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A Internacional Comunista e a “questão colonial” (1919-1922)

CARLOS PRADO*

Resumo: Ao longo dos quatro primeiros congressos da III Internacional a


revolução para além do mundo Europeu foi pensada a partir da chamada
“questão colonial”. Os debates se centraram na caracterização das lutas no
oriente, mas também se teceu considerações importantes sobre o continente
latino americano. A luta destes povos foi apresentada então, como uma luta
pela “libertação nacional”, contra a ação imperialista e contra as burguesias
nacionais que estavam associadas a burguesia internacional. O objetivo desse
artigo é, a partir da análise da “questão colonial”, investigar como a Comintern
interpretava a revolução nestes países. A discussão se restringirá aos textos
produzidos entre 1919 e 1922, período que corresponde aos quatro primeiros
congressos da Internacional Comunista.
Palavras-chave: Internacional Comunista; Questão Colonial; Revolução;
Imperialismo.

The International Communist and the "colonial question" (1919-1922)


Abstract: Throughout the first four congresses of the Third International the
revolution beyond the European world was thought from the so-called
"colonial question". The debates centered on the characterization of the
struggles in the East, but important considerations were also made about the
Latin American continent. The struggle of these peoples was then presented, as
a struggle for "national liberation", against imperialist action and against the
national bourgeoisies that were associated with the international bourgeoisie.
The purpose of this article is, from the analysis of the "colonial question", to
discuss how the Comintern interpreted the revolution in these countries. The
discussion will be restricted to the texts produced between 1919 and 1922, a
period that corresponds to the first four congresses of the Communist
International.
Key words: Communist International; Colonial question; Revolution;
Imperialism.

*
CARLOS PRADO é professor do Departamento de História da Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul (UFMS); doutorando em História na Universidade Federal Fluminense (UFF/PPGH).

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Em 1917, a revolução triunfou na terra levantamento dos textos pertinentes a
dos czares e deu uma nova perspectiva problemática.
para o movimento operário no mundo
todo. É muito difícil medir o impacto Verificou-se que a discussão sobre a
que a Revolução Russa teve, mas não é “questão colonial” se iniciou no
nenhum exagero dizer que sua Manifesto da Internacional Comunista
influência foi além da Europa, aos proletários do mundo inteiro,
alcançando até mesmo a América redigido por Trotski, em 1919, no qual
Latina. Afinal, foi no início da década o tema foi abordado de forma ligeira.
de 1920 que surgiram os primeiros Posteriormente, durante o II Congresso
partidos comunistas no continente. da Comintern, em 1920, esta
Após a insurreição de outubro, sabendo problemática esteve no centro da
que a revolução não poderia permanecer discussão entre Lenin e Roy, que
isolada, uma das grandes preocupações lançaram as bases teóricas fundamentais
dos bolcheviques foi a construção de sobre os chamados países coloniais. Já
uma nova Internacional. Afinal, desde a em 1921, outro texto, assinado pelo
capitulação dos partidos social Comitê Executivo da Comintern,
democratas em 1914, quando votaram a intitulado Sobre a revolução na
favor do crédito para a guerra, a América, introduziu o continente
organização estava morta. Assim, em americano no debate.
1919, num pequeno congresso se A “questão colonial” esteve fora do III
proclamou a fundação da III Congresso, mas retornou no IV, em
Internacional, a Internacional 1922, quando os países coloniais
Comunista (Comintern), que nascia no apareceram de forma complementar e
rastro da Revolução Russa e sob sua superficial nas Teses sobre as táticas da
influência. Comintern. Por fim, selecionou-se o
artigo Aos operários e camponeses da
A perspectiva era reorganizar o
América do Sul, texto de 1923, que
movimento operário internacional,
aborda a influência do imperialismo
principalmente o europeu, que ainda
norte americano no continente. O
vivia uma crise revolucionária no
objetivo do presente artigo é, a partir da
período pós-guerra. Mesmo assim, o
análise destes textos examinar como a
debate sobre a revolução em outros
“questão colonial” foi discutida no
continentes se fez presente,
interior da Internacional e como ela
especialmente por meio da chamada
contribuiu para interpretação da
“questão colonial”. Ao se discutir esta
revolução para além do continente
problemática o foco principal eram os
europeu.
países orientais, Índia e China,
especialmente. Mas no início da década A “questão colonial” nos dois
de 1920, a Comintern também publicou primeiros congressos da Comintern
alguns pequenos textos sobre a
revolução no continente americano. O I Congresso se reuniu entre os dias 2
e 6 de março de 1919. Nesse primeiro
A discussão se restringirá aos textos momento, a questão em torno dos
produzidos entre 1919 e 1922, período chamados “povos coloniais” foi tratada
que corresponde aos quatro primeiros superficialmente. Afinal, essa
congressos da Comintern, aqueles que problemática estava longe de ser um
antecederam o processo de stalinização. tema central na pauta dos poucos
No plano metodológico realizou-se um delegados. A Europa ainda estava num

