Você está na página 1de 58

Òrìÿà Orí e o Ritual de Ìbôrí

"N ão exi s te u m Ò rì ÿ à q u e ap o i e m ai s o ho m em d o q u e o s eu p ró p ri o

O rí ".

N o Sé rie : _ _ _ _ _ _ _ _ _

Essa apostila pertence a:

___________________________________________
___________

Ende re ç o:

___________________________________________
___________
Agr adecim ento

Est e t rabalho não re pre se nt a ape nas m e u e sf orç o pe ssoal,

e le re pre se n t a o e sf orç o e de dic aç ão de várias pe ssoas que m e

apoiaram , sof re ram , m as m ant ive ram -se f irm e s ao m e u lado,

m e sm o quan do e st ava e n f ure c ido por n ão c om pre e n de r ou

ac e it ar alg o c om o m e f ora apre se nt ado. Est e t rabalho é de dic a-

do a m inha e sposa Ifaponm ile que m e at ura, inc e nt iva e m e

ag üe n t a! É de dic ado aos f ilhos do Ilé If á Olok un, e m e spe c ial


ao m e u que rido f ilho Ifatunwase que f ic ou dias se g uidos e m

m in h a c asa arrum an do e org an izan do t odo o m e u m at e rial para

que disso re sult asse e st e c urso.

A dúpë o, A dúpë o, A dúpë o

Õrúnm ìlà g bè O!
Awo If ák òya

Fe ve re iro, 2003

!!
"Orí m i
Mo k e pe o o
Orí m i
A pe j e
Orí m i
Wa j e m i o
K i n di olowo o
K i n di olola
K i n di e n i a pe sin
Laye
O, Orí m i
Lori a j ik i
Orí m i lori a j i yo m o
Laye "

Me u Orí
Eu g rit o c ham ando por voc ê
Me u Orí,
Me re sponda
Me u Orí,
V e n h a m e at e n de r
Para que e u se j a um a pe ssoa
ric a e próspe ra
Para que e u se j a um a pe ssoa a
que m t odos re spe it e m
Oh, m e u Orí!
A se r louvado pe la m an h ã,
Que t odos e nc ont re m ale g ria
c om ig o"
Òrìÿà Orí
Intr odução

Na m aioria das C ult uras af ric an as t radic ion ais, a c abe ç a é


a part e m ais proe m ine nt e , porque na vida re al, é a part e m ais
vit al do c orpo hum ano, pois c ont é m o c é re bro ( a m orada da
sabe doria e da razão) ; os olhos ( a luz que ilum ina os passos do
se r h um ano pê los labirint os da vida) ; os ouvidos ( c om os quais o
se r h um ano e sc ut a e re ag e aos sons) ; e a boc a ( c om a qual e le
c om e e m an t é m o c orpo e alm a j un t os) . T ão im port an t e é a
c abe ç a que e m m uit as soc ie dade s af ric an as e la é adorada c om o a
se de da pe rsonalidade e de st ino do hom e m . É c onside rada o re -
c e pt ác ulo das idé ias, opin iõe s, e m oç õe s e sof rim e n t os do in di-
víduo, e e st á lig ada ao de st ino e à sort e .

Ne st e c urso n ós disc ut ire m os os vários n íve is do Orí.


M u i t as pe ssoas n e st e P aí s qu e são e n v ol v i dos at rav é s da
re lig ião, n ão possue m c on h e c im e n t os suf ic ie n t e ac e rc a do Orí
e m uit os se pe rde m n o se u re lac ion am e n t o c om o Òriÿà.

O Òriÿà Orí é o m ais im port ant e de c ada se r, e é re spon-


sáve l pe la e voluç ão de c ada se r hum ano. O Orí nasc e prim e iro e
por isso se rá o prim e iro se m pre a se r c ult uado e c onsag rado,
an t e s m e sm o da inic iaç ão. É um a das divindade s m ais im por-
t an t e s n o c on h e c im e n t o e n a c on vic ç ão do Yorùbá.

Há n um e rosas t raduç õe s para Orí, alg um as são m ais apro-


priadas que out ras de pe nde ndo do c ont e xt o. No uso c om um Orí
sig n if ic a c abe ç a. Ent re t ant o a t raduç ão lit e ral é m ais pe rt o do
sig n if ic ado e spirit ual da palavra. Orí é c om post o do pre f ixo
"O", que é o pronom e pe ssoal e le /e la, e do suf ixo "R Í" que sig -
n if ic a pe rc e be r. Assim m e lhor que sig nif ic ar ape nas c abe ç a
f ísic a, se ria m ais e xat o c om pre e nde r o sig nif ic ado da palavra
c om o o asse n t o da pe rc e pç ão. Na t e rm in olog ia oc ide n t al pode ria
t am bé m sig n if ic ar o asse n t o da c on sc iê n c ia. O c on c e it o do as-
se n t o da pe rc e pç ão é c onhe c ido no T aoísm o c om o o "Eu de sc on -
h e c ido" que e xist e no pont o c e nt ral da c onsc iê nc ia. A disc i-
plina e spirit ual de If á sug e re que o "Eu de sc onhe c ido" de sc rit a
n o T aoísm o possa se r aproxim ado c om a posse ssão do t ranse .

Conceito de Or í

Para os yorùbá o se r hum ano é de sc rit o c om o c onst it uído


dos se g uint e s e le m e nt os: Ara, Òj ììj i, Ôk àn, Êm í e Orí.

Ara é c orpo f ísic o, a c asa ou t e m plo dos de m ais c om pon e n t e s.


É o c onc re t o, c oisa t ang íve l de c arne e osso, o qual c onhe c e m os
at ravé s dos se nt idos e que pode se r de sc rit o at ravé s da anat o-
m ia. É a f orm a f ísic a do h om e m m ode lada do barro ( am õ) e da
ág ua ( om i) prim ordiais por Òòÿàálá;

Òj ììj i é o "f ant asm a" hum ano, é a re pre se nt aç ão visíve l da


e ssê n c ia e spirit ual;

Ôk àn é o c oraç ão f ísic o, se de da int e lig ê nc ia, do pe nsam e nt o e


da aç ão;

Êm í e st á assoc iado a re spiraç ão, é o sopro divino. É som e nt e


Olódùnm arè que c oloc a o Êm í no hom e m , dando-lhe de st a f or-
m a, vida e e xist ê n c ia, e que para Ele volt ará após a m ort e . Êm í
é assoc iado e st rit am e n t e à vida e a t odo o se u m e c an ism o de
vive r. D e ssa f orm a quando um a pe ssoa m orre , diz-se que se u
Êm í part iu ( Êm í rê t i lô) , ou se j a, o e spírit o de ixou o c orpo:

Orí é o Òrìÿà pe ssoal, e m t oda a sua f orç a e g rande za.

Orí e m yorùbá t e m m uit os sig nif ic ados - o se nt ido lit e ral é


c abe ç a f ísic a ( Orí ode ) , sím bolo da c abe ç a in t e rior ( Orí in ú) .
Espirit ualm e nt e , a c abe ç a c om o o pont o m ais alt o ( ou supe rior)
do c orpo hum ano re pre se nt a o Orí.

Ele é o prim e iro Òrìÿà a se r louvado, re pre se nt aç ão part ic u-


lar da e xist ê nc ia individualizada ( a e ssê nc ia re al do se r) . É aque -
le que g uia, ac om panha e aj uda a pe ssoa de sde ant e s do nasc i-
m e n t o, duran t e t oda vida e após a m ort e , re f e re n c ian do sua
c am in h ada e a assist in do n o c um prim e n t o de se u de st in o.

Enquant o Òrìÿà pe ssoal de c ada se r hum ano, c om c e rt e za e le


e st á m ais in t e re ssado n a re alizaç ão e n a f e lic idade de c ada
h om e m do que qualque r out ro Òrìÿà. D a m e sm a f orm a, m ais do
que qualque r um , e le c on h e c e as n e c e ssidade s de c ada h om e m
e m sua c am in h ada pe la vida e , n os ac e rt os e de sac e rt os de c ada
um , t e m os re c ursos ade quados e t odos os indic adore s que pe r-
m it e m a re org an izaç ão dos sist e m as pe ssoais re f e re n t e s a c ada
se r h um ano. R e f orç ando e st a que st ão t e m os um Orík ì que nos
diz:

"Orí lo nda e ní

Esi ondaye Òrìÿà lo npa e ní da

O n pa Orí da
Òrìÿà lo pa nida

B i isu wön sun

Aye m a pa t e m í da

K i Orí m i m a se Orí

K i Orí m i m a g ba abodi"

T R AD U ÇÃO

"Orí é o c riador de t odas as c oisas

Orí é que f az t udo ac ont e c e r, ant e s da vida c om e ç ar

É Òrìÿà que pode m udar o hom e m

Nin g ué m c on se g ue m udar Òrìÿà

Òrìÿà que m uda a vida do hom e m c om o inham e assado

AYE *, n ão m ude o m e u de st in o

Para que o m e u Orí não de ixe que as pe ssoas m e de sre spe it e m

Que o m e u Orí não m e de ixe se r de sre spe it ado por ning ué m

Me u Orí, não ac e it e o m al. "

( * AYE - c onj unt o das f orç as do be m e do m al) .

O Orí é um a divindade que t e m o obj e t ivo de se rvir a


um a pe ssoa à qual e st á lig ado por f orç a de pode r de Olódùn-
m arè . Os Òrìÿà n ão t ê m e ssa e f ic iê n c ia por que são m uit as pe s-
soas a que t ê m de dar apoio e prot e ç ão. Esse pode r de individu-
alidade proporc iona a c ondiç ão de que t udo que não f or de se j o
do Orí de um a pe ssoa, n e n h um a out ra di vi n dade pode rá
re t if ic a-lo. Port an t o, e n quan t o os Òrìÿà são os in t e rm e diários
e n t re os h om e n s e Olódùn m arè , o Orí é o in t e rm e diário e n t re
o h om e m e o Òrìÿà.

Essa visão é re c onhe c ida at ravé s do e nt e ndim e nt o do Orí


c om o o m e st re do h om e m , c on f irm ado at ravé s da e xpre ssão:

Orí lo ndá ç ni ( Orí é o c riador do se r)

Esi ondaye ( ant e s do m undo e xist ir)

U m a out ra e xpre ssão at e st a a prim azia de Orí:

K ò sí òòÿà t í i dá' n i g bè lë h in e n i

( Ne nhum Òrìÿà abe nç oa um a pe ssoa ant e s de se u Orí) .

Em If á, Orí é c onside rado t am bé m o alt ar sag rado pe ssoal


que ac om oda um a c om un ic aç ão c om as f orc as e spirit uais que
e xist e m n o m un do. Est a lig aç ão oc orre at ravé s de t rê s c e n t ros
de àÿç sit uados na c abe ç a. Est e s c e nt ro são c ham ados Iwáj ú-
Orí, Àt àrí e Ìpàk ö.

Iwájú-Or í - A fonte da Potência Espir itual na testa.

A palavra Iwáj ú-Orí é t raduzido g e ralm e n t e para sig -


n if ic ar t e st a. Ent re t ant o na líng ua de If á t e m um sig nif ic ado
e sot é ric o m ais prof un do. O àÿç sit uado n a t e st a é a f on t e da
divina inspiraç ão a re spe it o das pe rg unt as do de se nvolvim e nt o
do c arát e r. Ist o sug e re que o Iwáj ú-Orí é sim ilar ao c onc e it o
m íst ic o orie n t al do t e rc e iro olh o.

