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Duque de Caxias
2013
Jorge Enrique Bondarenco Zajarkievaiech
Duque de Caxias
2013
Catalogação na fonte elaborada pelo Serviço de Documentação e Informação do
Inmetro
CDD 621.38150287
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CESSÃO DE DIREITOS
___________________________________________
Jorge Enrique Bondarenco Zajarkievaiech
Rua Alegre, 786 – Ap.63 – São Caetano do Sul/SP
Brasil – CEP 09550-250
Jorge Enrique Bondarenco Zajarkievaiech
TIME-SELECTIVE TECHNIQUE
Duque de Caxias
2013
Jorge Enrique Bondarenco Zajarkievaiech
__________________________________________________
Doutor Zemar Martins Defilippo Soares – Inmetro
Presidente da Banca Examinadora
__________________________________________________
Doutor Júlio Apolinário Cordioli – UFSC
__________________________________________________
Doutor Marco Antonio Nabuco de Araújo – Inmetro
__________________________________________________
Doutor Paulo Medeiros Massarani – Inmetro
À minha esposa Mariela por ter suportado as ausências durante incontáveis viagens para o Rio
de Janeiro.
Ao meu orientador Zemar pela liberalidade com que dividiuconhecimentos e por ter me dado
oportunidade de trilhar um tema atual e relevante.
Ao pessoal do Laena e do Laeta por teremme acolhido em suas instalações e suportado com
paciência centenas de “tiros” reverberantes e anecóicos. Por cada contribuição, comentário e
crítica.
À Total Safety pelo apoio financeiro e aos funcionários e colegas por terem redobrado
esforços para me revezar.
A calibração de medidores de nível sonoro segundo a norma IEC 61672-3 prevê não somente
testes elétricos,mas também acústicos. A determinação da resposta em frequência deve
considerar as difrações na própria superfície do microfone, as reflexões no corpo do medidor
e as configurações de montagem, por exemplo, o uso de cabo de extensão ou eventual protetor
de vento (ou espuma de microfone), simulando a condição de uso pelo cliente. De acordo com
a própria norma, este requisito somente poderia ser atendido de duas formas,fazendo o teste
em uma câmara anecóica ou realizando a calibração do microfone a parte, em campo de
pressão, e ajustando posteriormente os dados para as condições de campo livre. Quanto à
primeira opção, oelevado custo de construção de uma câmara anecóica é um fator de
limitação para os laboratórios de calibração. Quanto à segunda, a aplicação de dados de
correção não necessariamente reflete a condição do medidorsob teste, pois as correções
correspondem a valores médios obtidos de forma estatística a partir de uma população.
Neste contexto, a Técnica de Seleção no Tempo (TST), aplicada à calibração de medidores de
nível sonoro,objetodestetrabalho, se torna uma ferramenta não apenas alternativa, mas
substitutiva, visto que elimina a necessidade do uso de câmara anecóica. A resposta do
microfoneacoplado ao medidor é verificada diretamente em campo livre, sem necessidade de
ajustar os resultados. O teste em tais condiçõesatende aos requisitos da norma e dispensa o
uso de dados de correção.
Calibration of sound level meters according to IEC 61672-3 standard provides not
only electrical testing, but also acoustic testing. The determination of the frequency response
must consider the diffraction on the surface of the microphone, the reflections in the sound
level meter body and mounting configurations, for example, using an extension cable or any
windscreen, simulating the condition of customer use.
According to the standard, this requirement could only be met in two ways, doing the
test in an anechoic chamber or performing microphone calibration separately, in pressure
field, and then adjusting the data for a free field conditions. Regarding the first option, the
high cost of construction of an anechoic chamber is a limiting factor for calibration
laboratories. In the second option, the application of correction data does not necessarily
reflects the condition of sound level meter under test, because corrections correspond to the
average values statistically obtained from a population.
In this context, the Time-Selective Technique (TST), applied to the calibration of
sound level meters, object of this work, becomes a tool, not only alternative but substitutive,
since it eliminates the need to use an anechoic chamber. The response of the microphone
attached to the sound level meter is checked directly in free field, without the need to adjust
the results. The test in such conditions meets the requirements of the standard and eliminates
the use of correction data.
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 19
2. MEDIDOR DE NÍVEL SONORO.......................................................................... 23
2.1. Diagrama de bloco de um Medidor de Nível Sonoro.......................................... 29
2.2. Medidores modernos ...................................................................................... 33
2.3. Verificação Periódica ..................................................................................... 35
2.3.1. IEC 651 e OIML R58 ............................................................................. 36
2.3.2. IEC 61672 ............................................................................................. 38
2.3.3. IEC 17025 ............................................................................................. 40
2.4. Considerações sobre a Calibração Acústica de MNS por comparação.................. 41
3. TESTE ACÚSTICO: MÉTODO CLÁSSICO E ALTERNATIVO ............................. 44
3.1. Câmara Anecóica .......................................................................................... 45
3.2. Relatório EURAMET PROJECT 1056 ............................................................. 49
3.3. IEC 62585 (2012) .......................................................................................... 52
3.4. Calibração em Campo de Pressão (seguida da aplicação de correções) ................ 56
4. CAMPO LIVRE SIMULADO ............................................................................... 62
4.1. Métodos para determinação da função de transferência ...................................... 63
4.2. Técnica de Seleção no Tempo – TST – (Campo Livre Simulado) ....................... 63
5. MEDIÇÕES E ANÁLISE DE RESULTADOS ........................................................ 78
5.1. Ferramentas utilizadas .................................................................................... 78
5.2. Fatores que influenciam nas decisões ............................................................... 84
5.2.1. Primeira reflexão .................................................................................... 84
5.2.2. Limitações nas baixas frequências ............................................................ 91
5.2.3. Largura do janelmanento ......................................................................... 93
5.2.4. Inter-espalhamento (negligenciável) ......................................................... 96
5.2.5. Escolhas relativas à caixa acústica ............................................................ 97
5.2.6. Estabilidade da fonte ............................................................................... 98
5.2.7. Influência do modo de fixação do MNS .................................................. 102
5.2.8. Revestimento da haste de fixação ........................................................... 107
5.2.9. Erro de posicionamento do MNS............................................................ 107
5.2.10. Distância entre o microfone e o corpo do MNS ........................................ 110
5.2.11. Influência de um protetor de vento ......................................................... 110
5.2.12. Artefatos ............................................................................................. 112
5.3. Estudo das fontes sonoras e de seu entorno ..................................................... 114
5.3.1. rmsD: Coaxial marca BMS (woofer e corneta) ......................................... 118
5.3.2. rmsD B&W (MTM) modelo HTM62...................................................... 120
5.3.3. rmsD: Tweeter Monopolo ...................................................................... 121
5.3.4. Comparativo entre as fontes................................................................... 124
5.4. Comparação da TST com o Método Clássico .................................................. 125
5.4.1. Experimento com o corpo CEL-266 ....................................................... 125
5.4.2. Experimento com três modelos de MNS ................................................. 127
5.4.3. Experimentos com o BK 2236 sem uso de haste vertical ........................... 128
5.4.4. Resumo sobre os experimentos .............................................................. 132
5.5. Incerteza de Medição ................................................................................... 133
5.5.1. Microfone de referência (u1) .................................................................. 134
5.5.2. Pré-amplificador BK 2673 (u2) .............................................................. 136
5.5.3. Eficiência do campo livre (rmsD) (u3)..................................................... 136
5.5.4. Primeira reflexão (geometria do ambiente) (u4) ........................................ 136
5.5.5. Calibração elétrica CMF22 (Linearidade) (u5) ......................................... 137
5.5.6. Calibração elétrica da saída AC do MNS (u6) .......................................... 137
5.5.7. Tensão de polarização do microfone de referência (u7) ............................. 137
5.5.8. Centro acústico (CA) (u8) ...................................................................... 138
5.5.9. Estabilidade da fonte sonora (u9) ............................................................ 139
5.5.10. Erro angular no posicionamento do MNS (u10) ........................................ 139
5.5.11. Modo de fixação do MNS (u11) .............................................................. 139
5.5.12. Erro de distância da fonte (u12)............................................................... 140
5.5.13. Repetibilidade (u13)............................................................................... 141
5.5.14. Reprodutibilidade (u14).......................................................................... 141
5.5.15. Arredondamento (u15) ........................................................................... 141
5.5.16. Incerteza Expandida e Limites de Incerteza ............................................. 141
5.6. Análise dos resultados .................................................................................. 146
6. CONCLUSÕES .................................................................................................. 150
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 154
APÊNDICE A ........................................................................................................... 160
APÊNDICE B ........................................................................................................... 162
ANEXO A ................................................................................................................ 172
19
1. INTRODUÇÃO
Um dos requisitos da norma IEC 61672 é o teste acústico que consiste em obter a
resposta em frequência em campo livre. Normalmente seria obtida pelo método clássico da
câmara anecóica, porém os laboratórios não utilizam este recurso em virtude do elevado custo
de sua construção. O procedimento de calibração da norma IEC 61672-3 - Periodic
tests[5]prevê duas alternativas,cavidade ou atuador eletrostático, ambas com resultados em
campo de pressão, sendo a de atuador eletrostático mais viável do ponto de vista econômico.A
resposta acústica do MNS é determinada pela soma da resposta em frequência elétrica do
MNS e da resposta em frequência do microfone (resposta ao atuador), podendo ser
normalizadas em dBe, posteriormente,aplicando correções para campo livre ou difuso. Este
trabalho tem foco somente no caso do campo livre.
Há de se salientar que a rastreabilidade em campo livre é obtida em câmara anecóica.
A calibração em pressão seguida de correções necessita (a) que o fabricante forneça fatores de
correção e, (b) que forneça incertezas associadas aos fatores de correção (que deveriam ser
compatíveis com o método clássico, uma vez que a partir dele são determinados). A aplicação
de fatores de correção de campo de pressão para campo livre corresponde a valores médios
determinados estatisticamente. Seria arriscado assumir que tais fatores serão totalmente
representativos da qualquer configuraçãosob teste.
Neste contexto a Técnica de Seleção no Tempo (TST), também conhecida como
Campo Livre Simulado (CLS), é um método alternativo, amplamente discutido noscapítulos4
e 5. Em resumo, o método consiste em excitar uma fonte sonoracom uma varredura de senos
(swept sine) com o MNS sob teste disposto a uma dada distância, por exemplo, 1 m. A saída
do MNS é conectada a um sistema de aquisição para processamento dos dados. Utilizando
ferramentas como transformada rápida de Fourier (FFT), transformada inversa de Fourier
(IFFT), deconvolução e “janelamento” é possível tratar o sinal adquirido eliminando as
reflexões da onda sonora e outras imperfeições naturais da aquisição discreta, porém
mantendo as reflexões relevantes, por exemplo, aquelas oriundas do corpo do MNS. O
resultado final corresponde à resposta impulsiva do MNS em campo livre, neste caso, a
efetiva resposta do conjunto sob teste.
A eficácia da aplicação da TST para a calibração de microfones em campo livre foi
comprovada na tese de doutorado de SOARES [6]:Calibração de Microfones com Resposta
Impulsiva. Ainda,SOARES[7], sugeriu durante oInternoise 2009que a técnica poderia ser
aplicada ao microfone acoplado ao próprio MNS e desta forma a resposta contemplaria sua
geometria.Essa proposta foi motivadora deste trabalhoe a TST aplicada ao conjunto Medidor-
Microfone para determinação da resposta em frequência em campo livre durante o
22
Figura 2.2: Medidor de Nível Sonoro portátil, modelo GR 1551-A, fabricado pela
General Radio Company na década de 1950. Fotografia publicada por [9].
(2.1)
26
(2.2)
61094”. Ter um sólido corpo normativo para microfones foi fundamental como alicerce das
novas normas de MNS.
Após a virada do milênio, a IEC iniciaria a publicação de um novo pacote de normas
IEC 61672-1 - Electroacoustics - Sound level meters - Part 1: Specifications [18], IEC 61672-
2 - Electroacoustics - Sound level meters - Part 2: Pattern evaluation tests[19] e IEC 61672-
3 - Electroacoustics - Sound level meters - Part 3: Periodic tests[5], dando fimàs antigas
normas IEC 651 e IEC 804. Antes mesmo já havia uma corrida dos fabricantes para atender
aos seus requisitos(com base no Draft da parte 1 da norma).
Oconjunto de normasIEC 1094 (posteriormente IEC 61094) também se desenvolveu a
partir da publicação da norma IEC 61094-5 - Methods for pressure calibration of working
standard microphones by comparison, e da norma IEC 61094-6 - Electrostatic actuators for
determination of frequency response. Estas normas, publicadas no mesmo período,
viabilizaram o método alternativo para obtenção da resposta em campo livre.Do ponto de
vista da norma IEC 61672 toda a série IEC 1094 representava um valor agregado inestimável,
porquanto o microfone é o coração do MNS.
A norma IEC 61094-7 - Values for the difference between free-field and pressure
sensitivity levels of laboratory standard microphones[20], adiciona a correção campo de
pressão (PF) para campo livre (FF) do microfone de referência tipo padrão laboratorial (LS2).
Por último, a recente publicação da norma IEC 61094-8 - Methods for determining the free-
field sensitivity of working standard microphones by comparison[21],normaliza a calibração
de microfones tipo padrão de trabalho por comparação em campo livre (FF). É muito
importante notar que esta norma admite pela primeira vez que o campo livre possa ser
conseguido mediante técnicas de seleção no tempo, referindo-se a ela como quasi-free-field
techniques[21], um campo livre simulado.