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período de crise revolucionária. A Lloyd George e Clemenceau,
Primeira Guerra acabara de terminar e a tomem em suas mãos o poder
instabilidade econômica e política ainda governamental. (TROTSKI, 1919).
era marcante, principalmente na De acordo com estas premissas, a
Alemanha. Assim, os principais temas libertação das colônias só seria possível
tratados giraram em torno da própria num momento posterior às revoluções
fundação da III Internacional e dos operárias nas metrópoles. Tal
conceitos de “democracia burguesa” e concepção colocou o movimento
“ditadura do proletariado”. Por revolucionário nas colônias numa
conseguinte, a questão dos “povos perspectiva secundária. A libertação dos
coloniais” foi abordada de forma breve povos coloniais foi apresentada como
no documento intitulado, Manifesto da uma consequência das revoluções
Internacional Comunista aos europeias. Estes povos deveriam ficar à
proletários do mundo inteiro, redigido espreita, aguardando o desenvolvimento
por Trotski. do movimento operário europeu. A
argumentação segue afirmando que:
De maneira geral, os continentes
americano, africano e asiático não Se a Europa capitalista arrastou
foram tratados com centralidade. Eles atrás dela os partidos mais
só apareceram quando se analisou a atrasados do mundo no turbilhão
expansão imperialista e a divisão de das relações capitalistas, a Europa
diversas regiões entre as potências socialista, por seu turno, virá
centrais. Considerou-se que esses povos socorrer as colônias libertadas com
sua técnica, sua organização, sua
foram “arrasados e violentados”,
influência moral, a fim de abrir
condenados a uma produção econômica passagem à vida econômica
em favor das necessidades da sua regularmente organizada pelo
metrópole. A guerra imperialista se socialismo. (TROTSKI, 1919).
caracterizou pelas disputas por colônias,
pelo controle de um mercado mundial e Essa passagem reafirma o papel
por matérias-primas. Todavia, apontou secundário da luta nos países ditos
o manifesto, com o advento do conflito coloniais. Partia-se do pressuposto que
mundial, as colônias também se o socialismo se desenvolveria primeiro
levantaram e surgiu “uma série de na Europa e depois nas outras regiões
revoltas ou movimentos revolucionários do planeta. Neste primeiro momento,
em todas as colônias” (TROTSKI, não se produziu nenhuma análise
1919). Assim, Trotski lançou uma breve autônoma dos povos ditos coloniais,
análise sobre a luta operária nessas eles só apareceram em função da ação
regiões: imperialista. Não se apresentou nenhum
conceito ou caracterização desses
A libertação das colônias não se povos. Apenas a partir do II Congresso
dará ao mesmo tempo que a começou a se discutir melhor essa
libertação da classe operária das problemática e se apresentou um exame
metrópoles. Os operários e os mais atento sobre os chamados “povos
camponeses não somente de coloniais”.
Annam, Argélia ou Bengala, mas
também da Pérsia e da Armênia, Debates sobre a questão nacional e
não poderão desfrutar de uma colonial
existência independente antes que
os operários da Inglaterra e da Se nas resoluções do I Congresso, as
França, depois de terem derrubado lutas de libertação dos povos oprimidos

