A adição aos jogos eletrônicos é semelhante ao jogo compulsivo. A pessoa não consegue parar
de jogar. De manhã, de tarde e de noite. Pode deixar de estudar, de trabalhar, de comer, ou
comer demais, de sair (com amigos ou ir à festas, ao cinema, etc), tudo com o objetivo de jogar.
Com o passar do tempo, afasta-se da família, sua prioridade é o jogo, é aquilo que a pessoa
acredita controlar (as armas, os disparos, os ataques, as ações, as estratégias) e a vida real vai
ficando para trás; relacionamentos, amizades, família, tudo que a cerca.
Vai a pergunta: o que os jogos estão substituindo na vida desta pessoa?
Suas compensações vêm do jogar. Se é impedida de jogar, se torna agressiva, rebelde.
O tratamento tanto da Compulsão pela Internet como aos Jogos Eletrônicos será com a
Psicoterapia, buscando identificar o por que desta escolha; os conflitos que são encobertos por
estas atividades, as ansiedades, depressão, agressividade.
Neste caso, a compulsão também é entendida como adição. O trabalho passa a ser a
prioridade na vida desta pessoa e é usado como justificativa para faltas, ausências afetivas, não
integração aos eventos familiares e a outros diferentes aspectos de sua vida.
O trabalho excessivo, exagerado é, muitas vezes, visto e aceito como necessidade de ganhos
maiores, status, promoções, poder econômico e social. Ou seja, é valorizado socialmente.
Aos poucos, o trabalhador compulsivo vai percebendo que a relação conjugal está abalada, assim
como as relações sociais e familiares. As pessoas à sua volta têm expectativas que não se
cumprem. O tempo para conversar com os filhos, para o lazer, viajar, sair de férias, reuniões da
família, casamentos, festas, participação na vida dos filhos (escola, desenvolvimento, saúde),
tudo para esta pessoa é muito difícil, pois não pode deixar de trabalhar, tudo relacionado ao
trabalho é sempre muito importante. Esta pessoa não conseguiu o equilíbrio necessário entre seu
trabalho, sua casa, seu meio familiar e social.
Normalmente sua inteligência é superior a média, e costuma apresentar capacidade técnica e
científica., mas em contrapartida fracassa em sua capacidade afetiva.
Observa-se nesta pessoa uma grande dificuldade em lidar com afetos, sejam eles positivos ou
negativos. Sempre que se aproxima de questões afetivas que precisam ser resolvidas, apresenta
bastante resistência, evitando estas situações que exijam algo que ele(a) não consegue fornecer.
Sua estabilidade emocional, sua segurança, a manutenção de sua autoestima é fornecida
pelo trabalho. A pessoa que trabalha excessivamente vê isto como algo natural. Sente-se
valorizada e reconhecida através de seu trabalho. Só percebe o exagero, quando começa a sofrer
perdas, seja de relacionamentos, afastamento dos filhos e de vivências que diferem de trabalho.
São pessoas que, já na infância, buscavam o reconhecimento e aceitação materna e paterna e
esta, provavelmente, foi a forma mais socialmente aceita que encontraram de se compensarem,
de serem aceitos e valorizados pelos pais. - o trabalho. O trabalho excessivo traz a gratificação
necessária para a manutenção da autoestima, mas o preço a pagar é alto.
Só após perdas afetivas e danos à saúde é que a pessoa percebe que abriu mão de parte de sua
vida , que o tempo passou, e que agora precisará enfrentar suas reais dificuldades que ficaram
camufladas pelo trabalho intenso.
A ansiedade passa a ser sua companheira constante, e com ela vem também: sensações de
pânico e raiva, taquicardia, boca seca, tiques nervosos, excesso de gases, diarréia. A
sexualidade costuma ser afetada por Disfunções Sexuais: Disfunção Erétil (impotência),
Ejaculação Precoce, Anorgasmia,e Diminuição da libido. Na mullher ( Anorgasmia, Evitação
sexual e Diminuição da libido).
A perda do trabalho, ou o afastamento dele por problemas de saúde, podem gerar frustração,
decepção e desenvovimento de depressão.
A partir do momento em que haja percepção da necessidade de mudanças, é possível se iniciar,
através de um acompanhamento psicoterápico, o resgate de algumas coisas deixadas de lado.
Uma nova visão da vida, com outras tantas possibilidades, algumas já perdidas, mas outras por
serem exploradas.e desenvolvidas.
Recuperação da autoestima, já não sedimentada únicamente no trabalho, mas em outros tantos
aspectos da pessoa e de suas potencialidades. Poder ser e fazer, diferente.
Primeiramente é necessário que se faça uma distinção entre pessoas que são mais ativas
sexualmente, que gostam muito de sexo e com muita frequência. Outros já não têm atividade
sexual tão intensa, mas, ainda assim, o sexo, além de dar muito prazer, satisfaz, elimina a tensão
sexual! Normalmente, uma pessoa que está sexualmente satisfeita, perde o desejo sexual,
para voltar a tê-lo algum tempo depois. Já os hipersexuais não conseguem obter a satisfação
procurada e repetem atos sexuais ou sexualizados, na busca do prazer e do alívio da ansiedade.
Este estado de insatisfação sexual provoca, nesta pessoa, uma inquietação constante,
ansiedade, dificuldades no trabalho e nas relações familiares.
Como não conseguem atingir um prazer verdadeiro, dão muita ênfase ao pré-prazer ( atividades
anteriores ao ato sexual), como utilização desedução, acessórios sexuais, recursos
sadomasoquistas, utilização de vídeos etc.
Novamente se faz importante observar que o problema não está na utilização de tantos recursos,
que vem a ser estimulantes para as fantasias sexuais e o desenrolar da atividade sexual normal,
mas sim na fixação no pré-prazer.
SÍNDROME DE DON JUAN - COMPULSÃO À SEDUÇÃO
Don Juan, personagem literário, procurava em todas as mulheres, com as quais se relacionava
sexualmente ou não, encontrar sua mãe, mas nunca a encontrava e continuava insistentemente
a buscar. Para Don Juan não interessava a pessoa, sua personalidade. Interessava sim, receber
as provisões necessárias ao seu narcisismo, para poder manter sua autoestima. Caso sua
necessidade de provisão não fosse atendida pela mulher que tentava seduzir, apareciam reações
sádicas. Don Juan ainda se encontra preso à sexualidade infantil. Suas atividades sexuais tem
por objetivo mostrar seus“sucessos”, para encobrir um sentimento de inferioridade e fracasso.
Logo após conquistar uma mulher, perdia o interesse por ela.. Primeiro, porque foi mais uma que
não conseguiu aliviar sua tensão e, segundo, porque precisa provar para si mesmo que consegue
conquistar, excitar uma nova mulher, pois ainda existem centenas a serem conquistadas.
VISÃO DA PSICANÁLISE
A Psicanálise entende a atividade sexual exagerada, como uma adição. Nas Adições
Sexuais, a sexualidade perde sua função específica, e passa a ser uma defesa, uma
proteção, contra estímulos intensos vindos de dentro, e o parceiro(a) sexual passa a ser o
mesmo que a droga é na adição. O orgão genital é utilizado para descarregar uma
necessidade, que não é genital. Uma necessidade que faz parte do material recalcado que
foi rejeitado na infância, daí a necessidade de repetição.
Um comportamento sexual aparente pode estar encobrindo uma ânsia de poder ou de
prestígio. Nestes casos é uma regressão à sexualidade infantil. A pessoa precisa de poder,
de prestígio, de reconhecimento, como defesas contra a ansiedade que se liga a desejos
sexuais infantis.
Existem casos em que a pessoa faz com que a outra pessoa se apaixone, para depois traí-
la. É o narcisismo atuando e a pessoa quer provar para si mesma que é capaz de ser
amada, mas continuam insatisfeitas e voltam a repetir o ato impulsivo. Seduzem, traem e
voltam a seduzir. Costumam ceder aos impulsos, sem inibição. Antes de pensar, atuam.
HIPERSEXUALIDADE FEMININA
Chamada anteriormente de Ninfomania, tem a mesma dinâmica psicológica da
Hipersexualidade masculina.
O contato, o relacionamento sexual as excita, mas não satisfaz, daí a necessidade de
buscar novos parceiros incessantemente. Gostam de variar de lugares e de tipos de
homens.
Assim como na compulsão sexual masculina, também precisam de provisões externas
para manutenção da autoestima e tem muito medo de perder amor.
A atitude para com o parceiro é sempre ambivalente, pois acredita que é ele que não lhe
dá a satisfação de que precisa. Pode reagir a esta idéia com atitudes sádicas e vingativas.
Tanto na Hipersexualidade masculina como na Hipersexualidade feminina, pode
haver substituição da atividade sexual com parceiros por uma atividade masturbatória
intensa.
São os casos que apresentam alguma inibição e não conseguem tantos contatos sexuais
com parceiros. Com a masturbação excessiva , tentam descarregar as tensões genitais,
mas não conseguem, pois as tensões não são genitais. Passa, então, a se masturbar cada
vez mais, na procura do alívio da tensão. Como o jogador compulsivo que não consegue
parar de jogar.
A masturbação excessiva acaba sendo utilizada para obtenção de algum alívio das
tensões, ou como punição, ou contra a depressão.
Como os sintomas dão prazer, a psicoterapia tem o significado de perda deste prazer. Aí
vai a pergunta: Será que o compulsivo sexual está disposto a abrir mão deste prazer?
São levantadas as seguintes questões:
Se a pessoa não sente nada a este respeito, não quer e não vê motivos para mudar,
considera suas atitudes e comportamentos naturais e socialmente aceitos, dificilmente se
dará início a um tratamento.
Já no caso em que a pessoa se sente mal e incomodada com o que acontece, o
prognóstico é positivo e será dado início ao tratamento.
Indicação: psicoterapia
OS DEPENDENTES DE AMOR
São pessoas em que o amor ou a confirmação de que são amadas é o mesmo que o
seu alimento. É o que nutre seu narcisismo e sua autoestima.
Não conseguem retribuir o amor, mas precisam de alguém que as ame intensamente. Parecem
demonstrar amor, quando procuram fazer de tudo pelo parceiro(a), mas a intenção final é sempre
a mesma, o controle. Sua mente fica voltada exclusivamente para o parceiro(a). O resto do
mundo fica em segundo plano.
Temem ser abandonadas. Muitas vezes, aceitam qualquer parceiro, só para não ficarem sós.
Conhecendo DASA
Éimportante lembrar que a maioria das pessoas tem uma vida sexualsaudável e satisfatória
sem o uso de substâncias. Se o consumo nãoprescrito de alguma drogafor condição primária
para que a aproximaçãopessoal e a relação sexual aconteçam, é indicativo da necessidade
deprocurar ajuda profissional.
O primeiro passo
Marcos ficou sabendo das reuniões do DASA (Dependentes de Amor e Sexo Anônimos).
No grupo de ajuda ele começou sua retomada e, em seis meses, voltou para a faculdade e
mercado de trabalho: “A negação é muito forte, mas lembro que pensei ‘ou fico aqui e admito que
tenho um problema ou vou ficar o resto da vida sofrendo’”.Para ele, o segundo momento difícil do
tratamento foi quando, já recuperado, teve que encarar a volta para a vida normal. “Não é fácil dar
conta quando tudo está muito bem. É um processo de sabotagem interna”, diz.Marcos aponta que
o caminho para a superação está nas relações de intimidade com familiares, no casamento e
amigos que ficam. “Dar sentido na vida e na carreira”, explica. Essa é uma doença incurável, mas
tratável. Quando você admite que tem, facilita muito”, completa.
O comportamento compulsivo
“As histórias são diferentes, mas os sentimentos são os mesmos”, diz “Rico”, presidente da
DASA no Brasil. Segundo ele, os casos têm pontos em comum, mas cada pessoa desenvolve o
problema de uma forma e com origens diferentes. São pessoas com crises familiares, vítimas de
negligencia, assédio moral ou sexual. “O resultado emocional pode chegar ao mesmo ponto do
que alguém que foi estuprado”, avalia.
Os tratamentos
Uma sala com cadeiras em círculo recebe um grupo de homens e mulheres. A reunião do
DASA começa com uma oração, seguida de relatos sobre as dificuldades e experiências de cada
um. É uma dinâmica semelhante a do encontro dos Alcoólicos Anônimos e conta até com 12
passos de recuperação parecidos com os utilizados pelos dependentes de álcool.
O vício em sexo é como o de drogas ou jogo. Entre as opções de tratamentos está a
terapia e até eventual medicação. O psiquiatra Aderbal Vieira Jr., especializado em dependências
não químicas, vê a internação em clínicas como a última opção. “Acho que esse comportamento
não está adequado na sua vida, para refazê-lo o paciente tem que estar em contato com o
mundo. Porém, ficar fora do cotidiano pode auxiliar a romper um ciclo, se reorganizar”, defende.
Aderbal também diz que a maioria dos dependentes procura ajuda tentando suavizar as
consequências do seu comportamento na vida pessoal e não o distúrbio em si. “Alguns ainda
minimizam a questão e dizem que param quando querem”.
O tratamento em terapia auxilia o compulsivo a entender a relação que ele tem com sexo e como
chegou nesse ponto. A partir de então ele ganha condições de fazer as mudanças. “Uma
dependência não é causada por um fator externo, pela droga ou pelo sexo. Ela é uma relação
que o paciente tem com uma pessoa ou um comportamento”, explica Aderbal.
processo de recaída leva a pessoa em recuperação a sentir dor e desconforto sem o químico. Esta dor e desconforto
ficam tão fortes que a pessoa em recuperação fica incapaz de viver normalmente quando não bebe ou usa e sente
que beber não pode ser pior que a dor de continuar sóbrio.
Trinta e sete sinais de recaída foram identificados em 1973 por Terence Gorski pela conclusão de entrevistas clinicas
com 118 pacientes em recuperação. A pessoa em recuperação tem 3 coisas em comum:
conheceu que é uma pessoa em recuperação e não pode usar álcool/drogas com segurança;
Os sintomas mais comuns relatados nesta Pesquisa clínica foram compilados num quadro
de Recaída retratando os sinais de aviso da recaída.
Esses sinais foram divididos em 11 fases e a redação mudou um pouco para ser entendia
com mais facilidade.
Nesta fase a pessoa em recuperação se sente incapaz de funcionar normalmente dentro de si mesmo. Os sintomas
mais comuns são:
A pessoa em recuperação muitas vezes tem dificuldade em pensar com clareza ou resolver problemas, geralmente
simples. Às vezes sua mente age com pensamentos rígidos e repetitivos. Outras vezes sua mente parece se fechar ou
dar brancos. Tem dificuldades de se concentrar ou pensar logicamente por mais que alguns minutos. Por isso nem
sempre está seguro de como uma coisa se relaciona ou afeta outras coisas. Também tem dificuldade em decidir o
que fazer a seguir para lidar com sua vida e recuperação. Às vezes é incapaz de pensar claramente e tende a tomar
decisões, que não tomaria se o pensamento estivesse normal.
Na recuperação a pessoa que tem dificuldades em lidar com seus sentimentos e emoções. Às vezes super-regra
emocionalmente (sentem demais). Às vezes fica emocionalmente insensível (sentem muito pouco) e não é capaz de
saber o que está sentindo. Em outras vezes ainda, tem pensamentos estranhos e malucos, sem razão aparente
(sentem coisas erradas) e começa a pensar que vai ficar louco. Este problema de lidar com os sentimentos e
emoções leva-o a experimentar e confia em seus sentimentos e emoções, muitas vezes há ignora-los ou esquece-las.
Às vezes a incapacidade de lidar com os sentimentos e emoções, leva-o a reagir de maneira que não agir, se seus
sentimentos fosse admitidos apropriadamente.
A pessoa em recaída em recuperação tem problemas de memória e o impede de apreender informações novas e
habilidades, a coisas novas que apreende tende a se dissolver de sua mente dentro de 20 minutos após apreende-la.
Tem problemas para se lembrar de fatos importantes da infância, adolescência ou como adultos. Às vezes se lembrar
tudo claramente. Sente-se bloqueados, grudados ou desligados da memória. Às vezes esta mesma memória, não em
mente. Às vezes a incapacidade de lembrar coisas levando tomar decisões que não tomaria se sua memória
estivesse funcionando bem.
A pessoa em recuperação tem dificuldade em lidar com o stress. Não consegue reconhecer os menores sinais do
stress diário. Quando reconhece o stress é incapaz de relaxar. As coisas que a pessoa faz para relaxar ou não
funciona ou piora seu stress. A pessoa fica tão tensa que não consegue controla-lo. Devido à tensão constante
existem dias em que o esforço torna-se tão forte que é incapaz de funcionar normalmente e sente que vai ter um
colapso físico ou emocional.
Na recuperação a pessoa tem dificuldade em dormir tranqüilamente. Não consegue dormir. Quando dorme tem
sonhos incomuns e perturbadores. Acorda muitas vezes e tem dificuldade de voltar e dormir. Dormir
intermitentemente e raramente experimenta um sono profundo e reparador. Acorda de uma noite de sono e se
sente cansado e muda as horas do dia em que descansa. Às vezes fica acordado ate tarde devido à incapacidade de
dormir e então dorme demais porque está cansado demais para se levantar de manhã. Às vezes fica tão cansado que
dorme por longos períodos, dormindo até um dia interiro ou mais.
Na recuperação a pessoa tem dificuldades com a coordenação física que resulta em tonturas, problemas de
equilíbrio, dificuldades de coordenação entre os olhos e as mãos, ou reflexos fracos. Estes problemas criam
idiotismo, bobo e tolo e propensão a acidentes que leva a outros problemas que não teriam se sua coordenação
fosse normal.
Às vezes a pessoa em recuperação sente muita vergonha porque acha que está louco, perturbado emocionalmente,
deficiente como pessoa, ou incapaz de ser ou sentir-se normal. Outras vezes sente culpa porque acha que está
fazendo alguma coisa errada ou falhando em trabalhar um programa de recuperação apropriado. A vergonha e a
culpa leva-o a esconder os sinais de aviso e para de falar honestamente com os outros sobre o que estão
experimentando. Quando mais a pessoa mantém escondidos, mais fortes os sinais de aviso se tornam. A pessoa
tenta lidar com estes sinais de aviso, mas falha. Por isso começa a acreditar que não tem e não existe mais
esperança.
FASE DOIS - VOLTA À NEGAÇÃO
Nesta, fase a pessoa não é capaz de reconhecer e falar honestamente aos outros o que está pensando ou sentido. Os
sintomas mais comuns são:
Os sinais de aviso internos leva a pessoa a sentir-se inquieta, assustada e ansiosa. Às vezes tem medo de não ser
capaz de continuar sóbrio. Esta inquietação vem e vai, e geralmente dura pouco tempo.
Para suportar estes períodos de preocupação, medo e ansiedade pode ignorar ou negar estes sentimentos, da
mesma maneira que antes negava a adição. A negação pode ser tão forte que não tem consciência dela enquanto a
mesma esta acontecendo. Mesmo quando está consciente dos sentimentos, a pessoa esquece logo e se vão.
Somente quando pensa de volta na situação mais tarde é que é capaz de reconhecer os sentimentos de ansiedade e
sua negação.
Nesta fase a pessoa em recuperação não quer pensar sobre qualquer coisa que possa trazer de volta os sentimentos
dolorosos e desconfortáveis. Por isso começa evitar tudo que possa força-lo a uma honesta olhada em si mesmo.
Quando são feitas perguntas diretas sobre seu bem-estar, a pessoa tende a ficar na defensiva. Os sintomas mais
comuns são:
A pessoa em recuperação se convence que nunca mais vai usar ou beber novamente. Algumas vezes fala isto a
outras pessoas, mas geralmente mantêm isto só para si. Pode ter medo de falar sobre isto só para si. Pode ter medo
de falar sobre isto para seu consultor ou para outros membros de A.A/NA. quando acredita firmemente que nunca
mais vão beber ou usar, a necessidade por um programa de recuperação diário parece menos importante.