As novas normas da série IEC 61672 não teriam por finalidade alterar parâmetros
anteriormente definidos como ponderações, formação de médias, etc. Elas focaram
essencialmente nas fragilidades da norma IEC 651:
a) abordagem sobre incerteza expandida de medição;
b) incertezas máximas que os laboratórios podem praticar;
c) definição de requisitos sobre aprovação de modelo (ou apreciação técnica de
modelo);
d) critérios de tolerância que consideremas incertezas expandidas de medição;
e) detalhamento dos testes acústicos e dos testes alternativos em pressão;
f) requisitos sobre as informações que devem constar no manual de instruções;
28
[...] os ruídos geram efeitos negativos para o sistema auditivo, além de provocar
alterações comportamentais e orgânicas. [...] Se a poluição sonora afeta mais do que o vizinho
de parede e chega a perturbar toda a vizinhança, pode-se considerar que o meio ambiente está
sendo afetado e, nesse caso, o Ministério Público tem competência para atuar. O entendimento
é das duas Turmas do STJ que analisam a matéria.
Medidor de Nível Sonoro (Sound Level Meter) é um termo bastante acertado para
definir a função deste equipamento. O MNS permite quantificar o nível de pressão sonora
existente em um dado ponto e em determinadas condições, por exemplo, campo livre.
Considerando que o ar é o meio de propagação que interessa a este estudo, pode-se
dizer que a pressão sonora é gerada como consequência de uma perturbação no campo de
pressão estática. Por exemplo, uma superfície que se desloca na direção de sua perpendicular,
com um movimento senoidal, provocará pontos de compressão e de rarefação, e o tempo T
para completar um período determina a frequência fda onda sonora (T=1/f).
30
A onda se propaga pelo ar até o MNS e este converte a variação de pressão sonora em
um sinal elétrico proporcional, que é medido e mostrado na forma de nível de pressão sonora.
A conversão é feita com um microfone (transdutor).
A pressão sonora poderia ser indicada em pascal (Pa), unidade derivada do SI (Pa =
N/m2 = m-1 kg s-2). Entretanto a escala linear é inconveniente quando se pretende medir em
toda a faixa da audição do ser humano, pois esta cobre pressões de 20 µPa (limiar de audição)
até 200 Pa (risco de rompimento do tímpano). Neste caso a escala logarítmica (dB) é
vantajosa porque compacta a faixa e representa melhor a percepção do ser humano. O termo
“decibelímetro” é inadequado, pois o decibel é uma representação de proporcionalidade
logarítmica e não uma unidade da acústica. O termo “sonômetro”, utilizado em Portugal
(Sonómetro em espanhol ou Sonomètreem francês), vem sendo admitido em grupos de revisão
de normas nacionais.
A escala em dB,referente ao valor rms do nível de pressão sonora (NPS),é definida
conforme a Equação (2.3):
, (2.3)
Microfone
Ponde- Detector
Pré- Detector
rações em Amplifi- rms e Dispositivo
amplifi- Sobre-
Freq e cador pond. Mostrador
cador carga
filtros (F, S)
(2.4)
entrada é muito elevada para casar com o microfone, podendo chegar a centenas de megohm
e, em contrapartida, a impedância de saída é baixa para casar com o medidor de tensão.
A parte do bloco que segue ao pré-amplificador pode ser comparada a um multímetro
ajustado para medir tensão elétrica, porém mostrada em escala logarítmica. Entretanto, são
agregadas outras virtudes ao circuito para atender esta aplicação específica. O detector de
sobrecarga vem logo na entrada para identificar eventual condição de saturação (informação
corrompida). Posteriormente, o circuito de ponderação em frequência ou filtro de frações de
oitava é aplicado ao sinal elétrico para ajustar a tensão de entrada à resposta em frequência
desejada, por exemplo, da curva A.
O bloco amplificador representa o controle da amplitude do sinal elétrico. A
amplificação ou atenuação do sinal é feita para facilitar a medição em toda a faixa dinâmica.
A faixa de interesse poderá variar conforme a aplicação, entretanto os fabricantes de MNS,
por uma questão comercial, projetam equipamentos que ofereçam suficiente flexibilidade
dando cobertura pelo menos de 30 dB a 130 dB.
Uma vez ajustado o sinal é medida a tensão eficaz. O bloco detector rmssugere um
circuito capaz de ler o valor verdadeiro em tensão (True RMS). Por essa razão o fator de crista
(FC) tem requisitos normalizados para as diferentes classes de exatidão. O circuito detector
também incorpora a capacidade de integrar no tempo com as constantes F e S. A Figura (2.5)
reproduz a Figura (1) da norma IEC 61672-1 - Specifications[18]com o diagrama de bloco do
circuito exponencial (exponential-time-weighted) e a correspondente Equação (2.5)[18],
deduzida a partir da Equação (2.1)[18]. Finalmente, os resultados são apresentados em um
mostrador (display).
Figura 2.5 –Figura (1) da norma IEC 61672-1 [18] com a representação do diagrama
de blocos do circuito exponencial (esta é uma parte integrante do bloco “Detector
rms e pond. (F, S)” da Figura (2.1)). (Tradução:GT1/CB03/ABNT- Projeto de
norma nacional).
33
(2.5)
Fica evidente que a norma IEC 61672 abre as portas aos sistemas compostos de partes,
com microfone e pré-amplificador por um lado, sistema de aquisição por outro, e análise por
computador e software. Embora com essa flexibilidade toda, as regras de aprovação de
modelo continuam valendo independentemente do grupo escolhido para o projeto. A Figura
(2.6)ilustra(em detrimento de ser um modelo aprovado ou não) um analisador multicanal
grupo Z, modelo WCA AD-3651 In-vehicle Real-Time Noise and Vibration analysis system.
com claras superfícies refletoras. O corpo do MNS não pode ser subestimado quando se
pretende obter uma resposta em frequência plana. Talvez, este aspecto da norma IEC 61672
ainda não tenha sido absorvido por alguns fabricantes.
Embora a série IEC 61672 tenha sido elaborada no âmbito da normalização voluntária,
notoriamente ela tem cunho na Metrologia Legal. Em seu prefácio confirma que foi
desenvolvidaem cooperação com a OIML, pressupondo, assim, a incorporação dos
regulamentos OIML R58 [27] e OIML R88 [28].
O Vocabulário Internacional de Termos de Metrologia Legal – VIML[29]define
Metrologia Legal no item 2.2:
A própria norma IEC 651 [3] foi adotada pela OIML quando o MNS passou a formar
parte dos equipamentos sujeitos ao Controle Metrológico Legal. O documento OIML R58 cita
como parte de seu escopo a aprovação de modelo e a verificação periódica segundo a
IEC 651.
Embora o procedimento proposto na norma IEC 61672-3 [5] possa ser aplicado a
MNS com ou sem modelo aprovado, a conclusão sobre conformidade com a parte 1 da norma
(especificações) somente pode ser dada para aqueles modelos que tenham evidência objetiva
de aprovação de modelo. O documento emitido como resultado dos testes não é um
certificado de calibração, mas um registro de verificação que inclui a descrição completa do
item e uma declaração de conformidade.
36
O Brasil, embora membro da OIML, não conta com estrutura na Metrologia Legal
para dar cobertura à área de acústica. Os MNS não estão sujeitos ao controle
metrológico.Embora estejam na pauta, não é possível identificar se serão incluídos ou não,
pois depende de um resultado de análise de impacto regulatório. Atualmente, não se realizam
verificações periódicas (compulsórias) no âmbito da Metrologia Legal, mas calibrações
(voluntárias) no âmbito da Metrologia Científica.O próprio mercado acabouse ajustando ao
implementar Sistemas de Gestão da Qualidade que demandam acalibração de seus
instrumentos e o registro de rastreabilidade.
Isso tem aspectos positivos e negativos. Um aspecto positivo é evitar que o Estado
regulamenteum equipamento que é calibrado de forma voluntária. Salienta-seque a
regulamentação exige um elevado investimento do Estado em estrutura e manutenção, além
de impactar a indústria e a sociedade.Umaspecto negativo é que muitos MNS que não
atendem aos limites de tolerância da norma continuam sendo utilizados,evidenciandoa falta de
análise crítica dos resultados das calibrações, podendo provocar sériosprejuízos para si ou
para terceiros.
O caso da norma ABNT/NBR 10151 [22]é interessante, pois sendo apontada pela
Resolução Conama nº 01/90, toma força de lei. As prescrições sobre características do
instrumento e a calibração ganham relevância. Atualmente a normaABNT/NBR 10151 está
passando por profunda revisão e deve aumentar o nível de exigência sobre o MNS e sobre a
calibração. Na prática as calibrações passarão a funcionar em uma modalidade próxima das
verificações periódicas.
Desde2004/2005 vários laboratórios têm-se acreditado na área de Acústica e
Vibrações no âmbito da Metrologia Científica. O processo de acreditação exige dos
laboratórios a implantação da norma ABNT NBR ISO/IEC 17025 [30]. Até o final de 2012 o
site do Inmetro apontava 13 laboratórios acreditados pela Cgcre (Coordenação Geral de
Acreditação do Inmetro), oitodos quais para MNS e somente seis para MNS incluindo o
microfone. Ao analisar os escopos publicadosno site do Inmetro parece razoável afirmar que
apenas dois ou trêslaboratórios têm capacidade para atender à calibração pela norma IEC
61672-3.
Da norma IEC 651 [3] podem ser apontados alguns problemas proeminentes:
37
calibração normativoque mais tarde seria dividida com os laboratórios acreditados. O teste
elétrico do MNS incluía a calibração de linearidade de níveis, ponderações em frequência,
ponderações temporais e detector rms, características que reuniriam suficiente evidência do
desempenho do MNS.Em contrapartida, não seria realizado um teste acústico nos moldes da
norma. O microfone seria calibrado separadamente pelo método do atuador eletrostático. A
correção de atuador para FF ou DF e a aplicação de outras correções, tais como, influência do
corpo do medidor, ficariam por conta do cliente.
As normas técnicas IEC 651 [3] e IEC 61672 teriam por finalidade estabelecer um
padrão mínimo de qualidade para as diferentes classes de exatidão. Em tese, não haveria
necessidade de regulamentação, pois fabricantes ao redor do mundo projetariam
equipamentos que atendessem os requisitos normativos. Mas esta lógica nem sempre
funciona. Alguns fabricantes insistem em declarar conformidade com a norma IEC 651 ou
IEC 61672, mesmo para modelos cujas especificações não atendem seus requisitos mais
básicosSurpreendentemente, é possível encontrar modelos de MNS que não satisfazem a
nenhum de seus requisitos.Alguns manuais de instruções incluem declarações parciais de
conformidade, por exemplo, “curva Aconforme anorma IEC 61672”.Clientes
inadvertidospoderiam fazer opção pelo menor preço e serem posteriormente frustradoscom os
resultados da calibração. O perfil compulsório da norma IEC 61672 se justificaria neste
contexto, pois promove igualdade de condições aos fabricantes e garantia de qualidade para o
usuário.
A verificação acústica do MNS segundo a norma IEC 61672-3 consiste em fornecer ao
proprietário do MNS a resposta em frequência acústicana configuração de uso, isto é,
incluindo a influência das difrações no microfone e no corpo do MNS e uso de acessórios
como protetor de vento ou cabo de extensão de microfone. Para modelos aprovados a
verificação busca confirmar a manutenção de seu correto estado de funcionamento. Um
simples defeito no diafragma do microfone é suficiente para comprometer as medições, por
exemplo, o microfone da Figura (2.7) não tem mais utilidade.
Espera-se que a resposta em frequência tenha um comportamento aproximadamente
plano, pelo menos na faixa de 63 Hz até 12,5 kHz (em ponderação linear). Conseguir uma
resposta plana, entretanto, pode ser muito complexo e as dificuldades encontradas na fase do
39
projeto podem limitar o sucesso deste objetivo. É necessário, portanto, que a verificação
acústica permita identificar tais características.
Para a verificação acústica a norma IEC 61672-3 prevê o uso de câmara anecóica e a
única alternativa consiste na aplicação de correções referente aomicrofone, protetor de vento,
corpo do MNS, etc., como observado anteriormente.As correções são genéricas, determinadas
a partir de estudos para cada configuração, que não necessariamente coincidirão com as
correções de um caso específico de MNS sob teste. Mais adiante será mostrado que até
mesmo o envelhecimento da espuma do protetor de vento pode influenciar nos resultados.O
modo de fixação do MNS dentro da câmara anecóica também pode influenciar nos resultados.
O uso de um tripé, apesar de ser um assessório comum, não está contemplado na norma
IEC 61672. De fato, as correções de PF para FF que são fornecidas pelos fabricantes teriam
sua base de cálculo em testes realizados em câmara anecóica, e a influência do modo de
fixação poderia eventualmente desvirtuar os resultados.
Os itens 11.2 a 11.4 da norma IEC 61672-3 fazem menção das correções aplicáveis:
(a) dados para ajustar as indicações do MNS para indicações equivalentes a campo livre,
incluindo a influência de reflexões no corpo do medidor, e (b) influência na resposta em
frequência de uma espuma de microfone ou acessório especificado, conforme a configuração
de uso.
Segundo o item 11.8 da norma IEC 61672-3 [5]a verificação acústica deve ser
realizada em pelo menos três frequências: 125 Hz, 1 kHz e 4 kHz ou 8 kHz.Caso a calibração
seja feita em pressão mediante a aplicação de correções para campo livre, a escolha entre
40
estas duas últimas frequências dependerá dos dados de correção disponibilizados pelo
fabricante no manual de instruções.Claramente, a simplificação de se calibrar em somente três
frequências se aplica a MNS que tenham modelo aprovado conforme a norma IEC 61672-2 -
Pattern evaluation tests[19].
O item 11.7 da norma IEC 61672-3 introduz a questão das incertezas associadas ás
correções lembrando que os dados de ajuste e as incertezas associadas podem ser aquelas
fornecidas no manual de instruções. Mas nem todos os manuais informam fatores de correção
com incertezas associadas e neste caso a norma instrui que devem ser assumidas como sendo
iguais a zero. É um contrassenso, pois o fabricante que não fornece incertezas acaba sendo
privilegiado na calibração com menores contribuições. A Tabela (A.1) da norma IEC 61672-1
[18], parcialmente reproduzida na Tabela (A.1) do Anexo A deste trabalho, fornece incertezas
máximas permitidas aos laboratórios: 0,5 dB (10 Hz – 200 Hz), 0,4 dB (>200 Hz – 1,25 kHz),
0,6 dB (>1,25 kHz – 10 kHz) e 1 dB (>10 kHz – 20 kHz). A IEC 61672 trouxe uma aparente
ampliação de tolerâncias, porém, o item 5.1.19 da norma IEC 61672-1 esclarece que as
antigas normas IEC 651 e IEC 804 não incluíam critérios para tratar das incertezas.
