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Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação

POLÍTICA DE IMAGEM E VISIBILIDADE:


o projeto Pacto Pelo Rio Grande

Daniel de Lemos Germano da Silva1

Resumo: Entendendo a importância da visibilidade e da imagem pública para o


campo político e o papel desempenhado pelos media como local privilegiado de
exposição dos atos da política, o presente artigo analisa o processo de
construção e de publicização do projeto Pacto Pelo Rio Grande –
Responsabilidade de Todos - pela Assembléia Legislativa gaúcha durante o ano
eleitoral de 2006. Baseado na consulta a autores como Wilson Gomes e Maria
Helena Weber, o trabalho defende a hipótese de que o Poder utilizou o projeto
como um mecanismo para auferir ganhos para a imagem pública legislativa.
Para isso, o artigo analisará o Pacto a partir dos editoriais do jornal Zero Hora,
comparando os resultados com duas ações desenvolvidas pelo Legislativo após o
fim do projeto e das eleições daquele ano.

Palavras-chave: visibilidade, imagem, legislativo

1 Introdução

O presente artigo se propõe a contribuir para as discussões sobre as estratégias


desenvolvidas pela política na disputa pela construção de imagens públicas e na busca por
visibilidade na contemporaneidade. Partindo do pressuposto de que a necessidade de
exposição é da natureza da política, e que a mídia ocupa o lugar privilegiado de publicizar
os atos do campo político, o texto pretende defender a hipótese de que a criação do projeto
Pacto Pelo rio Grande – Responsabilidade de Todos - movimento idealizado pela
Assembléia Legislativa gaúcha em 2006 na tentativa de encontrar saídas para a crise
financeira do Estado - foi um instrumento utilizado para reconfigurar a imagem pública do
parlamento gaúcho às vésperas das eleições que decidiram sobre o destino dos 55
deputados estaduais gaúchos naquele ano. Tomando como base teórica o conceito de
política de imagem e de visibilidade pública, a pesquisa pretende identificar, a partir da
análise de 13 editoriais do jornal Zero Hora e do posicionamento tomado pelo Legislativo
após o término do Pacto e das eleições, as contradições na conduta legislativa que
comprovariam a intencionalidade eminentemente publicista do evento em detrimento de
uma real intenção em encontrar os caminhos para a solução da crise econômica gaúcha.

1
UFRGS danigrm@gmail.com
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2 Política, imagem e visibilidade

O fato de a política ter como um de seus objetivos primordiais a busca de


visibilidade (WEBER, 2000, p.11) não é propriamente uma novidade. Desde a antiguidade,
ela movimenta-se sedimentada sobre este princípio. Afinal, usando o termo empregado por
Hannah Arendt2, a aparência é da própria natureza política. É o aparecer, é o ser visto,
lembrado, reconhecido, identificado, que alimenta o fazer político e lhe garante, em última
análise, sua sobrevivência no complexo universo de disputas que habita.
A grande particularidade da política que na atualidade a distingue de outros tempos
– fenômeno especialmente identificável após a mudança das sociedades de um perfil
tradicional para outro permeado pelas transformações causadas pelos processos de
industrialização3 -, é sua adaptação à era da comunicação de massa (GOMES, 2004, p.298).
Se antes a política da aparência, dos rituais e das celebrações era constituída a partir da
prática direta na relação com o público, sem intermediações, hoje, mais do que nunca, ela é
mediada. E como é condição de sobrevivência do campo a busca pela visibilidade4
(WEBER, 2000, p.11), porque esta é a sua natureza, é preciso a ela adequar-se às
exigências de uma sociedade permeada pela lógica da midiatização. Ainda que
determinados espectros da política permaneçam à margem da influência direta dos meios de
comunicação – como é o caso de determinadas negociações, barganhas e alianças internas
(GOMES, 2004), por exemplo –, a realidade é que o papel hoje ocupado pela mídia
reconfigurou profundamente o modo de ser da política e suas formas de se fazer percebida.
A nova cara da política, que modela suas expressões de acordo com os valores pregados
pelos media, leva-nos a uma reflexão pontual sobre os tipos de estratégias e mecanismos
mais adequados ao campo político para que este possa se fazer visto, reconhecido e
legitimado perante a opinião pública. Como, afinal, a política se movimenta neste cenário

