Higienização de materiais

e biossegurança
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Identificar os riscos associados à aplicação da maquiagem.

„ Descrever as normas de biossegurança e as boas práticas na aplicação
da maquiagem.
„ Listar produtos e técnicas de higienização dos materiais utilizados
em maquiagem.

Introdução
A maquiagem profissional, assim como outros procedimentos em estética,
apresenta riscos ocupacionais importantes que são expostos aos clientes.
Esses riscos podem ser eliminados ou reduzidos através de conduta
guiada por normas de biossegurança que abrangem uma série de cui-
dados. Por esse motivo, tomar as medidas de biossegurança adequadas
é fundamental para preservar a saúde dos envolvidos.
Neste capítulo, você vai estudar os riscos associados à aplicação da
maquiagem, conhecer as normas de biossegurança e as boas práticas
durante o atendimento. Você também conhecerá os produtos e técnicas
de higienização dos materiais utilizados na maquiagem.

Biossegurança
A biossegurança é uma condição de segurança atingida por um grupo de ações
destinadas à prevenção, minimização ou eliminação de riscos resultantes de
atividades de pesquisa, produção, desenvolvimento tecnológico e prestação de
serviços, que podem comprometer a saúde humana e ecológica (TEIXEIRA;
VALLE, 2010). É, ainda, considerada uma ocupação relacionada às atividades
em que haja risco à saúde humana.
54 Higienização de materiais e biossegurança

O sucesso de um maquiador resulta na junção de vários fatores, dentre eles,

a adoção de condutas éticas e de biossegurança. Hoje, a atuação do profissional
dentro dessas condutas representa um grande diferencial associando conceitos
de beleza, maquiagem e biossegurança.
O processo que envolve as condutas de biossegurança deve ser indicado
através da análise dos riscos que pode haver nesse meio, podendo ser bioló-
gicos, químicos, físicos, ergonômicos e, ainda, riscos de acidentes. Torna-se
fundamental a identificação correta dos riscos que a atividade ocasiona para
que as práticas de biossegurança sejam direcionadas, e tanto o trabalhador no
seu local de trabalho como os clientes envolvidos, sejam protegidos do que
possa ser prejudicial à sua saúde.
No Brasil, a biossegurança para estéticas está legalmente formatada de
acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) N63, de 25 de fevereiro
de 2011, que dispõe sobre os Requisitos de Boas Práticas de Funcionamento
para os Serviços de Saúde, e amparada na portaria do Ministério do Trabalho,
MT nº. 3.214, de 8 de junho de 1978.

No link ou código a seguir, você encontrará a

RDC 63/2011 disponível para download (BRASIL, 2011).

https://goo.gl/evdukt

Piatti (2016) e Ramos (2010) classificam os riscos ocupacionais em cinco

categorias, conforme descrito abaixo:

1. Riscos biológicos: ocasionados por contato com microrganismos (bac-

térias, fungos, parasitas, protozoários, vírus) ou substâncias e objetos
contaminados por eles. Os microrganismos são seres microscópios
encontrados no ar, água, nas superfícies, no ambiente e no organismo
humano.
 Higienização de materiais e biossegurança 55

2. Riscos químicos: ocasionados por contato com substâncias compostas

ou produtos tóxicos, por via respiratória, tópica ou por ingestão, que
possam causar danos ao organismo.
3. Riscos físicos: ocasionados por contato com ruídos, calor, vibrações,
pressões anormais, radiações ionizantes ou não, ultrassom e infrassom,
que são formas de energia que trazem prejuízo aos trabalhadores por
contato constante.
4. Riscos ergonômicos: relacionados a fatores que possam interferir nas
características psicofisiológicas do trabalhador, causando desconforto
ou afetando sua saúde. Contempla danos físicos relacionados à postura e
movimentos do exercício de trabalho e danos emocionais e psicológicos,
relacionados ao estresse envolvido nas atividades.
5. Riscos de acidentes: correspondem a qualquer fator que coloque o
trabalhador em situação de perigo e possa afetar sua integridade física
e bem-estar.

