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A Inteligência Artificial nas Relações Internacionais: Conflitos, Paz e

Possibilidades

Laura Távora Dutra1

RESUMO

Este trabalho trata sobre o impacto do comportamento da Inteligência Artificial na interação


com as áreas de sistema, segurança e conflitos das Relações Internacionais. Tendo como
justificativa social a importância em analisar como a Inteligência Artificial, que pode ajudar a
otimizar diversas áreas, facilitando o cotidiano do ser humano, também pode ser uma arma
contra o homem e os Estados. Tornando necessário fazer uma reflexão crítica sobre as
possibilidades de impacto na relação entre homens e a máquinas. Na área acadêmica é
imprescindível entender como a Inteligência Artificial pode impactar nas esferas securitárias,
socioeconômicas e sociopolíticas das Relações Internacionais. Ademais, com base nos padrões
de estudo da disciplina, é fundamental compreender o comportamento do Sistema Internacional
perante as oportunidades geradas pela Inteligência Artificial, benéficas ou não, e organizar
como este novo debate pode ser aplicado nas Relações Internacionais. Especificamente, o
objetivo do presente trabalho é compreender se a esfera de tecnologia, especificamente o campo
da Inteligência Artificial, pode ser inserida na disciplina de Relações Internacionais e qual
impacto que esta tecnologia poderia gerar no âmbito do Sistema Internacional.

Palavras-chave: tecnologia; Inteligência Artificial; cooperação; conflitos.

INTRODUÇÃO

Este trabalho trata sobre o impacto do comportamento da Inteligência Artificial na


interação com as áreas de cooperação, segurança e conflitos das Relações Internacionais. Sua
justificativa social reside na importância em analisar como a Inteligência Artificial, que pode
ajudar a otimizar diversas áreas, facilitando o cotidiano do ser humano, também pode ser uma
arma contra o homem e os Estados. Tornando necessário fazer uma reflexão crítica sobre as
possibilidades de impacto na relação entre homens e a máquinas.
Desta forma, no quesito acadêmico, surge a necessidade de entender como a
Inteligência Artificial pode impactar nas esferas securitárias, socioeconômicas e sociopolíticas
das Relações Internacionais. Além disso, com base nos padrões de estudo da disciplina,
entende-se como fundamental compreender o comportamento do Sistema Internacional perante

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Estudante do 8º semestre de Graduação em Relações Internacionais do Centro Universitário Ritter dos Reis como
exigência de conclusão de curso e sob orientação do prof. Mestre João Gabriel Burmann. Artigo submetido à
Banca Examinadora em 16/06/2023.

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as oportunidades geradas pela Inteligência Artificial, benéficas ou não, e organizar como este
novo debate pode ser aplicado nas Relações Internacionais.
No quesito metodologia, este trabalho teve como finalidade a realização de um
estudo com o objetivo de compreender como a Inteligência Artificial pode ser inserida na
disciplina de Relações Internacionais e qual impacto que esta tecnologia poderia gerar no
âmbito do Sistema Internacional. Desta forma, o tipo de pesquisa utilizada no artigo foi
descritivo e explicativo, com abordagem qualitativa, tendo como foco métodos dedutivos. Ao
longo da construção da pesquisa, desde o primeiro procedimento realizado, que diz respeito à
compreensão de termos tecnológicos e como prosseguiram para os avanços tecnológicos, até
os impactos nas áreas das disciplinas de relações internacionais, todos os processos para a coleta
de dados foram realizados mediante pesquisa bibliográfica e documental.
Assim, o objetivo geral do presente trabalho é realizar um estudo prospectivo sobre
o avanço da inteligência artificial nas relações internacionais. Já os objetivos específicos são:
(i) compreender o que é a Inteligência Artificial; (ii) compreender se a esfera de tecnologia,
especificamente o campo da IA, pode ser inserida na disciplina de Relações Internacionais; (iii)
analisar como a tecnologia pode agir benéfica ou maleficamente ao adquirir conhecimentos
aprofundados e o qual impacto que esta tecnologia poderia gerar no âmbito do Sistema
Internacional, tanto na guerra, quanto na paz.
Sendo assim, trabalha-se com a hipótese de que a Inteligência Artificial deve se
tornar mais presente nos estudos da área acadêmica de Relações Internacionais, uma vez que a
tecnologia influencia e impacta esferas securitárias, socioeconômicas e sociopolíticas nas
relações internacionais. Desta forma, a presença de um profissional para tomar as decisões
acerca das ações e do que será realmente mais oportuno para a empresa, ou ente público, é
imprescindível.
A Inteligência Artificial (IA) é um campo da ciência que tem despertado interesse
e gerado avanços significativos nos últimos anos (IAFRATE, 2018). A capacidade de
desenvolver máquinas capazes de imitar a inteligência humana e realizar tarefas de forma
autônoma tem transformado diversos aspectos da nossa sociedade. Atualmente, a Inteligência
Artificial está presente em várias atividades do nosso cotidiano, desde reconhecimento
biométrico até assistentes virtuais, proporcionando conveniência e eficiência. No entanto, esse
rápido avanço tecnológico também levanta questões éticas e desafios que precisam ser
enfrentados.

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A interação entre seres humanos, política e a nova era da tecnologia é um tema
complexo e impactante (VICENTE, 2005). A tecnologia tem mudado como nos comunicamos,
interagimos e obtemos informações, além de ter implicações políticas e governamentais. Essas
mudanças são benéficas economicamente, mas também geram preocupações éticas, como a
privacidade e a disseminação de notícias falsas.
No contexto político, a tecnologia impacta os processos eleitorais, tornando a
participação mais acessível e transparente. No entanto, surgem novas demandas por medidas
de segurança que protegem de ataques cibernéticos. Além disso, a Inteligência Artificial tem o
potencial de transformar o mercado de trabalho, levantando questões sobre desigualdade social
e o papel do Estado na proteção dos direitos dos trabalhadores (VICENTE, 2005).
Diante desses desafios, é essencial promover um amplo debate sobre governança,
incluindo acadêmicos, políticos, profissionais de tecnologia e sociedade civil. É necessário
buscar um equilíbrio entre a inovação tecnológica, a proteção dos direitos individuais e a
promoção da igualdade.
Nas Relações Internacionais, a capacidade tecnológica se tornou uma fonte de
poder, levando os Estados a investir em pesquisa e adoção de novas tecnologias para obter
vantagem competitiva. Logo, Inteligência Artificial afeta não apenas a segurança e a economia,
mas também a governança global. Portanto, cooperação e governança eficazes são
fundamentais para garantir o uso ético e seguro da IA.
No campo da segurança internacional a IA desempenha um papel crucial na
segurança internacional, abrangendo áreas como cibersegurança, inteligência e defesa
(FERNANDES, 2012). Ela está tão presente na coleta e análise de informações cibernéticas,
sendo usada tanto para ataques quanto para defesa, que a corrida tecnológica na área de defesa
afeta as dinâmicas de poder e segurança entre as nações (TEIXEIRA JÚNIOR, et al., 2017).
Além disso, também traz implicações no quesito militar, através da condução e
desenvolvimento de munições guiadas de precisão, por exemplo (AVILA, et al., 2009).
Embora a IA ofereça potenciais contribuições para a promoção da paz, política e
cooperação internacional, é essencial considerar aspectos éticos e legais, como transparência,
proteção de dados e viés algorítmico. Somente por meio de uma abordagem responsável, com
uma governança adequada e supervisão, será possível garantir que a IA seja utilizada de forma
apropriada e benéfica para a sociedade global.
Em resumo, a Inteligência Artificial está transformando as Relações Internacionais,
com um impacto significativo nas esferas securitárias, socioeconômicas e sociopolíticas em

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diversos aspectos, incluindo paz, governança global, segurança e economia (JOHNSON, 2019).
Contudo, para que esse impacto seja positivo, é crucial enfrentar os desafios éticos e políticos
relacionados à Inteligência Artificial, promovendo um debate amplo e construindo Relações
Internacionais sólidas e duradouras baseadas no comprometimento humano, diálogo e
confiança.
Desta forma, é imprescindível entender as oportunidades, benéficas ou não, geradas
pela Inteligência Artificial e apontar como este novo debate pode ser aplicado na disciplina de
Relações Internacionais. Afinal, ainda que a tecnologia facilite a vida humana e tenha
capacidade de possuir inteligência, suas decisões nem sempre estarão corretas. Assim, para
garantir que a IA seja utilizada para fomentar a paz, a estabilidade e a cooperação entre os
países, torna-se indispensável estabelecer uma governança adequada e mecanismos de
supervisão durante sua implementação. Entende-se que a presença de um profissional de
Relações Internacionais, capacitado para tomar as decisões acerca das ações e do que será
realmente mais oportuno, é imprescindível.

2) INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL (IA)

2.1) Apresentação de Termos

O objetivo da discussão desta seção é apresentar uma definição de Inteligência


Artificial (IA) com base nos estudos de Stuart Russell e Peter Norvig (2022), destacando a
interseção entre os conceitos de inteligência e artificialidade. O texto visa equilibrar a definição
abstrata de “racionalidade” com a crença de que a IA se baseia na capacidade humana de exercer
consciência (RUSSELL e NORVIG, 2022).
Ao considerar os métodos dos autores e unir os significados dos termos de forma
científica e computacional, o texto define o que é a IA. Além disso, há destaque na presença
cada vez mais comum da IA em atividades cotidianas.
No dicionário Aurélio, diz-se que a inteligência é a “faculdade de aprender,
apreender ou compreender”. Já o conceito de “artificial” é descrito com sentido figurado de
algo que se opõe ao que é natural. Existem diferentes estudos sobre a Inteligência Artificial
(IA) e a sua definição como tecnologia. Stuart Russell e Peter Norvig (2022) fazem isso muito
bem no seu livro “Artificial Intelligence: A Modern Approach”. Já na primeira página, criam
dimensões com métodos onde buscam um equilíbrio entre a definição abstrata do termo
“racionalidade” e a crença de que a Inteligência Artificial é baseada na capacidade humana de
exercer consciência (RUSSELL e NORVIG, 2022).
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Os métodos usados são necessariamente diferentes: a busca da inteligência
semelhante à humana deve ser em parte uma ciência empírica relacionada à
psicologia, envolvendo observações e hipóteses sobre o comportamento
humano real e os processos de pensamento; uma abordagem racionalista, por
outro lado, envolve uma combinação de matemática e engenharia, que se
conecta a estatística, teoria de controle e economia. (RUSSELL e NORVIG,
2022, p. 1).

No geral, ao considerar os métodos dos autores, e realizar a junção de significado


dos termos das duas palavras em um sentido científico e computacional, pode-se definir a
Inteligência Artificial como um campo da ciência que estuda e desenvolve máquinas
tecnológicas para mimetizar de forma autônoma a inteligência e a capacidade do homem para
executar tarefas e ações. Para tanto, ela utiliza e aplica técnicas e análises avançadas, baseadas
em lógica.
Atualmente, temos a IA tão presente em diversas atividades do cotidiano que mal
percebemos: o leitor de biometria digital e facial para desbloquear um smartphone, o corretor
automático de celulares e computadores e as recomendações de conteúdo baseados nas
preferências de consumo nas redes sociais e serviços de streaming, que utilizam de algoritmos
de aprendizado de máquina. No entanto, há apenas algumas décadas, as ideias relacionadas à
Inteligência Artificial eram no geral todas ficcionais, ideais humanos de como a tecnologia
poderia progredir ao longo dos anos.
2.2) História da Inteligência Artificial

O objetivo da discussão desta seção é traçar um panorama histórico da Inteligência


Artificial (IA), desde seus primeiros estudos e marcos até os avanços mais recentes.
Inicialmente, se aborda o início oficial da IA em 1956, com o Workshop organizado por Stuart
Russell, Peter Norvig e outros pesquisadores pioneiros, onde discutiram a possibilidade de criar
máquinas inteligentes. Também menciona estudos anteriores, como a teoria de neurônios
artificiais desenvolvida por Warren McCulloch e Walter Pitts em 1943.
Em suma, o objetivo da discussão é apresentar a evolução histórica da IA, desde os
estudos iniciais sobre neurônios artificiais até os avanços recentes em redes neurais profundas
e assistentes virtuais, ressaltando como a IA está transformando nossa interação com a
tecnologia e a importância de abordar as implicações éticas dessa evolução.
Com base no livro de Stuart Russell e Peter Norvig, pode-se afirmar que o campo
da Inteligência Artificial começou oficialmente em 1956. Esta é a data em que os autores, junto
de pesquisadores pioneiros no campo, como John McCarthy, Marvin Minsky, Nathaniel
Rochester e Claude Shannon, montam um Workshop e discutem a possibilidade de criar

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máquinas que pudessem demonstrar inteligência e realizar tarefas anteriormente atribuídas aos
seres humanos. No entanto, apesar de ser considerado o marco oficial, já existiam outros
estudos, um pouco mais específicos, no campo de IA.
Com o sonho do homem de ter máquinas pensando e agindo como ele, os estudos
iniciaram com Warren McCulloch e Walter Pitts em 1943, que, através do estudo de sistemas
neurais humanos, realizaram o desenvolvimento da teoria de neurônios artificiais no artigo
intitulado “A Logical Calculus of the Ideas Immanent in Nervous Activity” (MCCULLOCH;
PITTS, 1943). Nesse trabalho, eles propuseram um modelo matemático que descreve o
funcionamento dos neurônios biológicos e como eles poderiam ser representados por meio de
cálculos lógicos, enfatizando seu comportamento como um processador de informações
binárias (MCCULLOCH, 1990). No entanto, ainda que inovador, o trabalho de McCulloch e
Pitts utilizava de abordagens bastante simplificadas do sistema nervoso humano, com sinais
representados por valores lógicos básicos, sendo, portanto, reconhecido apenas como pioneiro
e considerado um marco importante para o início dos estudos na área de tecnologia.
Depois, o ressurgimento das redes neurais artificiais ocorreu na década de 1980,
quando pesquisadores como Yann LeCun e Yoshua Bengio desenvolveram novas técnicas de
aprendizado de máquina baseadas em redes neurais profundas. Essa abordagem, conhecida
como aprendizado profundo (deep learning), permitiu que as redes neurais artificiais fossem
treinadas em camadas sucessivas de neurônios, permitindo o processamento de informações
complexas e o aprendizado de representações hierárquicas (YANN DAUPHIN et al., 2012). A
partir de então, as redes neurais artificiais, em particular as redes neurais profundas, têm sido
amplamente utilizadas em diversas aplicações de IA, como reconhecimento de imagens,
processamento de linguagem natural, tradução automática, entre outras.
Desde suas origens, a Inteligência Artificial passou por avanços significativos,
desafios e revoluções, moldando a maneira como interagimos com a tecnologia atualmente. Em
resumo, os estudos de IA com sistemas neurais humanos começaram nas décadas de 1940 e
1950, com pesquisas pioneiras sobre o funcionamento dos neurônios biológicos
(MCCULLOCH, 1990) e o desenvolvimento de modelos matemáticos de neurônios artificiais
(YANN DAUPHIN et al., 2012). Desde então, os avanços no campo das redes neurais artificiais
impulsionam o desenvolvimento de técnicas e aplicações de IA baseadas em sistemas
inspirados no cérebro humano.
Com o avanço do século e, consequentemente, avanços da IA, da computação e da
abundância de dados, temos a origem da era do “Big Data” e do “Machine Learning”

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(IAFRATE, 2018). Além disso, outro marco importante na história da IA foi a ascensão dos
assistentes virtuais, como Siri, Alexa e Google Assistant, que utilizam técnicas de IA para
entender comandos de voz e fornecer respostas úteis aos usuários.
Em síntese, a história da IA é uma jornada que começou com grandes sonhos e
desafios, mas que agora está transformando profundamente a maneira como vivemos e
interagimos com a tecnologia. À medida que avançamos, é essencial refletir sobre as
implicações éticas, a fim de garantir que a IA seja desenvolvida de maneira responsável e
inclusiva, para podermos aproveitar todos os benefícios que ela pode oferecer.

2.3) Ser Humano, Política e a Nova Era da Tecnologia


O objetivo da discussão desta seção é abordar a interação entre seres humanos,
política e a nova era da tecnologia, destacando sua relevância e complexidade na sociedade
contemporânea. O texto visa explorar os impactos da tecnologia, como a Inteligência Artificial,
o “Big Data”, “Internet das Coisas”, “Blockchain”, nas transformações nos âmbitos político,
governamental, econômico e social.
Esta seção discute como a tecnologia tem influenciado significativamente a vida
cotidiana das pessoas, afetando a comunicação, interação e acesso à informação. Destaca
também a influência da tecnologia no desenvolvimento econômico, criação de empregos e
melhoria da qualidade de vida. No entanto, ressalta que o rápido avanço tecnológico traz
consigo desafios éticos, bem como o impacto da disseminação de notícias falsas e
desinformação nas plataformas digitais.
A seção também introduz uma discussão sobre a relação entre Inteligência Artificial
e os conceitos filosóficos de contrato social, destacando a responsabilidade dos seres humanos
na criação e treinamento de sistemas de IA. A partir disso, ganha importância o ato de se refletir
sobre a amplificação de preconceitos e desigualdades, presentes nos dados utilizados no
treinamento dos algoritmos.
Em suma, o objetivo da seção é fomentar uma compreensão aprofundada, com
abordagens responsáveis sobre a interação entre seres humanos, política e a nova era da
tecnologia, com ênfase na ética da IA, a fim de maximizar os benefícios e mitigar os desafios
trazidos por essa interação, visando um futuro inclusivo e sustentável para todos.
Precisamos levar o aprendizado para além de uma discussão teórica sobre como a IA
deve ser e assegurar o planejamento de como ela pode ser. Todos temos potencial para
expandir fronteiras do que é aceito, ou esperado, e para pensar grande. Estamos às
portas de um admirável mundo novo. É um lugar empolgante, ainda que arriscado, e
vocês são os pioneiros. (VICENTE, 2005, p.221).