2
Em A Vida do Espírito: o pensar o querer e o julgar (1991), a autora faz uma longa explanação teórica,
calcada em aspectos da própria biologia, em que se propõe a explicar como nós, seres humanos, vivemos em
um mundo de aparências.
3
A transformação do perfil das sociedades é identificada por Ferdinand Tönnies (1957) como a passagem das
Gemeinschaften para as Gesellschaften.
4
Conforme a autora, a política se utiliza do espetáculo, do teatro e do discurso como formas de
convencimento. Esta busca incessante tem como objetivo a obtenção da credibilidade, das opiniões e do voto
(WEBER, 2000, p.11).
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de mediações? De quais armas se utiliza para exibir-se ao público? De que maneira ela se
publiciza?
No rol de estratégias da política para garantir a presença na esfera de visibilidade
pública, este estudo se baseia na conceituação de Gomes (2004) sobre política de imagem.
Segundo ele, este fenômeno, que ocuparia um grande espaço na disputa política
contemporânea, indica a prática política naquilo que nela está voltado para a competição
pela produção e controle de imagens públicas de personagens e instituições políticas
(GOMES, 2004, p.242). O processo de construção de uma política de imagem se dividiria,
segundo o autor, em três fases distintas. A primeira refere-se aos mecanismos produzidos
no interior do campo político, assegurando a presença de atores ou instituições políticas na
esfera de visibilidade pública dominante. Nesta etapa primeira, o campo político se valeria
de fatos, discursos e configurações que funcionariam como estímulos agenciados de tal
forma que possam se inserir na esfera de visibilidade pública, controlada pela
comunicação de massa. (2004, p. 278). A segunda fase se daria dentro do próprio campo
jornalístico, com a recodificação do acontecimento publicizado na primeira fase segundo os
critérios e interesses do veículo de comunicação. A terceira e última fase se concluiria com
a manifestação ou impressão pública sobre o fato. Em resumo, para o autor, a política de
imagem funcionaria como um grande mecanismo destinado a formar imagens públicas ou
concepções caracterizadoras (2004, p. 254) condizentes com o interesse daquele que as
promove. Em outras palavras, o termo se refere ao conjunto de características ou
propriedades estáveis que se reconhece publicamente compondo uma personalidade (2004,
p.256)..
É dentro desse contexto de intenção de construção de uma determinada identidade
na esfera de visibilidade pública hoje dominada pelos meios de comunicação de massa,
resumido a partir da conceituação de política de imagem por Wilson Gomes, que este artigo
se propõe a analisar um dos fenômenos mais singulares ocorridos no Estado do Rio Grande
do Sul no ano de 2006: o projeto Pacto Pelo Rio Grande – Responsabilidade de Todos.
Partindo do entendimento de Gomes, o presente artigo vê a criação e a veiculação do Pacto,
no campo dos media, como uma estratégia de visibilidade construída pelo campo político
com a intenção de formar uma imagem positiva da instituição política perante a opinião
pública. É importante ressaltar que apenas esse fator, de forma isolada, não representaria
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um problema a ser resolvido, já que, como dito anteriormente, é da natureza da política a


busca pela visibilidade. A problematização central que o artigo visa a colocar em questão
está na idéia da intencionalidade-fim, mais especificamente no fato de que o uso do Pacto
pelo Rio Grande como um instrumento de fabricação de uma imagem pública favorável nos
media se sobreporia à idéia explícita de criação de uma proposta plural capaz de trazer
soluções para o Estado. A partir da análise da construção da imagem da Assembléia
Legislativa na mídia, a pesquisa poderá identificar como funcionou este processo de
publicização do Legislativo na arena midiática por meio do Pacto. E, na explicitação do
posicionamento do Poder sobre dois temas posteriores ao término do evento e das eleições,
pretende-se evidenciar as contradições existentes que comprovariam a idéia de um Pacto de
fôlego curto, cuja finalidade maior era a de constituir a imagem pública desejada pelo
Legislativo durante o período pré-eleitoral.

3 O Pacto pelo Rio Grande

Nascido oficialmente no dia 15 de maio e encerrado em 31 de julho de 2006, o


projeto Pacto Pelo Rio Grande5 – Responsabilidade de Todos foi um movimento político
criado pelo Legislativo gaúcho com o objetivo de unir forças multilaterais na tentativa de
propor alternativas para a crise financeira estadual. Sua formatação, no entanto, é bem
anterior à data de seu lançamento público. A primeira menção explícita à intenção do
parlamento em criar um projeto de redenção para o Estado surgiu ainda durante o discurso
de posse do então novo comandante do Legislativo e hoje chefe da Casa Civil do governo
Yeda Crusius, deputado Luiz Fernando Záchia (PMDB)6, em 31 de janeiro de 2006. A
idéia central expressa em seu pronunciamento foi a de que o Estado havia chegado ao
limite de endividamento financeiro, e que qualquer governante que viesse a assumir o
Piratini a partir de 2007 teria graves dificuldades para conseguir colocar projetos de

