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BRASIL
A ex-ministra do Ambiente do Brasil e antiga candidata presidencial Marina Silva na Fundação Calouste Gulbenkian
NUNO FERREIRA SANTOS
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As relações futuras entre Portugal e o Brasil não podem ser entendidas sem confrontar o
“trauma” do encontro inicial entre os dois países, há mais de 500 anos, afirmou esta
sexta-feira a ex-ministra e ambientalista brasileira Marina Silva, durante a conferência
Brasil-Portugal: Perspectivas de Futuro, organizado pela Fundação Calouste Gulbenkian, a
propósito do bicentenário da independência do Brasil.
Uma perspectiva igualmente crítica foi veiculada pelo director artístico do Instituto
Moreira Salles, João Fernandes,
(https://www.publico.pt/2019/05/10/culturaipsilon/noticia/joao-fernandes-sai-reina-sofia-
ir-dirigir-instituto-moreira-salles-brasil-1872240) que recordou a carta de Pero Vaz de
Caminha em que é comunicada ao rei D. Manuel I a chegada da armada portuguesa de
Pedro Álvares Cabral ao que viria a ser o território brasileiro. Fernandes referiu o tom
“amigável” do primeiro encontro entre os portugueses e os povos autóctones
acompanhado de uma “insensibilidade” perante a descoberta: “Uma ideia arrogante de
uma superioridade de crenças de quem chega em relação a quem encontra.”
João Fernandes também recorreu à metáfora do trauma para abordar o passado colonial
de Portugal e Brasil, lamentando, por exemplo, que não se estude a história da
escravatura nas escolas portuguesas. “Há muito que ainda não foi pensado a partir dos
traumas acumulados que estão em todas as famílias portuguesas”, afirmou o curador.
Pacheco garantiu ainda que o Congresso federal tem funcionado como “travão
institucional” em relação a “iniciativas descabidas”, dando o exemplo de propostas para
autorizar a actividade mineira em terras indígenas ou para alterar o sistema de voto
electrónico actualmente em vigor no Brasil – Bolsonaro tem dito que o método é
vulnerável a fraudes e alude com frequência à possibilidade de as eleições deste ano
poderem vir a ser manipuladas, embora nunca tenha fornecido qualquer prova das suas
alegações.
O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros português Paulo Portas lamentou, por seu lado,
que o Brasil não esteja entre os dez principais destinos de exportações portuguesas.
“Podíamos fazer mais do ponto de vista do crescimento, sobretudo simplificando”
procedimentos, afirmou.