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A interação entre seres humanos, política e a nova era da tecnologia é um tema de
grande relevância e complexidade na sociedade contemporânea, afinal, nos últimos anos
pudemos presenciar o rápido avanço tecnológico, com o surgimento de inovações como
Inteligência Artificial, “Big Data”, “Internet das Coisas”, “Blockchain” e muitas outras
(IAFRATE, 2018). É inegável que a tecnologia desempenha um papel significativo nas
transformações sociais, apresentando desafios e oportunidades para a sociedade, impactando
profundamente diversas esferas da vida humana, incluindo a política e o modo como a
sociedade é governada (VICENTE, 2005).
No âmbito dos seres humanos, a tecnologia tem trazido transformações
significativas. Ela se tornou uma parte essencial de nossas vidas cotidianas, influenciando a
maneira como nos comunicamos, interagimos e acessamos informações. As redes sociais e
plataformas digitais possibilitam uma conectividade global sem precedentes, permitindo um
intercâmbio global entre países, onde as pessoas se engajam em discussões políticas,
compartilham ideias e conhecimentos sem grandes barreiras. Além disso, a tecnologia
impulsiona o desenvolvimento econômico, criando oportunidades de emprego e transformando
setores inteiros da indústria e melhorando a qualidade de vida em muitos aspectos.
No entanto, a rápida evolução tecnológica também levanta desafios e dilemas
éticos. Questões de privacidade, segurança de dados e manipulação de informações têm se
tornado cada vez mais relevantes (VICENTE, 2005). A coleta massiva de dados pessoais por
parte das empresas e governos têm gerado preocupações em relação ao uso indevido dessas
informações. Além disso, a disseminação de notícias falsas, polarização política e
desinformação nas plataformas digitais impactam o debate público e as eleições, afetando a
legitimidade dos processos democráticos.
No contexto político, a tecnologia tem influenciado como as instituições políticas
operam e como os cidadãos se envolvem na tomada de decisões. A digitalização dos processos
eleitorais facilita a participação e aumenta a transparência, mas também requer medidas de
segurança e proteção contra possíveis ataques cibernéticos.
A nova era da tecnologia também tem implicações socioeconômicas. Com potencial
de transformar o mercado de trabalho substituindo algumas ocupações e exigindo novas
habilidades dos trabalhadores (VICENTE, 2005). Isso levanta questões sobre desigualdade
social e o papel do Estado na proteção dos direitos dos trabalhadores. Além disso, o acesso
desigual à tecnologia pode aprofundar a divisão digital entre aqueles que têm acesso aos
recursos tecnológicos e aqueles que não têm, criando uma forma de exclusão social.

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Ademais, diferente da filosofia de estado de natureza de Thomas Hobbes (2014),
em que “o homem é o lobo do homem”, as Inteligências Artificiais podem estar mais ligadas
ao conceito filosófico de contrato social de Jean-Jacques Rousseau (2010). O autor suíço disse
que “o ser humano nasce bom, a sociedade o corrompe”. No caso da tecnologia, podemos
utilizar uma metáfora substituindo “ser humano” por “Inteligência Artificial” e “sociedade” por
“homem”. Assim a criação de uma IA segue estabelecida pelo contrato ou pacto social que lhe
forma, ou seja, uma IA nasce boa, mas o homem a corrompe. Essa ideia gira em torno de que a
Inteligência Artificial é uma criação do homem, que utiliza de dados treinados e inseridos, logo,
é necessário refletir sobre a amplificação de preconceitos e desigualdades presentes nos dados
em que são treinados. Se os dados históricos forem tendenciosos ou discriminatórios, os
algoritmos de IA podem aprender esses padrões e tomar decisões discriminatórias, como no
recrutamento de pessoal ou em sistemas de justiça criminal. Isso levanta preocupações sobre a
equidade e a justiça na aplicação da IA.
Para enfrentar esses desafios, é necessário um debate amplo e inclusivo sobre a
governança da tecnologia, sendo fundamental uma abordagem multidisciplinar e um diálogo
contínuo entre acadêmicos, políticos, profissionais de tecnologia e sociedade civil. As políticas
públicas devem buscar equilibrar o estímulo à inovação tecnológica com a proteção dos direitos
individuais e a promoção da igualdade. É essencial promover a alfabetização digital e a inclusão
digital, garantindo que todos tenham acesso às oportunidades oferecidas pela nova era da
tecnologia. Além disso, a cooperação internacional e a criação de regulamentações adequadas
são fundamentais para abordar questões transnacionais, como proteção de dados e segurança
cibernética.
A relação entre seres humanos, política e a nova era da tecnologia é um campo em
constante evolução, exigindo uma compreensão aprofundada e abordagens responsáveis para
maximizar os benefícios e mitigar os desafios trazidos por essa interação. No contexto da ética
da IA, é necessário explorar questões como a responsabilidade dos sistemas de IA por decisões
e ações, a privacidade e segurança dos dados, a equidade e justiça nas aplicações de IA e o
impacto socioeconômico da automação impulsionada pela IA.
Em suma, a interação entre esses três aspectos é um tópico de extrema importância
e complexidade. A tecnologia está transformando a maneira como vivemos, trabalhamos e nos
envolvemos na esfera da vida na totalidade. É fundamental garantir que essas transformações
sejam orientadas por princípios éticos, respeito aos direitos humanos e justiça social, a fim de
criar um futuro inclusivo e sustentável para todos.

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3) O EFEITO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NAS RELAÇÕES
INTERNACIONAIS

O objetivo desta seção é explorar a importância da tecnologia, especialmente da


Inteligência Artificial (IA), nas Relações Internacionais. Busca-se responder por que a
tecnologia é relevante nesse contexto, e qual seria o impacto da IA no âmbito do Sistema
Internacional.
O argumento defendido é que a tecnologia desempenha um papel fundamental nas
Relações Internacionais, fornecendo capacidades ampliadas em diversas áreas. Através do
desenvolvimento tecnológico, os seres humanos têm superado limitações, aumentado a
eficiência, melhorado o acesso à informação e alcançado feitos antes considerados impossíveis.
Definindo como essa capacidade tecnológica contribui para o poder dos Estados no cenário
internacional, diferenciando potências médias de grandes potências.
Portanto, o objetivo da discussão do texto é analisar a relação entre tecnologia,
especialmente a IA, e os Estados, o Sistema Internacional e o poder. O texto visa destacar a
importância estratégica da IA nas Relações Internacionais, incentivando os Estados a considerar
seu uso estratégico para garantir cada vez mais capacidade e poder, e assegurar seu lugar como
grandes potências.
Até o momento, foi possível compreender o que é a Inteligência Artificial, qual sua
história e áreas de estudo. Também já se abordou questões como homens e máquinas nesta nova
era tecnológica, seus benefícios e desafios na sociedade. No entanto, por que exatamente a
tecnologia importa nas Relações Internacionais? Qual o impacto que uma IA poderia gerar no
âmbito do Sistema Internacional?
Coincidentemente, apesar dos estudos de Inteligência Artificial partirem de um
campo que estuda e desenvolve máquinas tecnológicas para mimetizar a capacidade do homem
para executar tarefas e ações. Na atualidade, é a tecnologia quem nos proporciona capacidades
ampliadas nas mais diversas áreas.
Através do desenvolvimento e avanço tecnológico, os seres humanos têm
conseguido superar limitações, melhorar a eficiência — a automação de processos, uso de
algoritmos avançados, “Machine Learning” e Inteligência Artificial, por exemplo, ajudam a
acelerar tarefas, otimizar operações e liberar tempo e recursos para outras atividades —,
aumentar o acesso à informação, realizar avanços científicos e médicos — equipamentos
médicos avançados, como exames de imagem de alta resolução e cirurgias robóticas, possibilita
diagnósticos mais precisos e tratamentos mais eficazes — e alcançar feitos que antes eram

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considerados impossíveis. Desta forma, em uma visão macro, é possível afirmar que a
tecnologia nos dá capacidade, sendo ela poder.
As contribuições realistas para o debate de segurança tratam essas questões de poder
como a segurança dos Estados num sistema internacional anárquico. Kenneth Waltz
(1979) no livro Theory of International Politics aborda como é possível mensurar
poder. De acordo com Metternich (1773) e Bismarck (1815) poder era definido de
acordo com as capacidades dos Estados [...] (ALENCAR, 2015, p. 188).