Riscos associados à aplicação da maquiagem

Segundo o Sebrae, o mercado da beleza apresenta elevado crescimento no
Brasil e no mundo e os centros estéticos estão entre os negócios mais rentáveis.
Sendo assim, o fluxo das pessoas nos salões de beleza e estéticas está maior, e
quanto mais pessoas envolvidas, maiores os riscos ocupacionais. Na aplicação
da maquiagem, especificamente, existem muitos riscos que tanto o profissional
quanto o cliente estão expostos caso não sejam tomadas as devidas medidas
de biossegurança.

Riscos biológicos
Quando se considera os riscos biológicos, estes são mais facilmente associados
ao contato com a pele não íntegra, ou seja, com a pele que apresente alguma
lesão que exponha sangue ou secreções biológicas, ou mesmo, com a própria
mucosa. Porém, mesmo com a pele íntegra, ainda há riscos biológicos que
podem afetar a saúde. O contágio biológico pode se dar por diferentes formas:

„ Contato direto: contato físico entre transmissor e receptor, por via

cutânea.
„ Contato indireto: contato com materiais ou resíduos contaminados,
principalmente os perfurocortantes.
56 Higienização de materiais e biossegurança

„ Transmissão ocular: contaminação da mucosa conjuntival por lança-

mentos de gotículas de material contaminado nos olhos.
„ Transmissão aérea: contato por inalação de microrganismos presentes
no ar.
„ Transmissão por veículo: o que mantém o microrganismo vivo até
que este seja ingerido ou inoculado pelo hospedeiro suscetível (água,
cosméticos e sangue).

Os riscos biológicos estão presentes, por exemplo, quando se manuseia

materiais perfurocortantes, durante a troca de lâmina do apontador do lápis de
maquiagem. Podem ser transmitidas várias doenças, como a clamídia - trans-
mitida também através de secreção e feridas abertas de ambos os envolvidos.
Uma transição muito comum ocorre através do compartilhamento do batom
e de outros cosméticos feitos de forma inadequada.
Conjuntivite, dermatites bacterianas, hepatite B e herpes (Figura 1) são
outros exemplos de doenças que podem ser transmitidas devido aos riscos
biológicos. A transmissão da conjuntivite pode ocorrer por contato direto (olho
para olho e mão contaminada) ou indireto (vestuário e proliferação de moscas).
Já as dermatites bacterianas ou fúngicas são por microrganismo proveniente
de materiais contaminados, que sofreram contato direto.

Figura 1. Herpes.
Fonte: Rivitti (2018, p. 577).
 Higienização de materiais e biossegurança 57

Através de sangue e secreção contaminados, pode ser transmitida hepatite B,

doença grave que tem um tratamento muito difícil e pode trazer consequências
sérias, e até mesmo levar à morte. Para que haja a contaminação, basta uma
pequena quantidade de secreção na ferramenta de trabalho.
O herpes pode ser disseminado através do compartilhamento de cosméticos
e utensílios que não foram devidamente higienizados após o uso. Esse vírus
penetra no corpo por infecção da mucosa ou soluções de continuidade da pele,
além de poder ser ativada através de vários estímulos como estresse, trauma,
febre ou luz do sol.
Dessa forma, não é apenas através do sangue que pode ocorrer algum tipo
de contaminação entre profissional e cliente. A gripe, por exemplo, pode ser
transmitida através de um espirro, uma gotícula de saliva expelida durante a
fala, ou mesmo através das mãos, considerando que durante a realização de
uma maquiagem o rosto do profissional e do cliente estão muito próximos,
além do profissional atuar com as mãos em contato muito próximo às vias
respiratória e oral.

