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Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – Inmetro

Jorge Enrique Bondarenco Zajarkievaiech

CALIBRAÇÃO DE MEDIDORES DE NÍVEL SONORO

UTILIZANDO A TÉCNICA DE SELEÇÃO NO TEMPO

Duque de Caxias
2013
Jorge Enrique Bondarenco Zajarkievaiech

CALIBRAÇÃO DE MEDIDORES DE NÍVEL SONORO

UTILIZANDO A TÉCNICA DE SELEÇÃO NO TEMPO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e
Tecnologia, como parte dos requisitos para
obtenção do título de Mestre em Metrologia e
Qualidade do Curso de Mestrado Profissional em
Metrologia e Qualidade.

Zemar Martins Defilippo Soares


Orientador

Duque de Caxias
2013
Catalogação na fonte elaborada pelo Serviço de Documentação e Informação do
Inmetro

Z215 Zajarkievaiech, Jorge Enrique Bondarenco


Calibração de medidores de nível sonoro utilizando a técnica de seleção
no tempo / Jorge Enrique Bondarenco Zajarkievaiech. Duque de
Caxias, 2013.
86f.

Orientador: Dr. Zemar Martins Defilippo Soares.


Dissertação (Mestrado) – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e
Tecnologia.

1. Medidor de Nível Sonoro. 2. Calibração. 3. Técnica de Seleção no


Tempo. I. Soares, Zemar Martins Defilippo. II. Instituto Nacional de
Metrologia, Qualidade e Tecnologia. III. Título

CDD 621.38150287

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ZAJARKIEVAIECH, Jorge Enrique Bondarenco. Calibração de medidores de nível sonoro


utilizando a técnica de seleção no tempo. 2013. 86 f. Trabalho de Conclusão de Curso de
Mestrado em Metrologia e Qualidade – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e
Tecnologia, Duque de Caxias, 2013.

CESSÃO DE DIREITOS

NOME DO AUTOR: Jorge Enrique Bondarenco Zajarkievaiech


TÍTULO DO TRABALHO: Calibração de medidores de nível sonoro utilizando a técnica de
seleção no tempo
TIPO DO TRABALHO/ANO: Trabalho de Conclusão de Curso de Mestrado Profissional em
Metrologia e Qualidade/ 2013

É concedida ao Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia a permissão para


reproduzir e emprestar cópias desta dissertação somente para propósitos acadêmicos e
científicos. O autor reserva outros direitos de publicação.

___________________________________________
Jorge Enrique Bondarenco Zajarkievaiech
Rua Alegre, 786 – Ap.63 – São Caetano do Sul/SP
Brasil – CEP 09550-250
Jorge Enrique Bondarenco Zajarkievaiech

SOUND LEVEL METER CALIBRATION USING

TIME-SELECTIVE TECHNIQUE

Course Final Paper presented to the National


Institute of Metrology, Quality and Technology,
in partial fulfillment of the requirements for the
Degree of Master in Metrology and Quality of the
Professional Master’s Course in Metrology and
Quality.

Zemar Martins Defilippo Soares


Advisor

Duque de Caxias
2013
Jorge Enrique Bondarenco Zajarkievaiech

CALIBRAÇÃO DE MEDIDORES DE NÍVEL SONORO

UTILIZANDO A TÉCNICA DE SELEÇÃO NO TEMPO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado


ao Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e
Tecnologia, como parte dos requisitos para obtenção do
título de Mestre em Metrologia e Qualidade do Curso de
Mestrado Profissional em Metrologia e Qualidade, foi
aprovado pela seguinte Banca Examinadora:

__________________________________________________
Doutor Zemar Martins Defilippo Soares – Inmetro
Presidente da Banca Examinadora

__________________________________________________
Doutor Júlio Apolinário Cordioli – UFSC

__________________________________________________
Doutor Marco Antonio Nabuco de Araújo – Inmetro

__________________________________________________
Doutor Paulo Medeiros Massarani – Inmetro

Duque de Caxias, 27 de setembro de 2013


Dedicado

À minha esposa Mariela e aos meus


filhos David, Andrea e
Giovannapelo apoio,
incentivo,paciência e compreensão.

Ao meu irmão Daniel


porcompartilhar oinvestimento.

Aos meus pais Anatolio e Mariapelo


alicerce espiritual e suas constantes
orações.
AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo privilégio que me concedeu ao participar desta parcelado conhecimento e me


surpreender com mais uma evidência de sua inteligência.

À minha esposa Mariela por ter suportado as ausências durante incontáveis viagens para o Rio
de Janeiro.

Ao meu orientador Zemar pela liberalidade com que dividiuconhecimentos e por ter me dado
oportunidade de trilhar um tema atual e relevante.

Ao pessoal do Laena e do Laeta por teremme acolhido em suas instalações e suportado com
paciência centenas de “tiros” reverberantes e anecóicos. Por cada contribuição, comentário e
crítica.

Ao Swen pelas adaptações do MF para rodar no meu Notebook, poupando-meoutras tantas


viagens.

Ao Walter por compartilhar a informação sobre o mestrado.

Ao Inmetro e à coordenação do mestrado por concederem vagas a candidatos externos,


recebendo-os como se da casa fossem. Ao Estado pelo investimento financeiro e a cada
professor pelo esforço e disposição.

Aos meus colegas de turma pela força, alegria e descontração.

À Secretaria do Estado de Ciência e Tecnologia pela verba disponibilizada através da Faperj.

À Total Safety pelo apoio financeiro e aos funcionários e colegas por terem redobrado
esforços para me revezar.

A todos que de alguma forma contribuíram para este trabalho.


RESUMO

A calibração de medidores de nível sonoro segundo a norma IEC 61672-3 prevê não somente
testes elétricos,mas também acústicos. A determinação da resposta em frequência deve
considerar as difrações na própria superfície do microfone, as reflexões no corpo do medidor
e as configurações de montagem, por exemplo, o uso de cabo de extensão ou eventual protetor
de vento (ou espuma de microfone), simulando a condição de uso pelo cliente. De acordo com
a própria norma, este requisito somente poderia ser atendido de duas formas,fazendo o teste
em uma câmara anecóica ou realizando a calibração do microfone a parte, em campo de
pressão, e ajustando posteriormente os dados para as condições de campo livre. Quanto à
primeira opção, oelevado custo de construção de uma câmara anecóica é um fator de
limitação para os laboratórios de calibração. Quanto à segunda, a aplicação de dados de
correção não necessariamente reflete a condição do medidorsob teste, pois as correções
correspondem a valores médios obtidos de forma estatística a partir de uma população.
Neste contexto, a Técnica de Seleção no Tempo (TST), aplicada à calibração de medidores de
nível sonoro,objetodestetrabalho, se torna uma ferramenta não apenas alternativa, mas
substitutiva, visto que elimina a necessidade do uso de câmara anecóica. A resposta do
microfoneacoplado ao medidor é verificada diretamente em campo livre, sem necessidade de
ajustar os resultados. O teste em tais condiçõesatende aos requisitos da norma e dispensa o
uso de dados de correção.

Palavras-chave: Calibração, medidor de nível sonoro, seleção no tempo, campo livre


simulado, câmara anecóica.
ABSTRACT

Calibration of sound level meters according to IEC 61672-3 standard provides not
only electrical testing, but also acoustic testing. The determination of the frequency response
must consider the diffraction on the surface of the microphone, the reflections in the sound
level meter body and mounting configurations, for example, using an extension cable or any
windscreen, simulating the condition of customer use.
According to the standard, this requirement could only be met in two ways, doing the
test in an anechoic chamber or performing microphone calibration separately, in pressure
field, and then adjusting the data for a free field conditions. Regarding the first option, the
high cost of construction of an anechoic chamber is a limiting factor for calibration
laboratories. In the second option, the application of correction data does not necessarily
reflects the condition of sound level meter under test, because corrections correspond to the
average values statistically obtained from a population.
In this context, the Time-Selective Technique (TST), applied to the calibration of
sound level meters, object of this work, becomes a tool, not only alternative but substitutive,
since it eliminates the need to use an anechoic chamber. The response of the microphone
attached to the sound level meter is checked directly in free field, without the need to adjust
the results. The test in such conditions meets the requirements of the standard and eliminates
the use of correction data.

Keyword: Calibration, sound level meter, Time-Selective Technique, simulated free-field,


anechoic chamber.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


AD Conversor analógico/digital
CLS Campo Livre Simulado (no contexto deste trabalho a sigla poderá referir-se à
simulação de condição anecóica que resulta da aplicação da TST)
CMF22 Identificação do hardware utilizado neste trabalho
DA Conversor digital/analógico
DF Difuse Field (campo difuso)
DIAVI Divisão de Metrologia Acústica e Vibrações
FF Free Field (campo livre)
FFT Transformada rápida de Fourier
IEC International Electrotechnical Commission
IFFT Transformada inversa de Fourier
LS2P Identificação de microfone: Padrão Laboratorial (1/2” – pressão)
MC Metrologia Científica
MIC Microfone
ML Metrologia Legal
MNS Medidor de Nível Sonoro
MLS Maximum-Length-Sequence
MTM Midwoofer-tweeter-midwoofer
NPS Nível de Pressão Sonora
PF Pressure Field (campo de pressão)
RBC Rede Brasileira de Calibração
RI Resposta Impulsiva (equivalente a IR – Impulsive Response)
rms Root Mean Square (RMS)
rmsD Root Mean Square Deviation
RTA Real Time Analyzer
SAT Sistema Acústico sob Teste
SI Sistema Internacional de Unidades
TST Técnica de Seleção no Tempo (no contexto deste trabalho a sigla também é
utilizada para referir-se à técnica de seleção no tempo utilizando varredura de
senos)
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 19
2. MEDIDOR DE NÍVEL SONORO.......................................................................... 23
2.1. Diagrama de bloco de um Medidor de Nível Sonoro.......................................... 29
2.2. Medidores modernos ...................................................................................... 33
2.3. Verificação Periódica ..................................................................................... 35
2.3.1. IEC 651 e OIML R58 ............................................................................. 36
2.3.2. IEC 61672 ............................................................................................. 38
2.3.3. IEC 17025 ............................................................................................. 40
2.4. Considerações sobre a Calibração Acústica de MNS por comparação.................. 41
3. TESTE ACÚSTICO: MÉTODO CLÁSSICO E ALTERNATIVO ............................. 44
3.1. Câmara Anecóica .......................................................................................... 45
3.2. Relatório EURAMET PROJECT 1056 ............................................................. 49
3.3. IEC 62585 (2012) .......................................................................................... 52
3.4. Calibração em Campo de Pressão (seguida da aplicação de correções) ................ 56
4. CAMPO LIVRE SIMULADO ............................................................................... 62
4.1. Métodos para determinação da função de transferência ...................................... 63
4.2. Técnica de Seleção no Tempo – TST – (Campo Livre Simulado) ....................... 63
5. MEDIÇÕES E ANÁLISE DE RESULTADOS ........................................................ 78
5.1. Ferramentas utilizadas .................................................................................... 78
5.2. Fatores que influenciam nas decisões ............................................................... 84
5.2.1. Primeira reflexão .................................................................................... 84
5.2.2. Limitações nas baixas frequências ............................................................ 91
5.2.3. Largura do janelmanento ......................................................................... 93
5.2.4. Inter-espalhamento (negligenciável) ......................................................... 96
5.2.5. Escolhas relativas à caixa acústica ............................................................ 97
5.2.6. Estabilidade da fonte ............................................................................... 98
5.2.7. Influência do modo de fixação do MNS .................................................. 102
5.2.8. Revestimento da haste de fixação ........................................................... 107
5.2.9. Erro de posicionamento do MNS............................................................ 107
5.2.10. Distância entre o microfone e o corpo do MNS ........................................ 110
5.2.11. Influência de um protetor de vento ......................................................... 110
5.2.12. Artefatos ............................................................................................. 112
5.3. Estudo das fontes sonoras e de seu entorno ..................................................... 114
5.3.1. rmsD: Coaxial marca BMS (woofer e corneta) ......................................... 118
5.3.2. rmsD B&W (MTM) modelo HTM62...................................................... 120
5.3.3. rmsD: Tweeter Monopolo ...................................................................... 121
5.3.4. Comparativo entre as fontes................................................................... 124
5.4. Comparação da TST com o Método Clássico .................................................. 125
5.4.1. Experimento com o corpo CEL-266 ....................................................... 125
5.4.2. Experimento com três modelos de MNS ................................................. 127
5.4.3. Experimentos com o BK 2236 sem uso de haste vertical ........................... 128
5.4.4. Resumo sobre os experimentos .............................................................. 132
5.5. Incerteza de Medição ................................................................................... 133
5.5.1. Microfone de referência (u1) .................................................................. 134
5.5.2. Pré-amplificador BK 2673 (u2) .............................................................. 136
5.5.3. Eficiência do campo livre (rmsD) (u3)..................................................... 136
5.5.4. Primeira reflexão (geometria do ambiente) (u4) ........................................ 136
5.5.5. Calibração elétrica CMF22 (Linearidade) (u5) ......................................... 137
5.5.6. Calibração elétrica da saída AC do MNS (u6) .......................................... 137
5.5.7. Tensão de polarização do microfone de referência (u7) ............................. 137
5.5.8. Centro acústico (CA) (u8) ...................................................................... 138
5.5.9. Estabilidade da fonte sonora (u9) ............................................................ 139
5.5.10. Erro angular no posicionamento do MNS (u10) ........................................ 139
5.5.11. Modo de fixação do MNS (u11) .............................................................. 139
5.5.12. Erro de distância da fonte (u12)............................................................... 140
5.5.13. Repetibilidade (u13)............................................................................... 141
5.5.14. Reprodutibilidade (u14).......................................................................... 141
5.5.15. Arredondamento (u15) ........................................................................... 141
5.5.16. Incerteza Expandida e Limites de Incerteza ............................................. 141
5.6. Análise dos resultados .................................................................................. 146
6. CONCLUSÕES .................................................................................................. 150
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 154
APÊNDICE A ........................................................................................................... 160
APÊNDICE B ........................................................................................................... 162
ANEXO A ................................................................................................................ 172
19

1. INTRODUÇÃO

Medidores de Nível Sonoro (MNS), também chamados de decibelímetros por


profissionais que não são ligados à área de acústica, são equipamentos projetados para medir
o nível de pressão sonora em um campo acústico. Os MNSsão constituídos de duas partes
bem diferenciadas, o microfone e o dispositivo elétrico. O microfone é o transdutor, capaz de
produzir em seus terminais uma tensão elétrica, em volts (V), proporcional à pressão sonora,
em pascal (Pa), que incide sobre seu diafragma.O dispositivoelétrico consiste,basicamente,de
um medidor de tensão com características e requisitos específicos, apropriados aos MNS,onde
o mensurando é mostrado emescala logarítmica (dB). Esta escala é escolhida
convenientemente para representar a faixa dinâmica de audição do ser humano.
Quantificar o nível de pressão sonora se tornaespecialmente relevante onde há
implicações para a saúde, para a segurança ou para o meio ambiente. Segundo aRegional
Europeia da Organização Mundial da Saúde [1] “[...] a poluição sonora não é apenas uma
questão de incômodo ambiental, mas também uma ameaça à saúde pública”.O Brasil vai se
alinhandocom essa perspectiva através de programas como o de inspeção veicular onde a
medição do ruído, ainda sem caráter reprobatório, é acumulada como informação para a
elaboração de futuras diretrizes [2].
A quantificação do ruído se faz necessária em qualquer análise de impacto
ambientaldegrandes obras, nos ambientes de trabalho onde o ruído ofereça risco à saúde e na
solução de conflitos de vizinhança, objetivando o conforto acústico em áreas residenciais,
comerciais e industriais. Os limites de ruído são especificados em normas e regulamentos, e a
precisão dos instrumentos de medição é um requisitoindispensáveluma vez que os resultados
podem ser usados para punir, multar, indenizar, afastar, aposentar, fechar locais, e outras
tomadas de ações.
As primeiras especificações normativas internacionais de MNS foramdesenvolvidas na
década de 60 pelaInternational Electrotechnical Commission (IEC)posteriormente
consolidadas na norma IEC 651 - Sound level meters[3]. A classificação de MNS era feita por
“tipos”, de 0 a 3, sendo “tipo 0” o de melhor exatidão, destinado ao uso laboratorial. Mais
adiante a norma IEC 651 foi adotada pela Organisation Internationale de Métrologie Légale
(OIML),no âmbito da Metrologia Legal, deixando claro que os MNS eram instrumentos
recomendados ao controle metrológico.Esta trajetória evidenciaria o interesse do Estado e da
sociedade na matéria.
20

A série de normas IEC 61672, publicadas após a virada do milênio,corrigiram


deficiências da norma IEC 651. São extremamente minuciosas sobre as questões de
especificações, apreciação técnica de modelo, verificações periódicas e incertezas máximas
permitidas aos laboratórios, e estão alicerçadas em fundamentos da Metrologia Legal.
No Brasil, o desenvolvimento da acústica é contemporâneo ànorma IEC 651. Em
1978o prédio da Divisão de Metrologia Acústica e Vibrações do Inmetro (DIAVI), com uma
câmara anecóica (Figura(1.1)) e duas reverberantes encontrava-se em plena construção[4].A
DIAVIé uma divisão da DIMCI(Diretoria de Metrologia Científica e Industrial),e cumpre seu
papel disseminando a rastreabilidade nacional como laboratório de referência de
acústica.Neste contexto, observa-seuma diferençafundamental do Brasil em relação a outros
países, especialmente da Europa, berço da norma IEC 61672, pois tanto o Inmetro quanto a
Rede Brasileira de Calibração (RBC) realizam calibrações de MNSe não verificações
periódicas. De fato, a verificação periódica nada mais é do que um procedimento de
calibração seguido de um procedimento legal (chancela) onde existe regulação para o
instrumento. Este assunto, por si só, seriaobjeto de um estudo a parte.

Figura 1.1. Câmara Anecóica da Divisão de Metrologia Acústica e Vibrações


(fotografia exibida no site do Inmetro www.inmetro.gov.br).

Por outro lado, as calibrações voluntárias, emboradesorganizadas, são uma prática


consolidada no mercado brasileiro,geradas na relação cliente-fornecedor e estimuladas pelos
requisitos dos Sistemas de Gestão da Qualidade, especialmente da série de normasISO
9000.Para atender esta demanda a RBC conta atualmente com oito laboratórios acreditados
em acústica para calibração de MNS.
21

Um dos requisitos da norma IEC 61672 é o teste acústico que consiste em obter a
resposta em frequência em campo livre. Normalmente seria obtida pelo método clássico da
câmara anecóica, porém os laboratórios não utilizam este recurso em virtude do elevado custo
de sua construção. O procedimento de calibração da norma IEC 61672-3 - Periodic
tests[5]prevê duas alternativas,cavidade ou atuador eletrostático, ambas com resultados em
campo de pressão, sendo a de atuador eletrostático mais viável do ponto de vista econômico.A
resposta acústica do MNS é determinada pela soma da resposta em frequência elétrica do
MNS e da resposta em frequência do microfone (resposta ao atuador), podendo ser
normalizadas em dBe, posteriormente,aplicando correções para campo livre ou difuso. Este
trabalho tem foco somente no caso do campo livre.
Há de se salientar que a rastreabilidade em campo livre é obtida em câmara anecóica.
A calibração em pressão seguida de correções necessita (a) que o fabricante forneça fatores de
correção e, (b) que forneça incertezas associadas aos fatores de correção (que deveriam ser
compatíveis com o método clássico, uma vez que a partir dele são determinados). A aplicação
de fatores de correção de campo de pressão para campo livre corresponde a valores médios
determinados estatisticamente. Seria arriscado assumir que tais fatores serão totalmente
representativos da qualquer configuraçãosob teste.
Neste contexto a Técnica de Seleção no Tempo (TST), também conhecida como
Campo Livre Simulado (CLS), é um método alternativo, amplamente discutido noscapítulos4
e 5. Em resumo, o método consiste em excitar uma fonte sonoracom uma varredura de senos
(swept sine) com o MNS sob teste disposto a uma dada distância, por exemplo, 1 m. A saída
do MNS é conectada a um sistema de aquisição para processamento dos dados. Utilizando
ferramentas como transformada rápida de Fourier (FFT), transformada inversa de Fourier
(IFFT), deconvolução e “janelamento” é possível tratar o sinal adquirido eliminando as
reflexões da onda sonora e outras imperfeições naturais da aquisição discreta, porém
mantendo as reflexões relevantes, por exemplo, aquelas oriundas do corpo do MNS. O
resultado final corresponde à resposta impulsiva do MNS em campo livre, neste caso, a
efetiva resposta do conjunto sob teste.
A eficácia da aplicação da TST para a calibração de microfones em campo livre foi
comprovada na tese de doutorado de SOARES [6]:Calibração de Microfones com Resposta
Impulsiva. Ainda,SOARES[7], sugeriu durante oInternoise 2009que a técnica poderia ser
aplicada ao microfone acoplado ao próprio MNS e desta forma a resposta contemplaria sua
geometria.Essa proposta foi motivadora deste trabalhoe a TST aplicada ao conjunto Medidor-
Microfone para determinação da resposta em frequência em campo livre durante o
22

procedimento de calibração de MNS, representando uma inovaçãotecnológica, uma vez que o


resultado se refere à configuração sob teste sem necessidade da aplicação de quaisquer fatores
de correção, até mesmo no caso em que estiver acoplado ao microfone um protetor de vento.
O sinal do MNS é adquirido através da saída AC e analisado por um sistema de
medição apropriado para a aplicação dos recursos acima mencionados. O investimento
financeiro é sensivelmente menor do que a construção de uma câmara anecóica.
A eficácia e robustez do método proposto podem ser comprovadas comparando os
resultados com aqueles obtidos da aplicação do método clássico. Contudo, durante este
trabalho serão discutidas algumas conclusões mais recentes que dizem respeito àeficácia da
câmara anecóica. Isto pode alterar o foco da análise.
O estudo de compatibilidade requer que as contribuições de incertezas sejam
identificadas e mensuradas. Uma das mais relevantes corresponde ao desvio rmsD (root mean
square deviation) que quantifica o erro entre o campo livre teórico e a condição real do campo
sonorogerado entre a fonte sonora e o ponto de medição.
Por último estudaram-se os resultados do ponto de vista de comparação de métodos,
de forma a concluir sobre sua validação.
Trata-se de uma pesquisa experimental, aplicada, de abordagem quantitativa-
qualitativa e todos os experimentos foram realizados na DIAVI do Inmetro em Xerém, Estado
do Rio de Janeiro.Tem importante valor para o cliente porque o resultado da calibração
representa a real condição de uso: para o laboratório, porque torna viável a calibração em
campo livre; para o Inmetro, porque consegue disseminar rastreabilidade e conhecimento para
o desenvolvimento de tecnologias que interessam ao parque industrial;para o país, porque
consegue ampliar os horizontes da fronteira do conhecimento possibilitando potenciais
fabricantes nacionais de MNS a realizar testes de apreciação técnica de modelo.Finalmente, a
expectativa de que no futuro a norma internacional venha a incorporar o resultado deste
trabalho, propondo-o como método alternativo para atender a norma IEC 61672-3 [5].
23

2. MEDIDOR DE NÍVEL SONORO

No finaldo século XIX e início do século XX, após a invenção do automóvele


especialmente após a produção de mais de 16 milhões de Ford T, a elevação do ruído urbano
era evidência suficiente de que nada seria como antes.As invenções que pretendiam melhorar
a qualidade de vida mostraram efeitos colaterais.
O Dr. Robert Koch, pai da microbiologia e ganhador de um Prêmio Nobel em 1905,
assegurou: “virá o dia em que o homem lutará contra o ruído impiedoso como o pior inimigo
de sua saúde”. ZAJARKIEWICCH [8], como tantos, cita esta frase de Koch, e complementa:
“Não por acaso, ao lado da poluição do ar e das águas, a poluição sonora foi considerada pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma das três prioridades ecológicas”. Koch
estava certo.
Neste contexto surge a necessidade de quantificaro ruído. MARSH[9], em seu artigo
para publicação no Japanese Research Journal on Aviation Environment, apresenta um
resumo brilhante,de valor inestimável, sobre a história dos MNS desde 1928 até 2012. Nele
concatena o desenvolvimento técnico do instrumento e o papel das normas internacionais no
contexto da crescente demanda por controle da poluição sonora.
Destaca que em 1928 não havia nem instrumentação adequada nem consenso sobre
que quantidade devia ser medida para quantificar a “sonoridade”. Quando ficou entendido que
a sensação de sonoridade não dependia apenas da amplitude e da informação em frequência,
mas também da interpretação dada pelo ser humano, o Noise Measurement Committee tomou
uma decisão chave sobre a grandeza que devia ser pesquisada: o nível de pressão sonora
ponderado em frequência. Esta ponderação seria representada por uma linha que identificasse
uma sensação de sonoridade constante para tons puros de diversas frequências. A escala
escolhida seria o Bel, em homenagem a Graham Bell (inventor do telefone), porém o decibel
(dB) acabou dando uma melhor resolução na faixa dinâmica de interesse. As diferenças em
decibels seriam, em princípio, representativas das mudanças de sonoridade.
Segundo MARSH, em 1929 a comissão encarregada de “abater” o ruído da cidade
utilizaria o equipamento mostrado na Figura (2.1) para quantificar a sonoridade da fonte. Um
alarme era ajustado até que um dos operadores identificasse o momento em que ocorria o
mascaramento da fonte sonora. A gravação do ruído naquelas condições era estudada
posteriormente no laboratório Bell. Estas experiências ocorreram um pouco antes da fundação
da Acoustical Society of America (ASA),instalada com mais de 450 sócios. Dentre seus
objetivos constava o patrocínio para a elaboração de normas em acústica. Em dezembro de
24

1929 seria estabelecida a Comissão para Normalização em Acústica (Committee on


Acoustical Standardization). Em 1936 a ASA aprovaria o documento Z24.3 - American
Tentative Standard for SOUND LEVEL METERS for measurement of noise and other sounds
que definia as metas de projeto para um MNS. Em destaque o requisito de ter marcação de
escala em dB e a definição de ponderações em frequência, sendo obrigatória a curva A. Estes
requisitos são compulsórios até hoje (embora a definição da curva A tenha sofrido ajustes). O
documento também definiria a referência para o zero dB como 20 µPa.

Figura 2.1: Furgão e equipamento usados para “pesquisa do ruído” na cidade de


Nova Iorque em 1929: “Official Measuring Apparatus; Noise Abatement
Commission”. Peso do equipamento: 25 kg, incluindo as baterias. Fotografia
publicada por [9].

Na década de 1950, a General Radio Company (GenRad), dos Estados Unidos,


lançaria o primeiro modelo portátil de medidor de nível sonoro, o GR 1551-A (Figura (2.2)).
O modelo incluía um botão para seleção de duas constantes de tempo exponenciais
(ponderações temporais): FAST e SLOW. Cabe lembrar que a medição era realizada em
indicadores de ponteiro e sem amortecimento. Assim, seria impossível medir ruídos com
variações rápidas. Mais tarde, com a chegada da tecnologia digital, se tornaria necessário
incorporar amortecimento aos circuitos para possibilitar as medições.
A Rion (do Japão) lançaria seu modelo N1101 com ponderação em frequência e
indicador de ponteiro com escala em fons, para atender aos requisitos alemães. A Bruel &
Kjaer [10](da Dinamarca) daria início a projetos e produção de microfones de medição e mais
tardeassumiria um lugar de destaque no mercado internacional com a fabricação de tais
transdutores, assim como de microfones tipo padrão laboratorial e instrumentação acústica.
25

Em 1953 foiestabelecido,na IEC, o comitê técnico TC29 de eletroacústica [11]que


delegou a um de seus grupos de trabalho a elaboração de normas, especialmente as de
medidores de nível sonoro[9], resultando na publicação da norma IEC 123 (1961) que definiu
a categoria de medidores industrial grade meter[12]. Poucos anos depois seria publicada a
norma IEC 179 (1965) para especificar medidores precision grade meter. Por último a IEC
consolidaria a revisão destas normas elaborando a tão consagrada IEC 651 - Sound level
meters (1979) [3]referenciada até hoje por fabricantes, mais de uma década após seu
cancelamento.

Figura 2.2: Medidor de Nível Sonoro portátil, modelo GR 1551-A, fabricado pela
General Radio Company na década de 1950. Fotografia publicada por [9].

A partir da norma IEC 651, todas as ponderações em frequência e ponderações


temporais seriam consideradas como constantes convencionais, identificadas pelos caracteres
A, C, F e S, correspondendo,respectivamente,àsponderações em frequência A e C e a
ponderações temporaisF e S.Tais constantes são aplicadas na Equação (2.1):

(2.1)
26

onde é a pressão sonora ponderada em A e a constante de tempo do circuito de


média exponencial, sendo igual a 125 ms para a ponderação temporal F e 1000 ms para a
ponderação temporal S.
A norma IEC 651[3] salienta que a ampla faixa dinâmica de medição poderia implicar
em requisitos diferenciados de fator de crista FC(valor de pico dividido pelo valor rms)
devido a sons de curta duração. Por tal motivo seria introduzida a ponderação temporal I, com
constantes diferenciadas de subida e de decaimento e requisitos mais exigentes para o detector
rmsdependendo da classe de exatidão (ou Tipo) do MNS.
MARSH continua detalhando a evolução nas seguintes décadas. Nas décadas de70 e
80 a tecnologia digital avançou bastante e os fabricantes incluíram nos MNS recursos antes
inimagináveis, como a formação do nível de pressão sonora médio , definido pela
Equação (2.2):

(2.2)

onde é a variável de integração, a pressão sonora de referência eT o intervalo de


integração.
Em 1985seria publicada a norma IEC 804 - Integrating-averaging sound level
meters[13] (medidores integradores de nível sonoro).Do ponto de vista das características de
um MNS (ponderações em frequência e temporais, linearidade, detector rms) a norma
IEC 804 especificaria um MNS segundo a norma IEC 651 com um aplicativo adicional, isto
é,a possibilidade de calcular e exibir o nível integrado. Entretanto, um MNS poderia atender
apenasanorma IEC 804 mostrandosomente o nível médio e não o nível instantâneo.
Na década de 90 os modelos portáteis de MNS permitiriam medir simultaneamente
vários parâmetros (níveis instantâneos, níveis integrados, diferentes ponderações, etc.) e ainda
efetuar a análise de oitavas e terços de oitava em tempo real (RTA – Real Time Analyzer). A
carcaça projetada pelos fabricantes ganhou forma de cunha para reduzir o efeito das difrações
denotando maior preocupação sobre o teste acústico. Por essa época, no Brasil, iniciou a
corrida dos prestadores de serviço para atender à nova demanda por calibração e
rastreabilidade. Alguns deles são atualmente laboratórios acreditados.
De 1992 a 1995, a IEC publicou as normas de microfones IEC 1094, partes 1 [14], 2
[15], 3 [16] e 4 [17].Mais tarde, a nomenclatura “IEC 1094” seria substituída por “IEC
27

61094”. Ter um sólido corpo normativo para microfones foi fundamental como alicerce das
novas normas de MNS.
Após a virada do milênio, a IEC iniciaria a publicação de um novo pacote de normas
IEC 61672-1 - Electroacoustics - Sound level meters - Part 1: Specifications [18], IEC 61672-
2 - Electroacoustics - Sound level meters - Part 2: Pattern evaluation tests[19] e IEC 61672-
3 - Electroacoustics - Sound level meters - Part 3: Periodic tests[5], dando fimàs antigas
normas IEC 651 e IEC 804. Antes mesmo já havia uma corrida dos fabricantes para atender
aos seus requisitos(com base no Draft da parte 1 da norma).
Oconjunto de normasIEC 1094 (posteriormente IEC 61094) também se desenvolveu a
partir da publicação da norma IEC 61094-5 - Methods for pressure calibration of working
standard microphones by comparison, e da norma IEC 61094-6 - Electrostatic actuators for
determination of frequency response. Estas normas, publicadas no mesmo período,
viabilizaram o método alternativo para obtenção da resposta em campo livre.Do ponto de
vista da norma IEC 61672 toda a série IEC 1094 representava um valor agregado inestimável,
porquanto o microfone é o coração do MNS.
A norma IEC 61094-7 - Values for the difference between free-field and pressure
sensitivity levels of laboratory standard microphones[20], adiciona a correção campo de
pressão (PF) para campo livre (FF) do microfone de referência tipo padrão laboratorial (LS2).
Por último, a recente publicação da norma IEC 61094-8 - Methods for determining the free-
field sensitivity of working standard microphones by comparison[21],normaliza a calibração
de microfones tipo padrão de trabalho por comparação em campo livre (FF). É muito
importante notar que esta norma admite pela primeira vez que o campo livre possa ser
conseguido mediante técnicas de seleção no tempo, referindo-se a ela como quasi-free-field
techniques[21], um campo livre simulado.
As novas normas da série IEC 61672 não teriam por finalidade alterar parâmetros
anteriormente definidos como ponderações, formação de médias, etc. Elas focaram
essencialmente nas fragilidades da norma IEC 651:
a) abordagem sobre incerteza expandida de medição;
b) incertezas máximas que os laboratórios podem praticar;
c) definição de requisitos sobre aprovação de modelo (ou apreciação técnica de
modelo);
d) critérios de tolerância que consideremas incertezas expandidas de medição;
e) detalhamento dos testes acústicos e dos testes alternativos em pressão;
f) requisitos sobre as informações que devem constar no manual de instruções;
28

g) procedimentos detalhados para aprovação de modelo e para verificação periódica


(calibrações);
h) outras.
Anorma IEC 61672 exigiu maisdo fabricante e do laboratório.Ao usuário
proporcionou maiores garantias sobre a qualidade do produto e serviço.A aprovação de
modelo de acordo com a norma IEC 61672-2 [19] se instala como um divisor de águas, pois
os requisitos desta parte da norma são pesados demais para modelos de MNS cuja principal
virtude é o baixo custo (inclusive exclui a classe de exatidão “Tipo 3”, considerados MNS
para simples sondagem de NPS - survey). A calibração pela norma IEC 61672-3 [5]
asseguraria ao cliente que o laboratório de calibração conseguisseatender aos requisitos de
incerteza máxima (indicador de sua competência e uso de instrumentação adequada). Do
ponto de vista do uso, o cliente não notaria mudanças funcionais ao migrar da norma IEC 651
para a IEC 61672.
O texto da norma IEC 61672, em geral, faz referência à configuração de Campo Livre
(FF – Free Field) devido ànorma estar focada na medição de ruído ambiental. Porém há
vários itens apontando a possibilidade do MNS ser configurado para Campo Difuso (DF –
Difuse Field ou Random Incidence). Uma configuração que não parece encontrar cobertura é
a de Campo de Pressão (PF – Pressure Field) necessária, por exemplo, àcalibração de
audiômetros. É obvio que nesta configuração o microfone fica dentro de uma cavidade e,
portanto, correções devidas a difrações, reflexões ou protetor de vento não devem ser
aplicadas.
A legislação brasileira dá bastante ênfase ao ruído industrial. Em geral, adotam-se
programas de controle de perda auditiva, incluindo programas de audiometrias e fornecimento
de EPIs. A legislação é exigente e assegura benefícios por insalubridade a trabalhadores
sujeitos a riscos físicos, dentre outros. Ao contrário, em relação ao ruído urbano, o Estado é
mais lento em adotar medidas de controle ou medidas punitivas que assegurem o direito ao
sossego. Os paradigmas de que não há danos à saúde abaixo de 85 dB(A),ou de que o
incômodo não é um problema de saúde pública, vêm sendo paulatinamentequebrados.
A lentidão do Estado pode ser comprovada nos grandes centros urbanos onde hoje,
pleno século XXI, circulam ônibus identificados como ecológicosproduzindo elevados níveis
de poluição sonora, assim como caminhões de carga pesada ou motocicletas. Automóveis são
dotados de potentes equipamentos de som com subgraves e seus alienados condutores fazem
tremer as vidraças de toda a vizinhança. Locutores de estabelecimentos comerciaisfazem uso
de amplificadores e disputam clientes na calçada oposta. Casas noturnas sem
29

isolamentoacústico privando do sono o trabalhadorem seu entorno. E tantas outras fontes de


emissão de energia acústica poderiam ser lembradas.
ZAJARKIEWICCH [8] evidencia aspectos legais sobre a abordagem do ruído ou
barulho, dizendo que “o importante é ter claro que o que chega às nossas orelhas é uma forma
de energia”. Em seguida lembra que o conceito de poluição sonora pode ser encontrado na
Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81). A letra “e” do art. 3º define a poluição
como “a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou
indiretamente...” [...] “lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos”, que representa um critério objetivo.
A norma ABNT/NBR 10151[22], apontada pelaResolução 01/90 do Conama
(Conselho Nacional de Meio Ambiente)[23], trata de alguns conflitos e ganhou bastante
destaque nos últimos anos. Notadamente em grandes centros a população tem buscado
alcançar o conforto acústico em áreas residenciais, comerciais e industriais. O assunto
“poluição sonora” está na pauta de algumas discussões no âmbito jurídico. A página web do
Superior Tribunal de Justiça (STJ) publicou o artigo: “Poluição sonora: o barulho que
incomoda até a Justiça”[24]. O artigo aborda a questão da competência do Ministério Público
nas questões relativas à poluição sonora. Lê-se:

[...] os ruídos geram efeitos negativos para o sistema auditivo, além de provocar
alterações comportamentais e orgânicas. [...] Se a poluição sonora afeta mais do que o vizinho
de parede e chega a perturbar toda a vizinhança, pode-se considerar que o meio ambiente está
sendo afetado e, nesse caso, o Ministério Público tem competência para atuar. O entendimento
é das duas Turmas do STJ que analisam a matéria.

