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Texto de introdução

Prof. Dagoberto
Um questionário de expectativas, aplicado a alunos do primeiro semestre, aponta uma
grande maioria se vendo em empresas, trabalhando em tempo integral. Uma pequena
minoria fala em negócio próprio, startups etc. Para apreciar este cenário, encaminho para
análise, algumas considerações sobre a chamada “tecnocracia” a partir de uma
abordagem sociológica. Procurando fugir da armadilha positivista das abordagens
tradicionais em gerência/gestão/administração, vamos seguir essa perspectiva de pensar
Administração como processo de trabalho historicamente determinado. O objetivo é
sustentar a tese de que administração ou a função de administrar, não é
neutra (técnica), mas ideológica, no sentido de que a ação do
administrador interfere na realidade.
Administração não é simplesmente um fenômeno técnico, fruto das necessidades
operacionais dos complexos industriais e corporativos decorrentes da Revolução
Industrial. É em sua gênese, um fenômeno político e assim pode ser entendido:
. “O modo asiático de produção surge na sociedade quando aparece o excedente
econômico de produção, que determina uma divisão de trabalho separando mais
rigidamente artesanato e manufatura, que reforçam a economia consuntiva, a qual se
sobrepõe o poder do chefe supremo ou uma assembléia de chefes de família. Daí a
exploração assume forma de dominação não de um individuo sobre outro, mas de um
individuo que personifica uma função sobre a comunidade”. (Tragtenberg)
Assim sendo, Administração é poder político sobre os organizados, através daquele que
administra o excedente de produção em sua comunidade. Administração como fenômeno
político antecede em séculos sua natureza ou função técnica fruto das necessidades das
organizações industriais no início do século XX.

Sociedades Pós Capitalistas:


Nas sociedades industriais modernas, o recurso escasso no processo de produção deixa de
ser o capital e passa a ser o conhecimento. Entramos numa era em que, segundo
determinados autores, os detentores de conhecimento, os profissionais técnicos ou
tecnocratas substituiriam os proprietários dos meios de produção assumindo o poder na
sociedade. Embora não sejam os proprietários dos meios de produção, eles passam a
controlar o capital. Configura-se a separação entre propriedade e gestão. Apesar de
assalariados e, portanto, não sendo proprietários do capital, os tecnocratas surgem na
sociedade pós capitalista como a nova classe dominante.

Bibliografia
Tragtenberg, Mauricio. Burocracia e Ideologia. Ed. UNESP
Mannheim, K., em Ideologia e Utopia. Ed. Zahar.
Galbraith, J.K., O Novo Estado Industrial. Ed. Nova Cultural 1985. São Paulo
Berle, A. e Means, G., The Modern Corporation and Private Property,
Mac Millan 1950, New York
Bresser Pereira, L.C. Tecnoburocracia e Contestação, 1972. Ed Brasiliense.

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