Riscos químicos
Todo o procedimento que utilize cosméticos está exposto aos riscos químicos,
levando em conta que todos os produtos químicos são tóxicos — dependendo
da dose e da sensibilidade do organismo exposto.
Reação adversa ou alergia podem ser entendidas como qualquer resposta
do organismo que seja nociva e não intencional, frente a uma substância —
alérgeno — usada em doses recomendadas e normalmente administradas em
seres humanos. A resposta imunológica pode variar a intensidade, algumas são
reações imediatas, como dermatite de contato e urticária; e outras de resposta
prolongada e/ou tardia, como as hipersensibilidades. A hipersensibilidade
pode se manifestar em áreas diferentes da área aplicada. Dessa forma, o risco
químico cosmético pode apresentar sensações de desconforto como:

„ Irritação: processo inflamatório que ocorre na área de contato com

o produto.
„ Sensibilização: processo inflamatório que envolve o sistema imunoló-
gico e desencadeia reação sempre que houver contato com o alérgeno.
„ Efeito sistêmico: resulta da passagem de quaisquer ingredientes do
produto para a corrente circulatória, independentemente da via de
aplicação, gerando reações indesejadas.
58 Higienização de materiais e biossegurança

Riscos físicos
Os riscos físicos na maquiagem estão relacionados ao ambiente de trabalho
como um todo, e se definem como forma de energia que os profissionais e
clientes são expostos no cotidiano. Abrangem, entre outros, temperatura do
espaço, ruídos e principalmente a iluminação.
Para evitar os riscos físicos mais comuns em atendimento de maquiagem,
é importante que a sala de atendimento tenha climatização de ar e seja mais
silenciosa possível, para evitar problemas relacionados à exposição intensa
e constante a ruídos. Quanto à iluminação, deve ser adequada, obedecendo
a aspectos quanti e qualitativos, uma vez que se trata de um procedimento
minucioso que exige uso constante da visão. Uma iluminação inadequada,
fraca ou também muito intensa causa ao profissional: fadiga visual, cefaleia,
tensão dos músculos da face, pescoço e ombros, e diminui a qualidade do
serviço prestado. A disposição inadequada dos mobiliários do ambiente, orga-
nização e limpeza incorreta dos moveis e instrumentos de trabalho, instalação
elétrica imprópria e sem manutenção, e equipamento de proteção individual
inadequado ou não utilizado também são considerados riscos físicos, pois
ameaçam a integridade de cada indivíduo.
Outro exemplo de risco físico é o climatizador de ambiente, que pode
proporcionar ruídos ininterruptos, contribuindo para o aumento de casos
de estresse e mudança de humor, bem como o acúmulo de microrganismos
e sujidade nos filtros, que pode levar à predisposição de doenças das vias
respiratórias ou fadiga física.

Riscos ergonômicos
A ergonomia é a ciência que estuda a relação entre o homem e seu ambiente de
trabalho. Os riscos ergonômicos abrangem os parâmetros de bem-estar físico
e mental do profissional. Entre eles, estão presentes doenças osteomusculares
relacionadas ao trabalho (DORT), provenientes da postura inadequada assu-
mida durante a execução do trabalho, problemas relacionados a esforços e
movimentos repetitivos (LER), inflamações ligamentares, lesões em tendões,
músculos e articulações, dores nas pernas decorrentes de ortostase prolongada
e também estresse. Tais riscos podem gerar distúrbios à saúde, comprometendo
a produtividade e segurança.
Muitos profissionais da área da estética encaram rotinas intensas e repe-
titivas, com jornadas de trabalho longas. Além disso, tem pouco tempo de
descanso entre um atendimento e outro, passam por situações de estresse
 Higienização de materiais e biossegurança 59

