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BIOSSEGURANÇA
– CEFS
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BIOSSEGURANÇA – RESUMO

Acidente de Trabalho: “acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa [...],
provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou
temporária, da capacidade para o trabalho”. Por outro lado, vários incidentes, isto é, acontecimentos não esperados ou
desejados que não levam a danos, mas reduzem a eficiência da empresa, podem ocorrer durante o trabalho.

Causas do acidente: As causas do acidente podem ser classificadas em ato inseguro, condição insegura ou fator pessoal
de insegurança.

Ato inseguro: É todo comportamento de risco, voluntário ou não, que uma pessoa assume e que pode provocar um
acidente.
Exemplos: manuseio irregular de arma de fogo; falta de manutenção nos equipamentos de segurança; não utilização de
coletes balísticos e capacetes, quando necessários.
Para evitar esse tipo de acidente, o policial militar deve:
Realizar uma avaliação criteriosa das normas de segurança veicular nas viaturas;
Verificar a calibragem de pneus, estepe, extintor de incêndio, funcionamento correto do GPS e do rádio
transmissor;
Cumprir as normas do decálogo do policiamento ostensivo.

Condição insegura: Trata-se de situações existentes no ambiente que podem provocar acidentes.
Exemplos: utilizar uma viatura com problemas de freio em um declive, com baixa luminosidade em período noturno e em
dias chuvosos. Para evitar esse tipo de acidente, o policial militar deve:
Avaliar criteriosamente a cinemática do tipo de acidente, no momento da abordagem;
Observar se há luminosidade suficiente no local da ocorrência para avaliação do acidentado;
Considerar as condições climáticas e geográficas (aclives ou declives) em relação ao tipo de viatura utilizada;
Analisar o tipo de ocorrência em relação ao número de componentes da guarnição;
Fazer uma observação primária de possíveis locais de abrigo em situações de confronto armado.

Fator pessoal de insegurança: Refere-se a problemas pessoais do indivíduo que podem provocar acidentes.
Exemplo: Policial Militar portador de doenças neurológicas que não busca tratamento nas unidades de saúde e continua
realizando serviços externos.

Tipos de Acidentes

Acidente doméstico: É todo acidente acontecido no ambiente interior, seja de uma residência ou mesmo de um espaço
geográfico compreendido intramuros.
Exemplos: explosões de botijões de gás e de panelas de pressão; na parte elétrica, os curtos-circuitos; pisos molhados e
ensaboados; utilização de cadeiras ou outros pequenos móveis em substituição de escadas.

Acidente externo: É todo acidente acontecido em vias públicas, campos e praças. Exemplos: utilização de linha de pipa
com cerol, que podem causar danos graves a pedestres e motociclistas; transpor alambrados desgastados.
Risco e Perigo
Toda condição de trabalho tem seus respectivos perigos, isto é, há sempre fontes ou situações com potencial para gerar
danos à saúde ou à integridade física, ao patrimônio, ao ambiente de trabalho, ou a uma combinação destes. Da mesma
forma, a probabilidade de o perigo se materializar é considerada o risco inerente a cada função.

De acordo com o Ministério de Trabalho (Norma Regulamentadora nº 5), os riscos são classificados em: físicos,
químicos, biológicos, riscos ergonômicos e de acidentes.

Riscos Físicos: São os riscos oriundos das diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores.
Exemplos: ruído, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, ultrassom, materiais cortantes e
pontiagudos e outros.
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Riscos Químicos: Riscos químicos são os resultantes da penetração, no organismo do trabalhador, de substâncias,
compostos ou produtos químicos pela via respiratória, nas formas de poeira, fumo, gases, neblina, névoa ou vapores, ou,
dependendo da natureza da atividade ou da exposição, por meio da absorção através da pele ou por ingestão.

Riscos Biológicos: As bactérias, vírus, fungos, parasitos, entre outros, são agentes de risco biológico. Os agentes de risco
biológico podem ser distribuídos em quatro classes de 1 a 4 por ordem crescente de risco, classificados segundo os
seguintes critérios:
Patogenicidade para o homem;
Virulência;
Modos de transmissão;
Disponibilidade de medidas profiláticas eficazes;
Disponibilidade de tratamento eficaz;

Endemicidade.

O risco ocupacional relacionado a materiais biológicos varia de acordo com a quantidade e o tipo do material biológico
envolvido (sangue, saliva, sêmen etc), forma de exposição (contato, injeção de material biológico), a área exposta ao
material (mucosa, pele, ferida) e as condições clínicas do paciente-fonte.

Riscos de Acidentes: Quaisquer fatores que coloquem o policial em situação vulnerável e possam afetar sua integridade e
seu bem-estar físico e psíquico.
Exemplos: confronto armado, resgate de vítimas em poder de marginais, trabalho com máquinas e equipamentos sem
proteção, probabilidade de incêndio, explosão e outros.

