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DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
IDENTIFICAÇÃO E IMAGINÁRIO
Os objetos nos quais a energia libidinal é investida são diversos uma vez que
esses objetos são completamente contingenciais, mutáveis e reduzíveis a locais de
escoamento da angústia pulsional. Segundo Chemama (1995):
“Originalmente, o objeto não está ligado à pulsão. É seu elemento mais variável: a
pulsão se desloca de um objeto para outro, durante seu destino. O objeto pode servir
para satisfazer diversas pulsões. Todavia, pode se fixar precocemente. Portanto, o
objeto da pulsão não deve ser confundido com o objeto de uma necessidade: trata-se
de um fato de linguagem, como o mostra a fixação.” (Chemama, 1995)
2) Auto-erotismo e Narcisismo
b) Eu/Ego
Constituído a partir do narcisismo primário, o conceito de Eu modifica-se ao
longo da bibliografia freudiana. Num primeiro momento, confundindo-se com o consciente, o
Eu ganha mais substância a partir da introdução da segunda tópica, na qual diferencia-se do
Isso a partir da barreira do recalque e de sua proximidade da realidade. Ao mesmo tempo
agindo como mediador entre os ataques pulsionais do Isso e a regulação tirânica do Supereu,
o Eu constitui-se como uma estrutura mutável e capaz de empregar mecanismos de defesa
para suprimir aquilo que é desagradável.
c) Eu Ideal e Ideal de Eu
O ideal de eu pode ser relacionado ao desejo, uma vez que supõe-se um desejo
dos pais para com o recém-nascido desejo ao qual, posteriormente, é almejado por ser uma
referência e produto da identificação com as figuras parentais em todas suas configurações.
Assim, a marca daquilo que consideramos ideal do eu é forjada, de modo a que se busca a
completar isso que o outro espera de si.
d) Supereu
Existe, também, nessa instância uma importante relação com o ideal do eu, uma
vez que, segundo Chemama:
Lacan propõe a função paterna (ou um terceiro que interdita a relação dual mãe-filho)
como instauradora da lei simbólica no sujeito. É uma releitura do complexo de Édipo em
Freud, que pensa o pai como um significante. A metáfora paterna está ligada à instalação do
significante fálico como significante central de toda a economia subjetiva. O pai, no
complexo de Édipo, não é um agente real: trata-se do pai simbólico, e, mais exatamente, o pai
é uma metáfora;
Os três tempos:
Tempo 1: Percepção de que a mãe/genitor ora está presente, ora ausente. A partir da ausência
da mãe, o bebê se questiona acerca do desejo da mãe, este (o desejo da mãe) é o significante
fundante do sujeito, o S1. O que marca o primeiro tempo é a identificação imaginária da
criança com o desejo da mãe, o falo. A questão que o bebê aqui vive é: ser ou não ser o falo?
A primeira posição que a criança ocupa é de objeto.
Tempo 2: nesse momento intervém o segundo significante (S2) fundante do sujeito foi
chamado por Lacan de “o Nome-do-Pai”. A criança se desidentifica desse lugar de falo e
passa a atribuir que isso que a mãe deseja é algo que o outro tem ou não tem. O pai, ou
terceiro, se apresenta como o objeto que a mãe deseja além do bebê, e o bebê atribui o falo ao
essa pessoa. A questão aqui é ter ou não ter o falo? A criança passa da posição de objeto para
a posição de sujeito, mas não ainda um sujeito dividido.
No nível simbólico, o pai ou terceiro aparece como significante que representa a Lei, aquilo
que a criança não consegue se sobrepor e nem deve. Isso tem consequências fundamentais na
constituição do sujeito. A criança se confronta com a castração, com a falta constitutiva.
Segundo Lacan, a pulsão escópica é a pulsão que tem como objeto o olhar. O olhar,
enquanto pulsão, ganha destaque em vários momentos na história da psicanálise. É através do
olhar do outro que o sujeito se constitui. A pulsão escópica ganha especial importância na
fase do estádio do espelho, momento fundamental na constituição do eu. Freud explica que o
“objeto do instinto escopofílico, contudo, embora também a princípio seja parte do próprio
corpo do sujeito, não é o olho em si.” (FREUD, Sigmund. 1915, p. 137). Para além das
pulsões parciais colocadas por Freud, Lacan aponta duas outras: o olhar e a voz.
Referências bibliográficas:
Lacan, Jacques. (1975) Le Séminaire. Livre XX. Encore, 1972-73. Ed. Jacques-Alain Miller.
Paris: Seuil, 1975. p. 75
ROUDINESCO, Elisabeth & PLON, Michel. Dicionário da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 1998.
FORTES, Pâmela Cador. Pulsão Escópica: A relação entre o olhar e a fantasia na psicanálise.
Tese (Trabalho de Conclusão de Curso). 2014. 36 f. Curso de psicologia,
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Ijuí, 2014.