e exposição a ambientes de trabalho hostis, com problemas relacionados à

organização do trabalho, como agenda lotada, por exemplo, prejudicando
seu bem-estar emocional. Como consequência, enfrentam dores de cabeça,
cansaço físico e mental, dores musculares, hipertensão arterial, alteração do
sono, doenças nervosas, taquicardia, gastrite, úlcera, tensão, ansiedade, entre
outros sintomas.
É importante saber que más posturas durante os atendimentos são a princi-
pal causa de LER e DORT, por provocar desequilíbrio muscular e compressão
dos nervos, especialmente nos membros inferiores. Também podemos citar a
lombalgia, que é uma grande causadora de morbidade e incapacidade para o
trabalho, perdendo apenas para a cefaleia.
O Ministério do Trabalho e Emprego, na norma regulamentadora 17 (NR17)
(BRASIL, 1990), enfatiza que “[...] o trabalho em pé favorece a incidência do
alargamento das veias das pernas (varizes) e causa edemas dos tecidos dos
pés e das pernas” (COUTO, [2005?], documento on-line). Quanto à posição
de trabalho, a norma diz que “[...] sempre que o trabalho puder ser executado
na posição sentada, o posto de trabalho deve ser planejado ou adaptado para
essa posição” (COUTO, [2005?], documento on-line). A penosidade da posição
ortostática pode ser agravada se o profissional tiver ainda que manter posturas
inadequadas, como inclinação ou torção do tronco ou de outras partes do corpo.

Riscos de acidentes
A possibilidade de ocorrer acidentes e eventos inesperados é o que integra
os riscos de acidentes em biossegurança, que podem causar danos à saúde
ou danos econômicos. Os acidentes podem estar presentes em qualquer es-
tabelecimento e qualquer área de atuação, não sendo diferente em estética.
Sendo assim, são considerados riscos geradores de acidentes o arranjo físico
(espacial) inadequado, assim como o armazenamento de produtos; máquinas
e equipamentos sem proteção, ferramentas inadequadas ou defeituosas, ele-
tricidade, incêndio ou explosão.
Visto tais fatores, é evidente a necessidade de medidas de biossegurança para
prevenção, diminuição ou eliminação dos fatores de risco do ambiente de trabalho.

Normas de biossegurança para maquiagem

Os profissionais maquiadores devem estar atentos às normas de biossegurança
vigentes que regulam a profissão, por serem responsáveis pela maior parte
60 Higienização de materiais e biossegurança

dos danos causados aos clientes, como em alergias, quando não há o devido
teste para verificar a tolerância; e acidentes, caso as instalações do ambiente
não estejam de acordo. Além disso, praticar as normas é dever do profissional,
uma vez que sem o devido cuidado, pode colocar em risco sua vida e a de
seus clientes.
Os estabelecimentos devem respeitar e se adequar à legislação sanitária
vigente, seguindo as Normas de Boas Práticas descritas na RDC 63/2011
(BRASIL, 2011), assim garantindo segurança e qualidade nos serviços
prestados. Para atuar, os estabelecimentos devem possuir o alvará sanitário,
que é um documento expedido pelo órgão sanitário competente, seja estadual
ou municipal, que indica que as atividades executadas estão sob regime da
Vigilância Sanitária. Assim, para obter o alvará, o estabelecimento passa
por uma vistoria específica quanto às instalações e infraestrutura, aos pro-
cedimentos realizados, à esterilização dos materiais, biossegurança, entre
outros itens.
Também é necessário ter um Manual de Rotinas e Procedimentos, con-
tendo procedimentos operacionais padrão (POPs), que são documentos
que descrevem pormenorizadamente os protocolos das atividades execu-
tadas. Com ele, é possível seguir à risca todas as normas obrigatórias para
a profissão.
Existem alguns elementos que devem ser observados na escolha do local
de trabalho. Para a realização do procedimento de maquiagem, deve-se ter
uma sala específica, uma cabine, ou um espaço reservado. Este ambiente
deve contar com estrutura geral: recepção, local de paramentação, lavabo e
sanitário determinado à cliente e profissionais.
O espaço físico deve possuir estrutura adequada: cadeira ergonômica para
cliente, cadeira para o profissional, apoio auxiliar, bancada de trabalho com
tamanho adequado dispondo artigos e utensílios, lixeira com pedais (e não
manual), espelho fixo e móvel, local para lavar as mãos e artigos e armário
para estoque de materiais e produtos.