5
No Livro O Jogo da Verdade – Crise estrutural e governabilidade do Rio Grande (BARRIONUEVO, José:
BUSATTO, Cezar; 2006), o jornalista José Barrionuevo, um dos mentores intelectuais do projeto que
culminou com a criação do projeto Pacto Pelo Rio Grande, fala explicitamente sobre as vantagens da
construção do projeto para a imagem pública do Parlamento gaúcho, e como este argumento foi utilizado
como uma forma de angariar apoio entre os deputados para a consecução da proposta.
6
Luiz Fernando Záchia, atual chefe da Casa Civil do governo Yeda Crusius, ex-vereador e ex-presidente do
Sport Club Internacional, assumiu a presidência da Assembléia Legislativa em 31 de janeiro de 2006, em
substituição ao deputado Iradir Pietroski (PTB). Ficou no cargo até 31 de janeiro de 2007, dando lugar ao
atual presidente do parlamento, deputado Frederico Antunes (PP).
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desenvolvimento em prática. Diante do quadro nada animador, somente uma união de


forças, envolvendo os principais segmentos e lideranças do Rio Grande do Sul, seria capaz
de devolver as condições de governabilidade ao Estado. Projetava-se, então, a idéia da
instituição de um pacto, em que essa pluralidade de forças - composta por políticos de todos
os partidos, poderes, empresários, dirigentes sindicais, associações e universidades, entre
outros - se incumbiria, sob a regência do Poder Legislativo, de encontrar os caminhos
necessários à superação da crise. As intenções do parlamentar podem ser conferidas em um
trecho de seu discurso de posse, no plenário da Assembléia Legislativa, sob o olhar das
principais autoridades estaduais e a vigilância da mídia gaúcha: (...) não temos o direito de
errar mais. Os homens públicos já erraram demais nesse nosso Brasil. Vamos bater no
peito, vamos reconhecer humildemente: erramos, todos erramos. (ZACHIA, L.F In
BARRIONUEVO, José; BUSATTO, Cezar, 2006, p.91).

Além de ter sido criado, implementado e encerrado em um ano eleitoral, o que afirma
a luta por espaço com outros acontecimentos de peso no terreno do jornalismo, é
importante salientar que o projeto Pacto Pelo Rio Grande surgiu durante um período
particularmente nebuloso para a política gaúcha e brasileira. A crise política nacional
iniciada em 2005, a partir do escândalo do mensalão 7 revelado pelo ex-deputado Roberto
Jefferson, abalou profundamente a imagem da Câmara dos Deputados, refletindo
diretamente no perfil da cobertura da imprensa regional sobre o parlamento gaúcho. A
título de ilustração, somente em abril de 2006, ou seja, pouco mais de um mês antes do
lançamento oficial do projeto Pacto Pelo Rio Grande, ZH estampou pelo menos dez
diferentes matérias relacionadas à conduta dos deputados estaduais gaúchos ou ao
funcionamento de órgãos da Casa8.

A coordenação do Pacto ficou a cargo do então deputado estadual Cézar Busatto, do


PPS, e o mentor conceitual do projeto e o principal responsável pela imagem a ser

7
Em entrevista concedida à repórter Renata LoPrete, do jornal Folha de São Paulo, em 2005, o deputado
federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) denunciou a existência de um pagamento periódico feito a deputados
federais para que votassem a favor de matérias de interesse do governo no Congresso Nacional. Isso deu
início a uma série de denúncias que atentaram contra a imagem da política nacional.
8
As matérias referem-se principalmente a temas como ausências dos deputados em plenários e comissões,
gastos excessivos com combustíveis e envolvimento de parlamentares em episódios como o fura-fila do SUS.
Outra matéria publicada durante o período retrata que as portas do Legislativo gaúcho estavam fechadas um
dia antes do feriado de Páscoa de 2006.
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construída pelo Pacto foi o jornalista José Barrionuevo - à época já afastado de suas
atividades no jornal Zero Hora e dedicando-se integralmente à sua empresa de marketing
político. Os dois, juntamente com Záchia, formaram o tripé pensante, ou nas palavras de
Schwartzenberg, as “superstars” (SCHWARTZENBERG, 1978, p.7) que tornaram
realidade a criação de um megaevento de enormes proporções no cenário político regional e
até mesmo nacional.
O lançamento do Pacto foi realizado em um evento no Teatro Dante Barone do
Poder Legislativo com a presença de representantes de lideranças das mais diversas áreas,
entre políticos, empresários, líderes sindicais, representantes de universidades, estudantes,
terceiro setor, entre outros, somando um total de 14 diferentes segmentos. O lançamento
do evento se deu sem os tradicionais discursos políticos característicos, na intenção de
manter a idéia de “ausência de paternidade” da proposta. Representações cênicas e musicais
deram o tom espetacular ao evento, unindo em um mesmo plano dramaturgia e política
(SCHWARTZENBERG, 1978). Nos dias subseqüentes, cumpriu-se um extenso
cronograma de atividades, incluindo quatro seminários com partidos políticos, nove
seminários temáticos com a participação de instituições da sociedade civil e seis seminários
regionais pelo interior gaúcho. Ao fim, uma carta de intenções com 25 propostas selou o
Pacto com um novo espetáculo político amplamente coberto pela mídia gaúcha. A seguir a
lista de proposições que constaram na chamada Agenda Mínima:
Nos depoimentos publicados em entrevista ao jornalista Gustavo Machado no livro
O Jogo da Verdade, Busatto e Barrionuevo (2006) explicitaram os bastidores da criação do
movimento e as principais motivações que os levaram a conceber a proposta. Entre elas,
apresenta-se claramente a intenção de melhorar a imagem do Poder Legislativo e de seus
deputados, já que o prestígio da política brasileira vinha enfrentando uma crise aguda
especialmente após o surgimento do escândalo do mensalão, em 20059. Como afirma o
próprio Barrionuevo:

