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Florianópolis
2023
1
Luiz Otavio Livramento Geraldi
Florianópolis
2023
2
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor,
através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.
Inclui referências.
___________________________
Profª. Ana Luiza Paraboni
Coordenadora de Trabalho de Curso
Banca examinadora
____________________________
Prof. Marcos Baptista Lopez Dalmau, Dr.
Orientador
___________________________
Profª. Dra. Márcia Barros de Sales
Universidade Federal de Santa Catarina
___________________________
Mônica Scoz Mendes
Universidade Federal de Santa Catarina
Florianópolis, 2023.
3
AGRADECIMENTOS
Dando sequência, agradeço a minha mãe, Miriam Lizete, por todo investimento e
aprendizado sobre a importância da educação. Sinto que esta conquista é compartilhada e
formaliza um dever cumprido.
4
e por abrir as portas a mais um jovem sonhador e que hoje finaliza sua jornada na
Graduação. Para aqueles que me acompanharam nesses quatro anos e meio no curso,
deixo meu muito obrigado pelas parcerias, descontração e amizades construídas
Por último, aproveito para deixar meu agradecimento aos colegas da empresa estudada
nesse trabalho, principalmente às minhas gestoras Débora Etges e Laura Colnaghi pela
oportunidade em me desenvolver e consumir de uma visão de mundo tão rica aos olhos da
administração. Estendo a todos meus colegas do time Talent, os quais servimos de apoio
para o enfrentamento da rotina corporativa e que sempre acreditaram no meu potencial e
me fizeram evoluir muito durante esse último ano.
E, para finalizar agradeço a todos os chefes/ lideranças que obtive ao longo da vida,
pois todos contribuíram grandemente nas escolhas que tomei relacionadas ao curso de
Administração. Por ora, todas decisões foram acertadas!
5
RESUMO
ABSTRACT
The study in question proposes an in-depth analysis of Employer Branding strategies in a
People with Disabilities Retention Program within a prominent company in the Brazilian
Electrical Sector. By addressing the company's objectives related to the program, the
research aims to identify specific goals for the effective retention of employees with
disabilities while exploring the practical implementation of Employer Branding strategies and
analyzing the perceptions of various stakeholders. The research will not only investigate the
barriers faced by people with disabilities in their job search and accessibility but will also
delve into identifying challenges and opportunities to enhance Employer Branding strategies
for inclusion. Based on this analysis, the study intends to provide concrete
recommendations and actions to optimize existing practices in the retention program. The
ultimate goal is to contribute to the development of more inclusive work environments
aligned with the principles of corporate social responsibility.
Key-Words: Employer Branding; People with Disabilities; Attraction; Development;
Brazilian Electric Sector.
6
LISTAS DE FIGURAS
7
LISTA DE QUADROS
8
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 06: Caso você NÃO esteja em sua primeira experiência profissional, você
já trabalhou em sua área de formação anteriormente?............................................... 68
GRÁFICO 07: Há quanto tempo você reside em Florianópolis ou na região da Grande
Florianópolis? ............................................................................................................. 69
GRÁFICO 09: A partir de que momento de sua vida, você adquiriu essa
deficiência?...................................................................................................................70
GRÁFICO 10: Você utiliza algum auxílio ou dispositivo para conviver com sua
deficiência no dia a dia? (aparelhos auditivos, muletas, cadeiras de roda, etc............ 71
GRÁFICO 13: Caso você já conhecesse nossa empresa, você observa nossa marca,
como uma marca empregadora ou apenas comercial (setor de
Energia)?......................................................................................................................73
GRÁFICO 18: Em uma escala de 1 a 5, sendo 1 muito ruim e 5 muito, como você
descreveria a imagem da nossa empresa como empregadora em comparação com
outras empresas em que você
trabalhou?.................................................................................................................... 77
GRÁFICO 19: O quanto você acha que a empresa é ativa nas redes sociais e na
9
comunidade em relação à inclusão de pessoas com deficiência? …………….........….78
GRÁFICO 20: Quanto você se sente bem informado sobre as iniciativas de inclusão de
PCDs na organização?................................................................................................ 78
GRÁFICO 21: O quanto você percebe que a inclusão de PCDs é um compromisso de longo
prazo na empresa?.................................................................................................. 79
GRÁFICO 22: Quais foram os diferenciais do programa que fizeram você optar em trabalhar na
empresa?....................................................................................................... 80
GRÁFICO 24: Em sua opinião, como a empresa se destaca no que diz respeito à promoção de
um ambiente de trabalho inclusivo e acessível para todos os funcionários, incluindo aqueles com
deficiência? ………………………………………........................82
GRÁFICO 25: Em sua opinião, o quanto você se sentiu satisfeito com a remuneração oferecida
durante o Processo Seletivo do Programa?..................................................... 82
GRÁFICO 26: Em sua opinião, o quanto você se sentiu satisfeito com o cargo oferecido durante
o Processo Seletivo do Programa?..................................................................... 83
GRÁFICO 27: Como você avaliaria o suporte e a assistência que recebeu da consultoria
responsável pelo Programa desde o momento em que se juntou à
empresa?............................................................................................................................ 84
GRÁFICO 28: Como você avaliaria o suporte e a assistência que recebeu da Gestão de Pessoas
desde o momento em que se juntou à empresa?............................................85
GRÁFICO 29: Como você avaliaria o suporte e a assistência que recebeu da seu/ sua gestor(a)
direto(a) desde o momento em que se juntou à empresa?............................. 86
GRÁFICO 30: Como você avaliaria o suporte e a assistência que recebeu dos seus colegas de
equipe desde o momento em que se juntou à empresa?............................ 87
GRÁFICO 32: Como você avalia o atendimento das suas necessidades pessoais (flexibilidade,
inclusão, acessibilidade) pela empresa?................................................... 89
SUMÁRIO
10
1. INTRODUÇÃO………………………………………………………………………… 10
Contextualização do Tema e Apresentação do Problema………………………………10
Objetivos………………………………………………………………………………………15
1.1.1 Objetivo Geral……………………………………………………………………………..15
1.2.1 Objetivos Específicos……………………………………………………………………..15
Justificativa…………………………………………………………………………………….16
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA………………………………………………………………...18
2.1 EMPLOYER BRANDING…………………………………………………………………....19
2.1.1 Conceito de Employer Branding …………………………………………………....19
2.1.2 Estratégias de Employer Branding………………………………………………….21
2.1.3 Employee value
proposition…………………………………………………………..23
2.1.4 Employe Experience………………………………………………………………… 27
2.2 DIVERSIDADE NAS ORGANIZAÇÕES …………………………………………………29
2.2.1 Inclusão ………………………………………………………………………………..32
2.2.2 Capacitismo ………………………………………………………………………… 34
2.3 MERCADO DE TRABALHO E COLABORADOR PCD………………………………….36
2.3.1 Legislação ……………………………………………………………………………..38
2.3.2 Barreiras .----------------------------------------------------------------------------------------42
2.3.3 Atração e Retenção do Profissional com Deficiência ……………………………45
3. METODOLOGIA —-------------------------------------------------------------------------------------------48
3.1 TIPO DO ESTUDO ---------------------------------------------------------------------------------48
3.2 SUJEITOS DO ESTUDO—-----------------------------------------------------------------------49
3.3 COLETA DE DADOS —---------------------------------------------------------------------------50
3.4 ANÁLISE DOS DADOS —------------------------------------------------------------------------55
3.5 LIMITAÇÃO DO ESTUDO —---------------------------------------------------------------------56
11
1. INTRODUÇÃO
De acordo com dados do IBGE (2019), o Brasil possui cerca de 17,2 milhões de
pessoas com alguma deficiência, o que representa 8,4% da população. Os números do
Instituto revelam que as taxas de participação no mercado de trabalho (28,3%) e de
formalização (34,3%) são muito menores do que as das pessoas sem tal condição
(66,3% e 50,9%, respectivamente).
Atualmente, discute-se amplamente os posicionamentos das empresas
relacionadas ao tema da diversidade, principalmente quando se comenta sobre a
inclusão de profissionais PCDs nas organizações. Muito disso, pela estruturação, em
12
Lei, de uma reserva mínima de vagas de colaboradores para pessoas com deficiência.
Primeiramente, é fundamental reconhecer que as leis que abordam a inclusão de
pessoas com deficiência na sociedade e no mercado de trabalho, como as Leis nº
7853/89, nº 8112/90 e a Lei de Cotas - Lei nº 8213/91 - (BRASIL, 1989; 1990; 1991),
tiveram um papel crucial em possibilitar avanços significativos nessa área, aumentando
consideravelmente as oportunidades de trabalho para essas pessoas. Conforme Lima
et al. (2013) e Witczak e Peixoto (2021), a temática da inclusão de pessoas com
deficiência no mercado de trabalho obteve um interesse maior após a implementação
da Lei de Cotas, indicando um processo de aprendizado e possível adaptação das
empresas em relação à presença desses profissionais em suas equipes. Para muitas
organizações, isso representa uma mudança de paradigma, uma vez que
tradicionalmente procuravam empregar apenas pessoas sem deficiência. Segundo
dados da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho (2019), desde 2003 foram
contratadas mais de 448 mil pessoas com deficiência e reabilitados em todo o país,
graças às fiscalizações que visam garantir o cumprimento da Lei de Cotas.