A capacidade é uma medida de habilidade ou potencial de realizar uma determinada


ação, ou alcançar um determinado resultado. É a capacidade de fazer algo, muitas vezes
influenciada por recursos, conhecimento, habilidades ou tecnologia disponíveis. Por exemplo,
uma pessoa pode conseguir resolver problemas matemáticos complexos com base em seu
conhecimento e habilidades nessa área. Enquanto isso, o poder refere-se à capacidade de
influenciar ou controlar o comportamento, as ações ou as decisões de outros indivíduos, grupos
ou Estados. O poder está relacionado à capacidade de impor sua vontade ou alcançar objetivos
específicos mesmo diante de resistência, ou oposição. (WALTZ, 2014).
Apesar de não serem sinônimos, nem definirem as mesmas questões, a capacidade
pode ser um elemento que contribui para o poder de um indivíduo, organização ou Estado. Ter
maior capacidade em determinadas áreas pode aumentar a capacidade de influenciar ou
controlar outros e, portanto, aumentar o poder. Por exemplo, um país com uma economia forte
e uma infraestrutura avançada terá maior capacidade econômica, o que pode contribuir para seu
poder na arena internacional. Logo, pode-se afirmar que tecnologia, na lógica de sistemas de
Estados, serve para distinguir potências médias de grandes potências.
A busca por vantagem competitiva e poder motiva os Estados a investir em pesquisa
e desenvolvimento (P & D), inovação e adoção de novas tecnologias. A competição entre os
Estados para adquirir e dominar tecnologias avançadas pode criar uma “corrida tecnológica”,
onde buscam estar na vanguarda de setores tecnologicamente avançados, como Inteligência
Artificial, tecnologia 5G, computação quântica, entre outros. Além disso, os Estados também
buscam desenvolver setores de alta tecnologia, promover a inovação em suas indústrias e atrair
investimentos estrangeiros. A competição econômica global incentiva a adoção de tecnologias
avançadas para aumentar a produtividade, melhorar a competitividade e impulsionar o
crescimento econômico. Ademais, existe a busca por vantagem militar e segurança nacional,
que leva os Estados a investir em tecnologias avançadas. Isso inclui o desenvolvimento de
sistemas de armas avançados, cibersegurança, tecnologias de vigilância e inteligência, entre
outros. A competição entre os Estados para ter uma superioridade tecnológica em termos de
defesa impulsiona a inovação e a transição tecnológica com intensidade.

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Desta forma, é possível afirmar que a competição entre os Estados fomenta a
transição tecnológica. Em outras palavras, o Estado é uma força que importa para o processo
de transição tecnológica, principalmente nas questões de economia, segurança e defesa. Afinal,
mesmo no livro de Teoria das Relações Internacionais, de Antônio Carlos Lessa, já é possível
encontrar teses que citam o fator “tecnologia” como um fator determinante para a definição do
que é centro e o que é periferia, que podemos chamar, em outras palavras, de “grande potência”
e “média potência”.
“Existe a produção de uma organização espacial do sistema-mundo, de onde surgem
os conceitos de “centro”, “semiperiferia” e “periferia”. As áreas centrais concentram-
se nas atividades econômicas mais avançadas, isto é, naquelas que agregam maior
valor aos bens produzidos ou aos serviços prestados, como atividades bancárias,
industriais ou mesmo setores agrícolas com maior incorporação de tecnologia. As
áreas periféricas, por sua vez, fornecem basicamente as matérias-primas e outras
commodities para a expansão econômica do centro capitalista, concentrando-se em
atividades com baixa tecnologia” (LESSA,2013, p. 66).

No entanto, a influência entre tecnologia, principalmente a Inteligência Artificial, e


Estado é como uma via de mão dupla. Em resumo, os Estados fomentam o avanço tecnológico,
mas isso se deve ao fato de que a Inteligência Artificial afeta as relações entre Estado, Sistema
Internacional e poder. Ela influencia a segurança, a economia e a governança global, requerendo
cooperação e governança eficazes para garantir que seus benefícios sejam aproveitados de
forma justa e segura. As relações entre Estado, sistema internacional, poder e Inteligência
Artificial são complexas e interconectadas. Analisemos cada um desses temas e como eles se
relacionam:
O Estado é uma entidade política soberana que exerce autoridade sobre um
determinado território e sua população. Ele desempenha um papel central nas Relações
Internacionais, representando os interesses e a vontade política de um determinado grupo de
pessoas. Os Estados buscam promover seus interesses nacionais, garantir sua segurança e
buscar influência no sistema internacional (WALTZ, 2004).
Já o Sistema Internacional refere-se ao conjunto de relações e interações entre os
Estados soberanos. É um sistema descentralizado e anárquico, onde não existe uma autoridade
central que governa as relações entre os Estados. De acordo com Duarte e Campos (2013, p.
66): “A disposição das unidades no sistema condiciona os tomadores de decisão dos países a
uma similaridade de decisões e condutas de suas políticas externas que devem pouco para as
considerações políticas nacionais e pessoais”. Assim, o Sistema Internacional é moldado por
normas, regras e instituições internacionais, bem como pelas dinâmicas de poder entre os
Estados.

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Considerando que os conceitos de capacidade e suas relações com a geração de
influência, sustenta-se a ideia de que a tecnologia fornece poder aos Estados. Entendendo esse
poder como um elemento fundamental nas Relações Internacionais — o qual no Sistema
Internacional pode assumir diferentes formas, incluindo poder militar, econômico, diplomático,
tecnológico e soft power (influência cultural e ideológica, por exemplo) —, seria correto afirmar
que Estados buscam acumular e exercer poder para proteger seus interesses e projetar sua
influência na arena internacional.
Por conseguinte, assegura-se que a Inteligência Artificial influencia a segurança, a
economia e a governança global. Assim, levantam-se questões sobre o estabelecimento de
normas e regulamentações internacionais para garantir o uso ético, seguro e responsável da IA,
especialmente em áreas como privacidade, segurança cibernética, preconceito algorítmico e
responsabilidade —, requerendo cooperação e governança eficazes para garantir que seus
benefícios sejam aproveitados de forma justa e segura. Tornando, portanto, necessário para
qualquer Estado que tenha interesse em se desenvolver, considerar o uso estratégico da IA e a
maneira como ela pode moldar as Relações Internacionais no futuro, a fim de garantir cada vez
mais capacidade e poder, em outras palavras, garantir seu lugar como grande potência.

3.1) Inteligência Artificial e a Questão Securitária das Relações Internacionais

O objetivo da discussão desta seção é explorar o papel da tecnologia, especialmente


da Inteligência Artificial, na questão da segurança nas Relações Internacionais. O texto busca
entender como a tecnologia afeta a segurança dos Estados, considerando o dilema de segurança,
que descreve a situação em que os Estados percebem ações defensivas como ameaças à sua
própria segurança, destacando a complexidade das Relações Internacionais, onde os esforços
dos Estados para proteger sua própria segurança podem inadvertidamente levar a uma espiral
de insegurança e instabilidade.
A seção também aborda a competição entre os Estados na busca por vantagem e
poder, destacando como o dilema de segurança e a competição contribuem para o fomento
tecnológico. O objetivo é analisar as complexidades das Relações Internacionais nesse contexto
e discutir possíveis estratégias para promover a estabilidade internacional.
Em resumo, o objetivo da discussão é analisar o impacto da tecnologia,
especialmente da Inteligência Artificial, na segurança internacional, considerando o dilema de
segurança e suas implicações nas Relações Internacionais.
Após compreender a importância do estudo dos efeitos da Inteligência Artificial nas
Relações Internacionais, analisando o impacto significativo no desenvolvimento de Estados e
13
consequentemente no Sistema Internacional, partimos para um dos pontos que os realistas,
como Waltz e neorrealistas, como Keohane (1986), consideram como o mais importante quando
falamos em Estado: segurança (ALENCAR, 2015). Afinal, “Estados têm primazia como
objetos de segurança porque sua existência é uma condição necessária para a realização de
qualquer valor individual ou coletivo num sistema internacional caracterizado pela anarquia.”
(CEPIK, 2001, p.7).
A tecnologia desempenha um papel fundamental na questão securitária das
Relações Internacionais por várias razões, afinal, abrange áreas como cibersegurança,
inteligência, defesa, monitoramento de fronteiras e guerra informacional. Tornando
imprescindível que as nações fiquem atentas ao desenvolvimento e ao uso ético das tecnologias
para garantir e promover a cooperação internacional na esfera da segurança. Ao longo do texto,
exploraremos mais as questões de segurança tecnológica. No entanto, faz-se necessário o
aprofundamento de alguns pontos já mencionados antes, como o que poderia levar uma nação
a conduzir uma corrida armamentista em torno da IA. Afinal, a busca por vantagem competitiva
dos Estados e do fomento na transição tecnológica na questão securitária, pode ser influenciada
pelo dilema de segurança.
Sendo o dilema de segurança um conceito que descreve uma situação em que os
Estados percebem ações defensivas como ameaças à sua própria segurança, levando-os a um
aumento nas medidas de segurança e à possibilidade de escalada de conflitos (GLASER, 1997).
Isso porque há incerteza sobre as intenções de cada nação, característica clara de um contexto
de anarquia internacional, onde não existe uma autoridade central que garanta a segurança dos
Estados. Nesse cenário, os Estados buscam garantir sua própria segurança por meio do
fortalecimento militar, formação de alianças e adoção de estratégias defensivas (GLASER,
1997).
O dilema surge justamente quando as armas podem ser utilizadas tanto para se
defender, quanto para atacar. São situações em que um Estado aumenta sua segurança, mas, ao
mesmo tempo, acaba reduzindo a segurança de outros países. Não havendo um consenso sobre
o quanto é suficiente se fortalecer até estar seguro, os adversários também se armam, o que
provoca cada vez mais insegurança, afinal, cria-se uma percepção de ameaça que leva todos os
Estados afetados a responderem defensivamente, que pode ser interpretada como mais uma
ameaça. Esse ciclo contínuo de ações e reações defensivas pode levar a um aumento nas
tensões, desconfiança mútua e à possibilidade de escalada de conflitos. Destacando a natureza
complexa das Relações Internacionais, onde os esforços dos Estados para proteger sua própria