Desde o início eu dizia ao presidente Záchia: quando os deputados


se derem conta de que esta contribuição do poder na construção do
9
Em entrevista à jornalista Renata Loprete, do jornal folha de São Paulo, em 2005, o então deputado federal
Roberto Jefferson (PTB) revelou a existência de um esquema de cooptação dos parlamentares no Congresso
mediante o pagamento de uma espécie de “mesada”. Segundo Jefferson, o Governo pagaria propina aos
deputados para que estes votassem a favor de projetos de interesse da União. A prática ficou popularmente
conhecida como o “mensalão”, e ajudou a nocautear a já desgastada imagem da classe política nacional.
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Pacto vai, como decorrência, melhorar a imagem do deputado


estadual – com natural desdobramento nas urnas – aí se consolidará
a adesão ao movimento. Foi o que aconteceu (...). Quando os
deputados gaúchos tinham sido notícia nacional? Notícia positiva?
Agora deu até no Jornal Nacional, capa do Estadão, capa de O
Globo, editorial da Folha. Até a Assembléia Legislativa do Rio de
janeiro telefonou. Quer copiar (BARRIONUEVO, 2006, p.37)

Em outra parte do livro, Barrionuevo revela os lucros obtidos pelos deputados com
a participação no movimento político. Como um hábil mestre do marketing político, ele
afirma que o Pacto foi um grande instrumento propulsor da imagem dos deputados junto à
opinião pública, fato que rendeu, segundo ele, excelentes dividendos eleitorais. Todos os
candidatos com representatividade, com exceção de um deles10, que foi rechaçado nas
urnas, respaldaram o Pacto. Dessa forma, o Pacto foi assimilado. Na expressão do voto,
está embutido o Pacto (BARRIONUEVO, C; BUSATTO, J; 2006, p.49). As afirmações
apresentadas por alguns dos principais mentores intelectuais do Pacto deixam clara a
intenção do projeto de produzir uma imagem positiva do Poder Legislativo, acentuada em
um período de crise da imagem política nacional e a apenas cinco meses das eleições que
representariam o julgamento do povo sobre os quatro anos de atuação dos deputados
estaduais gaúchos. A seguir, o artigo fará uma análise sobre a presença do Pacto na mídia
gaúcha. Para isso, foram selecionados 13 editoriais publicados pelo jornal Zero Hora
durante os dois meses e meio de duração do projeto. A escolha do periódico se deve
basicamente à sua expressiva representatividade regional, já que figura como um dos
veículos integrantes da maior rede de comunicação do Sul do Brasil, o Grupo Rede Brasil
Sul (RBS).