Embora a legislação brasileira tenha avançado na proteção e inclusão de PCD no
mercado de trabalho, ainda há muitos desafios a serem enfrentados. Alguns dos
principais desafios são a atração e a retenção desses profissionais pelas empresas. A
disparidade na inclusão de profissionais com deficiência é vista facilmente a partir da
transmissão de notícias e dados nos veículos midiáticos, tais como os Portais online G1
e Correio Braziliense (2023), demonstram as dificuldades enfrentadas na atração e
retenção, além da falta de sensibilidade de algumas organizações, que simplesmente
baseiam-se pelo cumprimento da cota estipulada por legislação, sem as mínimas
condições de bem-estar organizacional para o profissional PCD.
A atração é o primeiro passo no processo de inclusão de pessoas com deficiência
no mercado de trabalho. “Ela consiste em identificar potenciais candidatos PCDs que
possuem habilidades e competências necessárias para a função, mas que também
apresentam características que atendam às demandas de inclusão" (Santos et al., 2020,
p.3). É um processo que, em muitos casos, abre margem ao capacitismo do recrutador,
geralmente devido à falta de experiência com este público, distância e prazos dos
processos seletivos.
E a retenção de profissionais PCD se refere à “capacidade da empresa em manter
esses profissionais em seu quadro de funcionários, oferecendo condições de trabalho
adequadas e oportunidades de desenvolvimento profissional" (Pimenta et al., 2018, p.
80). Infelizmente, é o grande problema das empresas que contratam PCDs. Existem
13
percepções que o profissional com deficiência não almeja desenvolvimento pessoal ou
na carreira, isso é confirmado segundo a pesquisa Cenário das Pessoas com Deficiência
no Mercado de Trabalho Brasileiro, conduzida pela consultoria Mais Diversidade que
aponta 60% da alta liderança sem deficiência respondente desconhece ou não sabe
opinar se a empresa possui planos de desenvolvimento para as PCD. Além disso, a
dificuldade em retenção está relacionada também às condições físicas que o profissional
está inserido, benefícios sociais e conexão verídica com o papel que exerce e a equipe
que atua.
Para a quebra desses obstáculos, as empresas necessitam de adaptações físicas e
processuais. Um dos grandes aliados no contexto de profissionais com deficiência é o
uso de estratégias de Employer Branding (EB) na condução de processos seletivos e
captação de profissionais PCDs qualificados. O “Employer Branding representa o
esforço de uma organização em promover, tanto dentro como fora da empresa, uma
visão clara do que a torna diferente e desejável enquanto empregador” (BACKHAUS e
TIKOO, 2004).
O Employer Branding considera os traços compartilhados pelos membros de
uma organização, levando em consideração as características específicas da empresa,
conforme são percebidas por seus funcionários atuais. Isso engloba práticas, cultura e
clima organizacional, gestão de processos e de pessoas, bem como o relacionamento
entre líderes e subordinados - todos os elementos que os colaboradores podem
considerar como distintivos da empresa. Ao analisar a percepção pelo mercado, o foco
está na opinião pública de organizações e profissionais do setor sobre a empresa em
questão, que pode ser favorável ou desfavorável.
Dessa forma, podemos compreender que as práticas de construção da imagem
de empregador (Employer Branding) têm efeitos tanto internos quanto externos nas
organizações. Elas podem gerar resultados positivos tanto para os colaboradores atuais
quanto para a própria empresa, além de influenciar futuros colaboradores. Portanto, é
possível afirmar que essas práticas também resultaram na percepção do mercado em
relação a uma marca empregadora.
Atualmente, ainda ocorrem dificuldades na compreensão do uso de estratégias
de Employer Branding para a retenção do público PCD, pois de fato, a sociedade e
mercado não toleram posicionamentos básicos, sem base estratégica, sobre a
ampliação do mercado de trabalho das pessoas com deficiência. Ou seja, o simples
cumprimento da cota estabelecida não valida a idoneidade da inclusão promovida, pois
na realidade, disfarça o preconceito e desconforto do profissional frente às realocações
14
de funções, diferenças nas remunerações recebidas e igualmente no distanciamento de
evolução profissional.
Contudo, é expressiva a relevância atribuída às organizações que adotam
estratégias de Employer Branding para a inclusão do público PCD. Diante disso,
enquadra-se neste contexto a empresa escolhida neste estudo. A empresa selecionada
para esse estudo atua no setor elétrico a nível global e possui sede administrativa em
Florianópolis/SC. Por motivos de confiabilidade das informações e razões de
investimentos em capital aberto, a mesma aceitou participar desde que nomeada de
empresa ÔMEGA. A organização citada oferece para o mercado em frentes de negócio
de geração, transmissão e comercialização de energia elétrica no Brasil, por meio de
ativos de energia renovável, englobando Usinas hidrelétricas, solares, eólicas e
termelétricas. Ômega tem presença frequente no ranking GPTW e destaques em índices
econômicos como Dow Jones e Ibovespa.
Atualmente, o setor elétrico brasileiro está em destaque, devido a duas questões
que alocam a atenção dos participantes deste nicho: o Mercado Livre de Energia e a
Sustentabilidade. O Mercado Livre de Energia é um ambiente competitivo de negociação
de energia elétrica em que os participantes podem negociar livremente todas as
condições comerciais, como fornecedor, preço, quantidade de energia contratada,
período de suprimento, pagamento, entre outras. A sustentabilidade é proveniente dos
métodos de captação de energia selecionados, alinhado aos fatores de bem estar social
e ambiental para todos os agentes envolvidos no processo.
Portanto, diante dessas premissas, a empresa Ômega trabalha na captação de
colaboradores que consigam contribuir para um posicionamento arrojado de
participação no mercado livre de energia, além de reformular pilares estratégicos de
Missão e Valor em busca de uma sustentabilidade social, principalmente por meio da
adoção de um olhar direcionado à Diversidade e Inclusão na Companhia. A diversidade
na empresa Ômega é tratada como indicador estratégico a nível Global e, a partir dessa
nova visão, investimentos são realizados pela Companhia e, em paralelo, grandes
Projetos e Programas relacionados às amplas temáticas que permeiam o contexto da
diversidade ocorrem e contribuem na transformação cultural da organização.
O case a ser visto neste estudo é um Programa que retrata essa abordagem
estratégica diretamente ligada à inclusão. Tal Programa é exclusivo para a retenção de
profissionais com deficiência em mais de dez áreas da empresa nomeada para este
estudo como empresa Ômega. Tal programa vem ganhando destaque internamente na
Companhia e no mercado como um todo, pelo fato de fornecer durante o período de 15
15
meses o desenvolvimento de competências técnicas e comportamentais aos
participantes, além de fornecer uma transformação cultural, ainda que gradual, por meio
da conscientização de lideranças inclusivas e novas percepções da pessoa portadora
de deficiência no ambiente laboral.
O programa é piloto na Companhia e com o passar do tempo, percebe-se a
possibilidade na melhoria da estruturação para próximos ciclos, contando com
alinhamentos estratégicos, os quais podem ser considerados referentes à marca-
empregadora. Diante da evolução do Programa, cria-se uma expectativa na retenção
desses profissionais ao longo do ciclo e que estes participantes contribuam na ampliação
de uma cultura inclusiva internamente e externamente à empresa.
Portanto, considerando os novos desafios propostos sobre Diversidade e
Inclusão na empresa Ômega e as dificuldades expostas na retenção de PCDs no
mercado de trabalho, este estudo visa responder ao seguinte questionamento:
Como as estratégias de Employer Branding influenciam a retenção de pessoas
com deficiência em uma empresa do setor elétrico brasileiro?
1.2 OBJETIVOS
16
Branding no programa de retenção de pessoas com deficiência na empresa
estudada, visando promover a inclusão e melhorar a experiência dos
colaboradores com deficiência.
1.3 JUSTIFICATIVA
Pelo fato de ser uma temática ainda pouco explorada no âmbito acadêmico
brasileiro, destaca-se o Livro Employee experience, gestão de pessoas e cultura
17
organizacional: a trilogia para atrair, engajar e desenvolver talentos de Roberto Madruga
e outro trabalho produzido por uma egressa da Universidade Federal, Gabriela de
Freitas, como representação efetiva dos resultados efetivos da pesquisa bibliométrica.