Riscos Ergonômicos: Quaisquer fatores que possam interferir nas características psicofisiológicas do trabalhador,
causando desconforto ou afetando sua saúde.
Exemplos: o levantamento e transporte manual de peso, o ritmo excessivo de trabalho, a monotonia, as atividades
repetitivas, a responsabilidade excessiva, a postura inadequada de trabalho, o trabalho em turnos e outros. Enquadram-se,
ainda, no campo da ergonomia, as características psicológicas, fisiológicas, antropométricas e biomecânicas do
trabalhador. Dessa forma, a ergonomia não só avalia e propõe mudanças para reduzir os riscos ergonômicos, mas
pretende contribuir para satisfazer as necessidades humanas no ambiente de trabalho, promovendo saúde e bem-estar ao
trabalhador.

Higiene Ocupacional
O policial militar deve identificar fatores que possam interferir no cotidiano, avaliar atitudes profissionais em campo e
adotar medidas de precauções que sirvam de subsídio para a melhoria e prevenção de situações de risco a que estão
expostos, as quais incluem a correta utilização dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s), bem como a observação
dos demais princípios básicos de higiene. É imprescindível que o Policial Militar conheça as medidas de prevenção a fim
de evitar as principais doenças infectocontagiosas, com atenção especial àquelas transmissíveis no socorro.

Princípios básicos de higiene e proteção na atividade policial militar


Utilização de equipamento de proteção individual (EPI) apropriado;
Lavagem das mãos;
Atenção na manipulação de materiais e instrumentos;
Cuidado na manipulação de materiais perfuro-cortantes;
Limpeza e desinfecção de superfícies e equipamentos;
Imunização (vacinas).

Doenças Transmissíveis no Socorro


Embora tenha sido documentado que pelo menos 60 patógenos podem ser transmitidos através da exposição aos fluidos
corpóreos, muita ênfase tem sido dada à epidemiologia e à prevenção das exposições ao Vírus da Imunodeficiência
Humana (HIV), Vírus da hepatite B (HBV) e Vírus da hepatite C (HCV), que passaram a representar um sério problema
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de saúde pública. Sobretudo em ocorrências de atendimento pré-hospitalar às vítimas de acidentes, o risco de aquisição de
infecções virais como HIV e hepatites (B e C) é real, podendo variar de 0,09% (em caso de contato de mucosa com
sangue HIV positivo) a 60% (no caso de exposição ocupacional ao vírus da hepatite B). Por isso, equipamentos de
proteção individual, como luvas e máscaras devem estar disponíveis e ser utilizados sempre que exista risco de contato
com materiais biológicos humanos.

Hepatites
Transmissão:
As Hepatites virais B e C possuem via de transmissão parenteral, sexual (esperma e secreção vaginal) e vertical, por
diversos mecanismos, como o compartilhamento de material contaminado, seja para uso de drogas (seringas, agulhas e
canudos), seja para higiene pessoal (alicates de unha, barbeadores, escova de dente), seja para colocação de tatuagens e
piercings, entre outras.
Prevenção:
Use preservativos de látex (“camisinha”) nas relações sexuais;
Evite promiscuidade sexual (múltiplos parceiros);
Não compartilhe agulhas ou seringas;
Use luvas protetoras quando em contato com sangue ou outras secreções corporais;
Evite a ingestão de água e alimentos de origem e condições sanitárias desconhecidas.

Síndrome da imunodeficiência adquirida humana (AIDS)


É causada pelo “vírus da imunodeficiência humana” (HIV). O vírus entra no organismo provocando defeitos no sistema
de defesa contra infecções.
Transmissão:
Contato direto do vírus com o sangue (transfusões, uso compartilhado de drogas endovenosas);
Contato íntimo (sexual) com a membrana mucosa dos olhos, boca, garganta, reto ou vagina;
Parto ou amamentação realizada por lactante contaminada.

Prevenção:
Use preservativos de látex (“camisinha”) em todas as relações sexuais;
Não compartilhe agulhas ou seringas; procure ajuda médica para tratamento;
Evite a promiscuidade sexual (múltiplos parceiros);
Não faça aleitamento materno cruzado (o recém-nascido deve ser amamentado pela própria mãe, evitando-se a “ama
de leite”).

Procedimentos:
Evite o contato com sangue, sêmen e secreção vaginal dos portadores do vírus;
Pessoas com AIDS não precisam e não devem ser afastadas de suas casas, escolas, trabalho ou comunidades, já que
não oferecem risco de contágio apenas pela convivência;

Evite o contato direto com a vítima, principalmente se houver sangue e secreções, pois podem estar contaminadas
pelos vírus da AIDS ou da Hepatite B;
De maneira geral, recomenda-se que os cortes abertos sejam cobertos com bandagens ou tecidos plásticos, evitando o
contato com o sangue da vítima; se não houver disponibilidade de conseguir luvas de látex, podem-se utilizar sacos
plásticos;
Em caso de necessidade de realização do procedimento de respiração boca a boca, utilize alguma proteção para evitar
o contato direto com a boca da vítima; mas vale salientar que não existe qualquer evidência de que a AIDS seja
transmissível pela saliva.