Conforme o item 5.16.3 da norma IEC 61672-1 pelo menos MNS classe 1 devem ter
saída AC. Enquanto que para MNS da classe 2 a disponibilização de uma saída AC é
opcional. As alterações nos níveis de tensão da saída AC devem ser consistentes com as
alterações de níveis do mostrador. A saída não deve ser influenciada pela ponderação
temporal escolhida no MNS. De acordo ao item 5.16.1 da norma IEC 61672-1 o manual de
instruções deve incluir informações sobre suas características: ponderação em frequência,
faixa dinâmica, impedância elétrica e a impedância de carga recomendada.
O item 5.1.6 da norma IEC 61672-1 requer que o fabricante informe quais os modelos
de microfones para os quais o MNS completo atende a norma e o item 5.2.2menciona que o
ajuste do MNS deve ser realizado com um calibrador de nível sonoro Classe 1, em
conformidade com a norma IEC 60942, sendo também admitido um calibrador Classe 2 para
o ajuste de MNS Classe 2.
Quando for necessário o emprego de métodos não abrangidos por métodos normalizados, estes
devem ser submetidos a acordo com o cliente e devem incluir uma especificação clara dos
requisitos do cliente e a finalidade do ensaio e/ou calibração. O método desenvolvido deve ser
devidamente validado de forma apropriada, antes de ser utilizado.
Com o objetivo de confirmar que os métodos são apropriados para o uso pretendido, o
laboratório deve validar os métodos não normalizados [...] A validação deve ser
suficientemente abrangente para atender ás necessidades de uma determinada aplicação ou área
de aplicação.
Se for utilizada a saída AC do MNS, deve ser eliminado o erro sistemático devido à
sua resposta em frequência, pois a saída AC não é objeto de medição. O erropode
serdeterminado inserindo um sinal na entrada do pré-amplificador, comparando a tensão na
saída com a indicação do mostrador.
As equações (2.6) e (2.7) representam o método de comparação (sequencial ou
simultânea) em sua expressão linear ou logarítmica:
[dB], (2.7)
[dB], (2.8)
onde, para cada frequência de teste representa o somatório dos erros do canal de
teste e o somatório dos erros do sistema do canal de referência.
43
44
O item 9.3.1 da norma IEC 61672-2 [19] cita a câmara anecóica como sendo a
instalação que o laboratório deve disponibilizar para o caso da aprovação de modelo: “The
directional response of a sound level meter shall be determined with plane progressive
sinusoidal sound waves in a free-field test facility”.
O sinal de excitação é o mesmo utilizado desde o século passado, um tom puro
previamente amplificado. A qualidade da câmara anecóica e, por conseguinte, a qualidade das
condições decampo livre, depende do volume da câmara e da eficácia do material absorvedor
utilizado em seu interior. Uma câmara muito pequena terá uma frequência decorte elevada,
limitando assim a faixa de frequências requerida para o atendimento da norma IEC 61672-3
[5], especialmente considerando que a frequência de 125 Hz deve ser incluída nos resultados
da calibração. O ambiente no interior da câmara deveria ser ideal, visto que a onda que se
propaga a partir da caixa acústica deve ser totalmente absorvida pelo material instalado em
suas paredes.
45
Uma câmara cujas dimensões permitem atender até uma frequência de 125 Hz terá um
elevado custo de fabricação e dificultará a recuperação do investimento do laboratório. O
custo de um ensaio poderia inviabilizar as calibrações pela norma IEC 61672-3. No Brasil não
há laboratórios acreditados que possuem instalações de campo livre. O Inmetro conta com
este recurso, porém destinado essencialmente à pesquisa.
O item 9.4.1.6 da norma IEC 61672-2 prevê que os testes em frequências abaixo do
limite inferior da câmara anecóica poderiam ser realizados utilizando uma cavidade em
pressão, assumindo que para as baixas frequências (f< 200 Hz) o resultado será o mesmo
independentemente do campo sonoro (pressão, difuso ou livre).
Segundo a norma IEC 61094-3 [16]condições de campo livre prevalecem quando uma
onda sonora puder propagar-se livremente sem perturbações de qualquer tipo.
A Equação (3.1) corresponde à representação matemática da onda em uma única
direção:
[Pa], (3.1)
[Pa], (3.2)
Considerando:
(3.3)
Obviamente não se pode imaginar que um alto-falante, ou ainda, uma caixa acústica
cúbica de 40 cm de lado, possa ser considerada a 1 m de distância uma fonte volumétrica
monopolar pontual em toda a faixa de frequências de interesse deste trabalho. A onda que se
forma e propaga na direção de interesse acaba somando-se com outras que percorrem a
superfície da caixa e difratam em sua borda, gerando pontos de soma e de cancelamento.
Uma aparente solução seria aumentar a distância entre a fonte sonora e o MNS para
trabalhar no campo afastado, onde se cumpre a condição dada em (3.4):
(ou, ), (3.4)
Esta observação é pertinente, pois também neste estudo é usado o método sequencial,
sendo comparada a resposta do MNS com a resposta de um microfone de referência. No
47
entanto, para uma frequência de 125 Hz, c/2πf ≈ 0,43. Obviamente a 1 m de distância não se
cumpre a condição de campo afastado.
JACOBSEN & BREE [32] estudaram em 2005 uma sonda para medição de
intensidade sonora, marca Microflown Technologies, que utiliza um transdutor de velocidade
de partícula junto com um microfone de pressão. O estudo lembra que a intensidade sonora
pode ser calculada pela média temporal do produto da pressão e da velocidade de partícula
instantâneas. Embora a simplicidade deste cálculo, também lembra que, independentemente
do princípio de medição, os transdutores de pressão e de velocidade de partícula irão fornecer
respostas com fases diferentes. O estudo comprova a dificuldade de se calibrar a sonda abaixo
de 500 Hz a menos que se afaste bastante o objeto da fonte sonora. Mesmo uma distância de
2 m acabou parecendo insuficiente para assegurar a existência de ondas planas progressivas.
Foi necessário repetir os testes a 4 m de distância em uma câmara anecóica maior para obter
melhores resultados.
No caso da calibração de MNS por comparação sequencial com microfone padrão a
informação da fase não é necessária. Interessa identificar o quanto o campo a 1 m de distância
se assemelha a uma onda esférica. A partir da equação simplificada (3.2) pode ser aplicado o
estudo de rmsD(root mean square deviation) proposto por DELANY & BAZLEY [33] para
quantificar o erro entre o valor medido e o calculado pela lei do inverso da distância. A
técnica de DELANY & BAZLEY foi proposta em meados da década de 70, mas ainda hoje é
aceita para avaliar o quanto o campo se afasta da condição de campo livre. Se o erro for
suficientemente pequeno poderá ser contabilizado como uma entrada de incerteza. De fato
espera-se que seja proporcionalmente pequeno quando comparado com a incerteza máxima
estabelecida pela IEC 61672 aos laboratórios de calibração.
A distância entre a fonte sonora e o MNS, entretanto, é escolhida como solução de
compromisso. Ou seja:
a. O aumento da distância é conveniente, pois:
i. permite aproximar-se de uma condição de campo afastado, com
propagação de ondas planas;
ii. as diferenças de fase entre a pressão e a velocidade de partícula
tornam-se negligenciáveis;
iii. a performance para as baixas frequências é proporcionalmente
melhorada;
iv. diminui a influência do erro de posicionamento durante o
procedimento de comparação.
48
(3.5)
ondeN é o número de distâncias discretas para uma dada frequência (neste caso
N=151), é o nível de pressão sonora na ordenada do i-ésimo ponto da regressão linear e
é o nível de pressão sonora na ordenada do i-ésimo ponto da reta correspondente à lei do
inverso da distância.
O resultado do rmsDdepende de cada fonte, portanto, se o laboratório vier a substituir
sua fonte ou dispor de mais de uma fonte para os testes, o estudo deve ser repetido para cada
uma delas. Os resultados do rmsD das fontes usadas neste estudo são apresentados no
Capítulo 5.
A câmara anecóica parece o ambiente mais lógico para obter-se uma condição
controlada de campo livre, todavia prevalece o fato de não ser um ambiente ideal. Apesar do
controle para obter a função de transferência:caixa acústica-sala-MNS, há de se enfrentar o
problema das reflexões nas paredes e outros objetos dentro da sala, tais como hastes de
49
aqueles laboratórios que praticaram alguma técnica de seleção no tempo tiveram menor
dispersão e resultados consistentes.
O objeto de teste (um medidor dummy) foi providenciado por um fabricante.
Constituído de um pré-amplificador e microfone revestidos com uma carcaça (apenas o corpo
do MNS), para minimizar as interferências de outros parâmetros ou configurações.
Aos participantes lhes seria solicitado praticar seus habituais procedimentos e o
relatório os agruparia desta forma:
A conclusão do relatório aponta vários problemas e seu relator parece ironizar o pouco
cuidado de alguns participantes quanto à forma de apresentação dos resultados, pois o fizeram
no formato habitual,forçando a fazer uma análise de dados por grupos de acordo às
frequências de teste e dados declarados.O exame acabou sendo menos rigoroso do que teria
sido planejado.
A complexidade para tratar das reflexões e difrações nas altas frequências impactou na
consistência de resultados. Foi apontado o fato de terem sido realizados testes com tons puros
e a provável dificuldade de detecção das linhas espectrais de sistemas de processamento de
dados, especialmente pela resolução para picos de altas frequências.
Do relatório podem ser extraídas observações e conclusões pertinentes:
(a) a relevância do modo de fixação do MNS. Aparentemente a omissão da IEC 61672
neste sentido teria na rodada de comparação sua primeira vítima. Quem utilizou
uma haste para fixar o MNS teve resultados diferentes daqueles que fixaram o
instrumento de outro modo buscando minimizar esta influência. Ficou claro que o
modo de fixação do MNS deveria ter sido especificado na norma. (No Capítulo 5
serão apresentados resultados sobre uso de tripés);
(b) os resultados da sensibilidade em campo de pressão poderiam ser considerados
equivalentes aos de campo livre somente para frequências abaixo de 200 Hz. A
possibilidade dos testes serem parcialmente conduzidos em pressão, já estava
prevista no item 9.4.1.6 da 61672-2 [19].
51
(c) o método clássico é mais eficiente para frequências abaixo da faixa de 500 Hz a
1000 Hz enquanto para frequências acima astécnicas de seleção no tempo são mais
eficientes do que a média espacial;
(d) sobre as incertezas (inicialmente propostas no projeto de norma IEC 62585[39])o
relatório conclui que são razoáveis e podem ser atingidas, pelo menos, mediante
aplicação de técnicas de seleção no tempo, reduzindo os efeitos das reflexões;
(e) finalmente o relatório conclui que a consistência dos resultados falhou em muitos
dos testes e sugere repetir a comparação com as seguintes modificações:
i. uso de um microfone mais estável e melhor caracterizado (por exemplo,
LS2P ou, melhor ainda, um microfone de medição de campo livre
altamente estável);
ii. uso de uma técnica para reduzir o efeito das reflexões mesmo em salas
anecóicas;
iii. definição de um padrão de montagem para o MNS;
iv. uso de um Método Normalizado (ou acordado) para as medições em baixas
frequências para os laboratórios que utilizam técnicas de seleção no tempo
e não são capazes de realizar medições em toda a faixa de frequências;
v. circulação de um dispositivo para a obtenção da resposta em frequência em
campo de pressão (calibrador multi-frequência, atuador eletrostático,
acoplador ativo, etc.);
vi. flexibilização das frequências exatas de teste (por exemplo, base 10, base 2
ou nominal).
resposta impulsiva, aos picos de reflexões sonoras. Este efeito também é conhecido como
“filtro pente”. Estes conceitos serão ampliados nos capítulos 4 e 5.
O uso de técnicas de seleção no tempo não somente é adequado como recomendado
para assegurar a condição de campo livre.
dB re. 1 V
(a)
dB re. 1 V
(b)
Figura 3.3 – Linha vermelha: resultado da câmara anecóica. Linha azul: resultado
após o janelamento; (a) domínio do tempo (resposta impulsiva); (b) domínio da
frequência na faixa de 1 kHz a 20 kHz.
Para qualquer medição realizada em campo livre destinada à determinação dos valores de
ajuste ou das correções, com a finalidade de evitar a inclusão de efeitos indesejados, todos os
microfones e microfones com pré-amplificadores, incluindo os microfones de referência,
devem ser montados em uma haste cujo diâmetro, normalmente, é igual ao diâmetro do
microfone. Além disso, a distância entre a fonte e o microfone deve ser maior que 1 m, sendo a
distância mínima da fonte de pelo menos seis vezes a maior dimensão do medidor de nível
sonoro. (tradução livre)
capacitâncias de entrada dos mesmos, uma vez que o casamento de impedâncias pode afetar
os resultados para as baixas frequências. A capacitância do microfone e a capacitância de
entrada do pré-amplificador atuam como um filtro passa-alta, mas este efeito, na maioria dos
pré-amplificadores modernos não será prejudicial em frequências superiores a 125 Hz.
A determinação dos fatores de correção para o caso do protetor de vento é similar ao
do corpo do MNS, realizando a comparação dos resultados com e sem espuma. A diferença
corresponde aos fatores de correção.
O caso interessante é o das correções da resposta do microfone com respeito à resposta
uniforme (Figura (3.4)). Estas correções são de vital importância para os laboratórios de
calibração ao aplicar a norma IEC 61672-3 [5], mediante testes acústicos em pressão,
seguidos de correções.