18
de Inclusão, obtendo a participação direta de uma Analista de Recursos Humanos, uma
Coordenadora de Talentos, Diversidade e Desempenho e Consultoria Externa
especializada em temáticas de Diversidade e Inclusão. Diante de contato prévio com
tais agentes, permitiu-se o acesso às práticas de gestão, às técnicas de condução do
Programa e igualmente abertura para coletar percepções dos colaboradores envolvidos
diretamente no Programa.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Neste capítulo serão abordadas diferentes visões de autores sobre a definição
de Employer Branding, reforçando em marcos históricos a presença do termo e sua
transformação ao longo do tempo. Além disso, será possível compreender a relação
entre o Employer Branding e termos próximos, como por exemplo, o Employee value
proposition e o Employe Experience e, possibilitar visualizá-los como fatores
determinantes na condução de uma boa validação de estratégias de Employer Branding
no meio organizacional.
19
2.1 EMPLOYER BRANDING
V CONTEÚDO DO
TRABALHO
Variedade; Desafios; Estrutura; Autonomia; Feedback;
Impacto.
24
Avanço; Título; Crescimento Pessoal; Treinamento;
P CARREIRA
Emprego; Segurança.
25
destacando, no entanto, formas de compensação financeira indireta, como saúde,
previdência e licença.
Martins et al (2017) afirmam que a remuneração se configura como uma
retribuição ao colaborador como recompensa pelo seu esforço laboral empreendido na
empresa, podendo ser direta ou indireta, como salários, remuneração variável e
correlatos de forma equivalente ao posto empregado.Segundo Carvalho et. al. (2013),
em um estudo sobre motivação do colaborador no trabalho, concluiu-se que questões
como compensação financeira, benefícios sociais, aspectos materiais e psicológicos
bem como a seguridade do meio de trabalho compõem os itens mais destacados como
motivadores organizacionais.
A partir dos atributos apresentados por Browne, Clavery (2020) realiza uma
atualização nestes atributos, classificando-os como pilares do employee value
proposition (Recompensas ou Benefícios; Oportunidades; Organização, Identidade e
Cultura; Trabalho e Pessoas), sendo esses representados no quadro 04 a seguir.
Organização,
Recompensas
Oportunidades identidade e Trabalho Pessoas
ou Benefícios
cultura
Qualidade de
Planos de
Salários Ética Viagens colaboradores
Desenvolvimento
(colegas)
Equilíbrio entre
Remuneração Aceleração de Qualidade da
Valores vida pessoal e
fixa e variável carreira liderança
profissional
Responsabilidade Gerenciamento
Férias Treinamentos Inovação
social de pessoas
Estabilidade
Vale-Refeição Cultura Rotinas
organizacional
Convênios
Fonte: Freitas (2023), adaptado de Clavery (2020)
26
Barrow e Mosley (2011) desenvolveram uma lista de 12 dimensões-chave
representando os pontos de contato da marca empregadora, chamada "employer brand
mix" para auxiliar tanto na avaliação da realidade atual da marca do empregador quanto
no planejamento de como entregar a proposta desejada da marca do empregador (EVP).
Essa proposição está dividida em duas grandes categorias:
● Visão Geral: relacionada ao contexto e à política organizacional mais ampla;
● Visão Local: relacionado ao contexto e às práticas locais.
33
profissional, suas políticas ainda são muito limitadas. Para o autor, as políticas “estão
concentradas, do lado público, na concessão de benefícios previdenciários e, do lado
privado, no sistema de cotas” (GONÇALVES, 2006, p. 24).
Percebe-se, assim, a importância que o tema vem ganhando nas práticas de
gestão atuais. Lidar com as diferenças e com a inclusão de minorias dentro da
organização são temáticas essenciais no cotidiano empresarial. Para tanto, a tendência
tem sido a superação da antiga prática do assistencialismo e protecionismo das pessoas
com algum tipo de impedimento e/ou em condição de opressão social (Bahia, & Santos,
2009).
Alguns autores, como Kossek e Zonia (1993), sugerem que a inclusão está
associada a um clima de diversidade, examinando o impacto das características
organizacionais e do grupo na percepção dos funcionários de um clima onde haja
diferenças. A pesquisa dos autores revelou que a diversidade na composição da força
de trabalho e a percepção de igualdade entre os funcionários são elementos essenciais
para uma cultura diversificada. Além disso, o estudo de Mor Barak (1998) dos autores
também investigou os elementos do clima de diversidade, os quais se manifestam em
dois aspectos distintos:
● Aspectos Pessoais: perspectivas e sentimentos das pessoas em relação a
pessoas diferentes delas;
● Aspectos Organizacionais: políticas e procedimentos de gestão para mulheres e
minorias.
De acordo com Davidson e Ferdman (2001), estes aspectos são interativos, e
no caso de uma organização, simplesmente trabalhar no nível individual não é suficiente
para criar uma organização inclusiva. Por outro lado, concentrar-se apenas no nível
organizacional, sem considerar ações, sentimentos e pensamentos abrangentes,
também é inadequado.
2.2.3 CAPACITISMO
O capacitismo, segundo o Glossário de termos relacionados à acessibilidade e
deficiência da Câmara dos Deputados, refere-se ao:
“Ato de discriminação, preconceito ou opressão contra pessoa com deficiência.
É uma barreira atitudinal. Em geral, ocorre quando alguém considera uma
pessoa incapaz, por conta de diferenças e impedimentos corporais [...].”
Dias (2013, p. 2), entende que o “capacitismo é a concepção presente no social que lê
as pessoas com deficiência como não iguais, menos aptas ou não capazes para gerir
as próprias vidas”.
34
De acordo com Wolbring, o termo capacitismo evoluiu de movimentos de direitos
civis das pessoas com deficiência nos Estados Unidos e no Reino Unido Unido, durante
as décadas de 1960 e 1970 (Wolbring e Guzmán, 2010).Impulsionado como um conceito
de uso simbólico ao sexismo e ao racismo, no caso do capacitismo, ele se refere a uma
atitude preconceituosa que hierarquiza as pessoas com base na conformidade de seus
corpos com a norma corporal estabelecida. É uma categoria que define a maneira como
as pessoas com deficiência são amplamente tratadas como incapazes (incapazes de
produzir, trabalhar, aprender, amar, cuidar, sentir desejo e ser desejados, ter relações
sexuais etc.).
Diante da história da repressão da sexualidade e a história da regulamentação
dos corpos e capacidades considerados "normais", que moldam a história da deficiência
e da "capacitação", levam a crer, conforme explicado por Paco Guzmán e Lucas Platero
(2012:128), que tanto a sexualidade quanto a capacidade estão inscritas no corpo e
representam uma série de "verdades" que devem ser reveladas por um olhar atento.
Mas, ao mesmo tempo, as pessoas têm lutado ao longo [p. 77] de toda a história para
resistir a esse olhar taxonômico e punitivo, e inscrevem suas próprias experiências em
outras leituras possíveis.
No entanto, o capacitismo permeia o pensamento contemporâneo e funciona
como um discurso de dominação e poder. Torna-se evidente, além disso, como um
"esquema mental" transmitido por meio de dispositivos retóricos, como a linguagem,
imagens e todos os sistemas de representação.
Conforme Marchesan e Carpenedo (2021) “esses pensamentos resultam em
idéias que passam a ser disseminadas pelas mais distintas esferas sociais e acabam
por afetar todos os sujeitos com deficiência, porque pressupõe que esses sujeitos
possuem limitações que lhes incapacitam em todas as instâncias da vida, fazendo com
que suas capacidades sejam suprimidas por um discurso totalizante e excludente.”
35
Fonte: IBGE (2010)
36
devido à situação de pandemia que reprogramou a calendarização da aplicação do
mesmo para 2022, o IBGE apresentou um estudo em 2021, o qual aponta um pequeno
panorama do contexto da pessoa com deficiência no mercado de trabalho.
O levantamento tem como base de dados a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS)
de 2019. Naquele ano, haviam 17,2 milhões de pessoas com dois anos ou mais com
algum tipo de deficiência no país.O estudo do IBGE aponta que as pessoas com
deficiência com 14 anos ou mais tinham menos taxas de participação no mercado de
trabalho (23,8%) e de formalização (34,3%). Entre as pessoas sem deficiência, os
índices são, respectivamente, de 66,3% e 50,9%. A desocupação nessa população
também foi maior (10,3%) que entre as pessoas sem deficiência (9%). A diferença da
taxa de desocupação entre pessoas com e sem deficiência é maior na população jovem.
Os índices são, respectivamente, de 25,9% e 18,1%.
A pesquisa aponta ainda, a necessidade de acesso à saúde pela população
PCD, pois aponta que pessoas com deficiência tinham menos acesso a plano de saúde
(18%) que pessoas sem deficiência (26,7%).
Esse retrato demonstra a realidade da maioria dessa "minoria", uma vez que
essas pessoas ocupam uma parcela significativa da população brasileira, porém ainda
enfrentam marginalização no ambiente organizacional. Essa situação revela a
necessidade urgente de promover inclusão e igualdade de oportunidades para que
essas pessoas com deficiência possam participar plenamente e contribuir de maneira
significativa para a sociedade.