Fica mais preocupado com a sobriedade dos outros do que de com a sua recuperação pessoal. Não fala diretamente
sobre estas preocupação, mas em particular julga - a maneira de beber dos amigos e do cônjuge, assim como o
programa de recuperação das outras pessoas. No A.A/NA. isto se chama trabalhando com o programa dos outros.
Pode ter uma tendência para se defender quando fala dos problemas pessoais ou de seu programa de recuperação
mesmo quando nenhuma defesa é necessária.
Estruturas do comportamento compulsivo começa a ser interrompidas por reações impulsivas. Em muitos casos são
reações a situações stressantes. Situação de stress alto duram bastante tempo geralmente resultam em
comportamento impulsivo. Muitas vezes estas super reações ao stress forma a base de decisões, que afetam áreas
importantes da vida e compromissos para continuar o tratamento.
Começar a gastar mais tempo sozinho. Sempre tem boas razões e desculpas para ficar longe das pessoas. Estes
períodos de ficar sozinho começa a ocorrer mais vezes e começa a sentir-se cada vez mais sozinho. Em vez de lidar
com a solidão, tentando se encontrar ou ficar junto das pessoas, seu comportamento torna-se mais compulsivo e
impulsivo.
Nesta fase a pessoa em recuperação começa a experimentar uma seqüência de problemas na vida causados pela
negação de sentimentos pessoais, a se isolar e a negligenciar os problemas e trabalhar duro nisto, surgem dois
problemas para substituir cada problema resolvido. Os sinais de aviso mais comuns que ocorrem neste período são:
Visão de túnel é ver somente uma pequena parte da vida e não conseguir uma visão panorâmica. A pessoa em
recuperação vê à vida como sendo feita de partes separadas e sem relação. Focaliza em uma parte sem olhar as
outras partes, ou como estão relacionadas. Às vezes isto cria a crença errada da que tudo está seguro e indo bem.
Outras vezes leva a ver só o que esta indo errado. Pequenos problemas explodem e ficam fora de proporção.
Quando isto acontece começam a acreditar que está sendo tratado injustamente e não tem poder para fazer nada
sobre isto.
Sintomas de depressão começa a aparecer e a persistir. Pode sentir-se para baixo, triste, apático, vazio de
sentimentos. Dormir demais se torna comum. É capaz de se distrair destes humores, ficando ocupado com outras
coisas e não falando sobre a sua depressão.
Pode parar de planejar cada dia e o futuro: muitas vezes interpreta mal o lema de A.A/NA - Viva um dia de cada vez,
significando que a pessoa não deve planejar ou pensar sobre o que vão fazer. Cada vez menos atenção é prestada
aos detalhes. Fica apático. Planos são baseados mais em fatos que gostaria que fosse realidade (como gostaria que
fossem as coisas) do que a realidade (como as coisas realmente são).
4.4 — Planos Começam A Falhar.
A pessoa faz planos que não são realistas e sem prestar atenção em detalhes, os planos começam a falhar. Cada
fracasso causa novos problemas na vida. Alguns destes problemas são parecidos aos que acontece quando bebiam.
Tipicamente incluem problemas conjugais, sociais e dinheiro. Muitas vezes se sente culpado e com remorso quando
estes problemas ocorrem.
Nesta fase a pessoa em recuperação é incapaz de iniciar uma ação. Passa pelos movimentos da vida, mas é
controlado em vez de controlar a vida.
Fica mais difícil se concentrar. A síndrome da palavra [ se ] fica mais comum na conversa.Começa a ter
fantasias de fuga ou de ser socorrido por algo improvável de acontecer.
Um senso de fracasso começa a se desenvolver. O fracasso pode ser real ou imaginário. Pequenos fracassos são
exagerados e aumentam de proporção. A crença de que fiz o melhor que pude, e a recuperação não esta
funcionando começa a se desenvolver.
Um vago desejo de ser feliz ou ter as coisas funcionando. Usa de um pensamento mágico. Deseja que as coisas
melhorem sem fazer nada para melhora-las, sem pagar o preço. para que as coisas melhorem.
Neste período a pessoa em recuperação tem dificuldades em pensar claramente. Fica perturbado consigo própria e
com as pessoas ao seu redor. Fica limitada e super-reagem às pequenas coisas. Os sinais de aviso mais comuns nesta
fase são:
Período de confusão torna-se mais freqüentes, duram mais, e causam mais problemas. A pessoa em recuperação
fica zangada consigo pela sua incapacidade de resolver as coisas.
As relações com os amigos, consultores e membros de A.A/NA. ficam tensas. A pessoa em recuperação pode se
sentir ameaçada quando os outros falam sobre as mudanças que estão notando em seu comportamento e humor.
Os conflitos aumentam, apesar de seus esforços para resolve-los. Começa a sentir-se culpado e com remorso sobre
seu papel nestes conflitos.
Neste período a pessoa em recuperação fica tão deprimida que tem dificuldade de se manter na rotina diária.
Às vezes pode ter pensamentos de suicídio, beber ou usar drogas como uma maneira de terminar com a depressão.
A depressão é muito forte e persistente e não pode ser ignorada facilmente ou escondida dos outros. Os sinais de
aviso mais comuns que ocorrem neste período são:
Pode começar a comer demais ou comer pouco. Existe perda ou ganho de peso. Para de ter refeições regulares e
substitue uma dieta nutritiva e bem balanceada por comida ruim.
Pode haver períodos em que é incapaz de iniciar ou de fazer qualquer coisa. Nestas horas é incapaz de se concentrar,
sente-se ansioso, medroso e inquieto, e muitas vezes preso e sem saída.
Pode ter dificuldades para dormir ou ficar inquieto e caprichoso quando querem dormir.
O sono muitas vezes é marcado por sonhos estranhos e assustadores. Devidos ao cansaço pode dormir de 12 a 20
horas de cada vez. Estas maratonas de sono acontecem cada 6 a15 dias.
A rotina diária fica acidental. Deixa de se levantar e ir para a cama nas horas regulares. Às vezes não pode dormir, e
isto leva a dormir demais em outros dias. Os horários das refeições ficam irregulares. Fica mais difícil manter
compromissos e planejar eventos sociais. Sente-se apressado e sobrecarregado, e em outras horas não tem nada
fazer. É incapaz de dar seguimento a um plano e de decisões, e experimentar tensão, frustração, medo ou ansiedade
que não o deixe fazer o que precisa ser feito.
Se sente deprimido mais vezes. A depressão fica pior, dura mais e interfere com a vida. É tão grande que pode ser
notada pelos outros e não pode se negada facilmente. A depressão é mais forte nas horas não planejadas e não
estruturadas. Fadiga, fome e solidão tornam a depressão pior. Quando se sente deprimido, se isola ou melhor se
separam das outras pessoas, fica irritado e zangado com os outros, e muitas vezes reclama que ninguém se preocupa
e não o entende, o que está acontecendo com ele!
FASE OITO - PERDA CONTROLE DO COMPORTAMENTO.
Nesta fase fica incapaz de controlar ou regular o comportamento pessoal e os horários do dia. Existe ainda uma
negação forte e falta de uma consciência de estar fora de controle. Sua vida fica caótica e muitos problemas se criam
em todas as áreas da vida e na recuperação. Os sinais de aviso mais comuns nesta fase são:
Para de participar do A.A. e começa a perder as consultas marcadas para acompanhamento ou tratamento. Encontra
desculpas para justificar isto, e não reconhece a importância de A.A. e do tratamento. Desenvolve uma atitude de
que o A.A/NA e o aconselhamento não estão fazendo com que eu me se sinta melhor, porque isto faz sua prioridade
numero um? Existem outras coisas mais importantes.
Tenta agir como se não tivesse nada haver com os problemas que estão acontecendo.Isto é para esconder
sentimentos de desesperança, uma crescente falta de auto respeito e auto confiança.
Desliga-se das pessoas que podem ajudar. Pode fazer isto tendo ataque de raiva que afastam as pessoas, criticando
ou colocando os outros para baixo ou se afastando dos outros tranqüilamente.
As coisas parecem tão mal que começa a pensar que deveria começar a usar o químico, porque as coisas não podem
ficar pior. A vida parece que ficou incontrolável desde que parou de beber.
Tem dificuldade em começar as coisas, tem problema em pensar claramente, em se concentrar, e em pensar
abstratamente: sente que não pode fazer nada e começar a acreditar que não há saída.
Sua negação quebra e de súbito reconhece como seus problemas são, como a vida ficou incontrolável e como a
pessoa tem pouco poder e controle para resolver qualquer problema. Esta percepção é muito dolorosa e
assustadora. Nesta hora está tão sozinho que parece não existir ninguém para pedir ajuda. Os sinais de aviso mais
comuns que ocorrem nesta fase são:
A pessoa acha que beber ou usar drogas iria ajuda-lo a se sentir melhor e começar a achar que podem beber ou usar
normalmente e que pode se controlar. Às vezes consegue colocar estes pensamentos para fora de suas mentes, mas
às vezes os pensamentos são tão fortes que não pode ser detidos. Pode começar a sentir que beber pode ser a única
alternativa e ficar louco ou cometer suicídio. Realmente beber parece uma alternativa sã e racional.
Sente-se preso e vencido pela incapacidade de pensar claramente e agir. Este sentimento de impotência lhe causa a
crença que é inútil e incompetente. Por isso acredita que não pode lidar com os vários pontos da sua vida.
Nesta fase a pessoa em recuperação sente-se presa pela dor e pela incapacidade de lidar com a vida. Então parece
haver apenas três saídas: insanidade, suicídio ou uso do químico. Não acredita que alguém ou algo possa ajuda-lo.
Os sinais de aviso mais comuns nesta fase são:
Sente raiva por causa da incapacidade de comportar-se de maneira que deseja. Às vezes à raiva é com o mundo em
geral às vezes com alguém em particular, e ás vezes consigo mesmo.
Para de assistir reuniões de A.A., se está tomando medicação esquece de toma-lo ou evita deliberadamente de
toma-lo. Se um padrinho ou pessoa que ajuda é parte do tratamento, se desenvolve uma tensão e conflito tão
fortes, que o relacionamento geralmente acaba. Pode retirar-se do aconselhamento profissional muito embora
precisa de ajuda e saiba disto.
Se sente totalmente esmagado. Acredita que não existe saída a não ser beber, suicídio ou insanidade. Existe fortes
sentimentos de insanidade e sentimentos de desespero.
Experimenta cada vez mais dificuldades em controlar pensamentos, emoções, julgamentos e comportamentos. Esta
progressiva e incapacitante perda de controle começa a causar problemas em todos as áreas de sua vida. Começa a
afetar a saúde. Não importa quando tenta reconquistar o controle, é incapaz de consegui-lo.
Culpa é o sentimento que é causado pelo próprio julgamento de que "Fiz alguma coisa errada" A pessoa recaída
recentemente se sente moralmente responsável por ter voltado a usar e acreditar que isto não teria acontecido se
fizesse a coisa correta. Vergonha é o sentimento que resulta do próprio julgamento que sou uma pessoa defeituosa.
A pessoa em recuperação sente como que sua recaída prova que é sem valor e que pode morrer como um adicto na
ativa.
11.3—Perda de Controle
O uso do químico leva aos poucos a perda de controle. Às vezes a perda de controle corre lentamente. Outra perda
de controle é muito rápida. A pessoa começa a usar tanto ou mais que antes.
Começa a experimentar problemas severos com sua vida e saúde. Casamento, trabalho e amizades são prejudicados
seriamente. Finalmente sua saúde física sofre e se torna tão doente que precisa de tratamento profissional.
Prevenção a Recaída
Inventário das Habilidades para Lidar com Situações de Risco
T
odos nós seres humanos, temos maior ou menor habilidade para lidar com determinados sentimentos e
situações de nosso cotidiano. Alguns, ao longo da vida, aprenderam esta habilidade, enquanto outros, não
sabendo como lidar adequadamente com as situações, sempre buscaram escapar daquilo que lhes
causasse desprazer ou mal-estar. Algumas pessoas aprenderam, mesmo sem se dar conta disto, que bebendo ou
usando outra droga poderiam obter algum alívio daqueles sentimentos ou situações desagradáveis. Mas, é um
equívoco: muitos acabam se tornando abusadores ou dependentes.
Você mesmo já deve ter passado por muitas situações difíceis, conflitantes, confusas, estressantes, ou, ao
contrário, alegres, de bem-estar, de felicidade total, das quais o álcool
ou a droga fizeram parte. Agora você iniciou um processo de
recuperação é importante dar-se conta de como as drogas tiveram
uma participação ativa ao longo de sua vida, tanto nas situações boas
como as ruins.
Para a prevenção de recaída, é necessário que você aprenda a identificar qualquer situação que ponha em
risco sua meta de recuperação.
Uma vez identificadas as situações de risco, o passo seguinte é a aquisição das habilidades necessárias para
enfrentá-las do jeito mais certo, lidar com elas de forma eficaz e adequada, que produza um resultado satisfatório,
aumentando a sua sensação de domínio, de estar de dono da situação(auto-eficácia). Como já foi dito, quanto mais
experiências bem-sucedidas de enfrentamento ocorrerem, mais a sua auto-eficácia se fortalecerá, reduzindo aos
poucos o risco de recaída. , No entanto, se alguma experiência de enfrentamento não for bem-sucedida ou obtiver
sucesso apenas em parte, isso não deve desanimá-lo, pois tais experiências servirão como sinais de novos jeitos de
lidar com as situações precisam ser aprendidos e aplicados na próxima oportunidade. Saber identificar seus limites e
dificuldades de enfrentamento (baixa auto-eficácia) é o primeiro passo no desenvolvimento de planos para prevenir
recaídas.
Algumas situações você pode prever facilmente. Outras, nem tanto, porque podem aparecer de repente, sem
aviso prévio.
Ex: João foi muito tímido e inseguro. Tem muitas dificuldades de ouvir críticas. Especialmente quando seu
chefe fala com ele naquele tom de voz que o faz sentir-se "por baixo". Ao invés de dialogar com o chefe e explicar
seu ponto de vista,fica "engolindo" tudo, guardando muita raiva e ressentimento. João não sabe lidar com esta
situação. No final do dia, quando bebe com os amigos, joão sente-se mais aliviado, pareceu "que passou tudo".
No grupo 1 do seu Inventário das Habilidades para Lidar com Situações de Risco,João
marcou as seguintes situações de risco:
AUTO-EFICÁCIA
2. Situação nº 15.
3. Situação nº 8.
Responda
Agora seria importante que você pensasse com cuidado e sem pressa em cada uma destas
situações levantadas neste inventário da auto-eficácia. coloque-as nas situações descritas. Leve
o tempo que for necessário para o primeiro passo desta tarefa.
Após a lista de cada grupo de situações, você encontrará um espaço onde poderá colocar
qualquer outra situação, dentro daquele grupo, que você achar que esteja faltandopara o seu
caso específico.
Depois de pensar e avaliar cada um das situações em cada grupo, o segundo passoé fazer
uma cuidadosa avaliação de quanto você está preparado e habilitado para enfrentarcom sucesso
cada uma delas.Provavelmente você irá se dar de muitas situações de sua vidaem que,
automaticamente, bebendo ou usando droga. Pois agora propomos que você, primeiro,aprenda a
identificar essas situações. Depois, faça uma avaliação de sua habilidade delidar com estas
situações.
Se você já passou por uma recaída deve usar sua experiência passada para responder
com mais acerto sobre suas habilidades de enfrentamento. Porque, não se esqueça,um
equívoco(uma recaída) do passado não deve ser visto como um fracasso, mas, sim, como
umaoportunidade de aprender com o equívoco. A experiência pode servir para melhorar de
sentira situação, de aprimorar suas habilidades de enfrentamento e, assim, evoluir
positivamentena sua recuperação.
Ao lado de cada item deste Inventário, você irá fazer um círculo em um dos trêsnúmeros:
0, 1 ou 2. Estes números se referem a sua auto-eficácia, isto é, sua habilidadepara lidar, enfrentar
com sucesso aquela situação de risco, sem beber ou usar droga.
0 = NENHUMA AUTO-EFICÁCIA. Não tenho nenhuma habilidade para lidar com estasituação, se
(ou quando) ela ocorrer. Preciso aprender estratégias de enfrentamento paraesta situação de
risco.
1 = POUCA AUTO-EFICÁCIA. Tenho alguma habilidade para lidar com esta situação derisco,
porém preciso melhorar as habilidades necessárias para lidar com esta situação.
2 = SUFICIENTE AUTO-EFICÁCIA. Tenho habilidades suficientes para lidar com esta situação
de risco.
AUTO-EFICÁCIA
1. _____________________________________________________________
2. _____________________________________________________________
3. _____________________________________________________________
AUTO-EFICÁCIA
3. Falar em público..................................................................................................0 1 2
10. Lidar com cônjuge ou namorada que também bebe ou usa droga...................0 1 2
11. Lidar com o fato de que todos os amigos também bebem ou usam droga.......0 1 2
1.______________________________________________________________
2.______________________________________________________________
3.______________________________________________________________
AUTO-EFICÁCIA
1.______________________________________________________________
2.______________________________________________________________
3.______________________________________________________________
AUTO-EFICÁCIA
0= Nenhuma
1= Pouca
2= Suficiente
9.Lidar com medos (de andar de avião, sair à rua, ou outro medo, por exemplo).0 1 2
2.______________________________________________________________
3.______________________________________________________________
AUTO-EFICÁCIA
1. _____________________________________________________________
2.______________________________________________________________
3.______________________________________________________________
Grupo VI - LIDAR COM O TRATAMENTO
AUTO-EFICÁCIA
0= Nenhuma
1= Pouca
1.______________________________________________________________
2.______________________________________________________________
3.______________________________________________________________
Ex.:João fez o seguinte plano de ação para situação de risco de receber críticas do chefe pelo
seu trabalho:
Estratégia de Enfrentamento n°1: Quando me chefe falar comigo, escutar o que eletem para me
dizer e então colocar meu ponto de vista.
Estratégia de Enfrentamento n°2: Aprender a dialogar com meu chefe. Falar com elequando não
tem nenhum problema no trabalho.
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4.SITUAÇÃO DE RISCO(descreva tanto quanto possível)
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Por causa desse forte apelo exercido pela droga, o indivíduo acaba se "esquecendo"de todas as desvantagens do seu
uso (as conseqüências negativas posteriores), e só lembra, momentaneamente, das vantagens (ou as consequências
positivas imediatas) da droga, como, por exemplo, o bem-estar, a satisfação, a euforia, o relaxamento, a facilitação
do relacionamento social, etc., etc.
- Relacionamento com os amigos onde me sinto um igual, não há superiores nem subordinados.
- Reclamações da esposa
- Preocupações da família
- Críticas da família
- Problemas físicos
- Problemas sexuais
- Ressacas
- "Apagamentos" (esquecimentos)
- Atrasos no trabalho
No quadro seguinte, você deve fazer uma lista das consequências positivas e, ao lado destas,
uma lista das consequências negativas do uso de qualquer droga.
Com esta tarefa esperamos que você faça, com bastante honestidade, um balanço do
quanto você ainda está ligado nas coisas boas que as drogas proporcionam (consequências
positivas) e está "cego" para as consequências negativas que elas também causam.
Há situações e fatores na vida que nos protegem de agir de determinado, enquanto que,
por outro lado, há situações que provocam um comportamento nosso, mesmo quando a gente
não quer.
Nesta tarefa, solicitamos que você faça uma lista de todas as situações e fatoresque
protegem você de usar alguma droga e, do outro lado, todas as situações que podem provocar o
uso de drogas.
O convite de um amigo para um simples jantar íntimo e informal, por exemplo, podeter lhe
trazido algum desconforto na hora de recusar aquele super uísque que ele lheofereceu. "desce
redondinho" você pensou, enquanto você sentia que a sua adrenalina subia.Não fosse a sua
esposa ter-lhe dado"uma força" naquele momento, você teria se deixado levar pelas expectativas
dos efeitos positivos de beber. Algumas horas depois você poderia estar sentindo os efeitos da
violação da abstinência, aqueles pensamentos e sentimentos super desagradáveis e conflitantes
a respeito de si mesmo, posteriores ao uso da substânciapsicoativa.
