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Docente: Dinair Barbosa

Discente: Marcleynne da Silva Gomes


RESUMO
A linguagem é a capacidade que o ser humano desenvolve para comunicar-se,
expressar suas emoções e sentimentos por meio de signos. Para tentar explicá-la, dois
grandes nomes da linguística debruçaram-se a estudar a linguagem aplicando a teoria
do signo, Ferdinand de Saussure e Charles Sanders Peirce, os quais foram
respectivamente representantes máximos das noções de signo.

Saussure propôs a semiologia, o estudo do signo diante da dualidade, dividida


em “significado” e “significante”. Segundo ele, o significado é o conceito e o
significante é a imagem acústica, ambos eram interdependentes e arbitrários, sendo
também uma entidade psíquica.

Vejamos o diagrama proposto por Saussure:

Figura 1- Concepção dual de Saussure

Fonte: Saussure 1990

Saussure afirma que o signo é arbitrário por não existir relação de causa ou
efeito entre o significante e a coisa por ele representado.

Diferentemente de Saussure, Peirce propôs a semiótica, estudo do signo como


triádico (três partes), sendo dividido em “representamen”, “objeto” e “interpretante”.
Em sua teoria, ele afirma que o representamen é aquilo que representa algo para
alguém, é criado na mente de cada pessoa para representar o objeto (forma
perceptível do signo), o objeto é o próprio dito (o que o signo representa) e o
interpretante é a compreensão do signo, tudo isso só é possível pela ligação entre o
mundo.

Vejamos o diagrama proposto por Peirce:


Figura 2 - Triângulo semiótico com termos de Peirce

Apesar de divergir da teoria de signo proposto por Saussure, Peirce concorda


que a relação de signo e interpretante é convencional, no entanto ele adota
categorização dos signos, separando-os em causal (índice), convencional (símbolo) e
semelhantes(ícone).

Índice é caracterizado quando a relação é causal ou motivada, quando se refere


ao objeto atribuído em virtude de ser atingido por ele. Vejamos um exemplo:

Figura 3 - Exemplificação de índice

Fonte: https://youtu.be/MI3sJASBdg8?si=Bi55UEOyfYZ4fCV7

Ao ouvir-se o miado, logo será feita a associação entre o miado ao gato, animal
que o reproduz.

O símbolo é caracterizado por meio da convenção, lei ou associação de ideias,


não tem relação direta com aquilo a que se refere. Vejamos demonstração abaixo:

Figura 4 - Exemplificação de índice

Fonte: https://youtu.be/MI3sJASBdg8?si=Bi55UEOyfYZ4fCV7

A relação entre o signo e o objeto é arbitrariamente estabelecida e depende do


entendimento cultural ou social para ser compreendida.

O ícone é caracterizado pela semelhança com o objeto, é uma forma de


representação do objeto, por meio de foto, de desenho, etc. Vejamos o exemplo:
Figura 5 - Exemplificação de símbolo

Fonte: https://youtu.be/MI3sJASBdg8?si=Bi55UEOyfYZ4fCV7

Ao ver o desenho, nota-se a semelhança que há em relação ao signo.

Deste modo se faz muito evidente as divergências teóricas entre ambos, Peirce
dar início a novas possibilidades a partir de sua teoria, enquanto a de Saussure era
mais restrita. Saussure limitou sua teoria apenas em dicotomias, deixando levar em
consideração fatores importantes, já Peirce ampliou, trouxe a tricotomia para sua
teoria, introduziu a semiose e definiu as propriedades dos signos.

Lucia Santaella definiu semiótica como uma ciência dos signos, é a ciência
geral de todas as linguagens, ou melhor, a semiótica é a ciência que estuda todas as
formas do homem se comunicar. A semiose desenvolve-se em três etapas sucessivas
e interligadas. A primeira é denominada primeiridade e é composta pelo ícone,
qualissigno e rema. A segunda recebeu o nome de secundidade, a qual faz parte o
índice, o sinsigo e dicente. A terceira e última chama-se terceiridade, nesta categoria
está o símbolo, legissigno e argumento.

Segundo a teoria peirceana, qualissigno é um signo qualitativo, uma qualidade


sensível tomada como signo, um determinante. Como por exemplo, uma pintura
abstrata considerando a sua qualidade primeira – Sensação – (cores, luminosidade,
textura), sem tentarmos interpretar (nivel da Primeiridade). O sinsigno é um objeto ou
evento tomado como signo, todo objeto de experiência na medida em que alguma de
suas qualidades faça-o determinar a ideia de um objeto, como por exemplo, um
catavento indicando a direção do vento, que é capaz de veicular informação, pois o
catavento age por uma relação de causalidade. O legissigno é uma lei, ou tipo geral
tomado como signo, não sendo necessariamente federal ou fundamentada em código
civil, podendo ser por exemplo a luz verde do semáforo no trânsito.

Ainda dentro das etapas, encontra-se a rema, que é um signo que não é
verdadeiro e nem falso, é quando o efeito do signo está relacionado, sobretudo a
essência do signo, à aparência. Como por exemplo, quando uma pessoa canta muito
bem e causa arrepio em seu ouvinte, é o efeito da essência, da própria apresentação
do signo. Não é o que se quer dizer, é a maneira como se diz.
O dicente, que também e enquadra nas etapas, é o que corresponde ao
enunciado, é um signo que se presta à formação ou asserção, é um signo de
existência real, como o exemplo do copo de água sobre a mesa, este é um signo de
existência real, pois sua veracidade pode ser constatada no local em que o copo
deveria estar, por isso os dicentes são interpretantes de sinsignos indiciais,
conectando o signo que se fala ao determinado objeto, como afirmou Santaella.

Já o argumento é um signo que, para seu interpretante, de uma conjunção


ordenada. Vai ser um efeito interpretante, quando o interpretante conhece as leis
envolvidas na representação do objeto pelo signo. Um exemplo é quando se está
andando na rua, o sinal fecha, logo a pessoa que conhece as leis vai parar, isso é
uma convenção que diz “vermelho significa PARE”. Se caracteriza argumento quando
se extrai conclusões a partir do conhecimento das regras.

Para finalizar, Charles Sanders Peirce contribuiu grandemente para o estudo


da linguística com suas dez classes principais de signos, as quais são combinações
triádicas de signo, que cujas combinatórias resultam em diversas classes. Vejamos a
tabela com as combinações:

Tabela 1- Classificação dos signos

Fonte: Silveira (2007)


Classes Relação de representamen Relação de objeto Relação de interpretante
I Qualissigno Icônico Remático
II Sinsigno Icônico Remático
III Sinsigno Indicativo Remático
IV Sinsigno Indicativo Dicente
V Legissigno Icônico Remático
VI Legissigno Indicativo Remático
VII Legissigno Indicativo Dicente
VIII Legissigno Símbolo Remático
IX Legissigno Símbolo Dicente
X Legissigno Símbolo Argumento

Diante das teorias saussureana e peirceanas, nota-se as semelhanças e


divergências, contudo, ambas foram imprescindíveis para o conhecimento sistemático
e organizado da linguagem, não podendo desmerecer os méritos alcançados por cada
um dentro de suas respectivas teorias.

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