O documento discute a distinção entre sentido e referência proposta por Frege. Frege argumenta que a igualdade é uma relação entre sentidos de nomes e não entre objetos. Sentido é o modo como um símbolo apresenta seu referente, enquanto referência é o próprio objeto a que o símbolo se refere. Para frases declarativas, o sentido é o pensamento expresso, enquanto a referência é seu valor de verdade.
O documento discute a distinção entre sentido e referência proposta por Frege. Frege argumenta que a igualdade é uma relação entre sentidos de nomes e não entre objetos. Sentido é o modo como um símbolo apresenta seu referente, enquanto referência é o próprio objeto a que o símbolo se refere. Para frases declarativas, o sentido é o pensamento expresso, enquanto a referência é seu valor de verdade.
O documento discute a distinção entre sentido e referência proposta por Frege. Frege argumenta que a igualdade é uma relação entre sentidos de nomes e não entre objetos. Sentido é o modo como um símbolo apresenta seu referente, enquanto referência é o próprio objeto a que o símbolo se refere. Para frases declarativas, o sentido é o pensamento expresso, enquanto a referência é seu valor de verdade.
1. Igualdade tautológica e não tautológica, sentido e referência para
nomes próprios Frege considera inicialmente duas possibilidades para se definir a igualdade: defini-la como uma relação entre nomes ou como uma relação entre objetos (aquilo a que os nomes referem-se, as coisas). A última é rejeitada pela consideração das diferenças entre dois tipos diferentes de identidade: a identidade de tipo A=A é diferente da identidade da identidade de tipo A=B: a primeira é tautológica, não ampliativa, a priori, do tipo que Kant chamaria “analítica”; enquanto a segunda é ampliativa e não necessariamente pode ser justificada a priori. Por exemplo, que Vênus = Vênus é válido a priori, e não amplia em nada nossos conhecimentos astronômicos. Portanto, um exemplo do primeiro tipo. Mas Estrela da Manhã = Vênus e Estrela da Tarde = Vênus, e, por transitividade, Estrela da Tarde = Estrela da Manhã, não é justificável a priori, e amplia nossos conhecimentos.. Se fosse verdadeiro que a igualdade é uma relação entre objetos, segundo Frege, não poderia ser o caso A=A e B=A são tipos diferentes de identidade, visto que a igualdade é uma relação de um objeto consigo mesmo, e com nada mais. Deve-se considerar, então, a segunda hipótese, que a identidade se dá entre nomes ou símbolos. Se ela for verdadeira, a identidade de segundo tipo, A=B, se daria entre símbolos que referem-se ao mesmo objeto. O problema com essa alternativa é que a relação entre símbolos e objetos é arbitrária, convencional, e se fosse o caso, não estaríamos exprimindo nenhum conhecimento substancial com a identidade A=B, mas simplesmente que dois nomes distintos foram arbitrariamente escolhidos para um objeto. A solução fregiana é que os nomes identificados veiculam modos pelos quais o referente é apresentado, isto é, certas perspectivas sob as quais o objeto apresenta-se para nós e pelas quais apresentamos o objeto, como no caso de Estrela da Manhã = Estrela da Tarde. A fixação daquilo a quê o símbolo ou nome refere-se é a referência do símbolo ou nome, o modo de apresentação do referente veiculado pelo símbolo é o sentido. Frege não trata aqui de conceitos gerais ou relações, mas, por ora, de símbolos e nomes que funcionam como nomes próprios. Sentido e referência foram suscintamente explicados assim: Um nome próprio (palavra, símbolo, combinação de símbolos, expressão) exprime o seu sentido, refere-se a ou designa a sua referência. Exprimimos com um símbolo o seu sentido e designamos com ele a sua referência.
Além de a referência poder ser apresentada por muitos sentidos
diferentes, como a referência a Vênus, que foi apresentada por Estrela da Manhã e Estrela da Tarde; um mesmo símbolo pode ter muitos sentidos (a polissemia conhecida dos termos de uma linguagem), o mesmo sentido pode ser veiculado por muitos símbolos diferentes (sinonímia), e, por fim, um sentido pode não ter referência. O rei atual da França certamente veicula um sentido, mas não tem qualquer referente (não se refere a nada que existe objetivamente). 2. A diferença entre representação (mental) e sentido Deve-se diferenciar o sentido da representação (mental). As representações são aquelas imagens que nossa imaginação produz: pense na imagem mental que cada um produz do mar, por exemplo. A uma mesma imagem mental, pode-se associar diferentes sentidos: posso imaginar o mesmo ao ouvir falar em “o estagirita mais famoso” e “o autor da Metafísica”. Um mesmo sentido pode, é claro, suscitar diferentes imagens mentais, ao ouvir falar em “o segundo planeta mais próximo ao Sol” pode-se formar várias imagens mentais diferentes para a esse sentido. Disso segue que não há uma correspondência de um para um entre os sentidos e as representações, implicando que não podem ser o mesmo. Ademais, o sentido é público, intersubjetivo; enquanto a representação (mental) é privada, subjetiva. Enquanto a representação mental é subjetiva, e a referência é o próprio objeto; o sentido deve ser visto como um intermediário entre eles: ela não é nem subjetiva, como a representação, e tampouco é o próprio objeto. Frege compara o sentido com um imagem da Lua vista de um telescópio, que não é a própria Lua, mas uma imagem parcial dela, mas ainda, assim, intersubjetivamente acessível; a própria Lua com a referência; e a imagem que formamos a partir do telescópio, subjetiva e intransferível, com a representação mental. 3. Sentido e referência para frases declarativas, referência de frases declarativas é seu valor de verdade Disse anteriormente que, por ora, estávamos tratando somente da referência e sentido para nomes próprios. Daqui em diante, passaremos a tratar de frases declarativas completas, como “A Terra tem somente um satélite natural”. O pensamento, entendido como o conteúdo intersubjetivo, não como o ato subjetivo de pensar, é o sentido, não a referência da frase. Os pensamentos “A Estrela da Manhã é iluminada pelo Sol” e “A Estrela da Tarde é iluminada pelo Sol”, tem a mesma referência, embora sejam pensamentos diferentes. Por que? Porque são sentidos diferentes para a frase declarativa, pessoas que não sabem que Estrela da Manhã = Estrela da Tarde podem não saber que as frases têm o mesmo valor de verdade, por isso os pensamentos não podem ser a referência da frase. Para investigar qual a referência de uma frase declarativa, ele pede para consideramos a frase “Ulisse desembarcou em Ítaca dormindo profundamente”. Caso estejamos interessados somente no sentido, no pensamento, e naquilo que ele suscita em nós, é indiferente buscar pela referência, provavelmente inexistente do termo “Ulisses”, que comprometeria toda a referência da frase. É quando nos interessamos pelo valor de verdade, isto é, se é verdadeira ou falsa, que nos voltamos para o valor de verdade da frase. Por isso a referência de uma frase declarativa é seu valor de verdade, o Verdadeiro e o Falso. Por isso, qualquer frase verdadeira tem a mesma referência, o Verdadeiro, e toda frase falsa, tem como referência o Falso.