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Cinq.

Ben∴Aug∴ e Resp∴ Loja Simb∴ “Concordia et Humanitas” N° 56


Rito Schröder
Comissão de Liturgia e Docência

A VERDADE SOBRE O RITO SCHRÖDER E SEU FUNDADOR

Há muito tempo era meu intuito escrever trabalho mais esclarecedor sobre e Rito
Schröder e seu Fundador. Tal desejo foi-se fortalecendo cada vez mais em virtude de ter
lido ultimamente, em jornais, livros e outras publicações, algo sobre o Rito que me deixou,
mais do que a impressão, a certeza de que não tinha fundamento.

Lê-se e ouve-se freqüentemente a expressão "Rito Schröder ou Rito Rosa-Cruz


Retificado", assim como, também, a informação de que este Rito teria, afora os três graus
simbólicos, possuído mais quatro graus superiores, os quais, entretanto, foram
abandonados no decorrer dos anos.

Para compreender o verdadeiro significado do trabalho efetuado por FRIEDRICH


LUDWIG SCHRÕDER sobre o Rito que ele elaborou, temos que lançar um retrospecto
sobre a Franco-Maçonaria do Século XVIII.

A Franco-Maçonaria (i.é, a Gr. Loja de Londres), fundada a 24 de junho de 1717,


trabalhava com um ritual simples, mas muito significativo.

Quando a Franco-Maçonaria saiu de seu país de origem, as ilhas Britânicas, transportou-


se para o Continente Europeu, infiltrando-se na França e, depois, na Alemanha. Na
França a Franco-Maçonaria tomou conta dos Palácios dos Nobres, onde pertencer a ela
era considerado de bom gosto.

Com o decorrer dos anos, os nobres franceses acharam que o ritual e seu cerimonial
mostravam-se por demais simples, razão pela qual resolveram - pois que viviam na
ociosidade - desenvolver essa ritualística, introduzindo-lhe novos hábitos e regras para
torná-la, segundo o seu ponto de vista, mais atrativa e interessante.

Outrossim, não devemos esquecer que, desde o princípio do Século XVII, o Continente
Europeu ficou literalmente invadido por um grande número de seitas dos mais diferentes
matizes: os alquimistas, os rosa-cruzes, os martinistas, os iluministas (i.é., iluminados da
Baviera ou “Illuminati”), os adeptos de Swedenborg e da magia, em suas mais diversas
cores e tendências.

Todos eles de um modo ou de outro, foram sempre perseguidos tenazmente, ora em um,
ora em outro Estado da Europa continental, o que levou os seus adeptos a procurarem
refúgio onde encontrassem segurança. Este refúgio foi encontrado dentro da Franco-
Maçonaria, pois que, via de regra, ela era aceita pela quase totalidade dos Estados

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Europeus da época. Todos eles, então em seu novo ninho protetor, começaram
lentamente a difundir, dentro das Lojas Maçônicas os seus conceitos, conseguindo, com o
transcorrer do tempo, impô-los praticamente em quase todas as Lojas. Ao longo do
Século XVIII, cada vez mais as manifestações cresceram dentro das Lojas Maçônicas, e
como coroamento ainda foram introduzidos hábitos e formas de "cavalheirismo“ e os
chamados "Altos Graus”, originários principalmente da França.

Com este rápido esboço da situação da Maçonaria, até mais ou menos os anos 1780-
1790, dediquemos nossa atenção à pessoa do fundador do Rito.

Que inspirou o Irmão Friedrich Ludwig Schröder (Frederico Luiz Schröder, 1744-1816), a
dar um novo Ritual à Maçonaria Alemã?

Primeiramente, algumas palavras sobre o homem Schröder. Ele foi, como seus pais em
Hamburgo, um ator-produtor o que, naquele tempo, significava ser proprietário de teatro.
Conhecia muito bem na Europa as partes onde predominava a língua alemã. Nunca
esteve na Inglaterra, França e Itália. Suas habilidades Iinguísticas eram limitadas, embora
ele fosse capaz de adaptar peças teatrais dos originais franceses e Ingleses. Sem
conhecer Latim e Grego, ele adquiriu, entretanto, um grande cabedal de conhecimento
através do autodidatismo. Acima de tudo, destacava-se nele um caráter forte e sincero.