3.1 O Pacto em ZH: análise dos editoriais

Para a análise dos editoriais de Zero Hora, a opção metodológica escolhida foi a
Análise de Discurso francesa, no intuito de fazer emergir os sentidos nele contidos. A
sustentação teórica está baseada no pensamento de Gomes sobre a política de imagem.
10
Barrionuevo refere-se aqui a Jair Soares, ex-governador do Estado pelo extinto PDS que, apesar de ter
participado como um dos protagonistas do pacto Pelo Rio Grande, não conseguiu reeleger-se deputado
estadual pelo Partido Progressista nas eleições de 2006.
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Importa, afinal, saber: a política de imagem imposta a Zero Hora pelo Poder Legislativo
surtiu efeito? Afinal, como o discurso sobre o Pacto é construído por ZH? Para a realização
desta análise, entender-se-á o jornalismo como uma construção (TRAQUINA, 2004)
submetida a constrangimentos organizacionais presentes nas rotinas de produção, que
incluem o tempo exíguo de fechamento do jornal, o perfil dos editores e dos jornalistas, o
acesso às fontes de informação, entre outros. Assim, entende-se que o poder acumulado
pela política se impõe como uma força vibrante na sedimentação do que deve ser noticiado.
Os fatos da política, especialmente os que, por sua característica, carregam consigo um
grande poder de visibilidade, são atrativos quase inevitáveis ao jornalismo. O que acaba se
refletindo no chamado jornalismo opinativo, gênero escolhido para a pesquisa. De acordo
com Melo (2003), por mais que a instituição jornalística tenha uma orientação definida,
(posição ideológica ou linha política), subsiste sempre uma diferenciação opinativa (2003,
p.101) baseada nas condições atuais de produção do jornalismo, cujos constrangimentos
impedem que haja um controle pleno sobre o que será divulgado. A opinião manifesta no
editorial, portanto, é o substrato do pensamento da empresa, no entanto, submetida às
questões ou temas que não são de seu controle absoluto, como em alguns acontecimentos
gerados pelo campo político, por exemplo. Segundo ele, o editorial afigura-se como um
espaço de contradições, pois seu discurso constitui uma teia de articulações políticas
(2003, p.102) em que o papel e a influência do poder estatal não pode ser negado.
Na perspectiva discursiva do jornalismo, onde inclui-se o gênero opinativo, ele se
apresenta como um lugar onde se produzem sentidos. Como apresenta Benetti (2007), o
jornalismo pode ser entendido como um discurso dialógico, polifônico, opaco, ao mesmo
tempo efeito e produtor de sentidos e elaborado segundo condições de produção e rotinas
particulares. (BENETTI, 2007, p. 107). O dialogismo se explica, segundo a ótica de
Bakhtin (1979), porque ele é atravessado por diversos discursos simultaneamente, e só
existe em um espaço entre sujeitos (BENETTI, 2007, p.108). Para Eni Orlandi (2007), o
discurso é precedido por posições ideológicas dadas, colocadas em um processo sócio-
histórico que se materializa nas palavras do texto. É preciso portanto, mais do que
identificar o significado do texto, entender os seus sentidos a partir da posição que o sujeito
ocupa ao falar, que se forma a partir de uma ideologia pré-estabelecida. Se o sujeito fala de
um certo modo, usando certas expressões, ele deixa de dizer de outra forma, o que
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evidencia uma posição ideológica. Segundo Orlandi, (...) a ideologia faz parte, ou melhor,
é a condição para a constituição dos sujeitos e dos sentidos (ORLANDI, 2007, p.46). A
tentativa desta etapa é conseguir identificar que sentidos são produzidos pelo jornal sobre o
Poder Legislativo a partir da divulgação do projeto pacto Pelo Rio Grande.
Durante a análise dos 13 editoriais, a pesquisa identificou a existência de duas
grandes formações discursivas. A primeira, FD1, foi denominada de FD Imagem do
Progresso e a FD2, chamada de FD Imagem do Retrocesso. Ao todo, foram identificadas
25 seqüências discursivas que revelam a existência dos sentidos resumidos nas nominações
das FDs. A FD Imagem do Progresso apresenta o Pacto como o caminho ideal para o
desenvolvimento do Estado. Essa formação relaciona a noção de prosperidade às
proposições do Pacto, e liga o evento promovido pela Assembléia diretamente à resolução
da crise. Dos textos, também destaca-se a participação dos empresários na construção desta
imagem do progresso, através da defesa do projeto Agenda Estratégica 2020, cuja idéia e
finalidade são semelhantes às do Pacto. É nítida, portanto, a percepção de que há uma
vinculação bem estruturada entre a Assembléia Legislativa, o empresariado gaúcho e a
idéia de encontrar soluções para o desenvolvimento do Estado, como pode ser percebido
nos exemplos a seguir.

A mobilização que a Assembléia Legislativa lidera, com a intenção de atingir todas as


áreas do Estado na elaboração de um Pacto Pelo Rio Grande, parte do diagnóstico geral que
a história recente carregou de tornar indesmentível. (SD1, T1)

Nada mais natural, neste sentido, que seja o parlamento gaúcho o promotor da
iniciativa, pois é esta Casa o desaguadouro natural das tendências políticas e da presença
partidária (...) (SD3, T1)

Pois a iniciativa do Pacto, da mesma maneira que a proposta de uma Agenda Estratégica
elaborada pelas entidades empresariais, (...) abandona as questiúnculas partidárias e
coloca o interesse do Estado como prioridade suprema. (SD8, T5).
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A efervescência com que políticos e empresários se dedicam a projeto futuro do Estado


deve ser vista como um fato promissor, daqueles que podem finalmente marcar uma
época na história regional. (SD9, T6)

(...) idéia do Pacto, uma iniciativa generosa (...) e que, acertadamente, a Assembléia
Legislativa, representando os cidadãos, transformou em lei. (SD16, T12).