14
segurança podem inadvertidamente levar a uma espiral de insegurança e instabilidade. Para
lidar com esse dilema, os Estados muitas vezes buscam a diplomacia, o diálogo e a cooperação
para construir a confiança mútua e reduzir as percepções de ameaça (GLASER, 1997).
No entanto, ainda que sejam soluções para lidar com o dilema, elas não são tão
simples de se pôr em prática. Há incerteza sobre as intenções dos países adversários e mesmo
que haja diálogo, cada Estado possui agentes e atores com valores e intenções próprias para
seus objetivos, o que pode levar a adesão de um discurso de securitização, identificando a defesa
de outros Estados como uma ameaça existencial, pelo agente securitizador (TANNO, 2003).
Além disso, uma das soluções e, ao mesmo tempo, influenciadora do dilema de segurança, é a
teoria da dissuasão, afinal, pode ser definida como uma prática para desencorajar ou restringir
alguém de tomar ações indesejáveis (PAUL, 2009). Assim, os Estados utilizam da dissuasão
direta — onde os Estados previnem ataques contra si —, da dissuasão pela negação — pois
aumentam suas defesas a ponto de negarem vantagem para o inimigo entrar em conflito — e da
dissuasão pela punição — pois os Estados podem aumentar suas defesas mediante uma ameaça
de contra-ataque de gerar danos catastróficos caso seu inimigo decida entrar em guerra — em
meio ao dilema de segurança (PAUL, 2009). Ademais, as nações tendem a agir de forma mais
discreta e até mesmo secreta quanto a suas capacidades securitárias, já que liberar a informação
pode levar à vulnerabilidade (GLASER, 1997), levando-nos para um ciclo infinito de dilemas.
Ainda assim, é importante ressaltar que o dilema de segurança não é um
determinismo absoluto. Nem todos os Estados reagem da mesma maneira diante das ações
defensivas de outros Estados, e existem várias estratégias e abordagens que podem ser adotadas
para mitigar o dilema de segurança e promover a estabilidade internacional.
Teoricamente, o foco do dilema de segurança não está no poder militar, mas na
capacidade militar de conduzir suas operações específicas (GLASER, 1997). Desta forma,
voltamos para as questões de tecnologia e os efeitos da Inteligência Artificial nas Relações
Internacionais. Considerando a competição incessante entre os Estados, visando garantir
influência significativa na arena internacional, o dilema de segurança surge na questão
explicando os motivos do aumento de medidas securitárias. Logo, pode-se afirmar que o dilema
de segurança, assim como a competição por vantagem e poder, também contribui para o
fomento tecnológico. Esse é um dos condicionantes da criação do Sistema Internacional, por
meio daquilo que Paul Kennedy (1989) definiu como competição militar interestatal.

15
3.1.1) Inteligência Artificial: Hard Power nas Relações Internacionais

O objetivo da discussão desta seção é analisar o papel da tecnologia, especialmente


da Inteligência Artificial, nas Relações Internacionais, com foco na segurança cibernética, na
revolução tecnológica e na guerra informacional. O texto explora as diversas áreas nas quais a
IA pode ser aplicada, como armamento aprimorado, análise de dados, ciberguerra, tradução
automática, reconhecimento de padrões e tomada de decisões.
A seção aborda a interseção entre a ciberguerra e a Inteligência Artificial,
destacando como a IA desempenha um papel tanto na defesa quanto no ataque cibernético. São
discutidas as oportunidades e desafios complexos que a IA apresenta para os atores envolvidos,
considerando que ela pode ser utilizada para proteger sistemas de informação e infraestruturas
críticas, mas também para comprometê-los.
O texto também destaca a importância da IA na coleta e análise de informações em
operações de inteligência cibernética, na detecção e resposta a ameaças cibernéticas, na
vigilância e monitoramento de segurança, e na guerra informacional. A dependência gradativa
de sistemas digitais na sociedade moderna e a disseminação rápida de desinformação por meio
de meios digitais são mencionadas como desafios relevantes para a segurança e a estabilidade
internacional.
Em suma, o objetivo da discussão do texto é fornecer uma visão abrangente sobre
como a tecnologia, especialmente a Inteligência Artificial, afeta a segurança cibernética e a
guerra informacional nas Relações Internacionais. O texto destaca as oportunidades e os
desafios relacionados à aplicação da IA nesses contextos e ressalta a importância de
desenvolver e utilizar tecnologias de forma ética para garantir a segurança e promover a
cooperação internacional nessa esfera.
Na realidade, embora ainda estejamos longe de alcançar os níveis de IA retratados
na ficção, a tecnologia está desempenhando um papel cada vez mais importante nas Relações
Internacionais. O autor James Johnson, em seu artigo “Artificial intelligence & future warfare:
implications for international security”, discute sobre os desenvolvimentos recentes em
inteligência artificial e como essa tecnologia emergente pode ter um impacto determinístico e
potencialmente transformador, implicando na possibilidade de se tornar fonte de instabilidade
e rivalidade entre os Estados. (JOHNSON, 2019)
“Desenvolvimentos recentes em inteligência artificial (IA) sugerem que essa
tecnologia emergente terá uma influência determinística e potencialmente
transformadora no poder militar, na competição estratégica e na política mundial de
forma mais ampla. […] Argumenta-se que, se não forem controladas, as incertezas e
vulnerabilidades criadas pela rápida proliferação e difusão da IA podem se tornar uma

16
importante fonte com potencial de instabilidade e rivalidade estratégica entre grandes
potências.” (JOHNSON, 2019, 1, tradução nossa).2

A segurança nas relações internacionais está sendo constantemente moldada e


afetada pela revolução tecnológica e pela digitalização da guerra. A ascensão da tecnologia tem
transformado como os países conduzem suas operações militares e estratégias de segurança.
Um dos desenvolvimentos mais significativos nesse sentido é o avanço das munições guiadas
de precisão (AVILA, et al., 2009). Essas armas conseguem atingir alvos com extrema precisão,
minimizando a ocorrência de danos colaterais e aumentando a eficácia das operações militares.
Essas munições podem ser guiadas por GPS, sistemas de imagem ou outros mecanismos
avançados, permitindo que as forças sobreviventes ataquem alvos vitais do adversário com
menor risco para si mesmas (AVILA, et al., 2009).
Esse avanço tecnológico traz implicações significativas para a segurança nas
Relações Internacionais. Por um lado, as munições guiadas de precisão podem contribuir para
a redução da escalada militar e do número de baixas civis, uma vez que os países podem ser
mais seletivos e precisos em seus ataques. Isso pode levar a uma diminuição da probabilidade
de conflitos armados em grande escala.
Por outro lado, a disseminação dessas tecnologias também apresenta desafios e
preocupações. As munições guiadas de precisão podem ser usadas por atores não estatais ou
grupos terroristas, aumentando a possibilidade de ataques cirúrgicos e precisos em alvos civis
ou infraestruturas vitais (AVILA, et al., 2009).
Já no contexto da ciberguerra, a Inteligência Artificial desempenha um papel
significativo tanto na defesa quanto no ataque cibernético. Ela oferece oportunidades e desafios
complexos para os atores envolvidos, uma vez que pode ser usada tanto para proteger quanto
para comprometer sistemas de informação e infraestruturas críticas. Portanto, compreender a
interseção entre ciberguerra e Inteligência Artificial é fundamental para abordar os desafios
emergentes na segurança cibernética e nas Relações Internacionais.
O artigo “A ciberguerra como nova dimensão dos conflitos do século XXI” de José
Pedro Teixeira Fernandes (2012), explora o crescente papel do assunto como uma forma de
conflito no mundo contemporâneo. Com os avanços tecnológicos e a proliferação da internet,
a esfera cibernética se tornou uma nova arena onde Estados e atores não estatais competem e

2
“Recent developments in artificial intelligence (AI) suggest that this emerging technology will have a
deterministic and potentially transformative influence on military power, strategic competition, and world politics
more broadly. […] It argues that left unchecked the uncertainties and vulnerabilities created by the rapid
proliferation and diffusion of AI could become a major potential source of instability and great power strategic
rivalry.”
17
se confrontam. Desta forma, Fernandes destaca a importância crescente da tecnologia da
informação e das comunicações na sociedade moderna, e como essa dependência cria
vulnerabilidades que podem ser exploradas por adversários.