João fez seu Levantamento Semanal das Situações de Risco, e na segunda-feira anotou o
seguinte:
“Situação: José me procurou, como de costume, ás 6 horas da tarde. Sentimento: Estou cansado
do meu trabalho hoje. Pra variar, meu chefe me humilhou na frente dos outros.
Pensamento: Se eu fosse até o bar, poderia relaxar, bem que eu mereço.
Atitude: Antes que a vontade de ir ao bar aumentasse, falei para o José que eu estava fazendo um
plano de recuperação da minha história, e que isto incluía não beber. Bem que eu gostaria de ir ao
bar, é tão legal encontrar com todo mundo, mas eu preciso seguir meu objetivo.”
Funcionou.
Esta é a ideia deste Levantamento Semanal das Situações de Risco: fazer um balanço das
situações de risco ocorridas diariamente e as estratégias de enfrentamento empregadas.
Anote no fim de cada dia aquelas situações de risco pelas quais você passou no decorre
daquele dia; anote também com quem você estava e onde.
Anote ainda os sentimentos e os pensamentos que você teve quando ocorreu a situação
de risco. Depois, descreva as atitudes e os comportamentos (isto é, as respostas de
enfrentamento)que você teve na situação de risco.
descreva as estratégias de enfrentamento de que você lançou mão e o resultado prático das
mesmas ("funcionou" e "não funcionou", "funcionou mais ou menos").
Este levantamento irá provar importantes informações para você trabalhar no sentido de
melhorar e fortalecer as sua habilidades e estratégias de enfrentamento.
Sentimento:______________________________________________________
Pensamento:_____________________________________________________
Atitude: _________________________________________________________
Sentimento:______________________________________________________
Pensamento:_____________________________________________________
Atitude: _________________________________________________________
3.QUARTA-FEIRA: Situação de Risco:________________________________
Sentimento:______________________________________________________
Pensamento:_____________________________________________________
Atitude: _________________________________________________________
Sentimento:______________________________________________________
Pensamento:_____________________________________________________
Atitude: _________________________________________________________
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Atitude: _________________________________________________________
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Pensamento:_____________________________________________________
Atitude: _________________________________________________________
Sentimento:______________________________________________________
Pensamento:_____________________________________________________
Atitude: _________________________________________________________
“Sua Majestade o Bebê”,
O Dr. Harry Tiebout utilizou as palavras “Sua Majestade o Bebê”, do psicanalista Sigmund Freud, para descrever uma
atitude inata. O termo Rei Bebê poderia ser de uma forma igualmente adequada Rainha Bebê também, porque,
provavelmente, todos nós temos este ego infantil no nosso inconsciente.
Os adictos têm de estar particularmente conscientes das características do Rei Bebê, pois essas atitudes e
comportamentos podem interferir na sua recuperação.
Nos programas de Doze Passos, sentimos frequentemente a necessidade da rendição e tentamos praticá-la, na
forma de orientar nossa vida e vontades para Deus. Temos “slogans” que realçam a necessidade do Terceiro Passo e
suas recompensas: Se entregue, renda-se a Deus1, Entregar resulta2.
O reconhecimento da impotência é a base da rendição, mas o ato da rendição surge com a aceitação total dessa
impotência. Muitos de nós, que sentem dificuldades com o Primeiro Passo, são capazes de reconhecer a sua
impotência, mas não estão dispostos a aceitá-la. Em outras palavras, somos capazes de vê-la e compreendê-la, mas a
nossa necessidade de controle nos impede de comprometermos com este ato de rendição que é tão necessário. Os
egos interferem. A nossa mentalidade de Reis Bebês insiste em que guiemos nossa vida e controlemos as nossas
vontades.
A luta interior
Compreender o Rei Bebê é difícil, pois as coisas nunca são aquilo que parecem ser. Existem dois fatores principais de
motivação: em primeiro lugar, a criança assustada, solitária, que não quer ser mais magoada e, em segundo lugar, o
Rei Bebê que nunca está satisfeito.
Quando a criança receosa que existe em nós ouve a palavra não, uma mensagem interior preconcebida nos diz que
somos maus. Só nos sentimos amados quando recebemos carinho, e nos sentimos não amados quando nos corrigem
ou nos disciplinam. Quando somos criticados, a nossa imaturidade insiste no direito de fazer o que ela acredita ser o
melhor com base nos padrões antigos de comportamento e argumenta que, se somos amados, os outros devem nos
deixar fazer o que queremos. Muitas vezes, as nossas manipulações nos permite ganhar.
Ambas estas facetas – a criança medrosa e o Rei Bebê exigente – ficam temporariamente satisfeitas se criarmos em
nós a pessoa que pensamos que os outros querem que sejamos. No entanto, a base para uma recuperação
duradoura está em ajudar a criança assustada a readquirir o sentimento de valor próprio e aprender a controlar os
comportamentos de Rei Bebê.
O problema
As pessoas em recuperação tem geralmente consciência das muitas ameaças a que está sujeita a sua sobriedade. Os
programas de Doze Passos são criados para nos ajudar a enfrentar e ultrapassar os nossos defeitos de caráter. A
imaturidade, que constitui um problema para muitos de nós, é um reduto do Rei Bebê em cada um de nós. Poderá
ser necessário reconhecer este defeito e removê-lo se quisermos continuar com nossa recuperação.
O Rei Bebê em nós, nos diz que temos razão – os outros é que estão errados. Muitos de nós defende a nossa razão
em todo lugar e em qualquer situação onde nos sentirmos ameaçados. Os Reis Bebês atuam muitas vezes como se
fossem o nosso próprio Poder Superior, tomando decisões baseadas nos juízos preconcebidos em relação a si
mesmo e aos outros. O Rei Bebê que existe em nós, nos diz que deveríamos ser capazes de ser bem sucedidos em
tudo o que empreendermos. Existe em nós o sentimento de sermos destinados à grandeza.
Ao lutarmos de forma infantil para sermos aceitos e agradarmos aos outros, começamos a
procurar coisas exteriores para nos sentirmos melhores por dentro. Vestuário de alta costura,
carros de corrida, namoradas ou namorados, giros, drogas e a excitação de uma vida frenética
ajudam a acalmar o nosso sofrimento. Criamos uma aparência atrativa, magnética, encantadora
para conseguirmos o que queremos. Usamos expediente como a procura do prazer, a procura do
poder e a procura de atenção para encher o vazio, mas o vazio mantém-se. Não há amor,
estatuto, dinheiro ou fama que cheguem para a criança assustada que existe em nós.
Considerando tudo isso como uma fraqueza, a parte de nós que correspondem ao Rei
Bebê tentaria destruir, atacar e pôr de lado a nossa criancinha assustada. Ao negar estes
sentimentos, o Rei Bebê encobre em última análise, o fato de a criancinha assustada existir.
A luta interior
Compreender o Rei Bebê é difícil, porque as coisas nunca são aquilo que aparentam ser à
superfície. Existem dois fatores principais de motivação: em primeiro lugar a criança assustada,
solitária, que não quer ser mais magoada, e em segundo lugar o Rei Bebê que nunca está
satisfeito.
Quando a criança receosa que existe em nós ouve a palavra não, uma mensagem interior
diz-nos que somos maus, sentimo-nos amados quando somos acarinhados, e não amados
quando nos corrigem ou nos ralham. Quando somos criticados, a nossa imaturidade insiste no
direito de fazermos o que entendemos e argumenta que, se somos amados, os outros devem
deixar-nos fazer o que queremos. Muitas vezes, as nossas manipulações permitem-nos ganhar.
Ambas estas facetas - a criança medrosa e o Rei Bebê exigente - ficamos temporariamente
satisfeitas se criarmos a pessoa que pensamos que os outros querem que sejamos. No entanto, a
base para uma recuperação duradoura será a criança assustada readquirir o sentimento do
próprio valor e aprender a controlar os comportamentos de Rei Bebê.
O problema
As pessoas em recuperação têm geralmente consciência das muitas ameaças a que estão
sujeitas a sua sobriedade. Os programas dos Doze Passos são concebidos para ajudar a
enfrentar e ultrapassar nossos defeitos de caráter. A imaturidade que constitui um problema para
muitos de nós, é um reduto do Rei Bebê em cada um de nós. Poderá ser necessário
reconhecermos este defeito e ultrapassá-lo se quisermos continuar a nossa recuperação.
O Rei Bebê em nós, diz-nos defendemos a nossa razão em todo e qualquer lado onde nos
tenhamos sentidos ameaçados. Os Reis Bebês atuam muitas vezes como se fossem o seu juízo
em relação a si e aos outros. O Rei Bebê que existe em nós, diz-nos que deveríamos ser capazes
de sermos bem sucedidos em tudo o que empreendermos. Existe em nós o sentimento de
sermos destinados à grandeza.
A mentalidade de Rei Bebê é comandada por três motivações - poder, atenção e prazer.
Tentamos arranjar amigos sendo excessivamente simpáticos e amáveis. Podemos estar a agarrar
as pessoas. Tentamos freqüentemente controlar ou dominar. Pomos condições em quase tudo o
que fazemos o que cria situações de dívida para conosco. Receamos que o nosso verdadeiro eu
fosse rejeitado, por isso apresentamos ao mundo uma pessoa falsa e inventada. Isto protege-nos
de sermos magoados. Cada uma das personalidades ou jogos que inventamos tem por base uma
falsa promessa ou um mito.
A pessoa popular
Mito: Se eu for simpático, atrativo, magnético e for a pessoa que anima as festas, você vai
querer ser meu amigo.
Verdade: Querendo ser tudo para todos, perdemos o nosso verdadeiro eu no processo. O
jogo acaba quando os outros compreendem que não existe nada por detrás dos falsos sorrisos.
O tirano/ditador
Mito:Se me obedecer e se puser debaixo do meu controle total, eu protejo-o do caos.
O conquistador
Mito: Sou irresistível para o sexo oposto. Parte da minha capacidade de atração vem da
minha falta de respeito pelos outros. Espero amor, atenção riqueza e poder em troca do privilégio
da minha companhia.
Verdade: Estamos metidos numa competição feroz para ocupar o centro do palco e somos
incapazes de nos comprometer numa relação. O jogo acaba quando os outros tomam
consciência da frivolidade do conquistador.
A pessoa bonita
Mito: Juventude, um corpo bonito e uma cara atrativa são as qualidades essenciais para
eu ser amado e aceito.
Verdade: tentamos singrar apenas a custa das aparências. O jogo acaba quando os outros
se fartam da criança que exige que lhe confirmem constantemente a sua capacidade de atrair.
Mito: Se eu conseguir entretê-lo com a minha música, o meu espírito ou qualquer outro
talento, você vai admirar-me e adorar-me.
O perfeccionista
Mito: Não valho nada se não conseguir ser o melhor naquilo que faço.
Verdade: Ninguém é sempre o melhor ou o mais bem sucedido, mas tentamos valorizar-
nos especializando-nos em fazer algumas coisas bem feitas. O fim do jogo acontece quando
verificamos que não podemos agradar a toda a gente ou quando os outros se cansam da
fraqueza das nossas atitudes.
O rebelde
Mito: Tenho de fazer as coisas a minha volta, senão... As regras são para as outras
pessoas. Se me disser para não fazer uma coisa é como se agitasse uma bandeira encarnada na
minha cara e me desafiasse a fazê-la.
O mártir
Mito: Mereço sofre. Eu não conto. Ninguém me compreende. Pobre de mim. Considero a
sua piedade como uma expressão de amor.
Os Reis Bebês não podem suportar o aborrecimento que advém das coisas correrem bem
demais e criam situações de crise ou de confusões. Uma vida de agitação disfarça os problemas
e diminui a sua responsabilidade pelo fracasso.
A combinação fatal
Agarrada a uma vida de excesso e sujeita a sentimento de pouca auto-estima, uma pessoa
imatura tem uma vida frustrante e pouco compensadora, mas não necessariamente desgraçada.
Mas qualquer coisa acontece a um adicto com estilo de vida de Rei Bebê e a pouca auto-estima
se combinam com a experiência de ficar pedrado. Este "qualquer coisa" pode ser uma
combinação fatal. Aqueles sentimentos dolorosos, agradáveis e conflitantes da infância, aquilo
que procuramos toda a nossa vida é de novo alcance. O efeito reconfortante e anulado do medo
que o químico oferece, corresponde exatamente àquilo que os nossos egos de Reis Bebês têm
procurado. Quando a relação de amor com as
pedradas toma conta de nós, todos os aspectos de
nossa vida escorregam progressivamente para um
comportamento mais sucedido e imaturo.
Catalisador
O sistema de defesa do Rei Bebê, quase
negando qualquer problema, já se encontra bem
definido e acelera a queda do adicto para o fundo. O
inimigo está dentro de nós e o uso da droga liberta
as nossas frustrações, raivas, ressentimentos,
medos e dúvidas reprimidos, como um foguetão que
decola para a lua. Regressa a sensação
maravilhosa do útero, e o Bebê anda radiante por
dentro e por fora, excitado e confiante com a
descoberta desta euforia.
Cego pela maravilhosa sensação desta euforia perfeita, o Bebê que existe em nós
põe de parte aquilo que resta da sua consciência e sistema de valores. Dispondo de todo um
sistema incorporado de persianas, tampões para os ouvidos e visão estreita ao serviço dum
sistema de engano e negação, somos capazes de nos manter completamente ignorantes a
respeito do estado a que chegamos.
Servindo-nos de todo o amor e apoio do nosso grupo dos Doze Passos, teremos de empreender
uma viagem interior a fim de encontrar aquela parte de nós, o "mal" rapazinho assustado ou a
"má" rapariga assustada, que tanto tempo ignoramos. Podemos imaginar-nos entrando no quarto
dele ou dela e vendo a criança aninhada a chorar num canto. Podemos tornar-nos pai amante e
carinhoso desta criança que existe dentro de cada um de nós. Como qualquer pai faria,
encorajamos a criança a aproximar-se, sentar-se perto de nós e explicar o que está a correr mau.
Então, ao pegarmos nessa criança dizendo "Está tudo bem" e o limparmos carinhosamente as
suas lágrimas, fazemos com que ela saiba que é amada, que é um belo ser humano e que está
segura.
Existe dentro dos grupos dos Doze Passos um sentimento de ternura, calor e segurança
que vai ao encontro dos recém-chegados com a mensagem "És amado só porque existes, e eu
vou gostar de ti antes mesmo de ti tornares merecedor de seres amado". Esta é a promessa dos
AA. e dos NA. - amor incondicional. A única coisa que se espera é um desejo sincero de para de
beber ou de usar. Isto corresponde ao ventre acolhedor a aconchegado que o Bebê tem
procurado sempre. A família carinhosa e atenta dos Doze Passos é genuína e está em nítido
contraste com a falsa segurança do álcool e das outras drogas.
Amar-se a si próprio
Lentamente o Bebê em recuperação começa a adquirir o respeito por si próprio através
dos Doze Passos. É um trabalho difícil, mudar completamente a vida de uma pessoa, mas os AA.
e NA. estão sempre presentes como guias. Através destes programas começa a florescer a
consciência da dignidade pessoal. Nasce através da descoberta, disciplina, perdão e aceitação
da própria pessoa. Gradualmente a criancinha medrosa aproveita a oportunidade de desenvolver
o amor por si.
Não faz mal se as pessoas do nosso grupo dos Doze Passos gostar de nós antes de nós
gostarmos de nós próprios. O que importa é que agora gostamos mais de nós, gradualmente,
havemos de explorar e descobrir todas as qualidades maravilhosas que possuímos.
Liberdade
Voltar à vida com o sentimento da nossa dignidade e ficar ligados a um padrinho, prepara-
nos para a próxima fase.
A nossa imaturidade obrigou-nos a passar a vida a captar poder exterior para nos sentir
bem por dentro. Vendermo-nos por um sorriso era escravidão. O bem estar não vem das outras
pessoas, lugares ou coisas, mas de dentro.
Recuperar o poder pessoal passa por admitirmos primeiro a nossa impotência em relação
aos outros. Todos nós precisamos assumir a responsabilidade pelo nosso próprio valor e
dignidade. O nosso valor próprio não depende do que os outros dizem ou fazem, mas antes de
como reagimos aquilo que os outros dizem ou fazem. Existem escolhas quanto à forma como
reagir. Reagir com medo, raiva ou ressentimento leva a pessoa a se sentir que não tem valor.
Aceitar o fato de que nem toda a gente irá estar de acordo conosco e talvez nem mesmo gostar
de nós é realista.
Rendição: ser Deus ou acreditar em Deus
É um grande alívio já não nos sentirmos obrigados a tentar governar todo o universo. Na
rendição, devolvemos essa tarefa a um Poder Superior que por seu turno, enche as nossas almas
com calor, o conforto e a serenidade há tanto tempo viemos procurando. Uma vez mais, isto é
semelhante ao que sentimos no útero.
Perdão
Deus não faz coisas mal feitas. Cada um de nós é uma pessoa única - um alguém, não
um ninguém. Em todo o mundo não há mais ninguém igual a nós. Temos que nos deixar fascinar
por nós mesmos e tonar consciência de como somos fortes. O Rei Bebê que existe dentro de nós
desenvolveu uma larga variedade de energias associadas aos talentos que Deus nos deu e
devemos aprender a associar essas energias. Podemos aprender com o passado e entregá-lo.
Podemos deixar de ser o juiz, o júri e o carrasco que nos condena. Sabemos que o nosso Poder
Superior nos perdoa. Agora é altura de lhe darmos espaço. Temos de parar de nos julgar e sair
do seu caminho.
Humildade
"Meu Deus, como é difícil ser humilde quando se é perfeito em tudo". Quando MacDavis
cantou esta canção, por toda a parte os Reis Bebês coraram, sabendo que ele estava a referir-se
a eles. Já sabemos agora que o orgulho constitui grande parte do problema do Rei Bebê. O que
precisamos aprender é que o orgulho não pode ser melhor nem pior. Ser igual é também ser
honesto aberto e vulnerável o que é difícil, mas possível agora. Sentindo-nos livres de sermos
nós, podemos enfrentar a realidade. A humildade ensina-nos a capacidade de aprender e de
sermos flexíveis. Para continuarmos a crescer a evitarmos as recaídas, a humildade tem de ser
constantemente mantida.
Culpa
A máquina da culpa, ou seja, a consciência do Rei Bebê está avariada. Os Reis Bebês
"branqueiam" os seus comportamentos e perdem os seus sistemas de valor durante o processo.
Tento consciência disto, reagem exageradamente e castigam-se constantemente por serem
humanos. Até que o Rei Bebê que existe em nós encontre o equilíbrio e um novo conjunto de
valores, teremos que contar muitíssimo com os nossos padrinhos. Uma boa regra de conduta se
nos sentirmos culpados será não procedermos assim. Temos de descobrir em que é que
acreditamos e viver de acordo com isso.
Sabemos que temos personalidades adictivas. Porque não havemos de tentar ser
dependentes em relação a qualquer coisa que seja positiva para nós? Podemos escolher alguns
mini-objetivos ou coisas que possamos fazer todos os dias. Podemos criar uma divertida, positiva
e até apaixonada, ligação amorosa com determinado programa de exercícios. Se quisermos,
podemos voltar para a escola.
Desenvolver uma relação
pessoal com nosso Poder
Superior
Devíamos perguntar-nos que gênero de Poder Superior temos e como vamos contactar
com Ele ao lermos as nossas meditações diárias. Podemos escolher um tema segundo o qual
viver o dia-a-dia, lembrando-nos que uma atitude positiva não é automática, mas vem com a
prática e um trabalho apurado. Quando mais as nossas expectativas diminuírem mais a
serenidade aumenta. Podemos praticar a aceitação em relação a nós próprios e aos outros.