2.1. Diagrama de bloco de um Medidor de Nível Sonoro

Medidor de Nível Sonoro (Sound Level Meter) é um termo bastante acertado para
definir a função deste equipamento. O MNS permite quantificar o nível de pressão sonora
existente em um dado ponto e em determinadas condições, por exemplo, campo livre.
Considerando que o ar é o meio de propagação que interessa a este estudo, pode-se
dizer que a pressão sonora é gerada como consequência de uma perturbação no campo de
pressão estática. Por exemplo, uma superfície que se desloca na direção de sua perpendicular,
com um movimento senoidal, provocará pontos de compressão e de rarefação, e o tempo T
para completar um período determina a frequência fda onda sonora (T=1/f).
30

A onda se propaga pelo ar até o MNS e este converte a variação de pressão sonora em
um sinal elétrico proporcional, que é medido e mostrado na forma de nível de pressão sonora.
A conversão é feita com um microfone (transdutor).
A pressão sonora poderia ser indicada em pascal (Pa), unidade derivada do SI (Pa =
N/m2 = m-1 kg s-2). Entretanto a escala linear é inconveniente quando se pretende medir em
toda a faixa da audição do ser humano, pois esta cobre pressões de 20 µPa (limiar de audição)
até 200 Pa (risco de rompimento do tímpano). Neste caso a escala logarítmica (dB) é
vantajosa porque compacta a faixa e representa melhor a percepção do ser humano. O termo
“decibelímetro” é inadequado, pois o decibel é uma representação de proporcionalidade
logarítmica e não uma unidade da acústica. O termo “sonômetro”, utilizado em Portugal
(Sonómetro em espanhol ou Sonomètreem francês), vem sendo admitido em grupos de revisão
de normas nacionais.
A escala em dB,referente ao valor rms do nível de pressão sonora (NPS),é definida
conforme a Equação (2.3):

, (2.3)

onde P é a pressão sonora em Pa e 20 µPa a referência do limiar de audição.


A Figura (2.3) mostra um diagrama de blocos simplificado de um MNS. O projeto
construtivo do medidor requer atenção ao casamento de impedâncias entre o microfone e o
pré-amplificador, devido à alta impedância de saída do microfone.
Os pré-amplificadores modernos incorporam circuitos integrados com elevadíssimas
impedâncias de entrada, o suficiente para acoplar o microfone e manter uma resposta em
frequência plana. Todavia, para as baixas frequências, é esperada uma influência maior da
capacitância do microfone na resposta em frequência. O conjunto microfone-pré-amplificador
funciona, portanto, como um par casado. A eventual substituição do microfone por um
modelo equivalente deve contemplar não apenas a questão da sensibilidade, mas também da
capacitância.
O projeto construtivo de um microfone de medição é antigo, mas se mantém
basicamente invariável devido à estabilidade que fornece (Figura (2.4)). Consiste de uma
membrana metálica (diaphragm) extremamente delgada, tensionada sobre outra superfície, a
placa fixa (backplate), distante dela aproximadamente 20 µm ± 0,8 µm [25]. A espessura da
membrana pode variar de 1,5 µm a 8 µm dependendo da aplicação do microfone. As
31

capacitâncias resultantes podem variar entre 2 pF e 60 pF. O conjunto de escolhas na


definição do projeto de microfone definirá sua sensibilidade e sua capacitância.

Microfone
Ponde- Detector
Pré- Detector
rações em Amplifi- rms e Dispositivo
amplifi- Sobre-
Freq e cador pond. Mostrador
cador carga
filtros (F, S)

Figura 2.3: Diagrama de blocos simplificado de um Medidor de Nível Sonoro.

Figura 2.4 – Estrutura de um microfone de medição [25].

Ao aplicar uma diferença de potencial entre as superfícies cria-se um campo elétrico.


A Equação (2.4) mostra a relação entre o campo elétrico (E), a capacitância (C) e a carga
(Q0):

(2.4)

A onda sonora incidente faz vibrar a membrana alterando a capacitância. A alteração


da capacitância e, por conseguinte, da tensão elétrica nos terminais do capacitor, é
proporcional à pressão sonora.
A medida da tensão representa a base da informação para determinar cada um dos
parâmetros de interesse da área acústica.
Apesar do nome, o pré-amplificador tem a função de adaptar impedâncias e não de
amplificar. Aliás, em geral, o ganho é próximo de 1. Como observado acima, a impedância de
32

entrada é muito elevada para casar com o microfone, podendo chegar a centenas de megohm
e, em contrapartida, a impedância de saída é baixa para casar com o medidor de tensão.
A parte do bloco que segue ao pré-amplificador pode ser comparada a um multímetro
ajustado para medir tensão elétrica, porém mostrada em escala logarítmica. Entretanto, são
agregadas outras virtudes ao circuito para atender esta aplicação específica. O detector de
sobrecarga vem logo na entrada para identificar eventual condição de saturação (informação
corrompida). Posteriormente, o circuito de ponderação em frequência ou filtro de frações de
oitava é aplicado ao sinal elétrico para ajustar a tensão de entrada à resposta em frequência
desejada, por exemplo, da curva A.
O bloco amplificador representa o controle da amplitude do sinal elétrico. A
amplificação ou atenuação do sinal é feita para facilitar a medição em toda a faixa dinâmica.
A faixa de interesse poderá variar conforme a aplicação, entretanto os fabricantes de MNS,
por uma questão comercial, projetam equipamentos que ofereçam suficiente flexibilidade
dando cobertura pelo menos de 30 dB a 130 dB.
Uma vez ajustado o sinal é medida a tensão eficaz. O bloco detector rmssugere um
circuito capaz de ler o valor verdadeiro em tensão (True RMS). Por essa razão o fator de crista
(FC) tem requisitos normalizados para as diferentes classes de exatidão. O circuito detector
também incorpora a capacidade de integrar no tempo com as constantes F e S. A Figura (2.5)
reproduz a Figura (1) da norma IEC 61672-1 - Specifications[18]com o diagrama de bloco do
circuito exponencial (exponential-time-weighted) e a correspondente Equação (2.5)[18],
deduzida a partir da Equação (2.1)[18]. Finalmente, os resultados são apresentados em um
mostrador (display).

Aplicar filtro passa-


Elevar ao Determinar a Logaritmar
baixa com um polo
quadrado raiz quadrada
real em -1/τ

Sinal de entrada Resultado em dB


ponderado em referenciado a p0
frequência

Figura 2.5 –Figura (1) da norma IEC 61672-1 [18] com a representação do diagrama
de blocos do circuito exponencial (esta é uma parte integrante do bloco “Detector
rms e pond. (F, S)” da Figura (2.1)). (Tradução:GT1/CB03/ABNT- Projeto de
norma nacional).
33

(2.5)

2.2. Medidores modernos

As últimasduas décadas foram marcadas por avanços tecnológicos. Os conversores


analógico-digital (AD) e digital-analógico (DA) abriram portas para uma análise avançada, e
outros recursos operacionais, processamento e exibição simultânea, comunicação sem fio,
infravermelho e internet, são novos atrativos.
Os MNS modernos assemelham-se aos antigos somente nos transdutores e talvez os
pré-amplificadores. Daí em diante o sinal é digitalizado e o processamento de dados toma
conta da análise. Os antigos circuitos discretos foram substituídos por programas (softwares)
cada vez mais sofisticados e os parâmetros são determinados como parte dessa rotina. As
programações não são mais realizadas com botões ou chaves de um painel. Ponderações em
frequência, ponderações temporais, campo sonoro, influência de um protetor de vento, etc.,
são todos configurados pelo software. Esta facilidade é boa do ponto de vista do registro
automático de dados,mas é mais arriscada do ponto de vista da operação, pois asseleções não
ficam tão visíveis e poderiam ser esquecidas durante o uso.
Do ponto de vista da calibração pela norma IEC 61672-3 [5], o MNS é uma “caixa
preta” que deve atender aos requisitos da norma. Portanto, ao substituir o microfone por um
sinal elétrico, os testes são conduzidos de igual modo tanto para a tecnologia antiga quanto
para a moderna.
Desde finais da década de 90 existem sistemas de aquisição de sinais com múltiplos
canais de entrada, inclusive oferecendo a possibilidade de acoplar novos módulos de hardware
aumentando o número de canais. De fato uma das alterações promovidas pela norma
IEC 61672-1[18] considera 3 grupos de MNS: (a) Grupo X, constituído por MNS autônomos
que incorporam todas suas partes em uma única unidade e são alimentados por bateria interna
(são os MNS tradicionais), (b) Grupo Y, constituído por MNS autônomos que incorporam
todas suas partes em uma única unidade, porém são alimentados pela rede pública e (c) Grupo
Z, constituído por MNS que requerem um conjunto de partes para constituir o medidor, partes
estas que devem ser interligadas entre si para formar o todo e que podem ser alimentadas por
baterias internas ou pela rede pública.
34

Fica evidente que a norma IEC 61672 abre as portas aos sistemas compostos de partes,
com microfone e pré-amplificador por um lado, sistema de aquisição por outro, e análise por
computador e software. Embora com essa flexibilidade toda, as regras de aprovação de
modelo continuam valendo independentemente do grupo escolhido para o projeto. A Figura
(2.6)ilustra(em detrimento de ser um modelo aprovado ou não) um analisador multicanal
grupo Z, modelo WCA AD-3651 In-vehicle Real-Time Noise and Vibration analysis system.

Figura 2.6 – Exemplo de MNS do grupo Z[26].

Em matéria de tecnologia embarcada pode ser mencionado um de muitos exemplos, o


MNS Bruel & Kjaer, modelo 2250. É um medidor do grupo X, que incorpora conversor AD
na entrada e DA na saída analógica, com processamento digital, faixa dinâmica única com
mais de 120 dB. Inclui programação de configurações, por exemplo, para uso em campo livre
ou difuso, que implica no ajuste da resposta elétrica em frequência corrigindo
automaticamente a curva de resposta microfone. Também permite configurar o uso do
protetor de vento com um novo ajuste da curva de resposta. O modelo DUO da marca 01dB
acrescenta o ajuste da resposta do ângulo de incidência, 0° ou 90°.
Conectores LAN, USB ou micro USB, comunicação Bluetooth, transferência de dados
por infravermelho, são opções que os fabricantes incorporaram para facilitar a programação e
transferência de dados. Os dispositivos mostradores são atrativos, com telas sensíveis ao
toque e linguagem amigável, proporcionando leitura customizada de parâmetros. Os softwares
podem ser atualizados via internet e a instalação de novos recursos ou módulos se faz apenas
com uma senha de ativação.
A geometria da carcaçaé também objeto de desenvolvimento, pois os fabricantes
entendem que as difrações e reflexões influenciam na resposta em frequência. Apesar disso,
uma breve pesquisa na internet é suficiente para observar modelos de invólucros retangulares,
35

com claras superfícies refletoras. O corpo do MNS não pode ser subestimado quando se
pretende obter uma resposta em frequência plana. Talvez, este aspecto da norma IEC 61672
ainda não tenha sido absorvido por alguns fabricantes.

2.3. Verificação Periódica

Embora a série IEC 61672 tenha sido elaborada no âmbito da normalização voluntária,
notoriamente ela tem cunho na Metrologia Legal. Em seu prefácio confirma que foi
desenvolvidaem cooperação com a OIML, pressupondo, assim, a incorporação dos
regulamentos OIML R58 [27] e OIML R88 [28].
O Vocabulário Internacional de Termos de Metrologia Legal – VIML[29]define
Metrologia Legal no item 2.2:

Parte da metrologia relacionada às atividades resultantes de exigências obrigatórias, referentes


às medições, unidades de medida, instrumentos de medição e métodos de medição, e que são
desenvolvidas por organismos competentes.

Os itens3.1 e 3.5 definem respectivamente Controle Metrológico Legal eApreciação


Técnica de Modelo:

Conjunto de atividades de metrologia legal, visando à garantia metrológica. Nota: O controle


metrológico legal compreende: controle legal dos instrumentos de medição; a supervisão
metrológica; a perícia metrológica.

Exame e ensaio sistemáticos do desempenho de um ou vários exemplares de um modelo (tipo)


identificado de um instrumento de medição, em relação às exigências documentadas, a fim de
determinar se o modelo (tipo) pode ou não ser aprovado, e cujo resultado está contido no
relatório de apreciação técnica.

A própria norma IEC 651 [3] foi adotada pela OIML quando o MNS passou a formar
parte dos equipamentos sujeitos ao Controle Metrológico Legal. O documento OIML R58 cita
como parte de seu escopo a aprovação de modelo e a verificação periódica segundo a
IEC 651.
Embora o procedimento proposto na norma IEC 61672-3 [5] possa ser aplicado a
MNS com ou sem modelo aprovado, a conclusão sobre conformidade com a parte 1 da norma
(especificações) somente pode ser dada para aqueles modelos que tenham evidência objetiva
de aprovação de modelo. O documento emitido como resultado dos testes não é um
certificado de calibração, mas um registro de verificação que inclui a descrição completa do
item e uma declaração de conformidade.
36

O Brasil, embora membro da OIML, não conta com estrutura na Metrologia Legal
para dar cobertura à área de acústica. Os MNS não estão sujeitos ao controle
metrológico.Embora estejam na pauta, não é possível identificar se serão incluídos ou não,
pois depende de um resultado de análise de impacto regulatório. Atualmente, não se realizam
verificações periódicas (compulsórias) no âmbito da Metrologia Legal, mas calibrações
(voluntárias) no âmbito da Metrologia Científica.O próprio mercado acabouse ajustando ao
implementar Sistemas de Gestão da Qualidade que demandam acalibração de seus
instrumentos e o registro de rastreabilidade.
Isso tem aspectos positivos e negativos. Um aspecto positivo é evitar que o Estado
regulamenteum equipamento que é calibrado de forma voluntária. Salienta-seque a
regulamentação exige um elevado investimento do Estado em estrutura e manutenção, além
de impactar a indústria e a sociedade.Umaspecto negativo é que muitos MNS que não
atendem aos limites de tolerância da norma continuam sendo utilizados,evidenciandoa falta de
análise crítica dos resultados das calibrações, podendo provocar sériosprejuízos para si ou
para terceiros.
O caso da norma ABNT/NBR 10151 [22]é interessante, pois sendo apontada pela
Resolução Conama nº 01/90, toma força de lei. As prescrições sobre características do
instrumento e a calibração ganham relevância. Atualmente a normaABNT/NBR 10151 está
passando por profunda revisão e deve aumentar o nível de exigência sobre o MNS e sobre a
calibração. Na prática as calibrações passarão a funcionar em uma modalidade próxima das
verificações periódicas.
Desde2004/2005 vários laboratórios têm-se acreditado na área de Acústica e
Vibrações no âmbito da Metrologia Científica. O processo de acreditação exige dos
laboratórios a implantação da norma ABNT NBR ISO/IEC 17025 [30]. Até o final de 2012 o
site do Inmetro apontava 13 laboratórios acreditados pela Cgcre (Coordenação Geral de
Acreditação do Inmetro), oitodos quais para MNS e somente seis para MNS incluindo o
microfone. Ao analisar os escopos publicadosno site do Inmetro parece razoável afirmar que
apenas dois ou trêslaboratórios têm capacidade para atender à calibração pela norma IEC
61672-3.

2.3.1. IEC 651 e OIML R58

Da norma IEC 651 [3] podem ser apontados alguns problemas proeminentes:
37

a) ter um texto e organização confusos que não ajudam a discernir requisitos de


aprovação de modelo;
b) instruir para a execução de ajustes de acordo às especificações do fabricante sem
impor requisitospara que o manual de instruções informe tais especificações;
c) relacionar parâmetros que devem ser calibrados, apontando procedimentos e
ajustes que geram dúvidas sobre sua interpretação;
d) não estabelecer um critério para tratar das incertezas de medição abrindo a
possibilidade de laboratóriosadotaremcritérios diferentes, estendendo ou
estreitando as tolerâncias pelas incertezas expandidas ou até mesmo
desconsiderando-as.
Há outros problemas que poderiam ser apontados, alguns deles corrigidos na
publicação IEC 60651 (2000), durante a fase de elaboração da norma IEC 61672, por
exemplo, especificações sobre proteção de campo eletromagnético e emissão de
radiofrequência que não haviam sido discutidas na primeira edição.
O Capítulo 9 da norma IEC 651 fornece instruções para uma série de testes elétricos:
detector de sobrecarga, controle de faixas, linearidade de níveis, detector rms, ponderações
temporais (F, S, I) e detector de pico. O ponto de destaque corresponde às ponderações em
frequência que seriam verificadas em condições de campo livre com ondas planas
progressivas (item 9.2.2). O item abre a possibilidade de executar um teste elétrico seguido de
correções.
O item 9.2.3 ainda acrescenta testes acústicos para diversos ângulos de incidência
(teste de direcionalidade). Seria um ensaio comercialmente inviável para ser incluído como
parte da calibração acústica de um MNS. De fato o regulamento OIML R58 confirmou este
teste como parte da apreciação técnica de modelo. Já o teste acústico de resposta em
frequência seria realizado tanto para aprovação de modelo quanto para a verificação
periódica.
É interessante notar que o item 9.2.2 da norma IEC 651 instrui a realizar a calibração
elétrica seguida de correções devido aos erros do microfone e ao corpo do MNS, que é o
mesmo procedimento alternativo adotado pela norma IEC 61672. À luz da nova norma fica
fácil entender a proposta do texto da norma IEC 651. Entretanto, para as décadas de 80 e 90
seriam textos incompletos que não determinariam níveis de referência, ajustes dos sinaisde
teste e correções devidas ao campo sonoro.
No Brasil, as calibrações pela norma IEC 651 eramrealizadas pelo Inmetro desde a
década de 90. Foi a DIAVI que consolidou uma interpretação inicialdo procedimento de
38

calibração normativoque mais tarde seria dividida com os laboratórios acreditados. O teste
elétrico do MNS incluía a calibração de linearidade de níveis, ponderações em frequência,
ponderações temporais e detector rms, características que reuniriam suficiente evidência do
desempenho do MNS.Em contrapartida, não seria realizado um teste acústico nos moldes da
norma. O microfone seria calibrado separadamente pelo método do atuador eletrostático. A
correção de atuador para FF ou DF e a aplicação de outras correções, tais como, influência do
corpo do medidor, ficariam por conta do cliente.

2.3.2. IEC 61672

As normas técnicas IEC 651 [3] e IEC 61672 teriam por finalidade estabelecer um
padrão mínimo de qualidade para as diferentes classes de exatidão. Em tese, não haveria
necessidade de regulamentação, pois fabricantes ao redor do mundo projetariam
equipamentos que atendessem os requisitos normativos. Mas esta lógica nem sempre
funciona. Alguns fabricantes insistem em declarar conformidade com a norma IEC 651 ou
IEC 61672, mesmo para modelos cujas especificações não atendem seus requisitos mais
básicosSurpreendentemente, é possível encontrar modelos de MNS que não satisfazem a
nenhum de seus requisitos.Alguns manuais de instruções incluem declarações parciais de
conformidade, por exemplo, “curva Aconforme anorma IEC 61672”.Clientes
inadvertidospoderiam fazer opção pelo menor preço e serem posteriormente frustradoscom os
resultados da calibração. O perfil compulsório da norma IEC 61672 se justificaria neste
contexto, pois promove igualdade de condições aos fabricantes e garantia de qualidade para o
usuário.
A verificação acústica do MNS segundo a norma IEC 61672-3 consiste em fornecer ao
proprietário do MNS a resposta em frequência acústicana configuração de uso, isto é,
incluindo a influência das difrações no microfone e no corpo do MNS e uso de acessórios
como protetor de vento ou cabo de extensão de microfone. Para modelos aprovados a
verificação busca confirmar a manutenção de seu correto estado de funcionamento. Um
simples defeito no diafragma do microfone é suficiente para comprometer as medições, por
exemplo, o microfone da Figura (2.7) não tem mais utilidade.
Espera-se que a resposta em frequência tenha um comportamento aproximadamente
plano, pelo menos na faixa de 63 Hz até 12,5 kHz (em ponderação linear). Conseguir uma
resposta plana, entretanto, pode ser muito complexo e as dificuldades encontradas na fase do
39

projeto podem limitar o sucesso deste objetivo. É necessário, portanto, que a verificação
acústica permita identificar tais características.

Figura 2.7 – Microfone de ½” com membrana danificada.

Para a verificação acústica a norma IEC 61672-3 prevê o uso de câmara anecóica e a
única alternativa consiste na aplicação de correções referente aomicrofone, protetor de vento,
corpo do MNS, etc., como observado anteriormente.As correções são genéricas, determinadas
a partir de estudos para cada configuração, que não necessariamente coincidirão com as
correções de um caso específico de MNS sob teste. Mais adiante será mostrado que até
mesmo o envelhecimento da espuma do protetor de vento pode influenciar nos resultados.O
modo de fixação do MNS dentro da câmara anecóica também pode influenciar nos resultados.
O uso de um tripé, apesar de ser um assessório comum, não está contemplado na norma
IEC 61672. De fato, as correções de PF para FF que são fornecidas pelos fabricantes teriam
sua base de cálculo em testes realizados em câmara anecóica, e a influência do modo de
fixação poderia eventualmente desvirtuar os resultados.
Os itens 11.2 a 11.4 da norma IEC 61672-3 fazem menção das correções aplicáveis:
(a) dados para ajustar as indicações do MNS para indicações equivalentes a campo livre,
incluindo a influência de reflexões no corpo do medidor, e (b) influência na resposta em
frequência de uma espuma de microfone ou acessório especificado, conforme a configuração
de uso.
Segundo o item 11.8 da norma IEC 61672-3 [5]a verificação acústica deve ser
realizada em pelo menos três frequências: 125 Hz, 1 kHz e 4 kHz ou 8 kHz.Caso a calibração
seja feita em pressão mediante a aplicação de correções para campo livre, a escolha entre
40

estas duas últimas frequências dependerá dos dados de correção disponibilizados pelo
fabricante no manual de instruções.Claramente, a simplificação de se calibrar em somente três
frequências se aplica a MNS que tenham modelo aprovado conforme a norma IEC 61672-2 -
Pattern evaluation tests[19].
O item 11.7 da norma IEC 61672-3 introduz a questão das incertezas associadas ás
correções lembrando que os dados de ajuste e as incertezas associadas podem ser aquelas
fornecidas no manual de instruções. Mas nem todos os manuais informam fatores de correção
com incertezas associadas e neste caso a norma instrui que devem ser assumidas como sendo
iguais a zero. É um contrassenso, pois o fabricante que não fornece incertezas acaba sendo
privilegiado na calibração com menores contribuições. A Tabela (A.1) da norma IEC 61672-1
[18], parcialmente reproduzida na Tabela (A.1) do Anexo A deste trabalho, fornece incertezas
máximas permitidas aos laboratórios: 0,5 dB (10 Hz – 200 Hz), 0,4 dB (>200 Hz – 1,25 kHz),
0,6 dB (>1,25 kHz – 10 kHz) e 1 dB (>10 kHz – 20 kHz). A IEC 61672 trouxe uma aparente
ampliação de tolerâncias, porém, o item 5.1.19 da norma IEC 61672-1 esclarece que as
antigas normas IEC 651 e IEC 804 não incluíam critérios para tratar das incertezas.
Conforme o item 5.16.3 da norma IEC 61672-1 pelo menos MNS classe 1 devem ter
saída AC. Enquanto que para MNS da classe 2 a disponibilização de uma saída AC é
opcional. As alterações nos níveis de tensão da saída AC devem ser consistentes com as
alterações de níveis do mostrador. A saída não deve ser influenciada pela ponderação
temporal escolhida no MNS. De acordo ao item 5.16.1 da norma IEC 61672-1 o manual de
instruções deve incluir informações sobre suas características: ponderação em frequência,
faixa dinâmica, impedância elétrica e a impedância de carga recomendada.
O item 5.1.6 da norma IEC 61672-1 requer que o fabricante informe quais os modelos
de microfones para os quais o MNS completo atende a norma e o item 5.2.2menciona que o
ajuste do MNS deve ser realizado com um calibrador de nível sonoro Classe 1, em
conformidade com a norma IEC 60942, sendo também admitido um calibrador Classe 2 para
o ajuste de MNS Classe 2.

2.3.3. IEC 17025

Do ponto de vista dos laboratórios acreditados, é importante verificar o que a norma


ABNT NBR ISO/IEC 17025 tem a dizer. Se for proposto um método que não é normativo a
norma lança uma série de recomendações.Deve ser feita escolha de métodos apropriados,
41

especialmente quando há métodos normalizados publicados em normas (itens 4.4.1, 4.11.2,


5.2.4 e 5.4).
Métodos inadequados podem conduzir a resultados inócuos. Por exemplo, a calibração
de um microfone em 1000 Hz não forneceria informações suficientes do ponto de vista da
aplicação. CROIX[31] realizou um estudo sobre os danos em membranas de microfones
capacitivos e evidenciou casos onde um dano poderia passar despercebido com o calibrador
de nível sonoro. Para o cliente, pode ser difícil discernir a fronteira entre um método
apropriado e um método inapropriado.
A validação e uso de métodos não normalizados é discutida nos itens 5.4.4 e 5.4.5 da
norma ABNT NBR ISO/IEC 17025:

Quando for necessário o emprego de métodos não abrangidos por métodos normalizados, estes
devem ser submetidos a acordo com o cliente e devem incluir uma especificação clara dos
requisitos do cliente e a finalidade do ensaio e/ou calibração. O método desenvolvido deve ser
devidamente validado de forma apropriada, antes de ser utilizado.

Com o objetivo de confirmar que os métodos são apropriados para o uso pretendido, o
laboratório deve validar os métodos não normalizados [...] A validação deve ser
suficientemente abrangente para atender ás necessidades de uma determinada aplicação ou área
de aplicação.

A nota 2 do item 5.4.5.2 sugere as formas de verificar o desempenho dos métodos


durante o processo de validação sendo, neste caso, as mais relevantes: “comparações com
resultados obtidos por outros métodos” e “avaliação da incerteza dos resultados com base no
conhecimento científico dos princípios teóricos do método e na experiência prática”.
Por último, o item 5.4.5.3 lembra que: “A faixa e a exatidão dos valores que podem ser
obtidos por meio de métodos validados [...] devem ser pertinentes às necessidades dos
clientes”.
Neste entorno, a TST aplicada à calibração de MNS para verificação da resposta
anecóica se torna objeto de validação e as ferramentas utilizadas são exatamente as sugeridas
no item da norma ABNT NBR ISO/IEC 17025 com algumas ressalvas que serão apresentadas
oportunamente.

2.4. Considerações sobre a Calibração Acústica de MNS por comparação

A resposta em frequência de um MNS, incluindo as difrações e reflexões no microfone


e no corpo, pode ser determinada por comparação com a resposta de um microfone de
referência.
42

Se for utilizada a saída AC do MNS, deve ser eliminado o erro sistemático devido à
sua resposta em frequência, pois a saída AC não é objeto de medição. O erropode
serdeterminado inserindo um sinal na entrada do pré-amplificador, comparando a tensão na
saída com a indicação do mostrador.
As equações (2.6) e (2.7) representam o método de comparação (sequencial ou
simultânea) em sua expressão linear ou logarítmica:

(em linear), (2.6)

onde, para cada frequência de teste, e representam as sensibilidades em


mV/Pa do MNS sob teste e do microfone de referência, respectivamente, e e as
tensões em mV medidas no sistema de medição, quando conectados o MNS sob teste e o
microfone de referência, respectivamente.
Na equação, a sensibilidade do microfone de referência é conhecida, por exemplo,
como resultado da calibração por reciprocidade em campo livre.
A comparação pode ser realizada também em dB assumindo valores de referência para
a sensibilidade e para a tensão (por exemplo: 1 V/Pa e 1 V).

[dB], (2.7)

neste caso e são as sensibilidades em dB referenciadas a 1 V/Pa e


e as tensões em dB referenciadas, por exemplo, a1 V.
Os resultados podem ser normalizados, por exemplo, em 1000 Hz.
As equações acima consideram um sistema de medição ideal. Em um sistema real,
devem-se eliminar os erros. A equação logarítmica (2.7) resulta na Equação (2.8):

[dB], (2.8)

onde, para cada frequência de teste representa o somatório dos erros do canal de
teste e o somatório dos erros do sistema do canal de referência.
43
44

3. TESTE ACÚSTICO: MÉTODO CLÁSSICO E ALTERNATIVO

O método clássico praticadonaapreciação técnica de modelo(que objetiva a aprovação


de modelo) e nas verificações periódicas (no Brasil, calibrações) consiste da comparação
sequencial em campo livre entre a resposta em frequência do MNS objeto de teste e a resposta
em frequência de um microfone padrão. O método necessita de uma câmara anecóica para
obter as condições inerentes ao campo livre. Tanto o microfone padrão quanto o MNS sob
teste devem ser dispostos sequencialmente à mesma distância de uma fonte sonora (caixa
acústica), na direção perpendicular ao alto-falante (ver Figura (3.1)). Uma distância de 1 m
tem sido consagrada como prática para este tipo de ensaio.

Figura 3.1 – Método clássico: comparação sequencial em câmara anecóica. À


esquerda, microfone de referência posicionado a 1 m da fonte. À direita, MNS sob
teste posicionado à mesma distância.