Figura 3.4 – Reprodução da Figura (A.1) da norma IEC 62585 – (1) Meta de projeto
FF, (2) Resposta acústica FF, (3) Resposta em pressão. L1 a L4: Fatores para otimizar
o ajuste com o calibrador de nível sonoro à frequência fR.
O item 10 da IEC 62585 lembra que a IEC 61672-3 requer o uso de correções:
Chama a atenção o texto quando diz “...a menos não seja possível medir tal desvio,
caso em que deve ser utilizado o desvio típico da resposta do microfone”. Parece dar um
tratamento privilegiado a determinados microfones (em detrimento de outros de baixo custo),
pois, embora fabricados conforme a norma IEC 61094-4 [17], não sendo possível calibrá-los
55
resta apenas a opção de utilizar a resposta típica. O mesmo privilégio poderia ser demandado
por fabricantes de microfones ou de MNS ao incluir em seus projetos microfones de baixo
custo (que não atendam a norma IEC 61094).
Explicando o método por substituição, onde são comparados os resultados (a) com o
microfone acoplado ao pré-amplificador, porém sem o corpo do MNS e (b) o microfone e pré-
amplificador acoplado ao corpo do MNS, o Anexo G (informativo) apresenta 2 técnicas:
O Anexo B da norma IEC 61094-8 (2012) citado pela norma IEC 62585 (2012)
detalha o processo de aplicação de técnicas de seleção no tempo. Talvez como resultado do
relatório EURAMET PROJECT 1056o Anexo B da norma IEC 61094-8 inicia introduzindo o
uso de técnicas e a necessidade de cuidar da forma de fixação.
Após algumas explicações sobre técnicas de seleção no tempo, a norma continua
apresentando algunsprocedimentos: (a) tom puro (stepped-sine), (b) excitação com varredura
de senos (sweep excitation), (c) excitação com ruído aleatório: branco ou rosa (random noise
excitation), (d) sequencias de comprimento máximo (maximum length sequence) e (e)
excitação com impulso: estouro de balão, centelha de arco voltaico, etc. (direct impulse
excitation). Na opção (b) o Anexo apresenta de forma simplificada como é possível obter a
resposta em frequência anecóica a partir de uma varredura de senos. Uma das considerações
práticas de destaqueé a virtude de aumentar a relação sinal-ruído através do tempo de duração
da varredura.
56
Tabela 3.1 – Correções para campo livre (incidência frontal). Tradução livre do
manual de instruções do MNS modelo SVAN 955
Microfone 7052S_1: coeficientes de correção para campo livre (ângulo de incidência = 0º)
Freq. 500 630 800 1,0 1,25 1,6 2,0 2,5 3,15 4,0 5,0 6,3 8,0 10,0 12,5 16,0 20,0
unid. Hz Hz Hz kHz kHz kHz kHz kHz kHz kHz kHz kHz kHz kHz kHz kHz kHz
[dB] -0,01 0,02 0,05 0,14 0,2 0,26 0,4 0,57 0,83 1,23 1,8 2,6 3,55 3,73 6,55 8,83 10,17
Observa-se que o nível de ajuste para campo livre (113,9 dB) é consistente com os
coeficientes de correção para campo livre informados na Tabela (3.1). Em 1 kHz o coeficiente
é 0,14 dB.
De acordo com o item 11.6 da norma IEC 61672-3 devem ser fornecidos dados de
correção de acessórios que façam parte do uso comum, caso contrário a calibração somente
poderia dar-se em campo livre. O manual do SVAN 955 apresenta o gráfico da Figura (3.5).
O item 5.2.7 da IEC 61672-1 requer que sejam informadas as correções de pressão
para campo livre, aplicáveis a um calibrador de nível sonoro multi-frequência ou a um atuador
eletrostático. O manual do SVAN 955 fornece as correções da Tabela (3.1), porém não deixa
claro a que tipo de calibração acústica se refere.
57
Microfones de campo livre, campo difuso ou de pressão são construídos para ter uma
resposta em frequência razoavelmente plana para o campo de interesse. Isso é conseguido
projetando apropriadamentea placa fixa. Por exemplo, para microfones de meia polegada, as
respostas em frequências deixam de ser coincidentes a partir de 800 Hz, isto é, a resposta em
frequência se altera conforme o campo ao qual o microfone for submetido.
A resposta típica de um microfone de campo livre, meia polegada, calibrado em
pressão é representada na Figura (3.9). Notoriamente, a partir de 800 Hz a sensibilidade do
microfone vai decaindo.
-2
-4
-6
-8
-10
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)
Figura 3.9 – Resposta típica de um microfone BK 4189 (de campo livre) calibrado
conforme a norma IEC 61094-6 (atuador eletrostático).
60
[dB], (3.6)
fator de correção não é relevante. Ao contrário, se busca uma técnica que ofereça
independência e, no caso da calibração pela norma IEC 61672-3, as incertezas máximas
expostas em 2.3.2.
62
A TST, especificamente aquela que usa varredura de senos como sinal de excitação,
não é a única ferramenta de processamento de sinais para determinar a função de
transferência. No mesmo artigo, MÜLLER & MASSARANI fazem uma descrição detalhada
dos métodos existentes. Existem diferentes procedimentos para a obtenção de RI de sistemas
acústicos. Basicamente o que difere nos procedimentos para a obtenção da RI está na maneira
em que se dá a excitação do sistema acústico a ser ensaiado. A diferença entre estes
procedimentos está na qualidade do resultado da obtenção da resposta impulsiva do sistema
acústico sob teste (SAT). Ainda segundo MÜLLER & MASSARANI [44] as vantagens em
utilizar-se a varredura de senos em comparação com os outros sinais de excitação reside na
maior relação sinal ruído, separação e supressão dos artefatos de distorção e velocidade na
obtenção da RI, dentre outras. A Tabela (4.1) fornece um resumo das características
relevantes e algumas desvantagens apontadas para ilustrar a comparação dos métodos[44].
Método Comentários
Espectrometria de O método toma por base o produto do sinal adquirido com o sinal de excitação (varredura
atraso de tempo de senos) previamente aplicado um retardo equivalente ao tempo de transmissão acústica
(Time Delay entre a fonte e o microfone. Ao multiplicar estes dois sinais, obtêm-se componentes com
Spectrometry(TDS)) a soma das frequências e componentes com a diferença delas, sendo a componente soma
eliminada com um filtro passa-baixa.
Utilizauma varredura lineare em função disso se gera uma situação de compromisso:se a
faixa de 20 Hz até 20 kHz for varrida em curto espaço de tempo não será transmitida
energia suficiente nas baixas frequências, e seao contrário for ampliado o tempo para
atender às baixas frequências, o teste completo será extremamente demorado. A solução
seria cobrir a faixa em duas etapas, mas isto implica em fazer dois ensaios.
Outro problema apontado no TDS é que para as baixas frequências é difícil eliminar o
ripplepor conta do vazamentodo filtro passa-baixa. Ocorre que a soma das frequências se
aproxima da frequência de corte do filtro e o sinal não consegue ser eliminado com tanta
eficiência.
Por último, no TDS é alcançada uma menor faixa dinâmica em comparação com a
varredura de senos.
Análise FFT de O método toma por base o quociente do espectro de saída com o espectro de entrada,
dois canais previamente aplicado o retardo correspondente ao tempo de transmissão acústica entre a
(Dual-Channel fonte e o microfone. Especialmente a questão da distância é a vilã do método, pois é
FFT-Analysis) necessário que ambos os canais analisem a mesma informação ao mesmo tempo, ou seja,
o tempo de retardo deve ser muito preciso.
Em geral se tem uma pobre relação sinal-ruído para algumas frequências. Necessita
realizar muitas médias antes de obter-se um resultado confiável.
Tom Puro O método consiste em excitar a fonte com sinal senoidal mudando a frequência passo a
(Stepped Sine) passo. O sinal adquirido pode ser analisado através de filtro ou de FFT (a forma mais
comum).
Tem como vantagem o fato de se obter uma excelente relação sinal-ruído, sendo ideal
para medição da distorção. Como desvantagempode apontar-se o fato do procedimento
ser extremamente demorado como fruto da necessidade de realizar médias espaciais para
minimizar o efeito das reflexões sonoras na câmara anecóica.
Excitação com O método consiste em excitar o campo acústico através de um impulso. Por tratar-se do
Impulso delta de Dirac, o sinal adquirido já corresponde à RI. Aumenta-se a precisão utilizando
(Impulses) um espectro de referência e pode ser aplicado um janelamento para separar as reflexões.
Foi um método bastante popular, especialmente produzido com um estampido de arma,
estouro de balão, ou outro.
Tem como desvantagem a baixa repetibilidade e nem sempre é possível obter uma boa
relação sinal-ruído.
Como visto a ideia não é tão recente, mas a técnica demandaria um “grande esforço
computacional”[6] devido às fases necessárias ao processamento. Atualmente, os
computadores modernos têm velocidade e memória suficientes para fazer toda essa operação
e não é mais um desafio.
As técnicas de processamento são mais abrangentes, pois não apenas permitem
determinar a função de transferência anecóica, mas a RI de um sistema acústico sob teste de
modo geral. Cabe ressaltar que o sistema acústico sob teste pode ser entendido como vários
objetos sob teste, por exemplo, a caixa acústica, a sala ou o microfone. Tudo vai depender de
quem é conhecido por meio de um certificado de calibração ou simplesmente uma carta de
sensibilidade. Por exemplo, caso se conheça a sensibilidade do microfone e a sala é uma
câmara anecóica (ou campo livre simulado) então será possível determinar a resposta em
frequência do alto-falante. Em outra condiçãopoderá conhecer-se o microfone e o alto-
falantee então ser possível determinar os parâmetros acústicos da sala.
SOARES[49] explica sua vantagem na calibração de microfones por reciprocidade em
campo livre para eliminar a diafonia (crosstalk) e MILHOMEM desenvolve esta técnica de
remoção em sua dissertação de mestrado [50]. No caso deste estudo a função de transferência
corresponde ao sistema de medição, ou seja, ao conjunto microfone e medidor, incluindo a
influência das reflexões no corpo do próprio MNS e as difrações no microfone. O mesmo
SOARES[7], durante o desenvolvimento de sua tese de doutorado, realizou verificações
preliminares aplicando a TST a um MNS marca Ono Sokki para demonstrar que os resultados
seriam promissores motivando sua validação como método alternativo.
A Figura (4.1) identifica o diagrama de blocos para processamento de sinais utilizando
uma varredura de senos, como proposto por MÜLLER & MASSARANI [44].
Os passos ou operações necessárias à aplicação da TST estão detalhados em [6], [44] e
[49] e são resumidos nos passos de (a) a (g):
O hardware usado neste trabalho permite montar uma varredura de 2n pontos, com
taxa de amostragem S (Hz). O tempo total de varredura tV em segundos pode ser calculado
pela Equação (4.1):
(4.1)
Pico do som
direto
Distorção
dB re. 1 V
Reverberação
fosse totalmente rígido, com resposta perfeitamente plana, sem inércia, sem modos nem
deformações, se (b) o microfone tivesse uma resposta perfeitamente plana e sem distorção, se
(c) a instrumentação, pré-amplificador e conversor A/D não introduzissem distorções e se (d)
o ambiente fosse perfeitamente anecóico e nenhuma superfície refletisse a onda sonora, então
o impulso obtido ao aplicar IFFT seria exatamente um delta de Dirac.
Pico do
Primeira reflexão.
som direto
dB re. 1 V
frequências. Ao ser excitado, por exemplo, com um impulso, a alta frequência responde de
imediato enquanto para as baixas frequências a bobina necessita acumular energia antes de
provocar o movimento. Assim as diferentes frequências são excitadas com fases diferentes.
A Figura (4.4-a) mostra a RI em todo o intervalo de aquisição. No instante próximo de
zero é mostrada a chegada da incidência direta;depois a reverberação, o ruído de fundo e
finalmente a distorção. A Figura (4.4-b) corresponde a uma ampliação do entorno da
incidência direta.
Reverberação
Distorção
dB re. 1 V
Ruído de Fundo
(a)
Distorção
dB re. 1 V
(b)
Do lado esquerdo do pico do som direto, aparece o batimento provocado pelo filtro
passa-faixa, filtro imposto ao próprio arquivo do sinal de excitação que tem por objeto cortar
as informações de baixas e altas frequências fora da região de interesse. A função janela
ilustrada na Figura (4.4-b) consegue suprimir as reflexões e os artefatos de distorção.
FARINA [51] detalha com precisão como a distorção é “deslocada” para o fim da RI,
e o faz com base em uma varredura logarítmica que é mais apropriada quando interessa
quantificar a distorção harmônica. Na Figura (4.5):(A) A reta inclinada representa a varredura
das frequências em função do tempo; (B) acrescenta as linhas da distorção harmônica;
(C) identifica o filtro inverso, representado no tempo negativo, para proceder à deconvolução;
(D) ao multiplicar cada frequência (fundamental e harmônico) pelo filtro inverso, primeiro se
dá a fundamental no tempo igual a zero e antes dela (no tempo negativo), a distorção. Neste
trabalho se usa uma varredura com incremento controlado da fase (arbitrária) e por tal razão a
distorção não aparece tão organizada (Figura (4.4-a)).
dB re. 1 V
Primeira Segunda
Situação Situação
1
3,66 ms
0,5
4,00 ms
0 4,33 ms
-0,5 4,66 ms
5,33 ms
-1
5,66 ms
-1,5 6,00 ms
-2
10 100 1000 10000 (Hz)
Figura 4.7 – Ilustração do impacto que pode produzir a largura de janelamento (em
função de uma janela fixa de 5 ms).
Como observado anteriormente a distorção foi “deslocada” para o final da RI. O pico
do som direto seria encontrado no instante t0 = 0. Isto seria inconveniente para visualizar o
entorno e reconhecer o espalhamento e as reflexões com o propósito de definir o janelamento.