O estado da Maçonaria, no tempo em que Schröder foi iniciado, com a idade de 29 anos,
era caótico. Foi seu proponente Johan Christoph Bode, seu amigo, tendo sido aceito na
Loja “Emanuel" por unanimidade, sem escrutínio, em virtude das grandes qualidades
morais que possuía.

O Rito "Estrita Observância“ era dominante naquela época, e o caráter da Franco-


Maçonaria inglesa, originalmente introduzida em Hamburgo, tinha-se perdido. As Lojas
foram dominadas pelos adeptos do misticismo, alquimia, rosacrucianismo e iluminados da
Baviera.

Mesmo os sóbrios e democráticos Irmãos de Hamburgo, não se abstiveram de desfilar


como “Muito Excelente Cavaleiro Templário". Não é de estranhar que um homem sério e
despretensioso, como Schröder, estivesse radicalmente contrário a tais excentricidades;
ele esperava da Maçonaria educação e uma verdadeira moralidade.

Com o declínio do Rito "Estrita Observância", depois da Convenção de WilheImsbad, em


1782, a hora de Schröder havia chegado. Segundo seus desejos, os Irmãos de Hamburgo
decidiram:

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1) Restaurar a verdadeira e antiga Maçonaria como lhes fora trazida por seus
antecessores. Esforçar-se zelosamente para elevar seus propósitos a um nível bem mais
alto, fazer com que cada um dos seus ramos seja mais útil, e isso poderá ser alcançado
com amor e com a pesquisa da verdade.
2) Melhorar a harmonia entre os irmãos.
3)Trabalhar nos três graus da Arte Real, de acordo com o Antigo Ritual Escocês
(i.é., Inglês) dos antepassados, até que os Rituais organizados na Convenção Geral lhes
fossem comunicados.

Schröder, contudo, levando em conta seu temperamento ativo e empreendedor, estudioso


e investigador, quis a tudo inquirir e conhecer, analisando detidamente tudo, antes de
apresentar-se como reformista e legislador.

Ele sentia a necessidade de abraçar a pesquisa maçônica, mantendo a obrigação do


segredo, regra contida nos Rituais. lnvestigando entre os seus Irmãos mais íntimos,
verificou que a Loja "Amália", em Weimar, à qual pertenciam Goethe e Herder, podia
ajudar. Um dos seus integrantes era o lrmão Wesselhöft, que morava em Jena e possuía
uma tipografia e se dedicava à impressão e publicação de livros, em Rudolfstadt, cidades
estas próximas de Weimar. O Irmão WesseIhoft prestou, juntamente com todos os
membros de sua empresa, o juramento de manter sigilo, sendo mesmo, alguns deles,
convidados a se unirem à Loja de Rudolfstadt. O Irmão Conta, alto oficial da polícia
alemã, foi nomeado para exercer a função de supervisor e censor.

As detalhadas instruções, anotadas pelo Mestre da Loja (i. é, V.M.) as quais ainda
existem, provam de sobejo que Schröder forneceu o material necessário e o capital para o
trabalho. Este estabelecimento começou a trabalhar na última década do Século XVIII e
parece ter encerrado suas atividades depois da morte de Schröder. Uma de suas
publicações foi a coleção de rituais em 21 volumes, dos quais, a única cópia conhecida,
nos dias atuais, encontra-se na biblioteca da Grande Loja Nacional da Dinamarca. Este
trabalho, cerca de trinta rituais então conhecidos e dos "Altos Graus", incluindo um texto
do "Three Distinct Knocks" (Três Batidas Diferentes), é considerado, sem dúvida, o "mais
velho e genuíno Ritual Inglês", sem, entretanto, ser mencionada sua origem.