O item 9.3.1 da norma IEC 61672-2 [19] cita a câmara anecóica como sendo a
instalação que o laboratório deve disponibilizar para o caso da aprovação de modelo: “The
directional response of a sound level meter shall be determined with plane progressive
sinusoidal sound waves in a free-field test facility”.
O sinal de excitação é o mesmo utilizado desde o século passado, um tom puro
previamente amplificado. A qualidade da câmara anecóica e, por conseguinte, a qualidade das
condições decampo livre, depende do volume da câmara e da eficácia do material absorvedor
utilizado em seu interior. Uma câmara muito pequena terá uma frequência decorte elevada,
limitando assim a faixa de frequências requerida para o atendimento da norma IEC 61672-3
[5], especialmente considerando que a frequência de 125 Hz deve ser incluída nos resultados
da calibração. O ambiente no interior da câmara deveria ser ideal, visto que a onda que se
propaga a partir da caixa acústica deve ser totalmente absorvida pelo material instalado em
suas paredes.
45

Uma câmara cujas dimensões permitem atender até uma frequência de 125 Hz terá um
elevado custo de fabricação e dificultará a recuperação do investimento do laboratório. O
custo de um ensaio poderia inviabilizar as calibrações pela norma IEC 61672-3. No Brasil não
há laboratórios acreditados que possuem instalações de campo livre. O Inmetro conta com
este recurso, porém destinado essencialmente à pesquisa.
O item 9.4.1.6 da norma IEC 61672-2 prevê que os testes em frequências abaixo do
limite inferior da câmara anecóica poderiam ser realizados utilizando uma cavidade em
pressão, assumindo que para as baixas frequências (f< 200 Hz) o resultado será o mesmo
independentemente do campo sonoro (pressão, difuso ou livre).

3.1. Câmara Anecóica

Segundo a norma IEC 61094-3 [16]condições de campo livre prevalecem quando uma
onda sonora puder propagar-se livremente sem perturbações de qualquer tipo.
A Equação (3.1) corresponde à representação matemática da onda em uma única
direção:

[Pa], (3.1)

onde, em um determinado instante t (s), representa a pressão sonora em um


pontodistante x(m)da fonte sonora, ω(rad.s-1)a velocidade angular e c(m/s) a velocidade do
som.
A equação simplificada de uma propagação esférica, a partir de uma fonte monopolar
pontual é representada pela Equação (3.2):

[Pa], (3.2)

onde a variável x é substituída pela variável r que representa a coordenada esférica,


cujo módulo é dado em metros, e /r representa a amplitude da onda à distância r.
A pressão é proporcional ao inverso da distância. Fazendo uma simplesoperação
matemática verifica-se que a pressão sonora diminui 6 dB cada vez que dobra a distância (que
é conhecido como lei do inverso da distância).
46

Considerando:

(3.3)

Obviamente não se pode imaginar que um alto-falante, ou ainda, uma caixa acústica
cúbica de 40 cm de lado, possa ser considerada a 1 m de distância uma fonte volumétrica
monopolar pontual em toda a faixa de frequências de interesse deste trabalho. A onda que se
forma e propaga na direção de interesse acaba somando-se com outras que percorrem a
superfície da caixa e difratam em sua borda, gerando pontos de soma e de cancelamento.
Uma aparente solução seria aumentar a distância entre a fonte sonora e o MNS para
trabalhar no campo afastado, onde se cumpre a condição dada em (3.4):

(ou, ), (3.4)

sendo r o módulo da distância entre a fonte e o ponto de teste, λ o comprimento de


onda, c a velocidade do som e f a frequência do sinal de teste.
SOARES [6], ao referir-se à calibração de microfones pelo método sequencial em
campo livre, explica que 1 m é suficiente para satisfazer a condição de campo afastado para
frequências acima de 630 Hz. De fato podemos confirmar este dado a partir do gráfico da
Figura (3.2), onde temos c/2πf ≈ 0,09, portanto r> 10·c/2πf.

c/2πf (m) Condição de Campo Afastado


1
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
10 100 1000 10000 freq (Hz)

Figura 3.2 – Condição de campo afastado.

Esta observação é pertinente, pois também neste estudo é usado o método sequencial,
sendo comparada a resposta do MNS com a resposta de um microfone de referência. No
47

entanto, para uma frequência de 125 Hz, c/2πf ≈ 0,43. Obviamente a 1 m de distância não se
cumpre a condição de campo afastado.
JACOBSEN & BREE [32] estudaram em 2005 uma sonda para medição de
intensidade sonora, marca Microflown Technologies, que utiliza um transdutor de velocidade
de partícula junto com um microfone de pressão. O estudo lembra que a intensidade sonora
pode ser calculada pela média temporal do produto da pressão e da velocidade de partícula
instantâneas. Embora a simplicidade deste cálculo, também lembra que, independentemente
do princípio de medição, os transdutores de pressão e de velocidade de partícula irão fornecer
respostas com fases diferentes. O estudo comprova a dificuldade de se calibrar a sonda abaixo
de 500 Hz a menos que se afaste bastante o objeto da fonte sonora. Mesmo uma distância de
2 m acabou parecendo insuficiente para assegurar a existência de ondas planas progressivas.
Foi necessário repetir os testes a 4 m de distância em uma câmara anecóica maior para obter
melhores resultados.
No caso da calibração de MNS por comparação sequencial com microfone padrão a
informação da fase não é necessária. Interessa identificar o quanto o campo a 1 m de distância
se assemelha a uma onda esférica. A partir da equação simplificada (3.2) pode ser aplicado o
estudo de rmsD(root mean square deviation) proposto por DELANY & BAZLEY [33] para
quantificar o erro entre o valor medido e o calculado pela lei do inverso da distância. A
técnica de DELANY & BAZLEY foi proposta em meados da década de 70, mas ainda hoje é
aceita para avaliar o quanto o campo se afasta da condição de campo livre. Se o erro for
suficientemente pequeno poderá ser contabilizado como uma entrada de incerteza. De fato
espera-se que seja proporcionalmente pequeno quando comparado com a incerteza máxima
estabelecida pela IEC 61672 aos laboratórios de calibração.
A distância entre a fonte sonora e o MNS, entretanto, é escolhida como solução de
compromisso. Ou seja:
a. O aumento da distância é conveniente, pois:
i. permite aproximar-se de uma condição de campo afastado, com
propagação de ondas planas;
ii. as diferenças de fase entre a pressão e a velocidade de partícula
tornam-se negligenciáveis;
iii. a performance para as baixas frequências é proporcionalmente
melhorada;
iv. diminui a influência do erro de posicionamento durante o
procedimento de comparação.
48

b. O aumento da distância é inconveniente, pois:


i. a construção de um ambiente de maiores dimensões impacta
diretamente no investimento;
ii. reduz a relação sinal ruído (poderia ser compensada através do
incremento de energia do sinal acústico, porém provocando uma
elevação da distorção harmônica, sempre presente no método
clássico);
iii. dificultao posicionamento do MNS e do microfone de referência
sob o eixo axial do centro do alto-falante.
SOARES [6] descreveu o procedimento e os resultados do rmsD para o caso de
microfones, que também se aplica ao caso de MNS. Consiste em realizar um conjunto de
medições variando a distância microfone-fonte no intervalo de 1,00 m ± 0,15 m em passos de
2 mm. Isto totaliza um conjunto de 151 medições e normalmente demanda mais de 5 horas de
execução. Os resultados são lançados parametricamente em frequência e calculada a regressão
linear de cada curva. O rmsDde cada frequência é então calculado como o valor médio
quadrático das diferenças entre a regressão linear e a curva da lei do inverso da distância
(Equação (3.5)):

(3.5)

ondeN é o número de distâncias discretas para uma dada frequência (neste caso
N=151), é o nível de pressão sonora na ordenada do i-ésimo ponto da regressão linear e
é o nível de pressão sonora na ordenada do i-ésimo ponto da reta correspondente à lei do
inverso da distância.
O resultado do rmsDdepende de cada fonte, portanto, se o laboratório vier a substituir
sua fonte ou dispor de mais de uma fonte para os testes, o estudo deve ser repetido para cada
uma delas. Os resultados do rmsD das fontes usadas neste estudo são apresentados no
Capítulo 5.
A câmara anecóica parece o ambiente mais lógico para obter-se uma condição
controlada de campo livre, todavia prevalece o fato de não ser um ambiente ideal. Apesar do
controle para obter a função de transferência:caixa acústica-sala-MNS, há de se enfrentar o
problema das reflexões nas paredes e outros objetos dentro da sala, tais como hastes de
49

sustentação de microfones e caixa acústica. Segundo BARRERA, RASMUSSEN


&JACOBSEN[34] o ambiente anecóico projetado para simular condições de campo livre não
é ideal e as reflexões, embora pequenas, podem influenciar significativamente a medição,
especialmente quando se pretende obter incertezas baixas.
O item 9.4.2.7 da norma IEC 61672-2 [19] diz sobre a necessidade de se repetir os
testes variando a distância entre a fonte e o MNS e os pontos de teste dentro da câmara
anecóica, produzindo um desvio padrão espacial com a finalidade de minimizar a reflexões
sonoras no interior da câmara anecóica.
Estudos mais recentes mostram os problemas ao assumir-se condição de campo livre
dentro da câmara anecóica. O Relatório EURAMET PROJECT 1056[35]é um exemplo.

3.2. Relatório EURAMET PROJECT 1056

A EUROMET – European Collaboration in Measurement Standards coordenou a


metrologia europeia por quase 20 anos. Após esse período, diante denovos desafios por maior
integração, surgiu a necessidade de se estabelecer uma entidade jurídica para a coordenação
da metrologia europeia e a EURAMET – European Association of National Metrology
Institutes[36], com sede em Berlim, assume este papel a partir de 2007. APágina na Internet
desta entidade permite fazer uma conexão com a página do Comitê Técnico de Acústica,
Ultrassom e Vibração (TC-AUV) onde se divulgam conteúdos de interesse para a sociedade
acústica.
Em 1998 o relatórioEUROMET PROJECT 394- Trials of New Sound Level Meter
Verification Tests[37]elaborado paralelamente ao desenvolvimento da IEC 61672, teria como
finalidade testar as verificações periódicas propostas no projeto de norma.Participaram da
rodada de comparação 12 laboratórios de alto gabarito internacional. A extensão dos testes
esboçados para aprovação de modelo e verificação periódica teria causado consideráveis
discussões, motivando uma rodada de avaliação. A conclusão do relatório aponta resultados
satisfatórios, mas acabaria recomendando a realização de futura comparação laboratorial para
avaliar especificamente a resposta acústica em campo livre, sinalizando assim a dificuldade
com estes resultados.
De fato a comparação acabou sendo promovida e os resultados formalmente
divulgados em janeiro de 2011no relatório EURAMET PROJECT 1056. Antes mesmo da
publicação, BJOR [38] cita o Project 1056 “a ser publicado”, fazendo questão de apontar que
50

aqueles laboratórios que praticaram alguma técnica de seleção no tempo tiveram menor
dispersão e resultados consistentes.
O objeto de teste (um medidor dummy) foi providenciado por um fabricante.
Constituído de um pré-amplificador e microfone revestidos com uma carcaça (apenas o corpo
do MNS), para minimizar as interferências de outros parâmetros ou configurações.
Aos participantes lhes seria solicitado praticar seus habituais procedimentos e o
relatório os agruparia desta forma:

• aqueles que utilizaram excitação senoidal sequencial em câmara anecóica, sem


quaisquer técnicas de processamento de sinais, apenas reduzindo os efeitos das reflexões
através da realização de média espacial(normalmente a média de 3 a 5 posições), e
• aqueles que utilizaram alguma técnica para remoção das reflexões tenham sido elas
decorrentes de testes em uma sala anecóica, semi-anecóica ou não anecóica.

A conclusão do relatório aponta vários problemas e seu relator parece ironizar o pouco
cuidado de alguns participantes quanto à forma de apresentação dos resultados, pois o fizeram
no formato habitual,forçando a fazer uma análise de dados por grupos de acordo às
frequências de teste e dados declarados.O exame acabou sendo menos rigoroso do que teria
sido planejado.
A complexidade para tratar das reflexões e difrações nas altas frequências impactou na
consistência de resultados. Foi apontado o fato de terem sido realizados testes com tons puros
e a provável dificuldade de detecção das linhas espectrais de sistemas de processamento de
dados, especialmente pela resolução para picos de altas frequências.
Do relatório podem ser extraídas observações e conclusões pertinentes:
(a) a relevância do modo de fixação do MNS. Aparentemente a omissão da IEC 61672
neste sentido teria na rodada de comparação sua primeira vítima. Quem utilizou
uma haste para fixar o MNS teve resultados diferentes daqueles que fixaram o
instrumento de outro modo buscando minimizar esta influência. Ficou claro que o
modo de fixação do MNS deveria ter sido especificado na norma. (No Capítulo 5
serão apresentados resultados sobre uso de tripés);
(b) os resultados da sensibilidade em campo de pressão poderiam ser considerados
equivalentes aos de campo livre somente para frequências abaixo de 200 Hz. A
possibilidade dos testes serem parcialmente conduzidos em pressão, já estava
prevista no item 9.4.1.6 da 61672-2 [19].
51

(c) o método clássico é mais eficiente para frequências abaixo da faixa de 500 Hz a
1000 Hz enquanto para frequências acima astécnicas de seleção no tempo são mais
eficientes do que a média espacial;
(d) sobre as incertezas (inicialmente propostas no projeto de norma IEC 62585[39])o
relatório conclui que são razoáveis e podem ser atingidas, pelo menos, mediante
aplicação de técnicas de seleção no tempo, reduzindo os efeitos das reflexões;
(e) finalmente o relatório conclui que a consistência dos resultados falhou em muitos
dos testes e sugere repetir a comparação com as seguintes modificações:
i. uso de um microfone mais estável e melhor caracterizado (por exemplo,
LS2P ou, melhor ainda, um microfone de medição de campo livre
altamente estável);
ii. uso de uma técnica para reduzir o efeito das reflexões mesmo em salas
anecóicas;
iii. definição de um padrão de montagem para o MNS;
iv. uso de um Método Normalizado (ou acordado) para as medições em baixas
frequências para os laboratórios que utilizam técnicas de seleção no tempo
e não são capazes de realizar medições em toda a faixa de frequências;
v. circulação de um dispositivo para a obtenção da resposta em frequência em
campo de pressão (calibrador multi-frequência, atuador eletrostático,
acoplador ativo, etc.);
vi. flexibilização das frequências exatas de teste (por exemplo, base 10, base 2
ou nominal).

O relatório EURAMET PROJECT 1056ganha especial significado no contexto deste


trabalho uma vez que seus apontamentos vêm a apoiar contundentemente o uso de técnicas de
seleção no tempo para a eliminação dos defeitos do ambiente, até da própria câmara anecóica.
Segundo BARRERA, RASMUSSEN & JACOBSEN [34], se é pretendido alcançar
uma baixa incerteza de medição, os efeitos das reflexões devem ser reduzidos ou eliminados
no domínio do tempo, por exemplo, mediante uso de técnicas de seleção no tempo.
A Figura (3.3-a) mostra uma resposta impulsiva (RI) obtida com varredura de senos,
em uma câmara anecóica (linha vermelha). A linha azul representa a mesma RI quando
aplicada uma função janela que elimina completamente a primeira reflexão. A Figura (3.3-b)
apresenta as respectivas respostas em frequência, na faixa de 1 kHz até 20 kHz. Comparando
os resultados nota-se (linha vermelha) significantes ondulações que correspondem, na
52

resposta impulsiva, aos picos de reflexões sonoras. Este efeito também é conhecido como
“filtro pente”. Estes conceitos serão ampliados nos capítulos 4 e 5.
O uso de técnicas de seleção no tempo não somente é adequado como recomendado
para assegurar a condição de campo livre.
dB re. 1 V

(a)
dB re. 1 V

(b)

Figura 3.3 – Linha vermelha: resultado da câmara anecóica. Linha azul: resultado
após o janelamento; (a) domínio do tempo (resposta impulsiva); (b) domínio da
frequência na faixa de 1 kHz a 20 kHz.

3.3. IEC 62585 (2012)

Um dos objetivos da rodada de comparação,conforme apontado na introdução do


relatórioEURAMET PROJECT 1056, era dar suporte ao projeto de norma IEC 62585 [39].
Esta norma forneceria métodos para determinação das correções necessárias à obtenção da
resposta em campo livre de MNS.
53

É interessante notar que, embora o relatório EURAMET PROJECT 1056tenha


concluído com um tom negativo, aparentemente não desacelerou a publicação da norma
IEC 62585.Esta última, inclusive,cita o relatório como referência bibliográfica. Portanto, é
imprescindível verificar seu conteúdo nos pontos pertinentes a este estudo.
O escopo concentra os objetivos na determinação de fatores de correção para a:
- influência do corpo do MNS,
- diferença entre a resposta em frequência do microfone e uma resposta uniforme, e
- influência de um protetor de vento e outros eventuais acessórios.
Ao tratar das correções do corpo do MNS, a primeira questão a ser resolvida é a do
modo de fixação, omitido anteriormente. No contexto da norma IEC 62585 a haste de fixação
não pode ser disposta na vertical, segurando o MNS por baixo, para não influenciar nas
medidas. Caberia perguntaraté que ponto os fatores de correção fornecidos pelos fabricantes
estariam “contaminados” com as difrações de hastes ou tripés sendo que não existia este
requisito.
A influência de uma haste poderia ser atribuída equivocadamente ao corpo do MNS:

Para qualquer medição realizada em campo livre destinada à determinação dos valores de
ajuste ou das correções, com a finalidade de evitar a inclusão de efeitos indesejados, todos os
microfones e microfones com pré-amplificadores, incluindo os microfones de referência,
devem ser montados em uma haste cujo diâmetro, normalmente, é igual ao diâmetro do
microfone. Além disso, a distância entre a fonte e o microfone deve ser maior que 1 m, sendo a
distância mínima da fonte de pelo menos seis vezes a maior dimensão do medidor de nível
sonoro. (tradução livre)

Note-se a recomendação sobre a distância.Por exemplo, se o MNS tiver 25 cm de


comprimento o microfone do MNSdeverá ser posicionado a1,5 m da fonte. Claramente esta
recomendação se aplica ao caso do método clássico, para reduzir os aparatos de distorção e
outras reflexões que influenciaram nos resultados do EURAMET PROJECT 1056. No caso da
TST, como será exposto mais adiante, não se aplicaria, pois o janelamento se encarrega de
eliminar os aparatos.
O Anexo B da norma IEC 62585 fornece instruções sobre o procedimento de
comparação para determinar os fatores de correção para o corpo do MNS. Comparam-se os
resultados para duas configurações: (a) apenas com o microfone do MNS,verificado
isoladamente, e (b) com o microfone do MNS acoplado ao próprio medidor objeto do teste.
Também abre a possibilidade de se contar com um corpo dummy, ou seja, só a carcaça, sendo
acoplada ao conjunto de medição.
Se o mesmo pré-amplificador não puder ser utilizado então devem ser aplicadas novas
correções devidas às respostas dos pré-amplificadores. A norma não cita ainda a questão das
54

capacitâncias de entrada dos mesmos, uma vez que o casamento de impedâncias pode afetar
os resultados para as baixas frequências. A capacitância do microfone e a capacitância de
entrada do pré-amplificador atuam como um filtro passa-alta, mas este efeito, na maioria dos
pré-amplificadores modernos não será prejudicial em frequências superiores a 125 Hz.
A determinação dos fatores de correção para o caso do protetor de vento é similar ao
do corpo do MNS, realizando a comparação dos resultados com e sem espuma. A diferença
corresponde aos fatores de correção.
O caso interessante é o das correções da resposta do microfone com respeito à resposta
uniforme (Figura (3.4)). Estas correções são de vital importância para os laboratórios de
calibração ao aplicar a norma IEC 61672-3 [5], mediante testes acústicos em pressão,
seguidos de correções.

Figura 3.4 – Reprodução da Figura (A.1) da norma IEC 62585 – (1) Meta de projeto
FF, (2) Resposta acústica FF, (3) Resposta em pressão. L1 a L4: Fatores para otimizar
o ajuste com o calibrador de nível sonoro à frequência fR.

O item 10 da IEC 62585 lembra que a IEC 61672-3 requer o uso de correções:

A IEC 61672-3 requer o uso de correções para compensar os desvios da resposta em


frequência, típica do microfone, com respeito à resposta em frequência uniforme. Isto deve ser
interpretado como o desvio, de fato, da resposta do microfone com respeito a uma resposta em
frequência uniforme, a menos não seja possível medir tal desvio, caso em que deve ser
utilizado o desvio típico da resposta do microfone. (tradução livre)

Chama a atenção o texto quando diz “...a menos não seja possível medir tal desvio,
caso em que deve ser utilizado o desvio típico da resposta do microfone”. Parece dar um
tratamento privilegiado a determinados microfones (em detrimento de outros de baixo custo),
pois, embora fabricados conforme a norma IEC 61094-4 [17], não sendo possível calibrá-los
55

resta apenas a opção de utilizar a resposta típica. O mesmo privilégio poderia ser demandado
por fabricantes de microfones ou de MNS ao incluir em seus projetos microfones de baixo
custo (que não atendam a norma IEC 61094).
Explicando o método por substituição, onde são comparados os resultados (a) com o
microfone acoplado ao pré-amplificador, porém sem o corpo do MNS e (b) o microfone e pré-
amplificador acoplado ao corpo do MNS, o Anexo G (informativo) apresenta 2 técnicas:

a. técnicas de Seleção no Tempo. O anexo remete para a norma IEC 61094-8


(2012) [21]. Embora a referida trate de microfones e não de MNS, as
técnicas se aplicariam também ao caso de MNS. O assunto é tratado
superficialmente;
b. tons puros em câmara anecóica. Esta seria a única técnica possível a ser
aplicada ao caso de MNS que não disponibilizem de saída AC. Requer a
realização de média espacial para minimizar as reflexões no ambiente. É
interessante notar que a norma não define a qualidade das condições de
campo livre, limitando-se à recomendação: “A instalação é tal que as
reflexões na direção do dispositivo sob teste sejam minimizadas” (tradução
livre).

O Anexo B da norma IEC 61094-8 (2012) citado pela norma IEC 62585 (2012)
detalha o processo de aplicação de técnicas de seleção no tempo. Talvez como resultado do
relatório EURAMET PROJECT 1056o Anexo B da norma IEC 61094-8 inicia introduzindo o
uso de técnicas e a necessidade de cuidar da forma de fixação.
Após algumas explicações sobre técnicas de seleção no tempo, a norma continua
apresentando algunsprocedimentos: (a) tom puro (stepped-sine), (b) excitação com varredura
de senos (sweep excitation), (c) excitação com ruído aleatório: branco ou rosa (random noise
excitation), (d) sequencias de comprimento máximo (maximum length sequence) e (e)
excitação com impulso: estouro de balão, centelha de arco voltaico, etc. (direct impulse
excitation). Na opção (b) o Anexo apresenta de forma simplificada como é possível obter a
resposta em frequência anecóica a partir de uma varredura de senos. Uma das considerações
práticas de destaqueé a virtude de aumentar a relação sinal-ruído através do tempo de duração
da varredura.
56

3.4. Calibração em Campo de Pressão (seguida da aplicação de correções)

Como mencionado anteriormente, a calibração em campo de pressão seguida de


correçõesé uma opção viável para o atendimento da norma IEC 61672-3 [5], porém depende
de que o manual de instruções do MNS submetido aos testes disponibilize todas as
informações requeridas pela norma. O laboratório terá rastreabilidade formal para o campo de
pressão e os resultados de campo livre, determinados a partir destes. A falta de informações
torna inviável o trabalho dos laboratórios, pois se por um lado há necessidade de atender o
cliente, por outro faltam subsídios para a calibração.
Considere-seo MNS modelo SVAN 955 [40], da Svantek, para ilustrar alguns
requisitos danorma sobre o manual de instruções.Segundo o item 9.2.4 da norma IEC 61672-1
[18] devem constar no manual os ajustes dos níveis indicados, dentre eles, a combinação do
desvio médio da resposta em frequência do microfone em relação a uma resposta uniforme e a
influência média dos efeitos de reflexões do corpo do medidor de nível sonoro e da difração
ao redor do microfone. No manual do SVAN 955 constam os dados da Tabela (3.1) e também
a especificação: Nível de Calibração para Campo Livre = 113.9 dB.

Tabela 3.1 – Correções para campo livre (incidência frontal). Tradução livre do
manual de instruções do MNS modelo SVAN 955

Microfone 7052S_1: coeficientes de correção para campo livre (ângulo de incidência = 0º)
Freq. 500 630 800 1,0 1,25 1,6 2,0 2,5 3,15 4,0 5,0 6,3 8,0 10,0 12,5 16,0 20,0
unid. Hz Hz Hz kHz kHz kHz kHz kHz kHz kHz kHz kHz kHz kHz kHz kHz kHz
[dB] -0,01 0,02 0,05 0,14 0,2 0,26 0,4 0,57 0,83 1,23 1,8 2,6 3,55 3,73 6,55 8,83 10,17

Observa-se que o nível de ajuste para campo livre (113,9 dB) é consistente com os
coeficientes de correção para campo livre informados na Tabela (3.1). Em 1 kHz o coeficiente
é 0,14 dB.
De acordo com o item 11.6 da norma IEC 61672-3 devem ser fornecidos dados de
correção de acessórios que façam parte do uso comum, caso contrário a calibração somente
poderia dar-se em campo livre. O manual do SVAN 955 apresenta o gráfico da Figura (3.5).
O item 5.2.7 da IEC 61672-1 requer que sejam informadas as correções de pressão
para campo livre, aplicáveis a um calibrador de nível sonoro multi-frequência ou a um atuador
eletrostático. O manual do SVAN 955 fornece as correções da Tabela (3.1), porém não deixa
claro a que tipo de calibração acústica se refere.
57

Figura 3.5 – Exemplo de dados de correção fornecidos pelo fabricante para a


espuma de microfone modelo SA 22. Os dados são fornecidos também em formato
tabela no manual de instruções.

Lamentavelmente não são informadas incertezas associadas às correções. Assim


sendo, o laboratório deverá assumir incerteza igual azero, conforme o item 11.7 da norma
IEC 61672-3.
Para aplicar este método alternativo o MNS deve ser calibrado eletricamente de
maneira a conhecer sua resposta em frequência. Pode-se considerar o caso de um MNS com
ponderação Z (Linear) em que os erros normalizados sejam determinados inserindo um sinal
senoidal contínuo, alterando a frequência por terços de oitava. Normalmente os erros são
normalizados em 1 kHz, que é a frequência de referência acústica da maioria dos calibradores
de nível sonoro. Eventualmente 250 Hz, usada também como referência de sensibilidade de
microfones. A inserção do sinal elétrico é realizada substituindo o microfone por um
microfone equivalente (dummy microphone) que simula sua impedância (Figura (3.6)).
O microfone é calibrado em pressão conforme a norma IEC 61094-5 [41] (cavidade)
ou a norma IEC 61094-6 [42] (atuador eletrostático). Ambas alternativas correspondem a
métodos normalizados e fornecem resultados da sensibilidade do microfone em campo de
pressão.
(a) A norma IEC 61094-5 [41] trata do método de calibração de microfone em
cavidade por comparação simultânea ou sequencial. A simultânea se dá em uma cavidade que
acopla fisicamente o microfone de referência face-a-face com o microfone sob teste (Figura
(3.7)), enquanto um sinal elétrico inserido na cavidade ativa produz a excitação de um
transdutor piezoelétrico. A sequencial pode ser executada com um calibrador de nível sonoro
multi-frequência, citado na norma IEC 61672-3.
58

(b) A calibração do microfone também pode ser conduzida mediante utilização de um


atuador eletrostático (Figura (3.8)) de acordo com a norma IEC 61094-6 [42], item 9.4.

Figura 3.6 – Inserção de sinal elétrico através de microfone equivalente (simulador


de impedância)

Figura 3.7 – Calibração de microfone em Cavidade ativa.

O teste do atuador eletrostático é considerado um campo de pressão simulado, pois a


excitação não é acústica. O diafragma do microfone é tensionado por uma força eletrostática
através de uma tensão de polarização (normalmente 800 V), imposta ao atuador, à qual se
soma o sinal de teste amplificado.
59

Figura 3.8 – Calibração de microfone com atuador eletrostático (Foto: Laeta/


Inmetro).

Microfones de campo livre, campo difuso ou de pressão são construídos para ter uma
resposta em frequência razoavelmente plana para o campo de interesse. Isso é conseguido
projetando apropriadamentea placa fixa. Por exemplo, para microfones de meia polegada, as
respostas em frequências deixam de ser coincidentes a partir de 800 Hz, isto é, a resposta em
frequência se altera conforme o campo ao qual o microfone for submetido.
A resposta típica de um microfone de campo livre, meia polegada, calibrado em
pressão é representada na Figura (3.9). Notoriamente, a partir de 800 Hz a sensibilidade do
microfone vai decaindo.

Resposta típica ao atuador de um microfone BK 4189


2
Valores normaliz. em 250 Hz (dB)

-2

-4

-6

-8

-10
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)

Figura 3.9 – Resposta típica de um microfone BK 4189 (de campo livre) calibrado
conforme a norma IEC 61094-6 (atuador eletrostático).
60

As correções do microfonedevem ser formalmente fornecidas pelo fabricante do MNS,


do microfone, do calibrador de nível sonoro ou do atuador eletrostático, ou extraídos de outra
fonte confiável de informação, por exemplo, da Página na Internet do fabricante ou do
distribuidor (conforme itens 9.4.2.d da norma IEC 61672-1 e, 11.3 e 11.7 da norma
IEC 61672-3). Não está explícito na norma, mas seria razoável incluir laboratórios de
aprovação de modelo como fontes confiáveis de informação.
As demais correções (corpo, protetor de vento, acessórios) devem constar no manual
de instruções do MNS. A sensibilidade em campo livre é determinada pela Equação (3.6):

[dB], (3.6)

onde é a sensibilidade do MNS em campo livre (objeto de medição), a


sensibilidade do microfone em campo de pressão, a correção de pressão para campo
livre referente ao microfone, a correção devida ao corpo do MNS, e
outras correções, por exemplo, devidas a uma espuma de microfone.
É notória a relevância da incerteza associada ao fator de correção. A própria norma
IEC 62585 [39] incorpora um anexo para dimensioná-la corretamente. Não deve ser
subestimada porque ela é derivada de testes acústicos e não deve ser superestimada porque
comprometeria o critério de incerteza máxima da norma IEC 61672.
Para o corpo do MNS as incertezas previstas são bastante restritivas:

As incertezas expandidas de medição das correções requeridas para ajustar as indicações do


medidor de nível sonoro para o equivalente em campo livre não devem exceder 0,25 dB para
todas as frequências até e incluindo 4 kHz, 0,35 dBpara todas as frequências entre 4 kHz e
10 kHz, e 0,50 dB a 10 kHz e frequências maiores.

Estas incertezas são extremamente rigorosas para a técnica de comparação com um


microfone de referência, pois apenas a contribuição do microfone pode comprometer o
atendimento destes limites (será observado no Capítulo 5).Mas, como visto anteriormente, a
norma propõe que a influência do corpo seja determinada comparando o (a) microfone
isoladamente e (b) o microfone com o pré-amplificador acoplado ao MNS, ou seja, a
diferença relativa da influência. Assim, a ordem de grandeza das incertezas parece mais
razoável. Em contrapartida tornaria imprescindível o uso de um dummy case (só o corpo de
MNS) para o teste.
De qualquer maneira a solução destas dificuldades é de responsabilidade do fabricante
durante a fase deprojeto e aprovação de modelo. Para os efeitos deste estudo a informação do
61

fator de correção não é relevante. Ao contrário, se busca uma técnica que ofereça
independência e, no caso da calibração pela norma IEC 61672-3, as incertezas máximas
expostas em 2.3.2.
62

4. CAMPO LIVRE SIMULADO

No capítulo anterior foi apresentada a problemática para determinar a resposta em


campo livre segundo anorma IEC 61672-3 [5]. A câmara anecóica permite reproduzir o
campo livre, embora não seja um campo livreideal. Obter condições de campo afastado em
baixas frequências mediante este tipo de instalação representaria aos laboratórios secundários
uma barreira financeira intransponível.A calibração em pressão é viável, porém depende de
correções que, por sua vez, são determinadas através de testes em câmara anecóica, como os
descritos na norma IEC 62585 [39].
As normas IEC 62585 e IEC 61094-8 [21] abrem a possibilidade de serem aplicadas
técnicas de seleção no tempo, mas as técnicasnão são detalhadascom suficiente abrangência, o
que faz pensar que tenham conquistado um patamar de confiança parcial,apenas como
ferramenta destinada à depuração do resultado obtido em câmara anecóica. De fato, as
técnicas tem essa virtude. Mas a proposta do deste estudo e demonstrar que a TST é
autossuficiente, pelo menos na faixa de frequências de interesse para o atendimento danorma
IEC 61672-3, oferecendo resultados consistentes com aqueles obtidos pelo método clássico.
A razão de ser das técnicas de processamento de sinais é que elas permitem fazer
frente a alguns problemas apresentados. OPPENHEIM& SCHAFER [43] explicam que os
sistemas de processamento de sinais no tempo discreto têm muitas características atraentes,
dentre as quais a flexibilidade. Sistemas completos de processamento podem ser
implementados utilizando circuitos integrados com integração emmuito larga escala (VLSI -
Very-large-scale integration). Ao operar no tempo discreto é possível simular sistemas
analógicos e principalmente realizar transformações nos sinais que não poderiam ser
concretizadas através de hardware no tempo contínuo.
A ideia de se determinar a função de transferência anecóica mediante processamento
de sinais não é tão recente. Algumas propostas, entretanto, tiveram de aguardar o
desenvolvimento tecnológico em virtude do alto desempenho requerido no processamento de
dados, não disponibilizado à época. Não apenas quanto à velocidade de processamento, mas
também em relação á faixa dinâmica da instrumentação, visto que na aplicação de tais
técnicas uma boa relação sinal-ruído é de vital importância (em particular, para a Resposta
Impulsiva - RI). Quando se deseja melhorar a relação sinal-ruído a primeira solução
imaginável é aumentar a amplitude do sinal de excitação, porém o próprio alto-falante começa
a se afastar da faixa linear introduzindo distorções. Dependendo da potência aplicada ao alto-
63

falante poderá haver aquecimento da bobina, prejudicando também a estabilidade do sinal


acústico.
Dentre as técnicas existentes MÜLLER &MASSARANI[44] defendem a vantagem
que tem o uso da varredura de senos como sinal de excitação que, com suficiente duração,
permite suprimir o ruído e a distorção harmónica. Inclusive apontam que o alto-falante pode
ser alimentado com maior potência sem introduzir artefatos sob toda a RI, visto que a
distorção fica concentrada ao final. Neste trabalho foi utilizada a técnica por eles proposta.