É essencial que as organizações se envolvam ativamente nesse processo,
implementando políticas internas que impulsionem a diversidade e promovam ações
inclusivas. Uma estratégia eficaz para acolher os trabalhadores com deficiência é a
oferta de programas de treinamento voltados para a educação profissional, com o
objetivo de reduzir as disparidades de produtividade em relação aos demais
colaboradores. Além disso, é importante incluir ações que aprimorem os
relacionamentos interpessoais e habilidades sociais. Também é importante
disponibilizar monitores para acompanhar durante todo período de aprendizagem e
permanência na organização (RODRIGUES e PEREIRA apud PEREIRA; DEL PRETTE;
DEL PRETTE, 2008; ZANITELLI, 2013; MACCALI, 2015 MACCALI, N. et al. As práticas
de recursos humanos para a gestão da diversidade: a inclusão de deficientes intelectuais
em uma federação pública do Brasil. RAM, Rev. Adm. Mackenzie. São Paulo, v. 16, n.
2, p. 157-187, mar./abr. 2015; AYDOS, 2016) e desenvolver atividades de sensibilização
aos trabalhadores no geral, com o objetivo de melhorar o convívio.
37
2.3.1 LEGISLAÇÃO
Com o objetivo de assegurar direitos de igualdade e inclusão no acesso ao
mercado de trabalho, o público de pessoas com deficiência (PCD) é protegido por
legislações em nível nacional que orientam sua participação. No entanto, é importante
ressaltar que ainda existem questões que vão além das garantias estabelecidas pela lei.
Os primeiros olhares à temática da deficiência e o acesso ao mercado de
trabalho surgem a partir de Resoluções e Convenções, formalizadas por instituições
amplas e universais como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização
Internacional do Trabalho (OIT). A ONU se tornou vanguarda com a promulgação da
Declaração dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência – objeto da Resolução
nº 3447, aprovada em 1975. Essa legislação pode ser considerada um marco importante
no processo de estabelecer e garantir oportunidades de participação plena na vida
comunitária para pessoas com deficiência, com igualdade de condições em relação aos
demais membros da sociedade.
Em relação à Organização Internacional do Trabalho (OIT), é importante
destacar a promulgação, em 1983, da Convenção Internacional nº 159. Essa convenção
aborda a necessidade de adotar medidas que estimulem e facilitem o acesso de pessoas
com deficiência a oportunidades de emprego produtivo, em consonância com os
princípios normativos estabelecidos pela resolução da Organização das Nações Unidas
(ONU). Para tanto, a OIT recomenda a formulação e implementação de políticas
nacionais ativas de apoio a esse grupo social na obtenção e conservação de um
emprego adequado (FONSECA, 2006; LORENTZ, 2006). ratificada por mais de 70
países, mormente aqueles de maior nível de desenvolvimento socioeconômico (LOPES,
2005; FONSECA, 2006).
No que diz respeito especificamente às pessoas com deficiência, na atual
Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 1988, encontram-se
estabelecidas 12 disposições específicas, que visam:
[...] a proibição de discriminação quanto a salário e critérios de admissão no
emprego (art. 7º, XXXI); d a competência comum da União, Estados, Distrito
Federal e Munícipios nos cuidados a saúde, assistência pública, proteção e
garantia (art. 23, II); (MADRUGA, 2016, p. 19)
Pelo fato das Cartas Magnas serem relacionadas ao contexto social da época
que são promulgadas, tendo a validação de aspectos e direitos latentes a cada época,
a deficiência sempre teve um olhar de exclusão e “desvalia”, como apontado por
Madruga ao comentar sobre o exposto na Constituição dos Estados Unidos do Brasil de
1937:
38
A Constituição dos Estados Unidos do Brasil de 1937 não traz qualquer
referência especial às pessoas com deficiência, restringindo-se a dispor sobre a
“invalide para o exercício do cargo ou posto” para fins de aposentadoria ou
reforma (art. 156, alínea “e”) e a aposentadoria com vencimentos integrais do
“[...] funcionário invalidado em consequência de acidente ocorrido no serviço”
(art. 156, alínea “f”). (BRASIL, 1937, online) (MADRUGA, 2016, p. 14).
1
A cota contribuição envolve a criação de um fundo ou mecanismo similar para o qual contribuem as
empresas que, quaisquer que sejam seus motivos, não empregam pessoas com deficiências.
2
Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm
39
fator determinante para negar a plena capacidade civil de uma pessoa. Correia (2015)
afirma, que com a definição do Estatuto:
“É possível que as pessoas portadoras de deficiência sejam analisadas em
termos de incapacidade relativa ou total, mas, o ponto mais favorável nesse
sentido, é de se buscar cada vez mais garantir os direitos de igualdade,
dignidade e liberdade de fazer suas próprias escolhas, seja pessoal, profissional
ou civilmente.”
40
§ 2º A pessoa com deficiência tem direito, em igualdade de
oportunidades com as demais pessoas, a condições justas e
favoráveis de trabalho, incluindo igual remuneração por trabalho
de igual valor.
3
Disponível em: https://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-interministerial-mps/mf-n-26-de-10-de-janeiro-de-2023-
457160869
41
simples cumprimento da lei, mas deve ser entendida como oportunidade para aqueles
que têm algum tipo de deficiência.” (FELIZARDO 2016, p.163).
2.3.2 BARREIRAS
Para Stephen (2012), a deficiência não precisa ser um obstáculo para o sucesso,
sendo indispensável que as organizações não tenham como barreira o preconceito, pois
o profissional almeja dentro de um ambiente laboral uma oportunidade de exercer as
competências.
Neste quesito, surge a atração, como forma de cativar o interesse de possíveis
colaboradores para a organização ou, de forma interna, para incentivar colaboradores a
antever uma exigência futura da organização (Camara et al., 2016).
Em um primeiro momento, o recrutamento é necessário para alinhar os perfis
desejados para a atração. As atividades de recrutamento de uma empresa devem ser
altamente estimuladoras, no sentido de fazer com que potenciais candidatos queiram,
realmente, ingressar na organização” (BULGACOV, 2006, p. 337). O recrutamento
pressupõe a procura de talento em diferentes fontes de pesquisa, tais como, portais de
emprego, revistas, jornais, redes profissionais e sociais, por partilha de referências e
ainda na própria base de dados da empresa (Figueiredo, 2015).
44
No âmbito do recrutamento e seleção de pessoas com deficiência, enfrenta-se
uma baixa demanda de profissionais interessados nas vagas disponíveis no mercado de
trabalho. Além disso, adaptar as funções do cargo de acordo com a deficiência
apresentada pelos candidatos torna-se um desafio adicional para os profissionais de
RH. Acredita-se também que muitas pessoas com deficiência acabam sendo excluídas
desse processo, visto que algumas empresas preferem determinadas deficiências
(REIS; SILVA, 2012).
Portanto, existe uma clara dificuldade de ambos os lados, seja para o profissional
com deficiência, exposto às barreiras atitudinais e de qualificação, assim como o setor
de Gestão de Pessoas, pressionado pela cota a ser preenchida. Além disso, existem
outros pontos de atratividade que devem ser considerados, assim como a baixa
remuneração, insegurança empregatícia e indisponibilidade de desenvolvimento.
Segundo Dutra (2002), a forma mais instrumental da visão de desenvolvimento
humano passa pelo conceito de competência, que ele define como a capacidade da
pessoa de agregar valor ao patrimônio de conhecimento da empresa. A inclusão, por
sua vez, busca adequar a realidade organizacional às necessidades das pessoas com
deficiência, visando a dar-lhes igualdade de oportunidades para o pleno
desenvolvimento de suas potencialidades. (Carvalho-Freitas, & Coimbra, 2009, p. 234).
Parodi (2009) afirma que atualmente só sobrevive no mercado uma empresa
que seja capaz de identificar, desenvolver, qualificar e reter seus profissionais, já que
essa política está intimamente relacionada a aspectos econômicos, na medida em que
se busca reter os profissionais cujos resultados são satisfatórios para a organização.
Dentro do contexto da retenção de profissionais com deficiência, surgem duas
vertentes: dos colaboradores com deficiência e o dos empregadores. Os trabalhadores
com deficiência citam:
● A falta de conhecimento sobre a deficiência na organização e a incapacidade de
atender às necessidades e consequências da deficiência como as principais
dificuldades na contratação de trabalhadores com deficiência.
● Atitudes negativas de gerentes e colegas também tendem a ver os trabalhadores
com deficiência como menos capazes, muitas vezes levando a situações de
discriminação e desigualdade.
Enquanto isso, os empregadores também citam duas razões principais:
● Os próprios trabalhadores com deficiência apresentam falta de autoconfiança e
autoestima, o que não os incentiva a permanecer e desenvolver suas habilidades.