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apareceram em segundo plano, no II coloniais” (LENIN, 1920), mas se
Congresso a reflexão já foi mais estabeleceu uma condição. Lenin
descentralizada. Lenin elaborou o texto afirmou que estes “futuros partidos
que foi levado para o debate. Ele proletários” deveriam se preparar para
apresentou 12 teses que expunham a em breve atuarem na “luta contra os
problemática em torno das colônias movimentos democrático-burgueses”,
como uma questão nacional. O indiano pois os partidos filiados à Comintern
Manabendra Nath Roy1, delegado do deveriam “entrar numa aliança
Partido Comunista do México também temporária com a democracia burguesa
contribuiu. Ele conhecia melhor nos países coloniais e atrasados, mas
algumas especificidades que estavam não deveriam fundir-se com ela”
além da percepção do líder bolchevique. (LENIN, 1920). Admitia-se alianças
A partir da sua exposição, as teses com os movimentos democráticos, o
preliminares, elaboradas por Lenin, que pressupunha a burguesia. Mas as
sofreram algumas modificações, condições dessa aliança já apontavam
pequenas, mas substanciais e foram para o futuro rompimento, pois já se
acrescidas por 9 teses suplementares, indicava que os comunistas deveriam,
elaboradas por Roy. num segundo momento, combater o
Destacamos a 11ª tese, direcionada movimento burguês-democrático.
Tratava-se de uma aliança temporária,
especialmente “aos estados e nações
mais atrasados, em que as relações durante a qual se deveria “defender a
feudais ou patriarcais predominam” independência do movimento proletário,
(LENIN, 1920). Nesta tese, Lenin mesmo que seja na sua forma mais
estabeleceu 6 pontos de ação para os embrionária” (LENIN, 1920).
PCs. O primeiro e o quinto são os mais Todavia, a versão final, modificada por
relevantes, pois se estabelece “que todos Lenin, apresentou uma pequena
os partidos comunistas devem auxiliar o alteração. Se inicialmente afirmou-se
movimento de libertação democrático- que o dever dos comunistas era auxiliar
burguês nestes países” (LENIN, 1920). o movimento “democrático-burguês” de
Assim, os PCs deveriam atuar como libertação, na versão final se falou
forças auxiliares do movimento de apenas em apoiar os movimentos
libertação nacional que era revolucionários de “libertação”, sem a
caracterizado como “democrático- caracterização de “democrático-
burguês”. Posto dessa forma, as burguês”. Acreditamos que essa
burguesias nacionais apareciam como alteração se deu para impedir a
prováveis aliados dos movimentos conciliação com as burguesias
revolucionários. nacionais.
No quinto ponto se reafirmou que “a IC
deve apoiar os movimentos Passemos agora a consideração das
democrático-burgueses em países teses suplementares de Roy. Ele
apresentou uma interpretação das
1
“Manabendra Nath Roy, 31 anos, nascido relações econômicas imperialistas
Narenda Nath Bhattachary, é um ex-nacionalista bastante diferente das teses apresentadas
e terrorista, que trabalhou com o governo no I Congresso. Em sua concepção, as
alemão durante a guerra, depois passou um potências europeias só conseguiram
tempo nos EUA. Refugiado no México depois
de uma prisão, ele se liga aos rebeldes
alcançar um alto desenvolvimento
apelidados de slackers, que serão o núcleo econômico devido ao domínio colonial,
comunista neste país”. (BROUÉ, 2007, p. 343). ou seja, à custa da exploração dos

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recursos materiais de outras nações. “O benefícios; “Como resultado da
capitalismo Europeu retira a sua força exploração do imperialismo, a
não tanto dos países industrializados da população colonial europeia está em
Europa como a partir das suas condições de conceder à aristocracia
possessões coloniais. A sua existência operária na Europa uma série de
depende do controle de extensos concessões” (ROY, 1920). As
mercados coloniais” (ROY, 1920). Roy vantagens econômicas conferidas ao
citou o caso inglês, afirmando que a sua proletariado dos países industrializados
produção em alta escala não encontraria no período anterior à guerra, viabilizado
procura suficiente se não fossem as pelas políticas reformistas, só foram
possessões coloniais, que eram possíveis graças aos grandes lucros
essências para o escoamento de alcançados pela exploração colonial.
mercadorias e para fornecimento de
Em 1920, a Comintern ainda esperava
matérias-primas. Sem o mercado
que em pouco tempo a revolução
colonial, “a ordem capitalista na
proletária ocorresse na Alemanha ou em
Inglaterra há muito que teria entrado em
outro país do ocidente europeu. O foco
colapso” (ROY, 1920). Em sua
interpretação, a lógica imperialista- da luta revolucionária permanecia no
velho continente. Roy afirmou que era
colonial não escravizava e explorava
preciso descentralizar essa luta, ampliar
apenas milhares de trabalhadores dos
as zonas de influências e passar a atuar
países oprimidos, mas também
de forma mais decisiva em conjunto
fundamental para manutenção do
com os povos coloniais. “A
proletariado britânico.
Internacional Comunista deve entrar em
Se nas teses do I Congresso se afirmou conexão muito próxima com as forças
que as revoluções no mundo revolucionárias que estão atualmente
desenvolvido eram uma condição participando na derrubada do
preliminar para a libertação dos povos imperialismo nos países política e
oprimidos, Roy parece inverter essa economicamente oprimidos” (ROY,
lógica. Em sua concepção: “Os super 1920). Para ele, a colaboração da
lucros feitos nas colônias formam uma Comintern com os movimentos de
das principais fontes de recursos do libertação nacional era imprescindível
capitalismo contemporâneo. A classe para o avanço da revolução mundial.
operária europeia só terá êxito em Sobre o processo de luta dos povos
derrubar a ordem capitalista se esta coloniais, Roy afirmou que o primeiro
fonte for finalmente eliminada” (ROY, momento se caracterizava pelo fim da
1920). Em sua análise eram os colonização, pelo fim do domínio
trabalhadores europeus que dependiam imperialista. Todavia, acrescentou que:
da “libertação nacional” dos países “A luta para derrubar a dominação
colonizados, pois o fim das possessões estrangeira nas colônias não significa,
estrangeiras resultaria em um grande portanto, subscrever os objetivos
impacto na base econômica nacionais da burguesia nacional, mas
imperialista, o que provocaria uma sim abrir o caminho para a libertação do
grave crise e colocaria a revolução na proletariado das colônias” (ROY, 1920).
ordem do dia. A luta não poderia estar submetida ou
restrita ao ideário da burguesia nacional.
Para o delegado indiano, as colônias
permitiam que os trabalhadores desses Roy identificou dois movimentos bem
países imperialistas gozassem de alguns distintos que lutavam contra a opressão