Inventário diário
Cada noite deveríamos registrar as coisas positivas que fizemos e as coisas boas que nos
aconteceram. Isto põe em evidência que devemos a nós mesmos algum crédito por aquilo que
realizamos. Podemos rever calmamente os nossos erros e admitir prontamente aquilo em que
erramos.
Desonestidade Honestidade
Dúvida Esperança
Adiamento Ação
Medo Coragem
Arrogância Humildade
Onipotência Serviço
O Luto
Q
uando se entra verdadeiramente ao Primeiro Passo verifica-se que ele diz respeito á
aceitação da perda. Admitir a impotência é aceitar a perda de poder sobre o eu e o
mundo. Isso poderá tornar-se uma perda enorme e assustadora, mas não tem
necessariamente de ser assim – se você compreender o que está acontecendo e souber que
admitir a impotência não é o fim do mundo.
Em primeiro lugar, há a própria substância, quer seja o álcool ou drogas, a comida, uma
pessoa ou uma relação. Por vezes uma perda desta natureza parece-nos mais do que podemos
suportar. A garrafa (ou seja, o que for) é um velho e fiel amigo de quem muitas vezes
dependemos para afastar de nós o sofrimento, para nos ajudar a sentir que controlamos a
situação e a ter melhor opinião de nós mesmos. O álcool, tal como um esposo, for um
companheiro constante, sempre presente quando precisamos dele. Passar sem ele pode ser
devastador. De repente, ficamos sem as nossas muletas e pensamos que temos de agüentar
sozinhos sem qualquer espécie de ajuda.
Uma perda que quase toda a gente menciona é a doa amigos. Quando deixamos de beber
ou de usar, podemos simultaneamente largar um velho círculo de amigos. Podem ser vizinhos ou
colegas de trabalho ou, até mesmo membros da família que continuam a beber. Da mesma feita,
se beber ou usar acompanhava os esportes ou outras atividades sociais, poderemos ter de por de
lado essas coisas durante algum tempo se o fato de as fizer nos tentar a beber ou a usar
novamente. Os membros codependentes da família poderão continuar com essas atividades ou
optar por abandoná-las por algum tempo. O mesmo se aplica àqueles de entre nós que estão
largando uma relação íntima. Com frequência se perde não só essa pessoa, mas todo um grupo
de amigos e conhecidos, incluindo os membros da família da pessoa que deixamos de ver. Largar
amigos e atividades também cria um grande espaço de tempo vazio durante o qual nos
sentiremos provavelmente bastante sozinhos. Mais tarde, veremos como se pode encher esse
vácuo.
Por vezes, a bebida ou o uso foi causa da perda de um emprego (ou mesmo de uma serie
de empregos). Isto pode ser uma perda especialmente difícil se o nosso sentimento de identidade
dependia desse emprego. Para muitos de nós, uma grande parte da nossa auto-imagem esta
associada àquilo que fazemos para ganhar a vida. O nosso trabalho, pensamos nós revela nos
quem somos e dá sentido aos nossos objetivos.
Noutro casos, muitos de nós, como consequência de usar perdemos a família através de
uma separação ou de um divórcio. O papel de esposa, marido, mãe ou pai é importante para nós
e dá sentido às nossas vidas. Por vezes, as pessoas mais novas perdem os pais por causa da
sua própria bebida ou da bebida de um dos pais, o que pode de igual modo, ser uma perda
aterradora. Desempenhar o papel de criança proporciona segurança. Perder o estatuto de criança
obriga a transformarmo-nos em qualquer coisa nova para nós – adultos, responsável,
independente. Isso pode ser assustador.
Finalmente, e talvez seja o mais importante,
podemos ter perdido a nossa razão de viver. Se tivermos
vivido para beber ou usar drogas, para sermos pais ou
para contribuirmos de qualquer forma através do nosso
trabalho (quer seja em relação a família, a uma empresa
ou à sociedade), e perdemos qualquer destas coisas por
causa da nossa doença, perdemos qualquer razão de
viver. Se não tivermos uma razão de viver, morremos. Ou,
pelo menos, pode ser isso que sentimos.
O PROCESSO DO LUTO
O luto é uma resposta saudável a uma situação difícil. Não importa o eu se perdeu, pode
ter sido a perda de domínio sobre o álcool ou outras drogas. O problema é ainda a impotência:
sobre o álcool ou outra droga, sobre a vida e a morte, sobre os sentimentos de outra pessoa ou
sobre o próprio comportamento.
Qualquer perda conduz ao luto, e para que a perda venha alguma vez a ser
completamente aceita, temos de fazer o seu luto. Temos de passar pelo processo de luto antes
de podermos aceitar a perda e encontrar a serenidade e a paz de espirito.
A Dra. Elizabeth Kubler-Ross, que estudou o processo do luto no seu trabalho com
pessoas moribundas, descreveu varias fases do luto, que observou nos doentes e suas famílias.
Embora as situações sobre as quais escrevam possam ser muitos diferentes, o processo continua
a ser o mesmo para quem quer que experimente uma perda. É por isso que os estágios do luto
por elas descritos se aplicam igualmente ao alcoolismo ou a outras formas de dependência.
A primeira coisa que nos deve ocorrer a respeito do luto é que cada fase do processo é
natural e saudável (mesmo a negação). Mas, ao mesmo tempo, é fácil ficar preso numa qualquer
dessas fases. Então, o luto torna-se doentio, destrutivo e mesmo perigoso. Não existe uma ordem
na passagem de uma fase a outra. As fases podem surgir, e surgem, juntas, e podem dar-se
ocorrências a repetidas de qualquer uma delas ou de todas. Podemos recuar o que não
constituirá um problema enquanto nos lembrarmos que o luto é um processo que tem um objetivo
a aceitação da perda. E é este o objetivo em direção ao qual nos movemos continuamente.
Os estágios do processo de luto tal como foram definidos por Kubler-Ross são a negação,
a raiva, a dor/desespero/depressão, a negociação e a aceitação, Contudo, antes de procedermos
a uma breve análise de cada um desses estágios, precisamos observar o papel que o medo
desempenha no processo de lutoMedo. Embora não seja um estágio do próprio processo do luto,
o medo está subjacente a todos os outros estágios. Temos medo da falta de controle. Temos
medo de ser aquilo que vamos pensar ser se admitirmos a nossa dependência do álcool ou de
outra coisa qualquer. Receamos a impotência porque pensamos que se nós não nos controlamos
não há mais ninguém que nos controle! Se não nos controlarmos, morremos! Quantas vezes é
que você já disse: “Meus Deus, se não tiver uma bebida ou uma passa morro. Morro sem ela (ou
sem ele)”? É um sentimento horrível de pânico e de desespero que nos leva quase a fazer o que
quer que seja para que desapareça. E, na realidade, o medo da morte, o medo da irrevogável
impotência em relação a todos os aspectos da nossa vida, da impotência sobre a própria morte.
Receamos morrer se perdermos o poder sobre aquilo de que nos encontramos dependentes –
quer seja o álcool, outra droga, a comida ou outra pessoa.
Com as pessoas codependentes passa-se o mesmo. Se, por causa do nosso medo,
continuarmos a tentar controlar o comportamento dos outros, iremos perdê-los. Eles podem
continuar a usar por causa do sentimento de culpa e de vergonha, e acabarão por deixar-nos ou
por morrer. Mas se conseguirmos enfrentar o medo da nossa impotência e fazer alguma coisa a
esse respeito, conseguiremos abandonar as nossas tentativas de controle, a nossa ilusão de
poder sobre o comportamento do outro.
2- Raiva.
Alguma vez lhe aconteceu ficar com raiva quando perdeu alguma coisa e não consegue
encontrá-la? Isso faz parte do luto. Parecemos impotentes quanto à nossa capacidade de
localizar o objeto perdido. Quando alguém a quem amou muito morre, aconteceu-lhe ficar com
raiva dessa pessoa por ter morrido? Ou ficou com raiva de Deus por ter levado essa pessoa? Isto
faz parte do luto que todos sentimos quando perdemos alguma pessoa que nos é próxima. É uma
resposta natural e saudável a uma perda dolorosa.
O problema com a raiva é que se pode tornar muito destrutiva se não for expressa de
maneiras saudáveis. Pode transformar-se num ressentimento amargo e levar-nos novamente a
beber ou a usar para fugir a esse sentimento. Recalcada, pode recair sobre os membros da
família ou manifestar-se no trabalho, e o nosso comportamento acaba fora de controle. Pode
conduzir à violência física contra nos mesmo ou contra as nossas famílias. Pode transformar-se
em depressão (uma definição de depressão é a raiva voltada para dentro) e levar ao desespero e
até ao suicídio. Por isso, também com a raiva é vital admitir que a sentimos, e exprimir essa
resposta natural e saudável e uma perda por formas que não sejam destrutivas nem para nós
nem para os outros.
3- Dor/Desespero/Depressão.
Esta é a resposta que normalmente associamos ao luto, mas que na realidade apenas
constitui uma parte do processo total. As lágrimas e os soluços são formas pelas quais a dor se
expressa. É a maneira natural e saudável de exprimir a dor que qualquer pessoa sente depois de
uma perda. Quando uma pessoa morre, existem rituais que auxiliam – funerais, velórios,
comemorações religiosas. Representam situações seguras que criamos, ocasiões em que nos
permitimos estar tristes. Ajudam nos a exprimir os sentimentos profundos que temos a propósito
da perda.
Muitas pessoas em recuperação falam da sua droga de escolha como um velho amigo. ”O
meu maior amigo era a garrafa”, é uma afirmação que se ouve com freqüência. Quando
perdemos esse amigo, sentimo-nos tristes. É tão simples como isto.
Com a dor, vem também o desespero. Pode ser assustador perder alguém ou alguma
coisa de que nos tornamos dependentes. Exemplo disto é a morte de um cônjuge. A perda de
uma droga da qual aos nos tornarmos dependentes a fim de afastarmos os sentimentos
dolorosos é outro exemplo. Acabamos por desesperar da nossa própria vida e desistir, desejando
a morte. É um sentimento de grande solidão e sem esperança.
O problema com a dor é que, tal como a raiva, se pode tornar destrutiva. Podemos
facilmente cair numa armadilha e começar a sentir pena de nós próprios. Muitas vezes a auto-
piedade, a menos que se faça qualquer coisa para resolvê-la, conduzirá diretamente à bebida ou
ao uso. Ou pode fazer-nos voltar a uma relação destrutiva da qual nos temos estado a tentar
libertar.
A dor pode também conduzir à depressão, que pode imobilizar-nos e fazer-nos sentir
completamente desamparado. Nem sequer queremos sair da cama de manhã. Não conseguimos
dormir ou, então, dormimos todo o dia. A depressão pode também levar a pensamentos ou ações
suicidas. Se isto acontecer, temos de procurar imediatamente ajuda profissional.
É fácil perceber como é importante exprimir a dor natural que surge como parte do luto
ligado à perda que sofremos. Chorar é saudável, é uma boa forma de expressar a dor. É uma
forma de tratamento e de limpeza. Literalmente, as lágrimas lavam, afastando para longe a
tristeza.
No entanto, chorar pode ser muito difícil para certas pessoas especialmente para os
homens a quem se ensina desde que nascem que “os homens não choram”, que é um sinal de
fraqueza, e que os homens nunca devem mostrar fraqueza. Mas, neste aspecto, a mensagem é
“É bom chorar, até mesmo soluçar”. Chorar é um sinal de força e não de fraqueza, porque
representa a coragem de encarar uma perda que provoca luto. Representa o reconhecimento e a
crescente aceitação da impotência e, portanto, da humildade. Chorar é saudável e esplêndido.
4- Negociar
E o negócio foi compensador. Ou terá sido? O filho recuperou e o homem, vendo a mão de
Deus na cura milagrosa do filho, foi fiel à sua parte no negócio. Durante trinta anos, apesar de ser
religioso como era nunca mais pediu nada a Deus! Podem imaginar como ele se deve ter sentido
sem recursos? Como deve ter se sentido solitário? Tendo de fazer tudo sozinho sem qualquer
ajuda? Pensem nos 30 anos de sofrimento que ele passou por causa desse negócio.
Não é de admirar que o homem nunca pudesse sequer começar a recuperar do seu
alcoolismo. Se não podia pedir ajuda ao seu Poder Superior, o que constitui a parte essencial do
Terceiro Passo, não podia recuperar. Tinha afastado através do negocio qualquer hipótese de
fazê-lo. Por isso, negociar também pode ser destrutivo se mantiver por muito tempo porque nos
separa da realidade da perda. Deixa-nos com a ilusão de que temos controle. Impede-nos de
alcançar essa fase final do processo do luto.
5- Aceitação
Esta é a fase final do luto, o objetivo do processo do luto. Tendo passado pela negação,
raiva. Tristeza e negociação chegamos à aceitação da perda que ocorreu. Aceitamos que somos
impotentes perante o álcool (ou perante outra substancia ou outra pessoa), que não somos a
pessoa que pensávamos ser. Tendo feito o luto, podemos aceitar a perda do nosso poder, seguir
a nossa vida, o que é precisamente aquilo a que os Doze Passos diz respeito. Tendo feito o luto e
aceitar a nossa impotência, encontramos a paz e a serenidade. Chegamos a um acordo com a
realidade.
Mas ainda, não precisamos de fé para admitir que somos impotentes, mas precisamos
verdadeiramente dela para aceitarmos a nossa impotência. A fé é o antídoto do medo. Se
tivermos fé que, aconteça o que acontecer, acabaremos por fiar bem, não temos nada a temer.
Podemos aceitar o nosso estado de impotência sabendo que alguém ou alguma coisa cuida e
toma conta de nós. É aqui que entra em cena o Segundo Passo. Tendo admitido que somos
impotentes, viemos a acreditar num Poder Superior a nós, tornando-nos assim capazes de aceitar
a nossa impotência. Podemos então fazer o Terceiro Passo e pedir ajuda. Tudo está interligado.
Há certas sugestões que nos podem ajudar a fazer o luto, e você pode ter algumas ideias
pessoais que não estejam aqui listadas. Elas ajudá-lo-ão a ultrapassar o luto e a alcançar a
aceitação da sua perda. Ajudá-lo-ão enquanto se prepara para fazer o Primeiro Passo.
1) Sinta os sentimentos. Não fuja deles. Lembre-se de que eles são respostas naturais e
saudáveis a uma situação desagradável.
2) Se começar a sentir-se com medo e como se fosse desintegrar-se, siga em frente. Pense que
está bem, que isso faz parte do processo, e que vai ficar bem aconteça o que acontecer.
Também ajuda falar com alguém, um amigo, um conselheiro, um pastor, padre ou rabi, ou um
padrinho. Se sentir bem rezar, a oração ajuda, especialmente a Oração da Serenidade.
Repita-a até o medo desaparecer. E lembre-se de que, na devida altura, tudo se tornará
melhor.
3) Quando ficar zangado, zangue-se! Isto, que parece evidente, não o é para muitas pessoas.
Engolem os seus sentimentos até explodirem e atacarem os outros ou se tornarem azedas,
ressentidas e isoladas. Portanto, irrite-se de maneiras saudável e direta. Ajuda mesmo. Grite
com Deus! Dê murros numa almofada. Vá correr ou jogar tênis. Pode atirar com uma grande
porção de raiva para fora de si atras duma bola de tênis! Se estiver com raiva contra alguém,
diga-lhe assim que tomar consciência do fato. Não espere que isso tome proporções
desmesuradas. Se tiver realmente raivoso, poderá esperar alguns minutos, ou mais se for
necessário, até se acalmar antes de falar com a pessoa em questão. Então, diga-lhe direta e
calmamente que está zangado e por que, lembrando-se que a raiva faz parte do seu processo
de luto e que há de passar. Provavelmente nem sequer estará raivoso contra ela, mas sim
contra a perda que sofreu, e não tem necessidade de culpá-la da sua raiva. Essa pessoa não
é responsável pelos seus sentimentos. A sua raiva é só sua. Por isso, mantenha as suas
afirmações na base do “eu”: “Estou zangado porque penso...”ou “Senti-me zangado quando
você disse (ou fez)... A raiva é aceitável se a exprimir em segurança e de forma não abusiva.
Mas se pensa que não é capaz de fazer isso ou se pensa que vai magoar alguém quer física
quer emocionalmente, então será bem pensado procurar alguma pessoa que seja neutra, falar
com ela sobre a sua raiva e desabafar.
4) Como já foi mencionado anteriormente, chorar é a melhor forma, e a mais saudável, de
exprimir o desgosto. Até mesmo criar pequenos rituais ajuda a tornar uma situação mais
segura para chorar. Talvez uma música triste ou comovente seja útil, ou uma musica que lhe
lembre uma hora ou uma pessoa que tenha tido especial sentido na sua vida – e a que já não
pode voltar. Se precisa estar sozinho para chorar, então procure a solidão de maneira a que
as lagrimas possam surgir. Não se rodeie de pessoas que impeçam que elas venham. Dê a si
próprio a oportunidade de chorar. Diga, “É bom chorar neste momento. Ninguém está aqui e
tenho muito por que chorar, por isso o melhor é começar.” Por outro lado, às vezes é útil
permitir que o esposo, uma pessoa da família ou um bom amigo o amparem enquanto chora.
Os seus carinhos podem ser muito benéficos.
5) Ouça. Quando tem toda a família, o seu patrão e o seu melhor amigo, todos a dizerem lhe que
tem um problema com o álcool ou com outras drogas, talvez seja hora de pensar no assunto.
Ouvir as observações dos outros é o melhor remédio para a negação. Não tem de admitir que
é impotente, mas considere pelo menos essa possibilidade. Tente olhar para os fatos que são
susceptíveis de ser observados na situação. Tomar nota deles e vê-los em letra de forma no
papel ajuda.
6) A melhor cura para a depressão é a ação. Saia e faça qualquer coisa – uma coisa em que
cuide de si: corra, pague as suas contas, lave roupa, lave a louça ou o carro. Realize qualquer
coisa que prove que está vivo e com energia. Faça bolos. Escreva um poema ou, se tiver um
diário, escreva uma página.
Mais importantes que tudo, se tiver pensamentos suicidas, procure ajuda imediatamente. Se
não conseguir encontrar um amigo ou outra pessoa qualquer (um padre ou conselheiro, por
exemplo), ligue para a linha de ajuda (19) 32255-6688.
7) Escreva uma carta dirigida àquilo que perdeu, seja o que for de que se trate. Se for uma
droga, escreva para J.B.Gordon’s Gin, marijuana ou o que quer que seja. Descreva como se
sente por perder o que perdeu e despeça-se. Também resulta com algumas pessoas, mesmo
que esteja morta há muito tempo. É suficiente escrever a carta. Não é preciso metê-la no
correio. Se tiver um diário, ajudá-lo-á escrever a respeito da perda que sofreu. Desenhar ou
pintar constituem uma alternativa. A arte exprime uma quantidade de sentimentos que, por
vezes, não conseguem sair cá para fora de qualquer outra maneira. Não precisa ser artista
para fazê-lo. Tudo o que precisa é de lápis e de uma folha de papel.
8) Cante ou assobie. Se tiver vergonha das suas capacidades musicais, o banheiro e o carro são
ótimas salas de concerto e cantar ajuda realmente a afastar a neura.
9) Ria! Quem é que tem vontade de rir quando se sente triste? É ridículo, mas, no entanto ria.
Norman Cousins curou-se de uma doença terminal rindo. Se ele pode fazer isso, você pode
ultrapassar o luto fazendo o mesmo.
10) Reze e medite. É realmente muito útil, como talvez já saiba. Pedir ajuda em tempos difíceis
traz-nos essa ajuda. Sabe isso, portanto peça e receberá. Comece pela oração da
Serenidade.
11) Leia sobre o luto e o Primeiro Passo. Há uma quantidade de bons livros sobre ambos os
assuntos.