Trata-se de uma façanha política cujo alcance e cuja importância não podem deixar de ser
destacados, especialmente por ter sido conseguida com a adesão de todos os partidos com
assento na Assembléia Legislativa. (SD18, T13).

Como pôde-se depreender dos exemplos citados acima, o Pacto foi entendido por
Zero Hora como um movimento que deu crédito ao Poder Legislativo. Os empresários
também foram destacados como participantes ativos na tentativa de recolocar o Estado no
rumo do desenvolvimento, através da ênfase dada ao projeto Agenda Estratégica, liderado
pela classe. Em suma, políticos e empresários foram catapultados à imagem de
protagonistas do processo capaz de devolver a tranqüilidade à economia estadual, tendo
suas imagens vinculadas à idéia de progresso e prosperidade.
Na análise da FD imagem do retrocesso, nota-se uma tendência, no discurso de ZH,
à criminalização dos poderes e instituições que não aderiram ou que manifestaram
contrariedade à proposta. Para o periódico, a idéia de retrocesso está vinculada à não adesão
ao Pacto. Trata-se, portanto, de um discurso que a todo momento incita o leitor à filiação às
idéias promovidas pelo Pacto e rejeita tudo o que a não estabeleça vinculação com a
proposta. Os exemplos a seguir mostram como este cenário foi apresentado nos editoriais
de ZH:

Para deslanchar, a mobilização liderada pela Assembléia Legislativa terá que enfrentar
alguns obstáculos, entre os quais a resistência velada do PT, a desconfiança do
Judiciário e a disputa de paternidade com entidades empresariais que lançaram
projeto semelhante. (SD4, T1)
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Não há poderes ou setores que possam se dar ao luxo de lavar as mãos e assistir de
camarote à degringolagem dos serviços e das instituições. (SD5, T2)

É incompreensível que a falta de visão de conjunto da crise leve a comportamentos (...)


resultantes de corporativismos egoístas e caolhos. (SD6, T2)

Pois a iniciativa do Pacto (...) abandona as questiúnculas partidárias e coloca o interesse


do Estado como prioridade suprema. (SD8, T5)

A oposição às medidas (...) não deixa de ser uma falta de visão estratégica de candidatos
ou de autoridades investidas de poder. A permanência do status quo tem sido (...) o
caminho para a degradação crescente e para a insustentabilidade das contas públicas.
(SD14, T9)

Pela análise das Formações Discursivas, pode-se perceber que a estratégia da


Assembléia de lançar uma mobilização política com o objetivo de contribuir para a redução
da crise financeira do Estado obteve a guarida esperada dentro do espaço de opinião de
Zero Hora. Durante todo o período de duração do evento, não apenas o jornal enalteceu o
mérito da proposta como ressaltou a participação da Assembléia Legislativa como mentora
do processo. Em determinados momentos, os louros da iniciativa em favor da sanidade
financeira do Estado foram repartidos com o empresariado gaúcho, mostrando de forma
mais explícita a defesa da empresa aos interesses da classe. Conforme os preceitos de
GOMES (2004), a primeira função da política de imagem é a criar, construir e produzir a
imagem pública de atores e instituições políticas, assegurando sua presença na esfera
pública dominante. Pelo que pôde ser depreendido da análise, houve uma apreensão
constante do Pacto pelos editoriais de Zero Hora. Ao todo, foram 13 edições em dois meses
e meio de duração do projeto, o que dá uma média de cinco por mês, ou mais de um por
semana - excetuando-se pequenas notas de opinião e reportagens, excluídas da análise por
questões de espaço. Além disso, os sentidos produzidos mostram que a política de imagem
empregada pelo Legislativo obteve a repercussão desejada nas páginas do jornal. O Pacto
foi retratado pelo periódico como um modelo ideal de iniciativa em favor do
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desenvolvimento do Estado. Nesse sentido, o Poder Legislativo obteve ganhos em sua