Osoftwareusado neste estudo disponibiliza de um recurso denominado cycle moving que
reposiciona a RI como se o pico do som direto tivesse ocorrido em um instante
predeterminado, por exemplo, 20 ms. Ao aplicar este recurso, no tempo negativo volta parte
da informação da distorção e do espalhamento da caixa (visualizado à esquerda do pico), além
do batimento provocado pelo filtro passa-faixa imposto ao sinal de excitação. SOARES &
MÜLLER [52] descrevem os benefícios ao se utilizarem varreduras longas, pois estas
permitem obter uma RI separando temporalmente as distorções harmônicas e permitindo
aplicar uma função janela com mais facilidade. As varreduras usadas neste trabalho têm
duração superior a 10 s.
78
A câmara reverberante foi escolhida, por ser uma sala grande e com boa isolação,mas
também por apresentar consideráveis reflexões sonorase baixo amortecimento. A resposta
impulsiva obtida neste ambiente é mais didática porque permite visualizar com mais
facilidade o som direto, as reflexões, a reverberação, o ruído de fundo e os artefatos de
distorção. Certamente, é um ambiente desfavorável para obter-seuma resposta anecóica e,
portanto, coloca à prova a TST.
O hardware “Aurélio CMF22” da Figura (5.2) e seu software “Monkey Forest”
dispõem de recursos para atender diferentes necessidades na área acústica. Por exemplo,
alguns destes recursos, tais como FFT e IFFT,foram utilizados para que análises no domínio
do tempo e no domínio da frequência permitissem a obtenção da resposta impulsiva. O
equipamento permite aplicar todas as fases da TST descritas em4.2: geração do arquivo do
80
identificar as diversas reflexões que ocorrem próximas ao pico. Interessante notar que o filtro
fase máxima só foi possível obtê-lo após o advento do processamento digital. Na RI com fase
linear, o espalhamento é mantido de forma simétrica em relação ao pico do som direto e
corresponde a uma composição dos filtros fase mínima e fase máxima.
Outra ferramenta do CMF22é o cycle moving que consegue “rodar” toda a resposta
impulsiva para fazer com que o pico“ocorra” num instante conveniente. Ou seja, no caso do
microfone disposto a 1 m de distância, obviamente o tempo de chegada do som direto seria
em torno de 3 ms. No entanto ao aplicar o cycle moving“transporta-se” o pico da RI do som
direto, por exemplo, para 20 ms, onde é mais fácil analisar os resultados e posicionar as
janelas. Um intervalo de 20 ms é conveniente, pois deixa à direita do pico do som direto o
tempo de reverberação, o ruído de fundo e a distorção harmónica, e à esquerda do pico do
som direto o final dos artefatos de distorção.
Quanto as reflexões sonoras posteriores ao som direto vale comentar que para uma
relação pico do som direto e o pico da primeira reflexão sonora de 50 dB a influência global
no resultado da medição pode impactar a segunda casa decimal em dB. Já uma relação de
90 dB pode impactar a terceira casa decimal em dB, o que é muito bom. Na câmara anecóica
a boa relação sinal ruído depende da isolação para uma eliminação de ruídos vindos de fora da
câmara (Figura (5.3)). A determinação da resposta anecóica mediante a TST, entretanto, não é
tão dependente de ruídos alheios porque em um primeiro momento são separados por meio da
deconvolução utilizada na técnica com varredura de senos, em um segundo momento estes
ruídos podem ser suprimidos com a utilização da função janela.
Som direto
(pico = -52 dB
distorção
Câmara reverberante
(reverberação)
dB re. 1 V
Câmara anecóica
(ruído de fundo)
Figura 5.3 – Relação sinal ruído na RI. Linha azul: teste na câmara reverberante.
Linha vermelha: teste na câmara anecóica.
82
um erro de posicionamento em torno de 20 cm. Obviamente este Δt não poderia ser atribuído
ao posicionamento dado o esmero dos testes.
MNS modernos processam seus sinais digitalmente. O sinal do conjunto microfone-
pré-amplificador é digitalizado mediante um conversor AD. O resultado do processamento
digital é comunicado ao usuário através da interface correspondente (mostrador, tela de
computador, etc.) e devolvido como sinal analógico na saída AC com ajuda de um
conversor DA. O tempo que demanda todo esse processamento é o responsável pelo atraso.
Neste ponto é importante observar que apenas a informação da amplitude continua sendo
relevante, pois a informação da fase é perdida.
dB re. 1 V
Neste tópico abordam-se diversos conceitos que podem pesar nas decisões sobre as
medições ou nas interpretações dos resultados. É interessante que sejam discutidos
previamente para fazer uso oportuno.
Uma vez que a proposta da TST é realizar o teste em ambiente não anecóico deve-se
considerar não apenas a incidência direta, mas as reflexões. O estudo é baseado em equações
simples de trigonometria. Na Figura (5.5) o caminho direto entre o alto-falante e o microfone
pode ser representado pela distância 2a e o refletido no piso por 2c. A altura bdo conjunto
determina o tempo de chegada da primeira reflexão (supondo, claro, que a distância até outras
superfícies seja maior).
onde:
2a é a distância (m) da fonte ao microfone,
b é a distância (m) da superfície mais próxima de reflexão, por exemplo, o piso,
2c é a distância (m) percorrida pela onda sonora refletida,
c é a velocidade do som (aproximadamente 343 m/s no ar),
As equações que permitem calcular o tempo do som direto e do som refletido são
simples:
85
(5.1)
(5.2)
Muitos dos testes deste trabalho foram realizados a uma altura de 1,78 m do piso (b =
1,78 m). Isso implica uma sala com pé direito de pelo menos 3,56 m = 2 x 1,78 m. A distância
entre a fonte e o microfone do MNS foi mantida em 1 m (2a = 1 m).
Nestas condições o resultado será:
(5.3)
(5.4)
(5.5)
Figura 5.8 – Diferença de espalhamento entre as caixas BMS (linha azul) e B&W
(linha vermelha).
Som direto
Atenuação do colchão
no piso
dB re. 1 V
Figura 5.9 – Primeira reflexão obtida com a caixa B&W (curva azul) e atenuação
conseguida com um colchão no piso (curva vermelha).
88
Primeira reflexão
dB re. 1 V
microfone referência BK 4180 nas câmaras anecóica (linha vermelha) e reverberante (linha
azul). A Figura (5.12)mostra as configurações de montagem de ambos os testes. Observa-se
que no caso da anecóica aparece uma reflexão extremamente relevante em torno de 2,5 ms
após o pico do som direto que corresponde a um caminho de aproximadamente 1,8 m.
Conclui-se que a reflexão ocorre na barra de fixação onde a caixa acústica é suspensa. Esta se
encontra a 0,8 m acima do eixo caixa-microfone. O revestimento de espuma colocado na
barra é insuficiente para evitar a interferência. No caso da reflexão da câmara reverberante a
mesma chega aproximadamente 7,8 ms depois do pico do som direto, que corresponde a um
caminho em torno de 3,7 m.
dB re. 1 V
(a)
dB re. 1 V
(b)
Primeira reflexão
(anecóica)
Primeira reflexão
(reverberante)
dB re. 1 V
(c)
Figura 5.11 – (a) Resposta em frequência obtida por meio de uma varredura de senos
na câmara reverberante (curva azul) e na anecóica (curva vermelha). (b) RI das
mesmas. (c) Ampliação da região próxima ao pico do som direto e das primeiras
reflexões na câmara reverberante e na anecóica.
91
câmara anecóica a não ser pela aplicação de duas janelas, uma larga e outra estreita, com
virtudes e dificuldades que serão discutidas no próximo item.
Revestimento anterior
dB re. 1 V
Revestimento novo e
atenuação conseguida
Ao tratar do assunto largura das janelas há de se manter em mente que (a) problemas
sistemáticos impostos a ambos os canais, são eliminados pelo método de comparação e (b)
abaixo de 200 Hz a resposta em frequência independe do campo sonoro, o que já foi discutido
no capítulo 3 ao tratar danorma IEC 62585 [39].
Abaixo de 200 Hz as dimensões de uma seção transversal de um MNS são muito
menores que o comprimento de onda e não haveria necessidade de se fazer estudo de rmsD,
pois não interessa comprovar a condição de campo livre. Foi citado anteriormente o estudo de
JACOBSEN & JAUD [47], sobre a dificuldade de se obter campo livre nas baixas frequências
que implicaria na disponibilização de uma câmara anecóica de grandes dimensões. Se o
objetivo fosse obter uma onda plana progressiva de baixa frequência para medição de níveis
absolutos em campo livre não haveria outra solução para o problema. Mas, tanto do ponto de
vista da aplicação da norma IEC 61672 quanto da IEC 62585, basta comprovar que se cumpre
a lei do inverso da distância (1/r), ou mais precisamente, quantificar através do estudo de
rmsD o quanto o campo sonoro se desvia desta lei. O fato de ser uma onda plana progressiva
ou ainda uma propagação esférica não é tão relevante e este estudo não pretende resolver a
polêmica.
93
Uma medida mais radical pode ser adotada estreitando a função janela até suprimir
completamente a primeira reflexão sonora. Certamente a relação entre o pico do som direto e
o pico da primeira reflexão tenderá a ser maior do que 120 dB, ou seja, um impacto
praticamente igual a zero. Em contrapartida cria-se um situação de compromisso quanto à
94
(a)
dB re. 1 V
(b)
Figura 5.15 – (a) Janela larga (curva azul) para as baixas frequências e janela estreita
(curva vermelha) para as médias e altas frequências. (b) Resultado no domínio da
frequência.
Neste contexto a utilização de uma janela retangular suavizada com uma função janela
tipo Hanning tem se mostrado adequada (Figura (5.17)).
96
Inter-espalhamento
dB re. 1 V
dB re. 1 V
(a)
dB re. 1 V
(b)
Figura 5.19 – Faixa de frequências de cobertura das caixas acústicas BMS (curva
azul) e B&W (curva vermelha) medidas com um microfone BK 4180 ((a) resposta
em frequência obtida por meio de uma varredura de senos; (b) resposta janelada com
uma função janela larga).
da norma IEC 62585 admite o uso de um microfone monitor para determinar a diferença entre
dois níveis de pressão sonora.
Durante este trabalho, ao estudar a estabilidade da fonte, foi instalado um microfone
monitor no canal B do hardware CMF22, disposto a 2,15 m de altura e equidistante
aproximadamente 2 m do alto-falante e do microfone, como mostra a Figura (5.20).
Microfone Monitor
Fonte
Microfone de referência
Tabela 5.2 – Medições com o microfone monitor e desvios padrão quando instalado
o microfone de referência e quando instalado o MNS sob teste.
(Figura (A.4) no Anexo A), porém a peça adquirida evidenciou desvio padrão próximo a
1 dB, inaceitável para os efeitos desta pesquisa.
1,00
desvpad total
0,80
0,60
0,40
0,20
0,00
100 1000 10000
Frequência (Hz)
0,070
0,060
0,050
0,040
0,030
0,020
0,010
0,000
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)
0,08
0,06
0,04
0,02
0,00
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)
A relevância do modo de fixação e a abordagem dada pelas normas IEC 61672-2 [19]
e IEC 62585 [39] foram discutidas nos capítulos 2 e 3. A Figura (5.24) reproduz a Figura (1)
da norma IEC 62585 mostrando as configurações de fixação consideradas apropriadas aos
testes em campo livre e eliminando a possibilidade de uma haste vertical. Até a publicação
desta norma seria razoável imaginar que a influência do corpo do MNS devesse ser estudada
103
em conjunto com umahaste vertical, assumindo ser este o modo natural de operação (o
próprio relatório EURAMET PROJECT 1056detecta o uso deste recurso por parte de
laboratórios que participaram da rodada). Lamentavelmente se teve acesso à norma
IEC 62585 quando a maioria dos testes deste estudo tinha sido finalizada. Todavia, em tempo,
foi executada uma nova bateria de medições com um MNS BK 2236 respeitando o modo de
fixação sugerido. Os resultados serão apresentados mais adiante.
Figura 5.24 – Reprodução da Figura (1) da norma IEC 62585 [39], que determina as
formas de fixação do MNS para os testes em campo livre.
0,40
0,20
0,10
0,00 BMS
-0,10 B&W
Diamond
-0,20
-0,30
-0,40
-0,50
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)
interessante estabelecer uma ordem de grandeza para ser contada como estimativa de entrada
da incerteza de medição.
A Figura (5.27) mostra o resultado de um experimento com um MNS BK 2236 na
câmara reverberante, sendo fixado pela parte traseira (Figura 5.24, configuração 1) num
primeiro momento somente o MNS e no próximo simulando a presença do tripé, instalado a
um ou dois milímetros da base, porém sem contato físico para não alterar sua posição original.
0,10
0,00
-0,10
-0,20
-0,30
-0,40
-0,50
100 1000 10000
Frequência (Hz)
A linha azul representa o impacto do tripé, por terços de oitava, sobre a resposta em
frequência do MNS. A linha vermelha corresponde a esta mesma influência, porém aplicado
um filtro de suavização onde a amplitude de cada terço de oitava é calculada pela média das
amplitudes em um intervalo retangular, de largura logarítmica constante, no entorno de cada
frequência. O gráfico evidencia como a suavização pode subestimar a contribuição devida à
haste.
Aforma e disposição do tripé podem alterar significativamente a influência. A Figura
(5.28) mostra trêsconfigurações: pedestal tubular com haste de meia polegada, tripé com haste
tubular de uma polegada e pedestal de microfone de meia polegada, com regulagens de altura
e ângulo. O corpo do MNS foi suspenso de forma independente, pela haste horizontal e uma
linha de pesca amarrada no teto para suportar seu peso (Figura (A.2) no Anexo A). O pedestal
(ou tripé) foi colocado para simular sua presença, disposto a menos de 3 mm do corpo do
MNS.