Principais meios de contágio das doenças infectocontagiosas na atividade policial militar


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Contaminação das mãos no contato indireto, por rádio de comunicação, maçanetas, alça de mochila, puxadores de
portas, ou outros objetos contaminados;
Exposição direta dos olhos, boca e mãos às secreções eliminadas pela vítima;
Inalação de vírus e bactérias no ambiente onde a vítima se encontra;
Acidente com material perfuro-cortante;
Inobservância de normas de biossegurança em atividades de primeiros socorros ou durante o próprio processo de
descontaminação de superfícies e materiais.

Biossegurança em Assepsia de Viaturas e Materiais


Quando e porque realizar a assepsia de viaturas e materiais: Em caso de transporte de objetos sujos, contaminados;
Em caso de transporte de feridos (infratores, suspeitos e outras pessoas envolvidas em ocorrências policiais ou o
próprio Policial Militar);

Socorro a vítimas de acidentes;


Socorro de parturientes;
O objetivo é inibir a proliferação de agentes infecciosos e evitar a contaminação dos profissionais.
Materiais: luvas de borracha, papel toalha ou lenço de papel descartável, pano de chão, rodo, hipoclorito de sódio 1%
(solução pronto uso).
Procedimentos:
Reúna os materiais e produtos necessários para executar a limpeza;
Use barreiras de proteção apropriadas para tarefa a ser executada (luvas, óculos de proteção);
Retire a matéria orgânica (se houver) com pano ou papel e despreze em saco de lixo que deverá ser bem vedado;
Realize a limpeza utilizando movimentos em um único sentido;
Coloque a solução de hipoclorito sódio 1% no local de onde foi retirada a matéria orgânica e deixe agir por 15
minutos;
Remova o hipoclorito de sódio da área higienizada;
Limpe com água e sabão o restante da área conforme técnica de dois baldes: (um balde com água e sabão; um balde
com água limpa);
Descarte o lixo em local apropriado

Equipamentos de Proteção Individual (EPIs): é todo dispositivo ou produto de uso individual utilizado pelo
trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. Todo EPI deve
apresentar um certificado de aprovação pelo Ministério do Trabalho, além dos certificados de conformidade de
instituições como o INMETRO. Os EPIs devem estar dentro do prazo de validade.

Equipamentos de Proteção Individual na Atividade Policial Militar

Colete balístico: Destinam-se à proteção, das regiões do tórax e abdome, contra de disparos de arma de fogo.
Atualmente, o uso do colete à prova de balas como equipamento de proteção individual está amplamente difundido
tanto no meio militar quanto no policial, desde as equipes dos grupos de operações especiais, no policiamento
motorizado e até mesmo aos que cumprem o policiamento ostensivo a pé.

Capacetes e Escudos: Destinam-se à proteção do crânio e face em ocorrências onde se verificam possibilidades de
impactos provenientes de arremesso de pedras e similares, golpes com barras metálicas e disparos de arma de fogo, dentre
outros.

Máscara contra gases: A máscara contra gases é um equipamento de proteção individual, que permite a permanência
do homem em atmosfera gaseada, sem que inspire ar contaminado. É o principal meio de proteção individual, tanto em
ambiente químico quanto biológico ou nuclear. Na atividade policial é mais usada por grupos de operações especiais e
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tropas de choque, visto que essas unidades policiais utilizam com maior frequência os agentes químicos, que exigem o
uso deste importante EPI.
Perneiras: As perneiras, mais usadas por tropas de choque e grupos táticos, visam proteger os policiais contra objetos
arremessados por possíveis agressores e pancadas das pernas contra objetos e barricadas durante a entrada em edificações.

Luvas e balaclavas: Confeccionados em NOMEX ou ARAMIDA, esses equipamentos têm o objetivo de proteger o
usuário de chamuscamento no rosto e nos braços, causados pelo lançamento de coquetéis molotov ou outros artefatos
incendiários que possam vir a ser lançados contra a tropa ou por barreiras incendiárias.

AVALIAÇÃO GERAL DA VÍTIMA


Análise do Cenário: Ao se deparar com o local de acidente ou desastre, o policial militar, antes de atender à (s) vítima
(s), deve observar alguns fatores de extrema importância que preservarão sua segurança e de sua guarnição e auxiliarão no
diagnóstico das lesões sofridas pela(s) vítima(s). Tais fatores são os seguintes:
Cinemática do trauma;
Neutralização do perigo;
Observação inicial do acidentado.

Portanto, é necessário seguir uma rotina no atendimento, desde o deslocamento para o local do acidente ou desastre,
passando pela chegada à área de socorro, remoção e condução da ocorrência. Vejamos cada tópico separadamente.

Cinemática do trauma
Observação do local onde aconteceu o acidente, dos problemas apresentados e avaliação do local em relação ao risco para
o policial militar e sua equipe.