Àtàr í - Fonte da Potência Espir itual no alto da cabeça.

Àt àrí sig n if ic a o t opo supe rior da c abe ç a. R e f e re -se


t am bé m ao àÿç c e n t ral n o t opo da c abe ç a ou a c oroa do c rân io.
Na f orm a orie n t al da Yog a, e st a áre a é g e ralm e n t e re f e rida
c om o o c h ak ra da c oroa. É n e st e pon t o que o in divíduo lig a o
e spirit o in t e rn o c om a dim e n são t ran sc e n de n t al c h am ada Nir-
vana. Em If á e st a dim e nsão é c ham ada Láyé -láyé .

Quando um indivíduo lig a sua própria c onsc iê nc ia c om o


re in o de Láyé -láyé t ê m um a e xpe riê n c ia de f on t e da c riaç ão
que é de sc rit a g e ralm e n t e c om o se n do alé m do t e m po e do e s-
paç o. Est a é um a idé ia dif íc il de e xplic ar, porque não se t raduz
f ac ilm e nt e e m palavras. Ent re t ant o e st e c onc e it o de Láyé -láyé
sug e re que há um a dif e re nç a e nt re a c om pre e nsão int e le c t ual
da unidade de e st ar e da e xpe riê nc ia e m oc ional da unidade de
e st ar. Hist oric am e n t e , se m pre que os m íst ic os t e n t aram de sc r-
e ve r o ín dic e de sua e xpe riê n c ia do vision ário, é e xpre ssado
g e ralm e nt e na líng ua poé t ic a ou sim bólic a. A f inalidade do uso
de st e t ipo de líng ua é a e spe ranç a que g uiará out ros alé m do
int e le c t o a um a e xpe riê nc ia dire t a no re ino m íst ic o.
Ìpàkö - A fonte da For ca Espir itual na base do cr ânio.

O Ìpàk ö f ic a sit uado na base do c rânio onde o c rânio


j unt a-se c om o pe sc oç o. É ne st e lug ar que as f orç as individuais
da nat ure za ( Òrìÿà) une m -se c om a c onsc iê nc ia individual ( pos-
se ssão) . O Iwáj ú-Orí pe rm it e a visão m íst ic a e o Ìpàk ö pe rm it e
a posse ssão. Ist o pode pare c e r c om o um a dist inç ão sut il, m ais
t ais dist in ç õe s são um aspe c t o im port an t e n a in st ruç ão de If á.

Quando o n ovat o e st á e xe c ut ando a adivinhaç ão, um a c o-


m un ic aç ão c om o e spírit o é dirig ida c om o Iwáj ú-Orí.

Se m pre que um n ovat o se t orn a possuído por se u Òrìÿà, o


àÿç do Òrìÿà e nt ra no Orí do m é dium pe lo Ìpàk ö.

A h abilidade do Orí ao re c e be r o àÿç de Òrìÿà é um a f un -


ç ão da re sson ân c ia in t e rn a do próprio Orí. Em out ras palavras,
o àÿç de um Òrìÿà part ic ular que e xist e n a c on sc iê n c ia de um
indivíduo t e m a habilidade de at rair o àÿç de st e m e sm o Òrìÿà
que e xist e n o m un do. Ist o pode oc orre r c om o um a e xpe riê n c ia
visionária, ou c om o um a e xpe riê nc ia de t ranse ou posse ssão.
U m n ão é c on side rado m e lh or que o out ro, e le sim ple sm e n t e
t e m dif e re n t e s f un ç õe s rit ualist ic as.

Or í inú - A cabeça Inter ior

Orí inú sig nif ic a int e rior. Est a de f iniç ão é e xat a, m as


lim it ada. Se o Orí f or o asse nt o da c onsc iê nc ia, a se g uir o Orí
inú é c om o um m ist é rio de nt ro de um m ist é rio. É o se r invi-
síve l de n t ro do próprio invisíve l, ou para usar um a f rase do
Yorùbá, é o próprio que danç a na f re nt e do próprio. If á e nsina
que m e sm o de pois que n ós alc an ç am os e sse pon t o c e n t ral do
n osso se r, ou a f ont e da c onsc iê nc ia, há um m ist é rio int e rn o
m ais prof un do que pe rm an e c e ilusório.

É a t are f a de t odas as várias f orm as de inic iaç ão de Òrìÿà


e de If á re ve lar o Orí in ú ao Orí.

Os an t ig os sábios de If á f ize ram um a análise m uit o c om -


ple t a daque le s e le m e nt os que dão f orm a a f undaç ão do si pró-
prio. D ist ing uiram m e sm o e nt re e le m e nt os que une m a f orm a
do int e rior ( Orí inú) que e st á na f undaç ão de pe rc e pç ão do si
próprio. Os c om pone nt e s do Orí inú são Apárí-inú e Orí
Àpe e re .

Apár í-inú - A fonte da consciência

Apárí-in ú é f e it o das palavras "apá" que sig n if ic a "m arc a


ou sin al", da palavra "Orí" sig n if ic an do "c on sc iê n c ia" e da
palavra "inú" que sig nif ic a "int e rno". A t raduç ão m ais de sob-
st ruída no port ug uê s se ria a m arc a do se r int e rno. Est a é um a
re f e rê n c ia à disposiç ão in t e rn a para o proc e sso de c on st ruir o
c arát e r. If á e n sin a que um Orí ve m ao m un do c om um a dis-
posiç ão para de se nvolve r o bom c arát e r e out ro Orí ve m ao
m un do in c apaz de ag arrar f ac ilm e n t e a im port ân c ia de de se n -
volve r o bom c arát e r. Aque le s que c onhe c e m a f ont e ne c e ssária
para c onst ruir o bom c arát e r at ravé s de se us próprios re c ursos
int e rnos de se nvolve m o que é c ham ado a t e st e m unha "Êrí-
ôk àn " que sig n if ic a "t e st e m un h a do c oraç ão". Na lín g ua de If á
para t e st e m unha do c oraç ão é t e r um a boa c onsc iê nc ia. Aque le s
que t ê m dif ic uldade de se t orn ar "Êrí-ôk àn " são dados orie n t a-
ç õe s e os rit uais de lim pe za para de se n volve r e st a c on sc iê n c ia.
Am bas as t e n dê n c ias e m e rg e m do Apárí-in ú que e st á n o n úc le o
da c onsc iê nc ia de c ada pe ssoa.

Or í-àpeer e - Os padr ões da consciência.

A palavra Orí-àpe e re t raduz para sig n if ic ar t am bé m m od-


e lo, o e xe m plo, Orí o sin al da c on sc iê n c ia. If á e n sin a que t odas
as c oisas são c riadas pe los padrõe s da e ne rg ia c ham ados Odù.

Os padrõe s de Odù re apare c e durant e t oda a c riaç ão. Ist o


sug e re que os padrõe s sim ilare s da e ne rg ia em dim e nsõe s
dif e re nt e s da e voluç ão t ê m um a af inidade . Por e xe m plo, o
f og o no c e nt ro do sol, o f og o no c e nt ro da t e rra e t odos os
f og os no f undo do f orno dos f e rre iros re pre se nt am padrõe s
sim ilare s da e ne rg ia e m re inos dif e re nt e s da c riaç ão. If á diria
que o m e sm o e spirit o f oi re n asc ido e m c asas dif e re n t e s. Quan -
do c ada indivíduo e sc olhe um de st ino e st ão de f at o e sc olhe ndo
um a de t e rm inada e ne rg ia padrão ou um a f orc a e spirit ual para
g uiar sua c onsc iê nc ia e m um a de t e rm inada re e nc arnaç ão. A
f orc a e spirit ual que inc arna no c onsc ie nt e de um indivíduo,
e n t ão se t orn a o prin c ipal Òrìÿà que é adorado e m um a de t e r-
m in ada e st adia n a vida. C om as suc e ssivas re e n c arn aç õe s, o
Òrìÿà que m olda o Orí-àpe e re de um e spirit o hum ano m udaria,
adic ionando c am adas de prof undidade a c onsc iê nc ia e m de se n -
volvim e nt o de c ada alm a re e nc arnada.
Ìpõnr í - O Eu m ais elevado.

O Ìpõnrí é assoc iado c om o c onc e it o de If á de um "Eu"


m ais e le vado. É um a re f e rê n c ia que If á de sc re ve porque o do-
bro pre f e it o de c ada alm a que e xist e no Õrun, ou dim e nsão
invisíve l. Est e é um c onc e it o e sot é ric o que sug e re que t odo a
f orm a de c onsc iê nc ia e volui de um a f ont e prim ária que e xist e
e m purif ic ar o im puro. Em If á a f in alidade de t odo o c re sc i-
m e n t o e spirit ual é m ove r o Orí da an im ada c on sc iê n c ia h um an a
n o alinham e nt o pe rf e it o c om a c onsc iê nc ia e t e rna t ransc e n -
de nt e da qual t oda vida e volui.

É f unç ão da m aioria das f orm as de t ranse usados e m If á


para e le var a c onsc iê nc ia alé m do "Eu" da c onsc iê nc ia hum ana
para o "Eu" que g e ra t odos os c ic los de re e nc arnaç ão. Est e é um
c on c e it o dif íc il de e xpre ssar e m t e rm os obj e t ivos, m as é um
c on c e it o que aum e n t a n a c lare za quan do um in divíduo de se n -
volve a habilidade de f unc ionar c om o um m é dium para o Òrìÿà.

Quando um novat o c om e ç a ag arrar int e iram e nt e o sig -


n if ic ado do Ìpõnrí da um a dim e nsão adic ionada a opinião de If á
que quan do a vida de um a out ra pe ssoa m e lh ora a vida de t odos
m e lh oram . A base m e t af ísic a para e st a opin ião é que o Ìpõn rí
e st á e n raizado ao Odù, e o Odù é e n raizado a e ssê n c ia da c riaç ão
que f az t odas as c oisas um a e xt e n são de st a.

Apeer e - conceito de Ifá sobr e per feição.

A e sc rit ura sag rada de If á de sc re ve o pot e n c ial h um an o


pe los dize re s "Orí lô k ó wôn l' Ape e re " que sig nif ic a "som e nt e
o Eu alc an ç a o e st ado de pe rf e iç ão". A sug e st ão aqui é que o
Orí c ont inua a se de se nvolve r at é alc anç ar o Ape e re , que á a
palavra Yorùbá para a c onc lusão e pe rf e iç ão. D e ac ordo c om a
e sc rit ura sag rada de If á, aque le s que alc an ç am Ape e re vive m n a
c idade sag rada c h am ada Ilé If é , que e xist e n o c e n t ro do re in o
invisíve l do "Õrun".