A razão para o anonimato sobre o “Three Distinct Knocks – TDK”, se pode achar na
correspondência de Schröder para Meyer, na qual escreve: ”Pelo amor de Deus,”Three
Distinct Knocks“ não deve se tornar conhecido porque o nosso atual Ritual está baseado
nele. Por isso, eu removi estes dois livros do catálogo da nossa biblioteca. É muito raro na
Alemanha e, provavelmente, na lnglaterra também".

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Schröder afirma que "Three Distinct Knocks – TDK” é o ritual utilizado até hoje por todas
as velhas Lojas inglesas na Grã-Bretanha, Ásia, África e América. A respeito do livro de
Prichard, "Masonry Dissected" (Maçonaria Dissecada), diz que este foi o primeiro desvio
do texto mais velho, isto é, do "Three Distinct Knocks", mas que tinha sido usado pela
maioria das Lojas Alemãs.

Com isso chegamos a uma conclusão: quando o trabalho começou, em Hamburgo, em


1790, para a confecção de um novo Ritual, a Grande Loja Provincial (de Hamburgo),
subordinada a Premier Grande Loja da lnglaterra (i. é, a Gr. Loja de Londres, de 1717),
não possuía um Ritual escrito em inglês, com um texto autêntico. Schröder estava
absolutamente convencido de que "Three Distinct Knocks" não era apenas genuíno, mas
era efetivamente, o mais velho ritual existente. Como podemos ver, ele baseou todo o seu
trabalho sobre este texto, tanto quanto diz respeito à estrutura ritualística. Nas instruções
do Grau de Aprendiz, datadas de 1801, Schröder diz: "Não pretendemos, absolutamente,
proteger todas as partes do velho catecismo. Embora estejamos inclinados a preferi-lo, no
todo a qualquer coisa nova, entretanto reconhecemos que foi dito numa Fraternidade
inglesa, que era constituída principalmente de artesãos, não pode ser inteiramente
adequado para maçons educados de outro país, razão pela qual corrigimos ou omitimos o
que está fora do espírito ou circunstâncias do nosso tempo".

Schröder tinha a profunda percepção que os princípios éticos e morais eram a essência
da Maçonaria, identificando-os, com grande cuidado e em colaboração com os mais
educados e credenciados maçons do seu tempo. Isso dá ao seu Ritual um caráter
particularmente precioso, expressando tendências espirituais da Alemanha, durante o
Século XVIII. A inclinação para a Maçonaria Cavalheiresca ou Templária, com um
acentuado conteúdo cristão, e até mesmo católico romano, havia desaparecido.
Fortaleceu-se a tendência de que moral elevada e princípios éticos deveriam ser as
características essenciais da Arte Real.

Uma importante contribuição, para os objetivos de Schröder, veio de seu amigo de longos
anos, Professor Friedrich Ludwig Wilhelm Meyer (1759-1840). Ele era um gentil-homem
de vida independente, tendo muito viajado por toda a Europa Continental e Inglaterra. Na
Universidade de Gottingen ele foi tutor dos Duques de Sussex, Cumberland e Cambridge.
Existem evidências de que seus talentos e habilidades lingüísticos foram, muitas vezes,
usados pelo Rei da Prússia e seus ministros, que o empregaram como agente político
secreto. Meyer era Franco-Maçom e foi membro da Loja "Pilgrim", em Londres, de 1789
até 1791. Felizmente pode se consultar sua enorme correspondência, particularmente a
mantida com Schröder. Só recentemente foram descobertas cerca de 700 cartas, nos
arquivos do Estado de Hamburgo, através das quais agora ficamos sabendo que foi

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Meyer quem traduziu a maior parte dos textos franceses e ingleses que seu amigo
Schröder usou, pois que este acolhia de bom grado todos os argumentos e sugestões que
Meyer oferecia.

Havia ainda, um outro Franco-Maçom com quem Schröder mantinha contato e cujos
conselhos freqüentemente seguia. Era Johan Gottfried Herder (1744-1803), cujas
correspondências com Schröder dos anos de 1799 a 1802 estão parcialmente acessíveis
em uma publicação do Irmão Wiebe, de Hamburgo, e em certo número de cartas, não
publicadas, existentes nos arquivos do Estado da Prússia, em Berlim.

