Em 1027 nasce Guilherme, filho ilegítimo do Duque da Normandia, quando o
pai faleceu Guilherme tinha apenas 8 anos e seguiram-se anos de violência com vários lordes a tentarem conquistar o título de Duque da Normandia. Aos 20 anos, Guilherme enfrenta um grupo de revoltosos numa batalha sangrenta, a qual ganhou, dando início à sua afirmação enquanto Duque da Normandia, tendo esta ficado conhecida como a batalha de Val-es-Dunes. Para fortalecer o seu poder, Guilherme casa-se com a filha do conde de Flandres obtendo assim um forte aliado na manutenção do líder do seu território. Tendo já o seu poder assegurado na Normandia, Guilherme, começa a explorar e a conquistar outros territórios aumentando o seu domínio. Do outro lado do canal estava Inglaterra, um reino próspero e rico governado pelo seu primo, o Rei Eduardo, um Rei sem sucessor. Este reino era cobiçado não só por Guilherme, mas também por Earl Harold Godwinso o homem mais rico de Inglaterra que, não tendo direito hereditário era um general bem-sucedido e um hábil político. Tanto Guilherme e Harold declaram que Eduardo lhes tinha prometido o trono. Temos então dois pretendentes ao trono de um reino que não tinha descendentes diretos. Um dos fatos estranhos da história foi a viagem que Harold fez a França. Não existem relatos do motivo desta viagem, contudo ela realizou-se e Harold foi feito prisioneiro pelo seu inimigo, Guy de Ponthieu. Ao saber desta captura, Guilherme exigiu que Harold lhe fosse entregue. Guilherme recebe Harold como um convidado de honra, convidando-o até para integrar o seu exército numa campanha. Guilherme faz de Harold seu cavaleiro, pelos seus atos de bravura. Ser cavaleiro era uma honra, mas também um ato de subordinação. Com esta ação Guilherme assumiu que Harold lhe tinha prestado juramento e fidelidade quando assumisse o trono de Inglaterra. Tal juramento não foi assumido por Harold e quando Eduardo morre, Harold coroa-se Rei de Inglaterra na abadia de Westminster. Assim que teve conhecimento deste acontecimento, Guilherme inicia a sua campanha para retirar o trono a Harold. Primeiro inicia a demanda diplomática: pede e obtém apoio de barões e governantes de outros reinos europeus e obtém a bênção papal. O Papa Alexandre entrega, aos emissários de Guilherme, a bandeira papal que, usada em guerra, significa ter Deus a seu lado. Depois prepara a ofensiva militar: Prepara uma frota com barcos (muito parecidos aos barcos vikings) onde leva os cavalos, os seus cavaleiros e armas. Guilherme esperou, pacientemente, e no dia 28 de setembro de 1066 os ventos mudaram dando sinal a Guilherme que seria hora de avançar sobre Inglaterra e ruma para Sussex. Para enfrentar Guilherme, Harold viaja desde o Norte onde tinha batalhado e vencido o Rei da Noruega que tinha tentado tomar de assalto o norte de Inglaterra. Cansados da viagem e da batalha, o exército de Harold encontra-se com o exército de Guilherme em Hastings a 14 de outubro de 1066. Nesta derradeira batalha, Harold morre e com ele morre a Inglaterra Anglo-Saxónica e nasce a era normanda. Guilherme foi coroado na abadia de Westminster, no natal de 1066 numa cerimónia pouco pacifica e pouco gloriosa uma vez que os nobres ingleses não estavam muito contentes com este duque normando a governar o seu país. Na verdade, Guilherme sempre teve opositores internos e sempre teve de lutar para se manter soberano em Inglaterra. Guilherme distribuiu terras a nobres e bispos normandos que iniciaram as construções dos castelos “Motte-and-Baily”, alterando a paisagem da Inglaterra até então. Além destes castelos foram construídas abadias e catedrais que eram a forma de Guilherme pedir perdão, a Deus, pelos seus atos mais sanguinários. Crê- se que para cada batalha exista uma Catedral construída. Uma das mais conhecidas é a Torre de Londres, um ícone ainda nos nossos tempos. A par destas construções há ainda que salientar que foram mantidas e preservadas as artes de iluminura, sendo o seu ex-libris a tapeçaria de Bayeux. Este legado cultural, que persiste até hoje, e que nos permite conhecer um pouco mais destes tempos medievais é, sem dúvida um dos fatores importantes desta era normanda. Outro fator importante foi a alteração na língua. Ao longo dos tempos as posições de autoridade foram ocupadas pelos homens de confiança de Guilherme, mas através dos casamentos mistos (entre estes normandos e inglesas), os filhos destes casamentos falavam inglês, por parte da mãe, e francês, por parte do pai. O francês era usado pela classe alta, já que vinha dos senhores da Normandia e o inglês estava sendo já adotado, pelos ingleses, como língua literária e de administração em detrimento do latim. Com o tempo o francês foi-se incorporando no inglês dando lugar à língua inglesa como a conhecemos hoje. A mudança no sistema fiscal é outro dos fatores preponderante nesta era; a criação dos censos levada a cabo pelo Rei Guilherme criou a possibilidade de o Rei saber exatamente (ou assim se acreditava) o que cada anglo-saxão possuía, desde terras a animais e o valor dessas posses. Foi criado o livro “Domesday” que é a compilação de um trabalho de seis meses e que era considerado como lei. O que estava descrito nesse livro não era refutável e era também a base para que o Rei aplicasse os impostos e taxas a esses senhores feudais. O período Normando foi uma época de transição e de muitas alterações que perduram até aos dias de hoje. Não será exagerado pensar que os normandos foram os criadores das bases da Inglaterra atual.
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