Aque le s que proc uram Ape e re ( t ran sf orm aç ão e spirit ual)


são g uiados pe lo c onc e it o de If á sobre bom c arát e r. A e sc rit ura
sag rada de If á e st á asse ve rando que o c arát e r não é um a int rod-
uç ão de rique za ou de st at us soc ial. O bom c arát e r é c onside ra-
do um proc e sso int e rno que c oloc a valore s na hone st idade , na
lim pe za e no int e re sse para o be m -e st ar da f am ília prolong ada.
V alore s c om o st at us soc iais e rique zas são c on side rados se r as-
pe c t os do Àyànm ö, que é o aspe c t o f ixo do de st ino. Os valore s
t ais c om o h on e st idade , h um ildade e g e n e rosidade são aspe c t os
de Àk únlè yan que é o de st ino que pode se r e f e t uado pe lo livre
arbít rio. Est as idé ias pode m pare c e r obsc uras e se m im port ân -
c ia àque las que f oram le van t adas c om c on c e it os f ilosóf ic os oc i-
de nt ais sobre o de st ino. Ent re t ant o, são f e it os e xam e s m uit o
se riam e nt e por aque le s que e xe c ut am a adivinhaç ão e c onduze m
o rit ual n a c ult ura t radic ion al Yorùbá. T rê s dias de pois que
um a c rianç a nasc e e m um a f am ília de adoradore s de If á/Òrìÿà,
os m ais ve lh os da c om un idade e xe c ut am um a c e rim on ia c h am a-
do "ik ò é dayè ". D urant e e st a c e rim onia, a adivinhaç ão é e xe c u-
t ado para re ve lar os e le m e n t os f ixos do de st in o da c rian ç a. Se
a adivinhaç ão indic ar pouc o no c am in ho da boa f ort una, os pais
são le m brados de pag ar um a at e nç ão e spe c ial ao de se nvolvim e n -
t o do c arát e r. Isso é por c ausa da opin ião que o de se n volvim e n -
t o do bom c arát e r pode lit e ralm e n t e m udar o de st in o de um a
pe ssoa para o m e lhor. Inve rsam e nt e , o c arát e r inf e liz pode m u-
dar o de st ino de um a pe ssoa para pior.

É por c ausa de st a dinâm ic a, de nt ro do de se nvolvim e nt o


do pot e nc ial hum ano que a m aioria de advinhos de If á e xam i-
n am valore s do c arát e r quando um a pe ssoa ve m para a c onsult a
e se que ixa in f ort ún io.

Àtúnwá - O conceito de Ifá sobr e o r enascim ento do


car áter .

A palavra Àt ún wá é um a c on t raç ão de "àt ún bí", sig n if i-


c an do "re g e n e raç ão" e Ìwà, sig n if ic an do c arát e r. Em If á a
palavra é usada para de sc re ve r o que o m ist ic ism o orie nt al
c h am a de re e n c arn aç ão. Em m uit as t radiç õe s re lig iosas orie n -
t ais, a re e n c arn aç ão é de f in ido c om o o re n asc im e n t o c on t in uo
da alm a. O c onc e it o de If á sobre Ãt únwá é um a opinião
sim ilar, que inc luí um a e xplanaç ão c om ple xa das f orc as e spiri-
t uais que são e n volvidas n o re n asc im e n t o da alm a. É sig n if ic a-
t ivo que a palavra Yorùbá para re e n c arn aç ão f az uso da palavra
Ìwà. É porque If á e nsina que at ravé s do proc e sso de c onst ruç ão
do c arát e r, e nvolve o individual e f am iliar. Ist o sig nif ic a que
o c on c e it o de If á sobre o c arát e r e st á re lac ion ado às in t ro-
duç õe s da re sponsabilidade g e ral. D e ac ordo c om If á, não pode
h ave r ne nhum c re sc im e nt o pe ssoal à c ust a de out ro, e quando
alg ué m na f am ília prolong ada não e xibe o bom c arát e r, a f a-
m ília in t e ira sof re . Quan do alg ué m e m um a c om un idade Yorù-
bá e xibe o c arát e r inf e liz, um a pe ssoa idosa pe rg unt ará invari-
áve l à pe ssoa para ide nt if ic ar se us pais. Ist o é , porque a f alha
de vive r at é os lim it e s g e ral é c onside rada um a f alha c ole t iva.
Quando t al f alha é ide nt if ic ada, há um e sf orç o c onside ráve l
de nt ro da f am ília int e ira para re solve r o proble m a.

Em t e rm os m e t af ísic os, o c onc e it o do Àt únwá e st á na


f undaç ão do c onc e it o de If á sobre o "Eu". Ist o é porque o prin-
c ípio org an izado que c ria a c on sc iê n c ia h um an a ( Orí) é lig ado
c om o prin c ípio org an izado que c ria a t odas a s f orm as de c on -
sc iê n c ia. Quando e st a lig aç ão é ag arrada c om a visão m íst ic a, o
Orí t orna-se c ie nt e de se u re lac ionam e nt o c om o Ìpõnrí ( o Eu
m ais e le vado) . O ín dic e de st a visão é a c on sc iê n c ia que o Eu
e t e rn o re m an e sc e duran t e t oda a m an if e st aç ão do Àt ún wá
( re e nc arnaç ão) .

Orí é o líde r dos Òriÿà e só re ve re nc ia Olódùnm arè . Para


t e rm os idé ia quan t o a im port ân c ia e pre c e dê n c ia do Orí em
re laç ão aos de m ais Òriÿà , um Ìt àn do Odù Òt úrá Mé j ì, ao c on -
t ar a h ist ória de um Orí que se pe rde u n o c am in h o que o c on -
duzia do Õrun para o Àiyé , re lat a: ". . . Òg ún c ham ou Orí e pe r-
g un t ou-lhe , "V oc ê não sabe que voc ê é o m ais ve lho e nt re os
Òriÿà ? Que voc ê é o líde r dos Òriÿà ? . . . " . Se m re c e io pode m os
dize r, "Orí m í a ba bo k i a t o bo Òrìÿà", ou se j a, "Me u Orí, que
t e m que se r c ult uado an t e s que o Òrìÿà" e t e m os um Orík ì de d-
ic ado à Orí que nos f ala que "K ò sí Òrìÿà t i da nig be le yin Orí
e n i", sig n if ic an do, ". . . Não e xist e um Òrìÿà que apoie m ais o
h om e m do que o se u próprio Orí. . . ".

U m a pe ssoa se m Orí é um a pe ssoa se m dire ç ão. Not oria-


m e n t e dize m os que Orí é o prim e iro a m an if e st ar n o m un do, e
n a m aioria dos c asos e le é a m orada de t odas as re spost as.

U m a pe ssoa próspe ra é c h am ada de Olórí re re ( o que pos-


sui um a boa c abe ç a) , e nquant o que aque le que é de saf ort unado
n a vida é c ham ado de Olórí Burúk ú ( o que possui um a c abe ç a
ruim ) . Ist o e st á re lac ion ado c om o de st in o das pe ssoas. Ne n h um
Orí é e sse nc ialm e nt e m au, o de st ino é o f at or que pode af e t a-
lo.

Quando e nc ont ram os um a pe ssoa que , ape sar de e nf re nt ar


n a vida um a sé rie de dif ic uldade s re lac ionadas a aç õe s ne g at ivas
ou m aldade de out ras pe ssoas, c on t in ua e n c on t ran do re c ursos
int e rnos, f orç a int e rior e xt raordinária, que lhe pe rm it am a
sobre vivê nc ia e , inc lusive , m uit as ve ze s, m ant é m re sult ados
ade quados de re alizaç ão na vida, pode m os dize r, "Ènìyàn k ò f ë
k i e ru f i aso, Orí e ní ni so ni", ou se j a, "as pe ssoas não que re m
que voc ê sobre vi va, m as o se u Orí t rabal h a para voc ê ",
t raze n do, e ssa e xpre ssão, um in dic ador m uit o im port an t e de
que um Orí re sist e n t e e f ort e é c apaz de c uidar do h om e m e
g aran t ir-lhe a sobre vivê nc ia soc ial e as re laç õe s c om a vida,
ape sar das dif ic uldade s que e le e nf re nt e . Est a é a razão pe la
qual o Ìbörí, f orm a de louvaç ão e f ort ale c im e n t o do Orí ut iliza-
da e m nossa re lig ião, é ut ilizado m uit as ve ze s, pre c e de ndo ou,
at é , subst it uindo um Çbô. Isso se f az para que a pe ssoa e nc on -
t re re c ursos in t e rn os ade quados, e st a f orç a in t e rior de que
f alam os, se j a à ade quaç ão ou aj ust am e nt o de suas c ondiç õe s
f re nt e às sit uaç õe s e nf re nt adas, se j a quant o ao f ort ale c im e nt o
de suas re se rvas de e ne rg ia e c onse qüe nt e int e g raç ão c om suas
f ont e s de vit alidade .

A pre se n ç a do Òrìÿà e m um a pe ssoa de pe n de do f ort ale c i-


m e n t o do Orí, c uj a f orç a - àÿç - é f irm ado n o alt o da c abe ç a
c om aquilo que c h am am os sim bolic am e n t e de Òÿù, daí a palavra
usada para de f inir um inic iado c om o Adóÿù - A dá òÿù - aque le
que c ria o òÿù ou port ador do òÿù.

Ele é asse nt ado no alt o da c abe ç a, sobre um c ort e f e it o


an t e riorm e nt e e de nom inado g bë rë — "inic iar, subm e t e r-se "
— , que é f e it o de f rag m e n t os do àÿç c ole t ivo das obrig aç õe s
rit ualíst ic as e pode se r ç f un , wàj i, osùn , pre á, om i ç rô, àrìdan ,
bag re , f olhas e out ros e le m e nt os que pode m variar se g undo a
n at ure za do Òrìÿà re ve re nc iado. T udo re duzido a pó e t ransf or-
m ado e m um a m assa c ôn ic a, sim bolizan do c re sc im e n t o e e volu-
ç ão de se j ada.

Na m ort e da pe ssoa in ic iada, o òÿù é sim bolic am e n t e re t i-


rado, de svin c ulan do-se o Òrìÿà do Orí: t ira-se part e dos c abe los
do alt o da c abe ç a, c oloc a-se ç f un, ut iliza-se alg odão para re c ol-
h e r o sang ue de um a ave e re st os de um ovo c ort ado e m c im a
do Orí. T udo é de vidam e ne de spac hado e nvolt o em t e c ido
pre t o, ve rm e lho e branc o, arriando a se g uir um a c om ida se c a
para o Òrìÿà do m ort o.

Na Áf ric a yorùbá, o òÿù sig n if ic a um t uf o de c abe los


c om pridos e t ran ç ados, que sai do alt o da c abe ç a raspada, c om o
sím bolo de inic iaç ão.

O que é e nt ão Orí ? . Em prim e iro lug ar, ac re dit a-se que o


c orpo h um an o é c on st it uído de duas part e s: a c abe ç a e o su-
port e - Orí e Àpé ré . Ac re dit a-se que e st e c orpo adquire e xis-
t ê n c ia n a m e dida e m que re c e be de Olódùn m arè o sopro vivif i-
c ador - o Êm í .

