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DOI: 10.55905/cuadv16n2-ed.esp.

092

Recebimento dos originais: 20/11/2023


Aceitação para publicação: 23/12/2023

Uso de terapias celulares no transplante de medula óssea e


terapia gênica para doenças genéticas

Use of cell therapies in bone marrow transplantation and gene


therapy for genetic diseases
Gustavo Camargo de Mello Rosa
Instituição: Universidade Federal de Goiás
E-mail: gustavo.camargo@discente.ufg.br

Lorrane de Oliveira Braga Rangel


Instituição: Universidade Federal de Goiás
E-mail: lorranerangel@discente.ufg.br

Sabrina Sousa Cardoso


Instituição: Universidade Federal de Goiás
E-mail: sabrinacardoso@discente.ufg.br

Maria Júlia Santos Dantas


Instituição: Universidade Federal de Goiás
E-mail: maria.j.s.dantas@academico.unirv.edu.br

Lúcio Kenny Morais


Instituição: Universidade Federal de Goiás
E-mail: moraislk@gmail.com

RESUMO
A busca por tratamentos eficazes para doenças genéticas hereditárias
impulsionou a medicina regenerativa, usando células-tronco e terapia gênica.
Este artigo explora seu papel nos transplantes de medula óssea e os desafios
enfrentados. O transplante de medula óssea é vital para doenças hematológicas
e imunológicas, mas terapias tradicionais têm limitações. Terapias celulares e
gênicas são promissoras para corrigir as bases genéticas subjacentes em
condições como anemia falciforme, beta-talassemia e imunodeficiências graves.
Elas inserem genes funcionais ou corrigem defeituosos nas células-tronco da
medula óssea, melhorando a saúde do paciente. No entanto, a terapia gênica
precisa de mais estudos clínicos para otimização. A pesquisa também destaca
o potencial das células-tronco na regeneração de tecidos, como em doenças
cardíacas, mas enfrenta desafios técnicos e efeitos adversos. Em resumo, a
medicina regenerativa está transformando o tratamento de doenças genéticas,
oferecendo esperança para pacientes em todo o mundo.

Palavras-chave: medicina regenerativa, terapia gênica, células tronco.

CUADERNOS DE EDUCACIÓN Y DESARROLLO, v. 16, n. 2, p. 01-11, 2024 1


ABSTRACT
The quest for effective treatments for hereditary genetic diseases has propelled
regenerative medicine, utilizing stem cells and gene therapy. This article explores
their role in bone marrow transplants and the challenges faced. Bone marrow
transplantation, vital for hematologic and immunologic disorders, encounters
limitations with traditional therapies. Cellular and genetic therapies hold promise
in correcting the underlying genetic bases in conditions such as sickle cell
anemia, beta-thalassemia, and severe immunodeficiencies. They introduce
functional genes or rectify defects in bone marrow stem cells, enhancing patient
health. However, gene therapy necessitates further clinical studies for
optimization. Research also underscores the potential of stem cells in tissue
regeneration, as seen in heart diseases, albeit with technical challenges and
adverse effects. In summary, regenerative medicine is revolutionizing the
treatment of genetic diseases, offering hope to patients worldwide.

Keywords: regenerative medicine, gene therapy, stem cells.

1 INTRODUÇÃO
A busca incessante por soluções eficazes no tratamento de doenças
genéticas hereditárias tem levado à evolução constante da medicina
regenerativa com isso a pesquisa sobre a aplicação de células-tronco para
regenerar tecidos ou órgãos danificados em pacientes com doenças crônicas e
degenerativas é relativamente recente. A primeira evidência da habilidade das
células-tronco da medula óssea em transformar-se em células especializadas foi
documentada em 1998. Utilizando um modelo de estudo onde lesões
musculares foram induzidas quimicamente em ratos scid/bg, Ferrari e seus
colegas demonstraram que as células-tronco da medula óssea de ratos adultos
poderiam migrar para a área afetada do músculo e diferenciar-se em células
musculares esqueléticas.
Nesse contexto, as terapias celulares e a terapia gênica têm emergido
como abordagens revolucionárias, oferecendo perspectivas promissoras para
pacientes afetados por condições genéticas debilitantes. Uma das estratégias
mais notáveis é a utilização dessas terapias em conjunto com o transplante de
medula óssea, um procedimento estabelecido que se beneficia
substancialmente do avanço das técnicas moleculares e da compreensão
crescente da biologia celular. Este artigo explora o crescente corpo de evidências

