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AS PORTAS DO TEMPLO

17 Agosto,
2013 artigos, esoterismo, loja, maçon, maçonaria, maconaria.net, maçónico, origens, po
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Quando adentrei a maçonaria me fizeram caminhar por caminhos diversos e diversas Portas…!
Durante muito tempo sempre fiquei a procurar as três portas do templo
comentadas e com citações, algumas pueris, outras fantasiosas em demasia, enfim,
onde estão estas portas?

No caráter físico arquitetônico, a primeira que me lembro, foi quando me


desvendaram os olhos no templo, em minha iniciação; e, então, fui levado por uma
delas a me recompor com meus trajes “profanos” pelo irmão experto, que não sei
se era muito esperto, pois este havia me deixado todo troncho (torto): meio
descamisado, meia perna vestida e ainda por cima meio calçado, ou seja, um pé
calçado outro não. Enfim, mais tarde compreendi. Todavia, as PORTAS, ninguém
ainda me mostrou.

Procurei e tenho procurado sobre estas “famosas” três portas, que talvez por sua
obviedade, sejam estas, simbolicamente simples ou completamente muito ricas a
ponto de tecerem-se poucos comentários. Vejamos no Dicionário Ilustrado da
Maçonaria de Sebastião Dodel dos Santos a pagina 170 e 171:

Porta – Em arquitetura, diz-se da peça de carpintaria que é colocada nas aberturas das
paredes, ao nível do solo, com a finalidade de dar entrada ou saída.
Parece obviedade não! Mas, uma porta de incêndio no trecentésimo nono ou no
primeiro andar não me parece ao nível do solo e é uma porta.

Portas (As três…) – No esoterismo maçônico significam a Sinceridade, a Coragem e a


Esperança, virtudes necessárias à pesquisa da verdade.
Sem polemica ou polemizar, falta-me algo nesta dissertação.

Já ouvi, por diversas ocasiões, dissertações em loja, inclusive numa loja aqui em
Garanhuns/PE., que esta porta era estreita e baixa e serviria para dar fuga aos
irmãos (na época medieval) no caso da invasão pelos inimigos da maçonaria ao
templo ou para punir os irmãos atrasados que por elas teriam que franquear.

Com todo respeito, data vênia, de todos amados irmãozinhos que assim se
expressaram, acho porem, pueril e fantasiosa estas dissertações.

Ora, para servir à fuga, com muitos irmãos a fugirem por uma porta estreita e baixa,
em desespero da fuga, é simplesmente uma loucura; ou, para “punir” os irmãos
atrasados, bastaria simplesmente proceder a Entr.’. Ritualística, TTrolh.’. e colocá-
los como Ccobr.’. do Templo. É pueril e fantasiosa como disse, as afirmações acima.
Porem! As portas em geral, têm seu caráter não só em fundamentos meramente
arquitetônicos, mais também, em fundamentos simbólicos e filosóficos.
Eram as portas da cidade, no oriente próximo, bíblico, que se faziam todas as
grandes transações, julgamentos, atividades comerciais de natureza cerimoniosa ou
não, encontramos muitas referencias em Gênesis, Reis, Crônicas, etc., são também
metáforas para diversas citações, inclusive bíblicas.

De Jorge Adoun, Papus, Nicolas Aslan e tantos outros, encontro em o mestre Jules
Boucher – A Simbólica Maçônica – um comentário, seu, em que estar reproduzido
um texto do mestre Plantageneta: “A porta do templo é designada pelo nome de
“PORTA DO OCIDENTE”, o que deve fazer-nos lembrar que é em seu limiar que o sol se
põe, isto é, que a luz se extingue, fora dali, reinam, portanto, as trevas e,
conseqüentemente, o mundo profano”.
Ainda do mesmo autor: “Pensa-se sempre que o profano não pode entrar no templo a
não ser passando por uma porta estreita e baixa que ele não poderia franquear sem se
curvar”. E representaria um nascimento.
Comenta ainda Jules Boucher:
“Corroboro ao que diz, o mestre Plantageneta, pois na pratica certas lojas, há muito anos,
renunciaram a esse método, mostrando assim a desfiguração da não utilização dum
acessório de tanta riqueza simbólica, psicológica e filosófica, é esta luz, que nos difere do
mundo profano”. (Grifos meus).
Certamente, eu imagino, imaginemos nós, passarmos por uma porta de dimensões
(estreita e baixa) tão inusitadas e inesperadas, que o porá de joelhos. Esta sensação
incorporar-se-á ao imaginário mental para as futuras viagens, preparando desde
logo, o neófito, singularmente, à que a iniciação se proceda sob forte impactos, não
para causar medos, mais tão somente os receios necessários que exponha sua
refratariedade latente ou a sua curiosidade “intencional” de angariar benesses da
ordem.