No B rasil vim os, c om c e rt a f re qüê n c ia, o Çlë e dàá se r


c h am ado de Òrìÿà-Orí, sim plif ic aç ão da re laç ão aqui e xpost a.
Çlë e dàá se g undo Juana Elbe in dos Sant os e m Os Nag ô e a
Mort e , "se re f e re à e nt idade sobre nat ural, à m at é ria-m assa que
de spre nde u um a porç ão da m e sm a para c riar um Orí, c onse -
que n t e m e n t e C riador de c abe ç as in dividuais. . . "

Se g un do a aut ora t am bé m , "A e spé c ie de m at e rial c om o


qual são m ode lados os Orí in dividuais in dic ará que t ipo de t ra-
balho é m ais c onve nie nt e , proporc ionando sat isf aç ão e pe r-
m it in do a c ada um alc an ç ar prospe ridade . In dic a t am bé m as in -
t e rdiç õe s ( è è wõ) aquilo que lh e é proibido c om e r, por c ausa do
e le m e n t o c om o qual o se u Orí f oi m ode lado".

Ou se j a, os è è wõ re pre se nt am a proibiç ão de que o indi-


víduo "c om a" alim e nt os que c ont e nham a m e sm a "m at é ria" da
qual f oi re t irada um a porç ão para m ode lag e m do se u Orí. A n ão
obse rvân c ia da in t e rdiç ão t raduz-se por um a disf un ç ão e n e rg é t -
ic a de c onse qüê nc ias prof undam e nt e ne g at ivas para o e quilíbrio
do indivíduo, se j a do pont o de vist a org ânic o, se j a do pont o de
vist a do m undo e m oc ional, se j a quant o as suas c ondiç õe s de re -
alizaç ão do "prog ram a" part ic ular de e xist ê nc ia.

Se n do a part e m ais im port an t e do c orpo, é c on c e dido à


c abe ç a m uit o re spe it o c om o e le m e n t o prin c ipal n os at os in ic ia-
t órios: pe lo uso das t in t uras de e n c an t am e n t o, Çf un , Osùn e
Wáj ì: a f ixaç ão do ik ódídç ( pe n a de ave af ric an a) : os ban h os de
inf usão de e rvas, àg bo, re pre se nt ando o sang ue ve g e t al, e o
Êj ê , o sang ue anim al re sult ant e dos anim ais sac rif íc ados.

Qual o papel do Or í na vida do ser hum ano?

Falam os at é aqui sobre a nat ure za e a c onst it uiç ão do Orí .


Ag ora, qual o se u pape l n a vida do h om e m ? O c on c e it o de Orí
e st á in t im am e n t e lig ado ao c on c e it o de de st in o pe ssoal e à in -
st rum e nt alizaç ão do hom e m para a re alizaç ão de st e de st ino. U m
Ìt àn do Odù Òg úndá Mé j ì, nos dá a e xat a dim e nsão da m at é ria
quan do n os re lat a sobre a c orre spon dê n c ia e n t re o Orí e o
h om e m e a re laç ão de c ausa e e f e it o e xist e nt e ne st a c orre spon-
dê nc ia:

". . . Orí, e u t e saúdo!

Aque le que é sábio,

Foi f e it o sábio pe lo próprio Orí.

Aque le que é t olo,

Foi f e it o m ais t olo que um pe daç o de inham e ,

Pe lo próprio Orí. . . "

No Odù Og bè Òg ún dá vam os e n c on t rar ain da, ". . . Quan do


ac ordo pe la m anhã c oloc o m inha m ão no Orí. Orí é f ont e de
sort e . Orí é Orí ! . . . ". e um Orík ì de dic ado à Orí, m ost rando o
pape l que Orí t e m na vida de c ada pe ssoa quant o as suas re la-
ç õe s in t e rpe ssoais, suas re laç õe s c om as out ras pe ssoas, e as suas
c on diç õe s de re alizaç ão e prog re sso e m t odos os e m pre e n dim e n -
t os da vida, n os diz:

"Orí m i

Mo k e pe o o

Orí m i

A pe j e

Orí m i

Wa j e m i o

K i n di olowo o

K i n di olola

K i n di e n i a pe sin

Laye

O, Orí m i

Lori a j ik i

Orí m i lori a j i yo m o

Laye "

T R AD U ÇÃO

Me u Orí

Eu g rit o c ham ando por voc ê

Me u Orí,

Me re spon da

Me u Orí,
V e n h a m e at e n de r

Para que e u se j a um a pe ssoa ric a e próspe ra

Para que e u se j a um a pe ssoa a que m t odos re spe it e m

Oh , m e u Orí!

A se r louvado pe la m an h ã,

Que t odos e nc ont re m ale g ria c om ig o"

T oda e xist ê nc ia no unive rso da Criaç ão se proc e ssa e m


dois planos: O m undo visíve l, o Àiyé , unive rso c onc re t o que
h abit am os, e o m undo invisíve l, Õrun, onde habit am os se re s
sobre n at urais e os " duplos" de t udo o que se e nc ont ra m ani-
f e st ado no Àiyé . Não são, c om o é possíve l pe nsar, m undos in-
de pe nde nt e s ou rig idam e nt e se parados. Na re alidade pode m os
af irm ar que o Àiyé é , ant e s de m ais nada, um a "proj e ç ão" da
re alidade e sse n c ial que t e m e xist ê n c ia e se proc e ssa n o Õrun .

É ne c e ssário e nt e nde r, assim , que Àiyé e Õrun c on-


st it ue m um a unidade e , e nquant o e xpre ssõe s de dois níve is de
e xist ê n c ia, são in se paráve is e c om ple m e n t are s. Essa un idade é
sim bolizada pe lo IGBÁ-OD Ù , c abaç a f orm ada de duas m e t ade s
unidas onde a part e inf e rior re pre se nt a o Àiyé e a part e supe -
rior re pre se n t a o Õrun . No in t e rior, os "e le m e n t os in dispe n -
sáve is à e xist ê nc ia individualizada".

A r espeito do destino hum ano

Pode m os pe rc e be r que a c om pre e nsão sobre o pape l que


Orí de se m pe nha na vida de c ada hom e m e st á int im am e nt e re la-
c ion ado à c re n ç a n a pre de st in aç ão - n a ac e it aç ão de que o suc e s-
so ou o insuc e sso de um hom e m de pe nde e m larg a e sc ala do
de st ino pe ssoal que e le t raz na vinda do Õrun para o Àiyé . A
e sse de st in o pe ssoal c h am am os K àdárà ou Ìpín e é e n t e n dido
que o h om e m o re c e be n o m e sm o m om e n t o e m que e sc olh e
livre m e nt e o Orí c om que vai vir para a t e rra.

Orí de se m pe nha um pape l im port ant e para os se g uidore s


de If á. Ne le ac re dit a-se que e sc olhe m os nossos próprios de st i-
n os. E n ós o f aze m os m e dian t e os auspíc ios do Òrì ÿà
Àj álám õpín . A e sf e ra de aç ão de Àj álá é j un t o a Olódùn m arè e é
e le que san c ion a as e sc olh as de de st in o que f aze m os. Essas e s-
c olh as são doc um e n t adas pe las divin dade s que c h am am os de
Aludùn dún . U m ve rso de If á e xplic a e st a que st ão:

"V oc ê disse que f oi apanhar o se u Orí.

V oc ê sabia on de Af uwape apan h ou o se u Orí?

V oc ê pode ria t e r ido lá para apan h ar o se u.

Nós pe g am os n ossos Orí n os dom ín ios de Àj álá,

Assim som e n t e n ossos de st in os dif e re m "

Àj álá é re spon sáve l pe la m ode laç ão da c abe ç a h um an a, e


ac re dit a-se que o Orí e o Odù - sig no re g e nt e de se u de st in o
que e sc olh e m os, de t e rm in a n ossa f ort un a ou at ribulaç õe s n a
vida, c om o f oi dit o. Àj álá, e m bora not áve l e m sua habilidade ,
n ão é m uit o re sponsáve l e , por isso, m uit as ve ze s m ode la
c abe ç as de f e it uosas: pode e sque c e r de c oloc ar alg un s ac abam e n -
t os ou de t alh e s de sn e c e ssários, c om o pode , ao le vá-las ao f orn o
para que im ar, de ixá-las por um t e m po de m asiado ou insuf i-
c ie n t e .

T ais c abe ç as t ornam -se assim , pot e nc ialm e nt e f rac as, in -


c apaze s de e m pre e n de r a lon g a j orn ada para a t e rra, se m pre -
j uízos. Se , de saf ort unadam e nt e , um hom e m e sc olhe um a de ssas
c abe ç as m al m ode ladas, e st ará de st in an do a f rac assar n a vida.

D urant e sua j ornada para a t e rra, a c abe ç a que pe rm ane c e u


por t e m po insuf ic ie nt e ou de m asiado no f orno, pode rá não re -
sist ir à aç ão de um a c huva f ort e e c h e g ará m ais danif ic ada ain -
da. T odo o e sf orç o e m pre e ndido para obt e r suc e sso na vida t e r-
re n a t e rá g ran de part e de se us e f e it os de sviada para re parar
t ais e st rag os.

Pe lo c ont rário, se um hom e m t e m a sort e de e sc olhe r


um a das c abe ç as re alm e nt e boas, t ornar-se próspe ro e be m
suc e dido na t e rra, um a ve z que sua c abe ç a c he g a int ac t a e se us
e sf orç os re dun dam e m c on st ruç ão re al de t udo aquilo que se
proponha a re alizar.

O t rabalho árduo t rará, ao hom e m af ort unado e m sua e s-


c olh a, e xc e le n t e s re sult ados, j á que n ada é n e c e ssário de spe n de r
para re parar a própria c abe ç a. Assim , para usuf ruir o suc e sso
pot e nc ial que a e sc olha de um bom Orí ac arre t a, o hom e m de ve
t rabalh ar arduam e n t e . Aque le s, e n t re t an t o que e sc olh e ram um
m au Orí t ê m pouc as e spe ran ç as de prog re sso, ain da que passe m
o t e m po t odo se e sf orç an do.

Se n do e st e s os pre ssupost os, re t om am os as pe rg un t as: C om o


sabe r se a e sc olha do próprio Orí f oi boa ou m á? Pode um
h om e m c onhe c e r as pot e nc ialidade s da própria c abe ç a ou da
c abe ç a de out re m ?

O Jog o divinat ório de If á possibilit a que a pe ssoa t om e


c on h e c im e n t o dos de síg n ios do próprio Orí, saiba a re spe it o do
Òrìÿà ou Irúnm ôlê que de ve se r c ult uado e c onhe ç a se us è è wõ -
proibiç õe s quant o ao c onsum o de alim e nt os, uso de c ore s e c on-
dut as m orais.

Ìpín nkan tàbí ti enìkan - O conceito de Ifá sobr e


destino.

É a f rase do Yorùbá usada para e xpre ssar a idé ia do de st i-


n o. É dif íc il t raduzir lit e ralm e nt e , m as sug e re a idé ia que os
lim it e s do "Eu" e st ão de t e rm inados pe lo c oraç ão. A f rase é usa-
da para de sc re ve r o c onc e it o do de st ino, porque o de st ino é
um a idé ia m ult i-dim e nsional. Muit as re f e rê nc ias são f e it as às
re laç õe s e n t re Orí e o de st in o pe ssoal. O de st in o de sc rit o c om o
Ìpín Orí - a sina do Orí - pode se r dividido e m t rê s part e s:
Ak un le yan , Ak un le g ba e Àyàn m ö.

Àkúnlèyàn - O conceito de Ifá sobr e escolha.