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que respalda o uso de terapias celulares no transplante de medula óssea,
juntamente com as promessas e desafios da terapia gênica, oferecendo uma
visão abrangente das inovações que estão moldando o futuro do tratamento de
doenças genéticas.
O transplante de medula óssea, também conhecido como transplante de
células-tronco hematopoiéticas, tem sido um pilar no tratamento de uma
variedade de doenças hematológicas e imunológicas. No entanto, em condições
genéticas onde uma correção permanente é necessária, as terapias tradicionais
muitas vezes apresentam limitações. É aqui que as terapias celulares e a terapia
gênica entram em cena, oferecendo a esperança de não apenas aliviar os
sintomas, mas também de corrigir as bases genéticas subjacentes dessas
doenças. A terapia celular, que engloba a utilização de células-tronco
modificadas, e a terapia gênica, que visa corrigir ou substituir genes defeituosos,
estão transformando radicalmente a forma como abordamos doenças genéticas.
As doenças genéticas que utilizam a terapia gênica ou a terapia celular
em transplantes de medula óssea incluem condições como anemia falciforme,
beta-talassemia e imunodeficiências combinadas graves (SCID, na sigla em
inglês). Nesses casos, a terapia genética pode ser usada para corrigir os defeitos
genéticos presentes nas células-tronco da medula óssea, antes de serem
transplantadas para o paciente.
Na anemia falciforme e beta-talassemia, por exemplo, a terapia genética
visa a inserção de um gene funcional nas células-tronco da medula óssea, com
o objetivo de corrigir as mutações que causam essas doenças. Isso permite que
as células produtoras de sangue geradas a partir das células-tronco corrigidas
produzam hemoglobina saudável, reduzindo os sintomas da doença.
Nas imunodeficiências combinadas graves, que são distúrbios severos do
sistema imunológico, a terapia gênica pode ser utilizada para corrigir os genes
defeituosos nas células-tronco da medula óssea. Isso permite que o sistema
imunológico do paciente seja restaurado, prevenindo infecções graves e
potencialmente fatais.

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Esses tratamentos representam avanços promissores no campo da
medicina, oferecendo a possibilidade de correção genética diretamente nas
células-tronco da medula óssea, o que pode resultar em melhorias significativas
na qualidade de vida e na saúde dos pacientes com doenças genéticas graves.

2 METODOLOGIA
A metodologia adotada para a elaboração deste artigo consistiu em
realizar uma revisão bibliográfica integrativa de abordagem qualitativa. O
objetivo principal foi analisar a aplicação das terapias celulares e da terapia
gênica no contexto do transplante de medula óssea e seu impacto no tratamento
de doenças genéticas hereditárias.
Primeiramente, conduzimos uma pesquisa sistemática na base de dados
PubMed, uma plataforma que oferece acesso gratuito ao banco de dados
MEDLINE, além da plataforma SCIELO. Utilizamos descritores em inglês, como
"cellular therapy," "gene therapy," "bone marrow transplant," e suas respectivas
variações em português, para buscar artigos relevantes relacionados ao tema.
A seleção dos artigos para inclusão na revisão foi baseada em critérios
específicos. Consideramos artigos publicados nos últimos 15 anos, a partir de
2008, que abordassem a aplicação das terapias celulares e da terapia gênica
em pacientes afetados por doenças genéticas hereditárias. Além disso, os
artigos selecionados deveriam oferecer insights sobre os avanços, perspectivas
promissoras e desafios dessas abordagens terapêuticas.
A fase de seleção dos artigos envolveu a análise dos títulos e resumos,
permitindo a identificação de trabalhos relevantes para o escopo da pesquisa.
Foram excluídos artigos que não estavam diretamente relacionados ao uso das
terapias celulares e da terapia gênica no contexto do transplante de medula
óssea para doenças genéticas hereditárias. Também foram excluídos aqueles
que apresentavam metodologias pouco claras ou que não contribuíam de
maneira substancial para o tema abordado.
Após a aplicação rigorosa dos critérios de inclusão e exclusão, um total
de 4 artigos foi selecionado para leitura completa e análise detalhada. Esses

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artigos foram utilizados como base para a construção da revisão bibliográfica,
que busca oferecer uma visão abrangente das inovações que estão moldando o
futuro do tratamento das doenças genéticas por meio das terapias celulares e da
terapia gênica no contexto do transplante de medula óssea.

