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E-fólio A

Semiótica - 51118

José Bárbara – 1000486

A afirmação de Humberto Eco - “As definições de ‘signo’ que circulam nos


manuais de semiótica corrente são diversas mas não contraditórias e são muitas vezes
complementares.”- é perfeitamente justificada, e poderia mesmo atrever-me a reforçar
com um universo mais abrangente que os manuais de semiótica, onde podemos verificar
que o conceito de signo é ilimitado quando aplicado ao universo da comunicação e
expressão humana.

Do grego Semeion, que seria o equivalente à nossa palavra “sinal” aparece como
termo filosófico e técnico no século V AC com Parménides e Hipócrates mas sem uma
relação direta com o signo linguístico mas sim num contexto de sintoma ou indicio. Já
com Platão e Aristóteles aparece uma relação direta com as palavras e a comunicação,
em que estes se referem a significante e significado e significação e referência
apresentando dois planos complementares, que seriam retomados muito mais tarde por
Saussure embora num contexto diferente.

O Signo, será igualmente objeto de estudo para os Estóicos, que iniciam uma
primeira divisão distinguindo signos comemorativos e signos indicativos, mas todos
eles como proposições com um antecedente que gera um consequente.

Posteriormente, também Santo Agostinho se debruça sobre este tema afirmando:


“ a palavra é o signo de uma coisa que pode ser compreendida pelo auditor quando é
proferida pelo locutor” indicando a dimensão comunicacional, mas não descura a
representação semântica ao proferir: “ o signo é o que se mostra a si mesmo ao sentido,
e que, para além de si, mostra ainda alguma coisa ao espirito”. Santo Agostinho, vai
indicar quatro elementos constitutivos: a palavra, o exprimível, a expressão e a coisa
que vão marcar a tradição filosófica durante longo período de tempo e que virá a ser
contestada já no início do século XX por Saussure que retoma uma visão de dualidade
entre significante e significado com base na qual desenvolve os princípios da
Semiologia.

Será no entanto Peirce, do outro lado do Atlântico, que introduz o conceito de


Semiótica e nos define o signo como o “ o sujeito de uma relação triádica para um
Segundo, dito seu objecto, e para um terceiro, dito seu interpretante,” Podemos então
considerar que Peirce e Saussure são de grande importância na definição de signo e
serão as suas teorias a base para a semiótica atual.

Ao tentar chegar a uma definição de signo original, tenderia a afirmar que signo
é a apresentação num processo físico codificado de uma ideia ou mensagem. Trata-se de
um processo físico porque é percetível pelos sentidos e codificado porque apenas
apreensível pelos intervenientes que conhecem os códigos específicos.
Quando vemos a porta arrombada, facilmente preconizamos que fomos
assaltados, estamos perante um índice, um signo natural em que operamos uma dedução
lógica com base num indício que nos leva a concluir uma realidade não visível. Por
oposição, ao vermos a fotografia de uma pessoa, estamos perante um ícone, um signo
substitutivo em que não depreendemos nada de novo mas apenas nos representa uma
determinada realidade. Podemos ainda encontrar um sinal de trânsito como signo em
que temos perante nós um símbolo convencionalmente aceite: um traço branco contra
um fundo vermelho apenas por convenção nos significa que não podemos circular nessa
via.

A semiótica de Pierce estabelece relações lógicas variáveis na sua génese, mas


sempre com os três elementos em conjunto: o representamen, o objecto e o
interpretante. Independentemente do tipo de signos com que nos deparamos no nosso
dia a dia, ao apontar-nos uma forma de entendimento da realidade através de vários
vetores possíveis, encontra-mos em Pierce uma base teórica para o complexo mundo
simbólico que carateriza a sociedade contemporânea.

Bibliografia:

Rodrigues, A.D. (1991), Introdução à Semiótica, Lisboa – Presença

António Fidalgo e Anabela Gradim (2004/2005) , Manual de Semiótica,- ubi.pt

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