Neutralização do perigo
Deparando-se com o local de acidente ou desastre, é dever da guarnição analisar a área como um todo. Quando
identificada uma situação de risco pela equipe, o policial militar deve procurar imediatamente neutralizá-la ou removê-la,
manter a calma, afastar os curiosos, isolar e proteger o ambiente, autorizar a atuação de outras pessoas somente se estas
forem qualificadas e identificadas. As situações de risco mais comumente encontradas são:
Emboscada; Proximidade de curiosos; Ataque de animais; Incêndio; Cabos elétricos energizados;
Desabamento; Curto-circuito; Vazamento de combustível.
Exame geral da vítima (avaliação primária)
A observação inicial da vítima é conhecida como Avaliação Primária, e quando bem feita, concorre de maneira decisiva
no sucesso do socorro. Seu objetivo é identificar e corrigir, de imediato, problemas que ameacem a vida a curto prazo.
Assim, na avaliação primária o socorrista analisa o nível de consciência, a presença de pulso palpável (indicativo da
presença ou ausência de circulação), a presença de respiração e a qualidade da ventilação e sinais de hemorragia externa
ou interna, intervindo sempre que necessário.

Avaliação do nível de consciência


Estando o ambiente seguro, o cidadão socorrista, de posse das barreiras de proteção, deve aproximar-se da vítima
posicionando-se com os dois joelhos ao solo e, então, verificar o estado de consciência, fazendo uso da técnica AVDI:
A – Alerta: vítima alerta, acordada;
V – Estímulo Verbal: responsivo a estímulos verbais;
D – Estímulo Doloroso: responsiva a estímulos dolorosos, através da técnica de esfregaço do meio do osso externo,
evitando ao máximo utilizar a torção do mamilo, embora ainda permaneça no protocolo da OMS;
I – Inconsciente: não responsiva.
Em vítimas inconscientes, deve-se avaliar as funções vitais do organismo (batimentos cardíacos, respiração, temperatura,
etc).

Independente do estado da vítima deve-se acionar o serviço de atendimento móvel de urgência (SAMU), a fim de
garantir assistência adequada e sua remoção, caso necessário.

Avaliação da circulação
Deve ser feita deve através da palpação do pulso carotídeo (na carótida), que não deve demorar mais que 10 segundos, e
na ausência deste iniciar as compressões torácicas. Em bebês deve ser utilizada a artéria braquial, palpável na face interna
do braço, entre o cotovelo e o ombro. Ainda nesta fase da avaliação, caso seja constatada a presença de grandes
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hemorragias, deve-se providenciar sua contenção. Pulso fraco, inconsciência, pele fria e pegajosa, de coloração
acinzentada ou pálida são indicativos de uma rápida diminuição do volume sanguíneo resultante de presença de
hemorragia. Logo, o socorrista deve também atentar para uma avaliação rápida destes sinais vitais nesta fase da avaliação.

Avaliação e manutenção de vias aéreas


Estando a vítima inconsciente, deve ser feita a abertura das vias aéreas através da inclinação da cabeça e elevação do
queixo. Em caso de suspeita de trauma medular, deve-se fazer somente a elevação da mandíbula, tomando-se o cuidado
para que as manobras realizadas sejam feitas com a proteção da coluna cervical, isto é, de sem hiperextensão da cabeça.
A seguir abre-se a boca da vítima à procura de objetos estranhos que possam obstruir a passagem de ar para os pulmões,
como: prótese dentária deslocada, dentes quebrados, balas, etc. Deve-se fazer a lateralização da cabeça em caso de vômito
ou secreções abundantes na região oral, a fim de evitar a aspiração e manter desobstruídas as vias aéreas superiores.
Entretanto, A principal causa de asfixia em vítimas inconscientes é a obstrução pela própria língua devido à falta de tônus
muscular. Assim, evitar a queda da língua e manter a permeabilidade das vias aéreas, pode salvar muitas vidas.

Avaliação da respiração
A abertura das vias aéreas por si só não significa respiração adequada, estando a vítima inconsciente é preciso avaliar sua
respiração, para tanto, pode-se apoiar a mão sobre o peito ou costas da vítima, o que irá permitir visualizar e sentir os
movimentos respiratórios. Outro modo seguro é aproximar o ouvido das vias aéreas da vítima de modo a ouvir o som
oriundo da passagem de ar, bem como verificar a presença de ruídos que denotem alguma dificuldade respiratória.
É possível avaliar a respiração e circulação simultaneamente, posicionando dois dedos sobre a artéria carótida e
aproximando seu ouvido do nariz e boca da vítima. Assim, você terá uma noção mais rápida da respiração e
circulação, poupando tempo.

Exame físico
O exame físico deve ser feito através da inspeção e palpação do corpo da vítima, no sentido céfalo - caudal, isto é, da
cabeça até os pés. Ao examinar devemos saber o que estamos procurando, pois do contrário os sinais aparecerão e
passarão despercebidos podendo levar a complicações diversas ou até mesmo ao óbito.

