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Cadernos PDE
I
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
SÍMBOLOS MATEMÁTICOS: origem, criação e significados
Resumo
O presente artigo é uma síntese das atividades desenvolvidas durante a realização do Programa de
Desenvolvimento Educacional do Paraná (PDE), turma 2014/2015, o qual se configura como um
importante mecanismo para a formação continuada de professores da Educação Básica do Estado do
Paraná. Assim, no decorrer do trabalho, foi intentado conhecer a origem, a criação e o significado dos
principais símbolos numéricos, geométricos, algébricos e aritméticos vistos na Educação Matemática
Básica, compreendendo a importância dos mesmos na atualidade e identificando as divergências de
significados históricos que cada símbolo carrega. Para tanto, foi enfatizada a própria História da
Matemática, buscando entender a sua origem e o seu desenvolvimento ao longo dos tempos. Por
meio desse estudo, então, pôde-se apresentar reflexões e também socializar os resultados obtidos na
implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica, aplicado no Colégio Estadual Diamante
D’Oeste – Ensino Fundamental e Médio, localizado no município de Diamante D’Oeste/PR, com
alunos do 3º ano do Ensino Médio, bem como ressaltar o interesse despertado pelos professores que
participaram do Grupo de Trabalho em Rede (GTR) pelo tema, os quais demonstraram atitudes muito
positivas em relação à História da Matemática.
Introdução
O presente trabalho apresenta os resultados de um estudo realizado sobre os
símbolos matemáticos, bem como alguns fatos relacionados à própria Matemática
no decorrer da sua história, o qual teve como enfoque principal conhecer a origem, a
criação e os significados dos principais símbolos numéricos, geométricos,
aritméticos e algébricos utilizados na Educação Básica, considerando o contexto
socioeconômico, religioso, cultural e político em que começaram a ser utilizados.
Também, se buscou fatos relacionados à própria Matemática, numa tentativa
de entender as origens dela e o seu desenvolvimento ao longo dos tempos,
considerando as demandas pelas quais a sociedade passava. Nesse sentido, foram
estruturadas atividades na produção didático-pedagógica, caracterizada como
unidade didática, que viabilizaram o estudo sobre a História da Matemática e sua
simbologia, as quais apresentaram um caráter informativo e formativo, mediador e
motivador, visando sempre à efetivação do processo de ensino e aprendizagem.
1
Professora da Rede Pública de Ensino do Estado do Paraná, habilitada em Ciências/Matemática,
pós-graduada em Ensino da Matemática e Gestão Escolar. E-mail: sonia_vockes@seed.pr.gov.br.
2
Doutor em Educação Matemática. Docente na Universidade Estadual do Oeste do Paraná –
UNIOESTE – Campus de Foz do Iguaçu/PR. E-mail: marcoslubeck@gmail.com.
Assim, as atividades propostas se efetivaram através da realização de leituras
de textos sobre a História da Matemática e sua simbologia, de formação de oficinas,
de momentos chamados de “A Hora do Vídeo” e, também, no desenvolvimento de
atividades em um ambiente virtual de aprendizagem, aonde as atividades propostas
se distinguiram das demais devido ao enfoque individual dado a elas.
Considerando os momentos de estudo, ficou evidenciado que o conhecimento
matemático vem sendo construindo ao longo do desenvolvimento da humanidade,
ou seja, desde o princípio da existência do homem, e que se caracteriza como uma
herança cheia de saberes, de constatações, de valores, revelando o momento
histórico em que foi produzido e utilizado, caracterizando assim fatores sociais,
econômicos, políticos e religiosos, pertinentes a cada momento.
Contudo, o homem moderno, na ânsia de obter sempre mais informação,
acaba por esquecer que o que temos hoje é o aprofundamento daquilo que já se
obteve como resposta a certos problemas, pois todo conhecimento advém das
necessidades de sobrevivência de um povo, de um grupo ou mesmo de uma nação.