45
● Em segundo lugar, o fato de que a infraestrutura muitas vezes está mal equipada
para atender às necessidades dessas pessoas, e que qualquer mudança pode
ter um custo para o qual as organizações dizem não estar preparadas. (McFarlin,
Song, and Sonntag 1991; Sirvastava and Chamberlain 2005; Varekamp, Verbeek,
and van Dijk 2006).
46
3. METODOLOGIA
A metodologia tem aspecto essencial na construção deste Estudo de caso,
devido ao fato de ser responsável por “estudar, descrever os métodos, explicar,
interpretar, compreender e avaliar um problema de pesquisa” (ZANELLA, 2011).
Neste capítulo serão apresentados de forma aprofundada o tipo de estudo,
classificando-o de acordo com o método adequado à análise para a obtenção dos
resultados do trabalho. Em sequência, serão descritos os sujeitos do estudo e como
foram escolhidos, a forma de coleta de dados utilizados e como serão analisados os
dados dentro da proposta do objetivo geral.
Por fim, indica-se a limitação do estudo. Uma limitação do trabalho é
justamente a ênfase colocada de maneira específica na perspectiva sistêmica, no estudo
de sistemas organizacionais (Morgan, 1995). Ou seja, será dentro da limitação do estudo
que haverá maior aprofundamento sobre o grupo de profissionais PCD e gestores de
RH da empresa abordada.
47
qual detalha o impacto dessas práticas no Employer Branding da empresa, enquanto
procura compreender os objetivos organizacionais associados a tais iniciativas. A
análise abrange a interpretação dessas práticas do ponto de vista dos participantes do
Programa de inclusão, destacando como eles se sentem em relação às práticas.
Adicionalmente, a pesquisa se dedica a compreender as necessidades dos
colaboradores relacionadas a essa temática, visando propor recomendações para
fortalecer o Employer Branding, com um foco específico na diversidade e inclusão.
O modelo de Estudo de Caso se faz presente, considerando a definição
proposta por Yin (1990), que o estudo de caso permite uma investigação para apreender
as características significativas e holísticas de eventos da vida real – tais como, ciclos
de vida individuais, processos organizacionais e administrativos, mudanças de
vizinhanças, relações internacionais e a maturação de setores. Além disso, Yin (1990)
define estudo de caso como uma investigação empírica:
• que trata de um fenômeno contemporâneo num contexto de situação real;
• cujas fronteiras entre o fenômeno e seu contexto não são claramente evidentes;
• que utiliza múltiplas fontes de evidências.
Com base nisso, a abordagem de investigação terá as perspectivas qualitativa
e quantitativa, reconhecendo as premissas realizadas na condução do programa de
inclusão, com enfoque, nas práticas de Employer Branding elaboradas na formulação
do Programa e sua condução diante da retenção dos profissionais envolvidos no projeto.
Segundo Zanella (2013), na pesquisa qualitativa, o processo de coleta de dados dá-se
simultaneamente com a sua análise, o que a difere da pesquisa quantitativa, na qual,
em um momento, os dados são coletados e, em outro, são analisados. A visão
quantitativa é presente, devido ao levantamento das percepções dos usuários do
Programa, visto que são um grupo reduzido e restrito, porém com grande relevância na
identificação de interpretações únicas sobre a aplicação das estratégias de Employer
Branding, além da Experiência de colaborador dentro do contexto das pessoas com
deficiência.
Deste modo, pretende-se identificar, compreender e analisar como os
objetivos organizacionais são atingidos com o Programa de Retenção de Pessoas com
Deficiência, além da visibilidade da aplicação efetiva de estratégias de Employer
Branding, por meio da análise de percepções de participantes e atores de gestão de
pessoas da empresa estudada, levando em consideração a possibilidade de expansão
do programa e futuras adaptações.
48
3.2 SUJEITOS DO ESTUDO
De acordo com Zanella (2013), o método qualitativo preocupa-se em conhecer a
realidade, segundo a perspectiva dos sujeitos participantes da pesquisa, sem medir ou
utilizar elementos estatísticos para análise dos dados. Busca conhecer significados,
opiniões e percepções dos sujeitos participantes da pesquisa. Entretanto, Zanella (2013)
expõe que o método quantitativo preocupa-se com representatividade numérica, isto é,
com a medição objetiva e a quantificação dos resultados. Tem, portanto, o objetivo de
generalizar os dados a respeito de uma população.
Os sujeitos podem ser considerados amostra de uma população. Na visão de
Vergara (1997, p. 48), a população é o “conjunto de elementos (empresas, produtos ou
pessoas) que possuem as características que serão objeto de estudo” e a amostra “é
uma parte do universo (população), escolhida segundo algum critério de
representatividade.”
Para a construção deste estudo de caso, foram identificados sujeitos de estudo
que atendessem os objetivos específicos deste trabalho. Deste modo, determinou-se o
quadro abaixo, o qual indica o sujeito competente a cada especificação.
Visto que o mesmo esteve envolvido internamente aos trâmites do programa desde o
período de Seleção de candidatos e possui contato direto com os participantes durante
o andamento do Programa.
Reitera-se que estas ferramentas são auxiliadoras no processo de análise de
conteúdo, considerando os objetivos a serem pretendidos com este estudo, no entanto,
não são exclusivas. O quadro a seguir condensa as ferramentas aplicadas a cada
sujeito, conforme o atendimento de cada objetivo específico
51
Verificar como ocorre a aplicação
prática do Programa dentro da
PCDs participantes do
empresa e as percepções dos Questionário online
Programa
colaboradores com deficiência
envolvidos.
Coordenadora de Talentos,
Verificar como ocorre a aplicação
Diversidade e Desempenho;
prática do Programa dentro da
Analista de Diversidade Entrevista semi-estruturada
empresa e as percepções dos
(responsável pelo Programa); Questionário
membros de Gestão de Pessoas
PCDs participantes do
envolvidos.
Programa
TÓPICOS QUESTÕES
● Formação Acadêmica
Contextualização Perfil
● Tempo de Experiência em Gestão de Pessoas
respondentes
● Atuação com Diversidade e Inclusão
● Criação do Programa
Enfoque no desenvolvimento inicial do programa, abordando os
Processo Decisório do Programa principais objetivos, metas estabelecidas e a estrutura do projeto,
Retenção PCDs incluindo detalhes sobre vagas, período, cargos e atividades de
desenvolvimento.
● Employer Branding
Explorar a definição das respondentes sobre o "Employer
Branding", destacando sua importância para a empresa.
Examinando também a relação entre o Employer Branding e o
Employer Branding, EVP e Programa de PCDs, incluindo estratégias específicas para atrair
Employee Experience talentos com deficiência no Programa..
53
com deficiência. Analisando ainda, o posicionamento da empresa
como empregadora de escolha para esse público.
● Aprendizados e Melhorias:
Destacar as lições aprendidas com a experiência do programa até
o momento e explorar as melhorias consideradas para o futuro,
demonstrando o compromisso contínuo com a eficácia e
aprimoramento do programa.
Aprendizados e Próximos passos
● Próximos Passos
Investigação dos planos futuros para o Programa de PCDs,
incluindo estratégias para fortalecer o Employer Branding em
relação à inclusão de pessoas com deficiência. Busca entender as
metas e a visão de longo prazo da empresa para o programa.
Fonte: Elaborado pelo autor
54
A fim de validar as informações predispostas no questionário, realizou-se um pré-
teste como um dos colaboradores do grupo, o qual apontou pequenos ajustes na
condução de perguntas relacionadas à deficiência e trouxe devolutiva positiva quanto ao
tempo de respostas e formato do questionário disponibilizado. Este pré-teste, serviu
como ponto de imersão ao grupo e a sensibilização para a participação do grupo.
Contudo, o questionário obteve 12 respostas de 15 possíveis, considerando que alguns
integrantes estão afastados por motivos de saúde e outros resolveram não responder
ao questionário.
4. ESTUDO DE CASO
Este estudo de caso se concentra na análise detalhada do programa específico de
retenção de colaboradores com deficiência (PCDs) implementado na empresa Ômega.
56
Com intuito de examinar não apenas a estrutura e implementação desse programa, mas
também as percepções, desafios e contribuições dos colaboradores PCDs envolvidos.
Buscou-se oferecer uma compreensão aprofundada das experiências desses
colaboradores, proporcionando insights cruciais para aprimorar práticas de Employer
Branding e promover ainda mais a inclusão. O estudo delineou estratégias e objetivos
do programa, proporcionando uma visão holística que enriquecerá a compreensão da
interação entre a gestão de pessoas, o programa de retenção e a percepção dos
colaboradores PCDs, contribuindo para uma avaliação mais precisa da eficácia do
programa e seu impacto organizacional.
59
conscientização e engajamento global.