Cabeça e pescoço:
Observar a coloração da face;
Verificar a existência de corpos estranhos nas vias aéreas;
Pesquisar hemorragias, ferimentos ou queimaduras no nariz e nos olhos;
Verificar se a vítima consegue abrir os olhos e se enxerga bem;
Observar os ouvidos;
Apalpar delicadamente todo o crânio, verificando se há depressões nos ossos;
Apalpar o pescoço e checar o pulso carotídeo;
Apalpar a coluna vertebral da nuca até os ombros, procurando por deformidades.

Coluna vertebral
Correr a mão pela coluna desde os ombros até a região sacra, procurando irregularidades ou sensações dolorosas;
Se suspeitar de fratura de coluna, toda movimentação deverá ser evitada.

Tórax e membros superiores


Pesquisar ferimentos no peito, dor ao respirar ou ao comprimir o tórax;
Tentar localizar dores nos ombros, cotovelos, punhos ou entre essas regiões, procurando luxações ou edemas
(inchaços);
Estando a vítima inconsciente, fazer esta avaliação com mais cuidado, pois os parâmetros de dor e incapacidade
funcional não podem ser pesquisados.

Abdômen e membros inferiores


Procurar ferimentos, rigidez muscular ou dores abdominais;
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Pesquisar dor e incapacidade funcional nos membros inferiores, deformações e edemas;


Observar quanto à possibilidade de ter havido fratura do osso da pelve e hemorragia interna.

Atenção! É importante procurar nos documentos qualquer informação sobre possíveis doenças de que a vítima
seja portadora.

Suporte Básico de Vida


É um conjunto de procedimentos encadeados em sequência fixa, caso a vítima apresente para respiratória ou
cardiorrespiratória, que visa manter as funções vitais mínimas (circulação e respiração) até a chegada de auxílio
especializado. Os passos básicos do Suporte Básico de Vida são chamados de “ABC da Reanimação”, na verdade, CAB
de acordo com o novo protocolo preconizado pela Associação Americana do Coração em 2010.
C = Manter funcionando a circulação e controlar grandes hemorragias;
A = Manter a permeabilidade das vias aéreas com estabilização da coluna cervical;
B = Assegurar uma boa respiração.

Assim, a sequência de procedimentos do suporte básico de vida é:

Reconhecimento rápido da parada cardíaca e início imediato das compressões torácicas com vistas à reanimação
cardiopulmonar e manutenção da circulação;
Ação rápida diante de qualquer vítima que se torne inconsciente com atenção à abertura de vias aéreas e manutenção
de sua permeabilidade, procedendo a respiração de resgate para vítimas em parada respiratória;

Reconhecimento e tratamento da obstrução das vias aéreas por corpo estranho.

Parada cardíaca
A parada cardíaca representa uma situação de emergência muito grave e requer tratamento imediato. A falta de circulação
sanguínea no organismo decorre da falta de bombeamento por parte do coração, leva à falência sucessiva de vários órgãos
do nosso corpo, iniciando-se pelo cérebro, pois os neurônios não suportam mais que cinco minutos sem oxigênio para
realizar seu metabolismo. Da mesma forma, há a falência dos outros órgãos, determinando, em poucos minutos, a morte
do indivíduo.
Ausência de batimentos cardíacos e pulsação;
Ausência de respiração;
Inconsciência;
Lábios, unhas e língua com coloração azulada ou arroxeada (cianóticos);
Palidez excessiva;
Pupilas dilatadas.

Reanimação cardiopulmonar (RCP) em adultos


Procedimentos:
Para que os procedimentos de RCP sejam eficazes, a vítima deve ser posicionada sobre uma superfície plana e rígida
em decúbito dorsal (ditada de costas no solo). A cabeça não deve ficar mais alta que os pés, para não prejudicar o fluxo
sanguíneo cerebral;
Apoie a palma de uma das mãos sobre a metade inferior do esterno;
Coloque a outra mão sobre a primeira. Os dedos podem ficar estendidos ou entrelaçados, mas não devem ficar em
contato com o esterno;

A compressão deve ser feita diretamente sobre o esterno, na frequência de, no mínimo, 100 compressões/min,
profundidade igual ou maior que 5cm, sempre permitindo o retorno do tórax após cada compressão;
A força da compressão deve ser provida pelo peso do seu tronco e não pela força de seus braços;
Efetue 30 compressões sobre o esterno seguidas de 2 ventilações;
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O procedimento deve ser repetido até a chegada do serviço médico de urgência.

Lembre-se:
São 30 compressões para duas ventilações sobre o esterno

Reanimação cardiopulmonar (RCP) em crianças de 1 a 8 anos


Procedimentos:
A vítima deve ser posicionada sobre uma superfície plana e rígida em decúbito dorsal;
As compressões devem ser realizadas na metade inferior do esterno, sempre evitando o apêndice xifoide (ossinho que
fica no final da frente das costelas, logo abaixo do esterno), com 1 ou 2 mãos, o que determina se será necessária a
utilização de 1 ou 2 mãos é o diâmetro anteroposterior (AP) da vítima;
A frequência das compressões deve ser, no mínimo, de 100/min e no máximo de 120/min, se for realizar apenas
compressões, com profundidade de no mínimo 1/3 do diâmetro torácico, cerca de 5 cm, sempre permitindo o retorno total
do tórax à sua posição inicial, após cada compressão;
Assim como na RCP em adultos, a relação de compressões/ventilações deve ser de 30 compressões para 2
ventilações;
A cada 30 compressões e 2 ventilações é denominado 1 ciclo;
Deve-se minimizar as interrupções nas compressões, não demorar mais de 10 segundos entre a última compressão de
um ciclo e a primeira compressão do ciclo seguinte;
O procedimento deve ser repetido até a chegada do serviço médico de urgência.