3 RESULTADOS
A anemia hereditária é uma condição causada por distúrbios genéticos
hematológicos, incluindo doença falciforme (SCD), anemia de Fanconi (FA),
deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD) e talassemia. Cada uma
dessas condições é resultado de uma alteração genética específica que afeta a
produção ou função das hemácias. (ANUROGO et al., 2021). A doença
falciforme (SCD) é causada por uma mutação no gene da cadeia β-globina, que
leva à formação de hemoglobina falciforme (HbS) em vez de hemoglobina
normal. Em condições de baixo nível de oxigênio, a HbS tende a se polimerizar,
levando à formação de glóbulos vermelhos em forma de foice. Nesse viés, essas
hemácias deformadas podem obstruir o fluxo sanguíneo e são mais propensas
à hemólise.
Atualmente, as principais abordagens terapêuticas para SCD incluem
hidroxiureia, transfusão de sangue e transplante de células-tronco
hematopoiéticas (HCT). Além disso, a terapia genética (GT) e a terapia celular
projetada têm mostrado resultados promissores. A abordagem de célula-tronco
projetada para SCD envolve a coleta de células-tronco hematopoiéticas
autólogas, modificação genética por edição de genes para corrigir o defeito
genético e, em seguida, o transplante das células corrigidas de volta ao paciente
após condicionamento quimioterápico (ANUROGO et al., 2021).
A anemia de Fanconi (FA) é uma doença genética rara que leva à falha
da medula óssea, pancitopenia, malformações congênitas e risco aumentado de
câncer. O tratamento atual inclui o transplante de células-tronco hematopoiéticas
(HCT), mas a terapia genética (GT) emergente tem mostrado resultados
promissores como uma alternativa. As abordagens de GT para FA envolvem a
inserção de cópias funcionais do gene FA em um vetor viral e sua incorporação

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no genoma defeituoso do paciente. Os vetores retrovirais e lentivirais têm sido
utilizados para esse fim. Estudos clínicos têm demonstrado a eficácia da terapia
celular hematopoiética geneticamente modificada em pacientes com FA do
subtipo A (FA-A) (ANUROGO et al., 2021).
A deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD) é causada por
mutações no gene G6PD, levando à interrupção da via da pentose fosfato e
redução dos níveis de NADPH. Isso torna as hemácias mais suscetíveis ao
estresse oxidativo e à hemólise quando expostas a substâncias oxidativas.
Atualmente, não há tratamento específico para a deficiência de G6PD, e os
pacientes são aconselhados a evitar exposição a agentes indutores de estresse
oxidativo. Não foram realizados ensaios clínicos de terapias celulares ou de
terapia genética específica para essa condição (ANUROGO et al., 2021).
A talassemia é uma doença autossômica recessiva que causa defeitos na
produção de hemoglobina. As formas mais graves de talassemia, como a
talassemia beta maior (TBM), requerem tratamento regular com transfusões de
sangue. O tratamento curativo para a talassemia é o transplante de células-
tronco hematopoiéticas (HCT) alogênicas, mas essa abordagem enfrenta
limitações relacionadas à disponibilidade de doadores compatíveis. Abordagens
emergentes de terapia genética, como a edição de genes com a tecnologia
CRISPR-Cas9, têm mostrado resultados promissores para corrigir defeitos
genéticos em células-tronco hematopoiéticas e podem ser uma opção futura
para pacientes com talassemia (ANUROGO et al., 2021).
Portanto, em relação a essas anemias hereditárias, como anemia
falciforme, deficiência de G6PD, talassemia e anemia de Fanconi, a terapia
celular e a terapia genética mostram-se como uma ferramenta promissora para
o tratamento dessas doenças. A terapia celular projetada envolve modificar
geneticamente as células-tronco do paciente, reduzindo rejeição e
imunossupressão. O uso da tecnologia CRISPR-Cas9 possibilita a edição
precisa dos genes defeituosos nas células-tronco. Porém, há desafios em
aprimorar a eficiência e segurança da edição genética, evitando efeitos fora do
alvo no DNA e RNA. Em conclusão, essas abordagens oferecem esperança para

