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Leonete Botelho
6 de Setembro de 2022, 17:30
Depois de Angola, Marcelo faz outra viagem politicamente sensível LUSA/PAULO NOVAIS
00:00 04:32
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Dois meses depois de ter visto o Presidente brasileiro cancelar o almoço
(https://www.publico.pt/2022/07/01/politica/noticia/bolsonaro-cancela-encontro-
marcelo-rebelo-sousa-2012236) para que o tinha convidado, o Presidente da República
está de volta ao Brasil, desta vez para participar nas comemorações oficiais dos 200 anos
da independência (https://www.publico.pt/bicentenario-independencia-brasil). E desta
vez com um encontro bilateral entre Marcelo Rebelo de Sousa e Jair Bolsonaro já na
agenda. Esta é uma viagem particularmente sensível, uma vez que ocorre em plena
campanha eleitoral para as presidenciais e num momento em que Jair Bolsonaro está a
ser acusado de aproveitamento político da efeméride.
Lula da Silva já disse que Bolsonaro quer fazer dos 200 anos da Independência do Brasil
uma “festa dele”, pois convocou os seus apoiantes para as ruas no dia da Independência.
“Ele quer fazer uma ‘motociata’ [passeata de motorizadas]. Ele quer brincar com a data
mais nobre que temos neste país. É lamentável”, afirmou o principal adversário do
Presidente na corrida eleitoral (https://www.publico.pt/eleicoes-brasil-2022). Em Julho,
Bolsonaro desmarcou o almoço com Marcelo depois de saber que o Presidente
português ia encontrar-se antes com Lula
(https://www.publico.pt/2022/07/03/politica/noticia/brasil-bolsonaro-nao-tema-conversa-
marcelo-lula-presidente-portugues-nao-desloca-brasilia-2012335).
A principal missão de Marcelo Rebelo de Sousa será, por isso, evitar envolver-se na
disputa eleitoral, ainda que não possa escapar de um encontro com Jair Bolsonaro. De
acordo com uma nota do programa divulgada pela Presidência, os dois presidentes têm
esta terça-feira às 18h30 (hora de Lisboa) um curto encontro de 15 minutos, a decorrer no
Palácio Itamaraty, em Brasília.
Este encontro serve para concretizar a intenção de Bolsonaro de fazer bilaterais com os
chefes de Estado da CPLP, convidados para a efeméride. Ao que o PÚBLICO apurou,
serão apenas três: além de Portugal, confirmaram presença os Presidentes de Cabo
Verde e da Guiné-Bissau. Já os de Angola e Timor-Leste, que tiveram eleições recentes,
Moçambique e São Tomé e Príncipe vão fazer-se representar.
Ainda que a comitiva dos chefes de Estado não seja grande, a presença de Marcelo irá
diluir-se nesse contexto e, por outro lado, a sua presença justifica-se, não só pelo facto
óbvio das relações históricas entre os dois países, como pelo capital político de Portugal
nestas comemorações, em particular devido à viagem do coração de D. Pedro, IV de
Portugal e I do Brasil.
Desta vez, Marcelo não tem outros encontros sensíveis na agenda e fica mais limitado às
comemorações institucionais. No entanto, o programa revela que o chefe de Estado
português oferece um almoço na quarta-feira aos restantes chefes de Estado da CPLP e
seus representantes, encontro em que também participa o ministro das Relações
Exteriores do Brasil e o secretário Executivo da CPLP.
Esta é a segunda viagem sobre brasas políticas que Marcelo Rebelo de Sousa faz em
menos de um mês. No passado dia 28, logo após as eleições presidenciais em Angola,
esteve em Luanda para participar no funeral de Estado de José Eduardo dos Santos e
aproveitou para ter uma conversa com o presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior,
sabe o PÚBLICO. Perante a polémica com os resultados eleitorais
(https://www.publico.pt/2022/09/05/mundo/noticia/unita-reservase-direito-recorrer-
tribunais-internacionais-2019483), Marcelo aconselhou Costa Júnior a manter-se dentro
do sistema e usar apenas os mecanismos jurídicos e políticos, refreando a parte do
partido que preferia recorrer à força.