imagem pública, pois aparece apareceu claramente como o mentor do processo de redenção
da economia gaúcha. Já a presença do empresariado denota que a linha editorial do jornal
pode ter se adequado aos interesses da classe empresarial, da qual faz parte. Afinal,
conforme Melo (2003), o editorial expressa a força das opiniões que mantêm a instituição
jornalística (2003, p. 104), o que evidencia o peso das relações comerciais e do pensamento
liberal na construção ideológica dos sentidos apresentados no texto. De outra sorte, é
possível identificar claramente uma repulsa às idéias e concepções contrárias à proposta de
unificação capitaneada pelo Pacto e pela Agenda Estratégica. As negativas presentes nos
sentidos extraídos do texto demonstram que a contrariedade à proposição, para ZH,
representava um retrocesso nos rumos do desenvolvimento da economia gaúcha. A imagem
estabelecida foi a de que todos os que eram contra o Pacto, ou que manifestavam algum
tipo objeção ao projeto, de alguma forma estavam contra o Rio Grande.
Mas se a Assembléia obteve a visibilidade almejada no campo midiático, como
mostra aanálise anterior, isso, por si só, não resulta em um problema a ser resolvido. Afinal,
como o apresentado no início deste artigo, a política busca a visibilidade porque está é sua
natureza. Não pode-se entender a política sem os rituais estratégicos, sem a aparência
(ARENDT, 1991). É, portanto, legítimo à política o bem aparecer em busca da aceitação
pública. O que este texto pretende problematizar e defender é a tese de que este processo de
exposição se constituiu em um instrumento poderoso de composição de imagem durante
um período coincidentemente próximo à disputa eleitoral e em um momento de grave crise
da imagem política nacional. Aliado a isso, há movimentos contraditórios ao espírito do
Pacto por parte do Poder Legislativo que coincidem com o fim do processo eleitoral de
2006. É a estes dois momentos que o artigo se propõe a detalhar no próximo capítulo.

4 As contradições do Legislativo pós-Pacto: Judiciário e Executivo

Yeda Crusius venceu as eleições ao governo do Rio Grande do Sul de 2006 com a
aprovação de 3.377.973 gaúchos11, ou 53,94% dos votos válidos, e tornou-se a primeira
mulher a assumir a chefia do Palácio Piratini. Sua campanha eleitoral baseou-se no slogan

11
Dados obtidos no site do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul. Para maiores informações,
consultar o endereço http://www.tre-rs.gov.br/eleicoes/2006/divulgacao/2turno/index.php?opcao=estado.
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um novo jeito de governar, em que ressaltava a necessidade de o Estado ajustar suas


finanças públicas. Segundo dados da Secretaria Estadual da Fazenda, a situação gaúcha
realmente não era nada fácil. Em 2006, o déficit acumulado fechou em R$ 1,187 bilhão 12.
As propostas apresentadas pelo Pacto foram acatadas pela governadora eleita, mesmo antes
da sua posse. No entanto, no mês de dezembro, poucos dias antes da efetiva troca de
governo, dois projetos relacionados diretamente à questão financeira do Estado foram
postos em votação pela Assembléia Legislativa.
No dia 12 de dezembro daquele ano, portanto apenas dois meses e meio após as
eleições para deputado, realizada em 1º de outubro, e 46 dias após o fim do segundo turno,
os deputados eleitos elevaram, com 32 votos favoráveis e nenhum contrário, em 6,09% os
vencimentos do Poder Judiciário gaúcho Ministério Pùblico Estadual e Tribunal de Contas,
mesmo diante a manifestação explícita da governadora eleita, Yeda Crusius, contra a
apreciação da matéria, postura baseada na penúria enfrentada pelos cofres estaduais. Trecho
da reportagem do jornal Correio do Povo do dia seguinte à votação ilustra bem a vontade
manifestada pela governadora gaúcha. O pedido para analisar o reajuste acabou aceito e
os projetos aprovados, apesar do apelo de Yeda para que matérias representando impacto
financeiro não fossem acatadas.13 Em janeiro do ano seguinte, após empossada, Yeda vetou
o projeto, posteriormente derrubado pelo Legislativo. Em um Estado imerso em grave crise
financeira, o aumento representou um passo atrás na tentativa de reequilibrar as contas
estaduais – motivo, aliás, que fomentou a criação do Pacto.
O segundo e mais polêmico tema que revelou a mudança de postura do Legislativo
em relação ao que pregara no Pacto foi o Programa de Reestruturação das Finanças
Públicas do Estado, pacote de medidas emergenciais votado pela Casa em 30 de dezembro
de 2006. A proposta foi elaborada pela equipe da futura governadora com o objetivo de
zerar o déficit estadual no prazo de dois anos. O pacote continha um leque de medidas para
combater a crise, com cinco tópicos principais: a) criação do Fundo de Garantia da
Previdência Pública Estadual (FG-Prev); b) criação de reserva financeira de equilíbrio
orçamentário; c) criação do Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza
(FECEP/RS); d). programa de readequação tributária; e) programa de racionalização do
12
As informações sobre as receitas e despesas orçamentárias do governo gaúcho podem ser encontradas no
site http://www.sefaz.rs.gov.br/SEF_ROOT/AFE/AFE-Informacoes.asp
13
Matéria publicada na edição do dia 13 de dezembro de 2006 e disponível no site
www.correiodopovo.com.br.
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gasto público e da modernização da gestão pública. Como prova de que o projeto se