Atualmente, a principal campanha global ativa sobre diversidade enfatiza a busca
em criar ambientes de trabalho acolhedores e inclusivos, desenvolvendo espaços que
cuidem do bem-estar mental das pessoas, de modo que há convicção de que reunir as
diferenças, ouvir uns aos outros, desafiar-se e construir juntos constituem alavancas
poderosas para a criatividade e o desempenho, fortalecendo, ao mesmo tempo, seu
apelo. A ÔMEGA valoriza as diferenças das pessoas, reconhecendo-as como fontes de
riqueza por meio de três principais compromissos:
COMPROMISSOS JUSTIFICATIVA
60
PILAR OBJETIVOS
63
(PDIs) e suporte em temáticas de inclusão e desenvolvimento de competências.
O processo seletivo foi desenhado com base em um padrão convencional, mas
com o apoio de uma consultoria externa especializada em processos seletivos, embora
não específica para PCDs. A divulgação ocorreu principalmente através das mídias
sociais da empresa e nas entidades de ensino, sem abordagens presenciais.
Apesar do processo seletivo ter sido desenhado com base em um padrão
convencional, a dificuldade na especialização da consultoria externa, não
especificamente voltada para PCDs, e as barreiras de acesso ao público-alvo geraram
desafios na ocupação das vagas. A Empresa Ômega encontrou obstáculos na
compreensão do "mundo" dos PCDs em Florianópolis e região, enfrentando dificuldades
para estabelecer conexões significativas.
Internamente, os idealizadores do programa enfrentaram desafios na consolidação
dos profissionais com os gestores das áreas, uma vez que a integração dos
colaboradores PCDs no ambiente de trabalho exigiu esforços adicionais para superar
eventuais resistências. No entanto, com determinação, a Empresa Ômega buscou
soluções para essas complexidades, reconhecendo a importância de criar um ambiente
de trabalho verdadeiramente inclusivo
O preenchimento gradual das vagas, sendo inicialmente formado por seis mulheres
e sete homens com idades entre 18 e 35 anos e diferentes deficiências, culminou em
um momento crucial de integração fora da Sede, com uma duração de três dias. Durante
esse evento, foram apresentados não apenas os benefícios oferecidos pela empresa,
mas também uma visão abrangente do score business, estruturas organizacionais e
áreas principais. Além disso, os colaboradores integrantes do Programa tiveram a
oportunidade de se apresentar, compartilhando suas experiências e perspectivas.
Essa iniciativa não apenas superou as dificuldades iniciais, mas também iniciou a
inclusão desses profissionais na cultura organizacional da Empresa Ômega. A entrada
do grupo de colaboradores PCDs na Empresa Ômega suscitou uma gama de
percepções entre aqueles que já faziam parte do quadro de lotação. Para alguns, a
chegada desse grupo trouxe à tona aspectos positivos e negativos. O enfoque mais
intenso nas questões ergonômicas e no bem-estar das pessoas em condição de PCD
foi destacado como positivo por alguns colaboradores que, até então, não haviam
experimentado uma atenção tão específica a esses aspectos. Por outro lado, a ausência
de uma jornada de desenvolvimento específica para esse público foi apontada como
uma lacuna que merece consideração.
Contudo, outros colaboradores PCDs, que já integravam a empresa, consideraram
64
a chegada do novo grupo como um marco positivo. Essa perspectiva positiva estava
atrelada à visibilidade crescente dada às demandas específicas do público PCD,
abrangendo desde a acessibilidade até a equidade de oportunidades, incluindo o
desenvolvimento profissional. Além disso, a identificação e aceitação de condições que
anteriormente eram desconsideradas por alguns indivíduos foram vistas como avanços
significativos. Essa dualidade de percepções ressalta a complexidade e a importância
de abordagens inclusivas nas organizações.
Com o avanço do Programa, o mesmo conta com três efetivações realizadas antes
do término dos 15 meses, além da abertura de outras quatro vagas. Ressalta-se que
atualmente, novembro de 2023, o Programa segue com apenas uma saída, pois um dos
integrantes optou em seguir carreira pública ao passar em Concurso Público.
Conforme exposto anteriormente, devido à participação efetiva de ações de
diversidade da empresa ômega, recentemente o Programa em estudo concorreu a uma
premiação interna do Grupo Multinacional, o qual a Ômega faz parte, sendo possível
aumentar a visibilidade do Programa, seus resultados positivos até o momento e o
reconhecimento da valorização de ações voltadas ao público PCD.
A seguir seguem imagens do grupo inicial de colaboradores do Programa de
retenção de PCDs na empresa Ômega. As imagens retratam a integração inicial com a
empresa, relatada anteriormente.
65
Integrantes selecionados Programa Retenção e equipe de Gestão de Pessoas
A. SEÇÃO 1: PERFIL
66
Fonte:Retirado Questionário aplicado pelo autor (2023)
67
GRÁFICO 03: Qual sua escolaridade?
68
GRÁFICO 05: Essa é sua primeira experiência no mercado de trabalho?
70
Fonte:Retirado Questionário aplicado pelo autor (2023)
GRÁFICO 09: A partir de que momento de sua vida, você adquiriu essa
deficiência?
A questão buscou identificar a origem das deficiências dos colaboradores, visto que
novamente existem contextos diferentes e que tornam cada indivíduo único, ainda
que diante de um grupo específico. A maioria dos respondentes (41,7%) adquiriu sua
respectiva deficiência desde o nascimento.
71
GRÁFICO 10: Você utiliza algum auxílio ou dispositivo para conviver com
sua deficiência no dia a dia? (aparelhos auditivos, muletas, cadeiras de
roda, etc...)
A pergunta acima foi a primeira mais intimista aos colaboradores. Em larga maioria,
representando aproximadamente 92% indicaram que já tiveram dificuldades em
aceitar sua deficiência.
72
As perguntas a seguir foram abertas, a fim de explorar a individualidade das respostas
dos colaboradores. Por meio da análise de discursos, apresento os principais pontos
de cada pergunta compilados no quadro 11 a seguir:
73
GRÁFICO 12: Você já conhecia a empresa antes de participar do programa?
GRÁFICO 13: Caso você já conhecesse nossa empresa, você observa nossa
marca, como uma marca empregadora ou apenas comercial (setor de
Energia)?
75
GRÁFICO 16: Você se inscreveu no Programa ou foi convidado a participar?
76
GRÁFICO 17: Em uma escala de 1 a 5, sendo 1 muito insatisfeito e 5 muito
satisfeito, como você se sentiu em relação à inclusão de pessoas com
deficiência na nossa empresa ao participar do programa?
GRÁFICO 18: Em uma escala de 1 a 5, sendo 1 muito ruim e 5 muito, como você
descreveria a imagem da nossa empresa como empregadora em comparação com outras
empresas em que você trabalhou?
78
GRÁFICO 19: O quanto você acha que a empresa é ativa nas redes sociais e na
comunidade em relação à inclusão de pessoas com deficiência?
79
Diante da perspectiva de novos colaboradores PCDs, há unanimidade quanto ao
atendimento por parte da empresa das necessidades que possam acompanhar este
novo colaborador, em virtude da condição de deficiência. 66,6% responderam que é
“muito perceptível” e 33,3% responderam que é “Perceptível”.
Dando sequência, foi questionado sobre como o grupo percebia a inclusão como
um compromisso de longo prazo.
GRÁFICO 21: O quanto você percebe que a inclusão de PCDs é um compromisso de longo
prazo na empresa?
80
a diversidade presente e a importância disso para os profissionais com deficiência. A
confiança na retenção efetiva de profissionais PCDs é considerada um atrativo,
proporcionando não apenas uma imagem positiva, mas também resultados práticos. A
abordagem inclusiva Ômega, diferenciando-se de outras empresas que simplesmente
cumprem cotas, é vista como um fator relevante na atração de candidatos com
deficiência. O compromisso a longo prazo é questionado por alguns, mas, em geral, há
percepção de que o programa pode ser atrativo, especialmente se mantiver a excelência
em suas propostas.
GRÁFICO 22: Quais foram os diferenciais do programa que fizeram você optar em
trabalhar na empresa?
A partir das respostas obtidas, é interessante observar a força dos pontos, os quais
são fornecidos de fato pela Ômega aos seus colaboradores e é visto que trabalhar na
área de formação não é um fator determinante ou ao menos considerado relevante para
a maioria do grupo. Exatamente como a acessibilidade, indicada por 41% como
diferencial na escolha do colaborador.
Porém, existe uma concorrência entre as possibilidades de crescimento interno
81
juntamente com o desenvolvimento pessoal oferecido, ambos são considerados muito
mais diferenciais do que o salário.
E, por fim, 91,7% do grupo entende que os benefícios são o peso na tomada de
decisão para sua entrada na empresa.
Todas essas percepções são confirmadas em perguntas de escala realizadas em
sequência. Essas, repercutem algum dos pontos levantados na questão de caixa de
seleções.
82
GRÁFICO 24: Em sua opinião, como a empresa se destaca no que diz respeito à promoção
de um ambiente de trabalho inclusivo e acessível para todos os funcionários, incluindo
aqueles com deficiência?
GRÁFICO 25: Em sua opinião, o quanto você se sentiu satisfeito com a remuneração
oferecida durante o Processo Seletivo do Programa?