Diante da aplicabilidade dos conhecimentos matemáticos, este não percebe a
história que está aí contida, impregnada por assim dizer, nesses conhecimentos.
O homem contemporâneo também não costuma fazer questionamentos sobre
os muitos símbolos utilizados na Matemática, os quais servem para expressar e
representar ideias. Ele não questiona como e quando esses símbolos começaram a
ser utilizados, de onde surgiram e com que finalidade foi ou são usados, nem
mesmo quem os inventou. Não há também a preocupação em conhecer o momento
histórico pelo qual a sociedade estava passando na época em que um determinado
matemático começou a usar tal símbolo em seus estudos.
Por isso foi necessário o estudo acerca da história dos símbolos utilizados
atualmente na Matemática, analisando a origem, a criação e o significado dos
mesmos (cf. VASCONCELOS; SARMENTO, 2011), haja vista ser de grande
importância conhecer o que ocorreu no passado, isto é, o contexto socioeconômico,
político, cultural e religioso pelos quais a sociedade passou num dado momento para
poder entender o real significado dos símbolos matemáticos hoje utilizados.
Portanto, foi necessário apreciar a História da Matemática, com sua
simbologia e seu contexto, analisando fatos e atos produzidos pelos matemáticos
para então identificar a Matemática como fator resultante de estudos realizados ao
longo dos tempos, não como comumente é vista, ou seja, como algo inatingível,
mágico, distinguida como possível apenas para alguns poucos privilegiados.
Aluno B:
Acredito que seria possível sim, alguns símbolos que usamos hoje em dia
na Matemática serem de tempos passados com significados diferentes,
afinal acho que a interpretação foi um dos princípios mais importantes
nesse ocorrido, levando assim, a cada um de nós termos opiniões
diferentes, fazendo-nos refletir e ter uma certa curiosidade sobre o assunto.
Aluno D:
Com o passar dos anos, os seres humanos perceberam a necessidade de
usar símbolos, tanto para se comunicarem, quanto para se entenderem,
como: troca de mercadorias, contar os animais, fazer pagamentos, etc. Se
pararmos para pensar, os símbolos são quase uma língua, pois os símbolos
fazem parte do nosso cotidiano, já que constantemente estamos
envolvendo algum símbolo, desde na escola, trabalho, ou até mesmo em
nossas próprias casas.
Há também o sinal que hoje entendemos como de subtração, que nada mais é que um
pequeno tracinho usado na horizontal e muito indica dentro das operações matemáticas.
É interessante observar as diferentes formas por que passou o sinal de subtração e
as diversas letras de que os matemáticos se utilizaram para indicar a diferença
entre dois elementos.
Na obra de Diofanto, entre as abreviaturas que constituíam a linguagem algébrica
desse autor, encontra-se a letra grega Ѱ indicando subtração. Essa letra era
empregada pelo famoso geômetra de Alexandria como sinal de operação invertida
e truncada.
Para os hindus – como se encontra, na obra de Bhaskara – o sinal de subtração
consistia num simples ponto colocado sob o coeficiente do termo que servia de
subtraendro.
A letra M – e, às vezes, também m – foi empregada, durante um longo período,
para indicar a subtração, pelos algebristas italianos. Luca Pacioli, além de empregar
a letra m, colocava entre os termos da subtração a expressão DE, abreviatura de
demptus.
Aos alemães devemos a introdução do sinal – (menos), atribuído a Widman.
Pensam alguns autores que o símbolo – (menos), tão vulgarizado e tão simples,
corresponde a uma forma limite para a qual tenderia a letra m quando escrita
rapidamente. Aliás, Viète – considerado como o fundador da Álgebra moderna –
escrevia o sinal = entre duas quantidades quando queria indicar a diferença entre
eles. (TAHAN, 2000, p. 34-35, grifo do autor).
a
As formas a/b e , indicando a divisão de a por b, são atribuídas aos árabes;
b
Oughtred, em 1631, colocava um ponto entre o dividendo e o divisor.