106
0,05
Influência (dB)
0,00
-0,05
Haste 1/2"
-0,10 Tripé 1"
Pedestal MIC
-0,15
100 1000 10000
Frequência (Hz
Este valor experimental parece bastante compatível com o proposto na Tabela (I.2) da
norma IEC 62585 relativo à contribuição do modo de fixação para a incerteza. A norma
considera 0,013 dB, só que neste caso corresponderia a uma haste segurando o MNS pela
parte traseira, o que certamente deverá impactar em menor grau. O laboratório poderá estudar
107
esta contribuição comparando os resultados obtidos com o MNS pendurado com linhas de
pesca e com uma haste que simule a fixação.
de referência pôde então ser retraída para dar lugar ao MNS sob teste (ver Figura (5.32)). De
maneira geral a contribuição da repetibilidade abrange o erro de posicionamento longitudinal.
0,30
0,20
0,10
0,00
-0,10
-0,20 só haste
-0,30 metade haste
-0,40 haste completa
-0,50
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)
Fonte sonora
0,04
0,02
0
erro (dB)
-0,02 mínimo
leve
-0,04
médio
-0,06
-0,08
-0,1
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)
Esta experiência explica porque a norma IEC 61672 insiste na configuração sob teste,
por exemplo, o quanto influencia na resposta em frequência o acoplamento de outro modelo
de pré-amplificador de menores ou maiores dimensões.
Durante os testes uma carcaça de um antigo MNS modelo CEL-266 foi deslocada
sobre a haste do microfone e pré-amplificador mantendo constante a distância entre o
microfone e a caixa acústica.A Figura (5.35)mostraas configurações de distância entre o
microfone e o corpo do MNS, e a Figura (5.36) os respectivos resultados. Como esperado,
quanto mais próximo o microfone do corpo, maior a influência das reflexões e difrações. Fica
claro que a resposta em frequência de um MNS cujo microfone fica a menos de 2 cm do
corpo poderá eventualmente sofrer influências maiores do que 2 dB, comprometendo o
atendimento das tolerâncias da norma.
configuração inclui um protetor de vento este deve ser considerado nos resultados
especialmente para corrigir dados obtidos em campo de pressão (cavidade ou atuador).
1
Influência do corpo do MNS (dB)
0,5
-0,5
2 cm
-1 5 cm
8,5 cm
-1,5
10 cm
-2 15 cm
-2,5
100 1000 10000
Frequência (Hz)
protetor novo e em bom estado, como especificado no manual de instruções. O mesmo MNS,
se calibrado em câmara anecóica, poderia dar resultados diferentes por conta do protetor de
vento enviado pelo cliente.
A Figura (5.37) mostra a diferença entre três protetores de vento de segunda mão,
marca Bruel& Kjaer, dois deles do mesmo modelo, sendo um em bom estado de conservação
e outro não, e um terceiro protetor menor, também em bom estado, porém não sendo o
modelo especificado para o MNS. Utilizar um modelo de espuma diferente daquele
especificado tem um impacto elevado nos resultados. Já ao comparar os protetores de vento
novo e velho se observam diferenças menos significativas, da ordem de 0,3 dB. A diferença
não é tão elevada, mas é suficiente para tornar incompatíveis os resultados de 2 laboratórios
que tenham eventualmente aplicado técnicas diferentes.
5.2.12. Artefatos
0,5
0,0
Influência (dB)
-0,5
Novo
-1,0 Velho
Menor
-1,5
Velho-Novo
-2,0
100 1000 10000
Frequência (Hz)
primeira reflexão
artefatos
dB re. 1 V
Som direto
Reflexão piso
Resposta Impulsiva na Reverberante
2 metros
1,5 metros
dB re. 1 V
1 metro
Figura 5.39 – Testes variando a distância entre o microfone e a fonte com o objetivo
de estudar os artefatos que antecedem à primeira reflexão.
Observa-se que ao mudar a distância entre a fonte e o MNS de 1 m para 1,5 m e depois
para 2 m a reflexão chega cada vez mais próxima da RI, obviamente porque diminui a
diferença de distâncias do som refletido e do som direto. Na curva de 2 m (verde) se observa
que o artefato não está mais presente. Isto ocorre porque ao haver informação acústica ela
prevalece ao invés do batimento (vazamento de energia para o filtro). Ou seja, o artefato não
representa nenhuma informação acústica e não preocupa do ponto de vista das medições
porque será a mesma configuração durante a comparação.As figuras acima asseguram que não
se trata de assinatura da configuração Coaxial BMS e sim do filtro utilizado.
de varredura será similar ao mostrado na Figura (5.40), onde a linha vermelha corresponde à
tensão rms do sinal elétrico que excita o canal do woofer e a linha azulcorresponde à tensão
rms do sinal elétrico que excita o canal do tweeter, resultando em um sinal acústico em toda a
faixa. A varredura de senos é construída de tal maneira que a pressão sonora seja
razoavelmente constante em toda a faixa de frequência de teste. É realizada previamente uma
verificação em campo livre (em um ambiente externo, aberto, preferencialmente um campo
gramado, onde possa medir-se a resposta em frequência da caixa com uma varredura
logarítmica).
dB re. 1 V
nenhum tratamento que remova ou altere seu estado original)porque esta traz consigo todosos
artefatos de distorção indesejáveis ao método da comparação. Ao aplicar IFFT à resposta crua
obtêm-se a RI crua, onde literalmente é possível visualizar reflexões, reverberação, ruído de
fundo e distorção. Finalmente a função janela elimina os elementos indesejados para obter a
RI anecóica. Aplicando FFT consegue-se a Resposta em Frequência Anecóica, tão valiosa aos
acústicos. Este resultado pode ser apresentado em oitavas ou frações de oitavas.
A partir deste ponto, o próximo passo consiste em realizar o teste de rmsD proposto
por DELANY & BAZLEY, descrito no capítulo 3, que representa o quanto a condição de
testese afasta da lei do inverso da distância. O rmsD é fortemente dependente da fonte sonora,
mas não é propriedade apenas dela. É resultado do “conjunto da obra”, incluindo seu entorno
e o ambiente.
A Figura (5.41-a) mostra a configuração de fonte sonora mais utilizada nos trabalhos.
Trata-se de uma caixa acústica cúbica, de 0,43 m de lado, composta de um alto-falante coaxial
(woofer e corneta), marca BMS. A Figura (5.41-b)mostra a extremidade da haste regulável
com diâmetro máximo de meia polegada e construído para acoplar diretamente o pré-
amplificador. Como receptor um microfone Bruel & Kjaer modelo 4191 ou 4180. O teste para
esta fonte é repetido para as outras configurações de fonte sonora.
Sucessivas respostas em frequência são registradas enquanto o microfone é deslocado
desde uma distância de 0,85 m até 1,15 m, de 2 em 2 mm, gerando um total de 151 arquivos.
O ambiente representa o pior caso, uma câmara reverberante. Alguns objetos espalhados pela
câmara são apenas mantidos na mesma posição até a finalização dos testes.
O janelamento do todos os arquivos é o mesmo e a macro de controle do CMF22
elaborada de tal maneira que a RI seja deslocada no tempo (cycle mooving) dando a impressão
que o som direto tenha ocorrido no mesmo instante, isto apesar da variação de distância fonte-
microfone. Esta operação não deve ser realizada se o laboratório tiver interesse na informação
da fase. As respostas em frequência janeladas, referentes a cada passo em distância, foram
apresentadas em uma planilha Excel, e utilizadas seus recursos para determinar a inclinação e
intercepção da regressão linear com a finalidade de calcular o rmsD pela Equação (3.5). O
rmsD de cada frequência é considerado posteriormente para a incerteza de medição.
Durante as medições são registradas as condições ambientais (temperatura, pressão
atmosférica e umidade relativa) para identificar a necessidade de aplicar correções à
sensibilidade do microfone.
117
(a) (b)
Figura 5.41 – (a) Caixa acústica com alto-falante coaxial BMS;(b) Configuração de
teste para estudo de rmsD.
A Figura (5.42) mostra uma caixa acústica de 50 litros,de aresta 43 cm, construída na
DIAVI, com um alto-falante coaxial da BMS, modelo 15C682. Foi projetada utilizando o
softwareBassyst do Institut für Technische Akustik (ITA) especificando a faixa de frequência
de 31,5 Hz até 20 kHz. A configuração coaxial é bastante consagrada por apresentar seus
lóbulos de direcionalidade com simetria concêntrica. Este requisito é de extrema importância
para quem utiliza métodos da comparação sequencial, tanto na calibração de microfones
quanto na calibração de MNS.
1,5 40 Hz
1,0
0,5
0,0
-0,5
6,3 kHz
-1,0
Lei 1/r
-1,5
-2,0
85 90 95 100 105 110 115
Distância fonte - microfone (cm)
0,50
0,40
rmsD (dB)
0,30
0,20
0,10
0,00
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)
Figura 5.45 – Caixa acústica MTM, marca B&W com dois alto-falantesmédios e um
tweeter (Diamond).
O modelo MTM foi desenvolvido por D´APPOLITO [56]como uma forma de corrigir
a inclinação inerente do lóbulo do modelo Tweeter-Midwoofer (Figura (5.46)).
A Figura (5.47) mostra o resultado parcial do estudo referente à caixa acústica B&W
(Figura (5.45)). Novamente, cada curva corresponde a uma frequência de terço de oitava de
20 Hz a 20 kHz, e cada ponto de cada reta corresponde ao resultado da medição para um dado
posicionamento em distância, de 0,85 m até 1,15 m. A reta vermelha pontilhada corresponde à
lei do inverso da distância.
Comparando estas linhas com aquelas da Figura (5.43), é perceptível a diferença de
dispersão com relação à Lei 1/r. A Figura (5.48) mostra o gráfico, em função da frequência,
resultante de se aplicar a Equação (3.5).
Pela especificação da caixa B&W seria levada em conta a faixa a partir de 50 Hz, mas
novamente são considerados os resultados a partir de 125 Hz.
121
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
-0,5
-1,0
-1,5
-2,0
85 90 95 100 105 110 115
Figura 5.47 – Linha vermelha pontilhada: Lei do inverso da distância (1/r). Demais
curvas: não uniformidade do campo livre da fonte B&W, por terço de oitava (curvas
normalizadasà distância de 1 m).
acústicas encontrem arestas vivas que sirvam de fontes sonoras extras, interferindo
construtivamente ou destrutivamente com a onda sonora principal gerada pelo alto-falante. A
faixa nominal de frequência desta configuração é de 800 Hz até 40 kHz.
0,50
0,40
rmsD (dB)
0,30
0,20
0,10
0,00
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)
A Figura (5.50) mostra o resultado parcial do estudo referente a esta fonte. Cada curva
corresponde a uma frequência de terço de oitava de 800 Hz a 20 kHz, enquanto a reta
pontilhada corresponde à lei do inverso da distância. O tweeter não é especificado para baixas
frequências.
123
2,0
1,0
0,0
-1,0
-2,0
85 90 95 100 105 110 115
Figura 5.50 – Linha vermelha pontilhada: Lei do inverso da distância (1/r). Demais
curvas: não uniformidade do campo livre da fonte Diamond Tweeter, por terço de
oitava (curvas normalizadasà distância de 1 m).
0,50
0,40
rmsD (dB)
0,30
0,20
0,10
0,00
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)
A resposta em frequência Diamond Tweeter pode ser considerada a partir de 800 Hz,
pois o transdutor não foi projetado para trabalhar abaixo dessa frequência.
124
A Figura (5.52) mostra o resultado do rmsD para as três fontes testadas: BMS, B&W e
Diamond Tweeter.
Coaxial BMS
0,50 MTM (B&W)
Diamond
0,40
rmsD (dB)
0,30
0,20
0,10
0,00
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)
Figura 5.52 – Resultados dos estudos de rmsD para as três fontes sonoras: BMS,
B&W e Diamond.
0,30
0,20
0,10
0,00
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)
Figura 5.53 – Resultados dos estudos de rmsD para as três fontes sonoras, conforme
as faixas de interesse, e respeitando suas especificações.
Foi utilizado um MNS BK 2250 (modelo Hand-held Analyzer Type 2250 com
microfone BK 4189). Na Tabela (A.3) do manual de instruções consta a coluna
correspondente às correções para corpo do medidor: Free-field 0º freq response for MIC Type
4189 and Pre ZC-0032. É muito provável que os dados de correção do fabricante tenham sido
determinados pelo método clássico.
0,50
Diferença (dB)
0,00
-0,50
reverb+TST
-1,00 anecóica
anec+TST
-1,50
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)
O gráfico da Figura (5.56) mostra os resultados a partir de 100 Hz obtidos pela TST e
pelo método clássico sendo comparados com os dados fornecidos pelo fabricante.É notória a
compatibilidade das curvas. As barras de erros identificam as incertezas máximas de acordo
com a norma IEC 61672.
O gráfico da Figura (5.57) mostra os resultados preliminares da comparação das
respostas em frequência normalizadas em 1 kHz obtidas pela TST e pelo método clássico para
três MNS (BK 2250, BK 2236 e BK 2235). Os testes foram conduzidos utilizando somente a
fonte coaxial BMS e fornecem resultados compatíveis aos serem comparados com os limites
de incerteza propostos para os testes da norma IEC 61672-3 [5] (barras de erros da Figura
(5.57)).
128
1,0
0,0
-1,0
-2,0
-3,0
-4,0
100 1000 10000
Frequência (Hz)
Figura 5.56 – Influência do corpo do MNS BK 2250 com microfone BK 4189: linha
azul obtida pela TST (uma única janela), linha vermelha obtida em câmara anecóica
e linha verde conforme informações do manual de instruções do fabricante.As barras
de erros identificam os limites de incerteza da norma IEC 61672.
1,0
0,5
0,0
-0,5
-1,0
-1,5
-2,0
100 1000 10000
Frequência (Hz)
Figura 5.57 – Diferenças entre as respostas em frequência obtidas pela TST e pelo
método clássico para três MNS: BK 2250, BK 2236 e BK 2235. As barras de erros
identificam os limites de incerteza da norma IEC 61672.