4.1. Métodos para determinação da função de transferência

A TST, especificamente aquela que usa varredura de senos como sinal de excitação,
não é a única ferramenta de processamento de sinais para determinar a função de
transferência. No mesmo artigo, MÜLLER & MASSARANI fazem uma descrição detalhada
dos métodos existentes. Existem diferentes procedimentos para a obtenção de RI de sistemas
acústicos. Basicamente o que difere nos procedimentos para a obtenção da RI está na maneira
em que se dá a excitação do sistema acústico a ser ensaiado. A diferença entre estes
procedimentos está na qualidade do resultado da obtenção da resposta impulsiva do sistema
acústico sob teste (SAT). Ainda segundo MÜLLER & MASSARANI [44] as vantagens em
utilizar-se a varredura de senos em comparação com os outros sinais de excitação reside na
maior relação sinal ruído, separação e supressão dos artefatos de distorção e velocidade na
obtenção da RI, dentre outras. A Tabela (4.1) fornece um resumo das características
relevantes e algumas desvantagens apontadas para ilustrar a comparação dos métodos[44].

4.2. Técnica de Seleção no Tempo – TST – (Campo Livre Simulado)

Em 1979, BERKHOUT & BOONE[45] apresentaram um método para obter a RI com


base em uma varredura de senos, com conteúdo em todas as frequências de interesse, porém
espalhada no tempo. Mediante uma técnica de deconvolução, seria possível obter a RI com
uma relação sinal ruído suficiente. A varredura consistiria de um sinal de duração aproximada
100 ms (muito mais longo do que um disparo). A fonte deveria satisfazer algumas condições:
(a) o sinal gerado deveria conter energia suficiente para obter uma boa relação sinal-ruído em
toda a faixa de frequências de interesse, (b) a fonte deveria gerar um único pulso sem
provocar oscilações significativas fora do lóbulo principal e (c) deveria conseguir-se
repetibilidade ao longo do tempo.
64

Tabela 4.1 – Principais características dos métodos existentes de processamento de


sinais para determinação da função de transferência (microfone ou MNS).

Método Comentários

Espectrometria de O método toma por base o produto do sinal adquirido com o sinal de excitação (varredura
atraso de tempo de senos) previamente aplicado um retardo equivalente ao tempo de transmissão acústica
(Time Delay entre a fonte e o microfone. Ao multiplicar estes dois sinais, obtêm-se componentes com
Spectrometry(TDS)) a soma das frequências e componentes com a diferença delas, sendo a componente soma
eliminada com um filtro passa-baixa.
Utilizauma varredura lineare em função disso se gera uma situação de compromisso:se a
faixa de 20 Hz até 20 kHz for varrida em curto espaço de tempo não será transmitida
energia suficiente nas baixas frequências, e seao contrário for ampliado o tempo para
atender às baixas frequências, o teste completo será extremamente demorado. A solução
seria cobrir a faixa em duas etapas, mas isto implica em fazer dois ensaios.
Outro problema apontado no TDS é que para as baixas frequências é difícil eliminar o
ripplepor conta do vazamentodo filtro passa-baixa. Ocorre que a soma das frequências se
aproxima da frequência de corte do filtro e o sinal não consegue ser eliminado com tanta
eficiência.
Por último, no TDS é alcançada uma menor faixa dinâmica em comparação com a
varredura de senos.

Análise FFT de O método toma por base o quociente do espectro de saída com o espectro de entrada,
dois canais previamente aplicado o retardo correspondente ao tempo de transmissão acústica entre a
(Dual-Channel fonte e o microfone. Especialmente a questão da distância é a vilã do método, pois é
FFT-Analysis) necessário que ambos os canais analisem a mesma informação ao mesmo tempo, ou seja,
o tempo de retardo deve ser muito preciso.
Em geral se tem uma pobre relação sinal-ruído para algumas frequências. Necessita
realizar muitas médias antes de obter-se um resultado confiável.

Tom Puro O método consiste em excitar a fonte com sinal senoidal mudando a frequência passo a
(Stepped Sine) passo. O sinal adquirido pode ser analisado através de filtro ou de FFT (a forma mais
comum).
Tem como vantagem o fato de se obter uma excelente relação sinal-ruído, sendo ideal
para medição da distorção. Como desvantagempode apontar-se o fato do procedimento
ser extremamente demorado como fruto da necessidade de realizar médias espaciais para
minimizar o efeito das reflexões sonoras na câmara anecóica.

Excitação com O método consiste em excitar o campo acústico através de um impulso. Por tratar-se do
Impulso delta de Dirac, o sinal adquirido já corresponde à RI. Aumenta-se a precisão utilizando
(Impulses) um espectro de referência e pode ser aplicado um janelamento para separar as reflexões.
Foi um método bastante popular, especialmente produzido com um estampido de arma,
estouro de balão, ou outro.
Tem como desvantagem a baixa repetibilidade e nem sempre é possível obter uma boa
relação sinal-ruído.

Sequências de O método consiste em utilizar um sinal de excitação pseudo-aleatório, com amplitude


Comprimento aleatória, porém fase conhecida. O sinal retangular é conseguido facilmente usando
Máximo recurso de eletrônica básica (portas lógicas). Como a tecnologia da década de 80 era
(Maximum length suficiente, este método ficou muito popular em virtude da facilidade para produzir os
sequences - MLS) sinais de excitação. A autocorrelação se aproxima ao delta de Dirac permitindo trabalhar
a função de transferência.
A desvantagem apontada é que, devido ao tipo de sinal de excitação, a distorção fica
espalhada ao longo de toda a RI impossibilitando sua remoção. Outra desvantagem é que
o método requer que o sinal de excitação seja executado duas vezes.
65

Um ano mais tarde, AOSHIMA[46]comentaria em seu artigo “Computer-generated


pulse signal applied for sound measurement”, que o impulso produzido por um disparo ou
explosão, assumido anteriormente como de distribuição espectral de potência plana, na
prática, sequer o seria para uma banda estreita. Para gerar um sinal com as características
desejadas elas seriam primeiramente definidas no domínio da frequência e o sinal no domínio
do tempo obtido aplicando-se a Transformada Inversa de Fourier (IFFT). O resultado seria um
sinal de espectro idealmente plano, com excelente reprodutibilidade que permitiria realizar a
média temporal e melhorar a relação sinal-ruído. A potência do sinal seria elevada sem
necessidade de aumentar a amplitude do pico e a remoção de sons indesejados seria feita com
recursos computacionais, claro, desde que o tempo entre o pulso desejado e o indesejado fosse
grande o suficiente se comparado com o tempo de duração do pulso.
JACOBSEN&JAUD[47], quase duas décadas depois, admitem que alguns problemas
da câmara anecóica poderiam ser resolvidos no domínio do tempo, atuando diretamente na RI
mediante a aplicação de uma função janela para remover as reflexões.
Neste contexto tecnológico poderia ser definido o campo livre simulado como o
campo sonoro em torno de alguma região bem definida no espaço onde as ondas sonoras
vindas de todas as direções são registradas, porém somente o som direto é selecionado. A
detecção das ondas sonoras viajantes em todas as direções no interior de uma sala sem
tratamento acústico pode ser registrada por meio de um analisador espectral conectado a um
microfone posicionado no interior da mesma. A vantagem aparece quando é utilizado um
sinal de excitação determinístico (ou seja, aquele sobre o qual “não existe nenhuma incerteza
com respeito ao seu valor em qualquer instante de tempo” [48]), por exemplo, uma varredura
de senos, a partir da qualse pode obter a função de transferência da “fonte sonora-sala-
microfone” (domínio da frequência).
Esta função de transferência ainda não permite realizar o campo livre simulado, mas
ao utilizar-se a Transformada Inversa de Fourier (IFFT) obtém-se a resposta impulsiva do
acoplamento “fonte sonora-sala-microfone”. A resposta impulsiva apresenta uma visão do
sinal no domínio do tempo, favorecendo a identificação da componente do som direto e as
componentes relacionadas às reflexões sonoras no interior da sala. Utilizando a técnica de
seleção no tempo por meio da aplicação de uma função janela suprimem-se as componentes
indesejáveis, tal como sugerido por AOSHIMA, e matem-se somente a componente do som
direto. Aplicando a Transformada de Fourier (FFT) torna-se para o domínio da frequência
onde a função de transferência anecóica é alcançada.
66

Como visto a ideia não é tão recente, mas a técnica demandaria um “grande esforço
computacional”[6] devido às fases necessárias ao processamento. Atualmente, os
computadores modernos têm velocidade e memória suficientes para fazer toda essa operação
e não é mais um desafio.
As técnicas de processamento são mais abrangentes, pois não apenas permitem
determinar a função de transferência anecóica, mas a RI de um sistema acústico sob teste de
modo geral. Cabe ressaltar que o sistema acústico sob teste pode ser entendido como vários
objetos sob teste, por exemplo, a caixa acústica, a sala ou o microfone. Tudo vai depender de
quem é conhecido por meio de um certificado de calibração ou simplesmente uma carta de
sensibilidade. Por exemplo, caso se conheça a sensibilidade do microfone e a sala é uma
câmara anecóica (ou campo livre simulado) então será possível determinar a resposta em
frequência do alto-falante. Em outra condiçãopoderá conhecer-se o microfone e o alto-
falantee então ser possível determinar os parâmetros acústicos da sala.
SOARES[49] explica sua vantagem na calibração de microfones por reciprocidade em
campo livre para eliminar a diafonia (crosstalk) e MILHOMEM desenvolve esta técnica de
remoção em sua dissertação de mestrado [50]. No caso deste estudo a função de transferência
corresponde ao sistema de medição, ou seja, ao conjunto microfone e medidor, incluindo a
influência das reflexões no corpo do próprio MNS e as difrações no microfone. O mesmo
SOARES[7], durante o desenvolvimento de sua tese de doutorado, realizou verificações
preliminares aplicando a TST a um MNS marca Ono Sokki para demonstrar que os resultados
seriam promissores motivando sua validação como método alternativo.
A Figura (4.1) identifica o diagrama de blocos para processamento de sinais utilizando
uma varredura de senos, como proposto por MÜLLER & MASSARANI [44].
Os passos ou operações necessárias à aplicação da TST estão detalhados em [6], [44] e
[49] e são resumidos nos passos de (a) a (g):

a. Geração do arquivo de varredura de senos (amplitude constante).


Uma varredura de senos é definida pela equação com
um incremento de fase tal que . O incremento
da fase pode ser linear, quando é adicionada uma constante, ou seja,
, ou logarítmico, quando o incremento da fase é
multiplicado por uma constante, sendo .
67

Figura 4.1 – Diagrama de blocos para determinação da Função de Transferência


Anecóica mediante a TST utilizando varredura de senos.
68

Quando se pretende enfatizar frequências onde se espera uma menor


sensibilidade do dispositivo sob teste e, particularmente, onde a fonte
apresenta menor eficiência de desempenho, convém utilizar um incremento
controlado da fase (arbitrário), ou seja, . O resultado é uma
varredura de senos com incremento de fase arbitrário.

b. Geração do filtro de compensação para as regiões do espectro onde há


menor relação sinal-ruído, ou onde há expectativa de menor sensibilidade
do dispositivo sob teste, ou mesmo onde a fonte sonora apresenta menor
eficiência. Isto é realizado sem alterar a amplitude do sinal de excitação,
mas controlando a fase. Assim, consegue-se controlar a distribuição de
energia no espectro, sobretudo para as baixas frequências, sem elevar o
fator de crista, no sentido de compensar o desempenho do conjunto sala,
fonte e eventualmente do dispositivo sob teste. A elevação do fator de
crista representa perda de energia durante o processo, ou seja, redução da
eficiência.
O filtro de compensação é construído no domínio da frequência a
partir de um arquivo de compensação que guarda informações da resposta
em frequência da própria caixa acústica,determinado como resultado de um
experimento em ambiente externo com uma varredura logarítmica. Cada
caixa acústica tem seu próprio arquivo de compensação. Ao filtro de
compensação são também aplicados outros dois filtrosum para dar ênfases
nas baixas frequências (compensando o desempenho da caixa acústicae a
baixa relação sinal ruído), e outro passa banda, para limitar a faixa da
varredura de senos.

c. Execução do sinal de excitação através da fonte sonora (amplificador +


alto-falante) e aquisição do sinal no receptor.
Considerando a varredura arbitrária de senos , no domínio da
frequência , e considerando também o filtro de
compensação , é possível construir o sinal de excitação no domínio da
frequência como . O sinal de excitação no domínio
do tempo será obtido como .
69

Sendo o sinal adquirido no receptor (microfone ou MNS), obtém-se a


resposta à varredura de senos .

d. Multiplicação da resposta à varredura de senos com o filtro inverso .O


filtro inverso no domínio do tempo é tal que, quando
convoluído com sinal de excitação , resulta no delta de Dirac:
.
O resultado desta multiplicação é a resposta compensada , tal que
, sendo . É conveniente lembrar que a
convolução no domínio do tempo equivale à multiplicação no domínio da
frequência, e é mais rápido processar os dados desta forma[44]. Assim, a
resposta compensada é obtida multiplicando o espectro da resposta à
varredura de senos pelo espectro do filtro inverso. A resposta compensada
corresponde à função de transferência do conjunto amplificador, caixa
acústica, sala (ou meio propagante/acoplador acústico), microfone, pré-
amplificador, condicionador de sinais e conversor A/D.

e. Aplicação datransformada inversa, tal que .A função


corresponde à Resposta Impulsiva (RI) que será objeto de análise.
Segundo BARRERA, RASMUSSEN & JACOBSEN[34] a RI contém
informação acerca da onda de incidência direta assim como das reflexões e
as ondas estacionárias. Tais efeitos indesejáveis podem ser removidos por
meio do janelamento.

f. A RI corresponde à resposta do dispositivo sob teste, na configuração


de teste, inclusive em relação ao acoplador acústico e às propriedades da
fonte sonora e do sistema elétrico. Um janelamento apropriado, no domínio
do tempo, permite suprimir as reflexões, a reverberação, o ruído de fundo e
a distorção. O janelamento consiste de multiplicar a função por uma
função janela , obtendo a resposta janelada .A
função janela é basicamente uma função retangular com bordas suavizadas.
São de fato as reflexões que oferecem mais atenção e uma vez eliminadas
70

as reflexões, a reverberação, o ruído de fundo e as distorções, obtém-se a


resposta janelada, que corresponde à resposta anecóica .

g. Aos acústicos interessa normalmente a resposta em frequência que pode ser


obtida aplicando FFT: .

O hardware usado neste trabalho permite montar uma varredura de 2n pontos, com
taxa de amostragem S (Hz). O tempo total de varredura tV em segundos pode ser calculado
pela Equação (4.1):

(4.1)

Por exemplo, para n = 20 e S = 96 kHz, = 10,92 s.

Como SOARES [6],é possível afirmar que a sensibilidade em campo livre de um


microfone, e por extensão, de um MNS ou de um sistema de medição, pode ser obtida sem a
necessidade da utilização da câmara anecóica. A técnica permite simular a condição anecoica,
dentro de certos limites, mesmo que o ambiente não tenha tal característica.
Considerando o elevado custo de construção de uma câmara anecóica, o fato de ser
possível “produzir um Campo Livre Simulado” é extremamente atrativo aos laboratórios
secundários. Basta uma sala com um pé direito 3 m para tornar viável o teste por comparação
(naturalmente mantendo uma distância mínima de1,5 m até quaisquer superfícies: piso, teto,
paredes e objetos). Esta condição elimina uma barreira enorme no sentido de atender
requisitos de testes pela norma IEC 61672-3 [5] e ainda facilitar eventuais ensaios de
apreciação técnica de modelo segundo a norma IEC 61672-2 [19] para eventual atendimento
de requisitos legais. As limitações impostas pelo ambiente e as primeiras reflexões serão
estudadas no próximo capítulo.
Acima foram mencionadas as técnicas de processamento de sinais que nos permitem
determinar a função de transferência anecóica. A aplicação da TST utilizando varredura
logarítmica de senos mostra algumas vantagens, pontuadas por SOARES [6] e outros autores:

a. FARINA[51] aponta que a utilização de uma única e longa varredura


logarítmica de senos faz com que a distorção seja separada no domínio do
71

tempo enquanto outras técnicas (tais como MLS) a dispersam em toda a


resposta impulsiva tornando inconveniente a aplicação da janela. O método
da varredura logarítmica é descrito por FARINA como aquele que
consegue “deslocar” a distorção atravésdo processo de deconvolução para
antes da própria incidência direta (ver Figura (4.2)).

Pico do som
direto

Distorção
dB re. 1 V

Reverberação

Figura 4.2 – Resposta Impulsiva.

b. Uma das consequências positivas é então o aumento da relação sinal-ruído,


que chega a ser maior do que 60 dB.Foi mencionado anteriormente que a
elevação do sinal de excitação como recurso para melhorar a relação sinal-
ruído traz consigonão somente o aumento da distorção, mas principalmente
o aquecimento da bobina do transdutor, prejudicando as réplicas. Assim, há
de se procurar a melhor relação de desempenho para a instrumentação
disponibilizada pelo laboratório. É possível conseguir uma relação sinal-
ruído suficiente com uma única execução da varredura (sem necessidade de
realizar médias).

c. O fato de dispensar a realização de médias repercute na redução do tempo


de medição (pelo menos metade do tempo do teste MLS). Se comparado
então com o tempo de ensaio em câmara anecóica, pode se dizer que a TST
é extremamente vantajosa. O tempo reduzido de teste é atrativo aos
laboratórios de calibração que conseguem ser mais competitivos.
72

d. A TST com uso de varredura de senos se mostra menos vulnerável em


função do tempo, especialmente ao assumir-se, nos diversos métodos, que
tanto o sistema de medição quanto o objeto sob teste são invariantes no
tempo (o que não é tão verdadeiro). Pode se dizer que a TST com uso de
varredura de senos é mais robusta que a técnica MLS.

e. Quando a técnica é utilizada para obter a RI completa, incluindo o tempo


de reverberação da sala, FARINA [51] recomenda que o sinal de excitação
inclua um período de “silêncio” ao final da varredura como ferramenta para
evitar umtruncamento durante a reverberação e evitá-la é essencialmente
importante quando a reverberação é o objeto da pesquisa. Neste estudo
interessa somente o entorno da incidência direta e ainda, como a varredura
inicia a partir das frequências baixas, o tempo total do teste é suficiente
para adquirir a informação da reverberação das baixas frequências sem
nenhum truncamento.De fato o sinal de excitação utilizado tem um breve
instante de “silêncio” de 0,5 s, que é suficiente para finalizar a reverberação
das altas frequências. De qualquer maneira a informação da reverberação
será eliminada durante o janelamento.

O software utilizado permite selecionar entre convolução linear ou circular. Ambas


atendem aos objetivos da calibração de MNS pela TST. A convolução linear é a melhor opção
quando se pretende estudar a reverberação ou a distorção. Na convolução circular um ruído
originário de um artefato na sala poderia ser mascarado debaixo do tempo de reverberação.
A convolução linear, no entanto, demanda o dobro de tempo, pois o sinal de excitação
deve ser estendido com “zeros” em um período igual ao da varredura. Apesar disso, dobrar o
tempo não é tão significativo, pois para uma varredura de aproximadamente 20 s o tempo
dobrado corresponderia a 40 s, o que não parece gerar tanto impacto.
A opção de convolução circular é pré-programada como preferencial para o caso deste
estudo, pois a função janela irá eliminar a reverberação, o ruído de fundo e a distorção,
restando, somente, o entorno do pico do som direto. Portanto, as virtudes da convolução linear
não são aproveitadas.
A informação relevante para o caso da calibração de MNS está no entorno do pico do
som direto. O espalhamento que ocorre neste entorno corresponde à própria distorção da fonte
e aos atrasos de fase devido à resposta inercial do cone (ver Figura (4.3)). Se (a) o alto-falante
73

fosse totalmente rígido, com resposta perfeitamente plana, sem inércia, sem modos nem
deformações, se (b) o microfone tivesse uma resposta perfeitamente plana e sem distorção, se
(c) a instrumentação, pré-amplificador e conversor A/D não introduzissem distorções e se (d)
o ambiente fosse perfeitamente anecóico e nenhuma superfície refletisse a onda sonora, então
o impulso obtido ao aplicar IFFT seria exatamente um delta de Dirac.

Pico do
Primeira reflexão.
som direto
dB re. 1 V

Figura 4.3 – Resposta Impulsiva e espalhamento no entornodo pico do som direto


(eixo das ordenadas em escala logarítmica).

O alto-falante, especialmente se for um woofer, é o maior responsável pelo


espalhamento (ou dispersão), devido aos atrasos de grupo. Ele próprio é um filtro Butterworth
de banda passante não muito larga (30 Hz até 800 Hz). Considerando que a compressão no
domínio da frequência implica em espalhamento no domínio do tempo, fica clara sua
responsabilidade no espalhamento em torno da resposta impulsiva (mais adiante serão
evidenciadas as respostas para diferentes fontes). O contrário também é verdadeiro, a
compressão no domínio do tempo implica em espalhamento no domínio da frequência. Se
existisse um woofer com resposta em frequência até 100 kHz (considerada infinita para os
efeitos práticos) e se este fosse perfeito, com resposta plana, sem modos e sem atraso de
grupo, então se conseguiria uma resposta impulsiva praticamente sem espalhamento. O cone
do woofer, entretanto, é de um material sem rigidez e a partir de certas frequências começam
a surgir modos na superfície de maneira que a geração de pressão sonora não é homogênea
em toda sua extensão.
Outra razão do espalhamento é devido aos atrasos de grupo (derivada da fase). Por
uma questão de inércia o cone não responde com a mesma velocidade para todas as
74

frequências. Ao ser excitado, por exemplo, com um impulso, a alta frequência responde de
imediato enquanto para as baixas frequências a bobina necessita acumular energia antes de
provocar o movimento. Assim as diferentes frequências são excitadas com fases diferentes.
A Figura (4.4-a) mostra a RI em todo o intervalo de aquisição. No instante próximo de
zero é mostrada a chegada da incidência direta;depois a reverberação, o ruído de fundo e
finalmente a distorção. A Figura (4.4-b) corresponde a uma ampliação do entorno da
incidência direta.

Reverberação

Distorção
dB re. 1 V

Ruído de Fundo
(a)

Distorção
dB re. 1 V

(b)

Efeito do filtro. Batimento

Figura 4.4 – (a) resposta impulsiva em toda a extensão do tempo de aquisição;


(b) resposta impulsiva no entorno do pico do som direto (linha verde representando a
função janela).
75

Do lado esquerdo do pico do som direto, aparece o batimento provocado pelo filtro
passa-faixa, filtro imposto ao próprio arquivo do sinal de excitação que tem por objeto cortar
as informações de baixas e altas frequências fora da região de interesse. A função janela
ilustrada na Figura (4.4-b) consegue suprimir as reflexões e os artefatos de distorção.
FARINA [51] detalha com precisão como a distorção é “deslocada” para o fim da RI,
e o faz com base em uma varredura logarítmica que é mais apropriada quando interessa
quantificar a distorção harmônica. Na Figura (4.5):(A) A reta inclinada representa a varredura
das frequências em função do tempo; (B) acrescenta as linhas da distorção harmônica;
(C) identifica o filtro inverso, representado no tempo negativo, para proceder à deconvolução;
(D) ao multiplicar cada frequência (fundamental e harmônico) pelo filtro inverso, primeiro se
dá a fundamental no tempo igual a zero e antes dela (no tempo negativo), a distorção. Neste
trabalho se usa uma varredura com incremento controlado da fase (arbitrária) e por tal razão a
distorção não aparece tão organizada (Figura (4.4-a)).

Figura 4.5 – Estudo da distorção harmônica utilizando uma varredura de senos


logarítmica

A Figura (4.6) mostra o resultado da aplicação da função janela. O janelamento é


também um filtro passa-faixa com bordas suavizadas, construído convenientemente e levando
em conta uma situação de compromisso: (a) é conveniente estreitar a janela para cortar os
todos os efeitos indesejados e (b) é conveniente alargar a janela para não comprometer as
baixas frequências. Por essa razão o ambiente onde o sistema de teste é montado não pode ser
subestimado, pois a primeira reflexão será determinante na escolha desta janela.
76

dB re. 1 V

Figura 4.6– Resultado da aplicação da função janela na RI.

O tamanho da janela depende fundamentalmente da primeira reflexão que se deseja


eliminar com a técnica. Para exemplificar, considerem-seduas distâncias para a primeira
reflexão: 1,2 m e 2,0 m, mantendo constante a distância fonte-microfone em 1 m.A Tabela
(4.2) mostra que o intervalo de tempo disponível para a janela acaba praticamente dobrando.
É fácil conseguir um ambiente com pé direito de 2,70 m, porém essa janela compromete um
pouco mais as baixas frequências. Por outro lado, é difícil ser disponibilizado um pé direito de
4 m. Logo, há de se encontrar a melhor situação de compromisso.

Tabela 4.2 – Tempo disponível para aplicação da função janela

Primeira Segunda
Situação Situação

Distância entre o eixo fonte-receptor e a


(m) 1,2 2,0
primeira superfície de reflexão

Distância percorrida pelo som refletido (m) 2,6 4,1

Tempo necessário para o som refletido


(ms) 7,6 12,0
incidir no receptor

Tempo disponível para a função janela (ms) 4,7 9,1

Velocidade aproximada do som 343 m/s.


Tempo necessário para o som direto incidir no receptor (distância 1 m): 2,9 ms.
77

A escolha da janela é um trabalho minucioso que requer bastante precaução para


eliminar as reflexões, sem perder informações relevantes contidas no entorno da RI, onde
ocorre o espalhamento. A Figura (4.7)ilustra o impacto de se alterar a largura da janela. Se
durante o procedimento de comparação a janela for mantida inalterada, os erros sistemáticos
ocorrem tanto para o microfone de referência quanto para o MNS sob teste, de maneira que
são eliminados na comparação. Uma vez definida a janela esta deve ser mantida fixa durante
o teste de comparação.

(dB) Influência da largura de uma janela referenciada a uma de 5 ms


1,5

1
3,66 ms
0,5
4,00 ms
0 4,33 ms

-0,5 4,66 ms
5,33 ms
-1
5,66 ms
-1,5 6,00 ms

-2
10 100 1000 10000 (Hz)

Figura 4.7 – Ilustração do impacto que pode produzir a largura de janelamento (em
função de uma janela fixa de 5 ms).

Como observado anteriormente a distorção foi “deslocada” para o final da RI. O pico
do som direto seria encontrado no instante t0 = 0. Isto seria inconveniente para visualizar o
entorno e reconhecer o espalhamento e as reflexões com o propósito de definir o janelamento.
Osoftwareusado neste estudo disponibiliza de um recurso denominado cycle moving que
reposiciona a RI como se o pico do som direto tivesse ocorrido em um instante
predeterminado, por exemplo, 20 ms. Ao aplicar este recurso, no tempo negativo volta parte
da informação da distorção e do espalhamento da caixa (visualizado à esquerda do pico), além
do batimento provocado pelo filtro passa-faixa imposto ao sinal de excitação. SOARES &
MÜLLER [52] descrevem os benefícios ao se utilizarem varreduras longas, pois estas
permitem obter uma RI separando temporalmente as distorções harmônicas e permitindo
aplicar uma função janela com mais facilidade. As varreduras usadas neste trabalho têm
duração superior a 10 s.
78

5. MEDIÇÕESE ANÁLISE DE RESULTADOS

O objetivo principal deste trabalho é comparar os resultados obtidos ao aplicar a TST


com aqueles obtidos na câmara anecóica. Uma das considerações mais relevantes é que as
câmaras anecóicas são ambientes que simulam as condições de campo livre e não
propriamente o campo livre. Testes com MNS, como aqueles citados no recente relatório
EURAMET PROJECT 1056[35], são conclusivos sobre a necessidade de seremutilizadas
técnicas de supressão para eliminar seus defeitos. De maneira que,daqui em diante, o
resultado da comparação entre os métodos éestudado sobre esta ótica.
A hipótese de que a TST pode ser aplicada como método de calibração de medidores
de nível sonoro em campo livre foi testada através da simulação de um corpo de medidor
acoplado ao sistema de referência.Estes resultados, por si só, fornecem evidências eloquentes
sobre a validação do método.Outros testes foram realizados para agregar robustez e verificar
as contribuições mais relevantes para a estimativa de incerteza.
Por tratar-se do método de comparação podem ser desconsiderados erros sistemáticos
quando ocorrem tanto para a referência quanto para o MNS sob teste. A faixa de frequências
de 125 Hz a 8 kHz é suficiente do ponto de vista da norma IEC 61672-3 [5], mas a técnica
pode atender em uma região mais ampla. Por essa razão serão apresentados resultados que
excedem estes limites.

5.1. Ferramentas utilizadas

Para o desenvolvimento dos trabalhos contou-se com todo o aparato físico e


instrumental do Inmetro e com o apoio da Secretaria do Estado de Ciência e Tecnologia, que
através de verba disponibilizada pela FAPERJ – Fundaçãode Amparo à Pesquisa do Estado do
Rio de Janeiro possibilitou a aquisição de algumas ferramentas indispensáveis. Na conclusão
dos trabalhos foi elaborado um relatório cujo conteúdo, em parte, foi extraído dos capítulos
desta dissertação.
Além do Inmetro, outras trêsorganizações contribuíram emprestando MNS para os
testes: Ame Audiologia Ltda., Métron Acústica,Engenharia e Arquitetura Ltda. e Total Safety
Ltda.
Resumo de ferramentas (Figura (5.1)):
- Câmara reverberante de aproximadamente 200 m³
- Câmara anecóica de aproximadamente 96 m3
79

- Sistema de medição com recursos de análise de RI


- Caixas acústicas
- Pré-amplificadores
- Microfones de referência e microfones de trabalho
- Medidores de Nível Sonoro
- Corpo de medidor de nível sonoro
- Pedestais, tripés, hastes, tubos, bases de fixação
- Cabos de microfone, extensões e plugs
- Cavidade (testes em pressão)

Figura 5.1 – Ferramentas de trabalho e ambientes disponibilizados para a pesquisa.

A câmara reverberante foi escolhida, por ser uma sala grande e com boa isolação,mas
também por apresentar consideráveis reflexões sonorase baixo amortecimento. A resposta
impulsiva obtida neste ambiente é mais didática porque permite visualizar com mais
facilidade o som direto, as reflexões, a reverberação, o ruído de fundo e os artefatos de
distorção. Certamente, é um ambiente desfavorável para obter-seuma resposta anecóica e,
portanto, coloca à prova a TST.
O hardware “Aurélio CMF22” da Figura (5.2) e seu software “Monkey Forest”
dispõem de recursos para atender diferentes necessidades na área acústica. Por exemplo,
alguns destes recursos, tais como FFT e IFFT,foram utilizados para que análises no domínio
do tempo e no domínio da frequência permitissem a obtenção da resposta impulsiva. O
equipamento permite aplicar todas as fases da TST descritas em4.2: geração do arquivo do
80

sinal de varredura, amplificação e excitação da caixa acústica, aquisição do sinal do


microfone de referência ou da saída AC do MNS sob teste, até o processamento de dados,
convolução, janelamento e outros passos. Este hardware foi projetado na DIAVI por Swen
Müller e conta com dois canais de entrada e um amplificador também de dois canais de
100 W rms por canal para uma carga de 4 Ohms.

Figura 5.2 – Sistema de medição CMF22.