Uso de equipamentos de proteção

Dentre as principais exigências para a obtenção do alvará e para o devido
funcionamento, está a utilização dos equipamentos de proteção individual
(EPIs), que além de ter extrema importância na garantia da saúde e proteção
do profissional e clientes, minimiza ou ainda evita os riscos ocupacionais. O
Ministério do Trabalho e Emprego, através da NR6 (BRASIL, 2001), define
as obrigações do empregador e do empregado em relação ao uso dos EPIs.
 Higienização de materiais e biossegurança 61

Neste link você encontrará a Norma Regulamenta-

dora 6 (NR 6) — Equipamento de Proteção Individual
(EPI) (BRASIL, 2001).

https://goo.gl/CpPMF6

EPIs são de uso individual, não sendo adequado o uso coletivo por questões
de segurança e higiene. A origem dos EPIs pode ser nacional ou estrangeira,
mas devem ser aprovados no Inmetro, e observado o prazo de validade.
É obrigação do empregador fornecer EPIs adequados ao trabalho e manter
a quantidade necessária para repor sempre que preciso. Além disso, é dever
instruir e treinar os funcionários quanto ao uso, fiscalizar e exigir o cumpri-
mento da norma. O trabalhador, por sua vez, tem a obrigação de usar, conservar
e descartá-los adequadamente, de acordo com o treinamento recebido. A não
utilização ou uso incorreto pode gerar implicações civis e penais.
Piatti (2016) e Ramos (2010) enfatizam os EPIs mais utilizados pelos
profissionais da área da beleza.

a) Luvas de procedimento: protegem as mãos de sujidades, perfuração,

contaminação e transmissão de doenças, proteção contra alergias e der-
matites. Seu uso é indicado sempre que houver possibilidade de contato
com sangue, secreções e excreções, mucosas ou com áreas da pele não
íntegras e durante a manipulação de artigos contaminados e substâncias
químicas, devendo ser descartadas após o uso em cada cliente. Podem ser
confeccionadas em látex ou vinil. No caso da maquiagem, só é necessário
o uso de luvas caso a pele do cliente não esteja íntegra, já que não há
contato com secreções e sangue na aplicação dos cosméticos.
b) Máscara: representa uma importante forma de proteção das mucosas
da boca e do nariz contra a ingestão ou a inalação de partículas e ae-
rossóis contendo microrganismos, especialmente durante a fala, tosse
ou espirro. Nos procedimentos de estética facial, como a maquiagem, o
uso da máscara é de suma importância pela proximidade entre cliente e
profissional, evitando a contaminação cruzada. Este EPI deve ser utili-
zado em todos os atendimentos, para evitar a transmissão de doenças.
62 Higienização de materiais e biossegurança

c) Jaleco: previne a contaminação por exposição a fluidos como sangue e

secreções orgânicas, contra a exposição a produtos químicos, fornecendo
uma barreira de proteção. Pode ser confeccionado com diversos tipos
de tecidos laváveis, e deve ter comprimento até a altura dos joelhos
e mangas longas, de preferência com elásticos nos punhos. O jaleco
impede que os procedimentos da maquiagem sejam realizados apenas
com a roupa do corpo, evitando sujidade dos produtos e do cliente, bem
como a contaminação microbiológica.
d) Touca: seu uso previne a queda dos cabelos (importante fonte de con-
taminação, pois podem conter inúmeros microrganismos) na área do
procedimento. Deve ser descartada após o uso.
e) Calçados fechados: importante para proteger os pés de acidentes com
materiais perfuro-cortantes e agentes químicos.