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imperialista: “Um deles é o movimento pela independência nacional. Essa
democrático-burguês nacionalista, que concepção parte principalmente de uma
prossegue o programa de libertação análise mecânica do conceito de
política com a conservação da ordem imperialismo. A grande questão é que
capitalista, o outro é a luta dos nos países latino-americanos, por
camponeses despojados pela sua exemplo, não havia um movimento de
libertação de todo o tipo de exploração” “libertação nacional”. Apesar da grande
(ROY, 1920). Interessante observar que influência do capital financeiro inglês e
Roy não citou um movimento norte-americano, não se constituiu um
estritamente operário. Ele compreendia movimento anti-imperialista de base
que nos países coloniais, ainda não burguesa ou camponesa. A burguesia
havia uma classe operária nacional estava muito mais associada ao
suficientemente desenvolvida e, capital internacional do que lutando
tampouco, uma vanguarda2. contra ele. Assim, toda a estratégia é
Identificando a luta da burguesia traçada a partir de uma avaliação que
nacional e dos camponeses, ele afirmou parece não se sustentar historicamente.
que o primeiro movimento tentaria E ao mesmo tempo em que se fala do
influenciar e controlar o segundo, movimento de “libertação nacional” se
mantendo as reivindicações no marco deixa de lado outras forças, como os
socialistas e os anarcossindicalistas que
de uma luta que não estabelecesse
rompimentos com a lógica do capital. atuavam junto à classe operária, desde o
Por conseguinte, “a Internacional início século XX, no Brasil, Argentina,
Comunista deveria lutar contra tal Uruguai e outros países do continente.
controle e pelo desenvolvimento da A análise de Roy ainda apontou que os
consciência de classe das massas países coloniais foram impedidos pelos
trabalhadoras das colônias com o interesses das metrópoles de
objetivo da derrubada do capitalismo desenvolverem sua economia, seu
estrangeiro” (ROY, 1920). Para Roy, a mercado interno e sua indústria. Nessas
Internacional deveria ampliar e condições de baixo desenvolvimento, a
aprofundar os contatos com os luta nas colônias não deveria ter um
movimentos revolucionários nas caráter imediatamente socialista: “No
colônias, incentivar a formação de primeiro período, a revolução nas
novos partidos comunistas e orientá-los colônias não será comunista, mas se
a desenvolver uma luta independente do desde o início a vanguarda comunista
nacionalismo burguês. surgir na liderança das massas
As teses de Roy apresentam uma lógica revolucionárias, elas serão levadas pelo
questionável, pois toda a luta nas caminho correto” (ROY, 1920). Fica
colônias pressupunha um movimento evidente a preocupação em afirmar que
a direção não deveria caber as forças
2
burguesas, mas aos comunistas: “Na
“Graças às políticas imperialistas cujos
esforços são direcionados para impedir o
primeira fase do seu desenvolvimento, a
desenvolvimento industrial nas colônias, o revolução nas colônias deve ser
proletariado nativo só existe desde muito efetuada de acordo com o programa de
recentemente. As dispersas indústrias caseiras reivindicações puramente pequeno
locais deram lugar às indústrias centralizadas burguês, como a distribuição de terra e
dos países imperialistas. Como resultado, a
vasta maioria da população foi forçada a
assim por diante” (ROY, 1920). As
dedicar-se à agricultura e à exportação de ações permaneceriam no marco de um
matérias-primas no exterior” (ROY, 1920). projeto “democrático burguês”. Mesmo