Ambos os canais de entrada são programados para operar independentemente ou em


conjunto, cada um com entradas tipo LEMO de 7 pinos, XLR ou BNC que podem ser
configuradas através do software, por exemplo, com ou sem polarização de 200 V para
microfones capacitivos no LEMO, ou para entrada em tensão AC através do conector BNC.
O CMF22 tem saída para conexão da caixa acústica que serve de fonte sonora. A caixa
tem a dimensão adequada de potência para evitar aquecimento da bobina durante os testes,
possibilitando melhor repetibilidade do sinal acústico de excitação. Por exemplo, a caixa
coaxial composta woofer e corneta marca BMS, modelo 15C682, é de 500 W sendo que a
potência programada para a varredura de senos dificilmente ultrapassa 1,5 W. O fato de ser
excitada com varredura ao invés de tom puro, também ajuda a evitar o aquecimento. O
próprio sinal de excitação é um sinal janelado, passa-banda, que evitaestimular a fonte em
frequências que não são de interesse.
O software disponibiliza um recurso matemático para tratar convenientemente do
espalhamento que se dá em torno da resposta impulsiva, por conta dos atrasos de grupo. O
sinal criado no equipamento pode ser configurado paraapresentar resposta impulsiva com
filtros de fase mínima (minimum phase), fase máxima (maximum phase) ou fase linear (linear
phase).A RI com fase mínima é a normalmente encontrada em sistemas analógicos. Ela é
sempre causal e seu espalhamento é sempre para a direita do pico do som direto. Já a RI com
fase máxima pode ser conveniente porque permite alocar todo o espalhamento para a esquerda
do pico do som direto, facilitando a aplicação de uma janela com mais tranquilidade por
81

identificar as diversas reflexões que ocorrem próximas ao pico. Interessante notar que o filtro
fase máxima só foi possível obtê-lo após o advento do processamento digital. Na RI com fase
linear, o espalhamento é mantido de forma simétrica em relação ao pico do som direto e
corresponde a uma composição dos filtros fase mínima e fase máxima.
Outra ferramenta do CMF22é o cycle moving que consegue “rodar” toda a resposta
impulsiva para fazer com que o pico“ocorra” num instante conveniente. Ou seja, no caso do
microfone disposto a 1 m de distância, obviamente o tempo de chegada do som direto seria
em torno de 3 ms. No entanto ao aplicar o cycle moving“transporta-se” o pico da RI do som
direto, por exemplo, para 20 ms, onde é mais fácil analisar os resultados e posicionar as
janelas. Um intervalo de 20 ms é conveniente, pois deixa à direita do pico do som direto o
tempo de reverberação, o ruído de fundo e a distorção harmónica, e à esquerda do pico do
som direto o final dos artefatos de distorção.
Quanto as reflexões sonoras posteriores ao som direto vale comentar que para uma
relação pico do som direto e o pico da primeira reflexão sonora de 50 dB a influência global
no resultado da medição pode impactar a segunda casa decimal em dB. Já uma relação de
90 dB pode impactar a terceira casa decimal em dB, o que é muito bom. Na câmara anecóica
a boa relação sinal ruído depende da isolação para uma eliminação de ruídos vindos de fora da
câmara (Figura (5.3)). A determinação da resposta anecóica mediante a TST, entretanto, não é
tão dependente de ruídos alheios porque em um primeiro momento são separados por meio da
deconvolução utilizada na técnica com varredura de senos, em um segundo momento estes
ruídos podem ser suprimidos com a utilização da função janela.

Som direto
(pico = -52 dB
distorção

Câmara reverberante
(reverberação)
dB re. 1 V

Câmara anecóica
(ruído de fundo)

Figura 5.3 – Relação sinal ruído na RI. Linha azul: teste na câmara reverberante.
Linha vermelha: teste na câmara anecóica.
82

Durante a fase de análise da RI para definição da função janelaé possível identificar as


reflexões. O CMF22permite ajustar de um par de cursores e definir os limites da função janela
no instante apropriado (neste caso, uma janela híbrida Hanning-retangular-Hanning, sendo a
janela retangular destinada a suprimir as reflexões, porém com extremos suavizados para
evitar ondulações no domínio da frequência [50]). As reflexões podem ser identificadas ao
tratar no domínio do tempo e investigando com auxílio de equações geométricas básicas. Uma
análise do tempo percorrido pelo som que inicia na fonte sonora e reflete no tripé do MNS
para em seguida incidir no microfone do MNS, permite identificar o melhor ponto para o
cursor que determinará o instante de tempo onde a janela será finalizada. A marcação é feita e
a janela é aplicada, sendo o trecho da RI correspondente ao pico do som direto multiplicado
no primeiro cursor por uma fator igual a 1 e reduzindo até zero no segundo cursor. A ação de
janelamento é repetida tanto à direita quanto à esquerda do pico do som direto.Assim são
suprimidos todos os componentes indesejados tais como reflexões sonoras, reverberação,
ruído de fundo e distorção harmônica. Ao retornar ao domínio da frequência o resultado
corresponde á resposta anecóica.
A referência acústica pode ser dada, por exemplo, por um microfone tipo LS2, padrão
laboratorial, modelo BK 4180, calibrado por reciprocidade em pressão e reciprocidade em
campo livre, sendo utilizados os resultados da reciprocidade campo livre a partir de 1000 Hz e
os de campo de pressão, abaixo de 1000 Hz.
No MNS sob teste, a medida do nível de pressão sonora deveria ser tomada, em
princípio, no mostrador. A saída AC faz a ponte com o sistema automático de calibração, mas
eventualmente poderiam introduzir-se erros sistemáticos quando a saída AC se desviar do
valor indicado no mostrador (conforme apontado em 2.3.2 do Capítulo 2). Obviamente tais
erros sistemáticos não são de responsabilidade do método, mas do próprio MNS sob teste, e
estariam presentes durante a aplicação de quaisquer outros métodos automatizados que
utilizassem a saída AC. O laboratório deverá determinar e eliminar os erros sistemáticos.
Ao comparar resultados da TST com o método clássico da câmara anecóica tais erros
são eliminados no processo de comparação e não devem preocupar. Já no caso da aplicação
da TST com varredura de senos pelo laboratório, se faz necessária esta verificação preliminar.
Outra observação importante sobre a saída AC é que, conforme mostra a Figura
(5.4),há uma defasagem Δt entre o pico do som direto do microfone referência (linha azul) e o
pico do som direto do MNS sob teste (linha vermelha). Neste exemplo, foi utilizado um MNS
Bruel& Kjaer, modelo 2250 Ligth, cuja saída AC é configurada através do fone de ouvido
(uma característica específica deste modelo). O Δt é de aproximadamente 0,6 ms e sugeriria
83

um erro de posicionamento em torno de 20 cm. Obviamente este Δt não poderia ser atribuído
ao posicionamento dado o esmero dos testes.
MNS modernos processam seus sinais digitalmente. O sinal do conjunto microfone-
pré-amplificador é digitalizado mediante um conversor AD. O resultado do processamento
digital é comunicado ao usuário através da interface correspondente (mostrador, tela de
computador, etc.) e devolvido como sinal analógico na saída AC com ajuda de um
conversor DA. O tempo que demanda todo esse processamento é o responsável pelo atraso.
Neste ponto é importante observar que apenas a informação da amplitude continua sendo
relevante, pois a informação da fase é perdida.
dB re. 1 V

Figura 5.4 – Diferença do tempo de chegada entre o pico do som direto do


microfone de referência (linha azul) e o pico do som direto do MNS sob teste (linha
vermelha), sendo a tensão lida na saída AC do MNS.

O janelamento com as RI dessincronizadas poderia introduzir artefatos que seriam


atribuídos à resposta em frequência do MNS. Para resolver o problema utiliza-se o cycle
moving para realocar os picos do som direto como se estes tivessem ocorrido em um mesmo
instante.Assim o janelamento será o mesmo para a referência e para o objeto. Embora se perca
a informação da fase, somente a amplitude tem interesse no método proposto.
84

5.2. Fatores que influenciam nas decisões

Neste tópico abordam-se diversos conceitos que podem pesar nas decisões sobre as
medições ou nas interpretações dos resultados. É interessante que sejam discutidos
previamente para fazer uso oportuno.

5.2.1. Primeira reflexão

Uma vez que a proposta da TST é realizar o teste em ambiente não anecóico deve-se
considerar não apenas a incidência direta, mas as reflexões. O estudo é baseado em equações
simples de trigonometria. Na Figura (5.5) o caminho direto entre o alto-falante e o microfone
pode ser representado pela distância 2a e o refletido no piso por 2c. A altura bdo conjunto
determina o tempo de chegada da primeira reflexão (supondo, claro, que a distância até outras
superfícies seja maior).

Figura 5.5 – Caminhos percorridos pelo som direto e o som refletido.

onde:
2a é a distância (m) da fonte ao microfone,
b é a distância (m) da superfície mais próxima de reflexão, por exemplo, o piso,
2c é a distância (m) percorrida pela onda sonora refletida,
c é a velocidade do som (aproximadamente 343 m/s no ar),

As equações que permitem calcular o tempo do som direto e do som refletido são
simples:
85

(5.1)

(5.2)

Muitos dos testes deste trabalho foram realizados a uma altura de 1,78 m do piso (b =
1,78 m). Isso implica uma sala com pé direito de pelo menos 3,56 m = 2 x 1,78 m. A distância
entre a fonte e o microfone do MNS foi mantida em 1 m (2a = 1 m).
Nestas condições o resultado será:

(5.3)

(5.4)

O tempo entre pico do som direto e a primeira reflexão corresponde à diferença:

(5.5)

A Figura (5.6) mostra os cursores posicionados na RI e na presumida reflexão no piso.


Observando o rodapé da tela do computador (ampliado na figura) é possível identificar que o
tempo calculado pelo software é de aproximadamente 7,81 ms confirmando tratar-sedo piso.
A diferença de segunda casa decimal se explica devido ao ajuste aproximado de altura,
medido com uma trena comum,e devido à velocidade do som ter sido assumida constante para
os efeitos práticos. Vale a pena observar que a amplitude é expressa em dB. O resultado
expresso em linear (Figura (5.7)) não facilita a visualização das reflexões.
Alguns cálculos simples permitem tirar um bom proveito da análise da RI
identificando as reflexões e outras características inerentes à caixa acústica e seu
espalhamento. A Figura (5.8) mostra os espalhamentos para a caixa coaxial BMS (linha azul)
e a caixa B&W (linha vermelha). Os picos estão normalizados em amplitude para tornar
visível a comparação. É notória a diferença no espalhamento devido aos modos na superfície
do woofer da caixa BMS. Em contrapartida a caixa B&W tem woofers menores e fabricados
de kevlar, cuja excepcional rigidez lhe proporciona vantagens.
86

A linha azul da Figura (5.9) mostra a RI obtida na câmara reverberante com um


microfone BK 4191, e a linha vermelha o mesmo teste colocando colchões de fibra de vidro
no piso. Foi possível atenuar a primeira reflexão por mais de 20 dB. O fato de elevar o piso na
mesma proporção da altura do colchão implica em um leve deslocamento da primeira reflexão
o que eventualmente poderia ser avaliado.
dB re. 1 V

Figura 5.6 – Tempo entre o pico do som direto e a primeira reflexão

Figura 5.7 – Representação gráfica da Figura (5.6)com o eixo das ordenadas em


linear (a comparação das figuras permite observar a vantagem de se trabalhar em
escala logarítmica para melhor visualizar as reflexões).
87

Obviamente o laboratório que vier a implementar a TST não negligenciará as


características do ambiente como se a dificuldade representasse alguma virtude para a técnica.
Na prática o laboratório irá melhorar a absorção do ambiente para ampliar a largura do
janelamento. A vantagem da aplicação da TST é que a sala não precisa ser anecóica. Quanto à
primeira reflexão, esta é uma situação de compromisso tal como explicado nos capítulos 3 e 4.
dB re. 1 V

Figura 5.8 – Diferença de espalhamento entre as caixas BMS (linha azul) e B&W
(linha vermelha).

Som direto
Atenuação do colchão
no piso
dB re. 1 V

Figura 5.9 – Primeira reflexão obtida com a caixa B&W (curva azul) e atenuação
conseguida com um colchão no piso (curva vermelha).
88

A Figura (5.10) mostra as RI obtidas na câmara reverberante com um microfone


BK 4180, para as caixas acústicas BMS (linha azul) e B&W (linha vermelha). Para facilitar a
comparação, as respostas estão normalizadas em amplitude e defasadas propositadamentepara
sua visualização. A amplitude da primeira reflexão obtida com a caixa acústica BMS (coaxial)
ficou 10 dB abaixo da obtida com a caixa acústica B&W (MTM). A relação de amplitudes
entre a incidência direta e a primeira reflexão, portanto, variou de 30 dB para 40 dB devido à
diferença de direcionalidade entre as caixas acústicas. Em contrapartida, é notória a diferença
de espalhamento entre as fontes.

Primeira reflexão
dB re. 1 V

Figura 5.10 – Comparação das RI obtidas na câmara reverberante com um


microfone BK4180, para as caixas acústicas BMS (curva azul) e B&W (curva
vermelha) - (respostas normalizadas em amplitude para o pico do som direto, porém
defasadas propositadamente em 1 ms para visualização da diferença de amplitudes
da primeira reflexão).

A Tabela (5.1) mostra o impacto em dB da relação de amplitudes da incidência direta


e da primeira reflexão. Fica claro que, dependendo da meta de incerteza, o impacto terá maior
ou menor peso. Por exemplo, para a calibração de microfones, uma incerteza de primeira casa
decimal em dB é excessiva. Ao contrário, para a calibração de MNS,poderia ser aceitável uma
contribuição de 0,1 a 0,3 dB, dependendo do peso desta entrada em relação à incerteza
máxima estabelecida na norma IEC 61672. Este grau de liberdade é fundamental ao definir a
melhor condição de janelamento conforme as metas de incerteza do laboratório.
Como observado no Capítulo 3, apontar a câmara anecóica como referência absoluta
implica em riscos dado os defeitos que lhe são inerentes. A Figura (5.11) mostra a RI do
89

microfone referência BK 4180 nas câmaras anecóica (linha vermelha) e reverberante (linha
azul). A Figura (5.12)mostra as configurações de montagem de ambos os testes. Observa-se
que no caso da anecóica aparece uma reflexão extremamente relevante em torno de 2,5 ms
após o pico do som direto que corresponde a um caminho de aproximadamente 1,8 m.
Conclui-se que a reflexão ocorre na barra de fixação onde a caixa acústica é suspensa. Esta se
encontra a 0,8 m acima do eixo caixa-microfone. O revestimento de espuma colocado na
barra é insuficiente para evitar a interferência. No caso da reflexão da câmara reverberante a
mesma chega aproximadamente 7,8 ms depois do pico do som direto, que corresponde a um
caminho em torno de 3,7 m.

Tabela 5.1 – Estimativa do impacto sobre a calibração referente à primeira reflexão


considerando a relação de amplitudes entre o pico do som direto e o pico da primeira
reflexão (supondo que a reverberação, o ruído de fundo e a distorção sejam
eliminados durante o janelamento)

Relação entre a incidência Ordem de grandeza do


direta e a primeira reflexão impacto
(dB) (dB)
20 0,83
25 0,48
30 0,27
35 0,15
40 0,09
45 0,05
50 0,03
55 0,02
60 0,01

Analisando a Figura (5.10) observa-se que a diferença de amplitudes entre o pico do


som direto e a reflexão na barra é de apenas 25 dB enquanto na câmara reverberante é de
33 dB, impactando 0,5 dB e 0,2 dB respectivamente. Hastes ou barras de fixação estão
presentes em toda câmara anecóica, por isto se faz média espacial. A solução proposta no
relatório EURAMET PROJECT 1056é a utilização de técnicas de seleção no tempo para filtrar
os artefatos.
90

dB re. 1 V

(a)
dB re. 1 V

(b)

Primeira reflexão
(anecóica)

Primeira reflexão
(reverberante)
dB re. 1 V

(c)

Figura 5.11 – (a) Resposta em frequência obtida por meio de uma varredura de senos
na câmara reverberante (curva azul) e na anecóica (curva vermelha). (b) RI das
mesmas. (c) Ampliação da região próxima ao pico do som direto e das primeiras
reflexões na câmara reverberante e na anecóica.
91

Figura 5.12 – Configuração de montagem na câmara reverberante (esquerda) e na


câmara anecóica (direita) – referente aos resultados da Figura (5.11).

Eliminar a reflexão na barra de fixação com a TST implica em um sacrifício muito


grande do ponto de vista da faixa de frequências, pois o janelamento (à direita da RI) não
ultrapassaria uma largura de 1 ms. Após aplicação da FFT restaria informação relevante
apenas para frequências acima de 1000 Hz, sendo insuficiente para atender à calibração de
MNS.
Poderia elevar-se a barra de fixação para aumentar a distância da primeira reflexão ou
mudar o tipo de fixação de maneira que, tanto o microfone quanto a caixa acústica, fossem
presas pela parte traseira. O uso de material absorvedor acaba sendo uma solução mais viável.
A Figura (5.13) mostra a atenuação conseguida no pico da primeira reflexão, dentro da
câmara anecóica, ao substituir o revestimento da barra de fixação (“L” de 20 mm). O novo
revestimento foi instalado cuidando de cobrir integralmente a barra e o suporte de fixação da
caixa acústica, evitando frestas. A Figura (5.12) (à direita) mostra o revestimento anterior e a
Figura (5.13)mostra o novo revestimento e o resultado da RI, comuma atenuação superior a
20 dB. Pode-se dizer que a condição anecóica melhorou muito depois do revestimento da
barra.

5.2.2. Limitações nas baixas frequências

Se por um lado a câmara anecóica tem limitações para as baixas frequências


(dependendo de suas dimensões físicas), por outro lado a TST, ao aplicar uma janela à
resposta impulsiva, também impõe limitações e ainda maiores, pois uma função janela estreita
no domínio do tempo provoca um vazamento de energia nessa região do espectro, cortando
informação relevante. Portanto, nas baixas frequências, a TST não teria como concorrer com a
92

câmara anecóica a não ser pela aplicação de duas janelas, uma larga e outra estreita, com
virtudes e dificuldades que serão discutidas no próximo item.

Revestimento anterior
dB re. 1 V

Revestimento novo e
atenuação conseguida

Figura 5.13 – Comparação das RI e atenuação conseguida com um novo


revestimento da barra de fixação (curva azul: revestimento anterior; curva vermelha:
revestimento novo).

Ao tratar do assunto largura das janelas há de se manter em mente que (a) problemas
sistemáticos impostos a ambos os canais, são eliminados pelo método de comparação e (b)
abaixo de 200 Hz a resposta em frequência independe do campo sonoro, o que já foi discutido
no capítulo 3 ao tratar danorma IEC 62585 [39].
Abaixo de 200 Hz as dimensões de uma seção transversal de um MNS são muito
menores que o comprimento de onda e não haveria necessidade de se fazer estudo de rmsD,
pois não interessa comprovar a condição de campo livre. Foi citado anteriormente o estudo de
JACOBSEN & JAUD [47], sobre a dificuldade de se obter campo livre nas baixas frequências
que implicaria na disponibilização de uma câmara anecóica de grandes dimensões. Se o
objetivo fosse obter uma onda plana progressiva de baixa frequência para medição de níveis
absolutos em campo livre não haveria outra solução para o problema. Mas, tanto do ponto de
vista da aplicação da norma IEC 61672 quanto da IEC 62585, basta comprovar que se cumpre
a lei do inverso da distância (1/r), ou mais precisamente, quantificar através do estudo de
rmsD o quanto o campo sonoro se desvia desta lei. O fato de ser uma onda plana progressiva
ou ainda uma propagação esférica não é tão relevante e este estudo não pretende resolver a
polêmica.
93

5.2.3. Largura do janelamento

Supondo que no ambiente de teste a relação de amplitudesentre o pico do som direto e


a primeira reflexão seja 40 dB, o impacto será deaproximadamente 0,1 dB (ver Tabela (5.1)).
Caso o laboratório tenha por meta reduzir a sua incerteza, poderia tentar atenuar a primeira
reflexão utilizando recursos físicos (absorção) ou escolhendo a função janela apropriadamente
para reduzir de forma parcial ou total sua amplitude. Ao contrário, se o laboratório entende
que sua meta de incerteza atende aos propósitos da norma IEC 61672, poderia alargar o
janelamento, prestigiando a informação das baixas frequências. A Figura (5.14) mostra o
efeito de se alterar a largura da faixa de transição direita da função janela (posterior ao pico do
som direto), de 2,5 ms até 5 ms. Quanto mais larga a faixa de transição, menor a perda de
informações nas baixas frequências, mas por outro lado,maior o impacto da primeira reflexão
na incerteza. Observa-se que, para as altas frequências, todas as janelas conseguem remover a
reverberação e a distorçãocom um resultado uniforme a partir de 800 Hz.
dB re. 1 V

Figura 5.14 – Impacto da largura da faixa de transição direita, sobre os dados


adquiridos (a curva azul correspondendo à janela mais estreita e a curva magenta à
janela mais larga).

Uma medida mais radical pode ser adotada estreitando a função janela até suprimir
completamente a primeira reflexão sonora. Certamente a relação entre o pico do som direto e
o pico da primeira reflexão tenderá a ser maior do que 120 dB, ou seja, um impacto
praticamente igual a zero. Em contrapartida cria-se um situação de compromisso quanto à
94

geometria do posicionamento do sistema de medição (comentada em 4.2) e os requisitos do


ambiente podem transformar-se em limitadores para as baixas frequências.
A melhor solução é optar porjanelar 2 vezes.Uma janela suficientemente larga para
evitar o vazamento de energia nas baixas frequências, aproveitando, por exemplo, as
frequências inferiores a 200 Hz. Outra com janela mais estreita, porém removendo parcial ou
integralmente a primeira reflexão e toda a reverberação. Nesta última se perde informação das
baixas frequências ao tempo que se ganha qualidade nas altas removendo todas as reflexões e
difrações.
Se a função janela deixa passar a primeira reflexão e algumas reflexões iniciais haverá
um impacto maior na incerteza de medição. Seria conveniente tratar a sala de teste com
materiais absorvedores para controlar convenientemente este impacto dentro dos limites da
Tabela (5.1). NaFigura (5.15-a) a linha azul mostra a aplicação de uma função janela
extremamente larga e a vermelha uma janela estreita que suprime integralmente a primeira
reflexão. O resultado no domínio da frequência é mostrado na Figura (5.15-b). A linha
vermelhasofre alisamento de 200 Hz para baixo, obviamente provocado pela função janela,
enquanto que a linha azul sofre este alisamento apenas abaixo de 31 Hz (sem comprometer a
qualidade da informação para as baixas frequências). Em contrapartida, de 500 Hz em diante
a linha vermelha está livre das reflexões, difrações e parte da reverberação que a linha azul
evidencia devido à aplicação de uma janela extremamente larga. O fato das curvas da Figura
(5.15-b) oscilarem mais ou menos não preocupa para o método de comparação, pois tanto o
microfone de referência quanto o MNS sob teste, são submetidos ao mesmo janelamento.
A faixa de transição do lado esquerdo do pico do som direto é posicionada onde acaba
a distorção (deve lembrar-se que o cycle mooving desloca parte da distorção para a esquerda
do pico do som direto).
Sobre a escolha do tipo de janela BARRERA [53] explica que há duas características
associadas: a largura do lóbulo principal e a atenuação dos lóbulos secundários (laterais),
esclarecendo que ambas são inversamente proporcionais, isto é, quanto maior a atenuação dos
lóbulos laterais maior será a largura do lóbulo principal.
MILHOMEM [50] desenvolve este conceito e acrescenta que a escolha intuitiva de
uma janela retangular (como sendo a janela ideal) introduziria ondulações na resposta em
frequência devido ao corte abrupto e, portanto, convém utilizar uma função janela com
extremos suavizados ainda que apareçam as características mencionadas por BARRERA. Em
sua dissertação de mestrado exibe a Figura (5.16) onde compara as janelas Retangular, Tukey
e Hanning, e explica:
95

A largura do lóbulo principal está diretamente relacionada com o “detalhamento” da medição.


Assim, quanto mais estreito for o lóbulo principal, mais detalhada será a medição do sinal na
frequência de interesse. As amplitudes dos lóbulos laterais estão diretamente relacionadas com
o “vazamento” da energia da banda da frequência de interesse para as bandas adjacentes.
Assim, quanto menores forem as amplitudes dos lóbulos laterais menor será a energia “vazada”
para as bandas de frequências adjacentes. [...] a escolha da janela mais adequada deve levar em
consideração essas características [...].
dB re. 1 V

(a)
dB re. 1 V

(b)

Figura 5.15 – (a) Janela larga (curva azul) para as baixas frequências e janela estreita
(curva vermelha) para as médias e altas frequências. (b) Resultado no domínio da
frequência.

Neste contexto a utilização de uma janela retangular suavizada com uma função janela
tipo Hanning tem se mostrado adequada (Figura (5.17)).
96

Figura 5.16 – Reprodução da Figura (4.6) de [50]: a) Janelas retangular (curva


verde), Tukey (curva vermelha) e Hanning (curva azul) no domínio do tempo; b)
formas correspondentes no domínio da frequência.
dB re. 1 V

Figura 5.17 – Aplicação de uma janela retangular suavizada à resposta impulsiva


(janela híbrida Hanning-retangular-Hanning).

5.2.4. Inter-espalhamento (negligenciável)

O inter-espalhamento está relacionado com a onda sonora que reflete no microfone,


retorna à caixa, reflete nela e volta ao microfone. No domínio do tempo, pode ser localizado
em um instante equivalente ao tempo necessário para percorrer 3 vezes a distância fonte-
microfone ou 2 vezes contado a partir do pico do som direto, ou seja, aproximadamente 2 x
3,43 ms = 6,86 ms (Figura (5.18)). Neste exemplo a amplitude chega atenuada em 50 dB.
Ao aplicar a TST pode-se prever que o inter-espalhamento será eliminado pela função
janela, portanto, pode ser negligenciado. Na câmara anecóica, o inter-espalhamento não
consegue ser removido.
97

pico do som direto

Inter-espalhamento
dB re. 1 V

Figura 5.18 – Identificação do inter-espalhamento na RI para uma distância fonte-


microfone igual a 1 m.

5.2.5. Escolhas relativas à caixa acústica

A Figura (5.19) mostra a resposta em frequência de um microfone BK 4180 em


câmara reverberante para as fontes BMS e B&W. Algumas conclusões podemser extraídas a
partir dela. A caixa BMS dá cobertura a partir de 31,5 Hz, isto é, uma única varredura permite
avaliar o espectro completo, sendo perceptível um menor desempenho acima de 10 kHz
quando comparada à resposta da caixa B&W.
A resposta da caixa B&W está especificada pelo fabricante a partir de 50 Hz, porém
parece mais indicado considerar informações a partir de 80 Hz, ou talvez, 100 Hz. Em
contrapartida o desempenho para as altas frequências é excelente, atingindo 40 kHz com uma
resposta praticamente plana (se consideradas as correções do BK 4180).
Por último há de se observar a diferença em torno de 20 dB devido às especificações
de potência. Seria possível aumentar a amplitude do sinal que alimenta a caixa B&W
assumindo o risco de produzir maior aquecimento na bobina do alto-falante, o que poderia
impactar a repetibilidade. O laboratório poderia estudar tal impacto. Na condição da figura, é
importante notar a boa relação sinal ruído.
98

dB re. 1 V

(a)
dB re. 1 V

(b)

Figura 5.19 – Faixa de frequências de cobertura das caixas acústicas BMS (curva
azul) e B&W (curva vermelha) medidas com um microfone BK 4180 ((a) resposta
em frequência obtida por meio de uma varredura de senos; (b) resposta janelada com
uma função janela larga).

5.2.6. Estabilidade da fonte (microfone monitor)

No método por substituição para determinação da sensibilidade de campo livre de


microfones padrões de trabalho de meia polegada, RODRIGUES & DUROCHER [54] sugere
que a estabilidade da fonte sonora seja monitorada utilizando um microfone independente
(microfone monitor), disposto no ambiente de teste. A resposta deste microfone poderia
fornecer, por exemplo, dados de correção para eventuais alterações do nível de pressão sonora
da fonte devidas ao aquecimento da bobina do alto falante.O uso de um microfone monitor é
um recurso opcional adotado pelas normas IEC 62585 [39] e IEC 61094-8 [21]. O Anexo D
99

da norma IEC 62585 admite o uso de um microfone monitor para determinar a diferença entre
dois níveis de pressão sonora.
Durante este trabalho, ao estudar a estabilidade da fonte, foi instalado um microfone
monitor no canal B do hardware CMF22, disposto a 2,15 m de altura e equidistante
aproximadamente 2 m do alto-falante e do microfone, como mostra a Figura (5.20).

Microfone Monitor

Fonte

Microfone de referência

Figura 5.20 – Experimentos com um microfone monitor.

Asmedidas com o microfone monitor foram realizadas paralelamente a alguns ensaios


com a TST, considerando-se 3 varreduras de senos, consecutivas,com o microfone de
referência instalado,e outras 4,com o MNS sob teste instalado. O intervalo de tempo para
substituir o microfone de referência pelo MNS sob teste é de aproximadamente 10 minutos.
Os desvios padrão das 3 medidas, quando o microfone de referência estava instalado,
são mostrados na antepenúltima coluna da Tabela (5.2), e os desvios padrão das 4 medidas,
quando o MNS sob teste estava instalado, na penúltima coluna. A última coluna mostra os
desvios padrão considerando o conjunto de todas as medições (Figura (5.21)). Obviamente os
elevados desvios padrão da última coluna não podem ser atribuídos à instabilidade da fonte,
pois as colunas anteriores evidenciam o contrário. A elevação se deve às mudanças nos
anteparos, neste caso, como resultado da substituição do microfone referência pelo MNS sob
teste. Produzir dados de correção com base em um microfone monitor não parece
conveniente.
100

Em testes com tons puros, a fonte é excitada durante um intervalo de tempo


maiorpodendo provocar aquecimento da bobina do alto-falante e, naturalmente, uma
dispersão mais elevada (ao contrário da TST com varredura de senos em que a excitação
ocorre durante poucos segundos). O microfone monitor parece mais relevante para o método
com tons puros.

Tabela 5.2 – Medições com o microfone monitor e desvios padrão quando instalado
o microfone de referência e quando instalado o MNS sob teste.

Medições obtidas no MIC monitor: Desvio Padrão das medidas


(dB) realizadas no MIC monitor
Frequência quando instalado o quando instalado o MNS Instalado Instalado Desvpad
(Hz) microfone de referência sob teste MIC MNS total
ref teste (monitor)
100 -38,22 -38,22 -38,22 -38,20 -38,20 -38,20 -38,19 0,00 0,00 0,01
126 -39,05 -39,05 -39,05 -39,05 -39,05 -39,05 -39,04 0,00 0,01 0,01
158 -41,00 -41,00 -41,00 -41,03 -41,04 -41,04 -41,02 0,00 0,01 0,02
200 -43,99 -44,00 -44,00 -43,99 -43,98 -43,98 -43,96 0,00 0,01 0,01
251 -42,63 -42,63 -42,64 -42,63 -42,64 -42,63 -42,62 0,00 0,01 0,01
316 -43,13 -43,13 -43,13 -43,13 -43,13 -43,13 -43,13 0,00 0,00 0,00
398 -45,41 -45,41 -45,42 -45,38 -45,38 -45,39 -45,35 0,00 0,02 0,02
501 -46,05 -46,04 -46,05 -46,04 -46,04 -46,05 -46,01 0,00 0,02 0,01
631 -48,84 -48,85 -48,89 -48,85 -48,84 -48,85 -48,84 0,02 0,00 0,02
794 -57,39 -57,41 -57,48 -57,87 -57,82 -57,82 -57,79 0,05 0,03 0,22
1000 -49,04 -49,03 -49,05 -48,93 -48,91 -48,92 -48,88 0,01 0,02 0,07
1259 -44,45 -44,46 -44,48 -44,48 -44,46 -44,46 -44,44 0,01 0,02 0,01
1585 -48,15 -48,17 -48,16 -48,14 -48,12 -48,15 -48,12 0,01 0,02 0,02
1995 -52,60 -52,62 -52,60 -52,58 -52,58 -52,57 -52,59 0,01 0,01 0,02
2512 -56,92 -56,91 -56,94 -56,26 -56,25 -56,27 -56,25 0,01 0,01 0,36
3162 -57,12 -57,15 -57,14 -57,61 -57,59 -57,61 -57,50 0,02 0,06 0,24
3981 -57,64 -57,65 -57,65 -56,65 -56,64 -56,64 -56,64 0,00 0,01 0,54
5012 -58,40 -58,40 -58,43 -58,78 -58,71 -58,73 -58,68 0,02 0,04 0,17
6310 -60,36 -60,39 -60,41 -59,72 -59,69 -59,70 -59,64 0,02 0,04 0,37
7943 -61,44 -61,46 -61,47 -61,44 -61,37 -61,37 -61,38 0,02 0,03 0,04
10000 -61,56 -61,56 -61,57 -61,99 -61,96 -61,97 -61,95 0,01 0,01 0,22
12589 -64,32 -64,33 -64,35 -62,05 -62,02 -62,03 -62,02 0,01 0,01 1,23
15849 -65,23 -65,21 -65,22 -64,43 -64,33 -64,30 -64,27 0,01 0,07 0,48
19953 -70,54 -70,51 -70,51 -69,30 -69,09 -69,06 -69,03 0,02 0,12 0,75

Neste trabalho, aestabilidade da fonte foi avaliada com o próprio microfone de


referência, instalado frontalmente a 1 m de distância. A estabilidade representa um papel
importante na escolha da fonte sonora. A Figura (5.22) mostra a comparação de duas caixas
acústicas com alto-falantes coaxiais, um BMS e outro Selenium (Figura (A.3) no Anexo A).
Estava previsto neste estudo a utilização de uma fonte com alto-falante tipo ribbon tweeter
101

(Figura (A.4) no Anexo A), porém a peça adquirida evidenciou desvio padrão próximo a
1 dB, inaceitável para os efeitos desta pesquisa.

