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Fichamento – Capítulo 2 e 3 – Criminologia, de Sérgio Shecaira.

O autor objetiva discutir acerca do nascimento da criminologia enquanto ciência autônoma,


com um método próprio. Ocorre que, como fala no parágrafo inicial, não há unanimidade
sobre quando surgiram os estudos criminológicos, pois autores que não intitulavam seus
estudos como tal estudavam sobre o objeto que é considerado da criminologia – como
Lombroso – e outros diziam que estudavam, mas não adotavam um método que era
compatível com a ciência.

Como não há como precisar o momento do nascimento da criminologia, Shecaira apresenta os


estudos precursores da criminologia.

Segundo Zaffaroni, o marco inicial de um modelo que mais tarde poderia ser considerado
criminologia, ainda que de maneira desestruturada, sem método ou teoria, é o “Martelo das
Bruxas” (1487), da Idade Média. Nessa obra tem-se um estudo para o combate ao crime e a
identificação dos criminosos, bem como medidas para a sua contenção.

A partir de certo momento a criminologia passa a ter autonomia científica, porém autores
divergem acerca de quem teria sido o precursor (autor ou obra) que inaugurou esse momento.
Para muitos foi Lombroso, em 1876, que fazia parte da Escola Positivista Italiana. Alguns
outros trazem outros autores que tinham abordado o objeto de estudo, como Topinard ou
Garofalo. Outros autores, falam destacam a importância da Escola Clássica, esta representada
por Beccaria – que Shecaira afirma ser o primeiro pensador da criminologia – e Quelet.

Discussões sobre qual escola foi responsável pelo nascimento da criminologia a parte,
reconhece-se que a França do séc. XVII estava em meio de profundas transformações sociais
e precisava de explicações que pudessem responder aos questionamentos que surgiam, o que
foi possível por meio do pensamento racional. Shecaira afirma que ambas partem do mesmo
pressuposto de utilizar os modelos de estudo das ciências naturais como base para explicações
de fenômenos sociais. Mas apesar de terem esse ponto em comum, por terem objetos
diferentes, elas se diferenciam demais e podem ser reconhecidas como teorias autônomas – a
escola Clássica estuda o fenômeno, crime, e a escola Positivista estuda o autor, o criminoso.

Voltando a um pensamento suscitado no primeiro parágrafo do texto (sobre qual obra ou autor
seria responsável pelo nascimento da criminologia), Shecaira conclui que a gênese é
encontrada no estudo de um século inteiro e que as contribuições das duas escolas de
pensamento devem ser consideradas.

2.2. No tópico seguinte são presentadas apresentadas abordagens que foram feitas na Idade
Média e Moderna sobre a criminalidade e no final mostra a influência delas nas teorias
principais. É uma construção muito bem feita, que parte de teorias “desconhecidas” e seus
autores, para terminar num encadeamento de todas elas nos autores mais falados – exemplo:
Lombroso.

Criminogênese, oftalmoscopia, metoposcopia. Fisionomia – essa tem especial destaque e


Shecaria fala muito dela porque ela relaciona as características físicas a patologias ou
propensões para desenvolvê-las, ou seja, implica dizer que através do estudo do físico dos
indivíduos é possível identificar aspectos morais e psíquicos, o que fundamenta o “julgamento
pelas aparências”. No âmbito jurídico, tal teoria possibilita o surgimento de medidas
discriminadoras, como é exemplificado pelo juiz napolitano, que dizia que na dúvida deveria
ser considerado culpado o mais feio.

A fisionomia deu origem à cranioscopia e mais tarde à frenologia. Esta dizia que as alterações
psíquicas são correspondentes e identificáveis através de alterações cranianas e que cada
sentimento e instinto tem um local específico na forma física do cérebro. Para o autor da
frenologia, Joseph Gall, o crime era consequência de uma disfunção em um sentimento,
resultado dum desenvolvimento incompleto do cérebro. Isso justificou a inferioridade dos
servos e a teoria foi usada durante o apartheid norte-americano.

Autores da psiquiatria contribuíram com o uso do termo “degeneração”, segundo o qual, ela
era transmitida de forma hereditária e ficava pior com o passar das gerações e surgia a partir
de doenças mentais que afetavam o sistema nervoso.

Os antropólogos, nessa época muito ligados a estas duas últimas teorias, tiveram
contribuições aos pensamentos de Lombroso. Lucas fala do conceito de atavismo, no qual era
possível o reaparecimento de um defeito não presente em um ascendente no seu descendente.
Dessa forma, era possível que a criminalidade fosse transmitida hereditariamente e com isso,
ela nascia com o indivíduo.

As ciências naturais tiveram grande impacto nos estudos sobre os criminosos. A seleção
natural de Darwin serviu para justificar a existência de uma raça humana superior, por meio
dos trabalhos de Spencer. Essa teoria foi amplamente utilizada para legitimar a expansão
europeia e o processo colonizador dos novos continentes.

Na mesma época tem-se os pensamentos dos autores ingleses do utilitarismo. Eles elaboraram
modelos, baseados na economia, de disciplina, para obter o máximo de controle gastando o
menos possível (panóptico de Bentham).

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