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tratamentos curativos de anemias hereditárias, mas ainda são necessários mais
estudos para garantir sua eficácia e segurança. (ANUROGO et al., 2021). Além
disso, a terapia genética utilizando células-tronco hematopoiéticas (HSPCs)
autólogas tem se mostrado uma abordagem inovadora e promissora no
tratamento da síndrome de Hurler, uma rara doença genética conhecida como
mucopolissacaridose tipo I, variante Hurler (MPSIH). Assim, para essa condição,
o tratamento convencional, como a terapia de reposição enzimática (ERT), reduz
o acúmulo de GAG em alguns aspectos, mas não é efetivo no controle de todas
as manifestações da doença (GENTNER et al., 2021).
Nesse contexto, a terapia genética com HSPCs autólogas apresenta-se
como uma alternativa promissora, buscando corrigir a deficiência enzimática
através da engenharia genética. Em um estudo com oito pacientes com MPSIH,
os HSPCs foram coletados dos próprios pacientes, modificados geneticamente
para produzirem uma atividade supranormal da enzima IDUA, e, em seguida,
reintroduzidos no organismo. (GENTNER et al., 2021). Os resultados mostraram
que a atividade da IDUA no sangue das crianças tratadas era de 3 a 12 vezes
maior do que a média de indivíduos saudáveis. Além disso, o tratamento resultou
em uma redução rápida e profunda do acúmulo de GAG, inclusive no sistema
nervoso central, o que pode ser crucial para evitar a regressão neurocognitiva e
melhorar os resultados clínicos. (GENTNER et al., 2021). Em suma, comparada
ao transplante alogênico de células-tronco hematopoiéticas, a terapia genética
HSPC mostrou-se mais eficaz na correção do defeito bioquímico, o que pode
representar uma nova esperança para pacientes com síndrome de Hurler.
Entretanto, estudos de acompanhamento mais longos são necessários para
entender completamente os efeitos dessa abordagem, com a finalidade de
determinar sua segurança e sua eficácia em longo prazo (GENTNER et al.,
2021).
Ademais, é importante destacar que as células-tronco são células
indiferenciadas capazes de se transformarem em células especializadas e, ao
mesmo tempo, manter sua reserva indiferenciada. Mesmo que o mecanismo
preciso pelo qual as células-tronco regeneram tecidos lesados não esteja

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completamente elucidado, estudos em animais e humanos têm sugerido
benefícios reais com essa terapia para o tratamento de doenças cardíacas
(MOTA; SOARES; SANTOS, 2005). Por causa disso, estudos em animais
demonstraram melhorias significativas na função cardíaca após o uso de células-
tronco da medula óssea. Esses resultados positivos levaram a ensaios clínicos
em pacientes com doenças cardiovasculares, onde se utilizam diferentes fontes
de células-tronco, como células-tronco embrionárias e células-tronco de cordão
umbilical, além das células-tronco da própria medula óssea (MOTA; SOARES;
SANTOS, 2005). Desse modo, esses estudos mostraram a importância da
terapia celular como uma alternativa promissora para tratar doenças crônicas e
degenerativas, incluindo as cardiovasculares, mas destacam que ainda existem
desafios para entender completamente esses processos e aperfeiçoar as
estratégias terapêuticas. A pesquisa continua em andamento, com o intuito de
esclarecer os tipos de células mais adequados, as melhores formas de
implantação e o momento mais apropriado para intervenção em cada doença
específica (MOTA; SOARES; SANTOS, 2005).
Além disso, no que se refere à anemia falciforme, é primordial ressaltar
que a fisiopatologia dessa doença é complexa, envolvendo vários fatores como
adesão celular, inflamação, estresse oxidativo e polimerização. Os tratamentos
atuais, como transfusões sanguíneas e hidroxiureia, têm limitações e efeitos
colaterais, tornando necessárias outras abordagens terapêuticas (FORONI et al.,
2022). Nessa conjuntura, o transplante de células-tronco hematopoéticas é a
opção curativa, mas enfrenta desafios, como a disponibilidade limitada de
doadores compatíveis. Assim, a terapia gênica surge como uma alternativa,
onde os próprios genes das células do paciente são modificados e usados no
transplante, reduzindo riscos de rejeição e doença do enxerto contra hospedeiro
(FORONI et al., 2022). Estudos experimentais com essa terapia gênica têm
demonstrado resultados significativos na redução da expressão do gene mutado
e no aumento da expressão do gene manipulado, mas essa terapia ainda está
em estágio de ensaios clínicos. Por conta disso, ainda é necessário aprimorar
as técnicas, padronizar protocolos e garantir a segurança e eficácia da terapia