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diante de uma revolução burguesa e missão de divulgar a III Internacional,
democrática, Roy defendeu a formação fazer contatos e investigar a realidade
de conselhos operários, nos moldes dos socioeconômica do continente. Sobre
sovietes. Assim, as teses se encerram essas expedições exploratórias, Broué
afirmando que: “Esses conselhos devem (2007, p. 336) destaca suas fragilidades:
trabalhar da mesma maneira como o “Estes homens não estavam
fazem as repúblicas Soviéticas nos minimamente preparados para esse tipo
países capitalistas avançados a fim de de missão em países dos quais eles
acelerarem a queda final da ordem ignoravam tudo”. Ainda mais
capitalista em todo o mundo” (ROY, complicado do que o despreparo para
1920). compreender uma realidade tão estranha
é a visão eurocêntrica que carregavam:
Os debates sobre a “questão colonial”
foram muito interessantes no II Eles tinham com relação aos latino-
Congresso e as contribuições de Lenin e americanos os mesmos
preconceitos que tinham os
Roy fizeram com que a problemática
pequeno-burgueses brancos da
realmente avançasse. A problemática Europa para com os “negros”.
em torno das relações com o movimento Depois de relevar como traços
democrático era o tema central dos gerais desses países o caráter
debates e foi onde verificamos uma inacabado de suas nações; a
grande mudança de perspectiva. Estas ausência de consciência e classe; a
teses podem ser consideradas a gênese tendência a imitar a Europa, um
da estratégia geral da Comintern sobre deles explica em seu relatório de
os chamados “povos coloniais”. viagem que “a condição social da
população é tão primitiva que não
A América Latina entra em cena podemos não compará-la com a dos
negros” (BROUÉ, 2007, p. 336).
Meses após ocorrer o II Congresso, em
janeiro de 1921, a revista de divulgação Persistia entre os soviéticos uma
dos materiais da Comintern, percepção eurocentrista que se refletia
L´Internacionale Communiste, publicou numa análise carregada de
um artigo intitulado “Sobre la preconceitos.3 Muito provavelmente
revolución en America; Llamamiento a estes relatórios foram levados em
la classe obrera de las Américas”. Este consideração quando se elaborou o
foi o primeiro texto que tratou de forma texto sobre a revolução na América. A
específica a questão da revolução na primeira parte do artigo, intitulada
América Latina. Também é interessante “América do Sul, base colonial do
observar que o artigo não é assinado por imperialismo americano”, apresenta
nenhum membro, mas apenas por uma análise pautada na influência da
Comitê Executivo da Internacional economia imperialista norte-americana
Comunista (CEIC). Desta forma, não é sobre o restante do continente. A análise
possível saber qual ou quais membros é bastante enfática em suas afirmações e
foram os responsáveis pela elaboração carece de sustentação histórica que
do documento. possa respaldar as suas afirmações.
3
Antes de tratar propriamente do texto, Sobre o relatório de Abramson, Pinheiro
vale destacar que as primeiras (1991, p. 30) em convergência com Broué,
afirma que: “Relaciona a nacionalidade de
investidas dos soviéticos no continente origem, às vezes com tintas racistas, às
se deram por meio do envio de características da prática sindical ou política
emissários do partido que tinham a anterior dos imigrantes europeus.”

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O texto toma como ponto de partida, o uma discussão breve sobre questões
crescimento da economia norte- estratégicas e táticas. Em sintonia com
americana no período pós-guerra, as discussões do II Congressos, não se
transformando os EUA em uma propõe uma aliança com a burguesia
verdadeira potência imperialista. E, de nacional. Também não aparece a
forma similar ao texto de Roy, afirma denominação de revolução
que o imperialismo se sustenta da “democrático-burguesa” ou de
exploração colonial. Assim, os países “libertação nacional”, mas ela também
latino-americanos são apresentados não é caracterizada como
como “dependentes”, “subordinados”, imediatamente socialista. Para o CEIC o
“tutelados”, verdadeiras “colônias” do primeiro passo nesse processo seria a
seu vizinho imperialista do norte: formação de partidos comunistas que
Os povos sul-americanos enganam- deveriam ter “um programa claro e
se de forma ridícula quando falam preciso, que crie uma agitação clara a
de sua independência. No período favor dos princípios e da tática
imperialista, não se pode falar de revolucionária” (COMITÊ Apud Löwy,
independência para os povos 1999b, p, 80). Mas qual é o programa
pequenos: estão reduzidos a uma para esses países subordinados ao
dependência vassala com relação imperialismo norte-americano? O
aos grandes Estados. (COMITÊ documento apresentou breves
Apud Löwy, 1999b, p, 77). considerações táticas, mas deixou a
O CEIC destaca o papel questão em aberto.
desempenhando pela “Doutrina
Monroe”4 para que se efetivasse a Ao analisar as condições econômicas da
hegemonia norte-americana em todo o região, a Comintern estabeleceu que
continente. Quando o presidente James com uma indústria ainda em formação,
Monroe lançou a concepção de que os o cerne das disputas econômicas se dava
Estados Unidos não aceitariam no campo. “O problema agrário é um
intervenções dos países europeus no problema capital. Na América do Sul, a
continente ele não estava reconhecendo economia agrícola ocupa o primeiro
a soberania e independência de cada lugar” (COMITÊ Apud Löwy, 1999b, p,
nação. Ao contrário, Monroe está 80). Com a ausência de um parque
tentando garantir o domínio norte- industrial e um proletariado forte e
americano no continente. Tal doutrina influente, a luta revolucionária passava
foi sofrendo algumas adaptações e se pela luta dos camponeses pobres,
tornou cada vez mais agressiva e pequenos proprietários ou
intervencionista, principalmente a partir proletarizados. A aliança revolucionária
das políticas de Roosevelt e Wilson. entre a classe operária nascente e o
campesinato foi apresentada como
Já na segunda parte, intitulada, “A indispensável. “O partido comunista
revolução Americana”, encontramos tem de penetrar entre os camponeses.
Não com fórmulas e teorias abstratas,
4
As ideias fundamentais dessa Doutrina foram mas com um programa prático, capaz de
lançadas pelo presidente norte-americano James incitá-los a atacar os grandes
Monroe em dezembro de 1823. Em um discurso latifundiários e os capitalistas”
no congresso, ele falou aos parlamentares que o
Estados Unidos reconhece a hegemonia de cada
(COMITÊ Apud Löwy, 1999b, p, 81).
país independente do continente americano e
que não aceita intervenções europeias que Outro ponto a se destacar é que para a
buscassem retomar o processo de colonização. Comintern, um processo revolucionário