Todos os ensaios deste item foram realizados sem uso de uma haste vertical de
fixação. O MNS foi suspenso pela parte traseira e uma linha de pesca para suportar o peso do
129
4,0
Sensibilidade do MNS (dB)
2,0
0,0
-2,0
-4,0
1,5
-2,0
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)
1,5
Diferença TST-ANEC (dB)
1,0
REP1-ANEC
0,5
REP2-ANEC
(b) 0,0 REP3-ANEC
TolMAX+
-0,5 TolMAX-
IncMAX+
-1,0
IncMAX-
-1,5
-2,0
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)
1,5
Diferença TST-ANEC (dB)
1,0
REP1-ANEC
0,5
REP2-ANEC
(c) 0,0 REP3-ANEC
TolMAX+
-0,5 TolMAX-
IncMAX+
-1,0
IncMAX-
-1,5
-2,0
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)
A Figura (5.60) apresenta o resultado do desvio padrão referente a 3 réplicas para cada
uma das fontes sonoras (lembrando que cada réplicademanda a montagem e desmontagem do
microfone de referência e montagem e desmontagem do MNS sob teste;cada montagem
requero ajuste de distância, altura e alinhamento). O janelamento foi mantido constante para
todos os testes.
Repetibilidade
0,120
0,100
BMS
Desvio Padrão (dB)
0,080 B&W
Diamond
0,060
0,040
0,020
0,000
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)
Figura 5.60 – Desvio padrão dos testes de repetibilidade da TST paracada fonte
sonora.
altura do MNS e microfone em relação ao piso foi aproximadamente 1,90 m. A Figura (5.61)
reproduz a Figura (8) do artigo Influence of the Sound Sources in the calibration of Sound
Level Meterse mostra o resultado de se aplicar duas janelas de larguras bem diferenciadas,
sendo uma estreita (4 ms) capaz de cortar todas as reflexões acústicas, porém provocando um
batimento nas baixas frequências. A proposta é utilizar uma segunda janela bem mais larga
(por exemplo, 25 ms) capaz de remover este batimento. O resultado final corresponderia à
composição das duas curvas. No caso da Figura (5.61) com a janela de 25 ms obter-se-ia a
curva até 500 Hz e com a janela de 4 ms a curva para frequências acima de 500 Hz. Esta
operação não eleva substancialmenteo tempo de execução, pois pode ser realizada com uma
Macro.
(5.4.2): (a) É possível reproduzir através da TST e, por conseguinte, também gerar
133
A abordagem para a estimativa da incerteza toma por base o Guia para a Expressão da
Incerteza de Medição – ISO GUM - Guide to the Expression of Uncertanty in
Measurement[58] e/ou a NIT-DICLA-021 - Expressão da incerteza de medição por
laboratórios de calibração[59],que descrevema incerteza assim:
(5.6)
A incerteza padrão da estimativa de saída uc(y) é calculada pela raiz da soma dos
quadrados das contribuições para a incerteza de saída ui(y) associadas a cada grandeza de
entradaXi. Cada contribuição para a incerteza de saídaui(y) é, por sua vez, estimada a partir
das incertezas padrão de entrada u(xi). O fator de abrangência ké tal que contribui para uma
134
(5.7)
onde:
é a incerteza padrão da estimativa de saída,
é a i-ésimacontribuiçãopara a incerteza de saída (i=1,2,...N), e
é o i-ésimo grau de liberdade efetivo referente à contribuição .
Microfones como o BK 4180 ou GRAS 40AU são exemplos de microfones LS2 que
podem ser utilizados como referência. Embora a baixa sensibilidade, na faixa de 12 mV/Pa, a
grande vantagem consiste em que podem ser calibrados por reciprocidade em pressão com
incertezas muito baixas, por volta de 0,05 dB na faixa central de frequências. O Inmetro
consegue atualmente reduzir esta incerteza para 0,04 dB e talvez no futuro para 0,03 dB. O
resultado da calibração por reciprocidade em campo de pressão deve ser corrigido para campo
livre. A norma IEC 61094-7 [20] fornece valores de correção para microfones LS2 e
incertezas associadas aos mesmos. Tais correções, ao serem aplicadas aos resultados em
135
pressão, permitem determinar qual a sensibilidade em campo livre. As incertezas dos fatores
de correção são combinadas com as incertezas da reciprocidade em campo de pressão.
(5.8)
(5.9)
(5.10)
janela de 3 ms é possível praticamente remover toda a primeira reflexão. Ainda com uma
janela de 4 ms poderia conseguir-se uma remoção parcial com um impacto menor que
0,03 dB.
(5.11)
(5.12)
(5.13)
(5.14)
(5.15)
(5.16)
Ver Tabela (C.4) do Apêndice C, relativa aos testes de estabilidade (Figura (5.23)).
Esta contribuição consta na Figura (5.34). Considerando o valor absoluto do erro pode
ser traçada uma curva com os valores estimados das contribuições para cada faixa de
frequência e as contribuições com divisor . Ver Figura (5.62) e a correspondente Tabela
(C.5) do Apêndice C.
Mediante as recomendações da norma IEC 62585 [39], se o MNS sob teste for fixado
pela parte traseira, a influência teria um efeito praticamente residual em 1 kHz, estimado em
0,013 dB, Já em 8 kHz esta influência estaria estimada em 0,104 dB, o que não surpreende,
conforme o estudo apresentado em 5.2.7. Embora não sejam fornecidos dados para outras
frequências, é possível traçar uma estimativa a partir destes valores.
140
Formalmente, uma contribuição de 0,1 dB até 3,15 kHz e 0,25 dB a partir de 4 kHz
daria cobertura, inclusive, ao uso de uma haste vertical de ½”. Esta escolha fica por conta do
laboratório, sendo que o tripé de ½” não compromete o limite de incerteza para efeitos da
calibração conforme a norma IEC 61672-3 [5].
0,06
0,04
erro (dB)
0,02
-0,02
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)
(5.17)
A eficiência das condições de campo livre foram observadas no estudo de rmsD. Resta
dúvida ainda sobre o erro de posicionamento longitudinal durante o procedimento
comparativo, onde o MNS sob teste deve ser instalado à mesma distância do microfone de
referência. O erro longitudinal foi estimado, no pior dos casos, em 2 mm. A partir do próprio
estudo de rmsD é possível observar o impacto ao se deslocar nesta proporção e considerar
uma contribuição com distribuição retangular.
O laboratório provavelmente usará de recursos para minimizar o impacto de erros de
distância. Neste caso poderia considerar-se a repetibilidade como suficientemente
representativa do erro de posicionamento. Em tal caso as contribuições da Tabela (C.6) no
Apêndice C seriam desconsideradas.
141
Contribuição estimada a partir dos resultados obtidos por dois técnicos diferentes,
durante os ensaios de repetibilidade (Tabela (C.8) do Apêndice C). Estes dados foram
considerados como de reprodutibilidade mesmo sabendo que o termo reprodução seja
definido pela Cgcre e pelo GUM de forma diferente. No futuro, quando houver dados de uma
comparação laboratorial, esta contribuição poderá ser revisada.
(5.18)
(5.19)
BMS
1,0
B&W
0,8
Diamond
Incerteza (dB)
IncMAX
0,6
0,4
0,2
0,0
10,0 100,0 1000,0 10000,0
Frequência (Hz)
A Figura (5.64) ajuda a entender o peso das contribuições mais relevantes.A incerteza
da fonte BMS (linha azul) é comparada com as incertezas estimadas ao se desconsiderara
contribuição do rmsD,do microfone de referência e de ambos. Na figura estão identificadas
respectivamente pelas linhas verde, laranjae lilás. Esta comparação evidencia a relevância
destas contribuições acima de 630 Hz.
143
0,25
sem ambos
0,20
0,15
0,10
0,05
0,00
10,0 100,0 1000,0 10000,0
Frequência (Hz)
Figura 5.64 –Incerteza da fonte BMS. Peso das contribuições rmsD, microfone
padrão e de ambas.
IncMAX
0,6
0,4
0,2
0,0
10,0 100,0 1000,0 10000,0
Frequência (Hz)
A Figura (5.66) mostra o microfone de referência BK 4180 (linha azul) calibrado por
reciprocidade em PF até 800 Hz e reciprocidade em FF a partir de 1 kHz,sendo comparado
144
com o resultado (linha laranja) de calibrar em pressão em toda a faixa e aplicar correções
previstas na norma IEC 61094-7.
0,50 ReciprPF+FF
0,40
ReciprPF+corr
Incerteza (dB)
0,30
0,20
0,10
0,00
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)
Figura 5.66 – Incerteza referente à fonte B&W. Linha azul: microfone calibrado por
reciprocidade PF abaixo de 800 Hz e reciprocidade FF de 1 kHz em diante. Linha
laranja:calibração por reciprocidade em PF com correções para FF.
A Figura (5.67) identifica o peso da aplicação de uma segunda função janela (larga)
para as baixas frequências, conforme apresentado em 5.2.1 e 5.5.4.
0,4
0,3 B&W
Incerteza (dB)
0,3 2 janela
0,2
0,2
0,1
0,1
0,0
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)
Figura 5.67 – Incerteza expandida com 2 janelas. Uma janela larga de 25 ms (curva
laranja) impacta a incerteza nas baixas frequências.
145
Limite 62585
0,3
0,2
0,1
0,0
10 100 1000 10000
Frequência (Hz)
146
A Figura (5.70) expressa a diferença decada fonte pela TST e a média das 3 fontes na
câmara anecóica. Torna-se mais evidente a fragilidade do método clássico nas altas
frequências.
A Figura (5.71) mostra o desvio padrão das medidas com as 3 fontes na câmara
anecóica e pela TST para frequências a partir de 800 Hz.
Observa-se que os desvios padrão das 3 fontes são compatíveis tanto na câmara
anecóica quanto pela TST, apesar das diferenças de resultados nas altas frequências mostrados
na Figura (5.70), que são atribuídas às reflexões, difrações e distorção na câmara anecóica.
A linha azul da Figura (5.72) considera o valor absoluto da média das diferenças da
Figura (5.70), na faixa de 800 Hz até 20 kHz, estendido pela incerteza da TST (barras
vermelhas). Ao comparar o resultado com o limite de máxima incerteza da norma IEC 61672
(linha verde), comprova-se a compatibilidade de resultados entre a TST e a câmara anecóica,
do ponto de vista da aplicação da norma IEC 61672-3 [5], apesar das fragilidades apontadas
para o método clássico.
0,00
-0,10
-0,20
-0,30
-0,40
-0,50
-0,60
-0,70
10,00 100,00 1000,00 10000,00
Frequência (Hz)
Figura 5.70 – Diferença entre os resultados obtidos com cada fonte (na reverberante,
com a TST), e a média dos resultados das mesmas fontes na câmara anecóica.
148
0,25 TST
ANEC
0,20
(dB)
0,15
0,10
0,05
0,00
100,00 1000,00 10000,00
Frequência (Hz)
Figura 5.71 – Desvios padrão das 3 fontes sonoras pela TST e na câmara anecóica.
Para as altas frequências a TST é mais confiável que o método clássico sendo possível
remover, reflexões, difrações, distorção, ruído de fundo e reverberação. E para as baixas
frequências, onde notoriamente teria desvantagem diante do método clássico se torna
compatível com este ao aplicar uma função janela suficientemente larga.
1,00
0,80
(dB)
0,60
0,40
0,20
0,00
100,00 1000,00 10000,00
Frequência (Hz)
6. CONCLUSÕES
A confiança na câmara anecóica como método para simular condições de campo livre,
sofreu algum declive nos últimos anos.Os resultados em altas frequências são de fato
influenciados por difrações e reflexões. O relatório EURAMET PROJECT 1056conclui sobre
a necessidade de se utilizar técnicas de supressão para eliminar tais interferências. Isto
também ficou evidenciado neste trabalho.Em outras palavras, se não forem utilizadas técnicas
de seleção no tempo, o método clássico em câmara anecóica não deveserassumido como
método de referência para as altas frequências.
Definir a qualidade das condições de campo livre parece indispensável. Apenaso
projeto de prótese auditiva do grupo de trabalho TC29/WG13 (Hearing aids) da IEC,
especificamente a norma IEC 60118-8 [61],define de forma simplificada que a condição de
campo livre deve se manter em ±2 dB do valor teórico (lei do inverso da distância). A norma
IEC 61672 determinalimites de incertezas para os laboratórios de aprovação de modelo e
laboratórios de calibração, mas não menciona a qualidade mínima aceitável das condições de
campo livre em que devem ser realizados os testes.A omissão de uma entrada tão relevante
pode subestimar a incerteza de saída. É evidente que algumas estimativas de entrada são
dominantes, dentre elas a calibração do microfone de referência e o impacto da qualidade do
campo livre (rmsD). A recente norma IEC 62585 [39] publicada em 2012 apresentaum
exemplo para estimar incertezas em um anexo informativo. Uma das entradas é “estimate
from free-field room performance tests”, igual a 0,013 dB para 1 kHz e 0,104 dB para 8 kHz
(consistentes com os valores encontrados neste estudo para a caixa BMS), que representa um
avanço nesta direção.
A escolha da fonte sonora depende da faixa de frequência que se pretende cobrir, do
resultado do estudo de rmsD e das verificações de estabilidade.Os resultados obtidos com o
Diamond Tweeter foram muito precisos, exceto para 16 kHzpor motivos discutidos durante o
estudo. De qualquer maneira a fonte B&W (MTM) leva vantagem, pois além de ter um
Diamond Tweeter conta com dois midwoofer que lhe permitem cobrir toda a faixa de teste da
norma IEC 61672-3 [5].Com base nos resultados de rmsD e desvio padrão de repetição pode-
se afirmar que esta fonte teve o melhor desempenho. A fonte BMS é virtuosa, pois em sua
configuração coaxial cobre as altas frequências com a corneta e as baixas
frequências,atingidas pelo wooferde 15 polegadas,superam a faixa da B&W, atendendo,
inclusive, a faixa de aprovação de modelo conforme a norma IEC 61672-2[19] em condições
de campo livre (simulado). De fato o laboratório tem nestas fontes trêsexcelentes opções. Em
151
todos os casos cabe a possibilidade de calibrar em cavidade abaixo de 200 Hz, conforme o
relatório EURAMET PROJECT 1056, ou 250 Hz de acordo com a norma IEC 61672-2.