A razão entre duas quantidades é indicada pelo sinal :, que apareceu em 1657
numa obra de Oughtred. O sinal , segundo Rouse Ball, resultou de uma
combinação de dois sinais existentes – e :. (grifo do autor)
Verifica-se, então, que no decorrer dos fatos envoltos à Matemática, que os símbolos hoje
utilizados, perfizeram grandes caminhos até chegar ao que temos.
Roberto Record, matemático inglês, terá sempre seu nome apontado na História da
Matemática por ter sido o primeiro a empregar o sinal = (igual) para indicar
igualdade. No seu primeiro livro, publicado em 1540, Record colocava o símbolo Ѱ
entre duas expressões iguais; o sinal =, constituído por dois pequenos traços
paralelos, só apareceu em 1557. Comentam alguns autores que nos manuscritos
da Idade Média o sinal = aparece como abreviatura de palavra est.
Guilherme Xulander, matemático alemão, indicava a igualdade, em fins do século
XVI, por dois pequenos traços paralelos verticais; até então a palavra aequalis
aparecia, por extenso, ligando os dois membros da igualdade.
Os sinais > (maior que) e < (menor que) são devidos a Thomas Harriot, que muito
contribuiu com seus trabalhos para o desenvolvimento da análise algébrica.
(TAHAN, 2000, p. 101-102, grifo do autor).
Em Cajori (2007, p. 290) é possível verificar que “nos manuscritos de Leibniz ocorre ~ para
semelhança e ~ para “igual e semelhante” ou “congruente”.
Ainda, a Leibniz é atribuído o símbolo ᶴ, utilizado em derivadas e integrais, já a Euler é
atribuído a introdução do símbolo e, como base de um logaritmo, S, para denotar a semi-soma dos
há muito tempo passou a ter a representação . Foi Descartes que teve a ideia de colocar uma
barra sobrescrita no símbolo já então utilizado para identificar uma raiz √, o qual alguns acreditam ter
advindo de um ponto com uma cauda, enquanto que outros atestam que ele é uma variação de um r
minúsculo (cf. BERLINGHOFF; GOUVEIA, 2010).
[...] em um manuscrito publicado em certa época do século XV, usam um ponto
colocado antes de um número para indicar a extração de uma raiz desse número,
ponto que é o embrião do nosso símbolo para extração da raiz quadrada. Christoff
Rudolff, na sua álgebra, chama atenção de que “a raiz quadrada, para se ganhar
tempo, é indicada no algoritmo do seu livro pelo símbolo √, como √4”. Este mesmo
símbolo foi usado por Michael Stifel. (CAJORI, 2007, p. 204).
É a John Wallis, que se deve a invenção do símbolo que representa o infinito, o “oito deitado”
(cf. EVES, 2004), que também é conhecido como lemniscata. Em Berlinghoff e Gouveia (2010, p.
122) vê-se que “Descartes [...] introduziu o símbolo para igualdade”. Já Jakob Bernoulli, em 1694,
fez alusão ao símbolo como um laço de fita enrolado (cf. CAJORI, 2007).
E há ainda muitos outros símbolos. Conforme Cajori (2007, p. 51), “o símbolo n! para “fatorial
n” agora universalmente usado em álgebra é devido a Christian Kramp (1760-1826) de Estrasburgo
que o usou em 1808.
Por fim, como exemplarmente mostram Berlinghoff e Gouvêa (2010, p. 73), observa-se que
“os símbolos da aritmética se tornaram universais. São muito mais comumente entendidos que as
letras de qualquer alfabeto ou as abreviações de qualquer língua.”
É muito comum hoje, falarmos em juros, porcentagens, pois vivenciamos isso no comércio,
nos bancos, nas dívidas e nos créditos, mas e o sinal de porcentagem que usamos vem de onde?
[...] em algumas aritméticas especializadas do século XV encontram-se, por
exemplo, expressões como “X p 100”, para indicar 10%. O p que aparece nessa
expressão é a primeira letra de per (“por”). Encontra-se também as seguintes
0 0
formas de per cento: per c e p c , autoexplicativas. No início do século XVII, essas
0
formas transformaram-se em per 0
. Mais tarde, o per foi abandonado, restando
0
apenas 0
. Esse símbolo é o antepassado mais próximo do símbolo atual: %.