12) Preencha os seus tempos livres com novas atividades e amigos. Contrariamente à crença
muito divulgada entre as pessoas dependentes dos químicos, há imensas coisas que se
podem fazer que não envolvem álcool ou outras drogas. Dedique-se aquele “hobby” que
sempre desejou ter – quer seja fotografia, costura, jardinagem, construir modelos de barcos,
bordados, pintura, ou qualquer outra coisa. Inscreva-se num curso sobre um assunto que ache
que o pode interessar. Envolva-se nas atividades da sua igreja ou sinagoga: como, catequese,
leituras ou dê informações sobre o álcool a uma aula de educação de adultos, ou esclareça
como a sua igreja pode ajudar as pessoas que sofrem de alcoolismo! Compre bilhetes para si
e para um novo amigo irem ao concerto, ao teatro ou a um jogo de futebol ou de hóquei.
Jogue tênis. Junte-se a um grupo de teatro amador. As possibilidades de novas atividades e
novos amigos são infindáveis. A questão essencial é ao deixar a sua droga de escolha, você
criou uma grande porção de tempo livre com menos amigos. Encha esse tempo com os
amigos que encontra quando participa em novas atividades.
13) Acima de tudo, seja bem para consigo. Seja tão carinhoso e amável consigo mesmo como
seria com um amigo querido a quem tivesse acabado de morrer um dos pais ou um filho. De
vez em quando, ofereça-se pequenos presentes ou compre um ramo de flores primaveris.
Coma bem e com regularidade, apanhe muito ar fresco e faça exercício. Isto é muito
importante. Tome um banho com espuma, compre um ursinho de pelúcia ou talvez mesmo um
cachorro. Ninguém sabe a razão, mas um cão e rosas encarnadas parecem ajudar as
pessoas, a recuperar da doença mais depressa, e tem provavelmente, o mesmo efeito quando
se recupera de uma perda. Lembre-se de ser bom para consigo. Perdeu muito e merece ser
tratado com carinho.
Vergonha Toxica
E
xistem maneiras saudáveis de derrubar e enfrentar a
vergonha tóxica. Mudança no sistema de crenças pessoais
rígidas e do controlo baseadas na Vergonha (tóxica) por
crenças baseadas no Amor-próprio e na Auto aceitação.
Segundo Melody Beattie, aquilo que fizemos (comportamento) pode não ser OK., mas nós
(pessoa única e singular) somos OK. Podemos decidir fazer algo diferente para corrigir esse
padrão de comportamento disfuncional. Este é o objetivo básico em recuperação, é a essência
dos programas de 12 Passos e é o que o programa de recuperação dos 12 passos pode fazer por
nós próprios.
Ao longo da vida, adquirimos um código moral que nos informa, no dia-a-dia, se estamos a
violar ou não esse código de valores. Todavia, em recuperação adoptamos um novo sistema de
crenças saudáveis e construtivas, através dos 12 Passos mantendo um contato com o nosso
poder Superior,(conceito individual imaterial não religioso sem dogmas e divindades). Este novo e
realista sistema de crenças reforça a confiança e a auto-aceitação, bem como a relação com as
outras pessoas. Somos pessoas OK e esta realidade é reforçada, através da aprendizagem com
os erros e da monitorização honesta dos comportamentos, em vez da busca da perfeição e da
ilusão. Em recuperação, inicia-se o processo de adaptação à realidade, privilegiando a tolerância,
a flexibilidade, a honestidade, a ajuda-mutua e a responsabilização.
A culpa é algo que se pode resolver com o tempo. Por exemplo, através de reparações dos
erros do passado e na procura de soluções para corrigir e mudar as atitudes e os
comportamentos disfuncionais. Na vergonha tóxica não se consegue anular ou fazer reparações,
está “enraizada” no nosso ser. Vivemos com a sensação de que aquilo que temos de fazer em
relação aquilo que nos rodeia é arranjar um rol de desculpas e justificações pela nossa própria
existência, nem que para isso as nossas necessidades sejam ignoradas e/ou negligenciadas.
Podemos ter "ataques" de vergonha tóxica, moderados e ou agudos. Podemos viver num
constante estado de vergonha, perfeccionismo e controlo. Todavia, podemos aprender a
identificar e a reconhecer a vergonha tóxica. Como é que a sentimos? Quais os pensamentos e
as crenças que a produzem? Como é que somos afetados? Como é que reage normalmente à
vergonha tóxica? Foge? Esconde-se? Culpa os outros? Fica bloqueado/a? Sente raiva intensa ou
tenta controlar?
A vergonha tóxica é uma força poderosa. Por falta de outra palavra apropriada chamamos-
lhe sentimento. Quando surge, interpreto-a como outro sentimento qualquer. Falo com alguém de
confiança sobre a vergonha. Pelo menos, admito-a a mim mesma. Por vezes, consigo expressa-
la, baixo a cabeça, olho para o chão, cubro a minha cara com as mãos e digo “ Tenho tanto
vergonha...”. Outras vezes, simplesmente digo, “Sim, é vergonha”. Aplicar o básico na gestão dos
sentimentos também se aplica à vergonha tóxica. É um sentimento, por isso, é da nossa
responsabilidade lidar com ele de uma forma construtiva e procurar entregar o resultado. É
importante reconhecer a impotência e aceitar que não é possível controlar, não existe a perfeição.
A vergonha é como qualquer outro sentimento, nega-lo não faz com que desapareça, torna-o
ainda maior e com mais força , por ex. os segredos e crenças disfuncionais (erros cognitivos).
De facto, não quero saber desses momentos quando sinto vergonha. Normalmente, sentia
dessa maneira na maioria das vezes, no presente, normalmente tenho alguma auto-estima e
sentimentos positivos quando a vergonha tóxica surge de novo.
Soltar a Vergonha, em vez de a esconder (Entregar) Uma vez que aceitarmos a presença
da vergonha encontramos uma maneira construtiva de a fazer desaparecer. Volte a falar sobre os
sentimentos com alguém de confiança. Pode ficar zangado. Faça afirmações para si próprio “Vou
soltar-te...”. Sinta a intensidade, faça amigos/as genuínos, fala sobre com eles. Aprenda a
Entregar e siga em frente, centre a sua atenção nas soluções, em vez de nos problemas.
Trabalhe o Passo Seis e o Sétimo dos Doze Passos dos Alcoólicos Anónimos. Trabalhe o Passo
Seis e prepare-se, entregar (soltar) o defeito de caráter relacionado com a vergonha. Trabalhe o
passo Sete, pedindo ao seu poder Superior, não religioso sem dogmas e divindades que o
remova. Arrisque e enfrente esta situação da melhor forma possível, mas continue a trabalhar
este assunto, permaneça atento e entregue (Solte) o sentimento de vergonha.
Muitos de nós cresceram num “ emaranhado” de Vergonha Tóxica em relação aquilo que
são os nossos verdadeiros direitos e necessidades como seres humanos. È importante saber
identificar e entender os nossos direitos e as nossas “novas” regras em recuperação. A partir
desse conhecimento e através da experiência acumulada conseguimos lidar com a Vergonha
Tóxica quando ela surgir através de novas crenças e experiências em das “velhas” regras rígidas
e perfeccionistas.
Somos livres (direito) de dizer Sim, Não ou Não sei. Temos o direito e ser uma pessoa
saudável, de sentir segurança, confiança, protegidos e de cuidar de nós mesmos, o melhor
possível. Temos o direito de definir os nossos limites, de nos livrar de qualquer tipo de abuso, de
crescer à “nossa velocidade” ou ritmo. Temos o direito de cometer erros, de sentir alegria, de
amar e ser amado. Somos livres (direito) quanto às nossas próprias percepções, as nossas
observações, opiniões e sentimentos. Temos o direito de permanecer saudáveis e acumular
sucessos, conforme quisermos.
Nesse mesmo dia tomei uma decisão e afirmei "Estou aqui...sou eu. Sou importante,
apesar do meu passado, do meu presente, do meu futuro, das minhas fraquezas, dos meus erros
e da minha condição humana.
Sou competente e suficientemente apta para viver uma vida preenchida e positiva.
Algumas vezes cometemos grandes erros outras vezes cometemos pequenos erros. O erros que
cometemos estão relacionados com aquilo que fazemos; não com aquilo que realmente somos.
Temos o direito de ser e de estar onde estamos. Se não estamos seguros acerca daquilo que
somos temos o direito em fazer uma excitante descoberta e não permitir que a vergonha nos
condicione e/ou "cristalize".
Culpa
Q
uais são as causas do sentimento de culpa mais
comuns nos dias de hoje?
Culpa vem sempre de “mãos dadas” com
insegurança e sentimento de incompetência. Ou seja, quando
percebemos culpa estamos olhando para uma total falta de
confiança em si próprio. Sendo assim as pessoas sentem
culpa por tudo o que as faz sentir que não fizeram o suficiente,
o amigo que não está bem “Eu poderia ajudar este amigo”, o chefe que está atolado “Eu poderia
ficar até mais tarde”, o filho que não vai bem na escola “Eu deveria passar a noite estudando com
ele”, etc.
Mas percebo uma forte foco de culpa relacionada à família. As pessoas estão tendo menos filhos,
ou tendo filhos mais tarde, pela necessidade de dar prioridade à carreira precisam de tempo para
trabalhar até mais tarde, estudar mais, ter a cabeça voltada para projetos profissionais, e quando
menos percebem estão com seus pais idosos, precisando de ajuda e não conseguem dar esta
atenção. Esta é a hora que bate a culpa, pois além de estar sem tempo para cuidar deles ainda
percebem que não constituíram sua própria família, o que faz muita falta.
Ainda no que se refere à família, percebo na prática clinica que muita culpa aparece nos
momentos de separação. Ainda somos criados para o doce “foram felizes para sempre”, mas
essa não é a realidade para muitos. Interromper um relacionamento sempre é muito doloroso, e o
principal componente para essa dor é a culpa. Pensamentos do tipo “será que eu falhei?”, “o que
eu poderia ter feito?”, “onde errei?”, são todos pensamentos de indicam forte culpa.
A culpa pode ser muito irracional, tem gente que sente culpa porque alguém que estava à sua
frente na calçada tropeçou, “Como não adivinhei que esta pessoa precisaria de mim?”. Ela só não
percebe que não adivinhou porque não existe bola de cristal.
A culpa é uma trava. A pessoa com sentimentos de culpa deixa de fazer coisas que não tem
relação alguma com a situação inicial. Por exemplo, a pessoa que sente culpa por não conseguir
mais tempo para ficar com os filhos não se dá o direito de ter seu lazer mesmo quando os filhos
estão ocupados com outras coisas e ela está, teoricamente, com tempo livre.
A culpa faz a pessoa sentir que: “faça o que fizer nunca é suficiente”.
Quais são geralmente as características da pessoa que se sente culpada? Existe um perfilmais
comum?
Sim, existe. Pessoas que se consideram incapazes delidar comresponsabilidades do dia a dia
são as que têm maior propensão para sentir culpa.
São pessoas que frequentemente dependem da ajuda dos outros para tomar decisões, iniciar
tarefas novas, cuidar de si mesmo, resolver os problemas do cotidiano, exercer julgamentos, etc.
São pessoas com forte sentimento de desamparo.
A origem de toda essa culpa pode ter sido a família que não o encorajou, quando criança, a ser
independente e desenvolver confiança em si mesmo.
Quem geralmente sente mais culpa, homem ou mulher?
A mulher. Definitivamente a mulher. Temos uma cultura de muita cobrança sobre a mulher. A
jornada dupla é um belo exemplo, pois a faz se sentir incompetente, mesmo não sendo. Há a
expectativa de que ela poderia dar conta tranquilamente de casa, trabalho, filhos, sogros, etc, o
que é impossível, mas mesmo assim ela se sente culpada por não conseguir. Toda mulher tem
uma “capa de mulher maravilha” guardada no armário. Ela acha que deveria atender a todos,
suprir a todos. Toda mulher tem uma super mãezona dentro de si.
O primeiro passo é identificar a culpa emocional da culpa concreta. Até agora falamos de culpa
emocional.
Um exemplo de culpa concreta seria uma pessoa que de fato lesou alguém física, financeira ou
moralmente. Para superar esta culpa só há um caminho: fazer de tudo para reparar o erro. Custe
o que custar. Vença a preguiça e a vergonha e faça o máximo para minimizar o prejuízo causado.
Peça desculpas, ajude a pessoa lesada, ajude outras pessoas em situações parecidas, faça o
que for possível, e o impossível também.
Para a culpa emocional, onde o sentimento de culpa não corresponde ao dolo, a melhor resposta
seria a consciência de que todos nós somos limitados. Podemos fazer o nosso melhor, mas
mesmo o melhor dos melhores tem seus limites humanos.
Saber que tudo tem um preço, toda decisão faz parte de um processo de escolhas, se queremos
X temos que abrir mão de Y. Se tivermos consciência da importância da preservação do meio
ambiente vamos gastar mais tempo na separação do lixo, por exemplo. A culpa aparece quando
temos essa consciência, mas não conseguimos separar um tempo para dedicar ao que sabemos
ser importante.
Se deixarmos nosso perfeccionismo de lado, esse perfeccionismo que não aceita fazer escolhas,
que quer o melhor dos dois mundos, poderemos perceber que temos o direito do desfrute de
nossa própria vida.
VIVER COM CULPA É NÃO VIVER.
Culpa vem sempre de “mãos dadas” com insegurança e sentimento de incompetência. Ou seja,
quando percebemos culpa estamos olhando para uma total falta de confiança em si próprio.
Sendo assim as pessoas sentem culpa por tudo o que as faz sentir que não fizeram o suficiente,
o amigo que não está bem “Eu poderia ajudar este amigo”, o chefe que está atolado “Eu poderia
ficar até mais tarde”, o filho que não vai bem na escola “Eu deveria passar a noite estudando com
ele”, etc.
Mas percebo uma forte foco de culpa relacionada à família. As pessoas estão tendo menos filhos,
ou tendo filhos mais tarde, pela necessidade de dar prioridade à carreira precisam de tempo para
trabalhar até mais tarde, estudar mais, ter a cabeça voltada para projetos profissionais, e quando
menos percebem estão com seus pais idosos, precisando de ajuda e não conseguem dar esta
atenção. Esta é a hora que bate a culpa, pois além de estar sem tempo para cuidar deles ainda
percebem que não constituíram sua própria família, o que faz muita falta.
Ainda no que se refere à família, percebo na prática clinica que muita culpa aparece nos
momentos de separação. Ainda somos criados para o doce “foram felizes para sempre”, mas
essa não é a realidade para muitos. Interromper um relacionamento sempre é muito doloroso, e o
principal componente para essa dor é a culpa. Pensamentos do tipo “será que eu falhei?”, “o que
eu poderia ter feito?”, “onde errei?”, são todos pensamentos de indicam forte culpa.
A culpa pode ser muito irracional, tem gente que sente culpa porque alguém que estava à sua
frente na calçada tropeçou, “Como não adivinhei que esta pessoa precisaria de mim?”. Ela só não
percebe que não adivinhou porque não existe bola de cristal.
A culpa é uma trava. A pessoa com sentimentos de culpa deixa de fazer coisas que não tem
relação alguma com a situação inicial. Por exemplo, a pessoa que sente culpa por não conseguir
mais tempo para ficar com os filhos não se dá o direito de ter seu lazer mesmo quando os filhos
estão ocupados com outras coisas e ela está, teoricamente, comtempo livre.
A culpa faz a pessoa sentir que: “faça o que fizer nunca é suficiente”.
Quais são geralmente as características da pessoa que se sente culpada? Existe um perfil mais
comum?
Sim, existe. Pessoas que se consideram incapazes de lidar com responsabilidades do dia a dia
são as que têm maior propensão para sentir culpa.
São pessoas que freqüentemente dependem da ajuda dos outros para tomar decisões, iniciar
tarefas novas, cuidar de si mesmo, resolver os problemas do cotidiano, exercer julgamentos, etc.
São pessoas com forte sentimento de desamparo.
A origem de toda essa culpa pode ter sido a família que não o encorajou, quando criança, a ser
independente e desenvolver confiança em si mesmo.
A mulher. Definitivamente a mulher. Temos uma cultura de muita cobrança sobre a mulher. A
jornada dupla é um belo exemplo, pois a faz se sentir incompetente, mesmo não sendo. Há a
expectativa de que ela poderia dar conta tranquilamente de casa, trabalho, filhos, sogros, etc, o
que é impossível, mas mesmo assim ela se sente culpada por não conseguir. Toda mulher tem
uma “capa de mulher maravilha” guardada no armário. Ela acha que deveria atender a todos,
suprir a todos. Toda mulher tem uma super mãezona dentro de si.
O primeiro passo é identificar a culpa emocional da culpa concreta. Até agora falamos de culpa
emocional.
Um exemplo de culpa concreta seria uma pessoa que de fato lesou alguém física, financeira ou
moralmente. Para superar esta culpa só há um caminho: fazer de tudo para reparar o erro. Custe
o que custar. Vença a preguiça e a vergonha e faça o máximo para minimizar o prejuízo causado.
Peça desculpas, ajude a pessoa lesada, ajude outras pessoas em situações parecidas, faça o
que for possível, e o impossível também.
Para a culpa emocional, onde o sentimento de culpa não corresponde ao dolo, a melhor resposta
seria a consciência de que todos nós somos limitados. Podemos fazer o nosso melhor, mas
mesmo o melhor dos melhores tem seus limites humanos.
Saber que tudo tem um preço, toda decisão faz parte de um processo de escolhas, se queremos
X temos que abrir mão de Y. Se tivermos consciência da importância da preservação do meio
ambiente vamos gastar mais tempo na separação do lixo, por exemplo. A culpa aparece quando
temos essa consciência, mas não conseguimos separar um tempo para dedicar ao que sabemos
ser importante.
Se deixarmos nosso perfeccionismo de lado, esse perfeccionismo que não aceita fazer escolhas,
que quer o melhor dos dois mundos, poderemos perceber que temos o direito do desfrute de
nossa própria vida.
Depressão
A
depressão, como a dependência de álcool e outras drogas, é uma doença resultante de
uma série de fatores biológicos, psicológicos e sociais. E não é raro que as duas estejam
ligadas. A depressão é uma alteração do humor na forma de tristeza profunda, é a
vivencia da dor profunda da angústia, da sensação da falta de vontade, da vontade de desistir de
tudo, inclusive da vida; ela induz à diminuição da estima por si.
Sem que seja percebida claramente, a depressão vai se instalando gradativamente. Torna-
se forte e predominante, fazendo com que a pessoa não perceba seu próprio valor e importância,
levando-a cada vez mais a excluir-se da própria vida e das relações interpessoais.
É válido ressaltar que a pessoa pode ter reações ou crises depressivas em determinados
momentos circunstanciais. Mas isso não quer dizer que esteja doente.
Por exemplo, no caso da morte de um ente querido: é natural uma crise que dure até 20
dias. Se passar disso, é importante procurar ajuda especializada.
Com minha experiência no tratamento de dependência química, posso afirmar que muitos
dos pacientes deram início ao uso de álcool e outras drogas devido à depressão. Na maioria dos
casos usam substâncias químicas para aliviar ou fazer desaparecer os sintomas da depressão.
Portanto, afirmamos que a depressão pode ser uma comorbidade associada à dependência
química.
MEDO DO COMPROMETIMENTO
Este medo normalmente coincide com o perfeccionismo. Pondere ler o nosso artigo:
Quando ser perfeccionista se torna um problema. Muitas das vezes sentimos a necessidade de
fazer a melhor decisão possível para continuar com a nossa vida. A nossa vida está em constante
mudança e crescimento. Nós apenas conseguimos fazer a melhor decisão possível baseado no
nosso atual conhecimento. Não existem decisões perfeitas, e muitas vezes nós temos a
possibilidade de mudar a nossa decisão se percebermos que não está a funcionar como
desejaríamos. É exatamente deste processo que se alimenta a mudança e o crescimento de cada
um de nós. As decisões estabelecem uma relação com o conhecimento que temos no momento e
que enfrentamos em determinadas circunstâncias ou situações de vida.