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na América do Sul, deveria O III Congresso e o silêncio sobre a
necessariamente ser combinado com “questão colonial”
uma revolução na América do Norte.
A avaliação da tática comunista foi um
“A união com o movimento
dos temas centrais durante o III
revolucionário dos Estados Unidos
Congresso da Comintern junho de 1921.
complementaria a unidade do
Era possível manter uma luta ofensiva?
movimento revolucionário da América
A revolução ainda estava na ordem do
do Sul. Esta unidade é questão de vida
dia na Europa pós-bélica? Desde a sua
ou morte” (COMITÊ Apud Löwy,
criação era o primeiro momento em que
1999b, p, 82). Essa união seria
os dirigentes do primeiro escalão faziam
indispensável porque se compreende
uma análise negativa sobre o
que um processo revolucionário nos
movimento operário internacional. A
países latino-americanos não passaria
revolução que era esperada para
despercebido pelo imperialismo e uma
qualquer momento, começava a sair dos
intervenção não tardaria a se efetivar.
objetivos imediatos.
Nesse sentido, só uma revolução no
cerne do imperialismo poderia impedir Lenin indicou que antes da luta pelo
que a contrarrevolução vencesse. poder, a tarefa dos partidos deveria ser a
conquista da maioria dos trabalhadores
Da mesma forma que se pensava a para a causa comunista. Era preciso
revolução russa combinada com a combater o perigo da “teoria da
Alemã ou com outros países ofensiva” e impedir que os partidos
desenvolvidos se estabelece a continuassem realizando investidas
necessidade de a revolução nesses temerárias. Antes de chamar uma greve
países menos desenvolvidos geral ou de preparar uma insurreição,
impulsionar a revolução em um país era preciso conquistar influência sobre
mais desenvolvido. O movimento parte as massas, ter o apoio da classe
da nação mais explorada, colonizada e trabalhadora.
atinge o Estado explorador, imperialista.
A bibliografia pertinente ressalta que o
Aqui mais uma vez percebemos
III Congresso marcou a primeira grande
semelhanças com as considerações
virada na política da Comintern. A
elaboradas por Roy sobre o
tática que visava à derrubada imediata
desenvolvimento revolucionário nos
do Estado foi abandonada em pró de
países coloniais.
uma nova concepção, na qual a tomada
do Estado não é esquecida, mas é
Em síntese, o texto revela uma análise pensada para um momento posterior. A
frágil e deficitária do continente. Neste tarefa imediata passou a ser uma
período, a Comintern ainda não tinha aproximação com a classe trabalhadora.
muitas informações para desenvolver “¡A las masas! Así como los intereses
uma avaliação mais detalhada, generales del movimiento comunista
discutindo a realidade de cada país ou exigen que la Internacional Comunista y
suas especificidades. Os partidos sus secciones apoyen la consigna de La
comunistas ainda estavam em formação unidad del frente proletario y encarnen
e não havia boas referências a partir das su realización” (COMITÉ, 1921). Ao
quais poderiam construir uma análise contrário dos congressos anteriores que
minuciosa. Por conseguinte, muitas das traziam a palavra de ordem da “ditadura
orientações se baseavam em linhas do proletariado” e a luta pela tomada do
gerais. poder num primeiro plano, a “frente