A TST com uma das três fontes deste estudo permite trabalhar com suficiente margem
de segurança dentro dos limites de máximas incertezas estabelecidas pela norma IEC 61672:
0,5 dB (25 – 160 Hz), 0,4 dB (200 – 1000 Hz), 0,6 dB (1,25 – 8 kHz) e 1 dB (10 – 20 kHz).
A TST se mostra também apropriada para determinação da influência do corpo do
MNS pela norma IEC 62585. A exigência sobre a configuração de fixação do MNS sob teste
pode ser atendida pelo laboratório criandoum mecanismo de sustentação que atenda uma das
recomendações desta norma. Obviamente as configurações de fixação sugeridas atendem os
testes para incidência frontal, mas seria difícil aplicá-las para outros ângulos de incidência,
por exemplo, para efeitos da aprovação de modelo.A haste vertical com revestimento de
material absorvedor pode ser uma alternativa. Do ponto de vista da verificação periódica pela
norma IEC 61672-3, a influência de uma haste de meia polegada pode ser incluída como
contribuição para a incerteza de medição. Talvez a IEC possa incluir em futuras publicações
sugestões sobre como resolver esta problemática.
A utilização de um microfone monitor não agrega valor do ponto de vista da TST com
varredura de senos. Em testes com tons puros onde possa haver aquecimento da bobina do
alto-falante talvez seja útil para acompanhar a estabilidade da excitação. Um microfone
monitor pode ser útil também para detectar falhas ou erros significativos, por exemplo, se
houver alteração inadvertida do posicionamento da fonte sonora.
A incerteza de alguns fatores de correção da norma IEC 61094-7 parece subestimada.
Obviamente a comparação de resultados de reciprocidade em campo de pressão e
reciprocidade em campo livre deve levar em consideração as incertezas destes métodos. A
incerteza da reciprocidade em campo livre na frequência de 1000 Hz pode estar entre 0,1 dB e
0,2 dB enquanto o fator de correção identifica incerteza de 0,06 dB. Estes valores parecem
privilegiar o uso de um microfone calibrado por reciprocidade em campo de pressão, onde ao
aplicar os fatores de correção, obter-se-ia uma incerteza menor, o que parece absurdo. No
momento da criação da norma IEC 61094-7 não existiam dados acordados por
intercomparação em campo livre que pudessem colocar em dúvida tais valores de incerteza. A
incerteza expandida dos participantes do Key Comparison CCAUV.A-K4 [62], na frequência
de 1 kHz está em torno de 0,1 dB (a do Inmetro igual a 0,13 dB), superior à incerteza do fator
de correção.
É altamente recomendável que a IEC torne obrigatório o requisito de um MNS ter
saída AC para ambas as classes. Embora para MNS de classe 1 a saída AC seja obrigatória
152
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155
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microphone by the reciprocity technique, 1 ed., 1995.
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APÊNDICE A
Registro fotográfico
Linha de pesca
Figura A.1 – Teste da influência do corpo Cel-266 na Figura A.2 –Linha de segurança para a haste de
câmara anecóica microfone
Figura A.3 – Caixa acústica com alto-falante coaxial Figura A.4 – Caixas acústicas com alto-falantes
Selenium centrais tipo ribbon tweeter
Figura A.5 – Carcaça de MNS Cel-266 para o estudo Figura A.6 – BK 4180 sendo alinhado com recursos
de influência do corpo laser
161
162
APÊNDICE B
Além de servir como base de sustentação da fonte sonora, o tripé tem uma pequena
área frontal que serve como elemento de reflexão sonora. Durante o início das medições, as
Respostas Impulsivas (RI) obtidas apresentavam uma reflexão sonora (Figura B.1) entre o
som direto e a primeira reflexão esperada (neste caso, oriunda do piso da câmara
reverberante). Por meio de medições dimensionais e trigonometria (Figura 5.5) foi possível
encontrar a origem desta reflexão indesejada. O responsável era o tubo do tripé da fonte
sonora que tem aproximadamente 36 mm de diâmetro e 1,65 m de comprimento. A evidência
desta responsabilidade foi confirmada após revestir parcialmente o tubo com espuma.
Figura B.1 – Resposta impulsiva obtida com tripé desnudo, semi coberto e
totalmente coberto com espuma(fonte: Diamond Tweeter).
Observando a Figura B.1 é possível notar uma atenuação na reflexão sonora superior a
15 dB (cuja origem é a haste do tripé). A curva azul é a RI obtida quando o tripé estava
desnudo. A curva vermelha é a RI obtida quando a haste do tripé estava parcialmente coberta
com espuma absorvedora. A curva verde é a RI obtida quando a haste do tripé estava
totalmente coberta com espuma.
A Figura B.2 mostra o tripé totalmente coberto com espuma absorvedora de ondas
sonoras.
163
APÊNDICE C
Tabelas
FREQ ANEC [dB] TST-ANEC (BMS) [dB] TST-ANEC (B&W) [dB] TST-ANEC (Diamond) [dB]
[Hz] BMS B&W Diamond Média REP1 REP2 REP3 REP1 REP2 REP3 REP1 REP2 REP3
19,95 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- ---
25,12 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- ---
31,62 0,798 --- --- 0,798 -0,121 -0,133 -0,119 --- --- --- --- --- ---
39,81 0,638 --- --- 0,638 -0,063 -0,066 -0,064 --- --- --- --- --- ---
50,12 0,587 0,530 --- 0,559 -0,080 -0,076 -0,082 -0,130 -0,113 -0,139 --- --- ---
63,10 0,505 0,642 --- 0,574 -0,178 -0,168 -0,181 -0,203 -0,198 -0,210 --- --- ---
79,43 0,392 0,424 --- 0,408 -0,087 -0,075 -0,089 -0,092 -0,095 -0,097 --- --- ---
100,0 0,352 0,394 --- 0,373 -0,104 -0,092 -0,101 -0,112 -0,122 -0,116 --- --- ---
125,9 0,338 0,320 --- 0,329 -0,089 -0,084 -0,078 -0,121 -0,136 -0,126 --- --- ---
158,5 0,219 0,277 --- 0,248 -0,077 -0,077 -0,058 -0,082 -0,098 -0,085 --- --- ---
199,5 0,271 0,269 --- 0,270 -0,163 -0,149 -0,148 -0,145 -0,156 -0,146 --- --- ---
251,2 0,207 0,231 --- 0,219 -0,116 -0,109 -0,118 -0,137 -0,147 -0,141 --- --- ---
316,2 0,173 0,214 --- 0,194 -0,101 -0,105 -0,093 -0,107 -0,114 -0,107 --- --- ---
398,1 0,250 0,263 --- 0,257 -0,084 -0,067 -0,071 -0,087 -0,091 -0,088 --- --- ---
501,2 0,264 0,269 --- 0,267 -0,049 -0,036 -0,034 -0,069 -0,072 -0,069 --- --- ---
631,0 0,131 0,245 0,214 0,196 -0,063 -0,046 -0,048 -0,071 -0,071 -0,068 --- --- ---
794,3 -0,139 0,049 0,120 0,010 -0,030 -0,035 -0,042 -0,075 -0,076 -0,075 -0,095 -0,083 -0,091
1000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
1259 0,123 0,065 0,118 0,102 -0,023 -0,019 -0,018 -0,044 -0,051 -0,046 -0,084 -0,065 -0,070
1585 -0,112 -0,039 -0,051 -0,067 -0,073 -0,073 -0,079 -0,127 -0,106 -0,105 -0,105 -0,095 -0,096
1995 -0,186 -0,214 -0,237 -0,212 -0,013 -0,019 -0,025 -0,033 -0,037 -0,038 -0,067 -0,048 -0,053
2512 -0,118 -0,126 -0,083 -0,109 -0,009 -0,010 -0,020 -0,070 -0,073 -0,076 -0,094 -0,081 -0,086
3162 0,042 0,030 0,325 0,132 0,016 0,021 0,003 -0,056 -0,056 -0,065 -0,079 -0,074 -0,076
3981 0,146 0,279 0,168 0,197 -0,112 -0,104 -0,096 -0,136 -0,134 -0,147 -0,168 -0,164 -0,166
5012 0,111 0,272 0,005 0,129 0,152 0,159 0,135 0,044 0,041 0,028 0,023 0,034 0,035
6310 0,533 0,390 0,320 0,414 -0,189 -0,180 -0,165 -0,179 -0,180 -0,192 -0,151 -0,143 -0,150
7943 0,570 0,549 0,720 0,613 0,089 0,076 0,045 -0,080 -0,085 -0,103 -0,080 -0,070 -0,083
10000 0,059 0,215 0,194 0,156 0,122 0,176 0,236 0,331 0,327 0,317 0,320 0,340 0,317
12589 0,281 0,280 0,725 0,429 -0,033 -0,006 0,002 0,036 0,054 -0,003 0,045 0,066 0,082
15849 -0,769 -1,036 -0,956 -0,920 0,185 0,148 0,181 0,271 0,261 0,246 0,447 0,313 0,524
19953 -6,222 -6,132 -6,234 -6,196 -0,034 0,002 0,020 0,166 0,177 0,144 0,054 0,119 0,008
165
Tabela C.2 – Quadro de incertezas do microfone LS2: (a) estimativas obtidas a partir
da aplicação de fatores de correção da norma IEC 61094-7 aos resultados da
calibração por reciprocidade em pressão, e (b) estimativas resultantes da calibração
por reciprocidade em campo livre.
Incerteza típica Incerteza típica Incerteza fator (a) Incerteza 4180 (b) Incerteza de um
Frequência recipr.em PF recipr.em FF correção PF-FF calibrado em PF com 4180 calibrado para
(Hz) (exemplo) IEC 61094-7 correções FF os testes – PF+FF
(dB) (dB) (dB) (dB) (dB)
25 0,08 --- --- 0,08 ---
31,5 0,07 --- --- 0,07 0,06
40 0,06 --- --- 0,06 0,06
50 0,06 --- --- 0,06 0,05
63 0,05 --- --- 0,05 0,05
80 0,05 --- --- 0,05 0,05
100 0,05 --- --- 0,05 0,07
125 0,05 --- --- 0,05 0,07
160 0,05 --- --- 0,05 0,05
200 0,05 --- --- 0,05 0,05
250 0,05 --- --- 0,05 0,05
315 0,05 --- --- 0,05 0,05
400 0,05 --- --- 0,05 0,05
500 0,05 --- --- 0,05 0,05
630 0,05 --- --- 0,05 0,05
800 0,05 --- --- 0,05 0,05
1000 0,05 0,12 0,06 0,09 0,12
1250 0,05 0,11 0,04 0,07 0,11
1600 0,05 0,11 0,07 0,10 0,11
2000 0,05 0,10 0,1 0,13 0,10
2500 0,05 0,10 0,11 0,14 0,10
3150 0,05 0,09 0,12 0,15 0,09
4000 0,05 0,09 0,12 0,15 0,09
5000 0,05 0,09 0,11 0,14 0,09
6300 0,05 0,11 0,12 0,15 0,11
8000 0,06 0,13 0,17 0,21 0,13
10000 0,08 0,14 0,27 0,32 0,14
12500 0,09 0,16 0,33 0,39 0,16
16000 0,12 0,19 0,23 0,29 0,19
20000 0,13 0,19 0,17 0,24 0,19
166
Tabela C.4 – Contribuição dos testes de estabilidade conforme a Figura (5.23) com
divisor .
Tabela C.5 – Contribuição dos testes de angulação, conforme a Figura (5.62), com
divisor .
Frequência Reprodutibilidade
[Hz] [dB]
20 até 315 0,02
>315 até 6300 0,03
>6300 até 10000 0,05
>10000 até 20000 0,07
170
Contribuição para a
incerteza de saída Graus de liberdade
Entrada
(1 kHz) veff
(dB)
u1 0,059 50
u2 0,002 50
u3 0,046 ∞
u4 0,017 ∞
u5 0,010 50
u6 0,058 ∞
u7 0,005 ∞
u8 0,025 ∞
u9 0,001 ∞
u10 0,012 ∞
u11 0,008 ∞
u12 0,027 ∞
u13 0,008 2
u14 0,030 ∞
u15 0,003 ∞
Incerteza Combinada 0,109
Fator abrangência k 2,01
Incerteza Expandida
0,22
(em 1 kHz)
Incerteza Máxima
0,4
segundo a IEC 61672
171
Estimativa de
Graus de liberdade
Entrada entrada (1 kHz)
veff
(dB)
0,025 50
u1
0,035 ∞
u2 0,002 50
u3 0,018 ∞
u4 0,017 ∞
u5 0,010 50
u6 0,000 ∞
u7 0,005 ∞
u8 0,025 ∞
u9 0,001 ∞
u10 0,012 ∞
u11 0,008 ∞
u12 0,027 ∞
u13 0,003 2
u14 0,030 ∞
u15 0,003 ∞
Incerteza Combinada 0,071
Fator abrangência k 2,00
Incerteza Expandida
0,14
(em 1 kHz)
Incerteza Máxima
0,4
segundo a IEC 61672
172
ANEXOA
Tabela A.1 – Reprodução parcial da Tabela (A.1) da norma IEC 61672-1: Maximum
expanded uncertainties of measurement
The expanded uncertainty of measurement of the corrections required to adjust the indication
on the sound level meter to an equivalent free-field level shall not exceed 0,25 dB for all
frequencies up to and including 4 kHz, 0,35 dB at all frequencies above 4 kHz up to 10 kHz,
and 0,50 dB at and above 10 kHz. These uncertainties of measurement apply for both the
microphone alone and for the combination of microphone fitted to the sound level meter case.
The manufacturer or testing laboratory shall state the expanded uncertainty of the actual
measurements performed, together with the associated coverage factor, in the documentation
supplied.