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gênica para torná-la uma opção viável para pacientes com anemia falciforme
(FORONI et al., 2022).

4 CONCLUSÃO
Em conclusão, as investigações das anemias hereditárias têm revelado a
complexidade das alterações genéticas subjacentes que afetam a produção e
função das hemácias. As doenças como a anemia falciforme, a anemia de
Fanconi, a deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD) e a talassemia
representam desafios médicos substanciais, requerendo abordagens
terapêuticas inovadoras e personalizadas.
A evolução da medicina regenerativa trouxe à luz uma nova esperança,
manifestada nas promissoras terapias celulares e terapia gênica. Essas
abordagens oferecem perspectivas revolucionárias para o tratamento das
anemias hereditárias, permitindo a correção genética direta nas células-tronco
da medula óssea. A terapia celular projetada, que envolve a modificação
genética das células-tronco do paciente, representa uma abordagem com
potencial para reduzir rejeição e efeitos adversos, enquanto a edição precisa de
genes por meio da tecnologia CRISPR-Cas9 abre novas vias para correção de
defeitos genéticos.
Embora os resultados preliminares sejam promissores, há desafios
consideráveis a serem enfrentados. A segurança e a eficácia das terapias
celulares e terapia gênica requerem mais estudos e validação clínica em larga
escala. A otimização das técnicas de edição genética, a minimização de efeitos
fora do alvo e a garantia da estabilidade a longo prazo são aspectos críticos para
a transformação dessas abordagens em tratamentos confiáveis.
Além disso, o avanço na compreensão das células-tronco e sua
capacidade de regenerar tecidos lesados apresenta um horizonte de
possibilidades promissoras no tratamento de doenças cardíacas e outras
condições degenerativas. Os estudos em andamento estão construindo o
conhecimento necessário para implementar terapias celulares com sucesso,
abrindo caminho para abordagens mais eficazes e personalizadas.

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A investigação das anemias hereditárias e outras doenças genéticas
continua a moldar a maneira como percebemos e tratamos essas condições
complexas. À medida que a pesquisa avança e novas descobertas são feitas, a
esperança cresce para aqueles que vivem com essas doenças debilitantes. A
medicina regenerativa, ancorada em terapias celulares e terapia gênica, está
conduzindo o futuro do tratamento de doenças genéticas, oferecendo a
promessa de uma vida mais saudável e plena para muitos indivíduos em todo o
mundo. Ademais, com a pesquisa realizada nesse trabalho, conclui-se que ainda
é preciso que mais estudos sejam realizados na área, haja vista a quantidade
escassa de material encontrado.

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REFERÊNCIAS

ANUROGO, Dito et al. Cell and Gene Therapy for Anemia: Hematopoietic Stem
Cells and Gene Editing. International Journal of Molecular Sciences, v. 22, p.
6275, 2021.

FORONI, Heloísa Garcia Rocha et al. Terapia gênica e transplante de células-


tronco como alternativas de cura para pacientes com anemia falciforme.
Brazilian Journal of Development, Curitiba, abr. 2022.

GENTNER, Bernhard et al. Hematopoietic Stem- and Progenitor-Cell Gene


Therapy for Hurler Syndrome. The New England Journal of Medicine, v. 385,
n. 21, p. 1929-1940, 2021.

MOTA, Augusto C. A.; SOARES, Milena B. P.; SANTOS, Ricardo R.


Regenerative therapy using bone marrow stem cells in cardiovascular diseases
- The perspective of the hematologist. Rev. Bras. Hematol. Hemoter., v. 27, n.
2, p. 126-132, 2005.

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