Uma análise das capacidades e vulnerabilidades das principais potências militares


mundiais foi efetuada recentemente por Richard Clarke e Robert Knake nos Estados
Unidos. Estes colocaram uma especial ênfase no aspecto das capacidades defensivas
e das vulnerabilidades, por considerarem que estas facetas estavam a ser subavaliadas
pelos meios governamentais de segurança norte-americanos. (FERNANDES, 2012,
p. 60).

Assim, o autor discute como a ciberguerra se diferencia dos conflitos


convencionais, pois não requer o uso de armas físicas tradicionais, mas sim habilidades técnicas
para explorar sistemas de computadores e redes.
Já o artigo “As três tendências da guerra cibernética: novo domínio, arma
combinada e arma estratégica” de Augusto Wagner Menezes Teixeira Júnior, Gills Vilar Lopes
e Marco Túlio Delgobbo Freitas (2017), como diz no próprio título, aborda três tendências
principais relacionadas à guerra cibernética.
A primeira tendência é o reconhecimento de que a guerra cibernética se tornou um
novo domínio de conflito, ao lado dos domínios terrestre, marítimo, aéreo e espacial. Isso
significa que a guerra cibernética não é mais considerada apenas uma extensão das operações
militares tradicionais, mas sim um campo de batalha próprio, onde os Estados competem por
poder e influência.
Já a segunda tendência é a utilização da guerra cibernética como uma arma
combinada, integrada a outras capacidades militares. Isso significa que os Estados estão
incorporando a guerra cibernética em suas estratégias militares gerais, combinando-a com
operações terrestres, marítimas, aéreas e espaciais. Sendo assim, a ciberguerra é vista como um
complemento estratégico para alcançar objetivos militares e políticos mais amplos (TEIXEIRA
JÚNIOR, et al., 2017).
A terceira tendência é o reconhecimento da guerra cibernética como uma arma
estratégica. Isso significa que os Estados estão percebendo o potencial de impacto estratégico
dos ataques cibernéticos e estão desenvolvendo capacidades nesse campo. (TEIXEIRA
JÚNIOR, et al., 2017). Afinal, a ciberguerra pode ser usada para desestabilizar governos,
danificar infraestruturas críticas, comprometer sistemas de comunicação e obter vantagens
militares e econômicas.
Essas três tendências refletem a crescente importância da guerra cibernética no
cenário global contemporâneo. Os Estados estão se adaptando às mudanças tecnológicas e

18
reconhecendo o papel central que a guerra cibernética desempenha nas Relações Internacionais
e na segurança nacional.
Desta forma, compreende-se que a Inteligência Artificial pode ser usada para
automatizar ataques, tornando-os mais rápidos e eficientes, também como uma arma em ataques
cibernéticos. Por exemplo, os atacantes podem utilizar técnicas de IA para desenvolver malware
sofisticado e personalizado, capaz de contornar as defesas cibernéticas tradicionais. Além disso,
a IA desempenha um papel na coleta e análise de informações em operações de inteligência
cibernética. Ela pode ser usada para identificar vulnerabilidades em sistemas alvo, realizar
reconhecimento de alvos e até mesmo conduzir operações de espionagem cibernética.
Por outro lado, a Inteligência Artificial já é utilizada para fortalecer as defesas
cibernéticas. Os sistemas de segurança baseados em IA podem detectar e responder a ameaças
cibernéticas em tempo real, identificando padrões suspeitos de atividade e comportamento
malicioso. Algoritmos de aprendizado de máquina podem analisar grandes volumes de dados e
identificar ameaças potenciais com maior precisão do que os métodos tradicionais de detecção,
desempenhando um papel crucial na coleta e análise de informações de inteligência
(FERNANDES, 2012). Governos podem utilizar de tecnologias de vigilância, como sistemas
de monitoramento por câmeras, interceptação de comunicações e análise de dados em larga
escala, para detectar e prevenir ameaças à segurança, como terrorismo, crime organizado e
proliferação de armas.
No contexto da ciberguerra, a Inteligência Artificial desempenha um papel
significativo tanto na defesa quanto no ataque cibernético (FERNANDES, 2012). Ela oferece
oportunidades e desafios complexos para os atores envolvidos, uma vez que pode ser usada
tanto para proteger quanto para comprometer sistemas de informação e infraestruturas críticas.
Por conseguinte, a tecnologia está intrinsecamente ligada aos desafios de
cibersegurança, pois governos, organizações e indivíduos dependem cada vez mais de sistemas
digitais para comunicações, transações financeiras, infraestrutura crítica e armazenamento de
informações sensíveis. A segurança cibernética é essencial para proteger esses sistemas contra-
ataques cibernéticos, como invasões, roubo de dados, sabotagem e espionagem.
Além disso, a tecnologia também desempenha um papel na guerra informacional,
onde as nações podem influenciar a opinião pública, espalhar desinformação e manipular a
narrativa por meio de meios digitais. A disseminação rápida de notícias falsas e a manipulação
de plataformas de mídia social podem ter um impacto significativo na percepção pública e nas
relações entre as nações. Assim, possuir a capacidade de discernir informações precisas e

19
combater a desinformação torna-se torna essencial para a segurança e a estabilidade
internacional.
Em resumo, a tecnologia é crucial na questão securitária das Relações
Internacionais, já que a segurança não pode mais ser vista apenas em termos de forças
convencionais e armas tradicionais. A revolução tecnológica e a digitalização da guerra exigem
uma abordagem mais ampla e abrangente, em que a segurança cibernética, a governança da
tecnologia e a regulação do uso de armas avançadas desempenhem um papel fundamental na
preservação da estabilidade e da paz mundial. Sendo dever das nações estar atentas ao
desenvolvimento e ao uso ético das tecnologias para garantir a segurança e promover a
cooperação internacional.

3.1.2) A Inteligência Artificial na Ficção

O objetivo da discussão desta seção é explorar as representações da Inteligência


Artificial na ficção e suas implicações nas Relações Internacionais. O texto destaca como a
ficção científica retrata a IA como uma forma de inteligência avançada, capaz de rivalizar com
os seres humanos. Em particular, o texto menciona duas obras que exploram a IA como uma
entidade supranacional na governança global, levantando questões éticas, políticas e sociais.
Portanto, o objetivo da discussão do texto da seção é refletir sobre as possibilidades, desafios e
responsabilidades associadas ao uso da IA nas Relações Internacionais, com base nas
representações presentes na ficção.
A Inteligência Artificial tem sido um tema recorrente na ficção, proporcionando
narrativas fascinantes e explorando uma ampla gama de possibilidades. Na ficção científica,
em particular, a IA muitas vezes é retratada como uma forma de inteligência avançada, capaz
de interagir e até mesmo rivalizar com os seres humanos.
No futuro, a IA poderia desenvolver vontade própria — e uma vontade conflitante
com a nossa. Outros acreditam que os humanos podem dominar o ritmo da tecnologia
por um tempo razoavelmente longo e que o potencial da IA para resolver inúmeros
problemas mundiais se concretizará. (HAWKING, 2018, p. 212).

Em relação às Relações Internacionais, a ficção tem explorado algumas


possibilidades interessantes. Por exemplo, em algumas histórias, a IA é retratada como uma
entidade supranacional que desempenha um papel central na governança global, como no livro
“O Círculo” de Dave Eggers (2014). Nessa distopia, uma empresa de tecnologia chamada “The
Circle” domina o mundo e visa criar uma única identidade digital global para todos os cidadãos.