(IEZZI, DOLCE, MACHADO, 2009, p. 252, grifo do autor).
Esses símbolos são entendidos universalmente, pois quando se olha já se sabe o que
indicam dentro de Matemática, porém, cada qual vem de tempos remotos, e carregam um
significado, caracterizando assim de onde são oriundos.
Fonte: A autora, 2015.
Aluno F:
Os símbolos que conhecemos e utilizamos hoje tem uma grande história,
que passaram por alterações e mudanças, e na maioria das vezes foram
criados a muitos anos atrás de uma maneira que nem imaginamos, devido
as necessidades da época. Nós, nos dias atuais que estamos acostumados
a desde sempre, utilizar esses sinais e símbolos que nos foram
apresentados, não pensamos na importância que eles têm, ou no quanto
vários matemáticos se esforçaram para cria-los de maneira que toda a
população tivesse um igual entendimento sobre eles e como eles foram
julgados no seu tempo por quererem ter um maior conhecimento e
apresentá-lo para a sociedade, escondendo suas teorias através de sinais
para não serem punidos pela igreja. Pode-se dizer que a sociedade de hoje
não dá o valor necessário a essa parte da história.
Quadro 3: Questionário.
1 – Sabemos que os símbolos são representações, dos quais o homem vem, ao longo do tempo,
fazendo uso. Mais precisamente, quem instituiu os símbolos de adição e subtração que hoje
utilizamos?
( ) Albert Einstein
( ) Robert Recorde
( ) João Widman Eger
( ) Carl Friedrich Gauss
2 – Antes da utilização do sinal = (igual) que hoje conhecemos, uma igualdade era indicada por qual
designação?
( ) parecido
( ) aequalis
( ) radix
( ) semelhante
4 – Em estudos realizados no papiro de Rhind é possível verificar que, já no antigo Egito, se utilizava
símbolos para indicar operações numéricas. Para quais operações já se usava símbolos?
( ) adição e multiplicação
( ) divisão e subtração
( ) multiplicação e divisão
( ) adição e subtração
Com base nesses estudos, ficou evidenciado que o homem, com o seu
desenvolvimento, sentiu a necessidade de registrar fatos ocorridos com ele, e então
começou a efetuar registros, utilizando-se de representações, que emanavam
significados, sendo estes entendidos por todos os indivíduos ali envolvidos. Essas
representações eram símbolos utilizados para fins de registros de fatos sociais,
econômicos, religiosos e também políticos.
Tanto os signos quanto os símbolos tornam-se parte da identidade social e
cultural do ser humano, modificando-se e evoluindo do mesmo modo que
nós. São veículos para informação e significado, operando em muitos níveis
diferentes – o universal e o particular, o intelectual e o emocional, o espacial
e o temporal, o espiritual e o material. (O’CONNEL; AIREY, 2010, p. 6).
Com o passar dos tempos, todas as civilizações fizeram uso de símbolos para
expressar e representar ideias, conceitos, leis e aplicações, tanto no âmbito material
como no espiritual, tornando-os assim conhecidos e compartilhados. Dentro da
Matemática, utiliza-se uma infinidade de sinais, símbolos, muitos dos quais advindos
de tempos remotos, onde eram procuradas respostas para as indagações e
incertezas, problemas gerados por curiosidades e/ou necessidades emergentes e
urgentes da sociedade. Outros, porém, são bem mais recente.
Entretanto, todos possuem uma identidade, mostrando e demonstrando
situações implícitas no desenvolvimento das civilizações, desde as primitivas até as
contemporâneas, e representam uma linguagem sistematizada de um saber, de um
conhecimento, e carregam significados, sentidos diferentes, dependendo do
contexto onde são empregados e de como são empregados. Isso porque, “a
matemática é, por sua própria natureza, a ciência dos símbolos” (ALMEIDA, 2013, p.