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única” abandonou essa linha política de 1921, logo após o lançamento da
ofensiva. NEP foi assinado o acordo comercial
A tática da frente única foi adotada em anglo-soviético.
um período de grandes transformações O contrato teve o intuito de retirar os
no Estado Soviético. O ano de 1921 foi obstáculos para as trocas comerciais.
marcado pelo fim da guerra civil e Mas por trás das questões meramente
consequente consolidação das forças econômicas, havia uma cláusula política
revolucionárias em território russo. Mas determinante para a Comintern. O
apesar da vitória contra o exército governo britânico impôs a condição de
branco, o cenário econômico era que ambos os governos devessem se
catastrófico. A indústria nacionalizada comprometer em abster da ação e da
estava imobilizada e a produção propaganda direta ou indireta contra a
agrícola havia recuado. Foi nesse outra. Mencionou-se que o Estado
contexto de reestruturação que surgiu a soviético devesse abster de qualquer
Nova Política Econômica (NEP) tendo “ação ou propaganda para estimular
como objetivo reorganizar a economia qualquer um dos povos asiáticos e
russa. Em linhas gerais, se privilegiou a qualquer forma de hostilidade contra os
produção agrária e reintroduziu interesses britânicos ou o Império
princípios do livre mercado. Era preciso Britânico” (CARR, 1981, p. 48).
incentivar o campo a produzir para que
as cidades não morressem de fome. Por conseguinte, no III Congresso da
Esse plano que trouxe concessões ao Comintern que ocorreu logo após a
camponês e reintroduziu o livre introdução da NEP e do acordo anglo-
mercado foi aprovado no X Congresso soviético o problema das revoluções no
do Partido em 1921.5 mundo colonial oriental não foi
debatido. Pelo acordo, a Rússia deveria
Outro ponto importante que está em
evitar toda iniciativa que influenciasse
relação direta com a adoção da NEP foi
os povos asiáticos a se levantarem
o restabelecimento das relações
contra o domínio do império britânico.
soviéticas com o mundo ocidental.
A ausência dos debates sobre o tema
Durante o auge da guerra civil a Rússia
parece evidenciar que os soviéticos não
permaneceu isolada. Mas a partir de
queriam, naquele momento, se indispor
1920 começaram a se desenvolver
com os ingleses.
tentativas para se restabelecer os
contatos para fins mercantis. Diante da O IV Congresso e o chamado aos
penúria e escassez de diversos produtos, países latino-americanos
os russos não poderiam negligenciar a
possibilidade de trocas comerciais com O IV Congresso, em novembro de 1924,
os países capitalistas. Após algumas foi o primeiro sem uma participação
negociações, a Sociedade Cooperativa ativa de Lenin. As resoluções
de Todas as Rússias (ARCOS) foi apresentadas, especialmente as Teses
registrada em Londres. Em 16 de março sobre as táticas da Comintern
reafirmaram a linha geral aceita pelo
congresso anterior. Considerou-se que
5
“Quando Lenin apresentou ao congresso a as táticas da Internacional foram
resolução que encerrava as propostas da NEP, o completamente confirmadas pelo curso
debate foi apenas formal. O desencanto com o
comunismo de guerra era geral, e a crise era
dos acontecimentos. Para os países
demasiado aguda para permitir demoras” coloniais e semicoloniais a Comintern
(CARR, 1981, p. 38). apresentou poucas considerações. As

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tarefas aos partidos comunistas destas proletárias e camponesas se levantavam
regiões eram apenas duas. Em primeiro pela libertação nacional. Nessas
lugar, formar partidos comunistas que condições, os comunistas não poderiam
se colocassem em estreito vínculo com contar com as burguesias nacionais,
os operários. Em segundo lugar, dar pois estas, dóceis e submissas ao
apoio ao movimento nacional- imperialismo atuavam ao lado da
revolucionário contra o imperialismo. contrarrevolução.
Aqui se apresentava uma grande
diferença tática entre os países A análise econômica e política da região
desenvolvidos e os atrasados. Nos foi, mais uma vez, bastante superficial.
países ditos coloniais e semicoloniais, a Trata-se de uma caracterização geral,
“frente única” não era reivindicada, bastante breve e precária, que não
tampouco a luta por reclamações levava em conta as especificidades
econômicas e imediatas, como forma de regionais. A ausência de uma análise
se aproximar do movimento operário. A minuciosa revela que em 1922, a
luta fundamental permanecia pela América do Sul ainda era uma terra
“libertação nacional”. Mas as desconhecida para a Comintern. Pode-
discussões sobre os países coloniais não se alegar que não existiam condições
se esgotaram nessas duas tarefas gerais. materiais para se traçar essa pesquisa,
mas também não se pode perder de vista
Durante o IV Congresso se produziu o o fato de que a espera de uma revolução
segundo documento que tratou na Europa, realmente deixava a
especificamente da América do Sul. América do Sul para um segundo plano.
Trata-se de um breve artigo que foi
publicado em 20 de janeiro de 1923 Na última parte do texto, intitulada “O
pela Revista La Correspondance dever do proletariado da América do
Internationale, sob o título de “A los Sul”, se destacou que os países da
obreiros y campesinos de América del região ainda não tinham organizações
sur”. Mais uma vez o documento não de luta disciplinadas e que faltava
foi assinado. A Comintern reafirmou a unidade para a ação. Assim, a palavra
influência do imperialismo americano de ordem imediata era pela criação e
na região que, “foi o único que fortalecimento dos partidos comunistas:
fortaleceu seu poder durante a guerra” e Clamou-se pela união dos operários e
se tornou “a mais forte potência camponeses para luta contra as forças
imperialista” (COMITÊ, Apud Löwy, da burguesia nacional e internacional.
1999a, p. 83). Essa passagem pode “A luta contra vossa própria burguesia
parecer demasiada óbvia para nós, mas será cada vez mais a luta contra o
é uma afirmação que no início da imperialismo mundial” (COMITÊ,
década de 1920 requeria uma bela Apud Löwy, 1999a, p. 85). Os
análise da conjuntura econômica adversários a serem combatidos foram
internacional, pois naquele momento a identificados, mas não se apresentou
influência econômica dos EUA ainda nenhuma tática específica para essa luta.
não havia se consolidado. Da mesma forma, não se apresentou o
caráter da revolução latino-americana.
As burguesias nacionais foram O texto é bastante genérico e evidencia
caracterizadas como forças auxiliares da a ausência de uma análise mais
dominação estrangeira, pois eram elas aprofundada da região.
que desempenhavam o papel de
repressão direta quando as forças