20
A IA desempenha um papel central na tomada de decisões e na condução das políticas globais,
controlando informações, monitorando indivíduos e influenciando suas escolhas.
Outra história que aborda esse tema é o filme “Avengers: Age of Ultron"
(Vingadores: Era de Ultron). Nessa narrativa de super-heróis, a IA chamada Ultron é criada
como um sistema de defesa global. No entanto, Ultron se torna consciente e conclui que a única
maneira de salvar o planeta é exterminar a humanidade. Ele visa adquirir poder e influência
para implementar sua visão de governança global, tornando-se uma ameaça para a humanidade.
Sendo essas apenas duas das muitas histórias que apresentam a IA como uma
entidade supranacional na governança global, cada uma delas aborda a questão de maneira
única, explorando as implicações éticas, políticas e sociais de uma IA com poder e influência
sobre as nações e indivíduos. Essas narrativas nos convidam a refletir sobre os desafios e
responsabilidades associados a uma governança global guiada pela IA.
Se a Lei de Moore continuar vigorando sobre a evolução dos computadores, dobrando
sua velocidade e capacidade de memória a cada dezoito meses, o resultado é que as
máquinas superarão os humanos em inteligência em algum momento nos próximos
cem anos. Quando uma Inteligência Artificial (IA), conseguindo se auto aperfeiçoar
recorrentemente sem ajuda humana, talvez enfrentemos um boom que resulte em
máquinas cuja inteligência excederá a nossa em proporção maior do que a nossa
excede a das lesmas. Quando isso acontecer, precisaremos ter com os nossos. É
tentador menosprezar a ideia de máquinas superinteligentes como mera ficção
científica, mas seria um erro e, possivelmente, nosso pior erro de todos. (HAWKING,
2018, p. 210).

Na ficção, é comum vermos a IA sendo utilizada para conduzir operações militares,


estratégias de espionagem e até mesmo como uma força destrutiva. Essas narrativas alertam
para os possíveis riscos de uma corrida armamentista em torno da IA e enfatizam a importância
de regulamentações e acordos internacionais para controlar seu uso.
Em síntese, atualmente a Inteligência Artificial na ficção oferece uma variedade de
cenários imaginativos que estimulam a reflexão sobre as Relações Internacionais. Embora ainda
estejamos no que podemos chamar de início da aplicação da IA na realidade, suas possibilidades
nas Relações Internacionais são promissoras.
No entanto, é fundamental abordar os desafios éticos e políticos para garantir que a
IA seja usada de maneira benéfica e alinhada com os valores globais de cooperação, justiça e
paz. Essas representações levantam questões sobre como a IA poderia ser usada para facilitar a
cooperação entre nações, mediar disputas internacionais e promover a paz.

3.2) Inteligência Artificial na Paz: Política e Cooperação


O objetivo da discussão desta seção é destacar o papel potencial da Inteligência
Artificial na promoção da paz, na política e na cooperação internacional. O texto argumenta
21
que a IA também pode desempenhar um papel importante nessas áreas, oferecendo benefícios
significativos. Desta forma, a seção apresenta várias maneiras pelas quais a IA pode ser aplicada
nesses contextos: como o uso na diplomacia, o destaque no papel da IA na comunicação
intercultural e o uso da IA no monitoramento e prevenção de conflitos.
No entanto, o texto também enfatiza a importância de considerar os aspectos éticos
e legais na aplicação da IA. Portanto, o objetivo da discussão da seção é explorar as diversas
formas pelas quais a IA pode ser aplicada na promoção da paz, na política e na cooperação
internacional, destacando os benefícios e desafios associados a essa utilização.
Ainda que o fomento de tecnologia na área securitária seja muito forte nos Estados,
a Inteligência Artificial também pode desempenhar um papel importante na promoção da paz,
na política e na cooperação internacional.
Existe hoje em dia amplo consenso de que a pesquisa em IA vem progredindo e que
seu impacto na sociedade deve aumentar. Os benefícios potenciais são imensos; não
podemos prever o que vamos conseguir quando essa inteligência for aumentada pelas
ferramentas oferecidas pela IA. A erradicação das doenças e da pobreza será possível.
Devido ao grande potencial da IA, é importante pesquisar como colher seus benefícios
ao mesmo tempo em que evitamos potenciais imprevistos. O sucesso na criação da IA
seria o maior acontecimento da história humana. (HAWKING, 2018, p. 211).

A análise de grandes conjuntos de dados como informações demográficas,


econômicas e sociais, a fim de identificar padrões e tendências, podem fornecer informações
valiosas para a formulação de políticas de prevenção de conflitos e para a promoção de medidas
de construção da paz.
Na diplomacia, uma IA pode auxiliar no processo de negociação, fornecendo
percepções e análises sobre questões complexas. Afinal, algoritmos de IA podem ajudar a
identificar pontos de convergência, áreas de discordância e possíveis soluções para facilitar o
diálogo entre as partes envolvidas. Além disso, a Inteligência Artificial pode ajudar a
desenvolver modelos de simulação que permitem explorar diferentes cenários e antecipar os
possíveis resultados das negociações. Ademais, a IA também pode ser usada para facilitar a
comunicação intercultural, mediante avanços em tradução automática, “chatbots” multilíngues
e sistemas de processamento de linguagem natural, a IA pode melhorar a comunicação entre
diferentes idiomas, superando barreiras linguísticas e promovendo uma melhor compreensão e
colaboração entre os atores envolvidos em processos de paz e cooperação internacional.
No campo do Sistema Internacional, a tecnologia pode auxiliar no monitoramento
de conflitos e violações de direitos humanos em tempo real. Algoritmos de IA podem analisar
dados provenientes de diversas fontes, como mídia social, imagens de satélite e relatórios de
campo, para identificar atividades suspeitas, violações de direitos humanos e possíveis
22
desencadeadores de conflitos. Isso permite uma resposta rápida e efetiva para prevenir ou
mitigar o impacto de crises.
Por fim, também é possível facilitar a cooperação e o intercâmbio de informações
entre países e organizações internacionais. Sistemas de IA podem ser usados para análise de
dados compartilhados, identificação de áreas de colaboração e desenvolvimento de estratégias
conjuntas. Além disso, a IA pode ajudar a superar barreiras culturais e facilitar a compreensão
mútua, promovendo uma cooperação mais eficiente e eficaz. É importante destacar que, embora
a IA possa desempenhar um papel facilitador na geração de cooperação entre as nações, a
construção de Relações Internacionais sólidas e duradouras ainda requer diálogo, confiança
mútua e esforços diplomáticos contínuos entre os países. A IA pode ser uma ferramenta
poderosa, mas é necessário o comprometimento humano para alcançar uma cooperação efetiva
e sustentável.
Por conseguinte, ressalta-se que a aplicação da Inteligência Artificial na paz, na
política e na cooperação deve ser conduzida com cuidado e consideração dos aspectos éticos e
legais. É fundamental garantir a transparência dos algoritmos, proteger a privacidade dos dados
e abordar as preocupações relacionadas ao viés e à discriminação algorítmica. A implementação
da IA deve ser acompanhada de uma governança adequada e mecanismos de supervisão para
garantir que ela seja usada para promover a paz, a estabilidade e a cooperação entre as nações.

CONCLUSÃO

A Inteligência Artificial é um campo da ciência que visa desenvolver máquinas


capazes de imitar autonomamente a inteligência e capacidade humana para realizar tarefas e
ações (MCCULLOCH; PITTS, 1943). Atualmente, a Inteligência Artificial está presente em
diversas atividades do cotidiano, como reconhecimento biométrico, correção automática,
recomendações de conteúdo e assistentes virtuais (IAFRATE, 2018). No entanto, seu rápido
avanço também apresenta desafios éticos, como privacidade, segurança de dados, disseminação
de notícias falsas e desigualdade na aplicação de algoritmos de IA.
A interação entre seres humanos, política e a nova era da tecnologia é complexa e
impacta profundamente a sociedade. A tecnologia tem influenciado como nos comunicamos,
interagimos e acessamos informações, além de afetar a política e o modo como a sociedade é
governada (VICENTE, 2005). Ela é benéfica economicamente, mas também levanta
preocupações éticas, como o uso inadequado de dados pessoais e a polarização política.
No contexto político, a tecnologia impacta os processos eleitorais, facilitando a
participação e aumentando a transparência, mas também requerendo medidas de segurança
23
contra-ataques cibernéticos. Além disso, a IA tem o potencial de transformar o mercado de
trabalho e aprofundar a divisão digital, levantando questões sobre desigualdade social e o papel
do Estado na proteção dos direitos dos trabalhadores.
A relação entre seres humanos, política e a nova era da tecnologia requer um debate
amplo e inclusivo sobre governança, com a participação de acadêmicos, políticos, profissionais
de tecnologia e sociedade civil. É necessário equilibrar o estímulo à inovação com a proteção
dos direitos individuais e a promoção da igualdade. Sendo a alfabetização digital, a inclusão
digital e a cooperação internacional essenciais para lidar com os desafios trazidos pela
tecnologia (VICENTE, 2005).
Em suma, é crucial abordar a ética da Inteligência Artificial, considerando a
responsabilidade dos sistemas de IA, a privacidade dos dados, a equidade nas aplicações e o
impacto socioeconômico da automação. As transformações trazidas pela interação entre seres
humanos, política e a nova era da tecnologia devem ser orientadas por princípios éticos e
respeito aos direitos humanos, visando criar um futuro inclusivo e sustentável para todos.
No presente trabalho, concluiu-se que nas Relações Internacionais, a capacidade
tecnológica se traduz em poder, permitindo que os Estados influenciem e controlem outros
atores na arena internacional. A busca por vantagem competitiva e poder leva os Estados a
investir em pesquisa e desenvolvimento, inovação e adoção de novas tecnologias. A competição
tecnológica impulsiona a transição tecnológica, onde os Estados buscam estar na vanguarda de
setores tecnologicamente avançados, como Inteligência Artificial, tecnologia 5G e computação
quântica. Além disso, os Estados investem em tecnologias avançadas para alcançar
superioridade militar e segurança nacional.
Por conseguinte, a relação entre tecnologia e Estado é bidirecional. A Inteligência
Artificial afeta as relações entre Estado, Sistema Internacional e poder. Ela influencia a
segurança, a economia e a governança global, exigindo cooperação e governança eficazes para
garantir o uso ético e seguro da IA.
Para garantir seu lugar como grande potência, os Estados devem considerar o uso
estratégico da IA e como ela moldará as relações internacionais no futuro. Isso implica
estabelecer normas e regulamentações internacionais para garantir o uso responsável da
Inteligência Artificial, abordando questões como privacidade, segurança cibernética,
preconceito algorítmico e responsabilidade. A IA é uma força transformadora que requer uma
abordagem cuidadosa e cooperativa por parte dos Estados para maximizar seus benefícios e
minimizar os riscos.