É com os fatos que temos no momento que nos devemos comprometer com os
comportamentos, atitudes ou decisões que tomamos. O medo do comprometimento, inibe que
possamos viver a vida tal qual ela é, cheia de opções e possibilidades que se comprovam ser
eficazes, bem sucedidas ou felizes apenas se assumirmos e efectuarmos aquilo que julgamos ser
necessário para atingir os resultados desejados. Só à posterior conseguimos analisar aquilo que
fizemos. Umas vezes sendo bem sucedidos, outras nem por isso. Mas tem sido com a tentativa e
erro que toda a humanidade chegou ao ponto em que nos encontramos.
Dica: Vale sempre a pena tentar, porque tentar é viver arriscando aquilo que se teme.
MEDO DA REJEIÇÃO
Existe sempre a possibilidade de experimentarmos a rejeição dos outros, mas a dor resultante
deste sentimento, será preferível à dor de se rejeitar a si mesmo de ser aceite pelos outros.
Poderá você ser sempre feliz vivendo a sua vida de acordo com as ideias dos outros, ou você irá
sentir ressentimento e frustração deixando fugir a oportunidade de ser aceite pelo seu verdadeiro
eu? Se você seguir o seu coração, você irá permitir a aproximação daqueles que lhe dão suporte
e acreditam em si. A grande maioria daqueles que o rejeitam certamente não serão as melhores
pessoas a escolher para ter na sua vida.
Manifeste o seu eu, expresse a sua forma de ser, assuma as sua posições e opiniões. As
pessoas devem-nos a aceitar por aquilo que nós somos e como somos, isto evita a hipocrisia,
evita uma vida de faz de conta, e potencia a autoestima e confiança, quer em nós quer na vida.
Dica: O medo da rejeição inibe a expressão daquilo que faz de nós pessoa únicas.
AGARRAR A VIDA
Por vezes o medo é tão incapacitante que julgamos poder morrer. Cresce em nós um
pensamento de rejeição da coisa temida, afastamo-nos
dela, esperando que um dia nasça em nós a coragem
para lidar com o medo. Pela experiência que tenho de
implementar programas de tratamento para problemas
relacionados com os transtornos de ansiedade, a técnica
mais eficaz para conseguir gerir e/ou erradicar os
medos é através da exposição, mais concretamente
através do enfrentamento daquilo que representa o
medo.
Dica: Se vivermos a vida a afastarmo-nos da grande maioria dos obstáculos que encontramos,
corremos o risco de nos afastarmos demasiado dos nossos objectivos. Foque-se no seu alvo e
direcione esforços para guiar a seta da sua vida.
Algumas coisas da nossa vida resolvem-se com o passar do tempo, mas se isso se tornar
uma regra pela qual nos orientamos, corremos o risco de ficarmos expostos às forças externas,
as quais não temos qualquer tipo de controle. Se estivermos passivamente à espera que as
coisas na nossa vida mudem, caímos rapidamente numa situação de vitimização ou
desapontamento. Uma atitude muito mais construtiva é adoptar um papel mais positivo e
trabalhar nas coisas que pretendemos, nas coisas que estávamos à esperar que acontecessem
por si só. Deveremos tentar orientar as nossas ações no sentido de ficamos numa situação mais
vantajosa e favorável.
Dica: Com os recursos que existem atualmente, não será difícil encontrar alguma forma de ajuda,
desde que se proponha a mudar e a aprender.
AS ARMADILHAS DA NEGAÇÃO
Uma das piores coisas que nos pode acontecer é recusarmos admitir os problemas que
temos, enveredando por uma atitude autosabotadora. Para saber mais acerca deste assunto
específico pondereler o nosso artigo: Os 10 sabotadores do seu sucesso.Uma premissa para a
mudança é a necessidade de admitirmos os nossos problemas ou situações incapacitantes, a
negação pode manter-nos “paralisados” para sempre. Por vezes recusarmos admitir os nossos
problemas e medos é um resultado do falso orgulho. Você tem dificuldade em admitir que está
errado, que necessita enfrentar os seus problemas de frente? Se sim, talvez esteja na altura de
perceber porquê. Pondere procurar recolher feedback de uma fonte imparcial, como um
conselheiro, ou um psicólogo, ou até um curso de desenvolvimento pessoal. O objetivo é
identificar algumas áreas que necessita mudar e/ou enfrentar na sua vida.
Se a sua vida está a desmoronar-se, mas você finge que não está acontecendo nada, a
isto chama-se negação. É fácil negar a verdade quando temos uma visão em túnel e ignoramos o
panorama geral. Ignorar as coisas nunca foi uma grande estratégia dado que não faz com que
elas desapareçam. Uma das formas de identificar a intensidade do problema é tentar registrar o
grau de desconforto e de disfunção que causa no seu dia-a-dia. O que é que deixou de fazer, o
que é que evita, o que é que o deixa em pânico, desesperado, o que é que o deixa ansioso ao
ponto do seu coração lhe saltar pela boca? Numa escala de 0 a 10 quanto é que está a
prejudicar o seu trabalho, o seu estudo, o seu relacionamento, a relação com os seus amigos e
familiares, em que grau lhe afeta o seu bem-estar e a felicidade? Em que grau diminui a sua
autoestima e autoconfiança?
O MEDO DO FRACASSO
Algumas pessoas ficam humilhadas por não serem perfeitas. Eventualmente por terem
experimentado a ridicularização ou terem sido humilhados pela derrota. No caminho tumultuoso e
sinuoso para a via do perfeccionismo, vai-se construindo a ideia que se não se tentar, não se
pode falhar. Por vezes o medo de fracassar paralisa-nos na nossa trilha, mesmo antes de
iniciarmos a corrida. O medo de falhar normalmente impede-nos de colocarmos todo o nosso
esforço numa situação. O medo impede e evita que possamos viver a nossa vida em todo o seu
esplendor. O fracasso é uma opção mas o medo não.
Dica: A única forma de falhar é desistir. Tudo o resto é
uma experiência de aprendizagem.
Não expressar os sentimentos funciona como uma panela de pressão, quanto mais tempo
você mantiver a tampa fechada, maior é a pressão gerada. Na verdade os sentimentos são
impossíveis de conter, mais tarde ou mais cedo eles irão emergir e fazer-se sentir. Talvez de uma
forma não relacionada com a situação indutora, expressam-se nas mais variadas maneiras, como
uma doença física, problemas de pele, obesidade, stress, ou incapacidade de lidar com situações
exigentes. Na verdade, você irá sempre arranjar uma maneira de expressar os seus sentimentos.
Mantê-los engarrafados e sobre pressão irá sempre conduzi-los a efeitos secundários
indesejáveis. Expressar as suas emoções de forma aberta e direta canaliza a energia de uma
forma muito mais saudável, verificando-se ser funcional e adequado para o desenvolvimento de
equilíbrio emocional.
Citação: “Sentir gratidão e não a expressar é como embrulhar um presente e não o entregar.” –
William Arthur
O MEDO DO SUCESSO
Muitos de nós aprendemos que o sucesso é egoísta. Foi-nos dito vezes sem conta para
não nos sentirmos “inchados” e “vaidosos”. O sucesso pode trazer louvor, atenção e notoriedade
com a qual podemos não nos sentir confortáveis. O sucesso pode colocar-nos numa situação de
liderança e de responsabilidade acrescida. Podemos ficar com a ideia que teremos de responder
a mais questões e temos de nos expor frequentemente ou ter de falar para grupos de pessoas ou
organizações.
A expectativa dos outros pode crescer sobre nós, uma vez que mostrámos ser
competentes. Se todas estas situações nos causam incómodo e se apresentam como
desagradáveis, inserem-se perfeitamente na componente do medo, olha-se para o sucesso tal
qual uma fobia. Uma forma de fugir a tudo isto é parar antes de podermos ser bem sucedidos. No
entanto, este evitamento tem certamente um preço. Uma contínua falta de sucesso nas nossa
vidas conduz-nos com toda a certeza para a depressão, desmotivação, sentimento de fracasso,
letargia e impotência para lidar com grande parte das situações de vida.
Dica: Quando você não faz nada, sente-se oprimido e impotente. Mas quando você se envolve,
tem o sentimento de esperança e realização, que emerge da consciência que tem de estar a
trabalhar para melhorar as coisas na sua vida.
A incerteza pode causar medo. Quando as coisas vão no sentido daquilo que queríamos,
sentimo-nos seguros. Na tentativa de evitar o medo,
podemos cair na tentação de olhar para o mudo
desejando que fique sempre na mesma. Por vezes
ficamos paralisados em rotinas rígidas que nos
impedem de crescer e ser flexíveis. Podemos também
ter tendência para insistir que os outros se conformem
com as nossas ideias do que é certo e errado, e
sentimo-nos ameaçados quando eles não o fazem. Tentar criar um mundo totalmente “seguro” é
como construir a nossa própria prisão. Mantem-nos reféns do nosso próprio medo. Muitas das
desordens de ansiedade, como por exemplo o transtorno de pânico, emergem do fato de se ter
medo de ter medo. Viver uma vida desta forma tornar-se totalmente incapacitante, vive-se em
constante alerta sempre que algo não acontece como desejaríamos.
Citação: “Aquele que reina dentro de si, as regras das paixões, desejos e medos, é mais do que
um rei.” – John Milton
RESUMINDO
O medo pode ser controlado. Removê-lo do poder de afetá-lo é remover o próprio medo.
Ter aautoconfiança para ser capaz de lidar com os medos da sua vida irá ajudá-lo com outros
acontecimentos também. Identifique alguns do seus medos, olhe-os de frente, enfrente-os e
recuse-se a que eles o controlem. Faça já hoje mesmo alguma coisa para que eles comecem a
enfraquecer. Pense numa estratégia e coloque-a em ação. A sua vida tornar-se-à muito mais
saborosa.
Se o seu medo tem vindo a aumentar até ao ponto em que desenvolveu ataques de
pânico, piorando drasticamente a sua vida, conheça o meu livro: Ataques de Pânico – Saiba
como superar os seus medos que tem ajudado milhares de pessoas a recuperarem a sua
qualidade de vida.
REJEIÇÃO
Certa vez, uma aluna chegou em minha sala muito chorosa, dizendo que seu companheiro
havia terminado a relação repentinamente. Estranhamente, parecia que naquele momento o seu
amor por ele havia aumentado! Não me lembro dela ter mostrado antes, tanto amor assim! Na
verdade, pouco falava a respeito dele antes daquele dia! Estava lidando muito mal com a
rejeição!
Ela sentia muito medo de ficar só, pois segundo ela, não conseguia manter um
relacionamento por muito tempo. Disse que sentia claramente que depois de algum tempo, o
parceiro começava a rejeitá-la, embora ela não compreendesse o motivo. Se dizia dedicada e
atenciosa com os parceiros, mas que mesmo assim, nunca se sentiu amada de verdade.
Ela respondeu que procurava evitar ficar sozinha em casa, pois isso lhe dava angústia e
começava a pensar que realmente não era uma pessoa interessante, que devia ser diferente, que
devia ser isso e aquilo...
Em primeiro lugar, todos nós precisamos antes de nos sentirmos amados, antes de
pretendermos ser necessários e agradáveis para alguém, sermos tudo isso para nós mesmos!
Antes de pretendermos nos sentir amados, precisamos nos amar! E nos amar, quer dizer
gostarmos de nossa própria companhia!
“Nos amar” não quer dizer que tenhamos que ser perfeitos! Mas também não quer dizer
que louvamos nossos defeitos! Quer dizer que tentamos nos conhecer e procuramos cuidar de
nós mesmos, transformando o que possa nos prejudicar em nossa conduta e pensamentos, e
reconhecendo nossas qualidades. Sentindo que trabalhar em nós mesmos é muito compensador!
Se não nos conhecermos, nos amarmos e respeitarmos, gostando de nossa própria
companhia, é pouco provável que alguém vá querer estar conosco, nos amar ou respeitar!
Imagine se você gostaria de estar ao lado de alguém que é pessimista, vive reclamando da
vida, desanimado diante das pequenas coisas do dia-a-dia, que não sabe sorrir para a vida, que
se acha pouco interessante e que é pesado e triste? Você não se sentiria constrangido e
chateado se essa pessoa quisesse vir conversar com você? Você chamaria uma pessoa assim,
que vive se sentindo uma pobre vitima de tudo e todos, para sair e se divertir?
Agora imagine se gostaria de estar ao lado de alguém que vive com medo, cobrando
carinhos e atenções, quegruda em você como um polvo e não o deixa dar um passo sem que
esteja se colocando à sua frente, solícito! Sufocante, não é mesmo?!
Quem não gosta de si e de sua própria companhia, quem não gosta de estar só em alguns
momentos, quem não sabe se divertir consigo mesmo não pode ser uma boa companhia para
ninguém, pois não é uma boa companhia para si mesmo, antes de mais nada!
Não precisamos ouvir que alguém nos ama, para nos amar! Mas se nos amarmos de
verdade, amaremos de verdade outras pessoas e certamente ouviremos isso de alguém também!
Estar só e se amar, não projetar nossa vida em função dos outros, não jogar as
responsabilidades de nossafelicidade nas mão de ninguém, não jogar o peso de nossos
problemas nos ombros de ninguém, não nos apegaras pessoas a ponto de sufocá-las, tudo isso,
são aprendizados importantíssimos em nossas vidas!
Relacionamentos são trocas, são aprendizados, companheirismo e amor, mas não são
tábuas de salvação!Nenhum relacionamento pode nos salvar de nós mesmos!
Se não entendermos isso, possivelmente vamos lidar muito mal com qualquer tipo de
rejeição! Vamos querer controlar o parceiro, não suportaremos a perda, faremos um drama
imenso e afastaremos cada vez mais as pessoas!
Pensar que nosso propósito nessa vida seja ter um companheiro ou companheira, e que se
não tivermos não viveremos, é enxergar muito pouco a respeito do que seja nossa vida e missão!
Olhe antes de tudo para si, descubra-se, enxergue-se primeiro, para só depois poder
descobrir e enxergar osoutros. Caso contrário, seu julgamento a respeito dos outros fica
comprometido e você erra! Ame-se, ame avida, que os bons relacionamentos acontecerão como
consequência! Lembre-se de que ninguém pode pretender dar aquilo que não possuir! Encha-se
de amor para poder dar e receber amor!
Portanto, não são os outros que nos rejeitam! Somos nós quem nos rejeitamos primeiro, e
os outros apenas copiam e concordam com nossa atitude!
MEDITAÇÃO
Procure tirar sua mente dos pensamentos que tem a respeito de suas falhas e erros, e
deixe que venha a percepção de sua alma, de seu amor, de seus sentimentos mais sublimes!
Deixe vir aos olhos de sua mente uma bela paisagem! Sinta-se nesse lugar paradisíaco!
Respire esse ar amoroso e tranquilo!
Envolva-se no sentimento de amor, pois esse é o sentimento que nos liberta da crítica
negativa. Deixe que seu coração se complete se encha do mais puro amor. Projete esse amor a
seu corpo, a sua mente, a sua vida. Deixe que o amor tome conta de cada célula de seu corpo,
de toda sua alma! Sinta-se assim, amoroso e pleno! Ame-se! Você é um ser muito, muito
especial, porque é único! Não há no universo inteiro outro ser igual!
Sentimentos de inferioridade
A verdade é que somos seres sociais e precisamos da aprovação dos outros para nos
sentir integrantes de um grupo, antes da civilização nossa sobrevivência dependia disso. Desde
pequenos aprendemos que somos aceitos quando correspondemos ao que as outras pessoas
esperam de nós (criança boazinha ganha sobremesa, criança malcriada fica de castigo), desse
modo quando não conseguimos satisfazer tais expectativas ou acreditamos que somos incapazes
de satisfazê-las, somos tomados por um sentimento de inadequação, nos sentimos o “patinho
feio” do nosso grupo.
A piedade dos outros nos coloca em uma posição confortável, em que nos vemos
desobrigados a realizar determinadas tarefas e ficamos livres da culpa e das acusações
(coitadinho tá dodói, não precisa ir à escola). Em certa etapa da vida as pessoas não nos veem
mais como coitados, mas ainda assim ansiamos pela piedade e toda proteção que vem com ela.
O que fazemos? Desenvolvemos a auto piedade para satisfazermos as nossas próprias manhas.
O problema é que a auto piedade é uma praga, ela atrapalha na sua vida financeira,
amorosa, social e pode prejudicar até mesmo a sua saúde. Enquanto você se enxergar como
coitadinho sempre vai se sentir inferior aos outros. Eu não sei quem você é, mas sei que é tão
capaz quanto qualquer outro! Desde que não fique sentindo dó de si mesmo.
Talvez você acredite que possua alguma limitação que é a causa do seu complexo.
Entretanto tenho certeza que se procurar, vai encontrar pessoas com o mesmo problema que
você e que, no entanto são muito bem resolvidas. Seus sentimentos de inferioridade não estão na
sua “limitação” ou “defeito”, mas na forma como você se percebe. As limitações e deficiências
podem até mesmo ser um impulso para que você vá mais longe. Beethoven era surdo e se tornou
o maior músico da história, Cleópatra era feia (é que dizem os historiadores) e conquistou os
homens mais cobiçados do seu tempo.
Algumas pessoas acreditam que o mundo não os aceita e os julga de forma negativa, daí
passam reagir da mesma forma. Gente assim se torna amarga e agressiva (como os
personagens Sherek e Megamente), os outros não irão compreender o porquê de tal
comportamento e irão se afastar e hostilizar essa pessoa que irá enxergar nisso a comprovação
de que todos o rejeitam. Existe ainda quem faça questão de se tornar antipático e fingir não se
incomodar com que os outros pensam dele (a), quem se esforce para se tornar mais feio
descuidando totalmente da aparência e diz que quem se importa com isso é superficial. Essas
são apenas formas negativas de compensação.
Se o seu desejo é ser aceito e admirado por outras pessoas experimente se tornar alguém
agradável e digno de admiração.
Algumas pessoas exigem muito de si mesmas, por vezes querem a perfeição e quando
não conseguem isso sentem se as piores pessoas do mundo. É claro que isso é um sintoma do
complexo de inferioridade, como o individuo se sente pior que todo mundo ele tenta compensar
fazendo tudo da melhor forma possível, porém esse comportamento contribui para a manutenção
do problema. Como já disse anteriormente a compensação é uma forma de se trabalhar esse
problema, mas saiba dosar isso lembrando que ninguém é perfeito.
É possível que você consiga superar resolver as suas limitações, hoje em que vivemos em
um mundo em que a tecnologia se desenvolveu tanto. Busque por coisas que possam resolver o
seu problema, é provável que elas custem dinheiro, então seu objetivo será arrecadar o dinheiro
para conseguir o que deseja dessa forma você terá uma meta clara para sua vida.
Auto - Estima
COMO MELHORAR A AUTO-ESTIMA
V
ocê consegue lembrar-se da última vez que teve um desequilíbrio emocional, em que as
crenças em si próprio e as suas capacidades se escapuliram? Como é que conseguimos
manter as crenças que temos em nós de forma a vivermos menos ansiosos e com mais
alegria? Imagine as coisas que conseguiríamos realizar se tivéssemos a crença que éramos
capazes de nos propor a fazer qualquer coisa (dentro dos limites do aceitável) para atingir os
nossos sonhos e objetivos, especialmente se conseguíssemos manter um nível de autoestima
que não fosse abalado perante nenhuma circunstância. O que é que você faria?
A autoestima surge da auto-imagem positiva que temos de nós, é algo que de forma pro-ativa
construímos. A autoestima não se constrói na passividade, nem quando pensamos que vem dos
acontecimentos exteriores, a autoestima desenvolve-se no mundo real. O que se pretende é uma
construção sólida, e isto só é possível a partir do nosso interior.
Citação: “Pessoas com elevada autoestima são as mais desejadas e, as pessoas desejadas em
sociedade.” – Brian Tracy.