Reanimação cardiopulmonar (RCP) em bebês de 0 a 1 ano de vida


Procedimentos:
Deitar a criança sobre uma superfície firme;
Traçar uma linha imaginária nos mamilos, colocar 2 dedos logo abaixo da linha intermamilar e comprimir o tórax no
esterno, em linha reta, numa profundidade de 1/3 da altura anteroposterior do tórax, cerca de 4cm;
A frequência das compressões deve ser, no mínimo, de no mínimo 100 compressões por minuto. O tórax deve
retornar à sua posição normal após cada compressão.
No atendimento com apenas um socorrista, realizar 30 compressões e 2 ventilações;
Na existência de dois socorristas, um profissional deve realizar compressões torácicas, enquanto o outro mantém a via
aérea aberta e executa ventilações a uma razão de 15 compressões e 2 ventilações, com interrupções mínimas nas
compressões torácicas.
O procedimento deve ser repetido até a chegada do serviço médico de urgência.

Parada respiratória
A parada respiratória é a suspensão súbita dos movimentos respiratórios que pode ou não se acompanhada de parada
cardíaca. Em geral, o fluxo sanguíneo cerebral inadequado, resultante de acidente vascular cerebral, choque ou parada
cardíaca pode afetar gravemente o centro respiratório encefálico, responsável pelo controle da respiração, provocando
então a parada respiratória. Entretanto, uma parada respiratória pode ser provocada também quando a oxigenação do
sangue for muito reduzida, mesmo que a quantidade de sangue que circula pelo encéfalo seja normal. Nesses casos, a
vítima pode apresentar uma parada respiratória completa ou realizar esforços respiratórios ineficazes – respirações
“agônicas”, geralmente associados à contrações de músculos de braços e pernas.

Sinais:
O peito da vítima não se mexe quando ocorre parada dos movimentos respiratórios;
Os lábios, língua e unhas ficam azulados (cianótico).

Causas:
Gases venenosos, vapores químicos ou falta de oxigênio;
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Envenenamento com ingestão de sedativos ou produtos químicos;


Abalos violentos resultantes de explosão;
Pancada na cabeça ou no abdômen;
Choque elétrico;
Soterramento;
Afogamento.

Tão logo seja evidenciada a parada respiratória ou respiração anormal em uma vítima, deve ser realizada a reanimação
pulmonar através das respirações de resgate.

Método de respiração boca a boca (para adultos)


Procedimentos:
Coloque-a deitada de costas, levante seu pescoço com uma das mãos e incline a cabeça dela para trás, mantendo-a
nesta posição;
Verifique se há qualquer objeto obstruindo a boca ou a garganta da vítima;
Use a mão que levantou o pescoço para puxar o queixo da vítima para cima, de forma que a língua não impeça a
passagem do ar;

Feche bem as narinas da vítima usando o polegar e o indicador;


Coloque sua boca com firmeza sobre a boca da vítima;
Sopre para dentro de sua boca até notar que o peito está se levantando;
Deixe-a expirar livremente;
Repita o movimento 12 a 18 vezes por minuto.

Método boca a boca/nariz (para crianças e bebês)


Procedimentos:
Deite a criança com o rosto para cima e a cabeça inclinada para trás;
Levante seu queixo de modo que fique projetado para fora;
Conserve a criança nessa posição de forma que a língua não obstrua a passagem de ar;
Coloque a boca sobre a boca e o nariz da criança, soprando suavemente até notar que seu peito se levanta;
Deixe-a expirar livremente;
Tão logo a criança expire, repita o método;
Mantenha um ritmo de 12 a 18 ventilações por minuto;
Sempre que possível, pressione levemente o estômago da criança para evitar que este se encha de ar.

Obstrução de Vias Aéreas por Corpo Estranho (OVACE)


Entende-se por obstrução de vias aéreas toda situação que impeça total ou parcialmente o trânsito de ar ambiente até os
alvéolos pulmonares. Uma vítima pode desenvolver obstrução de vias aéreas devido a causas intrínsecas (obstrução das
vias aéreas por relaxamento da língua) ou extrínsecas (aspiração de corpo estranho).