É a part e do de st ino individual que é c riado pe la e sc olha


i n di vi dual . I st o se ri a c om paráve l ao que é c on h e c i do na
f ilosof ia oc ide nt al c om o livre -arbít rio. Na m e t af ísic a de If á o
livre -arbít rio inc lui aque las e sc olhas f e it as durant e um a vida e
aque las que são f e it as e nt re re e nc arnac ão suc e ssiva. Enquant o a
vida prog ride , o Orí e st á e f e t uado pe los e le m e nt os do de st ino
que são pre de t e rm in ados e os e le m e n t os do de st in o que re sul-
t am do livre -arbít rio. Ou se j a n ós pode m os e sc olh e r um de st i-
n o e nós pode m os e sc olhe r ig norá-lo. Mais um indivíduo ig nora
se u de st ino e sc olhido, m ais duro t orna-se t raze r o de st ino e s-
c olh ido de n t ro do se r.

Àkúnlègbá - O conceito de Ifá sobr e Livr e-ar bítr io.

É aque le e le m e nt o do de st ino pe ssoal que m udam e m c on-


se qüê n c ia das e sc olhas f e it as c om o livre -arbít rio. Est e c on-
c e it o sug e re que alg um as e sc olh as que são f e it as n o c urso de
um a vida pode m lim it ar ou e xpandir as e sc olhas que se t ornam
disponíve is de st e pont o e m diant e . Por e xe m plo, a de c isão de
n ão apre nde r le r lim it ará o f luxo f ut uro da inf orm aç ão que
e st á dispon íve l a um dado pe ssoal. Se e ssa pe ssoa t e m e sc olh ido
um de st ino c om o e sc rit or, a de c isão de não apre nde r a le r
e lim in a a possibilidade de se u pot e n c ial in e re n t e c om o um au-
t or.

Àyànm ö - Conceito de Ifá sobr e Pr é-deter m inacão

São aque le s aspe c t os do de st in o que n ão pode m se r alt e r-


ados. D e nt ro de m e t af ísic a de If á o aspe c t o m ais sig nif ic at ivo
do Àyànm ó se ria a é poc a de m ort e pré -de t e rm inada. If á e nsina
que e st a dat a n ão pode se r prolon g ada, m as c om a in f e liz e sc ol-
h a e st e dia pode vir pre m at uram e nt e . e m t e rm os m uit o sim -
ple s, o c onc e it o do Àyànm ó sug e re que c ada pe ssoa t e nha um a
e sc ala de pot e n c ial n as áre as dadas que n ão pode m se r prolon -
g adas alé m de alg um pont o.
D ado a nat ure za do de st ino c om o de sc rit a por If á, é im -
possíve l t e r um de st ino posit ivo que se t orne int e rrom pido
pe lo de se nvolvim e nt o inf e liz do c arát e r. If á e nsina que a va-
c ân c ia do de se n volvim e n t o do bom c arát e r pode c on duzir a um
de c re sc im e nt o no pot e nc ial pe ssoal. Est a é porque que a sag rada
e sc rit ura de If á diz ìwà-pè lé n i àyàn m ó que sig n if ic a que o
c arát e r é de st in o.

A opin ião que o c arát e r é de st in o, c oloc a um valor e spiri-


t ual e le vado n a e le vaç ão e spirit ual do Orí, porque o Orí é o
c e n t ro do c on t role que g uia o de se n volvim e n t o do bom
c arát e r.

Am bos, Ak un le yan e Ak un le g ba pode m se r alt e rados ou


m odif ic ados que r para be m ou para m au, de pe n de n do das c ir-
c un st ân c ias.

Assim o de st in o de sc rit o c om o Ìpín Orí - a sin a do Orí pode


sof re r alt e raç õe s em de c orrê n c ia da aç ão de pe ssoas m ás
c h am adas c om o Aráyé - f ilh os do m un do, t am bé m c h am adas
Àiyé - o m un do ou ain da, Elé n ìn í - im plac áve is ( am arg os, sádi-
c os, in e xoráve is) in im ig os das pe ssoas.

Ent re e st e s se e nc ont ram as Àj ë - bruxas, os Oÿó - f e it i-


c e iros, os e n ve n e n adore s e t odos aque le s que se de dic am a prát -
ic as m alig nas c om int uit o de e st rag ar qualque r oport unidade
de suc e sso hum ano ( A de se not ar no e nt ant o que e st as m e sm as
e n e rg ias pode m se t orn ar pode rosos aliados dos sac e rdot e s e x-
pe rie nt e s, se ndo port ant o sua e ne rg ia ut ilizada de m ane ira pos-
it iva ou c ont rolada) .
Sac rif íc io e rit ual pode m aj udar a m e lh orar as c on diç õe s de s-
f av oráv e i s que p od e m ter re su l t ad os d e st as m aq u i n aç õe s
m alé f ic as im pre visíve is.

T odo Orí, e m bora c riado bom , ac ha-se suj e it o a m udanç as.


V im os que f e it ic e iros, bruxas, h om e n s m aus e a própria c on du-
t a pode m t ran sf orm ar n e g at ivam e n t e um Orí, se n do sin al
de ssa t ransf orm aç ão um a c ade ia int e rm ináve l de inf e lic idade s
n a vida de um hom e m a de spe it o de se us e sf orç os para m e lho-
rar.

O Orí, e n t idade parc ialm e n t e in de pe n de n t e , c on side rado


um a divindade e m si próprio, é c ult uado e nt re out ras divin-
dade s, re c e be ndo of e re ndas e oraç õe s. Quando Orí-Inú e st á
be m , t odo o se r do hom e m e st á e m boas c ondiç õe s.

C om o f oi dit o, nossos Orí e spirit uais são por e le s m e sm os


subdivididos em dois e le m e nt os: Apari-inú e Orí Ape re -
Apari-in ú re pre se n t a o c arát e r ( n at ure za) , Orí ape re re pre se n t a
o de st in o.

U m in divíduo pode vir para a t e rra c om um de st in o m ar-


avilh oso, m as se e le ou e la ve m c om m au c arát e r ( nat ure za) , a
probabilidade de de se m pe nho ( c um prim e nt o, e xe c uç ão) de sse
de st ino é se ve ram e nt e c om prom e t ida.

O de st ino t am bé m pode se r af e t ado, e nt ão, pe lo c arát e r da


própria pe ssoa. U m bom de st ino de ve se r sust e nt ado por um
bom c arát e r.

Est e é c om o um a divindade : se be m c ult uado c onc e de sua


prot e ç ão. Assim , o de st ino hum ano pode se r arruinado pe la
aç ão do hom e m . Ìwá re laye yii ni yoo da o le j o, ou se j a, -
"Se u c arát e r, na t e rra, prof e rirá se nt e nç a c ont ra voc ê ".

No Odù de Og bè Òg ún dá, If á diz:

"U m pilão re aliza t rê s f unç õe s

Ele t rit ura inham e

Ele t rit ura índig o

Ele é usado c om o um a t ranc a at rás da port a

Foi f e it o um j og o adivinhat ório para Oríse k u, Orí-Ele m e re e


Af uwape

Quando e le s f oram e sc olhe r se us de st inos nos dom ínios de


Àj álám õpín

Foi solic it ado para e le s que re alizasse m rit uais

Som e n t e Af uwape re alizou os rit uais que f oram solic it ados

Ele , e m c onse qüê nc ia, t ornou-se m uit o af ort unado

Os ou t ros l am e n t aram , d i sse ram que se sou b e sse m on d e


Af uwape e sc olh e ria se u Orí, e le s t e riam ido at é lá para e sc ol-
h e r os se us t am bé m .

Af uwape re spon de u que , e m bora se us Orí f osse m e sc olh idos n o


m e sm o lug ar, se us de st in os é que dif e riam . "

A que st ão que aí se apre se n t a é que som e n t e Af uwape


m ost rou bom c arát e r. R e spe it an do sua c re n ç a e re alizan do se us
sac rif íc ios, e le t rouxe as be nç ãos pot e nc iais de se u de st ino para
a e f e t iva re alizaç ão. Se us am ig os Oríse k u e Orí-Ele m e re f al-
h aram e m m ost rar bom c arát e r pe la re c usa e m re alizar se us
rit uais e , por isso, suas vidas sof re ram as c on se qüê n c ias.

O nom e Ìpín e st á ig ualm e nt e assoc iado à Õrúnm ìlà, c on -


h e c ido c om o Çlë rìí-ìpín - o Se nhor do D e st ino e que é aque le
que e st e ve pre se n t e n o m om e n t o da c riaç ão, c on h e c e n do t odos
os Orí, assist in do o c om prom isso do h om e m c om se u de st in o,
os obj e t ivos de c ada um n o m om e n t o de sua vin da para o Àiyé ,
o prog ram a part ic ular de de se n volvim e n t o de c ada se r h um an o
e sua in st rum e n t alizaç ão para o c um prim e n t o de sse prog ram a.

Õrúnm ìlà c onhe c e t odos os de st inos hum anos e proc ura


aj udar os hom e ns a t rilh ar se us ve rdade iros c am inhos. T e m os,
assim , que um dos pape is m ais im port ant e s de If á e m re laç ão
ao h om e m , alé m de se r o int é rpre t e da re laç ão e nt re os Òrìÿà e
o h om e m , é o de se r o in t e rm e diário e n t re c ada um e o se u
Orí, e nt re c ada h om e m e os de se j os de se u Orí. Ape nas c om o
re g ist ro, é pre c iso e n t e n de r que e sse m e sm o pape l Õrún m ìlà
t e m n a re laç ão c om os de m ais Òrìÿà, se n do o in t e rm e diário e n -
t re c ada um e o se u Orí. E Õrún m ìlà, Ele m e sm o, c on sult a
If á ! .

Nos m om e n t os de c rise , a c on sult a ao orác ulo de If á pe r-


m it e ac e sso a in st ruç õe s a re spe it o dos proc e dim e n t os de se -
j áve is, se ndo c onside rados bons proc e dim e nt os os que não e n-
t ram e m de sac ordo c om os propósit os do Orí.

O se r que c um pre int e g ralm e nt e se u Ìpín-Orí ( de st ino do


Orí) , am adure c e para a m ort e e , re c e be ndo os rit os f úne bre s
ade quados, alc anç a a c ondiç ão de anc e st ral ao passar do Àiyé
para o Õrun.
Há a c re n ç a n a e xist ê n c ia de duas áre as oc upadas por e s-
pírit os dos m ort os: Õrun re re - o bom "c é u", habit ado pe las
divindade s e anc e st rais, e Õrun apaadi - o "c é u" de m uit as in-
f e lic idade s, habit ado pe los inf e lize s que sof re ram m á sort e e
pe los m aus, j ulg ados pe lo Se r Supre m o, se g undo o se r c arát e r.
Est e s últ im os f ic am c onde nados à solidão e ao e sque c im e nt o,
se m dire it o a le m branç a ou a apare c e re m e m sonhos e visõe s -
m orre m t ot alm e n t e .

Õrun re re , por out ro lado, é praze iroso e se re no, vive ndo


os e spírit os n um a c om un idade c om post a de pare n t e s e am ig os.
Pode m t am bé m pe rm ane c e r j unt o aos f am iliare s e int e rvir e m
suas at ividade s diárias, se ndo-lhe s pe rm it ido re e nc arnar e m
alg um a c rianç a nasc ida no âm bit o f am iliar.