Higienização das mãos

A higienização correta das mãos é a diminuição ou a eliminação da sujidade
e da maior parte dos microrganismos, já que são partes do corpo que consti-
tuem a principal via de transmissão de bactérias. Para amenizar os riscos de
transmissão cruzada e evitar doenças infecciosas, é fundamental a lavagem
correta das mãos.
A lavagem e desinfecção das mãos podem ser feitas através da ação mecâ-
nica, em conjunto de água, sabão líquido (com pH idêntico ao da pele), sabão
líquido antisséptico e álcool 70% GL.
O uso de água e sabão líquido corresponde ao processo mais simples de
higienização. As preparações alcoólicas vêm como medida de antissepsia
(promove morte de microrganismos) após o processo de higienização, ou podem
substituir a higienização com água e sabão quando as mãos não estiverem
visivelmente sujas. Já o uso do sabão líquido antisséptico é indicado para
casos de surto epidêmico ou precaução de contato com pacientes portadores
de microrganismos multirresistentes.
É necessário seguir um protocolo para a lavagem adequada das mãos. O
processo se inicia pelo acionamento da torneira, umedecendo as mãos com
água. Após isso, deve-se aplicar o sabão líquido, em quantidade suficiente para
formação de espuma, na palma das mãos, sem esquecer-se dos punhos. Depois,
devem-se intercalar os dedos de ambas as mãos, com as palmas encostadas, e
 Higienização de materiais e biossegurança 63

realizar movimentos para frente e para trás. Com a palma da mão direita sobre
o dorso da mão esquerda e os dedos intercalados, friccionar em movimentos
para frente e para trás, de forma que alcance os espaços interdigitais. Deve-se
repetir o procedimento com a palma da mão esquerda sobre o dorso da mão
direita. O próximo passo é dobrar os dedos da mão direita e esfregar as unhas
na palma da mão esquerda, repetindo o procedimento na outra mão.
Após, deve-se realizar movimentos circulatórios com a mão direita em
torno do polegar esquerdo e vice-versa, e com a mão direita em torno do
punho esquerdo, friccionar com movimentos de vaivém, repetindo no punho
esquerdo. Esfregar as palmas das mãos e enxaguar com água corrente, remo-
vendo a espuma completamente, e fazer a secagem das mãos com papel tolha
descartável. É indicado também utilizar o papel toalha para fechar a torneira,
evitando assim a contaminação com germes já presentes pela abertura da
torneira. Ao descartar o papel toalha, deve-se utilizar o pé para abertura da
lixeira. Com as mãos secas, deve-se borrifar álcool 70% GL nas mesmas,
deixando-as secar naturalmente. Esse processo deve ser feito antes e após o
procedimento da maquiagem.

Boas práticas na aplicação

Na realização da aplicação da maquiagem o profissional maquiador deve
estar atento a possíveis contaminações químicas e biológicas, existindo assim
medidas e critérios para prevenir tais contágios.
A aplicação de produtos de maquiagem não pode ser realizada da emba-
lagem diretamente na pele do cliente. O batom não deve ser aplicado direta-
mente sobre os lábios do cliente, e sim colocado sob uma paleta de aço inox
(Figura 2) ou de material descartável, para então ser manuseado com o uso
de pincel — que também estará devidamente higienizado.
64 Higienização de materiais e biossegurança

Figura 2. Placa de metal e espátula.

Fonte: Placa e espátula em aço inox ([2018?]).

Sombras, pós e base também devem ser depositados sobre a placa de metal
para serem utilizados, assim como lápis retratáveis e máscara de cílios. Os
lápis devem ser apontados antes de cada aplicação, retirando a camada externa
que está contaminada.
Quando utilizados materiais compostos por esponjas para aplicação de
base, corretivo e outros produtos líquidos, estes devem ser obrigatoriamente
descartáveis. Já os pincéis são reutilizáveis, desde que higienizados da maneira
correta antes de cada maquiagem.