Classificação da obstrução de vias aéreas por corpo estranho (OVACE)


Obstrução leve (parcial): A vítima apesenta sibilos e respiração ruidosa. No entanto, é capaz de tossir e ainda
consegue manter uma troca gasosa satisfatória. Neste caso, o socorrista não realiza as manobras para expelir o corpo
estranho. Deve encorajar a vítima a persistir na tosse espontânea e nos esforços respiratórios, até a chegada do serviço
médico de urgência.
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Obstrução Grave (total): A vítima apesenta aumento na dificuldade respiratória e incapacidade de tossir ou falar.
Pode ainda demonstrar o sinal clássico, universal de asfixia, agarrando o próprio pescoço, apresentando ansiedade e
cianose. Neste caso, a pronta ação do socorrista é urgente, preferencialmente enquanto a vítima ainda está consciente. A
intervenção precoce é fundamental para que o atendimento seja o mais eficaz possível.

Desobstrução das vias aéreas


Em caso de obstrução grave das vias aéreas em vítima consciente, deve-se utilizar a Manobra de Heimlich. Consiste em
um impulso abdominal, o qual eleva o diafragma e aumenta a pressão na via aérea, forçando o ar residual dos pulmões. O
que pode ser suficiente para criar uma tosse artificial e expelir o corpo estranho da via aérea.

Procedimentos:
Em adultos
Posicione-se atrás da vítima, abraçando-a em torno do abdome. Estando a vítima em pé, ampliar sua base de
sustentação, afastando as pernas, e posicionar uma perna entre as pernas da vítima (para evitar que ela caia, caso venha
perder a consciência);
Localizar o umbigo;
Colocar a mão fechada 1 dedo acima do umbigo. A mão do socorrista em contato com o abdome da vítima está com o
punho fechado e o polegar voltado para dentro. A outra mão é colocada sobre a primeira;
Aplicar 5 compressões abdominais sucessivas, direcionadas para cima.
Conferir se a vítima voltou a respirar expelindo o objeto;
Se necessário, reposicionar e repetir os ciclos de 5 compressões, até que o objeto desobstrua as vias aéreas, ou a
vítima perca a consciência;
Se a vítima ficou inconsciente, apoiá-la cuidadosamente até o solo e iniciar manobras de reanimação cardiopulmonar
(30 compressões torácicas e 2 ventilações). Reavaliar a cada 2 minutos (5 ciclos) ou se a vítima mostrar sinais de
desobstrução, respiração espontânea e circulação);

Se a vítima for menor que o socorrista, o mesmo poderá posicionar-se de joelhos atrás da mesma para a realização da
manobra de Heimlich;
Se a vítima estiver grávida ou for obesa, compressões torácicas devem substituir as compressões abdominais.

Atenção!
A manobra de Heimlich é perigosa e poderá provocar lesões internas graves. As principais complicações são lesões
de vísceras abdominais como o fígado e o baço e a regurgitação de material do estômago com bronco aspiração.
Sendo, portanto, recomendada apenas para crianças maiores de 1 ano e adultos.
Sempre encaminhe a vítima ao médico após a aplicação da Manobra.

Em Crianças
As técnicas utilizadas caso a vítima seja uma criança são semelhantes às efetuadas em um adulto, variando apenas a força
com que são aplicadas. Sendo assim:
Estimule a criança a tossir;

Se a tosse for ineficaz, aplique 5 pancadas interescapulares;


Se a criança continuar com obstrução, deve-se iniciar a Manobra de Heimlich (5 compressões abdominais);
Repita sucessivamente séries de 5 pancadas interescapulares e 5 compressões abdominais, até o objeto sair.

Em bebês
Coloque a vítima em decúbito ventral com a cabeça mais baixa do que o resto do corpo, suportando a cabeça com
uma mão e apoiando o tórax sobre o antebraço e/ou coxa;
Aplique 5 pancadas interescapulares (entre as omoplatas, com a mão em forma de concha) para remover o objeto;
Se não surtir efeito, inicie 5 compressões torácicas (em vez das 5 compressões abdominais que se efetuam caso a
vítima seja um adulto), com a finalidade de deslocar o objeto;
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Continue a executar 5 pancadas interescapulares, alternando com 5 compressões torácicas, até o objeto sair.

Hemorragia – Conceito: Hemorragia é a perda de sangue devido ao rompimento de um vaso sanguíneo, veia ou artéria,
alterando o fluxo normal da circulação. As hemorragias podem ser internas ou externas, espontâneas ou provocadas (nos
ferimentos), causadas por lesões da parede vascular de natureza inflamatória, traumática ou tumoral. Em situações de
ferimentos graves com hemorragias de grande vulto, o tempo é o fator determinante para a sobrevivência da vítima,
muitas vidas são perdidas por falta de preparo e de conhecimentos básicos no atendimento de urgência.