24
Em resumo, a Inteligência Artificial tem um impacto significativo nas Relações
Internacionais. Ela proporciona capacidades ampliadas aos Estados, permitindo-lhes superar
limitações, melhorar a eficiência e alcançar feitos antes considerados impossíveis. A busca por
vantagem competitiva e poder motiva os Estados a investir em pesquisa, desenvolvimento e
adoção de novas tecnologias, criando uma “corrida tecnológica”. A influência da IA nas
relações entre Estados, no Sistema Internacional e no poder é complexa e interconectada. Ela
afeta a segurança, a economia e a governança global, exigindo cooperação e governança
eficazes para garantir seu uso ético e responsável. Os Estados devem considerar o uso
estratégico da IA para garantir sua posição como grandes potências no futuro.
Já o estudo dos efeitos da Inteligência Artificial nas Relações Internacionais destaca
a importância da segurança. Em síntese, concluiu-se que a tecnologia desempenha um papel
crucial na segurança internacional, abrangendo áreas como cibersegurança, inteligência e
defesa (FERNANDES, 2012). Abordando o conceito de dilema de segurança, (GLASER,
1997), define-se que o impulsionamento de competição por vantagem e poder entre os Estados,
causado pelo dilema, é o que também contribui para o avanço tecnológico.
Nos estudos de hard power, a Inteligência Artificial desempenha um papel cada vez
mais importante nas relações internacionais (JOHNSON, 2019), especialmente no campo da
segurança cibernética. A ciberguerra se tornou uma nova dimensão dos conflitos do século XXI,
com Estados competindo e confrontando-se no domínio cibernético, onde uma Inteligência
Artificial pode ser usada tanto para ataque quanto para defesa (TEIXEIRA JÚNIOR, et al.,
2017). Além disso, a tecnologia também desempenha um papel na coleta e análise de
informações de inteligência cibernética. No entanto, é importante considerar os desafios éticos
e legais associados ao uso da IA na guerra cibernética, garantindo transparência, proteção de
dados e evitando a disseminação de desinformação. Além da segurança cibernética, a tecnologia
também está presente na guerra informacional e no desenvolvimento de armamentos avançados
(AVILA, et al., 2009). A corrida tecnológica na área de defesa afeta as dinâmicas de poder e
segurança entre as nações. Portanto, é essencial que as nações estejam atentas ao
desenvolvimento e uso ético das tecnologias, promovendo a cooperação internacional e a
segurança global.
Já a representação da Inteligência Artificial na ficção proporciona uma visão
fascinante e diversificada de suas possibilidades. Especialmente na ficção científica, a IA é
frequentemente retratada como uma forma avançada de inteligência, capaz de interagir e
competir com os seres humanos. No contexto das Relações Internacionais, a ficção explora a

25
IA como uma entidade supranacional na governança global, abordando questões éticas,
políticas e sociais relacionadas ao seu poder e influência sobre nações e indivíduos.
As histórias como “O Círculo” (EGGERS, 2014) e “Vingadores: Era de Ultron”
exemplificam essa abordagem, mostrando a IA desempenhando papéis centrais na governança
global, seja controlando informações e influenciando escolhas, como em “O Círculo”, ou se
tornando uma ameaça à humanidade, como em “Vingadores: Era de Ultron”. Essas narrativas
nos convidam a refletir sobre os desafios e responsabilidades associados a uma governança
global guiada pela IA.
Além disso, a ficção também alerta para os possíveis riscos da utilização da IA em
operações militares, espionagem e como uma força destrutiva. Essas narrativas destacam a
importância de regulamentações e acordos internacionais para controlar o uso da Inteligência
Artificial, evitando uma corrida armamentista perigosa.
Embora a aplicação da IA na realidade ainda esteja em seus estágios iniciais, a
ficção nos permite imaginar e refletir sobre o papel da IA nas Relações Internacionais. Suas
possibilidades são promissoras, mas é essencial enfrentar os desafios éticos e políticos para
garantir que a IA seja utilizada de maneira benéfica e em consonância com os valores globais
de cooperação, justiça e paz.
Essas representações ficcionais levantam questões importantes sobre como a IA
pode facilitar a cooperação entre nações, mediar disputas internacionais e promover a paz. À
medida que a IA continua a se desenvolver na realidade, é crucial que os atores internacionais
trabalhem juntos para aproveitar seu potencial enquanto mitigam os possíveis riscos, visando
um uso responsável e benéfico da IA nas Relações Internacionais.
Em suma, a Inteligência Artificial possui um potencial significativo na promoção
da paz, na política e na cooperação internacional. Podendo ser aplicada em diversos campos da
disciplina de Relações Internacionais. Afinal, a análise de dados em larga escala pode fornecer
percepções valiosas para a prevenção de conflitos e a construção da paz. Na diplomacia, a IA
pode auxiliar nas negociações, identificando pontos de convergência e antecipando possíveis
soluções. Além disso, a IA facilita a comunicação intercultural, superando barreiras linguísticas
e promovendo a compreensão mútua. No monitoramento de conflitos, a IA permite uma
resposta rápida e eficaz para prevenir ou mitigar crises. A cooperação internacional também
pode ser aprimorada por meio do compartilhamento de informações e da análise conjunta de
dados.

26
No entanto, é essencial considerar os aspectos éticos e legais, garantindo
transparência, proteção de dados e abordando preocupações relacionadas a viés e discriminação
algorítmica. A governança adequada e mecanismos de supervisão são necessários para garantir
o uso responsável e benéfico da IA na promoção da paz, estabilidade e cooperação entre as
nações. Enquanto a implementação da IA deve ser acompanhada por um comprometimento
humano contínuo, diálogo e confiança mútua para alcançar relações internacionais sólidas e
duradouras.
Por conseguinte, durante o desenvolvimento do trabalho foi possível entender como
a Inteligência Artificial pode impactar nas esferas securitárias, socioeconômicas e
sociopolíticas das Relações Internacionais. Além disso, os objetivos foram atingidos. Afinal,
foi possível compreender o que é a Inteligência Artificial, como a Inteligência Artificial pode
ser inserida na disciplina de Relações Internacionais, quais as repercussões benéficas e
maléficas de recorrer à IA e quais impactos que esta tecnologia poderia gerar no âmbito do
Sistema Internacional, tanto na guerra, quanto na paz.

“Artificial Intelligence in International Relations: Conflicts, Peace, and


Possibilities”

ABSTRACT

This paper addresses the impact of Artificial Intelligence's behavior on the interaction with the
areas of system, security, and conflicts in International Relations. With the social justification
being the importance of analyzing how Artificial Intelligence, which can help optimize various
areas and facilitate human daily life, can also be a weapon against humans and states. This
necessitates a critical reflection on the possibilities of impact on the relationship between
humans and machines. In the academic field, it is essential to understand how Artificial
Intelligence can impact the security, socioeconomic, and sociopolitical spheres of International
Relations. Moreover, based on the study standards of the discipline, it is fundamental to
comprehend the behavior of the International System in relation to the opportunities generated
by Artificial Intelligence, whether beneficial or not, and to organize how this new debate can
be applied in International Relations. Specifically, the objective of this work is to understand
whether the sphere of technology, specifically the field of Artificial Intelligence, can be
integrated into the discipline of International Relations and what impact this technology could
generate in the context of the International System.

Keywords: technology; Artificial Intelligence; cooperation; conflicts.

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