Técnicas de higienização dos materiais

Os materiais de usos múltiplos em estabelecimentos de saúde e beleza podem
se tornar veículos de agentes infecciosos, e cada material precisa passar por
um processo de higienização específico, de acordo com sua classificação. Os
materiais podem ser críticos, semicríticos e não críticos: os materiais críticos
são os que entram em contato com o tecido subepitelial e sistema vascular,
semicríticos os que entram em contato com a mucosa e/ou pele não íntegra,
e não críticos os que entram em contato com a pele íntegra.
 Higienização de materiais e biossegurança 65

Na maquiagem, os materiais utilizados são não críticos, a não ser que

algum cliente esteja com a pele lesada, classificando-se como não íntegra.
Para a limpeza desses materiais, é necessário o uso de água, sabão líquido e
auxílio de fricção de escovas, por exemplo.
Artigos metálicos podem sofrer oxidação pelo uso de sabões líquidos,
sendo indicado nesses casos o uso do detergente enzimático. É importante
escovar com cuidado todo o material, removendo completamente os resquícios
do detergente com água corrente, pois a remoção inadequada pode provocar
manchas e danos. Após a limpeza, o material deve ser seco sobre toalha limpa
que não solte fiapos ou papel toalha ou em estufa regulada para esse fim.
Especificamente para pincéis de maquiagem, existem produtos específicos
como sprays e soluções de limpeza disponíveis no mercado. Porém, esses
produtos podem não ser suficientes para a desinfecção total do material, por
isso é necessário realizar a limpeza com os produtos descritos anteriormente.
Na limpeza dos pincéis, esses podem ser deixados de molho, com as cerdas
para baixo, em solução de sabão líquido ou detergente enzimático. Não se podem
puxar as fibras, e os pelos secam no formato em que são deixados, por isso,
deve-se arrumar os pelos úmidos e deixá-los deitados para secar (D’ALLAIRD
et al., 2016). Ao fim da limpeza, após os materiais secarem, é necessário que
sejam guardados em local fechado, longe das sujidades do ambiente.
As macas de atendimento, bancadas de trabalho e armários onde são
guardados os materiais também precisam estar sempre limpos e desinfetados,
sendo preciso o uso de papel toalha ou pano limpo embebido em álcool 70%,
utilizando movimento único em um só sentido.

1. De acordo com as definições de c) A biossegurança é uma condição

biossegurança apresentadas,
assinale a alternativa correta.
a) Biossegurança é o risco
biológico, químico, físico,
ergonômico e de acidentes.
b) A biossegurança é uma condição
de segurança atingida quando
ações destinadas à prevenção
de riscos não são cumpridas.
de segurança atingida quando
o objetivo é prevenir, minimizar
e eliminar riscos resultantes
de atividades que podem
afetar a saúde humana.
d) A biossegurança é um grupo de
ações destinadas à eliminação
de riscos, que podem ser críticos,
semicríticos ou não críticos.
66 Higienização de materiais e biossegurança
e) A biossegurança é uma
ocupação relacionada às
atividades em que não
há nenhum risco à saúde
humana, sendo estes riscos
biológicos, químicos, físicos,
ergonômicos ou acidentais.
2. A biossegurança existe para
minimizar e até mesmo eliminar
os riscos ocupacionais. De
acordo com a definição das cinco
categorias de riscos ocupacionais,
assinale a alternativa correta.
a) Os riscos biológicos são
ocasionados por contato com
ruídos, calor, vibrações, etc.
b) Os riscos químicos são
ocasionados por contato com
microrganismos ou substâncias e
objetos contaminados por eles.
c) Os riscos ergonômicos são
ocasionados por contato
com microrganismos ou
substâncias e objetos
contaminados por eles, assim
como produtos químicos que
podem desencadear alergia.
d) Os riscos de acidentes, assim
como os riscos ergonômicos,
são ocasionados pelo ambiente
de trabalho, como contato com
ruídos, calor, vibrações, etc.
e) Os riscos biológicos são
ocasionados por contato
com microrganismos, e os
riscos químicos são gerados
por contato com substâncias
compostas ou produtos tóxicos.
3. Os riscos físicos e ergonômicos
estão muito presentes na aplicação
da maquiagem, relacionados
ao ambiente de trabalho e
com a relação da pessoa com
o trabalho. A respeito desses
riscos, assinale a resposta correta
sobre as medidas adequadas.
a) A sala de atendimento deve ter
ventilação natural, com janelas
que possam ser abertas para
entrar a temperatura ambiente.
b) A iluminação da sala deve ser
adequada, mais clara e intensa
possível, para que não haja
fadiga visual do profissional.
c) As jornadas de trabalho devem
ser mais longas, com ambiente
e agenda organizados, para que
haja mais tempo entre o intervalo
de um atendimento e outro.
d) As jornadas de trabalho devem
ser mais curtas, com ambiente
e agenda organizados para
que o profissional tenha
tempo de descanso entre
um atendimento e outro.
e) O atendimento deve ser feito
sempre com o profissional
em pé, para que não haja
má postura, LER e DORT.
4. Dentre as principais exigências para
a obtenção do alvará necessário
para abertura de estabelecimento,
está a utilização dos equipamentos
de proteção individual (EPIs).
Assinale a alternativa correta.
a) EPIs são de uso coletivo, e é
obrigação do empregador
fornecer e manter a
quantidade necessária para
repor quando necessário.
b) EPIs são de uso individual e
devem ter origem brasileira,
já que é necessário aprovação
no Inmetro, observando
os prazos de validade.
c) É obrigação do funcionário
adquirir EPIs e manter a
quantidade necessária para
 Higienização de materiais e biossegurança 67