Desvio Padrão (medido no microfone monitor)


1,40

1,20 só MIC ref


só MNS teste
Desvio Padrão (dB)

1,00
desvpad total
0,80

0,60

0,40

0,20

0,00
100 1000 10000
Frequência (Hz)

Figura 5.21 – Desvios padrão medidos no microfone monitor quando instalado o


microfone de referência (azul), quando instalado o MNS sob teste (laranja) e desvios
padrão considerando o conjunto de todas as medições (verde).

Estabilidade: caixas BMS e Selenium


0,100
0,090
BMS
0,080
Selenium
Desvio Padrão (dB)

0,070
0,060
0,050
0,040
0,030
0,020
0,010
0,000
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)

Figura 5.22 – Comparativo de estabilidade de duas fontes sonoras com alto-falantes


coaxiais. Medições realizadas com um microfone BK 4191.
102

Os testes de estabilidade das fontes BMS, B&W e Diamond Tweeterforam realizados


considerando um conjunto de 9 medições executadas em intervalos de 5 minutos, com cada
uma das fontes sonoras. O gráfico da Figura (5.23) mostra o resultado do desvio padrão
encontrado em cada experiência e evidencia aspropriedades de cada fonte.

Estabilidade das Fontes BMS, B&W e Diamond


0,12
BMS
0,10 B&W
Diamond
Desvio Padrão (dB)

0,08

0,06

0,04

0,02

0,00
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)

Figura 5.23 – Comparativo de estabilidade das fontes BMS, B&W e Diamond


Tweeter. Medições realizadas com um microfone BK 4180.

A performance do Diamond Tweeter não foi a esperada, especialmente acima de


10 kHz onde apresentou uma repentina elevação do desvio padrão. A fonte B&W também
tem um Diamond Tweeter e, no entanto, mostrou um desempenho superior. A suspeita recai
sobre a grade de proteção do transdutor que fica instalada na parte frontal da carcaça do
Diamond Tweeter, pois no caso da caixa B&W o tweeter ficou desprovido de proteção
durante os testes. Em virtude do elevado custo do Diamond Tweeter evitou-se remover a
grade para verificações.

5.2.7. Influência do modo de fixação do MNS

A relevância do modo de fixação e a abordagem dada pelas normas IEC 61672-2 [19]
e IEC 62585 [39] foram discutidas nos capítulos 2 e 3. A Figura (5.24) reproduz a Figura (1)
da norma IEC 62585 mostrando as configurações de fixação consideradas apropriadas aos
testes em campo livre e eliminando a possibilidade de uma haste vertical. Até a publicação
desta norma seria razoável imaginar que a influência do corpo do MNS devesse ser estudada
103

em conjunto com umahaste vertical, assumindo ser este o modo natural de operação (o
próprio relatório EURAMET PROJECT 1056detecta o uso deste recurso por parte de
laboratórios que participaram da rodada). Lamentavelmente se teve acesso à norma
IEC 62585 quando a maioria dos testes deste estudo tinha sido finalizada. Todavia, em tempo,
foi executada uma nova bateria de medições com um MNS BK 2236 respeitando o modo de
fixação sugerido. Os resultados serão apresentados mais adiante.

Figura 5.24 – Reprodução da Figura (1) da norma IEC 62585 [39], que determina as
formas de fixação do MNS para os testes em campo livre.

A influência do tripé sobre a resposta em frequência está revestida de intensa


aleatoriedade e seria arriscado, a priori, aplicar um fator de correção para eliminá-la. A Figura
(5.25) mostra a influência da haste de ½ polegada determinada para cada uma das fontes
sonoras (BMS, B&W e Diamond Tweeter).
Até 10 kHz os resultados parecem semelhantes e poderiam motivar a formulação de
um fator de correção. Porém, estes resultados, em particular, referem-se a uma haste vertical
de meia polegada, fabricada para este estudo. Tripés fornecidos pelos fabricantes têm diversos
formatos, diâmetros e superfícies de reflexão. A Figura (5.26) reproduz a Figura (9.18) do
manual de instruções do MNS Bruel & Kjaer, modelo 2238 [55], mostrando a influência do
tripé modelo UA1251.
104

Influência da haste de 1/2" com BMS, B&W e Diamond


0,50

0,40

Influência da haste de 1/2" (dB)


0,30

0,20

0,10

0,00 BMS

-0,10 B&W
Diamond
-0,20

-0,30

-0,40

-0,50
10 100 1000 10000

Frequência (Hz)

Figura 5.25 – Influência de um tripé (haste de ½”) disposto na posição vertical,


simulando a fixação do MNS por baixo. Testes com 3 fontes.

Figura 5.26– Reprodução da Figura (9.18) do manual de instruções do MNS


BK 2238. Tripé modelo UA1251 e influência na resposta em frequência.

Eventuais fatores de correção para compensar a influência do modo de fixação não


teriam robustez suficiente (ao contrário do que ocorre com o corpo do MNS, cuja influência
lhe é inerente).Ao invés de buscar um fator de correção para a influência do tripé é mais
105

interessante estabelecer uma ordem de grandeza para ser contada como estimativa de entrada
da incerteza de medição.
A Figura (5.27) mostra o resultado de um experimento com um MNS BK 2236 na
câmara reverberante, sendo fixado pela parte traseira (Figura 5.24, configuração 1) num
primeiro momento somente o MNS e no próximo simulando a presença do tripé, instalado a
um ou dois milímetros da base, porém sem contato físico para não alterar sua posição original.

Impacto da suavização (haste de 1/2")


0,50
0,40 Influência Haste 1/2
0,30 Influência suavizada
0,20
influência (dB)

0,10
0,00
-0,10
-0,20
-0,30
-0,40
-0,50
100 1000 10000
Frequência (Hz)

Figura 5.27 – Impacto da aplicação de uma suavização (por terços de oitava) na


curva de influência de uma haste de ½”.

A linha azul representa o impacto do tripé, por terços de oitava, sobre a resposta em
frequência do MNS. A linha vermelha corresponde a esta mesma influência, porém aplicado
um filtro de suavização onde a amplitude de cada terço de oitava é calculada pela média das
amplitudes em um intervalo retangular, de largura logarítmica constante, no entorno de cada
frequência. O gráfico evidencia como a suavização pode subestimar a contribuição devida à
haste.
Aforma e disposição do tripé podem alterar significativamente a influência. A Figura
(5.28) mostra trêsconfigurações: pedestal tubular com haste de meia polegada, tripé com haste
tubular de uma polegada e pedestal de microfone de meia polegada, com regulagens de altura
e ângulo. O corpo do MNS foi suspenso de forma independente, pela haste horizontal e uma
linha de pesca amarrada no teto para suportar seu peso (Figura (A.2) no Anexo A). O pedestal
(ou tripé) foi colocado para simular sua presença, disposto a menos de 3 mm do corpo do
MNS.
106

A Figura (5.29) mostra as influências em curvas suavizadas. O laboratório poderia


projetar e fabricar um pedestal similar, porém com uma forma de fixação mais estreita, que
não ultrapassasse meia polegada, evitando frestas ou superfícies de reflexão.

(a) (b) (c)


Figura 5.28 – (a) Pedestal tubular de ½”, (b) tripé com haste tubular de 1” e (c)
pedestal de microfone.

Influência do modo de fixação do MNS


0,10

0,05
Influência (dB)

0,00

-0,05
Haste 1/2"
-0,10 Tripé 1"
Pedestal MIC
-0,15
100 1000 10000
Frequência (Hz

Figura 5.29 – Influência do modo de fixação do MNSconsiderando as configurações


da Figura (5.28) (curvas suavizadas por terços de oitavas).

Este valor experimental parece bastante compatível com o proposto na Tabela (I.2) da
norma IEC 62585 relativo à contribuição do modo de fixação para a incerteza. A norma
considera 0,013 dB, só que neste caso corresponderia a uma haste segurando o MNS pela
parte traseira, o que certamente deverá impactar em menor grau. O laboratório poderá estudar
107

esta contribuição comparando os resultados obtidos com o MNS pendurado com linhas de
pesca e com uma haste que simule a fixação.

5.2.8. Revestimento da haste de fixação

O Apêndice B mostra o resultado da experiência ao se revestir a haste de fixação da


fonte com material absorvedor. Os resultados foram positivos e motivaram a realização de
testes revestindo a haste do MNS sob teste, como mostra a Figura (5.30).
A linha azul mostra a influência da haste de meia polegada, sem revestimento. O
material absorvedor utilizado nesta experiência (espuma) acabou reduzindo o impacto da
haste para frequências acima de 4 kHz, no entanto aumentou esta influência abaixo de 2 kHz
em função das dimensões dos anéis de espuma de aproximadamente 12 cm de diâmetro.
Considerando-se os resultados até 4 kHz sem revestimento e de 4 kHz em diante com
revestimento, aparece uma solução para fixar o MNS com haste vertical, viabilizando os
testes de resposta em frequência para diferentes ângulos de incidência, mantendo um impacto
menor que 0,15 dB.
Testes realizados com as caixas B&W e Diamond Tweeter proporcionam resultados
similares.

5.2.9. Erro de posicionamento do MNS

A falta de esmero no posicionamento do MNS poderá impactar a incerteza de


medição. No pior dos casos o posicionamento poderia ser feito sem nenhum cuidado. É claro
que o maior interessado é o próprio laboratório. Tanto o microfone de referência quanto o
MNS sob teste precisam ser posicionados em um determinado ponto no espaço, isto é, a 1 m
da fonte, na perpendicular que passa pelo centro da face frontal da caixa acústica.
O procedimento do laboratório poderá incluir o uso de recursos laser (Figura (5.31))
ou um simples gabarito, por exemplo, um pedestal com uma marcação que indique o ponto
onde fora retirado um dos microfones para instalação do próximo. Neste trabalho, o MIC de
referência e seu pré-amplificador foram instalados em uma vara com escala milimétrica
deslizando sobre uma estrutura fixa. Assim, o controle de alinhamento é realizado uma única
vez e a distância controlada na régua. Para compensar o peso da vara foi colocada uma linha
de pesca amarrada no teto da câmara reverberante de maneira a manter a altura constante e
um pedestal com uma marcação de fita crepe serviu como gabarito de altura. A vara do MIC
108

de referência pôde então ser retraída para dar lugar ao MNS sob teste (ver Figura (5.32)). De
maneira geral a contribuição da repetibilidade abrange o erro de posicionamento longitudinal.

Revestimento de espuma na haste do MNS (fonte BMS)


0,50
0,40
impacto na diferenã de nível (dB)

0,30
0,20
0,10
0,00
-0,10
-0,20 só haste
-0,30 metade haste
-0,40 haste completa

-0,50
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)

Figura 5.30 – Impacto do revestimento parcial e total da haste de fixação.

Figura 5.31 – Procedimento de ajuste de posicionamento de um MNS BK 2250


utilizando recursos de mira laser.
109

MIC de referência e vara retrátil


com régua milimétrica

MNS sob teste

Fonte sonora

Figura 5.32 – Recursos de posicionamento e alinhamento do MIC de referência e do


MNS sob teste.

Resta ainda a possibilidade de ter um erro de angulação. Para reconhecer a ordem de


grandeza foi executada a experiência apresentada na Figura (5.33). A partir de um
alinhamento bastante esmerado do MNS assumido como ponto de referência foram
considerados três erros de angulação, sendo um mínimo, um leve e outro médio, desde o
centro da corneta do coaxial BMS até apontar para o meio da distância entre o centro e a
borda da corneta. Como evidenciado na figura da direita, este erro acaba sendo perceptível, de
maneira que se esperaria que o técnico procurasse corrigi-los. O gráfico da Figura (5.34)
mostra o resultado comparado com a posição central (alinhada).

Figura 5.33 – Erro de posicionamento (angulação). Da esquerda para a direita,


posicionamento centralizado (diâmetro da corneta = 19 cm) edistâncias aproximadas
1,5 cm, 4 cm e 6 cm a partir do centro, aonde o MNS é apontado.
110

Erro de posicionamento (angulação)


0,06

0,04

0,02

0
erro (dB)

-0,02 mínimo
leve
-0,04
médio
-0,06

-0,08

-0,1
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)

Figura 5.34 – Estimativa do impacto dos erros de angulação provocados na


experiência da Figura (5.33).

5.2.10. Distância entre o microfone e o corpo do MNS

Esta experiência explica porque a norma IEC 61672 insiste na configuração sob teste,
por exemplo, o quanto influencia na resposta em frequência o acoplamento de outro modelo
de pré-amplificador de menores ou maiores dimensões.
Durante os testes uma carcaça de um antigo MNS modelo CEL-266 foi deslocada
sobre a haste do microfone e pré-amplificador mantendo constante a distância entre o
microfone e a caixa acústica.A Figura (5.35)mostraas configurações de distância entre o
microfone e o corpo do MNS, e a Figura (5.36) os respectivos resultados. Como esperado,
quanto mais próximo o microfone do corpo, maior a influência das reflexões e difrações. Fica
claro que a resposta em frequência de um MNS cujo microfone fica a menos de 2 cm do
corpo poderá eventualmente sofrer influências maiores do que 2 dB, comprometendo o
atendimento das tolerâncias da norma.

5.2.11. Influência de um protetor de vento

Conforme apresentado no capítulo 2 a norma IEC 61672-3 [5] requer que os


resultados de campo livre sejam dados para a configuração em que o MNS é utilizado. Se a
111

configuração inclui um protetor de vento este deve ser considerado nos resultados
especialmente para corrigir dados obtidos em campo de pressão (cavidade ou atuador).

Figura 5.35 – Ajuste de distâncias entre o microfone e o corpo do MNS para


verificação do impactona resposta em frequência.

Impacto da distância microfone-corpo


1,5

1
Influência do corpo do MNS (dB)

0,5

-0,5
2 cm
-1 5 cm
8,5 cm
-1,5
10 cm
-2 15 cm

-2,5
100 1000 10000
Frequência (Hz)

Figura 5.36 – Influência do corpo do MNS simulando diferentes distâncias entre o


microfone e o corpo do MNS (conforme a Figura (5.36)).

Os dados de correção são especificados para um protetor de vento novo, portanto, o


resultado da calibração em pressão com posterior aplicação de correções, corresponde a um
112

protetor novo e em bom estado, como especificado no manual de instruções. O mesmo MNS,
se calibrado em câmara anecóica, poderia dar resultados diferentes por conta do protetor de
vento enviado pelo cliente.
A Figura (5.37) mostra a diferença entre três protetores de vento de segunda mão,
marca Bruel& Kjaer, dois deles do mesmo modelo, sendo um em bom estado de conservação
e outro não, e um terceiro protetor menor, também em bom estado, porém não sendo o
modelo especificado para o MNS. Utilizar um modelo de espuma diferente daquele
especificado tem um impacto elevado nos resultados. Já ao comparar os protetores de vento
novo e velho se observam diferenças menos significativas, da ordem de 0,3 dB. A diferença
não é tão elevada, mas é suficiente para tornar incompatíveis os resultados de 2 laboratórios
que tenham eventualmente aplicado técnicas diferentes.

5.2.12. Artefatos

Um artefato que chamou bastante atenção na configuração Coaxial da BMS é o que se


encontra entre o pico do som direto e a primeira reflexão sonora. Em verdade, este artefato
posiciona-se mais próximo da reflexão sonora e tem formato de 3 pequenos períodos, como
mostrado na Figura (5.38) em vermelho. A dúvida é se este artefato tem origem na fonte
coaxial ou em outro ponto físico da sala (fundamento acústico). Para consolidar um
posicionamento sobre este artefato, duas estratégias diferentes foram executadas.
A primeira estratégia foi a de criar um novo sinal de excitação com nova taxa de
amostragem (44,1 kHz) e filtro passa-faixa de fase máxima. A Figura (5.38) mostra em cor
azul a RI com este sinal de excitação confrontado com a curva vermelha com fase linear.
Quando o sinal é de fase máxima (curva azul) nota-se que efeito deste filtro sempre é
pronunciado para esquerda do pico do som direto. O efeito à esquerda da primeira reflexão é
visível, porém mais suave do que aparece com o filtro de fase linear (artefato). Observando a
RI do filtro de fase linear (curva vermelha) nota-se que após 2,5 ms (lado direito do pico do
som direto) o alto-falante já não produz um espalhamento significativo e o que espalha é o
filtro passa faixa de fase linear (cujo batimento também pode ser observado do lado esquerdo
do pico do som direto, 2,5 ms antes).
Já no filtro de fase máxima observa-se quase nenhum espalhamento após os tais
2,5 ms (lado direito do pico). Em compensação do lado esquerdo da RI, após os 2,5ms é forte
a presença do filtro passa faixa.
113

Resposta em frequência para diferentes


protetores de vento
1,0

0,5

0,0
Influência (dB)

-0,5
Novo
-1,0 Velho
Menor
-1,5
Velho-Novo
-2,0
100 1000 10000
Frequência (Hz)

Figura 5.37 – Influência do protetor de vento na resposta em frequência.

pico do som direto

primeira reflexão

artefatos
dB re. 1 V

Figura 5.38 – Comparação de resultados obtidos com duas diferentes taxas de


amostragem com a finalidade de analisar artefatos. Linha azul: taxa de 44,1 kHz e
filtro passa-faixa de fase máxima. Linha vermelha: taxa de 98 kHz e filtro com fase
linear.
114

A segunda estratégia foi continuar utilizando o sinal de excitação de 96 kHz, mas


agora mudando a distância entre o microfone e o alto-falantecoaxial. Primeiro a medição em
1 m, depois em 1,5 m e por último a 2 m. A Figura (5.39) mostra a RI obtida com estas 3
diferentes distâncias.

Som direto
Reflexão piso
Resposta Impulsiva na Reverberante

2 metros

1,5 metros
dB re. 1 V

1 metro

Figura 5.39 – Testes variando a distância entre o microfone e a fonte com o objetivo
de estudar os artefatos que antecedem à primeira reflexão.

Observa-se que ao mudar a distância entre a fonte e o MNS de 1 m para 1,5 m e depois
para 2 m a reflexão chega cada vez mais próxima da RI, obviamente porque diminui a
diferença de distâncias do som refletido e do som direto. Na curva de 2 m (verde) se observa
que o artefato não está mais presente. Isto ocorre porque ao haver informação acústica ela
prevalece ao invés do batimento (vazamento de energia para o filtro). Ou seja, o artefato não
representa nenhuma informação acústica e não preocupa do ponto de vista das medições
porque será a mesma configuração durante a comparação.As figuras acima asseguram que não
se trata de assinatura da configuração Coaxial BMS e sim do filtro utilizado.

5.3. Estudo das fontes sonoras e de seu entorno

A excitação da caixa acústica requer a construção de uma varredura de senos,


exclusiva para aquela determinada fonte. Se for uma caixa com alto-falante coaxial ou uma
caixa com woofer e tweeter,a mesma é alimentada pelo CMF22 através de uma saída estéreo
devendo ser instalados filtros em cada via. Um filtro para evitar a excitação do woofer nas
frequências altas e outro para evitar a excitação do tweeter nas frequências baixas. O arquivo
115

de varredura será similar ao mostrado na Figura (5.40), onde a linha vermelha corresponde à
tensão rms do sinal elétrico que excita o canal do woofer e a linha azulcorresponde à tensão
rms do sinal elétrico que excita o canal do tweeter, resultando em um sinal acústico em toda a
faixa. A varredura de senos é construída de tal maneira que a pressão sonora seja
razoavelmente constante em toda a faixa de frequência de teste. É realizada previamente uma
verificação em campo livre (em um ambiente externo, aberto, preferencialmente um campo
gramado, onde possa medir-se a resposta em frequência da caixa com uma varredura
logarítmica).
dB re. 1 V

Figura 5.40 – Alimentação em estéreo de uma caixa acústica (woofer e tweeter).

Lembrando alguns detalhamentos de 4.2, a construção da varredura de senos é


personalizada, tal que “inverte”o desempenho em frequência da caixa acústica, ou seja, onde a
caixa tem um fraco desempenho a varredura é executada com velocidade mais lenta, dando
maior ênfase energética.Na faixa de frequências onde o alto-falante tem forte desempenho, a
varredura é executada com maior velocidade, produzindo uma menor ênfase energética. É por
isso que a varredura não é nem linear nem logarítmica, mas arbitrária. Importa excitar as
baixas frequências por um tempo maior.
Sobre o sinal adquirido, a resposta em frequência não compensada é denominada de
resposta à varredura de senos (ou resposta ao sweep) enquanto que a resposta compensada
corresponde à função de transferência do conjunto amplificador, caixa, acoplador (sala),
microfone, pré-amplificador, condicionador de sinais e conversor A/D, obtida após a
multiplicação pelo filtro inverso (equivalente a deconvolução no domínio do tempo). Pode se
dizer que a resposta compensada corresponde à função de transferência“crua” (isto é, sem
116

nenhum tratamento que remova ou altere seu estado original)porque esta traz consigo todosos
artefatos de distorção indesejáveis ao método da comparação. Ao aplicar IFFT à resposta crua
obtêm-se a RI crua, onde literalmente é possível visualizar reflexões, reverberação, ruído de
fundo e distorção. Finalmente a função janela elimina os elementos indesejados para obter a
RI anecóica. Aplicando FFT consegue-se a Resposta em Frequência Anecóica, tão valiosa aos
acústicos. Este resultado pode ser apresentado em oitavas ou frações de oitavas.
A partir deste ponto, o próximo passo consiste em realizar o teste de rmsD proposto
por DELANY & BAZLEY, descrito no capítulo 3, que representa o quanto a condição de
testese afasta da lei do inverso da distância. O rmsD é fortemente dependente da fonte sonora,
mas não é propriedade apenas dela. É resultado do “conjunto da obra”, incluindo seu entorno
e o ambiente.
A Figura (5.41-a) mostra a configuração de fonte sonora mais utilizada nos trabalhos.
Trata-se de uma caixa acústica cúbica, de 0,43 m de lado, composta de um alto-falante coaxial
(woofer e corneta), marca BMS. A Figura (5.41-b)mostra a extremidade da haste regulável
com diâmetro máximo de meia polegada e construído para acoplar diretamente o pré-
amplificador. Como receptor um microfone Bruel & Kjaer modelo 4191 ou 4180. O teste para
esta fonte é repetido para as outras configurações de fonte sonora.
Sucessivas respostas em frequência são registradas enquanto o microfone é deslocado
desde uma distância de 0,85 m até 1,15 m, de 2 em 2 mm, gerando um total de 151 arquivos.
O ambiente representa o pior caso, uma câmara reverberante. Alguns objetos espalhados pela
câmara são apenas mantidos na mesma posição até a finalização dos testes.
O janelamento do todos os arquivos é o mesmo e a macro de controle do CMF22
elaborada de tal maneira que a RI seja deslocada no tempo (cycle mooving) dando a impressão
que o som direto tenha ocorrido no mesmo instante, isto apesar da variação de distância fonte-
microfone. Esta operação não deve ser realizada se o laboratório tiver interesse na informação
da fase. As respostas em frequência janeladas, referentes a cada passo em distância, foram
apresentadas em uma planilha Excel, e utilizadas seus recursos para determinar a inclinação e
intercepção da regressão linear com a finalidade de calcular o rmsD pela Equação (3.5). O
rmsD de cada frequência é considerado posteriormente para a incerteza de medição.
Durante as medições são registradas as condições ambientais (temperatura, pressão
atmosférica e umidade relativa) para identificar a necessidade de aplicar correções à
sensibilidade do microfone.
117

(a) (b)
Figura 5.41 – (a) Caixa acústica com alto-falante coaxial BMS;(b) Configuração de
teste para estudo de rmsD.

O estudo é limitado à faixa de frequências de interesse desta pesquisapara atendimento


da norma IEC 61672-3 [5]. Embora alguns gráficos e tabelas possam exibir resultados abaixo
de 125 Hz, esta é a menor frequência de interesse.Ao tratar das contribuições de incertezas
serão consideradas iguais a zero todas as contribuições de rmsD para frequências abaixo de
125 Hz entendendo que não há necessidade de comprovar a condição de campo livre.
Em princípio o rmsD é uma das principais contribuições e depende do tipo de fonte
sonora. Isso motiva o estudo do impacto na incerteza de medição quando utilizadas outras
fontes sonoras. Se esperaria que fontes de menores dimensões gerassem contribuições
menores de rmsD por aproximar-se melhor de uma fonte pontual.
Para os efeitos práticos, o estudo do rmsD poupa o laboratório de entrar no mérito do
campo afastado a 1 m de distância. Além de permitir avaliar a não uniformidade do campo
sonoro, permite avaliar os erros máximos ao assumir-se onda esférica, independentemente de
continuar ou não se cumprindo esta condição de propagação. Se o objetivo é atender as
incertezas máximasestabelecidas pela norma IEC 61672-3 certamente há uma enorme
vantagem em assumir este ponto de vista.
Por outro lado, se o laboratório prioriza a redução da incerteza terá que avaliar os
resultados com fontes de menores dimensões (por exemplo, um tweeter) e executando o teste
em duas etapas, uma mediante aplicação da TST apenas a partir de uma determinada
frequência, por exemplo, de 800 Hz, e outra com teste em pressão nas baixas frequências
(seguida de correções para campo livre). Somente que, a partir do relatório EURAMET
PROJECT 1056, os dados em pressão podem ser usados para frequências inferiores a 200 Hz.
Isto implicaria na execução de uma terceira etapa para abranger toda a faixa de frequências.
118

Os resultados apresentados nos próximos itens correspondem ao rmsD determinado na


câmara reverberante mediante aplicação da TST.

5.3.1. rmsD: Coaxial marca BMS (woofer e corneta)

A Figura (5.42) mostra uma caixa acústica de 50 litros,de aresta 43 cm, construída na
DIAVI, com um alto-falante coaxial da BMS, modelo 15C682. Foi projetada utilizando o
softwareBassyst do Institut für Technische Akustik (ITA) especificando a faixa de frequência
de 31,5 Hz até 20 kHz. A configuração coaxial é bastante consagrada por apresentar seus
lóbulos de direcionalidade com simetria concêntrica. Este requisito é de extrema importância
para quem utiliza métodos da comparação sequencial, tanto na calibração de microfones
quanto na calibração de MNS.

Figura 5.42 – Caixa acústica com alto-falante coaxial BMS.

A Figura (5.43) mostra o resultado parcial do estudode rmsDreferente à caixa acústica


BMS da Figura (5.42).
Cada curva corresponde a uma frequência de terço de oitava de 20 Hz a 20 kHz e cada
ponto de cada reta corresponde ao resultado da medição para um dado posicionamento em
distância, de 0,85 m até 1,15 m. A reta vermelha pontilhada representa à lei do inverso da
distância.
A Figura (5.44) mostra o gráfico do rmsD, em função da frequência, resultante de se
aplicar a Equação (3.5).
119

rmsD da fonte BMS

Nível de pressão sonora normalizado (dB)


2,0

1,5 40 Hz

1,0

0,5

0,0

-0,5
6,3 kHz
-1,0
Lei 1/r
-1,5

-2,0
85 90 95 100 105 110 115
Distância fonte - microfone (cm)

Figura 5.43 –Linha vermelha pontilhada:Lei do inverso da distância (1/r). Demais


curvas:não uniformidade do campo livre da fonte BMS, por terço de oitava (curvas
normalizadasà distância de 1 m).

rmsD - Fonte BMS


0,60

0,50

0,40
rmsD (dB)

0,30

0,20

0,10

0,00
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)

Figura 5.44 – Resultado dormsDpara a fonte sonora BMS.

Como observado anteriormente, não há necessidade de comprovar condição de campo


livre abaixo de 125 Hz.
O pico em 40 Hz se correlaciona com a curva da Figura (5.43)identificada com a
mesma frequência, que apresentou maior desvio da Lei 1/r. A elevação do rmsD para
frequências abaixo de 100 Hz é esperada dada as dimensões da caixa e a distância do ponto de
teste.
120

5.3.2. rmsDB&W (MTM) modelo HTM62

A Figura (5.45) mostra uma caixa acústica na configuração MTM (midwoofer-tweeter-


midwoofer), fabricada pela Bowers & Wilkins, modelo HTM62 com altura 17 cm, largura
43,8 cm e profundidade 30,8 cm. A faixa de frequências declarada pela B&W é de 50 Hz até
22 kHz. A configuração MTM também apresenta simetria dos lóbulos de direcionalidade.

Figura 5.45 – Caixa acústica MTM, marca B&W com dois alto-falantesmédios e um
tweeter (Diamond).

O modelo MTM foi desenvolvido por D´APPOLITO [56]como uma forma de corrigir
a inclinação inerente do lóbulo do modelo Tweeter-Midwoofer (Figura (5.46)).
A Figura (5.47) mostra o resultado parcial do estudo referente à caixa acústica B&W
(Figura (5.45)). Novamente, cada curva corresponde a uma frequência de terço de oitava de
20 Hz a 20 kHz, e cada ponto de cada reta corresponde ao resultado da medição para um dado
posicionamento em distância, de 0,85 m até 1,15 m. A reta vermelha pontilhada corresponde à
lei do inverso da distância.
Comparando estas linhas com aquelas da Figura (5.43), é perceptível a diferença de
dispersão com relação à Lei 1/r. A Figura (5.48) mostra o gráfico, em função da frequência,
resultante de se aplicar a Equação (3.5).
Pela especificação da caixa B&W seria levada em conta a faixa a partir de 50 Hz, mas
novamente são considerados os resultados a partir de 125 Hz.
121

Figura 5.46 – Lóbulo da caixa tweeter-midwoofer (esquerda). Lóbulo da caixa


midwoofer-tweeter-midwoofer (MTM), também conhecida como configuração
D'Appolito (direita). Desenho reproduzido de[56].

rmsD da fonte B&W


Nível de pressão sonora normalizado (dB)

2,0

1,5

1,0

0,5

0,0

-0,5

-1,0

-1,5

-2,0
85 90 95 100 105 110 115

Distância fonte - microfone (cm)

Figura 5.47 – Linha vermelha pontilhada: Lei do inverso da distância (1/r). Demais
curvas: não uniformidade do campo livre da fonte B&W, por terço de oitava (curvas
normalizadasà distância de 1 m).

5.3.3. rmsD: Tweeter Monopolo

A Figura (5.49) mostra a última configuração utilizada é um tweeter da Bowers &


Wilkins modelo “800 Series Diamond”. O diafragma deste tweeter é construído de diamante
sintético o que confere a ele uma elevada rigidez estrutural, permitindo alcançar altas
frequências antes que surja o primeiro modo do diafragma. A vantagem disto é a larga faixa
de frequências que alcança com resposta praticamente plana. O tweeter é montado em uma
carcaça com forma semelhante a de uma gota. O material desta carcaça é plástico e tem
diâmetro frontal de 5,7 cm (diâmetro do diafragma do tweeter de 2,5 cm) e comprimento de
24 cm. O motivo deste formato é evitar que ondas que caminham no corpo das caixas
122

acústicas encontrem arestas vivas que sirvam de fontes sonoras extras, interferindo
construtivamente ou destrutivamente com a onda sonora principal gerada pelo alto-falante. A
faixa nominal de frequência desta configuração é de 800 Hz até 40 kHz.

rmsD - Fonte B&W


0,60

0,50

0,40
rmsD (dB)

0,30

0,20

0,10

0,00
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)

Figura 5.48 – Resultado do rmsD com a fonte sonora B&W (MTM).

Figura 5.49 – Diamond Tweeter (B&W) com carcaça em forma de gota.

A Figura (5.50) mostra o resultado parcial do estudo referente a esta fonte. Cada curva
corresponde a uma frequência de terço de oitava de 800 Hz a 20 kHz, enquanto a reta
pontilhada corresponde à lei do inverso da distância. O tweeter não é especificado para baixas
frequências.
123

rmsD da fonte Diamond Tweeter


4,0

Nível de pressão sonora normalizado (dB)


3,0

2,0

1,0

0,0

-1,0

-2,0
85 90 95 100 105 110 115

Distância fonte - microfone (cm)

Figura 5.50 – Linha vermelha pontilhada: Lei do inverso da distância (1/r). Demais
curvas: não uniformidade do campo livre da fonte Diamond Tweeter, por terço de
oitava (curvas normalizadasà distância de 1 m).

A Figura (5.51) mostra o gráfico, em função da frequência, resultante de se aplicar a


Equação (3.5).

rmsD - Diamond Tweeter


0,60

0,50

0,40
rmsD (dB)

0,30

0,20

0,10

0,00
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)

Figura 5.51 – Resultado do rmsD com a fonte sonora Diamond Tweeter.

A resposta em frequência Diamond Tweeter pode ser considerada a partir de 800 Hz,
pois o transdutor não foi projetado para trabalhar abaixo dessa frequência.
124

5.3.4. Comparativoentre as fontes

A Figura (5.52) mostra o resultado do rmsD para as três fontes testadas: BMS, B&W e
Diamond Tweeter.

rmsD - Comparativo: fontes BMS, B&W e Diamond


0,60

Coaxial BMS
0,50 MTM (B&W)
Diamond
0,40
rmsD (dB)

0,30

0,20

0,10

0,00
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)

Figura 5.52 – Resultados dos estudos de rmsD para as três fontes sonoras: BMS,
B&W e Diamond.