A re spe it o do Orí, re st a ain da le m brar que t rat a-se de


um a divindade pe ssoal, a m ais int e re ssada de t odas no be m e s-
t ar de se u de vot o. Se o Orí de um h om e m n ão sim pat iza c om
sua c ausa, aquilo que e le de se j a não pode se r c onc e dido ne m por
Olódùnm arè , ne m pe los Òrìÿà.

D a m e sm a f orm a se o c arát e r de um indivíduo é m au, sua


e sc olh a de de st in o pode n ão se re alizar. Se n ossa sit uaç ão é
re alm e n t e de um m au de st in o, e n ão é um a c on se quê n c ia de
n osso c arát e r ou c om port am e nt o, e nt ão nosso Orí-ape re pre c isa
se r apazig uado.

Of e re ndas pre sc rit as ou rit uais de ve m se r re alizados para


n os t raze r de volt a a um alinham e nt o saudáve l.

Conside ra-se vit al para t odo hom e m re c orre r a If á, sis-


t e m a divin at ório de c on sult a a Õrún m ìlà, a in t e rvalos re g u-
lare s para t om ar c onhe c im e nt o do que ag rada ou de sag rada o
próprio Orí. Enquant o int e rm e diário e nt re a pe ssoa e as divin-
dade s ( e nt re as quais o próprio Orí) .

If á não ape nas inf orm a sobre os de se j os divinos m as


t am bé m c on duz os sac rif íc ios of e rt ados às divin dade s para que
e st as possam c um prir se u pape l: aj udar os Orí a c on duzire m as
pe ssoas à re alizaç ão do próprio de st ino.

Se as c oisas e st ão in do m al e m sua vida, an t e s de apon t ar


um de do ac usador para as bruxas, para f e it iç os ou para se us in-
im ig os, e xam ine sua nat ure za.

Se voc ê t e m por h ábit o m alt rat ar as pe ssoas ou n ão c on -


side rar se us se nt im e nt os, não proc ure qualque r f e lic idade ou
sort e e m sua vida, não im port ando o quant o voc ê possa se r be m
suc e dido m at e rialm e nt e .

Se , por out ro lado, voc ê aj uda os out ros e dá f e lic idade a


e le s, sua vida se rá c h e ia, n ão só de rique zas m as t am bé m de
ale g ria e f e lic idade . No e nt ant o, le m bre -se , é de c ididam e nt e
m uit o m ais f ác il alt e rar se us de st in o do que sua n at ure za.

"P or t oda part e on de Orí se j a próspe ro, de i x e -m e e st ar


inc luído,

Por t oda part e onde Orí se j a f é rt il, de ixe -m e e st ar inc luído,

Por t oda part e onde Orí t e nha t odas as c oisas boas da vida,
de ixe -m e e st ar inc luído.

Orí, c oloque -m e e m boa sit uaç ão na vida,


Que m e us pé s m e c onduzam para onde as c oisas m e se j am f avo-
ráve is.

Para onde If á e st á m e le vando e u nunc a se i

Jog aram para Assore no iníc io de sua vida.

Se h á qualque r c on diç ão m e lh or do que aque la e m que e st ou n o


pre se nt e ,

Que possa m e u Orí não f alhar e m c oloc ar-m e ne la.

Me u Orí, m e aj ude ! Me u Orí, f aç a-m e próspe ro!

Orí é o prot e t or do hom e m ant e s das divindade s. "

Pr incipais conceitos expostos no texto:


Orí do hom e m é individual.
No c aso de um proble m a n a vida, Orí é o prim e iro a se r an al-
isado at ravé s do If á porque "Õrúnm ìlà é aque le que pode c onse r-
t a-lo, por isso que e m yorùbá f ala "Õrún m ìlà t ún Orí t í k ó
súan sé " ( e le c onse rt a o Orí) - e le é o únic o que é c apaz de sal-
var o Em e ré /Abik ú ( nasc ido para m orre r) .
Àÿê é a f orç a da re alizaç ão: assim se j a assim ac on t e ç a - o Àÿê do
de st ino, f oi dado ao Orí c om o se ndo o Òrìÿà m ais im port ant e
da vida do hom e m .
C on f orm e a pe ssoa, o Orí pode e st ar c ont ra ou a f avor da de la
por um a sé rie de m ot ivos, e a re soluç ão dos proble m as do Orí
se ria f e it o at ravé s do ( Ìbôrí) .
O n osso de st ino t am bé m de pe nde dos out ros, das pe ssoas que
n os rode iam .

Os Òrìÿà t am bé m f alam do Orí. O e quilíbrio do se r, ve m do


próprio Orí a part ir daí, c onvive -se be m c om o m undo e c om a
vida do Òrìÿà.
Os m aiore s ag e nt e s de st ruidore s de àÿç na vida das pe ssoas, pas-
sam pe lo c am inho da m ag ia.
Não de ve m os c rit ic ar n in g ué m , por que o Orí é re spon sáve l
pe la e voluç ão ou de st ruiç ão do se r.

Ritual de Ìbôr í (Ì + Bö + Or í)

O Orí, e m sua t ot alidade , é um obj e t o de c ult o. Possui


t oda a pot e n c ialidade do suc e sso ou do f rac asso. D e t udo que é
bom ou ruim , e por e sse m ot ivo é que dá m aior ou m e nor f or-
ç a à at uaç ão do Òrìÿà n um a pe ssoa. D aí a n e c e ssidade do se u f or-
t ale c im e n t o at ravé s de rit os e spe c iais de n om in ados Ìbôrí.
Ìbôrí é o rit ual de "dar c om ida" ou alim e nt ar o Orí .

D e ve se r se m pre pre c e dido de um j og o que de f ina sua ne -


c e ssidade e , ao m e sm o t e m po, orie n t e o sac e rdot e sobre os pro-
c e dim e n t os part ic ulare s para o c aso, as of e re n das a se re m ut i-
lizados naque la sit uaç ão e o e nc am inham e nt o ade quado a se r
dado para aque la ne c e ssidade .

Assim , pode -se re alizar um Ìbôrí ape n as c om um ou dois


Obì e ág ua ou c om t odo um c onj unt o de alim e nt os e a louvaç ão
de obj e t os-sím bolos e spe c ialm e nt e sac ralizados para a oc asião.

As of e re n das busc am e n c on t rar o pon t o de e quilíbrio n e c -


e ssário a f im do Orí re c upe rar sua proporç ão c orre t a. A ave
Çt ù, ag it ada por nat ure za, é of e re c ida ao lado do m anso Çiyë lé ;
ág ua pura, be bidas c om ple m e nt am os of e re c im e nt os.

Nos rit uais, t odas as of e re n das c om e ç am pe la ut ilizaç ão do


Obì, inic ialm e nt e , e st abe le c e ndo um a c onve rsaç ão at ravé s de
um a m odalidade de j og o que se ut iliza dos quat ro g om os do
Obì, de nom inados aláwë m é rín. No Ibôrí, é a c abe ç a que m f ala
e de c ide se o Obì se rá c oloc ado in t e iro n o alt o da c abe ç a, ou e m
part e s m ast ig adas onde pe rm ane c e rá o t e m po suf ic ie nt e para
t ran sm it ir os e le m e n t os ao Orí. Out ras part e s do c orpo
t am bé m são t oc adas c om o Obì, visan do de spe rt ar c e n t ros de
f orç a a at ivá-los.

A pe rson alidade do Orí, n e sse m om e n t o, é e vide n c iada, e


pode re f le t ir de se j os de of e re ndas, m uit as ve ze s c ont rárias aos
princ ípios do Òrìÿà t ut e lar da pe ssoa. Em out ras palavras, o que
sig n if ic aria è è wõ para o Òrìÿà pode rá não o se r para o Orí. Orí
t e m de se j os próprios, e m uit as ve ze s c on t rários aos do Òrìÿà.

No rit ual do Ibôrí, um a pe ssoa f az of e re n das n ão som e n t e


para o se u próprio Orí, m as t am bé m para o Orí de se us pais,
vivos ou m ort os ( at ravé s do de dão do pé e sque rdo) . Os pé s, e m
c on t at o dire t o c om a t e rra, t orn am -se um e lo de c om un ic aç ão
c om os an c e st rais e os On ílê . Assim , os rit os de Ibôrí possue m
a f in alidade de re ve re nc iar o Orí individual e a m at é ria anc e s-
t ral, ag in do am bos c om o g uardiãe s a prot e t ore s.

O Ìbôrí pode se apre se nt ar c om o ne c e ssário para alg ué m


e m f un ç ão de alg um as sit uaç õe s.

Ent re e las:

C om o proc e sso de re lig aç ão do Orí c om o se u duplo no Õrun;

C om o re spost a à c ondiç õe s de st re ss ou f rag ilizaç ão das e st ru-


t uras psic ológ ic as do in divíduo re sult an t e s de sit uaç õe s part ic -
ulare s de vida;

C om o rit ual propic iat ório ou c om ple m e nt ar a um ç bô;

C om o rit ual propic iat ório a proc e ssos inic iát ic os;

C om o re spost a a um a ne c e ssidade e spirit ual re sult ant e de f e it i-


ç o ou de st in o;

C om o indic aç ão de alg um Odù ( If á) , a part ir da int e rpre t aç ão


das c ondiç õe s lig adas ao pe rsonag e m m ít ic o que se apre se nt a
e m um dos Ìt àn c orre spon de n t e s ao Odù.

Pode -se , no g e ral das sit uaç õe s, e st abe le c e r um rit ual básic o
a se r se g uido, não sig nif ic ando isso que o sac e rdot e de va e n -
t e n de r e sse rit ual básic o c om o lim it ador da sua aç ão ou f órm u-
la a se r se g uida e m t odos os c asos e sit uaç õe s.

É im port ant e le m brar se m pre que o uso e a c om binaç ão dos


e le m e n t os a se re m ut ilizados de ve le var e m c on t a as pro-
prie dade s e xc it ant e s ( g ùn) ou c alm ant e s ( ê rõ) de c ada e le m e nt o
que e st á se n do m an ipulado.

O Orí de um a pe ssoa é t ão im port ant e que f re qüe nt e -


m e n t e de ve se r c on sult ado dan do t odo o apoio n e c e ssário an t e s
de e m pre e nde r qualque r t are f a.

O pode r e aut oridade de sf rut ada por Orí e st a f ora da


que st ão. T odo e st e pode r pode se provado at ravé s do Odù-If á
Òf ún -Ìrç t ê .

Você deve ter em m ente as seguintes consider ações:


Ìbôrí t e m a ve r c om o Orí da pe ssoa, t e m a ve r c om o c on-
c e it o m ais de t radiç ão do que c om o Òriÿà da n at ure za que
ac om panha a pe ssoa.
É im port ant e e nt e nde r que se m pre que se louva o Orí de
alg ué m e st á se proc e de ndo a alim e nt aç ão daque le Orí.
O rit ual do Ìbôrí , não de pe nde do rit ual do Òriÿà.
Ìbôrí não c asa voc ê c om o Òriÿà. O que c asa voc ê c om o orixá é
a in ic iaç ão ( o asse nt am e nt o do Òriÿà) .
V oc ê pode re c e be r o rit ual de Ìbôrí se m que o orixá vá c obrar
de voc ê a obrig aç ão . porque o Ìbôrí não t e m t ot al re laç ão ao
Òriÿà.