Quando o exército francês ocupou Hamburgo no ano de 1808, Schröder infelizmente


destruiu a maior parte de seus papéis. Sabe-se por intermédio de outras fontes, que a
primeira versão do Ritual de Schröder introduzida em 1801, continha bom número de
canções escritas ou, pelo menos, trabalhadas por Herder. A maior parte delas não foi
incluída na versão de 1816, pois que a prática de cânticos em Loja havia se tornado
menos popular. Os textos hoje disponíveis são em prosa somente, não obstante isso
retém o espírito do gênio do Herder.

Schröder submeteu seu texto aos Mestres de Hamburgo (i. é, os Veneráveis Mestres das
5 Lojas que até hoje trabalham com o Ritual de Schröder), em 29 de junho de 1801, os
quais o adotaram por unanimidade e, depois de uma revisão de algumas passagens que
pareciam não guardar relação com a cerimônia, foi impressa, em edição limitada, para as
Lojas de Hamburgo, e outra maior foi editada em 1816, para todas as Lojas da Alemanha.
Desta edição existe somente uma cópia, pertencente a uma Loja da cidade de Celle, cujo
exemplar, felizmente, tem sido possível ser estudado.

Este texto não contém nada de místico ou oculto, mas retém a simplicidade do original
inglês, inclusive o pensamento alemão da época, revelando um texto de alto fervor moral
aliado a um generoso espírito de princípios humanitários.

Agora surge a pergunta crucial: por que razão na Maçonaria brasileira, ou, melhor
dizendo, nos livros de escritores maçônicos brasileiros, Schröder é apresentado com a
pecha de "Cagliostro da Alemanha", assim como o seu Ritual é considerado místico,
eivado de alquimia e magia, além de outras titulações?

Tal entendimento só pode ser atribuído à falta de um estudo mais acurado da vida de
Friedrich Ludwig Schröder e, principalmente, da Maçonaria alemã de seu tempo.

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Naquela época existiam, na Alemanha, mais dois personagens maçons e que,


igualmente, tinham o sobrenome de "Schröder":

O primeiro chamava-se Friedrich Joseph Wilhelm Schröder, nascido a 19 de março de


1733 e falecido a 27 de outubro de 1778, o qual, efetivamente, vivia envolvido em práticas
de magia, alquimia e teosofia e que, igualmente fundou Lojas, nas quais era praticada
uma mistura de magia com rosacrucianismo. É bem provável que, em virtude de ambos
possuírem o prenome de "Friedrich", tenha-se originado essa confusão.

Outro contemporâneo era o maçom de nome Joachim Henrich Schröder da mesma forma
dedicado às ciências místicas.

Isto nos proporciona, ao final de nossa tentativa, a oportunidade de apresentar a obra de


Schröder, no contexto da Maçonaria alemã no seu tempo, e mostrar como ele se esforçou
para adaptar a um texto, embora espúrio (i.é., o TDK), a sua concepção de que a
Maçonaria deveria ser.

O fato de que o seu Ritual foi imediatamente aceito e adotado, pela maioria das Lojas que
não pertenciam a uma das Constituições então existentes, que trabalhavam na variedade
cristã de origem franco-sueca, prova o forte desejo da Maçonaria Simbólica alemã de
retornar ao trabalho com as ferramentas que a Maçonaria inglesa tinha originalmente
providenciado, para o benefício dos maçons, em qualquer lugar em que se encontrassem,
por toda a superfície do Globo.