A Figura (5.53) mostra o resultado considerando somente as faixas de frequência de


interesse.
A caixa acústica com alto-falante BMS se mostra uma excelente opção para cobrir
toda a faixa de áudio, pois conta com um bom desempenho nas baixas frequências. Uma única
varredura de senos é capaz de excitar o microfone sob teste em todo o espectro. A elevação do
rmsD é esperada em virtude de suas dimensões físicas, mas não é tão significativa se
comparada com os outros resultados.
A caixa acústica B&W (MTM) parece a melhor opção no sentido de cobrir
perfeitamente as frequências de teste da norma IEC 61672-3 [5] e com uma contribuição de
rmsD abaixo de 0,1 dB de 80 Hz até 4 kHz e menor que 0,15 dB até 20 kHz. A caixa tem um
ótimo desempenho nas altas frequências.
O Diamond Tweeter sem dúvida mostra seu melhor desempenho na faixa de 800 Hz
até 12,5 kHz. Surpreende a elevação do rmsD em 16 kHz, pois se esperava uma influência
menor.
125

rmsD - Comparativo: fontes BMS, B&W e Diamond


0,60
Coaxial BMS
0,50 MTM (B&W)
Diamond
0,40
rmsD (dB)

0,30

0,20

0,10

0,00
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)

Figura 5.53 – Resultados dos estudos de rmsD para as três fontes sonoras, conforme
as faixas de interesse, e respeitando suas especificações.

5.4. Comparação da TST com o Método Clássico

Aocomparar a TST com o método clássico é necessário levar em consideração o


tratado nos capítulos 2, 3 e 4, especialmente o que concerne às reflexões e difrações em altas
frequências dentro da câmara anecóica, que contaminam a resposta em frequência. Como
visto anteriormente, o relatório EURAMET PROJECT 1056acabou sugerindo a utilização de
técnicas de seleção no tempo para “limpar” a resposta obtida na câmara. Conclui-se que para
as altas frequências a câmara anecóica não mais pode ser considerada como referência.

5.4.1. Experimento com o corpo CEL-266

Para verificar a compatibilidade dos resultados obtidos na câmara anecóica e na


reverberante pela TST, um dos primeiros passos é comprovar que a influência do corpo de
MNS é a mesma, seja ela determinada de uma forma ou outra.
O experimento consiste em utilizar um sistema de medição composto de um microfone
BK 4180 e pré-amplificador BK 2673 ao qual é acoplado um corpo de MNS (neste caso uma
carcaça de um antigo MNS marca CEL, modelo Cel-266 – figuras A.1 e A.5 no Anexo A),
tendo substituído as placas eletrônicas por espuma. A carcaça utilizada neste estudo podia ser
danificada e, portanto, foi aberto um furo na parte traseira para possibilitar o acoplamento
físico ao sistema abraçando a haste do MIC de referência como um “sanduíche”. A Figura
(5.54) mostra a montagem de medição na câmara anecóica, sendo a mesma configuração na
126

reverberante. A comparação eliminou praticamente todos os erros da cadeia. O sistema de


medição completo foi mantido inalterado, isto é, o microfone de referência BK 4180, o pré-
amplificador BK 2673, o medidor CMF22 (inclusive, a configuração de ganhos e canais) e os
cabos de conexão. Assim, a influência do corpo do MNS pôde ser calculada pelasubtração em
dB entre a resposta com o corpo acoplado e a resposta sem o corpo.

Figura 5.54 – (superior) configuração de haste e microfone referência BK 4180;


(inferior) o mesmo sistema de medição com o corpo do medidor CEL-266 acoplado
à haste do microfone.

A distância entre a fase frontaldo microfone BK 4180 e o início da carcaça foi


escolhida para provocar uma influência do corpo do MNS que fosse suficientemente relevante
se comparada a expectativa de incerteza. Para o ajuste desta distância utilizou-se um simples
gabarito com uma marcação em 3,2 cm.
Cada resultado foi determinado pela diferença da resposta com o corpo e sem o corpo,
mantendo a posição do microfone inalterada. A Figura (5.55) mostra os resultados obtidos
para a câmara anecóica, com e sem janelamento, e para a TST aplicada na câmara
reverberante.
É relevante observar que os erros sistemáticos introduzidos na TST devido ao
vazamento de energia nas baixas frequências durante a aplicação da função janela são de fato
cancelados pelo método da comparação. Isto ficará ainda mais claro no próximo experimento.
127

5.4.2. Experimento com três modelos de MNS

Foi utilizado um MNS BK 2250 (modelo Hand-held Analyzer Type 2250 com
microfone BK 4189). Na Tabela (A.3) do manual de instruções consta a coluna
correspondente às correções para corpo do medidor: Free-field 0º freq response for MIC Type
4189 and Pre ZC-0032. É muito provável que os dados de correção do fabricante tenham sido
determinados pelo método clássico.

Influência do corpo determinada por diferentes vias


1,00

0,50
Diferença (dB)

0,00

-0,50

reverb+TST
-1,00 anecóica
anec+TST

-1,50
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)

Figura 5.55 – Influência de um corpo de MNS CEL-266 acoplado a uma distância de


3,2 cm da fase frontal do microfone, determinada na câmara anecóica, na câmara
anecóica com janelamento e na câmara reverberante utilizando a TST.

O gráfico da Figura (5.56) mostra os resultados a partir de 100 Hz obtidos pela TST e
pelo método clássico sendo comparados com os dados fornecidos pelo fabricante.É notória a
compatibilidade das curvas. As barras de erros identificam as incertezas máximas de acordo
com a norma IEC 61672.
O gráfico da Figura (5.57) mostra os resultados preliminares da comparação das
respostas em frequência normalizadas em 1 kHz obtidas pela TST e pelo método clássico para
três MNS (BK 2250, BK 2236 e BK 2235). Os testes foram conduzidos utilizando somente a
fonte coaxial BMS e fornecem resultados compatíveis aos serem comparados com os limites
de incerteza propostos para os testes da norma IEC 61672-3 [5] (barras de erros da Figura
(5.57)).
128

Influência corpo BK 2250 (TST, Anecóica, Manual BK)


4,0
TST Tol +
3,0 Anecóica Tol -
Manual BK
Tensão na saída AC (dB) 2,0

1,0

0,0

-1,0

-2,0

-3,0

-4,0
100 1000 10000
Frequência (Hz)

Figura 5.56 – Influência do corpo do MNS BK 2250 com microfone BK 4189: linha
azul obtida pela TST (uma única janela), linha vermelha obtida em câmara anecóica
e linha verde conforme informações do manual de instruções do fabricante.As barras
de erros identificam os limites de incerteza da norma IEC 61672.

Diferença TST vs Anecóica para três MNS


2,0

1,5 BK 2250 BK 2236 BK 2235


Tensão de saída AC (dB)

1,0

0,5

0,0

-0,5

-1,0

-1,5

-2,0
100 1000 10000
Frequência (Hz)

Figura 5.57 – Diferenças entre as respostas em frequência obtidas pela TST e pelo
método clássico para três MNS: BK 2250, BK 2236 e BK 2235. As barras de erros
identificam os limites de incerteza da norma IEC 61672.

5.4.3. Experimentos com o BK 2236 sem uso de haste vertical

Todos os ensaios deste item foram realizados sem uso de uma haste vertical de
fixação. O MNS foi suspenso pela parte traseira e uma linha de pesca para suportar o peso do
129

conjunto, buscando uma configuração mais próxima daquela recomendadananorma IEC


62585 [39].
O primeiro experimento teve por objetivo comprovar que a TST é robusta em relação
à escolha da fonte sonora. Foram utilizadas três fontes sonoras (BMS, B&W e Diamond
Tweeter), três réplicas com cada fonte,com resultados muito consistentes, como mostra a
Figura (5.58). De acordo com os resultados obtidos pela TST, o MNS BK 2236 sob teste
atenderia às tolerâncias da norma IEC 61672 em toda a faixa de 31,5 Hz até 20 kHz.

Resposta do MNS: fontes BMS, B&W e Diamond


6,0

4,0
Sensibilidade do MNS (dB)

2,0

0,0

-2,0

-4,0

-6,0 BMS TolMAX+


B&W TolMAX-
-8,0
Diamond
-10,0
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)

Figura 5.58 – Comparação das respostas em frequência referentes a um BK 2236,


obtidas pela TST, utilizando três fontes sonoras: BMS a partir de 31 Hz, B&W a
partir de 50 Hz e Diamond Tweeter a partir de 800 Hz.

Estes resultados foram comparados com os resultados obtidos na câmara anecóica.


Para viabilizar esta comparação, houve a necessidade de se gerar uma referência do método
clássico. Optou-sepor realizar a média das 3 fontes no interior da câmara anecóica para
conseguir um valor mais próximo de um suposto valor de referência. Nas baixas frequências é
possível, naturalmente, acreditar no resultado da câmara anecóica. Claro está que a média das
três fontes se dá a partir de 800 Hz, a média de duas fontes de 50 Hz até 800 Hz e apenas a
BMS contribui na faixa de 31 Hz até 50 Hz.Os resultados são apresentados na Tabela (C.1)do
Apêndice C. Oscorrespondentes gráficos da Figura (5.59) evidenciama compatibilidade com
as máximas incertezas propostas na norma IEC 61672, indicadas nos gráficos pelas notações
“incMAX+” e “incMAX–”.
130

TST vs ANEC: fonte BMS (BK 2236)


2,0

1,5

Diferença TST-ANEC (dB)


1,0
REP1-ANEC
0,5
REP2-ANEC

(a) 0,0 REP3-ANEC


TolMAX+
-0,5 TolMAX-
IncMAX+
-1,0
IncMAX-
-1,5

-2,0
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)

TST vs ANEC: fonte B&W (BK 2236)


2,0

1,5
Diferença TST-ANEC (dB)

1,0
REP1-ANEC
0,5
REP2-ANEC
(b) 0,0 REP3-ANEC
TolMAX+
-0,5 TolMAX-
IncMAX+
-1,0
IncMAX-
-1,5

-2,0
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)

TST vs ANEC: fonte Diamond (BK 2236)


2,0

1,5
Diferença TST-ANEC (dB)

1,0
REP1-ANEC
0,5
REP2-ANEC
(c) 0,0 REP3-ANEC
TolMAX+
-0,5 TolMAX-
IncMAX+
-1,0
IncMAX-
-1,5

-2,0
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)

Figura 5.59 –Comparação de resultados da TST com os resultados obtidos na


câmara anecóica, aplicada a um MNS BK 2236, sendo 3 réplicas para cada fonte
sonora: (a) BMS, (b) B&W e (c) Diamond Tweeter.
131

A Figura (5.60) apresenta o resultado do desvio padrão referente a 3 réplicas para cada
uma das fontes sonoras (lembrando que cada réplicademanda a montagem e desmontagem do
microfone de referência e montagem e desmontagem do MNS sob teste;cada montagem
requero ajuste de distância, altura e alinhamento). O janelamento foi mantido constante para
todos os testes.

Repetibilidade
0,120

0,100
BMS
Desvio Padrão (dB)

0,080 B&W
Diamond
0,060

0,040

0,020

0,000
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)

Figura 5.60 – Desvio padrão dos testes de repetibilidade da TST paracada fonte
sonora.

Os desvios padrão evidenciam a excelente performance de cada fonte. Arepetibilidade


conseguida com a fontes B&sW (MTM) se destaca como a melhor opção, exceto seo
laboratório precisacobrir frequências abaixo de 50 Hz. Inicialmente havia uma expectativa de
que o Diamond Tweeter oferecesse vantagens quanto à repetibilidade, porém os testes não
comprovaram tal suposição. A suspeita sobre a influência da grade de proteção não foi testada
devido ao risco elevado de provocar danos, sendo uma fonte de altíssimo custo. Mas a ideia
de ser a grade de proteção encontra fundamento (como mencionado em 5.2.6) no fato de que a
fonte B&W também conta com um Diamond Tweeter, neste caso sem proteção, e os desvios
padrão ficaram abaixo de 0,03 dB.
O último experimentoapresentadofoi relatado por SOARES e
ZAJARKIEVAIECH[57] referente a testes com largura de janelamentoe teve por objetivo
repetir a comparação da TST com o método clássico e, como lembrado acima, eliminando a
haste vertical (fixação) utilizada em experimentos anteriores, com a finalidade de adequar o
procedimento à configuração de montagem recomendada pela nova norma IEC 62585. A
132

altura do MNS e microfone em relação ao piso foi aproximadamente 1,90 m. A Figura (5.61)
reproduz a Figura (8) do artigo Influence of the Sound Sources in the calibration of Sound
Level Meterse mostra o resultado de se aplicar duas janelas de larguras bem diferenciadas,
sendo uma estreita (4 ms) capaz de cortar todas as reflexões acústicas, porém provocando um
batimento nas baixas frequências. A proposta é utilizar uma segunda janela bem mais larga
(por exemplo, 25 ms) capaz de remover este batimento. O resultado final corresponderia à
composição das duas curvas. No caso da Figura (5.61) com a janela de 25 ms obter-se-ia a
curva até 500 Hz e com a janela de 4 ms a curva para frequências acima de 500 Hz. Esta
operação não eleva substancialmenteo tempo de execução, pois pode ser realizada com uma
Macro.

Figura 5.61 – Efeito do batimento provocado pelo janelamento de uma janela


estreita e solução conseguidaao combinar resultados com uma janela mais larga.

5.4.4. Resumo sobre os experimentos

A partir dos experimentos de 5.4 podem ser feitos alguns comentários:

(5.4.1): A influência de um corpo (dummy) pode ser determinada mediante a TST


ou pelo método clássico. As evidências mostram que a TST permite
determinar esta influência com mais precisão.

(5.4.2): (a) É possível reproduzir através da TST e, por conseguinte, também gerar
133

através da TST, dados relativos à influência do corpo de um dado modelo


de MNS. Além de atender a norma IEC 61672-3 [5], esta virtude permite
objetivar anorma IEC 62585 [39].
(b) A compatibilidade de resultados entre os métodos não depende do MNS
escolhido para os testes.

(5.4.3): (a) A resposta em frequência de um MNS, incluindo a influência do corpo,


não depende da fonte sonora escolhida para a varredura de senos, embora a
escolha da fonte influencie na precisão.
(b) A repetibilidade conseguida com a TST atendecom folga os requisitos
de incertezas máximas previstos na norma IEC 61672.
(c) O uso de uma função janela diferenciadaassegura a compatibilidade
entre os métodos também para as baixas frequências.

5.5. Incerteza de Medição

A abordagem para a estimativa da incerteza toma por base o Guia para a Expressão da
Incerteza de Medição – ISO GUM - Guide to the Expression of Uncertanty in
Measurement[58] e/ou a NIT-DICLA-021 - Expressão da incerteza de medição por
laboratórios de calibração[59],que descrevema incerteza assim:

A incerteza do resultado de uma medição reflete a falta de conhecimento exato do valor do


mensurando. O resultado de uma medição, após correção dos efeitos sistemáticos
reconhecidos, é ainda, tão somente uma estimativa do valor do mensurando por causa da
incerteza proveniente dos efeitos aleatórios e da correção imperfeita do resultado para efeitos
sistemáticos.

De acordo com estes documentos a incerteza de medição expandida U é obtida


multiplicando a incerteza padrão uc(y) da estimativa de saída y por um fator de abrangência k,
como mostra a Equação (5.6).

(5.6)

A incerteza padrão da estimativa de saída uc(y) é calculada pela raiz da soma dos
quadrados das contribuições para a incerteza de saída ui(y) associadas a cada grandeza de
entradaXi. Cada contribuição para a incerteza de saídaui(y) é, por sua vez, estimada a partir
das incertezas padrão de entrada u(xi). O fator de abrangência ké tal que contribui para uma
134

probabilidade de abrangência de aproximadamente 95 %. É determinado mediante a


distribuição-t de probabilidade 95,45 % a partir da incerteza padrão associada à estimativa de
saída, as diversas contribuições de incerteza de cada entrada e os graus de liberdade
efetivosveff, estimados pela Equação (5.7).

(5.7)

onde:
é a incerteza padrão da estimativa de saída,
é a i-ésimacontribuiçãopara a incerteza de saída (i=1,2,...N), e
é o i-ésimo grau de liberdade efetivo referente à contribuição .

A Tabela (5.3) relaciona o grupo de contribuições consideradas neste estudo.


Logo a seguir são apresentadas as contribuições tidas como mais relevantes em
detrimento de outras que o laboratório eventualmente poderia considerar. Muitas das
contribuições para a incerteza dependem da configuração escolhida pelo laboratório de
calibração. Por exemplo, a geometria da fonte representa uma das principais contribuições e
deve ser estudada caso a caso. Uma vez escolhida a fonte é avaliado o campo sonoro (rmsD),
a estabilidade, repetibilidade, etc., e a contribuição para a incerteza de saída analisada
conforme os passos abaixo.

5.5.1. Microfone de referência (u1)

Microfones como o BK 4180 ou GRAS 40AU são exemplos de microfones LS2 que
podem ser utilizados como referência. Embora a baixa sensibilidade, na faixa de 12 mV/Pa, a
grande vantagem consiste em que podem ser calibrados por reciprocidade em pressão com
incertezas muito baixas, por volta de 0,05 dB na faixa central de frequências. O Inmetro
consegue atualmente reduzir esta incerteza para 0,04 dB e talvez no futuro para 0,03 dB. O
resultado da calibração por reciprocidade em campo de pressão deve ser corrigido para campo
livre. A norma IEC 61094-7 [20] fornece valores de correção para microfones LS2 e
incertezas associadas aos mesmos. Tais correções, ao serem aplicadas aos resultados em
135

pressão, permitem determinar qual a sensibilidade em campo livre. As incertezas dos fatores
de correção são combinadas com as incertezas da reciprocidade em campo de pressão.

Tabela 5.3 – Relação de contribuições para a incerteza de saída

u1 Incerteza de calibração do Microfone de Referência, por exemplo, um BK 4180,


calibrado por reciprocidade em pressão para frequências abaixo de 1 kHz e por
reciprocidade em campo livre a partir de 1 kHz, conforme a norma IEC 61094-3 .
Eventualmente, a incerteza do microfone calibrado em pressão e aplicação de
fator de correção para campo livre conforme a norma IEC 61094-7
u2 Incerteza da calibração do ganho do pré-amplificador (vinculado ao microfone de
referência)
u3 Contribuição do estudo de rmsD referente à eficiência do campo livre nas
proximidades do ponto de teste
u4 Contribuição devido à influência da primeira reflexão sobre a incidência direta
dependendo da largura de janelamento
u5 Incerteza da calibração elétrica do CMF22 (ganho e resposta em frequência). Se o
microfone de referência e o MNS sob teste utilizarem o mesmo canal é
considerada uma única contribuição (cujo erro sistemático poderá ser cancelado)
u6 Incerteza da calibração elétrica da saída AC do MNS.
u7 Contribuição estimada para estabilidade da tensão de polarização(200 V) do
microfone de referência
u8 Contribuição estimada para o erro do centro acústicodo microfone do MNS sob
teste em relação ao centro acústico do microfone de referência
u9 Contribuição devida à falta de estabilidade da fonte sonora
u10 Contribuição devida ao erro angular durante o posicionamento do MNS
u11 Contribuição devida ao modo de fixação (haste do tripé)
u12 Contribuição devida ao erro de distância entre o MNS e a fonte durante o
posicionamento do MNS
u13 Repetibilidade
u14 Reprodutibilidade
u15 Arredondamento

O microfone de referência pode também ser calibrado por reciprocidade em campo


livre. Neste caso as sensibilidades e incertezas associadas são fruto da calibração e não se
aplicam as incertezas dos fatores de correção. O método de reciprocidade em campo livre
permite obter a sensibilidade FF acima de 1 kHz e assume que para frequências menores as
sensibilidades em FF e PF são iguais.
136

O quadro geral de incertezas é apresentado na Tabela (C.2) do Apêndice C. As duas


últimas colunas são exemplos de incertezas obtidas(a) mediante aplicação de fator de correção
e (b) como resultado da calibração em campo livre.
Alguns testes realizados com o BK 4191 (calibrado por reciprocidade em campo livre)
não levaram em conta as incertezas de calibração, por exemplo, os estudos de rmsD, por
serem estudos comparativos com a resposta na posição de referência (1 m).
Até 1000 Hz a incerteza em pressão é considerada com divisor igual a 2. A partir de
1000 Hz dependerá da opção escolhida, se pressão seguida de correções ou campo livre:

(5.8)

(5.9)

5.5.2. Pré-amplificador BK 2673 (u2)

A incerteza expandida associada normalmente à calibração de um pré-amplificador


modelo BK 2673 está em torno de 0,003 dB, proveniente de uma distribuição normal:

(5.10)

5.5.3. Eficiência do campo livre (rmsD) (u3)

A partir dos resultados do estudo de rmsD a contribuição, considerando uma


distribuição tipo retangular. Conforme observado anteriormente, foram zeradas todas as
contribuições para frequências abaixo de 125 Hz. Ver Tabela (C.3)do Apêndice C.

5.5.4. Primeira reflexão (geometria do ambiente) (u4)

Conforme detalhamento do item 5.2.3, supondo a aplicação de uma janela de 25 ms


para obter resultados abaixo de 500 Hz, e que a primeira reflexão seja acusticamente atenuada
em 40 dB, neste caso há de se ter uma influência de 0,09 dB. Acima de 500 Hz, com uma
137

janela de 3 ms é possível praticamente remover toda a primeira reflexão. Ainda com uma
janela de 4 ms poderia conseguir-se uma remoção parcial com um impacto menor que
0,03 dB.

5.5.5. Calibração elétrica CMF22 (Linearidade) (u5)

A contribuição do teste de linearidade é praticamente negligenciável quando


comparada com outras entradas. Para este estudo foi superestimada em 0,02 dB. Assumindo
que o canal utilizado seja o mesmo, tanto para o microfone de referência quanto para o MNS
sob teste, a contribuição é:

(5.11)

5.5.6. Calibração elétrica da saída AC do MNS (u6)

A entrada considera a possibilidade de se ter uma diferença entre a saída AC e o


mostrador do MNS sob teste. Este erro não é introduzido pela TST, mas é inerente ao método
de calibração, portanto pode ser desconsiderado para os efeitos deste trabalho. Durante a
calibração do MNS pelo laboratório deverá ser observada.A resolução do mostrador poderá
ser 0,1 dB ou 0,01 dB, dependendo do modelo de MNS:

(5.12)

5.5.7. Tensão de polarização do microfone de referência (u7)

A tensão de saída do microfone é proporcional à tensão de polarização:

(5.13)

sendo E0 a tensão de polarização e f(R,C) um fator função das variáveis do circuito de


polarização e da capacitância do microfone.
138

A entrada pode ser estimada medindo a tensão de polarização com um multímetro,


durante um período que represente o tempo normal de calibração. Em fontes de microfone é
razoável encontrar variação máxima de tensão de ± 0,1 %, ou ± 0,009 dB.

(5.14)

Em geral a tensão é extremamente estável, mas as impedâncias do circuito de carga


são elevadas e podem retardar a completa polarização ao acoplar o microfone ao sistema de
medição. Experimentalmente observa-se que, se respeitado um tempo de pelo menos
3 minutos desde o acoplamento, a polarização do o microfone se torna estável.

5.5.8. Centro acústico (CA) (u8)

Considerando a Tabela (3.4) da dissertação de mestrado de MILHOMEM[50]


(reproduzida na Tabela (5.4)),sobre a posição do centro acústico,observa-se que este varia de
5 mm até 0,5 mm à frente do microfone para frequências de 1 kHz até 20 kHz,
respectivamente.Para efeitos dascontribuições para a incerteza de saída, são considerados os
valores absolutos dos erros com divisor .
O erro de centro acústico poderia ser negligenciado. SOARES [6] comenta que no
método de comparação sequencial “o erro sistemático de não se utilizar a exata distância entre
o centro acústico do alto-falante e do microfone será cancelado na operação de subtração”.
Porém, no caso da aplicação da TST para MNS o microfone do MNS em geral será um
modelo diferente.

Tabela 5.4 – Reprodução da Tabela (3.4) de [50]

Frequência (Hz) Erro CA (mm) ABS(Erro)/ (dB)


1000 5,0 0,025
1259 4,9 0,025
1585 4,8 0,024
1995 4,7 0,024
2512 4,4 0,022
3162 4,2 0,021
3981 3,9 0,020
5012 3,6 0,018
6310 3,2 0,016
7943 2,8 0,014
10000 2,3 0,012
139

12589 1,8 0,009


15849 1,2 0,006
19953 0,5 0,003

SegundoBARRERA, RASMUSSEN & JACOBSEN [60]uma mudança de 1 mm na


posição do centro acústico levará a uma mudança de 0,03 dB na sensibilidade em campo livre,
para medições realizadas em uma distância média entre os microfones de 300 mm. Da mesma
forma, RANDALL&NEDZELNITSKY (citado por SOARES[6]) afirma que a distância
praticada no National Institute of Standards and Technology (NIST) está em torno de 200 mm
e um erro de 2 mm na correção do centro acústico introduz um erro final na sensibilidade do
microfone de 0,09 dB.

(5.15)

(5.16)

5.5.9. Estabilidade da fonte sonora (u9)

Ver Tabela (C.4) do Apêndice C, relativa aos testes de estabilidade (Figura (5.23)).

5.5.10. Erro angular no posicionamento do MNS (u10)

Esta contribuição consta na Figura (5.34). Considerando o valor absoluto do erro pode
ser traçada uma curva com os valores estimados das contribuições para cada faixa de
frequência e as contribuições com divisor . Ver Figura (5.62) e a correspondente Tabela
(C.5) do Apêndice C.

5.5.11. Modo de fixação do MNS (u11)

Mediante as recomendações da norma IEC 62585 [39], se o MNS sob teste for fixado
pela parte traseira, a influência teria um efeito praticamente residual em 1 kHz, estimado em
0,013 dB, Já em 8 kHz esta influência estaria estimada em 0,104 dB, o que não surpreende,
conforme o estudo apresentado em 5.2.7. Embora não sejam fornecidos dados para outras
frequências, é possível traçar uma estimativa a partir destes valores.
140

Formalmente, uma contribuição de 0,1 dB até 3,15 kHz e 0,25 dB a partir de 4 kHz
daria cobertura, inclusive, ao uso de uma haste vertical de ½”. Esta escolha fica por conta do
laboratório, sendo que o tripé de ½” não compromete o limite de incerteza para efeitos da
calibração conforme a norma IEC 61672-3 [5].

ABS (angulação leve)


0,08

0,06

0,04
erro (dB)

0,02

-0,02
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)

Figura 5.62 – Contribuição para a incertezado erro de angulação.

(5.17)

5.5.12. Erro de distância da fonte (u12)

A eficiência das condições de campo livre foram observadas no estudo de rmsD. Resta
dúvida ainda sobre o erro de posicionamento longitudinal durante o procedimento
comparativo, onde o MNS sob teste deve ser instalado à mesma distância do microfone de
referência. O erro longitudinal foi estimado, no pior dos casos, em 2 mm. A partir do próprio
estudo de rmsD é possível observar o impacto ao se deslocar nesta proporção e considerar
uma contribuição com distribuição retangular.
O laboratório provavelmente usará de recursos para minimizar o impacto de erros de
distância. Neste caso poderia considerar-se a repetibilidade como suficientemente
representativa do erro de posicionamento. Em tal caso as contribuições da Tabela (C.6) no
Apêndice C seriam desconsideradas.
141

5.5.13. Repetibilidade (u13)

A Tabela (C.7) do Apêndice C resume as contribuições na Figura (5.60), com divisor


(n = 3).

5.5.14. Reprodutibilidade (u14)

Contribuição estimada a partir dos resultados obtidos por dois técnicos diferentes,
durante os ensaios de repetibilidade (Tabela (C.8) do Apêndice C). Estes dados foram
considerados como de reprodutibilidade mesmo sabendo que o termo reprodução seja
definido pela Cgcre e pelo GUM de forma diferente. No futuro, quando houver dados de uma
comparação laboratorial, esta contribuição poderá ser revisada.

5.5.15. Arredondamento (u15)

Considerando duas casas decimais em dB, a contribuição devida ao arredondamento é:

(5.18)

5.5.16. Incerteza Expandida e Limites de Incerteza

Para cada frequência f, a incerteza padrão ucf(y) da estimativa de saída y é calculada


pela Equação (5.19). Paralelamente são calculados os graus de liberdade efetivos veff mediante
a Equação (5.7) e o correspondente fator de abrangência k. Por último a incerteza de medição
expandida U é obtida através de Equação (5.6).

(5.19)

A Tabela (C.9) do Apêndice C traz um exemplo de cálculo de incerteza expandida de


medição para frequência de 1 kHz considerando todas as entradas descritas anteriormente.
142

Os graus de liberdade das estimativas de entrada provenientes de certificados de


calibração são considerados iguais a 50 assumindo que sejam estimativas dadas com
probabilidade de abrangência igual a 95 %.
Para efeitos da norma IEC 61672-3 [5] seria suficiente limitar a faixa de frequências
de 125 Hz até 8 kHz, entretanto, podem ser evidenciados bons resultados em uma faixa mais
ampla o que, em princípio, atenderia até mesmo requisitos de aprovação de modelo de acordo
com a norma IEC 61672-2 [19].
Abaixo são apresentados diferentes resultados das estimativas de saída em função de
alterações nas configurações. A Figura (5.63) mostra as incertezas expandidas de medição
para as diferentes fontes sonoras, cada uma atendendo à faixa de frequência de trabalho. A
linha vermelha indica a incerteza máxima permitida pela norma IEC 61672. Pode ser
observado que as incertezas máximas são atendidas com boa margem, especialmente com a
fonte B&W.

Incerteza Expandida TST - fontes BMS, B&W e Diamond


1,2

BMS
1,0
B&W

0,8
Diamond
Incerteza (dB)

IncMAX
0,6

0,4

0,2

0,0
10,0 100,0 1000,0 10000,0
Frequência (Hz)

Figura 5.63 – Incertezas Expandidas de Medição para as fontes BMS, B&W e


Diamond Tweeter e limite de incerteza da norma IEC 61672.

A Figura (5.64) ajuda a entender o peso das contribuições mais relevantes.A incerteza
da fonte BMS (linha azul) é comparada com as incertezas estimadas ao se desconsiderara
contribuição do rmsD,do microfone de referência e de ambos. Na figura estão identificadas
respectivamente pelas linhas verde, laranjae lilás. Esta comparação evidencia a relevância
destas contribuições acima de 630 Hz.
143

A Figura (5.65) mostra que a contribuição da haste de fixação de meia polegada na


estimativa de saída poder ser significativa para determinar a influência do corpo do MNS
segundo a norma IEC 62585 [39], mas não compromete a incerteza máxima de calibração
segundo a norma IEC 61672-3.

Incerteza Expandida TST - peso do rmsD e do MIC padrão


0,40
BMS
0,35
sem rmsD
0,30
sem MIC std
Incerteza (dB)

0,25
sem ambos
0,20

0,15

0,10

0,05

0,00
10,0 100,0 1000,0 10000,0
Frequência (Hz)

Figura 5.64 –Incerteza da fonte BMS. Peso das contribuições rmsD, microfone
padrão e de ambas.

Incerteza Expandida TST - Influência Haste 1/2"


1,2

1,0 haste 1/2


BMS
0,8
Incerteza (dB)

IncMAX

0,6

0,4

0,2

0,0
10,0 100,0 1000,0 10000,0
Frequência (Hz)

Figura 5.65 – Influência da haste de ½” na incerteza da IEC 61672 (incMAX).

A Figura (5.66) mostra o microfone de referência BK 4180 (linha azul) calibrado por
reciprocidade em PF até 800 Hz e reciprocidade em FF a partir de 1 kHz,sendo comparado
144

com o resultado (linha laranja) de calibrar em pressão em toda a faixa e aplicar correções
previstas na norma IEC 61094-7.

Incerteza Expandida TST - Modalidade de calibração do 4180


0,60

0,50 ReciprPF+FF

0,40
ReciprPF+corr
Incerteza (dB)

0,30

0,20

0,10

0,00
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)

Figura 5.66 – Incerteza referente à fonte B&W. Linha azul: microfone calibrado por
reciprocidade PF abaixo de 800 Hz e reciprocidade FF de 1 kHz em diante. Linha
laranja:calibração por reciprocidade em PF com correções para FF.

A Figura (5.67) identifica o peso da aplicação de uma segunda função janela (larga)
para as baixas frequências, conforme apresentado em 5.2.1 e 5.5.4.

Incerteza Expandida TST - Influência do 2° enjanelamento


0,4

0,4

0,3 B&W
Incerteza (dB)

0,3 2 janela

0,2

0,2

0,1

0,1

0,0
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)

Figura 5.67 – Incerteza expandida com 2 janelas. Uma janela larga de 25 ms (curva
laranja) impacta a incerteza nas baixas frequências.
145

Na Tabela (C.10) do Apêndice Cé apresentada a incerteza expandida,em 1 kHz, com


base na caixa acústica B&W e nomicrofone BK 4180 calibrado em pressão em toda a faixa de
frequências sendo aplicadas correções para FF a posteriori. A incerteza expandida foi
estimada em 0,14 dB, consistente com a prevista na norma IEC 62585 (0,12 dB).
Lembrando que por esta norma a influência do corpo do MNS é determinada
utilizando seu próprio microfone, a incerteza poderia ser simulada sem a contribuição do
microfone padrão, o que resultaria em 0,11 dB.
O gráfico da Figura (5.68) mostra as incertezas que podem ser conseguidas pela TST
em uma das melhores condições deste estudo, utilizando a fonte B&W e comparadas com o
limite máximo de incerteza proposto pelanorma IEC 62585 (linha vermelha). A linhaverde
identifica as incertezas de medição conseguidas com o microfone de referência calibrado por
reciprocidade em campo de pressão e reciprocidade campo livre e a linha azul por
reciprocidade em campo de pressão seguido de correções. Nitidamente o limite de incerteza
proposto pela norma IEC 62585 é bastante estreito para esta configuração.O atendimento
destas incertezas requer cuidados nas escolhas, especialmente quanto ao microfone de
referência.
A proposta da norma (Anexo B da norma IEC 62585) é determinar a influência do
corpo do MNS utilizando o próprio microfone do MNS sob teste, comparando os resultados
com o corpo acoplado e sem o corpo acoplado. Neste caso não existe a contribuição do
microfone porque se cancela na comparação (opção representada pela linha laranja do gráfico
da Figura (5.68)). Por esta razão, o procedimento sugerido no Anexo B da norma deve ser
mais privilegiado do ponto de vista da incerteza de medição.