83
A remuneração confirma posição de destaque, principalmente considerando a
satisfação com a mesma para o Programa. Sendo visto que 83% dos colaboradores
participantes entendem que a remuneração oferecida traz satisfação plena ou total.
Aproveitando, a condução da temática, foi questionado ao grupo referente ao
cargo oferecido, visto que a maioria possui Ensino Superior completo e estão lotados
como Assistentes, além de ser uma das reclamações mais percebidas diante da
observação participante ao longo do período de condução do trabalho.Essa
incomodação foi pertinente e trouxe questionamentos sobre efetivação, desde os
primeiros meses do Programa.
GRÁFICO 26: Em sua opinião, o quanto você se sentiu satisfeito com o cargo oferecido
durante o Processo Seletivo do Programa?
84
essência e efetividade das ações de EB no seu público-alvo, o candidato, posteriormente
contratado. Isso se dá pelo fato da consideração de expectativas pessoais de cada
colaborador e a análise do atendimento dessas expectativas. Sendo o grande
impulsionador de uma marca empregadora.
Nesta seção, os respondentes foram conduzidos a avaliarem sujeitos específicos
que fizeram e fazem parte do andamento do Programa de retenção e, posteriormente,
uma pergunta aberta foi realizada para cada avaliação, a fim de justificar de forma
discursiva sobre a resposta anterior.
85
Em geral, a consultoria é percebida como uma parte ativa no processo de
desenvolvimento, mas as opiniões sobre sua efetividade podem variar.
GRÁFICO 28: Como você avaliaria o suporte e a assistência que recebeu da Gestão
de Pessoas desde o momento em que se juntou à empresa?
86
GRÁFICO 29: Como você avaliaria o suporte e a assistência que recebeu da seu/ sua
gestor(a) direto(a) desde o momento em que se juntou à empresa?
87
GRÁFICO 30: Como você avaliaria o suporte e a assistência que recebeu dos seus
colegas de equipe desde o momento em que se juntou à empresa?
Apesar disso, ainda há menções a alguma resistência por parte de alguns colegas.
No geral, a integração e o relacionamento com a equipe são positivos, mas persistem
desafios a serem superados em termos de aceitação plena e entendimento da
diversidade no ambiente de trabalho.
88
GRÁFICO 31: Como você avaliaria a trilha de desenvolvimento disponibilizada pelo
Programa?
89
GRÁFICO 32: Como você avalia o atendimento das suas necessidades pessoais
(flexibilidade, inclusão, acessibilidade) pela empresa?
90
GRÁFICO 33: Você se sente valorizado e respeitado como profissional com
deficiência?
Por fim, foram realizadas duas perguntas abertas referentes à opinião dos
colaboradores sobre sua experiência na empresa Ômega e pontos que entendem que
são passíveis de melhorias na boa vivência de outros colaboradores PCDs na
organização: Como você descreveria a sua experiência de trabalho na nossa empresa até
agora?
A Gestão de Pessoas foi representada neste estudo, pelos sujeitos indicados no quadro 06,
sendo caracterizados pela Coordenadora de Talentos, Diversidade e Desenvolvimento da empresa
Ômega e a Analista de Diversidade. Ambas se disponibilizaram e apoiaram este estudo desde o
ínicio, pois consideram que o mesmo tem potencial de aumentar a visão do setor de Gestão de
Pessoas, a fim de posicionar-se cada vez mais estrategicamente em consonância com o negócio
da empresa ômega. Além das possibilidades de revisão do Programa de Inclusão, pois o estudo
contempla a visão direta dos participantes sobre quesitos que muitas vezes não são observados
pelos Gestores de Pessoas.
92
Comentou sobre um programa piloto de A Analista de Diversidade da
jovem aprendiz com pessoas com Ômega, ressaltou o atendimento às
deficiência, a fim de cumprir a Legislação demandas legais e enfrentar
vigente. desafios na contratação de
Diante da necessidade do preenchimento profissionais com deficiência. O
de vagas por PCDs, foi analisado que a programa evoluiu para uma
abertura de vagas exclusivas seria abordagem estratégica, mapeando
incompatível, devido à senioridade das talentos no mercado e colaborando
vagas e a dificuldade de encontrar com instituições de ensino. Ao criar
Processo
profissionais deste grupo tão qualificados. oportunidades de desenvolvimento,
Decisório do
Houve uma reanálise dos perfis desejados a empresa adotou uma abordagem
Programa
e focou-se o olhar no meio acadêmico da inovadora, buscando profissionais
Retenção PCDs
Grande Florianópolis, considerando os em diversas regiões e promovendo
cargos de Assistente. estratégias de Employer Branding.
Devido algumas experiências antigas de
Processos Seletivos exclusivos, entendeu- A alta liderança desempenhou um
se que havia a necessidade estruturação de papel crucial, estimulando e
um Programa buscando além do aprovando recursos para o
cumprimento da cota. Programa esse, que programa.
influenciasse na mudança cultural e nos
rumos da inclusão na empresa ÔMEGA.
93
Houve uma oportunidade de viabilidade do A comunicação foi realizada por
Programa pela Diretoria Executiva. Sendo meio das redes sociais e parcerias
um PS acelerado durante 03 com instituições de ensino. Embora
meses.Superada a incerteza inicial sobre a a primeira turma tenha sido
disponibilidade de profissionais considerada bem-sucedida, a
qualificados. A parceria estratégica com a empresa está comprometida em
Diretoria foi fundamental, resultando na aprimorar o programa,
abertura de 15 vagas específicas para reconhecendo a necessidade de
áreas de formação. O sucesso do processo ajustes nas estratégias de atração e
seletivo fortaleceu a credibilidade do seleção para garantir um processo
programa, destacando-se pela mais inclusivo e eficaz. Em termos
implementação de uma trilha de de acessibilidade, a Ômega
desenvolvimento comportamental. A implementou adaptações físicas e
empresa aprendeu continuamente, simulações práticas para garantir um
ajustando estratégias conforme a ambiente de trabalho inclusivo para
convivência com os profissionais. O os novos colaboradores com
programa, planejado para 12 meses, foi deficiência, demonstrando seu
estendido para 15, visando proporcionar compromisso contínuo com a
uma experiência mais completa aos promoção da diversidade e inclusão
Condução do participantes.
Programa Na promoção da inclusão e acessibilidade,
a empresa adotou abordagens
personalizadas, consultando os
participantes sobre adaptações necessárias
durante a admissão e realizando ajustes
físicos nos locais de trabalho conforme as
necessidades individuais.
4
Challenger (2005, cit. Lopes, por 2014) considera o outplacement como um cuidado que o empregador
tem para com os seus trabalhadores dispensados.
94
necessidade de uma comunicação do valor da marca empregadora,
transparente e autêntica, garantindo que a acredita que ainda não está sendo
mensagem de diversidade e inclusão seja aplicado da melhor forma. Ela sugere
consistente em todos os níveis da que a empresa poderia ter estratégias
organização. mais específicas para diferentes
públicos, considerando a diversidade
Além disso, a gestora enfatizou a relevância de perfis existentes.
de parcerias e colaborações externas para
fortalecer o Employer Branding. A empresa Na discussão sobre Employee Value
busca se envolver com iniciativas externas Proposition (EVP), a analista descreve
relacionadas à diversidade e inclusão, o conceito como o propósito por trás
estabelecendo vínculos positivos com a da experiência na empresa,
comunidade e outras organizações. enfatizando não apenas o trabalho em
si, mas como os colaboradores se
Essas estratégias visam não apenas atrair sentirão e o significado que isso trará
talentos diversos, mas também aprimorar a para eles.
reputação da ÔMEGA Brasil Energia S.A.
como um local de trabalho que valoriza a A conversa aborda também questões
diversidade e oferece oportunidades de Employee Experience, onde ela
igualitárias para todos os colaboradores. compartilha insights sobre a
uniformidade dos pacotes de
benefícios para todos os
colaboradores, independentemente
da diversidade. É mencionado
também a possibilidade de
diferenciação nos benefícios
específicos para diferentes tipos de
deficiência, visando atender às
necessidades específicas de cada
grupo.
95
inclusivo. Investindo em treinamentos e desses profissionais capacitados
avaliações regulares, a empresa visa não estimula uma mudança de
apenas atrair talentos diversos, mas mentalidade, mostrando que pessoas
também cultivar um ambiente onde todos os com deficiência não são
colaboradores se sintam valorizados e extraordinárias, mas sim profissionais
representados. competentes. A experiência positiva
com a primeira turma de contratados
Quanto aos aprendizados e próximos com deficiência têm o potencial de
passos, a Gestora expressou o influenciar decisões futuras,
compromisso contínuo da Ômega em encorajando a empresa a ampliar a
aprimorar suas práticas. Isso inclui a diversidade e inclusão em seus
implementação de medidas adicionais, processos seletivos. Esse impacto
como programas de treinamento e ajustes cultural é uma vitória significativa para
nas políticas internas, para fortalecer ainda a Ômega, promovendo uma
mais a cultura inclusiva na empresa. Em transformação progressiva na
resumo, a Ômega, sob a liderança da empresa em direção a uma cultura
Gestora, está firmemente dedicada a mais inclusiva.
promover a diversidade e a inclusão como
pilares fundamentais de sua identidade
corporativa.