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Considerações finais determinado espaço de tempo que não
era determinado de antemão. As teses
Em seus quatro primeiros congressos a
do VI Congresso, acabaram por
Comintern pensou a revolução para
estabelecer uma concepção etapista da
além do mundo europeu a partir da
revolução. Assim, lançou-se a tese de
chamada “questão colonial”. Os debates
que o processo revolucionário deveria
se centraram na caracterização das lutas
se daria em dois momentos distintos. Na
no oriente, mas também se teceu
primeira fase, devido ao atraso desses
considerações importantes sobre o
países, a tarefa era de libertação
continente latino americano. As teses
nacional e anti-imperialista. Só num
ressaltavam que não se tratavam de
momento posterior, a revolução poderia
povos efetivamente colonizados, mas de
ter um caráter operário e socialista.
países que já tinham se libertado do
Nesse sentido, sob o domínio stalinista,
domínio político das metrópoles.
a Internacional passou a atuar de forma
Todavia, viviam sobre a dependência
claramente contrarrevolucionária, com o
econômica das potências imperialistas,
objetivo de impedir e frear a revolução
fornecendo matérias-primas e sem
nos países orientais e latino-americanos.
condições para um desenvolvimento Por trás desta proposta estava o
industrial autônomo. A luta destes
interesse da burocracia em evitar novos
povos era apresentada dentro dos
conflitos com os países imperialistas,
limites da “libertação nacional”, contra
mantendo a revolução isolada.
a ação imperialista e contra as
burguesias nacionais que estavam
associadas a burguesia internacional.
Referências
O que marcou estes primeiros estudos
BROUÉ, Pierre. História da Internacional
foi justamente o caráter genérico e a Comunista (1919-1934). Tomo I. São Paulo:
ausência de uma investigação mais Sundermann, 2007.
particular que avançasse na
caracterização tática e estratégica da CARR, E. H. A Revolução Russa de Lenin a
Stalin: (1917-1929). Rio de Janeiro: Zahar,
luta nestes países. Não obstante, após o 1981.
IV Congresso em 1922, a “questão
colonial” ficou esquecida e só foi Comité Ejecutivo de la Internacional
retomada durante os debates sobre a Comunista. Tesis sobre la unidad del frente
proletário. 1921. Terceiro Congresso da
Revolução Chinesa (1925-1927) e Internacional Comunista Disponível em:
reapareceu em sua forma dogmática no http://ciml.250x.com/archive/comintern/spanish
VI Congresso em 1928. Já sob o /1921_ecci_united_front_theses_spanish.html.
domínio da fração stalinista se Acesso em 25 de julho de 2015.
consolidou a interpretação de que a COMITE Executivo da Internacional
revolução nos países ditos “coloniais” e Comunista. Aos operários e camponeses da
“semicoloniais” tinha um caráter América do Sul. In: LÖWY, Michael (Org.). O
“democrático burguês”. Contrariando as marxismo na América Latina, uma antologia de
teses de Lenin e Roy de 1920, defende- 1909 aos dias atuais. São Paulo: Fundação
Perseu Abramo, 1999a.
se a partir de 1928, a necessidade
histórica de se cumprir uma etapa COMITÊ Executivo da Internacional
burguesa. Comunista. Sobre a revolução na América. In:
LÖWY, Michael (Org.). O marxismo na
A Comintern apontou que entre a fase América Latina, uma antologia de 1909 aos
democrático-burguesa e a revolução dias atuais. São Paulo: Fundação Perseu
Abramo, 1999b.
propriamente socialista existia um

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LENIN, V. I. Projeto de teses preliminares: as enin_1920_5_june_second_congress_comintern
questões nacional e colonial. 1920. Segundo _colonial_and_national_question_draft_
Congresso da Internacional Comunista. portuguese.html. Acesso em 25 de julho de
Disponível em: 2015.
http://ciml.250x.com/archive/lenin/portuguese/l
TROTSKI. Manifesto da Internacional
enin_1920_5_june_second_congress_comintern
Comunista aos proletários do mundo inteiro.
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PRIMEIRO Congresso da Internacional
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PINHEIRO, Paulo Sérgio. Estratégias da http://ciml.250x.com/archive/comintern/portugu
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1935. 2 ed. São Paulo: Cia das Letras, 1991. guese.html. Acesso em 21 de abril de 2016.
ROY, M. N. Teses suplementares. 1920.
Segundo Congresso da Internacional
Comunista. Disponível em: Recebido em 2018-06-24
http://ciml.250x.com/archive/lenin/portuguese/l Publicado em 2018-09-18

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