89).
Logo, o homem passou a fazer uso de símbolos para qualquer situação
matemática, seja ela como simples forma de representação, bem como para efetuar
cálculos. De fato:
Símbolos aritméticos surgiram como abreviações da escrita nos anos
iniciais do Renascimento, com bem pouca consistência de uma pessoa para
outra, ou de um país para outro. Com a invenção da imprensa com tipos
móveis no século XV, livros impressos começaram a exibir um pouco mais
de consistência. No entanto, passou-se muito tempo antes que os símbolos
de hoje se tornassem parte comum da aritmética escrita. (BERLINGHOFF;
GOUVEIA, 2010, p. 73).
Quanto ao símbolo (–), que se usa para indicar uma subtração, nota-se que
ele também representou situações diversas, dependendo de onde e de como era
utilizado. No antigo Egito, o pequeno traço (–) era utilizado para indicar a quantidade
quatro; os chineses e japoneses antigos representava o número um; para os maias,
no entanto, indicava a quantidade cinco.
Também em Guedj (2006, p. 282), encontra-se a alusão aos símbolos que ora
utilizamos, mais precisamente o símbolo que entendemos como igualdade.
Em seu gabinete de trabalho pobremente mobiliado, iluminado pela luz de
uma vela, Robert Recorde estava debruçado sobre uma folha carregada de
números e letras, a pena na mão, pronta. Refletia. Tomando sua decisão,
mergulhou resolutamente a pena no tinteiro e desenhou um tracinho
horizontal. Bem acima, com aplicação, pôs um segundo traço, de mesmo
comprimento, rigorosamente paralelo.
Pousou a pena na mesa, pegou a folha com ambas as mãos e ergueu-a
esticando bem os braços. Piscando os olhos, examinou demoradamente o
sinal que acabava de traçar. Pôs de novo a folha na mesa, satisfeito. E tinha
motivos de sobra para estar. Diante dele, o que ia se tornar o mais célebre
sinal da matemática, o sinal de igual. Dois tracinhos paralelos idênticos,
separados por um tênue colchão de ar:
=
Corria o ano de 1557 e fazia tempo que se colocava o problema de criar um
sinal para substituir a palavra aequalis, igual, na escrita das equações.
Como representar essa noção tão familiar e, no entanto, tão complexa?
Pouco mais tarde, quando o sinal que ele inventara circulava no mundo dos
matemáticos, interrogaram Recorde sobre o porquê da escolha. “Se escolhi
um par de paralelas, é porque elas são linhas gêmeas, e nada é mais
semelhante que dois gêmeos”.
Convém lembrar que no Egito, o sinal que determina uma igualdade já era
usado há alguns séculos a.C., sendo que uma pequena barra na horizontal
significava a quantidade quatro, e duas barras na horizontal, então oito.
Quatro, por exemplo, não é mais usualmente representado por quatro riscos
verticais, mas por uma barra horizontal; [...] o número vinte e oito [...] em
hierático é simplesmente = ¯ᴧ. Observa-se que o símbolo de = para o dígito
menor oito (ou dois quatros) aparece à esquerda em vez de à direita.
(BOYER, 1974, p. 9).
Em Eves (2004, p. 310), lê-se que “Viète usava o símbolo (=) entre duas
quantidades não para indicar igualdade, mas sim, diferença entre elas”. Também é
conveniente lembrar que os chineses e japoneses antigos atribuíam o valor dois
para o símbolo (=), enquanto que os maias o entendiam como dez, ou seja, dois
cinco juntos (cf. EVES, 2004).
Para a divisão, no entanto, o símbolo que hoje conhecemos advém do século
XVII, utilizado pela primeira vez em uma obra do suíço Johann Heinrich Rahn, o
símbolo era (÷), considerado anglo-americano (cf. EVES, 2004).