Contudo, uma diferença pode ser vista na discussão sobre Employer Branding. A
analista observa a percepção de que a empresa ainda não conseguiu alavancar
eficazmente esta estratégia, sugerindo que é necessária uma abordagem mais
específica e direcionada para diferentes públicos. Essa visão contrasta com a ideia da
Coordenadora em focar na construção de uma marca empregadora forte e enfatizar o
compromisso da empresa com a diversidade e a inclusão. No entanto, as profissionais
concordam com a importância da diversidade na mudança de percepções dentro de uma
empresa e na promoção de uma cultura mais inclusiva.
Outro ponto relevante destacado pelo grupo foi a falta de interesse manifestada
por aqueles que já estavam familiarizados com a empresa anteriormente. Essa
percepção demanda a implementação de abordagens específicas para atrair e reter
talentos, especialmente com a intenção em despertar o anseio na contratação na
empresa Ômega
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante da complexidade da execução de um programa piloto, visibilidade
envolvida e sensibilidade do tema de contratação de profissionais PCDs, visto que são
pessoas que permeiam entre o descaso e boa vontade dos recrutadores brasileiros,
pode-se considerar que após um ano de andamento, o Programa de Inclusão da
empresa ômega serve como divisor de águas, visto que ressignificou a forma de gerir e
pensar estrategicamente sobre a temática PCDs.
98
Diversidade, o qual por naturalidade de causa, já possui especificidades extremamente
sensíveis.
Essas melhorias são representadas por meio do Quadro 13, o qual aponta
sugestões de recomendações, conforme a Escala de Atratividade do Empregador,
elaborada por Berthon:
99
QUADRO 13 - SUGESTÕES DE MELHORIA AO PROGRAMA
SUGESTÃO DE MELHORIA
VALORES JUSTIFICATIVA
AO PROGRAMA
Melhoria na comunicação de
atração do Programa.
Desenvolvimento Profissional
Personalizado
Possibilidade de experiência e
DESENVOLVIMENTO Feedback Contínuo e Avaliações
aprimoramento profissional;
de Desempenho
100
por consultoria especializada com o público PCD ou também o fortalecimento de
consultorias parceiras, incluindo treinamento para recrutadores sobre a identificação de
talentos em diferentes perfis, a eliminação de vieses inconscientes e a implementação
de abordagens mais holísticas durante as entrevistas.
Uma das principais divergências vistas ao longo das análises dos discursos dos
sujeitos deste estudo foram as percepções sobre EVP. Mesmo que ambas não se
anulem, é relevante ponderar essas ópticas e ajustar o EVP para abranger tanto os
aspectos relacionados à área de formação quanto aos benefícios, remuneração e
oportunidades de desenvolvimento, reconhecendo a divergência de percepções entre
o RH e os PCDs. Sugere-se personalizar as mensagens para diferentes públicos-alvo,
destacando a diversidade de experiências e perspectivas dentro da empresa.
102
REFERÊNCIAS
103
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Vol. 2015, No. 1, 2015.
106
APÊNDICE A
Introdução:
3. Tomada de Decisão Inicial: Como foi o processo de decisão para iniciar o Programa
de PCDs na empresa?
5. Apoio da Alta Direção: Qual foi o papel da alta direção da empresa no apoio ao
programa? Houve resistência inicial?
Condução do Programa:
107
PARTE EMPLOYER
10. Employee Value Proposition (EVP): Qual é a interpretação pessoal da gestora sobre
o EVP da empresa e como ele influencia a atração de talentos com deficiência? Como
a empresa se posiciona como empregadora de escolha para pessoas com deficiência?
11. Employer Value Experience (EVE): Como a gestora descreve a experiência que os
colaboradores com deficiência têm ao trabalhar na empresa? Quais são os principais
aspectos que a empresa valoriza para criar uma experiência positiva?
Considerações Finais:
12. Aprendizados e Melhorias: Baseado na experiência até agora, que lições foram
aprendidas e que melhorias estão sendo consideradas para o futuro do programa?
13. Próximos Passos: Pergunte sobre os planos futuros para o Programa de PCDs e
como a gestora pretende continuar fortalecendo o Employer Branding relacionado à
inclusão de pessoas com deficiência.
108
APÊNDICE B
ESCOPO QUESTIONÁRIO
DADOS DEMOGRÁFICOS
a. QUAL SUA FAIXA ETÁRIA? (OBJETIVA)
b. QUAL SEU GÊNERO (OBJETIVA)
c. QUAL SUA ESCOLARIDADE (OBJETIVA/ GRADUAÇÃO: QUAL?)
d. VOCÊ ESTÁ EM SEU PRIMEIRO EMPREGO? (SIM/ NÃO)
e. EM CASO DE NEGATIVA, ESTÁ HÁ QUANTO TEMPO NO MERCADO DE
TRABALHO E EM QUAIS FUNÇÕES?
f. VOCÊ RESIDE EM FLORIANÓPOLIS HÁ QUANTO TEMPO?
DEFICIÊNCIA
a. Você se identifica como uma pessoa com deficiência?
b. Você teve dificuldade com aceitação?
c. Indique o tipo de deficiência que você possui:
- [ ] Deficiência visual
- [ ] Deficiência auditiva
- [ ] Deficiência física/motora
- [ ] Deficiência mental
- [ ] Deficiência emocional/psicológica
- [ ] Desde o nascimento
e. Você utiliza algum auxílio ou dispositivo para lidar com sua deficiência no dia a
dia? (aparelhos auditivos, muletas, cadeiras de roda, etc...)
- [ ] Sim
- [ ] Não
109
g. Você já enfrentou discriminação devido à sua deficiência no ambiente de
trabalho? Se sim, poderia compartilhar um exemplo e como isso afetou você?
(Esta pergunta deve ser formulada de forma aberta para permitir que os
respondentes compartilhem experiências, se desejarem.)
EVP: CONTEXTUALIZAR
aa. Quais foram os principais fatores que o levaram a escolher nossa empresa em
vez de outras opções na região?
bb. Você poderia destacar aspectos específicos da nossa cultura organizacional que
considerou atraentes ao tomar sua decisão?
cc. Houve algum benefício ou vantagem específica que nossa empresa ofereceu
como parte do programa de atração que foi decisivo para você?
dd. Como você descreveria a reputação da nossa empresa em relação a práticas de
inclusão e diversidade, e como isso influenciou sua escolha?
ee. Quais foram os elementos-chave da nossa estratégia de Employer Branding que
110
mais chamaram a sua atenção e o motivaram a se juntar a nós?
ff. Como você percebe a nossa empresa em relação a oportunidades de
crescimento e desenvolvimento profissional em comparação com outras
organizações da região?
gg. Nossa empresa ofereceu algum tipo de suporte ou acomodação específica que o
incentivou a participar do programa? Em caso afirmativo, o que foi?
hh. Em sua opinião, como a nossa empresa se destaca no que diz respeito à
promoção de um ambiente de trabalho inclusivo e acessível para todos os
funcionários, incluindo aqueles com deficiência?
ii. Você teve a oportunidade de se conectar com outros profissionais que
participaram do programa? Como essa rede de apoio influenciou sua decisão?
jj. Há algum aspecto da nossa empresa que você acredita ser um diferencial
significativo em comparação com outras empresas na região, que gostaria de
destacar?
EMPLOYER EXPERIENCE
kk. Como você avaliaria o suporte e a assistência que recebeu desde o momento em
que se juntou à nossa empresa?
ll. Você se sente confortável em compartilhar suas necessidades específicas de
acessibilidade e acomodação com a equipe de RH ou seus supervisores?
mm. Como nossa empresa apoia a aprendizagem contínua e o desenvolvimento
pessoal de funcionários com deficiência?
nn. Você já teve a oportunidade de participar de grupos de afinidade ou redes de
suporte para funcionários com deficiência? Se sim, como foi essa experiência?
oo. Como nossa empresa lida com questões de acomodação e flexibilidade de
horários para acomodar necessidades individuais de funcionários com
deficiência?
pp.
qq.
rr. Como você descreveria a sua experiência de trabalho na nossa empresa até
agora?
ss. Sente-se valorizado e respeitado como funcionário com deficiência?
tt. Você se sente à vontade para fornecer feedback sobre questões relacionadas à
inclusão e acessibilidade?
uu. Você se sente apoiado em sua jornada de desenvolvimento de carreira na
empresa?
vv. Existem oportunidades claras de crescimento e desenvolvimento para você na
empresa?
ww. Que sugestões você tem para melhorar a experiência de funcionários com
deficiência na nossa empresa?
111