Provavelmente você já passou ou está a passar por uma situação da sua vida em que se
sente sobrecarregado, dia após dia as coisas vão-se acumulando (as que tem para fazer e o
sentimento de responsabilidade daquelas que deixou por fazer), chegando a um ponto em que
vê-se forçado a abrandar. Deixa de fazer algumas das tarefas habituais, adia um prazo de
entrega de algo, falta a alguns compromissos. Vai-se instalando um sentimento de decepção,
pode até chegar a desenvolver sentimento de culpa. O stress faz-se sentir e o desânimo
aumenta. No entanto, você levanta-se de manhã com a intenção de fazer nesse dia o que deixou
por fazer no dia anterior, mas verificando a dura realidade que não conseguiu cumprir com as
expetativas.
Você começa a cair num ciclo vicioso de acumulação de trabalho, tendo a percepção de
que necessita dar um empurrão nos seus compromissos e obrigações. A sensação de
incapacidade, de aperto e desespero vai aumentando, prejudicando e diminuindo a sua
autoestima. Em consequência do sentimento de alarme que foi acionado ao seu ego, o impulso é
grande para a construção de justificações e desculpas sobre o problema instalado. No entanto,
para aquele que tem um sentimento de falha, um sentimento de culpa e de incapacidade, outros
sentimentos vão-se instalando, crescendo e minando a confiança em si mesmo. A probabilidade
de cair no ciclo da procrastinação é grande, e este vício é um ótimo combustível para queimar a
sua autoestima. Você criou um estado mental propício à auto-crítica, auto-avaliações negativas e
descrença nas suas capacidades, aptidões e habilidades. Criou um estado mental auto-
depreciativo, que é um misto de lamuria, descrença e auto-imagem negativa.
ENQUADRAMENTO
O que é o domínio de si mesmo? É a habilidade que temos para nos conduzirmos a realmente
fazer, o que queremos fazer, por outras palavras, tem a ver com a nossa auto-confiança e auto-
disciplina. Uma pessoa que tem domínio sobre si mesmo, tem auto-integridade e capacidade para
manter-se fiel às suas palavras e compromissos. Cada vez que deixamos de ouvir a nossa voz
interior, e não agimos de acordo com algo que nós precisamos, ficamos susceptíveis a perdermos
a confiança em nós mesmos e nas nossas habilidades. Esta falta de auto-fé, vai aumentando
numa espiral descendente à medida que queremos realizar mais compromissos e objetivos.
Você pensa excessivamente sobre si mesmo, e analisa porque razão você é do jeito que é.
Você tem medo da adversidade, o que lhe provoca uma enorme angustia. Você pode ser
alienado em relação e em oposição aos seus pais, cuidadores e figuras de autoridade em
geral.
Você não sorri facilmente. Você pode ter uma visão negativa, desesperançada de si
mesmo, da sua família e sociedade.
Você sente-se muito cansado. Você pode estar relutante ou incapazes de definir e
alcançar os seus objetivos.
Você fica com você mesmo. Você prefere ficar sozinho do que conhecer novas pessoas e
estar com os outros.
Você afasta as pessoas. Você tem dificuldade em fazer e manter amigos.
Você evita olhar nos olhos dos outros. Você tem dificuldade com a confiança verdadeira ,
intimidade e afeto.
Você recusa-se a assumir riscos. Você sente-se carente e pode ter uma tendência a
apegar-se à falsa independência.
Você pode criar efeitos e situações negativas. E em casos extremos, pode ser anti-social e
talvez violento.
Coisas que outros não podem observar incluem: Você fala para si mesmo de forma
negativa, você não diz a verdade e/ou nem mantém a sua palavra, você não perdoa a si
mesmo ou aos outros. Você pode não ter empatia, compaixão e remorso.
Aumentar a autoestima implica algumas mudanças de comportamento. O comportamento
vai mudando com a prática e a intenção. A autoestima é uma realização, um processo que
energiza e lhe dá motivação. Não é algo que nós temos, mas desenvolve-se com a experiência
das coisas que fazemos. A autoestima é a experiência de ser capaz de enfrentar os desafios e
promover a felicidade.
A maioria de nós está familiarizado com o conceito de impulso e/ou dinâmica. Quando
fazemos algo bem, independentemente de quão pequena a tarefa seja, vamos construir energia
positiva e a dinâmica necessária, que tendencialmente poderá alimentar e energizar outras
tarefas da nossa lista. Por
exemplo, se você tiver acabado
de lavar todos os pratos,
cortado a relva à frente da sua
casa e ajudado os filhos a fazer
os trabalhos de casa, será mais
fácil para você,
psicologicamente, transitar
rapidamente para outra
situação ou assunto e completar a tarefa seguinte. Você terá construído o impulso necessário
para terminar as coisas. Isto acontece porque você está animado de energia, a qual utiliza na
tarefa seguinte, impulsionado pelo sucesso gerado na execução da tarefa anterior. Por outro lado,
quando adiamos o que queremos fazer ou sabemos que devemos fazer, perdemos a força, e o
mais grave de tudo é que perdemos a confiança em nós mesmos.Uma forma de melhor
entendermos estas questões pode ser através de um exercício mental. Imagine que você tinha
um assistente pessoal na sua vida. Que você lhe vai pedindo para executar algumas tarefas
específicas, à medida que ele as for executando de forma correta e acertada, mais segurança
você vai ter nele, mais confiante vai ficando nas suas capacidades e prontidão. Aos poucos, vai
atribuindo tarefas mais importantes à medida que a confiança é reforçada. Você desenvolve um
profundo sentido de confiança nessa pessoa e na sua responsabilidade perante as tarefas
atribuídas. Você confia nele.
Inversamente, se o seu assistente pessoal adia-se aquilo que lhe pedia para fazer, com
prejuízo para si, certamente iria perder a fé nas suas capacidades para seguir adiante. Você
deixaria de confiar nele. Consequentemente deixaria de lhe atribuir algumas das tarefas
consideradas importantes, e provavelmente iria ponderar o seu despedimento.
Agora, pense em si mesmo como sendo o seu próprio assistente. Quanto mais se apoiar
através de ações, mais segurança e confiança irá estabelecer em si mesmo. Irá então, ganhar
mais confiança na sua capacidade de assumir e executar mais tarefas. As pequenas vitórias de
nós mesmos, afetam diretamente o quanto gostamos de nós mesmos. Cada vez que
conseguimos concretizar, realizar e seguir em frente, essa experiência torna-se num bloco sólido
de auto-confiança, promovendo a construção de uma imagem mais positiva de nós.
Para construir a sua autoestima, você deve estabelecer-se como o mestre da sua
própria vida. Cada minuto da sua vida é um momento que pode utilizar para fazer coisas para se
melhorar. Se você esteve adiando alguma tarefa ou ação durante grande parte do seu dia, não se
martirize ou penalize por isso, mude o seu foco para o momento presente e o que você pode
fazer. Comece com a menor coisa que acha que consegue fazer face à tarefa mais importante.
Comece com algo que você pode fazer imediatamente e facilmente. Quando começamos
com pequenos êxitos, construímos o impulso para ganhar mais confiança nas nossas
capacidades. Cada tarefa completada, independentemente de quão pequena seja, é um passo
importante na construção da sua confiança. Que pequenas ações você consegue fazer
imediatamente, para demonstrar que é capaz de atingir as metas que estabeleceu para si
mesmo? Por exemplo, limpe a sua mesa, organize os seus papéis, pague as suas contas, faça
uma caminhada ou elabore a lista de compras. Pondere ler o artigo: Um pequeno passo pode
mudar a sua vida – The Kaizen Way
CRIE UMA VISÃO CONVINCENTE
SOCIALIZE
Saia da casa convide um amigo para um almoço. A convivência com os outros dará
oportunidades de estabelecer contato com outras pessoas, e praticar uma comunicação efetiva e
relacionamento interpessoal.
Como acontece com todas as habilidades, ficamos melhor à medida que vamos repetindo
e praticando. Quanto mais vezes se propuser a fazer algumas das coisas que o assustam, ou
sente dificuldade, menos assustador estas situações parecem e, mais preparado se irá sentir
para as enfrentar e/ou realizar. O simples facto de se propor a enfrentar algumas coisas ou
situações em que se sente menos capaz ou mais incomodado, permitir-lhe-á desconfirmar a sua
incapacidade. Provavelmente irá verificar que o receio era infundado, ou mesmo que exista
justificação para esse medo, que tem igualmente a capacidade de o enfrentar e ser bem
sucedido.
No que é que você é especialmente bom e gosta de fazer? Regularmente fazer coisas em
que você é bom, reforça a crença nas suas habilidades e pontos fortes. Proponha-se a fazer
aquilo que faz bem e que gosta, reforce-se e elogie-se a si mesmo. Perceba como é que faz
essas coisas, em que estado se encontra quando se sente energizado? Quando se sente em
uníssono com a tarefa, o que é que diz para si mesmo, quais são as suas expetativas, qual é o
seu estado de ânimo? Ninguém é bom em tudo o que faz, e igualmente ninguém é mau em tudo
o que faz. Tente não utilizar qualificações de si mesmo do género tudo ou nada. Perceba que
existem coisas que faz muito bem, leve isso em consideração.
DEFINA METAS
De acordo com um estudo feito na Universidade Virginia Tech, 80% dos americanos dizem
que não têm metas. E as pessoas que estabelecem regularmente os seus objetivos ganham nove
vezes mais ao longo das suas vidas, comparativamente aos que não os estabelecem. Ao definir
metas claras, práticas e exequíveis, você tem um alvo em direção ao qual se pode movimentar.
Com o estabelecimentos de metas, os passos e ações que faz estão direcionados para a
obtenção de um resultado. Quando você tomar um conjunto de medidas para alcançar esse
objetivo (claro e específico), irá construir mais confiança e autoestima nas suas habilidades para
seguir em frente.
Ajude alguém ou ensine-lhe algo. Quando você ajuda outras pessoas a sentirem-se melhor e a
gostarem delas, certamente irá fazer você sentir-se bem consigo mesmo. Veja o que você pode
fazer para os outros se sentirem bem ou estimulá-los a sorrir. Talvez dando-lhes um verdadeiro
elogio, ajudando-os com alguma coisa ou dizendo-lhes que você os admira. A interação social, a
convivência e a interajuda, são fundamentos e pilares de construção da felicidade de cada um de
nós. São fatores de promoção de bem-estar, pois enquanto seres humanos somos seres
gregários, por outras palavras temos a necessidade de viver em grupo e em contato como outros.
O contato e a partilha são duas condições necessárias ao bom desenvolvimento e crescimento
saudável. É na interação e contato humano que se fundamenta a vida. Os laços e os sentimentos
que se criam são promotores da autoestima e auto-confiança.
Esforce-se para obter clareza nas áreas de vida que precisam mais da sua atenção. A sua
auto-estima está relacionada com o seu auto-conceito em todas as áreas importantes da sua
vida. Anote todas as categorias principais da sua vida (sentimental, financeira, profissional, social,
pessoal, familiar, sexual, entre outras). Em seguida, avalie numa escala de 1-10 em cada área.
Trabalhe nas categorias que pontuou mais baixo. Cada área afeta as outras áreas. Desta forma
invista na obtenção de um melhor bem-estar nas áreas de vida que percepciona como menos
satisfatórias, analise os pontos fracos e fortes e elabore uma forma de poder minimizar o
problema ou melhorá-lo. Por vezes, um dos erros comuns que as pessoas comentem é
percepcionar algumas áreas da sua vida como tendo necessidade de melhorar, para isso iniciam
algumas ações, e se passado algum tempo verificam que não melhoram, desistem. Alerto para o
facto de que algumas alterações e/ou melhorias levam tempo a surtir efeito, pelo que não deve
esperar uma melhoria repentina, mas sim a médio ou longo prazo.
CONSTRUA UM PLANO
Ter um objetivo por si só, pode não surtir o efeito desejado. Deverá tentar esclarecer-se do
que é necessário para conseguir realizar os objetivos a que se propõe. Um dos principais motivos
para alguns de nós ficarmos pelo caminho ou vermos a nossa vontade paralisada para realizar
algo, deve-se ao facto de não construirmos um plano para alcançar os objetivos desejados. Por
vezes não sabemos o próximo passo a ser dado, movimentamo-nos ao acaso, não tendo uma
noção correta para onde nos dirigimos ou se nos estamos a afastar daquilo que queremos.
Quando você se propõe a confeccionar um bolo, certamente terá muito mais sucesso se seguir as
instruções claras e específicas da receita, do que jogar ingredientes aleatoriamente para dentro
da taça.
Leia algo inspirador, ouça uma música que o energize, converse com alguém que possa
elevar o seu espírito. Procure algo que o possa motivar para se tornar uma pessoa melhor, para
viver mais conscientemente, e para tomar medidas preventivas no sentido de criar uma vida
melhor para si e para os outros. Tente perceber aquilo que mexe consigo, que lhe fornece
energia, que o faz levantar-se cedo da cama, que lhe dá uma vontade enorme de concretizar e
realizar algo. Se não consegue encontrar ou sentir isso, imagine para si o que gostaria de fazer.
Podem ser pequenas coisas ou grandes coisas, isso não é o mais importante, o que realmente
importa é perceber como é que se energiza e onde pretende colocar essa energia. Normalmente
as duas coisas encontra-se juntas, ou seja, aquilo que nos dá energia é exatamente aquilo onde
queremos aplicar a nossa energia. É como que um feedback positivo, começamos a gostar de
fazer algo, ou imaginamos fazer algo, e ao propormo-nos a fazer, automaticamente, gera-se mais
vontade de continuar. Desta forma, motivar-se para fazer algo é sempre uma estratégia de
ganhar/ganhar.
AFIRMAÇÕES
Use afirmações, mas de forma adaptativa. Não me refiro a afirmações em vão, vazias e
ocas, onde nos limitamos a dizer umas quantas coisas positivas na esperança que isso funcione.
As afirmações são muito capacitadoras e orientadoras, mas apenas se forem suportadas e
acompanhadas de ações. Sentado no sofá e dizendo: “Estou muito motivado e energizado para
produzir” apenas esta frase não acrescentará nada à sua vida. Diga algo como “Eu estou sentado
aqui neste sofá, sinto-me improdutivo, será isto o ideal para mim? O que é que eu poderia fazer?”
A sua afirmação tem que ser sentida e coerente com aquilo que pretende realizar. Assim que
você seja honesto consigo mesmo, proponha-se a fazer algo, mesmo que seja um pequeno
passo, faça alguma coisa de acordo com a sua afirmação.
DEIXE DE COMPARAR-SE
A reter: A autoestima vem do domínio de si mesmo. Quanto mais coisas você se propuser,
quanto mais coisas for conseguindo realizar (mesmo as pequenas coisas) e passo a passo for
obtendo êxito, mais confiança vai crescendo em você, sedimentando a sua autoestima. O seu
nível de autoestima afeta a sua felicidade e tudo que você faz.
ANGÚSTIA
Temos vivido momentos muito tensos em nossas vidas.A falta de compreensão sobre alguns
aspectos da vida comprime nossos pensamentos.Muitas vezes sabemos o que fazer, mas
tememos executar o que tem de ser feito.Gostaríamos que o mundo fosse diferente. Que as
pessoas fossem diferentes.Passamos por fases e dificuldades sem entender o porquê de
estarmos passando.Em algumas vezes, nem sabemos de onde vem forças para superar ou
suportar alguns contratempos.Buscamos por respostas que não virão em alguns casos.E assim
vamos caminhando. Essa tal da angústia tem executado bem seu papel sobre o humano.E ao
invés de aprendermos, devido os momentos de aflição, nos desesperamos.Lamentavelmente a
melancolia ganha mais proporções e forças que irão nos fazer sofrer ainda mais.Fica difícil
acreditar em algo que nos dizem, ou nos façam nesses momentos.Então nos resta sofrer.
E no sofrimento, com as emoções abaladas, fica difícil enxergar ‘’uma luz no fim do
túnel’’.E posso afirmar a todos vocês que há uma luz no fim do túnel.E vocês podem afirmar isso
porque sabem que é verdade!
Entendo que cada um tem seu argumento.Mas vale a reflexão.O que me faria beber hoje?
Estou certo de que; seja o que for não traria filhos empregos, namoradas, ou o que quer que seja
de volta.Pessoas com depoimentos como esse, só tende a nos ajudar.E aos pais, amigos e
familiares entendam: depende da escolha de um indivíduo usar drogas ou beber.Principalmente
depois que conhece um caminho de recuperação.Portanto, não há espaço para jargões do tipo:
‘’onde foi que eu errei’’; ou ‘’o que eu poderia ter feito’’.Recuperar-se denota assumir
compromissos com a própria vida.Traz felicidade a cada superação. A cada obstáculo
vencido.Pode ser que você pai ou mãe tenha errado.Mas alguma coisa não dá para corrigir.
Também há de se entender que o que esta sendo feito é o suficiente.Não da para ir a boca
com o filho.Nem tampouco atrás do alcoólico no bar.Sei que tudo isso é muito confuso.Pode até
trazer alguma desesperança. Mas opto pela intenção de trazer a realidade.O alívio. O
conforto.Vamos errar sim. E não aprendemos somente através dos erros.Fundamentalmente
aprendemos muito mais através dos acertos.
Pergunte a um alcoólico se isso pode ser verdade ou não!?Um alcoólico em recuperação
pode responder melhor!
Bem, estou tentando comentar sobre a angústia que faz parte do ser humano.Colocando
motes sobre a dependência química e familiares.Antes de recair senhores pais, alguns
dependentes químicos podem pedir ajuda.Antes de recair, dá para parar e pensar nas
conseqüências.Antes de recair, também da para fazer uma oração.Antes de recair, dá para
conversar sobre o problema.Antes de recair dá para se fazer muitas coisas.
Sei que às vezes sou meio crítico em relação à recuperação, tratamento, etc.Mas sabe o
que é?Não quero depender de ninguém para reconhecer o meu trabalho ou o que faço para não
ir usar drogas ou beber.Caso isso viesse a ocorrer, seria uma frustração a muitas pessoas que
confiam em mim.Mas, sobretudo, não há mais argumentos para um lapso sequer.Basta
reconhecer o carisma e carinho de tantas pessoas que fazem parte de minha vida hoje.Da
importância que tenho para cada uma delas.Não quero depender do sofrimento meu nem de
ninguém.Tenho fé de que o problema da dependência química resolvido, eu seria capaz de
realizar outro trabalho.
codependentes, seja num grupo de apoio ou num processo terapêutico, passam a vestir a
codependência como uma segunda pele. Adotam o termo como um sobrenome, usam o conceito
como um legado ou até como um destino “fatal”
ao qual estão fadadas até o fim de suas vidas. A frase habitual é: “..., afinal sou codependente!”
Aí está! A codependência é uma série de coisas que ainda vamos juntos analisar ao longo desta
Apostila, mas, ELA NÃO É UM DIAGNÓSTICO FATAL. Ela não é algo que limita o ser a uma
série de comportamentos rígidos e imutáveis ou a um destino predeterminado. Portanto, qualquer
pessoa que reconheça em si as características da codependência possui, na mesma proporção
deste e conhecimento, a possibilidade de mutação desta condição emocional em que se
encontra– a de codependente – seja já pelo motivo que tenha chegado até aí. Aceitar-se como
vítima não é condição absoluta, mas apenas uma fase do transtorno, a primeira, aquela que
chamamos de negação.
E por falar em negação, aí está uma boa maneira de começarmos a traçar o conceito de
codependência, através de suas características.
E uma das principais é a negação. Quando um familiar de dependente químico conclui que o seu
ente querido faz uso abusivo de drogas (deacordo com o Lenad Família 2013) isto ocorre após
cerca de 5 anos da experimentação), ele
venceu, na realidade, um longo processo de negação da doença de seu familiar. Este tempo todo
que ele levou para “descobrir”, na verdade
ele levou para “aceitar”, porque sempre houve indícios, mas a negação era utilizada para
defendê-lo da dor de encarar que o seu familiar estava fazendo uso de drogas e mais: o que fazer
com isto? Então, negando, o familiar mantém tudo da
mesma forma, doentia sim, mas da forma que ele conhece, que ele sabe lidar, sem crises, sem
grandes tomadas de atitude para as quais ele ainda não está preparado.