As e n e rg ias que at uam n o Orí são dif e re n t e s, um a é para


quan do voc ê n asc e u e out ra é para c om o voc ê vive .

É e rrado dize r que o Orí pode re j e it ar Obì no m om e nt o do rit -


ual de Ìbôrí. O Òrìÿà Orí NU NCA re j e it a um of e re nda de Obì,
pois e sse f rut o é f undam e nt al ao se u Cult o.

A pe ssoa que aban don a o Òrìÿà, log o f ic a f ora e a n ão m an if e s-


t aç ão, j á é um a f orm a de de sag rado do Òrìÿà.

E pode m se r do se u próprio Orí, voc ê pe rde a e ssê nc ia vit al,


c om as f orç as e xt e rn as, re lac ion adas c om o se u m e io am bie n t e
ou pe lo m e io que voc ê vive ( pe ssoa) .

Pode at rapalhar um Orí at ravé s da m ag ia e varias out ras


f orm as: c om palavras, olhar, quando e voc a-se o nom e de um a
pe ssoa m andando para e le os piore s at rasos ou as m e lhore s
sort e s.

Mais m aior pe so que se e xt e rm ina é a part e do f e it iç o, um dos


m ale s que at ac am a e n e rg ia do Orí.

Se o Orí e st ive r be m , e le e vit a m uit os m ale s in c lusive o de


pe g ar azar dos out ros.

Quando a pe ssoa se prot e g e , f az um t rat am e nt o abrang e nt e


para t oda a f am ília.

Quando um a pe ssoa possui um Orí f ort e , e le se rve c om o um


pára-raios, absorve e de st rui os m ale f íc ios que m andam para a
pe ssoa .

U m Orí e n f raque c ido n ão ac arre t a ape n as f alt a de din h e iro ou


n am orados, e princ ipalm e nt e o f at o de não c ult uar a sort e que
se t e m .
O rit ual do Ìbôrí se rve c om o um ag e n t e prot e t or.

A vida é de n om in ada pe lo m al e o h om e m só c on se g ue vive r o


be m se soube r ludibriar o m al.

Proble m a do hom e m que vive no m ist é rio da inc om pe t ê nc ia e


ig norânc ia, t e m have r c om o Orí.

Pobre da f ave la vive m se m arg um e nt os, é um a c onsc iê nc ia c o-


le t iva e m e voluç ão, o de st ino e st á re lac ionado às c irc unst ânc ias
que vive m assim porque é um Orí c ole t ivo .

Não se de ve alim e n t ar o Orí, n e m o Òrìÿà, se o h om e m n ão


possuir c ondiç õe s para alc anç ar um obj e t ivo m uit o alé m de suas
possibilidade s.

Orí n a vida da pe ssoa é para e ssa f unç ão de lidar c om o be m e


o m al.

Ìbôrí é um rit ual se m dat a pré f ixada e não t e m prazo de


validade , e o Òrìÿà de t e rm ina c om o se rá e sse Ìbôrí.

A vener ação do Or í vai r ever ter em :

Equilibrío;

T ran quílidade ;

B om rac ioc ínio;

Sabe r aprove it ar as oport un idade s.

Objetos usados par a cultuar o Òr ìÿà Or í


Òrìÿà Orí c om e :
Òrí — Banha de Orí ( usada para ne ut ralizar t oda e ne rg ia a se r
m obilizada - é um a ban h a ve g e t al que voc ê passa pe lo c orpo
( c abe ç a, m ão, um big o, pé s) para ne ut ralizar o t e u c orpo at é
para voc ê pode r re c e be r o be ne f íc io e aque la f orç a não c he g ar
m uit o f ort e e m voc ê . Ist o é para n e ut ralizar a sit uaç ão.
Obì e Oróg bó ( f rut os sag rados) — Nunc a são dispe nsados no rit -
ual do Ìbôrí ( Aplac a as int rig as, e las não irão t e alc anç ar) ;
Iyõ ( sal) — Faz c om que a pe ssoa se j a ac e it a de nt ro de sua c o-
m un idade ;
Çf un — indispe nsáve l no Ìbôrí para que ne nhum m al ac ont e ç a
a pe ssoa;
Õg ê dê ( Banana) f ac ilit a n osso c am inho;
Ìrè k é ( Cana de aç úc ar) — t e m a f unç ão ig ual a do m e l; alim e n-
t a as f orç as n e g at ivas e e las passam a t e aj udar. ;
Àg bôn C oc o ( m aduro) — R e pre se n t a vida lon g a;
Àg bàdo f un f un ( m ilh o bran c o) — usada para h arm on izar, para
união e paz;
Espig a de m ilho ve rde ( c ozida) ;
Milho am are lo c ozido pode t e m pe rar c om de ndê ou m e l;
Ek uru ( é inham e c ozido se m c asc a e am assado na m ão e dividido
e m dois, um a part e t e m pe rado c om de n dê ( e k uru-pupa) , a out -
ra part e puro, n ão t e m pe rado ( e k uru-f un f un ) . Af ast a doe n ç as
sé rias e g rave s;
Ak ara - é usado para at rair m uit a prospe ridade e m uit o din -
h e iro e aplac ar a ira das f orç as que se opõe m a pe ssoa;
Êwà ( f e ij ão f radinho ) — c ozido e t e m pe rado;
Iÿu ( Inham e ) — c ozido se m a c asc a ( e m f at ias ou pe daç os) ;
Ìg bín ( c arac ol) — c alm ant e . é re lac ionado c om a doc ilidade ,
t ran qüilidade e paz. É of e re c ido n os m om e n t os e m que a paz é
n e c e ssária. O m ovim e nt o vag aroso, c uidadoso a f irm e dos c ara-
c óis os im pe de de c h oque s e c on f usõe s e n t re si. O se u of e re c i-
m e n t o obj e t iva livrar de pe rig os de t odos os t ipos;
Çj a-àrõ ( Bag re , pe ixe que anda c om a c abe ç a) — sim boliza a
t ran qüilidade e a paz, at e n uan do a dor e a pe rt urbaç ão. Faz c om
que as pe ssoas vivam be m e supe re m os proble m as que im pe -
de m o se u prog re sso;
Çiyë lé ( pom bo) — t e m que se r branc o para o rit ual do Ìbôrí - é
indispe nsáve l m ac ho ou f ê m e a. O sac rif íc io do pom bo alim e n-
t ará as f orç as que se alim e n t am do sof rim e n t o da pe ssoa;
Àk ùk ô ( f ran g o) ;
Çt ù ( g alinha d' Ang ola) — Essa ave é usada para t raze r m uit a
sort e ;
Pë pë iye ( pat o) ;
Odídç rë ( pássaro sag rado) — som e nt e para R e is;
Õbúk ô ( Bode ) ;
Ewúrç ( Cabra) ;
Àg ùt àn ( Ove lh a) ;
Àg bò ( C arn e iro) .

O re st o dos anim ais é de spac hado, c om e xc e ç ão do pat o e


da ove lha que são pre parados para a pe ssoa c om e r.

Òr ìÿà Or í bebe:
Epo pupa ( de ndê ) — T e m o m e sm o sim bolism o do Ìg bín; m ode ra
ou suaviza aquilo que , de out ra m an e ira, se ria in c on t roláve l. O
e po at ua c om o ag e n t e que ac alm a o ag ast am e n t o divin o dian t e
dos e rros do se r hum ano. Por isso é usado, princ ipalm e nt e , nas
of e re n das f e it as às divin dade s que se c arac t e rizam pe la lut a:
ßàn g ó, Òg ún , Ôm ôlu e t c . D e ig ual m an e ira, o e po é of e re c ido
às Ìyàm i, c om o subst it ut o do ê j ê .
Ot i — A be bida t e m que se r inc olor pois se rá usada na t e rra
para e voc ar suas f orç as — o c onsule nt e não vai be be r e ssa be bi-
da.
Oyin — para at rair a f e lic idade ;
Om i — Só c om ág ua pode -se ve ne rar Orí, m as de pe nde da pe s-
soa. U sado para a pe ssoa se r ac e it a de nt ro da c om unidade .

Obs. : O que é of e re c ido no Ìbôrí só que m f az o Ìbôrí é que pode


c om e r, se n ão voc ê at rai para voc ê o proble m a da pe ssoa.

Outr os elem entos usados:


D in h e iro para o Ìbôrí — alg um as ve ze s na saída vai se r dado a
um m e ndig o ( Só e m c aso de ne c e ssidade f inanc e ira) ;
Owó-ç yô ( Búzios) — Ele m e nt o que t raz sort e e prospe ridade ;
Ik odidç — Pe na do pássaro sag rado Odídç rë .

Obs. : sàrá - sig nif ic a dar c om ida ou dinhe iro para dar aos c on -
sule n t e s ou para as pe ssoas que voc ê que r alg o de le s, at rair
sort e para a g e nt e , t e m que se r de t rê s pe ssoas para c im a , aí
pode se r c onsum ido

Ìbà Orí

Olódùnm arè ìbà ( 3x)

Ìbà Ôlöj ö òní! ( 3x)


Àràbà þ B àbá B àbá e ríwo ìbà

Labala ìbà t iyin

Ìbà iwo aj ag unm ale t in j ano loj u ala

Ìbà Ak ödá

Ìbà Aÿë dá

Ìbà Bàbá

Ìbà Yè yé

Ìbà àt iwàiyé oj o

Ìbà àt iwo oorun

Ìbà Ìyáàm í apok i e le se Õÿun

Adodo m a pon e e wu

A j ipon lat ok i Ôba om i

Ìbà Õrúnm ìlà Çlë rìíìpín

Aj é k og un o t o j e

Ìbà Odù Log bo Je

Ìbà aj e og ung unniso

Ìbà IR NWO Im ôlè

Ìbà IGBA Im ôlè

Ìbà lorig un m e re rin aiye n Àiyé

Ìbà Orí

Ìbà Orí at e t e g be ni k orisa

K ò sí Òrìÿà t in dan ig be
Le hin Orí e ni

Orí pe le Orí Abiye

Wôn n i g ba Orí un g be n i

K i L' Òríÿà n wo

Orí m í ig be Mí o

T R AD U ÇÃO

Saudaç ão D e us supre m o ( 3x)

Saudaç ão don o do dia ( 3x)

Saudaç ão aos sac e rdot e s ve lh os,

Saudaç ão ao D e us da sabe doria.

Saudaç ão a If á

Saudaç ão a Prim e ira c riaç ão

Saudaç ão a Se g un da c riaç ão

Saudaç ão ao pai

Saudaç ão a m ãe

Saudaç ão ao n asc e r do dia

Saudaç ão ao f im da t arde

Saudaç ão a Ìyáàm i Òÿòrõn g á

Aque le que f oi ao rio se m pre c isar

Aque le que pe g a ág ua n o rio be m c e do.

Saudaç ão a Orun m ila-If a


Aque le que ve m an t e s da m ag ia.

Saudaç ão a t odos Odù.

Saudaç ão Aj é .

Saudaç ão aos 401 Irún m ôlê .

Saudaç ão aos quat ro c an t os do m un do.

Saudaç ão ao Orí que le va as pe ssoas at é aos Òrìÿà.