repor. O empregador tem a total com álcool 70% GL

obrigação de usar, conservar
e descartar adequadamente.
d) É obrigação do empregador
fornecer EPIs e manter a
quantidade necessária para
repor, além de instruir, treinar
os funcionários, fiscalizar e
exigir o uso. O trabalhador tem
a obrigação de usar, conservar
e descartar adequadamente.
e) EPIs podem ser de origem
nacional ou estrangeira,
desde que sejam de boa
qualidade, não há nenhuma
restrição quanto a isso.
5. Os materiais de usos múltiplos
em estabelecimentos de saúde e
beleza podem se tornar veículos de
transmissão de microrganismos, por
isso devem passar por um processo
de higienização específico. De
acordo com a limpeza adequada dos
materiais, assinale a resposta correta.
a) Como na maquiagem os
materiais são críticos, deve
ser feita a desinfecção
e o uso obrigatório de
detergente enzimático.
b) Para a limpeza dos materiais
utilizados na maquiagem, é
necessário o uso de água, sabão
líquido e auxílio de fricção
de escovas, ou somente o
uso de produtos específicos
para a limpeza de pincéis,
como sprays e soluções
disponíveis no mercado.
c) A limpeza dos materiais deve ser
feita com o uso do detergente
enzimático, não sendo suficiente
o uso de sabão líquido.
d) Para a limpeza dos materiais
é necessário o uso de água,
sabão líquido e auxílio de fricção
de escovas. Após a limpeza, o
material deve ser seco sobre
toalha limpa ou papel toalha.
e) Os artigos metálicos podem
sofrer oxidação pelo uso de
detergentes enzimáticos, sendo
indicado, neste caso, somente
o uso de sabão líquido.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da diretoria colegiada - RDC

Nº 63, de 25 de novembro de 2011. Dispõe sobre os requisitos de boas práticas de
funcionamento para os serviços de saúde. Disponível em: <https://www20.anvisa.
gov.br/segurancadopaciente/index.php/legislacao/item/rdc-63-de-25-de-novembro-
-de-2011>. Acesso em: 21 out. 2018.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 6 - Equipamento de proteção individual
- EPI. Brasília: Ministério do Trabalho e Emprego, 2001. Disponível em: <https://goo.gl/
CpPMF6>. Acesso em: 21 out. 2018.
68 Higienização de materiais e biossegurança

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 17 - Ergonomia. Brasília: Ministério do

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