Como pode ser notado, em Matemática existem muitos símbolos, e estes
servem para representar operações e relações. Notadamente:
Em seus escritos, Oughtred deu ênfase aos símbolos matemáticos,
contribuindo com mais de 150 deles. Entre todos, somente três chegaram
aos nossos tempos: o de multiplicação (x), os quatro pontos (::) das
proporções e o da diferença (~), ainda usado. [...] Embora Oughtred tivesse
tido ocasião de usar o ponto (.) para a multiplicação, esse símbolo não foi
usado predominantemente até Leibniz adotá-lo. Leibniz também usava o
símbolo (∩) para a multiplicação, símbolo esse usado hoje para indicar a
intersecção na teoria dos conjuntos. (EVES, 2004, p. 349).
Por fim, pode-se dizer que durante o GTR, a participação dos professores foi
muito proveitosa, animadora e permeada de boas expectativas. Houve discussões,
contribuições e questionamentos relevantes sobre as atividades propostas para a
efetivação do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola.
Considerações Finais
O desenvolvimento da pesquisa mostrou que o estudo acerca da História da
Matemática, bem como dos seus símbolos, foi relevante no aprendizado do aluno.
Esse estudo ponderou sobre o trabalho em conjunto com História, onde ficou
evidenciada a concomitância entre fatos históricos ocorridos em épocas distintas e,
por vezes, com referências a matemáticos hoje conhecidos.
Também, é imprescindível salientar que o estudo realizado mostrou que
estudar a História da Matemática e seus símbolos é compreender os fatores
socioeconômicos, políticos, culturais e religiosos que fomentaram o aparecimento de
conhecimentos, leis e teorias idealizadas e organizadas por pessoas interessadas
em solucionar problemas pertinentes a sua vivência, e que, por esse feito, tiveram
seus nomes gravados nos pilares da História.
Outrossim, foi notório o estudo de alguns dos símbolos matemáticos utilizados
na Educação Básica, considerando a origem, a criação e o significados deles, o que
proporcionou a todos os alunos o conhecimento dos pormenores que precederam e
sucederam a criação e o uso de cada símbolo, bem como demonstrou a relevância
de se conhecer os pormenores envoltos a necessidade de se utilizar determinados
símbolos ainda hoje.
Para que este estudo se efetivasse de fato, foram organizadas atividades
interessantes, claras e que motivaram a participação do aluno. Houve maior
espontaneidade e dedicação dos alunos na atividade realizada no Ambiente virtual
de Aprendizagem, pois foi uma atividade diferente, colaborativa, porém, individual.
Com isso, se percebeu um crescimento por parte dos alunos, tanto na parte
cognitiva, como na parte prática, pois cada um superou suas dificuldades em relação
à ferramenta AVA, percebendo que meios tecnológicos, quando utilizados de forma
adequada, ajudam na construção de um saber mais elaborado.
Referências Bibliográficas
ALMEIDA, Manoel de Campos. O Nascimento da Matemática: a neurofisiologia e a
pré-história da matemática. 1. ed. São Paulo: Livraria da Física, 2013.
BOYER, Carl B. História da Matemática. Trad. Elza F. Gomide. São Paulo: Edgard
Blücher, 1974.
GUEDJ, Denis. O Teorema do Papagaio. Trad. Eduardo Brandão. 2. ed. São Paulo:
Companhia das Letras, 2006.
MENDES, Iran Abreu. Ensino da Matemática por Atividades: uma aliança entre o
construtivismo e a história da matemática. Natal/RN, 2001. Tese (Doutoramento em
Educação Matemática) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Disponível
em: http://iranmendes.com/tese/. Acessado em: 25 mai. 2014.
MENDES, Iran Abreu. Números: o simbólico e o racional na história. 1ª. Ed. São
Paulo: Editora da Física, 2006.
STRUIK, Dirk J. História Concisa das Matemáticas. Trad. João Cosme Guerreiro.
Lisboa: Gradiva, 1989.
TAHAN, Malba. Matemática Divertida e Curiosa. 14ª ed. Rio de Janeiro: Record,
2000.
Filmes e vídeos