Não e xist e Òrìÿà c om apoio se m Orí

Eu saúdo voc ê Orí vivo

On de e st a Òrìÿà

Oh ! m e u Orí ve m m e salvar

Àdúr à Or í

B i m o ba j i lowuro

Ma g bori m í m

Orí e ni lawure

Orí n i g be

Orí n i lan i

Orí n i se ni

Orí m í ôba t e t e la k orí oloro

Má ÿe pe o ran nise

Orí la ba ba m aa bo k a k uk u

Forìÿà k orìÿà sí ilé


Orí k orìÿà sí ilé

Orí m í wa se g be le hin m í

Mi o

Orí m í wa se g be owó f ún m í

Orí m í wa se g be ôlá

Orí m í wa se g be ôm ô

Orí m í wa se g be ire g bog bo

Àÿç t i Olódùn m arè

Olódùnm arè àÿç .

T R AD U ÇÃO:

Quando e u ac ordo,

Eu se g uro m inha c abe ç a.

Orí é prospe ridade .

Orí que m ost ra c am inho.

Orí que ag rada,

Me u Orí ve m prospe rar, que e u não que ro

V e r m in h a c abe ç a m an dar e m voc ê .

É Orí que pode c uidar.

Não e xist e Òrìÿà que salve se m n ossa c abe ç a

Orí ve m m e salvar,

V e n h a m e t raze r din h e iro.


V e n h a m e t raze r rique zas,

V e n h a m e t raze r f e lic idade .

V e n h a m e t raze r t udo de bom .

Abe n ç ôo D e us supre m o.

Or íkì Or í (Ìr çtê Òfún)

T e f un t e f un e yin oni

A d' Íf á f ún ok an le n irin wo Irún m ôlê

Wôn n lo sode ape re

Awo Orí

D ' Ìf á Fún Orí

Orí n lo sode ape re

Wôn n i k i wôn sak aale

Çbô ni siÿe

Orí n ik an nik an

Lo nbe le yin t i nse bo

Çbô Orí wa da adaj u

Nj ë Orí g bon a j orìÿà

Orí n ik an nik an

Lo K ò wôn lapare
Orí n ik an nik an

Lo k ò wôn lapare

Aso lo m e bo o

Orí g bona j orìÿà

T R AD U ÇÃO:

Nom e do B abalawo

Que m saúda os quat roc e nt os Irúnm ôlê ,

Quando e st ão vindo para a t e rra.

Sac e rdot e Orí,

Faç a o j og o para o Orí.

Quando e le e st ava vindo para a t e rra,

Man dou f aze r o j og o para o Orí

Quando e le e st ava vindo para a t e rra,

Man dou f aze r sac rif íc io.

Se u Orí f e z o sac rif íc io,

E o sac rif íc io f oi ac e it o.

Orí é m e lhor que o Òrìÿà.

Só Orí que c h e g a prim e iro a t e rra.


Foi Orí que t rouxe t odos para t e rra. .

Só e le é que m c on h e c e o sac rif íc io.

Òfún-Ìr ëtê

At e f un -t e f un è yìn Òn ì

A díf á f ún Òk àn lé -n rín wó Irún m olè

Wôn Orí

D íf á f ún Orí

Orí n lo sóde Àpé ré

Wôn n i k í wôn sák áalè

Ebo ní síse

Orí n ìk an-nìk an

Ló ríbe le yin t í n' s e bo

Ebo Orí wá à àdàj ò

Nj é Orí g bón á j ' `orìsà

Orí n ìk an-nìk an
Ló k ó wôn l`Ápé ré

Àso ló m e bo o

Orí g bóná j òrìsà

Òf ún -Ìrë t ê

We re we ri do c é u Owe we , que le va a pobre za para f ora c om pe r-


f e iç ão e ra a que da que saiu para Orí e t am bé m para os quat ro-
c e n t os e um Irun m ole s quan do e le s e st avam in do para o c é u
para t e nt ar dividir o Obì do Ãÿç . If á m andou f aze r um sac rif í-
c io . . . . .

Quat roc e n t as divindade s de sobe de c e ram a orde m de le . .

Só Orí f e z o sac rif íc io e f oi ac e it o.

O que Og bon m andou f aze r?

Que os Irunm ale s ac ordasse m be m c e do e f ize sse m um a hom e -


n ag e m para o Criador Supre m o ( Olódùnm arè ) . T odos os Õrìÿà
dorm iram de m ais, som e nt e Orí de spe rt ou c e do e rolou no c hão
e m h om e n ag e m ao c riador.

D e pois dist o, t odos volt aram para o Criador Supre m o, que m an -


dou Og bom para dar um Obì de aut oridade para e le s abrir. Só
Orí t e ve suc e sso e f e z adivinhaç ão e o re sult ado e ra f avoráve l.
a se g uir um a g rande oraç ão .

Havia j ubilaç ão de t odos n o c é u .

Ent ão t odos os lug are s pe rt e nc iam a Orí.

C om o Orí c onquist ou e nt ão o t rono, os out ros Irunm alé s se in -


ve j aram e c onspiraram para de st rona-lo.

Oxala f oi o prim e iro a de saf iar sua aut oridade

Orí m andou e le para Aj alam o, onde de st ina-se a m oldag e m dos


se re s hum anos, onde t orn ou-se R e i da m oldag e m do de st ino.

Orí c riou If á, e If á se t ornou o pe rit o e m Ik in.

Orí c riou Am ak isi no Le st e , de onde nasc e a luz m at ut ina n a


t e rra.

Orí supe rou t odos os Irunm ale s, e m andou t odos aonde e le s


e st ão at é h oj e .

Orí é m aior do que Òríÿà.

Or íkì (Ogbè Ògúndá)

Ise m ë t a ni odo nse

Ka fi

Orí ré g un iyan

K a f i Orí ré g un e t u

K A f i dain -in -dan -in


Àwön n i wôn d' Ìf á f ún

Orise k u ôm ô Òg ún

Wôn k i f ún Orí Ile m e re ôm ô ij a

Wôn d' Ìf á f ún Af uwape

Ôm ô bibi inú Àg bônm ìrè g ún

Nij o t i wôn n lo Ilé Àj álám õpín

Lo re e yan Orí

Wôn n i k i wôn rubo

Af uwape n ik an lo n be le yin t o . . . .

Orí Af uwape wa se m wôn j u

Wow n i àwön k ò m o ibi Olorí

Gbe yan Orí o

Àwön k ò ba lo yan t i àwön

Àwön k ò m o ibi Af uwape g ba

Yan Orí.

Àwön k ò ba lo yan t i àwön

Af uwape da wan loh un wipe

Ibik an naa la j i g be yan Orí o

K adara k ò papi n i

T R AD U ÇÃO:

Mão de pilão t e m t rê s t rabalhos.


Pe de usar para pilar inham e ,

Pode usar para usar f aze r pó

Pode usar para f e c har a port a

Est e é um j og o que saiu para

Orise k u f ilho de Òg ún

Man dou c on sult ar If á,

Foi f e it a a adivinhaç ão.

Para a f ilha de Àg bônm ìrè g ún,

Quando e le e st a indo para a c asa de Àj álám õpín

Para pe g ar o de st ino,

Ele m andou f aze r ç bô, só Af uwape f e z.

E o Orí de Of uwape f ic ou bom .

Os c ole g as pe rg unt aram c om o as c oisas de le f ic aram t ão boas.

E que para que e le s c onsig am m e lhorar, t am bé m

m de ve riam e sc olh e r sua c abe ç a n o m e sm o lug ar on de e le e s-


c olh e u.

Para que se us de st inos se j am ig uais ao de le .

Or íkì Orí ( Òtúr á Õyêkú)

Õrún m ìlà lo di sisin

Mo m í asinwaye n i Êlà bara

Àg bôn m ìrè g ún

Õrún m ìlà n i oun nt i õnà ilé


Oluf e bo wa

Oun m à de àwön e k u lon a

Wôn auro son g iro

Wôn burin g ada

Wôn t u puru le k un

Õrún m ìlà n i k i lo ae

T i wôn f i n sunk un

Wôn n i n iori . . . f in i

T i wôn f i j e oloj a la wuj o

Àwön g bog bo àwön g bari j o

Àwön j o n sin -in

Õrún m ìlà n i k i wôn m asunk un m o

On i se bi e yin k ò g bon o

Eyin k ò m oram

Eyin k ò m o wipe

Orí yoo w' ayé

K ò po bi e yi t i osin wôn wa

Orí yoo sin wôn wa

K ò po bi e yi t o wa woran

Orí n i Alasin w' ayé e ni

B i a ba j i ni k ut uk ut u

K a g ba Orí e n i m u
Orí e ni ni Òrìÿà.

T R AD U ÇÃO:

Õrún m ìlà vira Òrìÿà

Õrún m ìlà ac om panha c ada se r hum ano

Õrún m ìlà e st a indo do c é u para t e rra

e le e n c on t ra e k u n o se u c am in h o

os e k u f ic am n o c am in h o de Õrún m ìlà

e os e k u f ic am c om m e do de Õrún m ìlà

e os e k u c om e ç am a c h orar

Õrún m ìlà pe rg unt a o que e st a ac ont e c e ndo

Õrún m ìlà pe rg unt a porque e le s c horam

os e k u re spon de m que é por que e st ão lon g e de Õrún m ìlà.

Õrún m ìlà f ala para que e le s não c hore m m ais.

e le s re spon de m para Õrún m ìlà que as c oisas n ão e st ão boas.

Õrún m ìlà re sponde que e le s não são sábios

os e k u n ão sabe m que m uit as c abe ç as que ve m boas são pouc as


c om paradas as que ve m e rradas ( ruim ) .

Orí é o que ve m j unt o c om o hum ano

quan do voc ê ac ordar de m an h a se g urar se u Orí, n ossa c abe ç a é


n osso Òrìÿà.

Ad ù rá
ko ro ko ro ni O rí o ye

ko ro ko ro

Bi O rí afu wap e ti ye

ko ro ko ro

O rí rç a s an (o s eu O rí l u tara p o r v o cê, s erá fav o ráv el a v o cê)

ko ro ko ro , o rí s an

o hu n gb o gb o ti b a nd u n e

O rí ni o m àá ro fú n

S e b i O rí , o ti n ni al agb o rand u n çni

O rí (no m e d a p es s a) gb a ki o tu (v o cê es ta p ed i nd o p / a p es s o a q u e
o s p ro b l em as s u jam ai i v i ad o s ).

O rí (no m e d a p es s o a) i wo ni al agb o rand u n (O rí , s ó v o cê p o d e o u v i r


o s s eu s p ro b l em as e d ar s o l u ção ).

O rí p el e o atete ni ran (s au d ação a O rí , p ara O rí não fi car co ntra


v o cê, p ara a p ro s p eri d ad e não es q u ecer d e v o cê).

ki o gb e .................. s i i re o wó (q u e O rí traga p ro s p eri d ad e e d i n-


hei ro ).

ki o gb e .................. s i i re ô l á (q u e O rí traga co i s as b o as ).

!!

Orí
________________________________________________
________
PAGE 1

PAGE 10
_________________________________________
_____

Ilé If á O lokù n A soro Day o – F on e 0X X 1996990102 VIVO –01186709137

TIM 0X X 2178587424 ID* 55*10*134068 N E X TE L

* A r epr o duçã o to ta l o u pa r ci a l des s e m a ter i a l é pr o i bi da *

Você também pode gostar