Incerteza Expandida TST versus Limite de incerteza IEC 62585


0,6
PF+corr
0,5
PF+FF

0,4 Sem MIC


Incerteza (dB)

Limite 62585
0,3

0,2

0,1

0,0
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)
146

Figura 5.68 – Incertezas da TST,considerando diferentes procedimentos de


calibração do microfone de referência, sendo comparadas com o limite de incerteza
da norma IEC 62585.

5.6. Análise dos resultados

Dos experimentos com o MNS BK 2236 detalhados em 5.4destaca-se o resultado na


câmara anecóica na faixa de frequências de 31,5 Hz até 500 Hz, onde o relatório do
EURAMET PROJECT 1056indica que o método em câmara anecóica é mais eficiente que o
da TST.
A Figura (5.69) reproduz a Figura (5) relatada por SOARES &ZAJARKIEVAIECH
[57]que compara os resultados da calibração do MNS sob teste(BK 2236) com as 3 diferentes
configurações de fonte sonora na câmarareverberante pelo método proposto (TST), e a
resposta média das mesmas 3 configurações de fontes na câmara anecóica (explicado em
5.4.3).Abaixo de 500 Hz a diferença entre o método do campo livre simulado émuito pequena
quando comparada com o método em câmara anecóica(lembrando que para as baixas
frequências existe apossibilidade de utilizar janelas largas, tal como observado em 5.2.3).
Nas altas frequências as diferenças são maiores quando comparadas comos resultados
obtidos em câmara anecóica. Contudo, isto era esperado, uma vezque as reflexões sonoras no
interior da câmara anecóica certamente contaminamo resultado da calibração do BK 2236. Tal
como observado no Capítulo 3, o método em câmara anecóica não deveria ser utilizado como
referência.

Figura 5.69 – Reprodução da Figura (5) de [57]. Resultado da calibração do MNS


BK 2236 em câmara anecóica e pela TST, para as 3 fontes sonoras (BMS, B&W e
147

Diamond Tweeter). A resposta anecóica (linha preta) corresponde à média dos


resultados das 3 fontes.

A Figura (5.70) expressa a diferença decada fonte pela TST e a média das 3 fontes na
câmara anecóica. Torna-se mais evidente a fragilidade do método clássico nas altas
frequências.
A Figura (5.71) mostra o desvio padrão das medidas com as 3 fontes na câmara
anecóica e pela TST para frequências a partir de 800 Hz.
Observa-se que os desvios padrão das 3 fontes são compatíveis tanto na câmara
anecóica quanto pela TST, apesar das diferenças de resultados nas altas frequências mostrados
na Figura (5.70), que são atribuídas às reflexões, difrações e distorção na câmara anecóica.
A linha azul da Figura (5.72) considera o valor absoluto da média das diferenças da
Figura (5.70), na faixa de 800 Hz até 20 kHz, estendido pela incerteza da TST (barras
vermelhas). Ao comparar o resultado com o limite de máxima incerteza da norma IEC 61672
(linha verde), comprova-se a compatibilidade de resultados entre a TST e a câmara anecóica,
do ponto de vista da aplicação da norma IEC 61672-3 [5], apesar das fragilidades apontadas
para o método clássico.

BMS, B&W e Diamond [TST] - Média [ANEC]


0,70
0,60
0,50 BMS
0,40 B&W
0,30
Diamond
0,20
0,10
(dB)

0,00
-0,10
-0,20
-0,30
-0,40
-0,50
-0,60
-0,70
10,00 100,00 1000,00 10000,00
Frequência (Hz)

Figura 5.70 – Diferença entre os resultados obtidos com cada fonte (na reverberante,
com a TST), e a média dos resultados das mesmas fontes na câmara anecóica.
148

Desvio padrão BMS, B&W e Diamond: [TST] e [ANEC]


0,30

0,25 TST
ANEC
0,20
(dB)

0,15

0,10

0,05

0,00
100,00 1000,00 10000,00
Frequência (Hz)

Figura 5.71 – Desvios padrão das 3 fontes sonoras pela TST e na câmara anecóica.

Para as altas frequências a TST é mais confiável que o método clássico sendo possível
remover, reflexões, difrações, distorção, ruído de fundo e reverberação. E para as baixas
frequências, onde notoriamente teria desvantagem diante do método clássico se torna
compatível com este ao aplicar uma função janela suficientemente larga.

[ABS (TST-ANEC)+Inc_TST] vs Tol61672


1,20

1,00

0,80
(dB)

0,60

0,40

0,20

0,00
100,00 1000,00 10000,00
Frequência (Hz)

Figura 5.72 – Gráfico comparativo do valor absoluto da diferença entre os resultados


médios da TST e da anecóica, com a incerteza da TST e a máxima incerteza
permitida aos laboratórios.
149
150

6. CONCLUSÕES

A confiança na câmara anecóica como método para simular condições de campo livre,
sofreu algum declive nos últimos anos.Os resultados em altas frequências são de fato
influenciados por difrações e reflexões. O relatório EURAMET PROJECT 1056conclui sobre
a necessidade de se utilizar técnicas de supressão para eliminar tais interferências. Isto
também ficou evidenciado neste trabalho.Em outras palavras, se não forem utilizadas técnicas
de seleção no tempo, o método clássico em câmara anecóica não deveserassumido como
método de referência para as altas frequências.
Definir a qualidade das condições de campo livre parece indispensável. Apenaso
projeto de prótese auditiva do grupo de trabalho TC29/WG13 (Hearing aids) da IEC,
especificamente a norma IEC 60118-8 [61],define de forma simplificada que a condição de
campo livre deve se manter em ±2 dB do valor teórico (lei do inverso da distância). A norma
IEC 61672 determinalimites de incertezas para os laboratórios de aprovação de modelo e
laboratórios de calibração, mas não menciona a qualidade mínima aceitável das condições de
campo livre em que devem ser realizados os testes.A omissão de uma entrada tão relevante
pode subestimar a incerteza de saída. É evidente que algumas estimativas de entrada são
dominantes, dentre elas a calibração do microfone de referência e o impacto da qualidade do
campo livre (rmsD). A recente norma IEC 62585 [39] publicada em 2012 apresentaum
exemplo para estimar incertezas em um anexo informativo. Uma das entradas é “estimate
from free-field room performance tests”, igual a 0,013 dB para 1 kHz e 0,104 dB para 8 kHz
(consistentes com os valores encontrados neste estudo para a caixa BMS), que representa um
avanço nesta direção.
A escolha da fonte sonora depende da faixa de frequência que se pretende cobrir, do
resultado do estudo de rmsD e das verificações de estabilidade.Os resultados obtidos com o
Diamond Tweeter foram muito precisos, exceto para 16 kHzpor motivos discutidos durante o
estudo. De qualquer maneira a fonte B&W (MTM) leva vantagem, pois além de ter um
Diamond Tweeter conta com dois midwoofer que lhe permitem cobrir toda a faixa de teste da
norma IEC 61672-3 [5].Com base nos resultados de rmsD e desvio padrão de repetição pode-
se afirmar que esta fonte teve o melhor desempenho. A fonte BMS é virtuosa, pois em sua
configuração coaxial cobre as altas frequências com a corneta e as baixas
frequências,atingidas pelo wooferde 15 polegadas,superam a faixa da B&W, atendendo,
inclusive, a faixa de aprovação de modelo conforme a norma IEC 61672-2[19] em condições
de campo livre (simulado). De fato o laboratório tem nestas fontes trêsexcelentes opções. Em
151

todos os casos cabe a possibilidade de calibrar em cavidade abaixo de 200 Hz, conforme o
relatório EURAMET PROJECT 1056, ou 250 Hz de acordo com a norma IEC 61672-2.
A TST com uma das três fontes deste estudo permite trabalhar com suficiente margem
de segurança dentro dos limites de máximas incertezas estabelecidas pela norma IEC 61672:
0,5 dB (25 – 160 Hz), 0,4 dB (200 – 1000 Hz), 0,6 dB (1,25 – 8 kHz) e 1 dB (10 – 20 kHz).
A TST se mostra também apropriada para determinação da influência do corpo do
MNS pela norma IEC 62585. A exigência sobre a configuração de fixação do MNS sob teste
pode ser atendida pelo laboratório criandoum mecanismo de sustentação que atenda uma das
recomendações desta norma. Obviamente as configurações de fixação sugeridas atendem os
testes para incidência frontal, mas seria difícil aplicá-las para outros ângulos de incidência,
por exemplo, para efeitos da aprovação de modelo.A haste vertical com revestimento de
material absorvedor pode ser uma alternativa. Do ponto de vista da verificação periódica pela
norma IEC 61672-3, a influência de uma haste de meia polegada pode ser incluída como
contribuição para a incerteza de medição. Talvez a IEC possa incluir em futuras publicações
sugestões sobre como resolver esta problemática.
A utilização de um microfone monitor não agrega valor do ponto de vista da TST com
varredura de senos. Em testes com tons puros onde possa haver aquecimento da bobina do
alto-falante talvez seja útil para acompanhar a estabilidade da excitação. Um microfone
monitor pode ser útil também para detectar falhas ou erros significativos, por exemplo, se
houver alteração inadvertida do posicionamento da fonte sonora.
A incerteza de alguns fatores de correção da norma IEC 61094-7 parece subestimada.
Obviamente a comparação de resultados de reciprocidade em campo de pressão e
reciprocidade em campo livre deve levar em consideração as incertezas destes métodos. A
incerteza da reciprocidade em campo livre na frequência de 1000 Hz pode estar entre 0,1 dB e
0,2 dB enquanto o fator de correção identifica incerteza de 0,06 dB. Estes valores parecem
privilegiar o uso de um microfone calibrado por reciprocidade em campo de pressão, onde ao
aplicar os fatores de correção, obter-se-ia uma incerteza menor, o que parece absurdo. No
momento da criação da norma IEC 61094-7 não existiam dados acordados por
intercomparação em campo livre que pudessem colocar em dúvida tais valores de incerteza. A
incerteza expandida dos participantes do Key Comparison CCAUV.A-K4 [62], na frequência
de 1 kHz está em torno de 0,1 dB (a do Inmetro igual a 0,13 dB), superior à incerteza do fator
de correção.
É altamente recomendável que a IEC torne obrigatório o requisito de um MNS ter
saída AC para ambas as classes. Embora para MNS de classe 1 a saída AC seja obrigatória
152

para os testes de aprovação de modelo, cabe a possibilidade do fabricante disponibilizar este


recurso apenas para esta fase de testes e não para as verificações periódicas. O MNS classe 2
não tem este requisito. Uma vez que a IEC reconhece as técnicas de seleção no tempo como
ferramenta imprescindível para eliminar os defeitos da câmara anecóica, não há alternativa a
não ser tornar obrigatória a disponibilização da saída AC. Por extensão desta lógica, as
revisões das normas poderiam abrir um espaço mais relevante para técnicas de seleção no
tempo, não somente como alternativa para reparar defeitos da câmara, mas como método
substitutivo.
A TST proposta neste trabalho se mostra uma solução muito robusta e confiável em
toda a faixa de testes. Especialmente para as altas frequências, onde são apontadas
deficiências da câmara anecóica, é seguro afirmar que o método proposto é mais exato do que
o método clássico, pois consegue remover reflexões, difrações e a distorção. A TST ainda
conta com a vantagem de não ser necessário realizar médias espaciais (com diferentes
distâncias) na câmara anecóica para minimizar o efeito das possíveis reflexões.
No método de comparação os erros sistemáticos introduzidos pela função janela
aparecem tanto para o microfone de referência quanto para o MNS sob teste, portanto se
cancelam. Nas baixas frequências, os problemas de batimento são contornados aplicando uma
segunda janela mais larga. Isto não representa nenhuma complicação visto que podem ser
usadas ferramentas do Excel ou Macros para recortar e colar os trechos das curvas
aproveitando convenientemente os resultados das baixas, médias e altas frequências, o que
demanda poucos segundos de processamento.
O tempo de execução da calibração é outra virtude da TST, pois enquanto pelo método
clássico o resultado de uma varredura discreta em frequência demanda em torno de 40
minutos, no método proposto o mesmo resultado seria conseguido em aproximadamente 3
minutos.
Fora a diferença no custo do homem-hora para a calibração de um MNS, deve-se levar
em conta que a imposição de requisitos mais pesados sobre o ambiente de teste eleva
proporcionalmente o custo de construção da câmara anecóica. Certamente, esta é uma barreira
intransponível para a implementação da calibração acústica em campo livre por parte de
laboratórios secundários. Mesmo os laboratórios dos Institutos Nacionais de Metrologia que
possuem câmaras anecóicas estão sentindo a necessidade de uma técnica mais sofisticada para
fazer calibrações acústicas de MNS com a finalidade da aprovação de modelo.
Sem dúvida, a técnica proposta neste projeto será aplicada não somente pelo Inmetro,
mas também por laboratórios que buscam acreditação na Cgcre para a realização de
153

verificação periódica de MNS. O Laboratório de Eletroacústica (Laeta) está em fase de


implantação da aprovação de modelos de MNS eos excelentes resultados aqui obtidos
assegurará ao Inmetro resultados confiáveis, cuja rastreabilidade alcançará exatidão igual ou
melhor do que os pares internacionais.
A validação decorrente da comparação com o método clássico evidencia que a Técnica
de Seleção no Tempo com varredura de senos é eficiente e apropriada, segundo o item 5.4.5.3
da norma ABNT NBR ISO/IEC 17025, e atende não somente as verificações periódicas da
norma IEC 61672-3, mas também a aprovação de modelo pela norma IEC 61672-2 e à
determinação da influência do corpo do medidor de nível sonoro pela norma IEC 62585.
Futuros estudos poderão abordaro uso da TST para obter a resposta em frequência de
próteses auditivas, ou para determinar a direcionalidade de alto-falantes, ou como ferramenta
de investigação do centro acústico de microfones (considerando que os valores atuais podem
eventualmente estar contaminados pelos defeitos da câmara anecóica).
154

REFERÊNCIAS

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155

[15] IEC 61094-2: Primary method for pressure calibration of laboratory standard
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[18] IEC 61672-1: Electroacoustics - Sound level meters - Part 1: Specifications, 1 ed., 2002.

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[22] ABNT NBR 10151: Acústica - Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o
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[23] BRASIL. Conselho Nacionaldo Meio Ambiente(CONAMA). RESOLUÇÃO nº 1, de 8


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[24] BRASIL. Superior Tribunal de Justiça (STJ). POLUIÇÃO SONORA: O BARULHO


QUE INCOMODA ATÉ A JUSTIÇA. Publicado no site do STJ em 10 de março de 2013.
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159
160

APÊNDICE A

Registro fotográfico

Linha de pesca

Haste de ½” sem contato

Figura A.1 – Teste da influência do corpo Cel-266 na Figura A.2 –Linha de segurança para a haste de
câmara anecóica microfone

Figura A.3 – Caixa acústica com alto-falante coaxial Figura A.4 – Caixas acústicas com alto-falantes
Selenium centrais tipo ribbon tweeter

Figura A.5 – Carcaça de MNS Cel-266 para o estudo Figura A.6 – BK 4180 sendo alinhado com recursos
de influência do corpo laser
161
162

APÊNDICE B

Efeito da espuma na base da fonte

Além de servir como base de sustentação da fonte sonora, o tripé tem uma pequena
área frontal que serve como elemento de reflexão sonora. Durante o início das medições, as
Respostas Impulsivas (RI) obtidas apresentavam uma reflexão sonora (Figura B.1) entre o
som direto e a primeira reflexão esperada (neste caso, oriunda do piso da câmara
reverberante). Por meio de medições dimensionais e trigonometria (Figura 5.5) foi possível
encontrar a origem desta reflexão indesejada. O responsável era o tubo do tripé da fonte
sonora que tem aproximadamente 36 mm de diâmetro e 1,65 m de comprimento. A evidência
desta responsabilidade foi confirmada após revestir parcialmente o tubo com espuma.

Figura B.1 – Resposta impulsiva obtida com tripé desnudo, semi coberto e
totalmente coberto com espuma(fonte: Diamond Tweeter).

Observando a Figura B.1 é possível notar uma atenuação na reflexão sonora superior a
15 dB (cuja origem é a haste do tripé). A curva azul é a RI obtida quando o tripé estava
desnudo. A curva vermelha é a RI obtida quando a haste do tripé estava parcialmente coberta
com espuma absorvedora. A curva verde é a RI obtida quando a haste do tripé estava
totalmente coberta com espuma.
A Figura B.2 mostra o tripé totalmente coberto com espuma absorvedora de ondas
sonoras.
163

Figura B.2 – Tripés totalmente revestido com espuma absorvedora


164

APÊNDICE C

Tabelas

Tabela C.1 – Comparação de resultados TST e câmara anecóica, considerando 3


réplicas com cada fonte sonora (BMS, B&W e Diamond Tweeter).

FREQ ANEC [dB] TST-ANEC (BMS) [dB] TST-ANEC (B&W) [dB] TST-ANEC (Diamond) [dB]

[Hz] BMS B&W Diamond Média REP1 REP2 REP3 REP1 REP2 REP3 REP1 REP2 REP3
19,95 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- ---
25,12 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- ---
31,62 0,798 --- --- 0,798 -0,121 -0,133 -0,119 --- --- --- --- --- ---
39,81 0,638 --- --- 0,638 -0,063 -0,066 -0,064 --- --- --- --- --- ---
50,12 0,587 0,530 --- 0,559 -0,080 -0,076 -0,082 -0,130 -0,113 -0,139 --- --- ---
63,10 0,505 0,642 --- 0,574 -0,178 -0,168 -0,181 -0,203 -0,198 -0,210 --- --- ---
79,43 0,392 0,424 --- 0,408 -0,087 -0,075 -0,089 -0,092 -0,095 -0,097 --- --- ---
100,0 0,352 0,394 --- 0,373 -0,104 -0,092 -0,101 -0,112 -0,122 -0,116 --- --- ---
125,9 0,338 0,320 --- 0,329 -0,089 -0,084 -0,078 -0,121 -0,136 -0,126 --- --- ---
158,5 0,219 0,277 --- 0,248 -0,077 -0,077 -0,058 -0,082 -0,098 -0,085 --- --- ---
199,5 0,271 0,269 --- 0,270 -0,163 -0,149 -0,148 -0,145 -0,156 -0,146 --- --- ---
251,2 0,207 0,231 --- 0,219 -0,116 -0,109 -0,118 -0,137 -0,147 -0,141 --- --- ---
316,2 0,173 0,214 --- 0,194 -0,101 -0,105 -0,093 -0,107 -0,114 -0,107 --- --- ---
398,1 0,250 0,263 --- 0,257 -0,084 -0,067 -0,071 -0,087 -0,091 -0,088 --- --- ---
501,2 0,264 0,269 --- 0,267 -0,049 -0,036 -0,034 -0,069 -0,072 -0,069 --- --- ---
631,0 0,131 0,245 0,214 0,196 -0,063 -0,046 -0,048 -0,071 -0,071 -0,068 --- --- ---
794,3 -0,139 0,049 0,120 0,010 -0,030 -0,035 -0,042 -0,075 -0,076 -0,075 -0,095 -0,083 -0,091
1000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
1259 0,123 0,065 0,118 0,102 -0,023 -0,019 -0,018 -0,044 -0,051 -0,046 -0,084 -0,065 -0,070
1585 -0,112 -0,039 -0,051 -0,067 -0,073 -0,073 -0,079 -0,127 -0,106 -0,105 -0,105 -0,095 -0,096
1995 -0,186 -0,214 -0,237 -0,212 -0,013 -0,019 -0,025 -0,033 -0,037 -0,038 -0,067 -0,048 -0,053
2512 -0,118 -0,126 -0,083 -0,109 -0,009 -0,010 -0,020 -0,070 -0,073 -0,076 -0,094 -0,081 -0,086
3162 0,042 0,030 0,325 0,132 0,016 0,021 0,003 -0,056 -0,056 -0,065 -0,079 -0,074 -0,076
3981 0,146 0,279 0,168 0,197 -0,112 -0,104 -0,096 -0,136 -0,134 -0,147 -0,168 -0,164 -0,166
5012 0,111 0,272 0,005 0,129 0,152 0,159 0,135 0,044 0,041 0,028 0,023 0,034 0,035
6310 0,533 0,390 0,320 0,414 -0,189 -0,180 -0,165 -0,179 -0,180 -0,192 -0,151 -0,143 -0,150
7943 0,570 0,549 0,720 0,613 0,089 0,076 0,045 -0,080 -0,085 -0,103 -0,080 -0,070 -0,083
10000 0,059 0,215 0,194 0,156 0,122 0,176 0,236 0,331 0,327 0,317 0,320 0,340 0,317
12589 0,281 0,280 0,725 0,429 -0,033 -0,006 0,002 0,036 0,054 -0,003 0,045 0,066 0,082
15849 -0,769 -1,036 -0,956 -0,920 0,185 0,148 0,181 0,271 0,261 0,246 0,447 0,313 0,524
19953 -6,222 -6,132 -6,234 -6,196 -0,034 0,002 0,020 0,166 0,177 0,144 0,054 0,119 0,008
165

Tabela C.2 – Quadro de incertezas do microfone LS2: (a) estimativas obtidas a partir
da aplicação de fatores de correção da norma IEC 61094-7 aos resultados da
calibração por reciprocidade em pressão, e (b) estimativas resultantes da calibração
por reciprocidade em campo livre.

Incerteza típica Incerteza típica Incerteza fator (a) Incerteza 4180 (b) Incerteza de um
Frequência recipr.em PF recipr.em FF correção PF-FF calibrado em PF com 4180 calibrado para
(Hz) (exemplo) IEC 61094-7 correções FF os testes – PF+FF
(dB) (dB) (dB) (dB) (dB)
25 0,08 --- --- 0,08 ---
31,5 0,07 --- --- 0,07 0,06
40 0,06 --- --- 0,06 0,06
50 0,06 --- --- 0,06 0,05
63 0,05 --- --- 0,05 0,05
80 0,05 --- --- 0,05 0,05
100 0,05 --- --- 0,05 0,07
125 0,05 --- --- 0,05 0,07
160 0,05 --- --- 0,05 0,05
200 0,05 --- --- 0,05 0,05
250 0,05 --- --- 0,05 0,05
315 0,05 --- --- 0,05 0,05
400 0,05 --- --- 0,05 0,05
500 0,05 --- --- 0,05 0,05
630 0,05 --- --- 0,05 0,05
800 0,05 --- --- 0,05 0,05
1000 0,05 0,12 0,06 0,09 0,12
1250 0,05 0,11 0,04 0,07 0,11
1600 0,05 0,11 0,07 0,10 0,11
2000 0,05 0,10 0,1 0,13 0,10
2500 0,05 0,10 0,11 0,14 0,10
3150 0,05 0,09 0,12 0,15 0,09
4000 0,05 0,09 0,12 0,15 0,09
5000 0,05 0,09 0,11 0,14 0,09
6300 0,05 0,11 0,12 0,15 0,11
8000 0,06 0,13 0,17 0,21 0,13
10000 0,08 0,14 0,27 0,32 0,14
12500 0,09 0,16 0,33 0,39 0,16
16000 0,12 0,19 0,23 0,29 0,19
20000 0,13 0,19 0,17 0,24 0,19
166

Tabela C.3 – Resultados do estudo de rmsD e contribuições para a incerteza.

rmsD (dB) rmsD / (dB)


Frequência (Hz)
BMS B&W Diamond BMS B&W Diamond
125,9 0,046 0,055 --- 0,027 0,032 ---
158,5 0,073 0,064 --- 0,042 0,037 ---
199,5 0,117 0,055 --- 0,068 0,032 ---
251,2 0,030 0,048 --- 0,017 0,028 ---
316,2 0,034 0,042 --- 0,02 0,024 ---
398,1 0,054 0,050 --- 0,031 0,029 ---
501,2 0,033 0,040 --- 0,019 0,023 ---
631,0 0,035 0,046 --- 0,02 0,026 ---
794,3 0,131 0,035 0,051 0,076 0,02 0,029
1000 0,079 0,032 0,049 0,046 0,018 0,028
1259 0,075 0,052 0,041 0,043 0,03 0,024
1585 0,044 0,062 0,073 0,025 0,036 0,042
1995 0,051 0,070 0,063 0,029 0,04 0,036
2512 0,070 0,056 0,050 0,04 0,033 0,029
3162 0,099 0,038 0,051 0,057 0,022 0,03
3981 0,110 0,053 0,047 0,064 0,031 0,027
5012 0,050 0,142 0,052 0,029 0,082 0,03
6310 0,244 0,037 0,047 0,141 0,021 0,027
7943 0,180 0,055 0,054 0,104 0,032 0,031
10000 0,052 0,120 0,053 0,03 0,069 0,031
12589 0,047 0,040 0,108 0,027 0,023 0,062
15849 0,099 0,041 0,347 0,057 0,024 0,2
19952 0,153 0,052 0,149 0,089 0,03 0,086
167

Tabela C.4 – Contribuição dos testes de estabilidade conforme a Figura (5.23) com
divisor .

FREQ BMS B&W Diamond]


19,95 --- --- ---
25,12 --- --- ---
31,62 0,001 --- ---
39,81 0,001 --- ---
50,12 0,001 0,007 ---
63,10 0,001 0,004 ---
79,43 0,001 0,002 ---
100,0 0,001 0,001 ---
125,9 0,001 0,002 ---
158,5 0,001 0,002 ---
199,5 0,001 0,001 ---
251,2 0,001 0,001 ---
316,2 0,001 0,001 ---
398,1 0,001 0,001 ---
501,2 0,001 0,001 ---
631,0 0,002 0,001 ---
794,3 0,001 0,001 0,006
1000 0,001 0,001 0,003
1259 0,000 0,002 0,008
1585 0,000 0,004 0,007
1995 0,001 0,001 0,007
2512 0,001 0,001 0,005
3162 0,001 0,001 0,006
3981 0,001 0,001 0,003
5012 0,001 0,001 0,002
6310 0,002 0,001 0,002
7943 0,002 0,001 0,002
10000 0,003 0,000 0,002
12589 0,004 0,001 0,012
15849 0,005 0,001 0,064
19953 0,004 0,002 0,036

Tabela C.5 – Contribuição dos testes de angulação, conforme a Figura (5.62), com
divisor .

FREQ Pior caso/raiz(3)


19,95 Hz até 500 Hz 0,006
630 Hz até 4 kHz 0,012
5 kHz até 6,3 kHz 0,023
8 kHz até 20 kHz 0,035
168

Tabela C.6 – Contribuição do erro de distância (2 mm) durante o procedimento


comparativo.

Frequência BMS B&W Diamond


[Hz] [dB] [dB] [dB]
19,95 --- --- ---
25,12 --- --- ---
31,62 0,002 --- ---
39,81 0,000 --- ---
50,12 0,007 0,02 ---
63,10 0,030 0,028 ---
79,43 0,056 0,034 ---
100,0 0,049 0,037 ---
125,9 0,031 0,040 ---
158,5 0,031 0,042 ---
199,5 0,041 0,041 ---
251,2 0,033 0,041 ---
316,2 0,036 0,043 ---
398,1 0,030 0,044 ---
501,2 0,032 0,044 ---
631,0 0,033 0,048 ---
794,3 0,027 0,046 0,030
1000 0,036 0,046 0,031
1259 0,040 0,044 0,030
1585 0,039 0,053 0,030
1995 0,030 0,050 0,030
2512 0,033 0,048 0,032
3162 0,032 0,054 0,032
3981 0,034 0,056 0,032
5012 0,035 0,034 0,038
6310 0,027 0,056 0,039
7943 0,018 0,054 0,042
10000 0,023 0,071 0,044
12589 0,028 0,079 0,057
15849 0,027 0,051 0,081
19953 0,007 0,081 0,029
169

Tabela C.7 – Repetibilidade .

Frequência BMS B&W Diamond


[Hz] [dB] [dB] [dB]
19,95 --- --- ---
25,12 --- --- ---
31,62 0,008 --- ---
39,81 0,008 --- ---
50,12 0,009 0,009 ---
63,10 0,010 0,005 ---
79,43 0,010 0,002 ---
100,0 0,008 0,001 ---
125,9 0,005 0,002 ---
158,5 0,003 0,003 ---
199,5 0,005 0,002 ---
251,2 0,009 0,001 ---
316,2 0,006 0,002 ---
398,1 0,006 0,002 ---
501,2 0,005 0,002 ---
631,0 0,006 0,003 ---
794,3 0,011 0,002 0,010
1000 0,008 0,003 0,011
1259 0,007 0,001 0,008
1585 0,010 0,009 0,009
1995 0,011 0,001 0,008
2512 0,011 0,002 0,009
3162 0,013 0,004 0,010
3981 0,003 0,005 0,010
5012 0,014 0,005 0,007
6310 0,001 0,005 0,011
7943 0,021 0,007 0,012
10000 0,025 0,004 0,014
12589 0,005 0,017 0,002
15849 0,013 0,006 0,058
19953 0,009 0,010 0,038

Tabela C.8 – Reprodutibilidade .

Frequência Reprodutibilidade
[Hz] [dB]
20 até 315 0,02
>315 até 6300 0,03
>6300 até 10000 0,05
>10000 até 20000 0,07
170

Tabela C.9 – Exemplo de cálculo de incerteza expandida de medição para frequência


de 1 kHz considerando todas as entradas descritas nos itens 5.5.1 a 5.5.15.

Contribuição para a
incerteza de saída Graus de liberdade
Entrada
(1 kHz) veff
(dB)
u1 0,059 50
u2 0,002 50
u3 0,046 ∞
u4 0,017 ∞
u5 0,010 50
u6 0,058 ∞
u7 0,005 ∞
u8 0,025 ∞
u9 0,001 ∞
u10 0,012 ∞
u11 0,008 ∞
u12 0,027 ∞
u13 0,008 2
u14 0,030 ∞
u15 0,003 ∞
Incerteza Combinada 0,109
Fator abrangência k 2,01

Incerteza Expandida
0,22
(em 1 kHz)

Incerteza Máxima
0,4
segundo a IEC 61672
171

Tabela C.10 – Exemplo de cálculo de incerteza expandida de medição com a fonte


B&W, na frequência de 1 kHz com microfone BK 4180 calibrado por reciprocidade
em PF e aplicando correções para FF conforme a norma IEC 61094-7.

Estimativa de
Graus de liberdade
Entrada entrada (1 kHz)
veff
(dB)

0,025 50
u1
0,035 ∞
u2 0,002 50
u3 0,018 ∞
u4 0,017 ∞
u5 0,010 50
u6 0,000 ∞
u7 0,005 ∞
u8 0,025 ∞
u9 0,001 ∞
u10 0,012 ∞
u11 0,008 ∞
u12 0,027 ∞
u13 0,003 2
u14 0,030 ∞
u15 0,003 ∞
Incerteza Combinada 0,071
Fator abrangência k 2,00

Incerteza Expandida
0,14
(em 1 kHz)

Incerteza Máxima
0,4
segundo a IEC 61672
172

ANEXOA

Máximas incertezas segundo as normasIEC 61672 e IEC 62585

As incertezas máximas permitidas aos laboratórios para a calibração de acordo com a


norma IEC 61672-3 estão na Tabela (A.1). Apenas foram reproduzidas as incertezas de
interesse deste trabalho.

Tabela A.1 – Reprodução parcial da Tabela (A.1) da norma IEC 61672-1: Maximum
expanded uncertainties of measurement

Requirement Subclause Maximum expanded uncertainty of


or table measurement
(da IEC 61672) (dB)
--- --- ---
Frequency weightings A, C, Z, FLAT table 2, 5.4.13; 10 Hz to 200 Hz 0,5
Frequency weightings A, C, Z, FLAT table 2, 5.4.13; >200 Hz to 1,25 kHz 0,4
Frequency weightings A, C, Z, FLAT table 2, 5.4.13; >1,25 kHz to 10 kHz 0,6
Frequency weightings A, C, Z, FLAT table 2, 5.4.13; >10 kHz to 20 kHz 1,0
--- --- ---

As incertezas máximas para determinação das correções necessárias para obter a


resposta em campo livre de MNS, estão descritas no item 12 (Determination of corrections
over a range of frequencies when a sound calibrator is recommended for use by the sound
level meter manufacturer) da norma IEC 62585, expressas na Tabela (A.2):

The expanded uncertainty of measurement of the corrections required to adjust the indication
on the sound level meter to an equivalent free-field level shall not exceed 0,25 dB for all
frequencies up to and including 4 kHz, 0,35 dB at all frequencies above 4 kHz up to 10 kHz,
and 0,50 dB at and above 10 kHz. These uncertainties of measurement apply for both the
microphone alone and for the combination of microphone fitted to the sound level meter case.
The manufacturer or testing laboratory shall state the expanded uncertainty of the actual
measurements performed, together with the associated coverage factor, in the documentation
supplied.

Tabela A.2 – Incertezas máximas para determinação dos fatores de correção,


conforme a norma IEC 62585

Faixa Incerteza máxima


(dB)
≤ 4 kHz 0,25
>4 kHz até ≤ 10 kHz 0,35
>10 kHz até 20 kHz 0,50

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