NOTAS COMPLEMENTARES

Para complementação do trabalho “A Verdade sobre o Rito Schröder e seu


Fundador”, permitimo-nos apresentar uma tradução de texto da “Enciclopédia da
Maçonaria”, de Albert G. Mackey, volume II, editada em 1966, páginas 911 e 912,
contendo notas biográficas que interessam à história da Maçonaria:

FRIEDRICH JOSEPH WILHELM SCHRÖDER

Doutor e Professor de Farmacologia em Marburg, Alemanha; nascido em Bielefeld,


na Prússia a 19 de março de 1733, e falecido a 27 de outubro de 1778. De constituição
doentia, desde sua juventude, ele ainda enfraqueceu sua saúde física e suas faculdades
mentais pela sua grande devoção às atividades teosóficas, de química e alquimia. Ele
fundou em Marburg, em 1776, um Capítulo dos Verdadeiros e Antigos Maçons Rosa-
Cruzes e, em 1779, ele organizou numa Loja de Saarburg, uma Escola ou Rito, fundado
sobre os princípios da Magia da Teosofia e da Alquimia, que possuía 7 graus, sendo
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quatro graus avançados, fundamentados sobre essas ciências ocultas, acrescentados aos
três graus simbólicos originais. Este Rito, chamado “Rosa-Cruz Retificado”, foi praticado
somente por duas Lojas, sob a Constituição da Grande Loja de Hamburgo.

Clavel, em seu livro “Histórias Pitorescas da Maçonaria”, na página 183, chama


Friedrich Joseph Wilhelm Schröder de “Cagliostro Alemão”, porque foi na Escola deste
personagem que o charlatão italiano aprendeu suas lições iniciais de magia e teosofia.

O Dr. Oliver, não entendendo Clavel, chamou este Schröder de “aventureiro”, em


seu livro “Landmarks Históricos”, na página 710. Seria mais justo, entretanto, se lhe
atribuíssemos uma imaginação doentia e vítima de estudos mal orientados, em vez de um
mau coração e práticas impuras.

Este personagem não deve ser confundido com Friedrich Ludwig Schröder, um
homem possuidor de um caráter muito diferente.

FRIEDRICH LUDWIG SCHRÖDER

Ator, dramaturgo e escritor maçônico, nascido em Schwerin, Alemanha, a 3 de


novembro de 1744, tendo falecido perto de Hamburgo, a 3 de setembro de 1816. Ele
começou sua vida como ator, na cidade de Viena, e foi tão famoso em sua profissão, que
Hoffmann disse que ele foi, “incontestavelmente, o maior ator que a Alemanha já teve e,
igualmente, na tragédia e na comédia”. Como maçom ativo e zeloso, ele adquiriu um
caráter muito elevado. Christoph Bode, um bem conhecido maçom, era seu amigo íntimo
e, por sua influência, Schröder foi iniciado, em 1774, na Maçonaria, na Loja “Emanuel zur
Maienblume”. Logo depois, ele mesmo fundou uma Loja, trabalhando com o sistema
“Zinnendorf”, mas que não durou muito tempo. Schröder, então, foi para Viena, onde
permaneceu até 1785, quando voltou para Hamburgo. No seu retorno, foi eleito Mestre da
Loja “Emanuel zur Maienblume”, por seus velhos amigos e Irmãos, e cujo mandato
manteve até 1799. Em 1794, foi eleito Deputado do Grão-Mestre da Grande Loja
Provincial Inglesa da Baixa Saxônia e, em 1814, no septuagésimo ano de sua vida, ele foi
induzido a aceitar o cargo de Grão-Mestre. Foi depois de sua eleição, em 1787, para
Mestre da Loja “Emanuel zur Maienblume”, em Hamburgo, que resolveu devotar-se à
tarefa de promover uma completa reformulação no sistema maçônico, que havia sido
muito corrompido no continente europeu, inventando-se inumeráveis “graus avançados”,
muitos dos quais tinham origem nas fantasias buscadas na alquimia, no rosacrucianismo
e na filosofia hermética.

É a esta resolução, totalmente executada, que devemos o esquema maçônico hoje


conhecido como o Rito de Schröder e que, sejam quais forem seus efeitos, na estimação
de alguns, tornou-se muito popular entre os maçons alemães.

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Schröder começou com a teoria de que, já que a Maçonaria se havia transportado


da Inglaterra para o Continente, dever-se-ia procurar no livro inglês da Constituição e no
primeiro Ritual Inglês a forma pura e não a adulterada da Maçonaria. Ele,
conseqüentemente, selecionou uma boa exposição, conhecida pelo nome de Jachim e
Boaz, que representavam, na sua opinião, a melhor forma da velha iniciação, tendo-a
traduzido para a língua alemã, remodelando-a e apresentando-a à Grande Loja Provincial,
em 1801, que a aceitou, estabelecendo-a. Em razão de sua simplicidade, foi aceita por
muitas outras Lojas alemãs.