Por isso, eu acredito, que Jules Boucher, em seus comentários, enfatiza tanto o
caráter psicológico agregado tanto ao simbolismo, quanto ao filosófico para todas
as iniciações. Eu sempre vi com certa apreensão, o descaso com que se praticavam,
e atualmente se pratica, as iniciações e como se processam as reuniões. Por isso
sou radicalmente favorável a uma cobrança severa do cumprimento ritualístico,
tanto quanto o simbólico.

Vejo ainda, com pesar, lojas abertas sem o menor cerimonial e sem o prévio
trabalho pelo arquiteto do templo de incensá-lo, deixando-o rico em sua aura para
os irmãos que ali se reunirão. É pouquíssimo ou quase nunca praticado. Na verdade
ou atualidade o templo mais parece uma sala de reunião para o agrupamento de
“irmãos” que farão alguns “atos de momices” (ao vulgo profano) e depois,
apressados, irão tomar umas cervejas. Isto sim, esta pressa, isso é o que vulgariza e
acaba a motivação. Pergunto, adentra-se a algum templo de quaisquer religiões ou
seitas, com predisposição de sair-se logo?

É a arte Real do simbolismo, do filosofisismo e do ritualismo (luzes), que ao


franquear aquela porta “inusitada” o neófito espera encontrar. Por excelência, o
simbolismo será a chave mestra destas portas. O simbolismo quer seja figurativo,
alegórico, emblemático, religioso, matemático, etc., é somente pelo ser humano
apreendido, expressado e interpretado, tanto quanto, na qualidade figurativa,
personificativa, metafórica ou em parábolas.

Vejamos alguns símbolos como: a tartaruga, a pomba, o coelho, que


representariam, respectivamente, a vagareza, a paz, e a rapidez, para citar apenas
estes que são bastantes conhecidos e facilmente interpretados e identificados.
Outros, porem, terão que ser ministrados. Para isso, temos nossos rituais, cheios de
alegorias e simbolismos.

Talvez, por vergonha, talvez por relaxamento ou simples desconhecimentos os


aprendizes recebem seus salários totalmente incapazes, e daí elevam-se para
companheiros incapazes e por fim, completa-se em se exaltando em incapazes
mestres, segmentando ou colocando para dentro da loja (templo) suas “virtudes”
profanas, quais: presunção, vaidades, mesquinhez, futilidades, falsidades, invejas e
egoísmos, ou seja, faltam-lhes As três Portas da Virtude. Tudo, muitas das vezes,
calcado na batuta (malhete) de vigilantes e veneráveis vaidosos e
ociosos. Virtudes como tolerância, combate à ignorância, a prática da justiça e o
amor ao próximo, passam a margem.
Porquê? Porque as instruções são lidas e não aplicadas. Como aplicar à régua? O
cinzel? O maço? Talvez fosse fácil na forma operativa: peguem a régua e risquem a
pedra bruta. Peguem o cinzel e sobre os riscos coloque-o, ponham-se em seguida
com o maço a baterem neste, cortando o riscado, cinzelando-o. Será isto?

Simbolicamente entenderíamos como: Vamos ser retos em todas nossas horas


(alinhamento da Régua), tanto ativos como passivamente (o corpo do Cinzel),
apurando, aprimorando com todo peso e forças (do Maço) as artes que me são
expostas, assim, criando beleza interior e exteriorizando a serviço do próximo e da
humanidade, torna-nos de pedras brutas a pedras desbastadas, polidas, cinzeladas
para AS SABEDORIAS DO APERFEIÇOAMENTO MORAL E ESPIRITUAL.

Enfim, arquitetonicamente o templo deveria ter três portas, a saber: a porta


principal (no Ocidente), a porta dos fundos (Oriente) e a porta dos Neófitos, estreita
e baixa.

SIMBOLICAMENTE SÃO INCOMENSURÁVEIS


Para finalizar, 2 x 2 não são prova apenas da multiplicação, pois o resultado 4 é a
mesma coisa que 2 + 2; a distinção esta no simbolismo matemático de (x) ou (+)
que dá a virtude da ação. Portanto ajamos!

É desconsiderando nossas tradições, nossos rituais, nossos simbolismos que fazem


ou favorecem a iniciação de meros curiosos e oportunistas, elevando a evasão dos
verdadeiros irmãos maçônicos.

Em dedicação a minha querida loja mãe Sphinx Paulistana no. 248 e a todos os seus
membros, que muito me iluminaram, me iluminam e continuarão a iluminar-me.
Fernando G. N. Gueiros,
M.’.M.’., A.’.R.’.L.’.S.’. Sphinx Paulistana no. 248 – Or.’. de Garanhuns – PE, BRASIL.

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