Agora, imaginem que após aceitar que este familiar faz uso de drogas e vencer mais uma barreira
para procurar ajuda, esta pessoa ainda é confrontada com a ideia de que ela é parte do
problema, ela retroalimenta esta relação disfuncional em que se instalou o abuso de drogas ou a
dependência química. Ela vai aceitar isto
assim, fácil? Claro que não! Quantos familiares nós ouvimos dizer: “O problema é ele, não eu”.
Ou ainda: “Quem precisa se tratar é ele, não eu, por isso não vou a grupo nenhum”.
Já foi difícil entender e aceitar o uso ou a dependência de drogas por parte do ente querido.
Aceitando esta situação seria preciso fazer alguma coisa por ele. Agora, aceitando que faz parte
do processo, e que também está impactado pela doença, fará com que tenha também que fazer
algo por si, mudar comportamentos, cuidar
de si, rever conceitos, histórias, partir para o autoconhecimento e a mudança. Quem está
disposto a isto quando se encontra no “olho do furacão”? Provavelmente aquele familiar que já
sofreu perdas demais em função do uso do ente querido. Aquele que sabe que do jeito que está
não dá para ficar e que se entrega para toda a possibilidade de mudança para sair desta
situação.
Mas, para aquele que ainda não foi suficientemente impactado (de acordo com seus limites
internos), ter que aceitar que de alguma forma é corresponsável por esta situação leva tempo e,
em alguns casos, não chega nunca a acontecer. Infelizmente, nestas situações extremas, o
dependente químico, quando em recuperação, tem como principal fator de risco, voltar para esta
família adoecida, que não aceita a realidade e não muda comportamentos em prol da saúde e
bemestar do sistema familiar.
Antes de continuarmos a traçar as características da codependência, vamos voltar um pouco na
história para entendermos o aspecto que abordamos neste livro.
Em meados da década de 1940, nos Estados Unidos, as esposas de Bill e Bob, os fundadores de
Alcoólicos Anônimos, ao perceberem que também compartilhavam dos mesmos comportamentos
e que conseguiam melhorá-los quando compartilhavam suas experiências, fundaram o Al-Anon,
grupo para familiares e
amigos de alcóolicos. Foi nesta ocasião que surgiu o termo codependência, usado para
caracterizar estas esposas.
Na década de 1970, nas Comunidades Terapêuticas de Minessota, também nos Estados Unidos,
o termo volta a aparecer para designar os familiares dos dependentes químicos internados nestes
locais. Na década de 1980, o termo surge
na área da terapia, mas ganha um espectro bem mais amplo, não mais se relacionando somente
aos familiares de dependentes químicos, mas
às pessoas que por qualquer outro motivo viveram situações estressantes na família de origem
que as levaram a assumir precocemente responsabilidades inadequadas para a idade e contexto
cultural.
disfuncionais não se limitam então às situações em que exista a dependência de álcool ou outras
drogas, mas de uma série de outras situações em que o indivíduo fique exposto por um
determinado período a uma intensa dor. Seriam estas pessoas as codependentes. Porém, nesta
Apostila, nosso objeto de estudo são os familiares de usuários e dependentes de substâncias
psicoativas. Por isso, vamos restringir a codependência, neste texto, a este grupo de pessoas e
suas vivências.
Após a aceitação, sem ainda saber como lidar com a situação de forma adequada, a família
acredita que deve controlar, que poderá mudar a situação desta forma. Cada vez mais sem
controle da situação, a família mantém a ilusão do controle
sobre o uso e fica obcecada pelo comportamento de seu familiar. Que horas chegou, como
chegou, com quem falou, se usou, o que usou, quanto usou? Começa a ditar regras disfuncionais
e, na maioria das vezes, não as sustenta.
Importante ressaltar que à medida que o familiar fica obcecado em controlar o comportamento do
outro, ele se afasta cada vez mais de si mesmo, deixando de lado o controle de sua própria vida,
perdendo aspectos de sua identidade, ficando
cada vez mais mergulhado num universo fora de si, rejeitando tudo aquilo que é seu, que
precisaria ser visto, cuidado, amado. Ele se auto-abandona.
Um paralelo importante a traçar ao longo desta leitura é o espelho que veremos refletir algumas
características do dependente e do codependente. Até aqui vimos que o dependente nega a sua
doença enquanto que o codependente nega a sua condição emocional, sua parcela de
responsabilidade na problemática da família.
Vimos também que o dependente mantém a ilusão do controle sobre a droga, achando que pode
parar de usar quando quiser, enquanto que seu familiar acha que pode controlar o seu ente
querido, o seu uso e o seu comportamento.
Ambos mantêm um comportamento obsessivo com seu “objeto em questão”: a droga, no caso do
dependente, e o dependente, no caso da família.
para não se sentirem como o objeto causador do uso do parceiro. Porém, ao depararem-se com a
frase: “Eu bebo porque você faz isso!”, pronto! Já assumem para si toda a culpa pelo uso do
outro.
A questão é que ninguém, nem pais, nem parceiros, amigos, irmãos têm culpa alguma pela
escolha do outro em usar a droga. Por mais que os pais tenham falhado na educação, não
erraram porque queriam errar, mas por não saberem fazer da forma correta ou por inúmeras
outras razões que em nada tem a ver com a culpa, mas sim, e tão somente, com a
responsabilidade.
Se formos culpados, vamos ficar remoendo a situação, as mágoas, os erros, estaremos voltados
para o passado. Nossos conceitos sobre nós mesmos serão cada vez mais negativos, nossa
auto-estima ficará cada vez pior e nos revestiremos
Porém, falando em responsabilidades, é muito, mas muito importante, que o familiar entenda que
a responsabilidade precisa ser equilibrada, dividida entre todos os membros da família, inclusive e
sobretudo, com o dependente químico.
Pais pagam todas as despesas para filhos que não estudam e nem trabalham, mas utilizam seu
tempo livre para fazer uso de drogas. Quando situações
complicadas ocorrem como resultado do uso, os pais arcam com os danos, com os resultados,
evitando que os filhos passem pela experiência dolorosa da
consequência de uma ação irresponsável. E, quando fazem o menor esforço por algo, são
recompensados com honrarias, as quais não valorizam em nada e logo as descartarão, muitas
vezes, trocando-as por drogas.
Exemplos? O filho é pego com drogas e deve ser levado à Justiça Terapêutica para participar de
grupos de apoio e/ou prestarem serviços comunitários. Os pais chegam antes, e querem pagar
para que o filho não passe pelo processo de
Outro exemplo: o filho passa alguns meses numa Clinica de Recuperação para se tratar. Ao sair,
os pais querem recompensá-lo pelo “esforço” de ter passado pelo processo terapêutico. O filho
pede um carro, uma moto. Os pais o presenteiam.
Isso quer dizer que os pais não deverão nunca mais presentear seus filhos ou recompensá-los
positivamente por comportamentos adequados?
comprometidos, querem compensar demais o que, na verdade, não é mais do que obrigação.
Afinal, se você passar um período no hospital para tratar sua diabetes deverá ganhar um carro
como recompensa? Ou ainda terá que voltar para casa e se adequar a uma nova dieta, a um
novo estilo de vida se quiser manter-se saudável e não retornar novamente ao hospital? E não é
a dependência química uma doença crônica, assim como a diabetes?
Eis aí, mais uma questão: a grande dificuldade da família em entender que dependência química
é uma doença, reconhecida pela Organização Mundial da Saúde, e como tal, precisa de
tratamento, que inclui todo o sistema familiar impactado por ela.
equivocadas, ao invés de proporcionar uma crise, uma ruptura para que surja a possibilidade de
mudança, o familiar continua mantendo as coisas funcionando da mesma forma e o seu ente
usuário vai só caminhando, cada vez mais, em direção às situações extremas de uso e abuso de
drogas.
E por falar em dificuldade em dizer não... como é difícil isto para um familiar de dependente
químico. Aquilo que para quem está fora da situação parece tão simples, para ele é tarefa
homérica. Por quê? Normalmente, o lar que propiciou o desenvolvimento da dependência química
já trazia esta falta de regras, disciplinas, limites. Seja por qual for o motivo, havia a dificuldade em
falar não. Ou,
no outro extremo da situação, os lares que falavam muitos “nãos” não davam espaço para que
eles fossem entendidos, permeando os ambientes com autoritarismo, hostilidade, frieza, onde as
crianças não podiam manifestar seus sentimentos.
Falta de assertividade, dificuldade em dizer não, brigas constantes, segredos de família, duplas
mensagens, falta de comunicação honesta, dificuldade em expressar sentimentos e em discutir
problemas.
Quantos, infelizmente, não se sentem vazios e perdidos quando seus entes queridos entram em
recuperação, por não mais terem aquele problema para cuidar, aquela necessidade na vida de
outrem?
Neste momento teriam então que olhar para si mesmos, cuidar de si mesmos, deixar de serem
necessários para os outros. Como o caminho é doloroso, muitos preferem não percorrê-lo. É
neste momento que muitas esposas de dependentes
em recuperação que não buscaram tratamento para si mesmas não conseguem conviver com o
marido saudável, desfazem o casamento e iniciam um novo relacionamento com outro
dependente químico. Você já ouviu alguma história assim?
Quanto aos limites, outro foco de atenção para o tema, estes normalmente estão
inaceitáveis. Porém, assim como não sabem impor limites, também não os respeitam. Invadem a
vida do outro, sua privacidade, sempre mostrando o
É bastante comum as esposas de dependentes químicos vestirem este papel para si e para os
outros, afinal, ele é o carrasco que usa drogas e ela a boa moça, que ajuda, apoia, trabalha, cuida
da casa e dos filhos. Como ela aguenta?
Porém, quando lembramos que no sistema familiar existe uma retroalimentação e que o
comportamento de um afeta o do outro, e que há responsabilidade de ambas as partes, não
existem vítimas, nem culpados, mas pessoas responsáveis
pelas situações em que se encontram e capazes de mudá-las. Como durante muito tempo as
famílias convivem com a culpa e não com a responsabilidade, elas tendem a se sentir vítimas e
não donas de suas próprias vidas.
No livro Codependência nunca mais, Melody Beattie : Aponta o Triângulo do Drama criado por
Steven Karpman para demonstrar como funciona este processo também na vida do
codependente que transita entre os papéis de vítima, salvador e perseguidor, as três pontas do
triângulo, em
O salvador é o tomador de conta, que tudo resolve, que tudo conserta, que ajuda a todos, que
não deixa que a vítima faça o que pode fazer por si mesma.
Mas, rapidamente passa a ser perseguidor quando a vítima não lhe é grata pela ajuda oferecida,
por não ter saído tudo como ele queria, por ter feito mais do que devia, então fica raivoso.
Quando pensa que todos os esforços foram em vão, ressente-se e volta ao papel principal: a
vítima. Nada dá certo para ele, nada
Além das características marcantes, que acabam por modelar o modelo de comportamento do
codependente, existem os sentimentos presentes em seu cotidiano, com os quais todos os que
sofrem com a dependência química de um ente querido convivem.
Estes sentimentos não estão somente descritos nos livros ou artigos dos estudiosos
internacionais, mas são dados de pesquisa científica nacional, a primeira realizada com 500
familiares de dependentes químicos dos grupos de Amor-Exigente na cidade de São Paulo, pela
Unifesp/ Uniad em 2009.
Na ocasião, os familiares citaram que os sentimentos presentes em seu dia a dia eram:
vergonha, tristeza, impotência, dor, solidão, angústia, desespero, pena, decepção, medo,
culpa, da qual já falamos, e raiva.
Começando pela raiva. Quanta raiva possuem os codependentes! Raiva do outro, raiva de si,
raiva do mundo. Raiva pela tristeza, pela dor, pelo medo, pela culpa. Raiva por tentar salvar e não
conseguir, por não ter controle sobre o outro, raiva por ter raiva, por não saber lidar com a raiva,
que vai virar ressentimento. Tanta carga emocional mal canalizada, por vezes não podendo ser
expressa
ou sentida, por outras, estupidamente lançada à pessoa errada, quase sempre causa estrago ao
seu redor. Como uma bomba-relógio, o codependente vive prestes a explodir... ou a implodir, o
que pode se tornar uma doença física ou psíquica.
Já o medo, grande medo! Como ele se engrandece na vida dos codependentes. Medos reais se
misturam aos imaginários. Medo de agir, de criar caso, de gerar crise, de ter que tomar atitude.
Medo da separação, medo da intimidade, da tristeza e da felicidade. Medo que se torna angústia
e que alimenta a ansiedade, dia a dia,
A vergonha, por sua vez, é companhia constante, principalmente no início. Caminha com a
negação e mesmo quando vem a aceitação, a família ainda passa anos sem procurar ajuda
porque tem vergonha de falar do assunto. Na comunidade, na igreja, na família, na escola, às
vezes, até dentro da própria casa, o segredo impera. O codependente se sente solitário nesta
história, acha que só ele vivencia tamanha dor, tem vergonha de falar do problema, pois acha que
a
culpa (que ele já sente!) recairá sobre ele, mais uma vez! Infelizmente, este sentimento é
responsável por mais um tempo no processo de busca por ajuda. Enquanto a doença progride, a
família está mergulhada na vergonha e com ela, na solidão, afinal, constrangida, ela não busca
apoio, se sente a única com tamanho problema no mundo.
Aliadas aos sentimentos descritos estão a tristeza, a dor, a decepção e a impotência. Quantas
emoções negativas, que drenam a energia e minam as possibilidades de viver com qualidade,
fazem parte do cotidiano destas famílias. Sentimentos que se não transformados, certamente
darão espaço para o surgimento de doenças emocionais, o que desorganizará ainda mais o
sistema familiar, diminuindo as chances de melhora dos outros membros da família. Ou seja, a
doença de um cria a doença no outro.
Agora, de acordo com as características que pudemos analisar, com os sentimentos que
sabemos fazer parte da vida de um codependente, de como ele é impactado pela doença de seu
familiar, podemos, finalmente, introduzir alguns conceitos já publicados na literatura nacional e
internacional. Assim, creio que após a construção acima, temos mais condições de entender o
que é codependência
No livro Codependência nunca mais, Melody Beattie, afirma que “um indivíduo codependente é
alguém que permite que o comportamento de outra pessoa o afete, e sente-se obcecado por
controlar o comportamento do outro”. Neste conceito, podemos encontrar a questão da
circularidade, ou seja, de como o comportamento
de uma pessoa afeta o de outra dentro do sistema familiar e de como isso é impactante na família
que sofre com a dependência química. Também encontramos o aspecto do comportamento
obsessivo e do controle.
Os assistentes sociais, especialistas em dependência química em Minessota, Ronald e Pat
Potter, concluem que as famílias de dependentes químicos podem ser modelos para obter
informações sobre a codependência, contudo outras circunstâncias familiares poderiam produzir
padrões similares, particularmente famílias com problemas crônicos negados, como incesto e
doenças mentais e sociais.
Judith L. Fischer, PhD, e Lynda Spann, MS, ambas pesquisadoras da Texas Tech University, nos
Estados Unidos, definem codependência como padrão disfuncional de se relacionar com os
outros com um “foco extremo fora de si mesmo, a falta de expressão aberta de sentimentos, e as
tentativas de obter um senso de propósito por meio de relações com os outros”.
Para Lygia Vampré Humberg, psicanalista, mestra em ciências, “a codependência deve ser
encarada como uma doença crônica – assim como diabetes e hipertensão, portanto exige
contínua vigilância”. “A possibilidade de desenvolvimento da dependência é da pessoa”,
revelando-se na relação
com um outro que tenha uma possibilidade complementar, posto que é uma dependência do
vínculo dos dois”, destaca a autora em sua tese de mestrado.
Nesta ideia, assim como na dos demais autores, o conceito de codependência está ampliado, não
se limitando aos familiares de dependentes químicos, porém, mais especificamente na tese de
Humberg, fica mais próximo o conceito da dependência
afetiva com o de codependência, já que ela aponta como fator principal a dependência do vínculo,
que necessita de um outro complementar.
Afinal, não é um diagnóstico, como falamos lá no início, é uma condição. Podemos e temos
dentro de nós todas as ferramentas para sair desta condição, porém, para encontrar tais
ferramentas, precisamos conhecer o caminho, ou seja, nos conhecer. Traçamos então, a primeira
meta:
autoconhecimento, que traz consigo aceitação da situação, de si, dos seus erros, acertos,
condição. Percorrendo este caminho, começamos a conhecê-lo e poderemos então encontrar as
tais ferramentas que nos ajudarão no processo
de mudança.
Importante lembrar, porém, que para iniciar esta jornada de autoconhecimento é preciso se
desligar do outro – emocionalmente – para cuidar de si. Como poderemos cuidar de nós, nos
conhecermos, gastar nosso tempo e energia
fazer diferente.
Neste caminho, precisaremos perder a vergonha, entender que não estamos sozinhos, que
existem milhares de pessoas no mundo que sofrem esta mesma dor que nós. E quando abrirmos
mão da culpa, de toda e qualquer culpa, e abraçarmos a responsabilidade por nossas escolhas,
por nossas vidas, teremos encontrado a caixa de ferramentas que nos permitirá, pouco a pouco,
arrancar as ervas daninhas de nosso jardim – o medo, a raiva, a dor, o desespero, a angústia, a
pena, a
impotência, a decepção – e plantar as sementes das flores que queremos ver desabrochar em
nossas vidas: respeito, amor-próprio, autoestima, paz, harmonia, limites, assertividade, união,
esperança, aceitação, desapego, alegria, serenidade, amor.
E, assim, plantaremos todas as outras flores e frutos que desejarmos ter no jardim de nossa
existência, e faremos de nossas mazelas emocionais o adubo para a resiliência necessária na
construção de uma vida saudável, equilibrada e feliz.
Instruções:
2) Quando me comunico com ele(a), meço as palavras, isto é, vivo pisando em ovos?Sinto medo de
dizer o que realmente penso e sinto, porque imagino que a reação dele(a) será agressiva?
3) Tomo decisões que me desagradam, por exemplo, deixo de fazer coisas que gostaria, só para não
desagradar e para evitar conflitos com ele(a)?
5) Continuo (ou continuei por um tempo excessivo) tolerando abusos ou agressões dele(a) para não
ser rejeitada ou perdê-lo?
6) Pra melhorar este relacionamento, tento mudá-lo(a) através de conselhos, coações, ameaças,
manipulações, tentando assegurar que as coisas aconteçam da maneira que acho correta?
7) E quando faço isto ou tento dar limites, gero discussões muito desgastantes que não chegam a
lugar algum?
8) Sinto-me bravo(a) ou frustrado(a) comigo mesmo(a) porque não consigo dar os limites que gostaria
pra ele(a)?
9) Sinto-me bravo(a) ou frustrado(a) porque não consigo resolver de vez esta situação?
10) Em alguns momentos, percebo-me tolerante demais com ele(a) e em outros, no extremo da
intolerância?
11) Costumo mentir ou esconder o comportamento dele(a) para os outros ou dou desculpas quando
estes comportamentos são vistos ou descobertos?
12) Sinto-me responsável por ele(a), pelos seus sentimentos, ou pensamentos, ou necessidades, ou
ações, ou escolhas, ou vontades, ou bem-estar, ou mal-estar ou destino?
13) Em geral, tendo a cuidar muito mais dele(a) ou de outras pessoas do que do meu próprio bem-
estar?
14) E quando ele(a) ou esta(s) pessoa(s) não faz(em) o mesmo por mim, fico ressentida(o)?
17) Se um(a) amigo(a) me convida para sair e o(a) companheiro(a) também, não hesito em dizer não
para o(a) amigo(a) para ficar com ele(a)?
21) Sinto necessidade de salvá-lo(a) quando ele(a) está numa situação difícil?
22) Sinto-me usado(a), magoado(a) ou até mesmo lesado(a) frequentemente por ele(a)? Ou seja,
percebo um forte desequilíbrio entre dar e receber nesta relação?