adequava ao espírito do Pacto, dois dos principais mentores do projeto – Cezar Busatto e
Luiz Fernando Zachia – trabalharam incessantemente em prol da aprovação. Zachia,
poucos dias depois, assumiria a chefia da Casa Civil do governo. Durante o período de
negociações, Busatto esclarecia que a não aprovação do Pacto feriria os princípios
acordados pelo Pacto. Quem se comprometeu com o Pacto, não poderá estar ausente
agora14, disse à época, referindo-se à postura que deveria ser tomada pelos deputados na
votação do programa. Apesar da negativa dos parlamentares ter se concentrado basicamente
sobre o item do plano que previa a manutenção de determinadas alíquotas e a elevação de
outras, o projeto foi rejeitado por completo, dificultando o trabalho da governadora eleita
no início do seu mandato e evidenciando um movimento contraditório ao espírito do Pacto
aprovado cinco meses antes.

5 Considerações Finais

A partir dos dados apresentados, pode-se concluir que a Assembléia Legislativa


utilizou o projeto Pacto Pelo Rio Grande como um instrumento de apoio à construção de
uma imagem pública favorável nos media. Em um cenário de crise da imagem política
nacional e poucos meses antes das eleições, o Legislativo capitaneou para si a paternidade
de um movimento político com a alcunha da pluralidade. Nos dois meses e meio de duração
do projeto, a Assembléia executou à risca os mandamentos da política de imagem(GOMES,
2004): utilizou-se de assessorias de marketing, contratou profissionais especializados,
organizou espetáculos pirotécnicos e atraiu a mídia. A análise discursiva mostra que o
jornal não apenas posicionou-se claramente favorável ao Pacto como manifestou de forma
explícita o papel preponderante do Poder Legislativo para a consumação de um movimento
de salvação do Estado.
Após o período eleitoral e da renovação das 55 cadeiras legislativas, contudo, o que
se viu foi uma postura diferente da consumada pelos deputados durante o Pacto. Em dois
projetos que tratavam diretamente sobre as finanças públicas estaduais, os parlamentares
mostraram uma posição contraditória em relação ao espírito original da proposta. O
aumento de 6,09% ao Poder Judiciário contribuiu para elevar os custos da máquina
14
Trecho de reportagem do jornal Correio do Povo do dia 28 de dezembro de 2006, disponível no site
www.correiodopovo.com.br
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administrativa estadual em um momento agonizante das contas públicas. E a rejeição ao


Programa de Reestruturação das Finanças Públicas mostrou a intransigência do parlamento
em apostar no remédio proposto pela governadora para tentar zerar o déficit acumulado
pelo Estado ao longo dos últimos 30 anos.
Este artigo tentou contribuir para as discussões sobre as relações entre a política e a
comunicação na contemporaneidade. Em um primeiro momento, se propôs a expor que é
legítima a busca da política pela visibilidade (WEBER, 2000). Não há como negar que a
aparência é parte integrante do fazer político, ou o que Muniz Sodré (2006) chama de
tríptico sobre a atuação política: “fazer ver, fazer pensar e fazer sentir” (2006, p.167 ). Em
um período domado pela lógica midiática, é preciso criar estratégias, planejamentos,
esquemas capazes de fazer a política percebida, compreendida e legitimada. A
problematização trazida para a reflexão refere-se ao uso desta visibilidade como uma
intencionalidade-fim. A utilização do Pacto como um instrumento de composição de
imagem e as posteriores contradições ao espírito pregado pela proposta, evidenciados
brevemente na análise dos projetos votados pelo parlamento após o período eleitoral,
mostram uma mudança radical na postura legislativa sobre o tema da crise. Afinal, se a
crise era real e os movimentos para coibi-la também o eram, por que a adoção de uma
postura diametralmente oposta à construída meses antes? Por que um parlamento é capaz
de montar uma superestrutura de publicização e visibilidade, em que é ungido à condição
de idealizador de um movimento de caráter redentor para o Estado, e logo ali adiante,
passado o período eleitoral, adota uma postura contrária, e até mesmo contraditória, ao
espírito daquilo que havia criado? A legitimidade da política está em construir espaços de
visibilidade. Mas quando esta visibilidade é programada e reprogramada de acordo com
interesses do momento, eis um problema a ser resolvido.

Referências

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Dumara/UFRJ, 1991.

BARRIONUEVO, José; BUSATTO, Cézar. Jogo da Verdade: crise estrutural e


governabilidade do Rio Grande. Porto Alegre, Nova Prova, 2006.

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brasileiro. Campos do Jordão, SP, Mantiqueira, 2003.

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WEBER, Maria Helena. Comunicação e Espetáculos da Política. Porto Alegre, Editora


da UFRGS, 2000.

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