O sistema de Schröder assim adotado consistiu dos três graus da Antiga Arte
Maçônica, sendo todos os Altos Graus rejeitados. Mas Schröder achou necessário
engrandecer seu sistema, de forma a oferecer aos Irmãos, que desejassem uma
oportunidade de investigar mais do que a filosofia da Maçonaria. Por isso, ele estabeleceu
um “Engbund”, ou Seleta União Histórica, que devia ser composta unicamente por
Mestres Maçons, que se ocupariam com o estudo dos diferentes sistemas e graus da
Maçonaria. As Lojas de Hamburgo consistiriam em um “Mutterbund”, ou Corpo Central, ao
qual todas as lojas estariam ligadas por correspondência.

O erro deste sistema parece ser o de que, retornando ao Rito primitivo, que não
reconhece nada além do grau de Mestre-Maçom, rejeita todos os desenvolvimentos dos
labores das mentes filosóficas de um Século. Sem dúvida, nos graus avançados do
Século XVIII, havia uma abundância de joio, mas havia, também, algum trigo nutritivo.

Schröder, juntamente com o anterior, botou fora o ulterior. Seu sistema, entretanto,
tem algum mérito e ainda é praticado por grande quantidade de Lojas nos países de
língua germânica.

Frederico Luiz Schröder, notável ator e escritor alemão ingressou na Maçonaria aos
30 anos de idade, trabalhando em Lojas do sistema Zinnendorf.

Tempos depois, foi eleito Venerável da Loja “Emanuel”, de Hamburgo, quando então
preconizou uma profunda reforma na Maçonaria, despojando-a dos vícios ocultistas,
alquimistas, herméticos e rosacrucianistas, que estavam no auge em toda a Europa, e
que tinham buscado refúgio e amparo nos templos maçônicos, deformando sua essência
iniciática.

Propôs-se obter o regresso à simplicidade dos Ritos da Maçonaria Pré-Especulativa


e às práticas dos primeiros anos da Ordem.

Cancelou, pois, todos os graus, fora dos três simbólicos e, tendo apresentado sua
reforma em 1801, a mesma foi seguida por grande número de maçons alemães.

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Dados Bibliográficos:
- Origem e Fontes do Ritual Schröder: Trabalho apresentado pelo Ir. Hans Henrich Solf,
perante a Loja de Pesquisa “Quatuor Coronati”, nº 2076, de Londres, em 1979;
- História da Maçonaria: de J.G. Findel, edição de 1870, págs. 516-523 e pág. 409;
- Enciclopédia da Franco-Maçonaria: de C. Lenning, edição de 1828, volume III, págs.
343-356;
- Enciclopédia da Maçonaria: de Albert G. Mackey, edição em 1966, volume II, págs.
911 e 912.
Autor:
Venerabilíssimo Irmão Kurt Max Hauser
Ex-Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado do Rio Grande do Sul
Membro Fundador, Benemérito e ex-V.M. da
Cinq. Ben. Aug. e Resp. Loja Simb. “Concordia et Humanitas”, Nr. 56
Fundada em 24/06/1958 – Rito Schröder – MRGLMERGS.
Membro Fundador da
Loja Maçônica de Estudos e Pesquisas “UNIVERSUM” N° 147, MRGLMERGS.

Trabalho publicado originalmente pela


Loja Maçônica de Estudos e Pesquisas “UNIVERSUM” N° 147, MRGLMERGS,
em “Edições Universum” - N° 2 de julho de 1997.

Original revisado e comentado pelo Ven. Ir. Rui Jung Neto,


ex-V.M. da Cinq. Ben. Aug. e Resp. Loja Simb. “Concordia et Humanitas”, Nr. 56,
especialmente para a Sessão Conjunta do “Condomínio São João”
em 17 de setembro de 2009.

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