Classificação da Hemorragia
Quanto ao tipo:
Arterial: decorrente de um rompimento de uma artéria é a mais grave e também a mais difícil de ser controlada. É
caracterizada por um sangue vermelho vivo que jorra da ferida, em geral aos jatos, e espumoso. Mesmo uma ferida
perfurante pequena em uma artéria pode produzir uma hemorragia que ameace a vida;
Venosa: provém de camadas mais profundas do tecido, decorrente do rompimento de uma veia. É menos perigosa do
que a arterial e de mais fácil controle. O sangue sai vermelho escuro e escorre da lesão. Em geral, não ameaça a vida, a
não ser que a lesão seja grave ou a hemorragia não seja controlada;
Capilar: é causada por escoriações que lesiona minúsculos capilares imediatamente abaixo da superfície da pele. O
sangue goteja lentamente a partir da lesão. Em geral, diminui ou mesmo cessa em poucos minutos.

Quanto à localização:
Externas: derivadas de ferimentos na pele ou estruturas mais profundas, acompanhadas de lesão muscular;
Internas: derivadas de lesões em órgãos internos, podendo o sangue se exteriorizar ou não.

Hemorragia interna (não exteriorizada)


A hemorragia interna não exteriorizada é resultante de um ferimento profundo com lesão de órgãos internos, como em
traumas abdominais e torácicos. O sangue não aparece. É a mais grave, já que normalmente seus sintomas são
identificáveis apenas quando a vítima já perdeu em torno de um litro de sangue e começa a apresentar sinais de choque
hipovolêmico.

Sintomas: pulso fraco e rápido, pele fria, sudorese, sede intensa, palidez, mucosas descoradas, calafrios, ansiedade,
tonteira, podendo haver perda de consciência (estado de choque). Deve-se atentar também para sinais como, distensão do
abdome, tensão exagerada em uma extremidade ou hematoma expansivo.

Procedimentos: Para a vítima que apresente hemorragia interna, nada poderá ser feito no atendimento pré-hospitalar, no
sentido de estancar o sangramento. A vítima necessitará ser encaminhada rapidamente ao hospital de referência equipado
com recursos humanos e materiais, pois o controle da hemorragia é potencialmente cirúrgico. Entretanto, alguns
procedimentos podem ser adotados no sentido de se evitar o choque, tais como, manter a vítima deitada, com a cabeça
mais baixa que o corpo, exceto se houver suspeita de fratura de crânio ou derrame cerebral, quando a cabeça deve ser
mantida elevada. Aplicar compressa de água fria ou sacos de gelo na região afetada, agasalhar a vítima e, se não houver
fraturas, manter os membros elevados. Lembrando-se de lateralizar a cabeça da vítima caso ela esteja inconsciente.

Hemorragia interna (exteriorizada)


Facilmente detectável, pois, apesar de ocorrer em órgãos internos, o sangue exterioriza através de cavidades naturais. No
caso de epistaxe (nariz) e/ou otorragia (ouvido) por fratura de crânio, o sangramento é de pequena quantidade e pode sair
acompanhado de líquido encefalorraquidiano. Não se deve tentar conter esse sangramento nem introduzir qualquer
material para tamponar.

Hematemese
Sangue lançado sob a forma de vômito com ou sem restos alimentares. Essas hemorragias provêm do estômago, se
manifestam com náuseas e vômitos de sangue escuro.
Procedimentos: mantenha a vítima deitada de costas sem travesseiro, aplicando sacos de gelo sobre a região epigástrica
(boca do estômago), e não lhe dê nada pela boca. O atendimento médico é indispensável.

Epistaxe
Hemorragia na mucosa nasal ou que flui através das fossas nasais devido ao traumatismo crânio-encefálico ou a processos
hipertensivos.
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Procedimentos: solicite que a vítima se sente e aperte a narina que sangra durante 5 minutos. Aplique compressas
geladas sobre o nariz com a cabeça inclinada para frente. Coloque um tampão de gaze por dentro da narina. Se a
hemorragia continuar, o atendimento por médico é necessário.

Hemorragia externa
Em geral a hemorragia externa ocorre em ferimentos abertos, como por exemplo, em cortes, avulsões, traumas
penetrantes e evisceração. O controle imediato de hemorragias pode salvar vidas, por isso deve-se identificar e tratar a
hemorragia já na avaliação primária da vítima. Uma grande hemorragia quer seja de origem arterial ou venosa, se não for
controlada de imediato, eleva consideravelmente o potencial de morte da vítima. Hemostasia é o processo utilizado pelo
socorrista para se estancar uma hemorragia externa, ou mesmo uma hemorragia interna exteriorizada, como no caso da
epistaxe (hemorragia nasal). A aplicação da pressão direta controla a maioria das hemorragias externas até a chegada do
serviço médico de urgência ou o transporte da vítima para um serviço de emergência.

Procedimentos:
Mantenha a região que sangra mais elevada que o resto do corpo;
Use uma compressa ou pano limpo e seco sobre o ferimento pressionando com firmeza para estancar a hemorragia;
No caso de evisceração, deve-se cobrir as vísceras com compressas úmidas. Não se deve tentar recolocar as vísceras
no interior do abdômen;

A compressa não deve ser retirada do local. Se estiver encharcada, deve-se colocar uma nova compressa sobre a
mesma, mantendo-se a pressão no local do sangramento.
Caso necessário, utilize uma atadura, uma tira de pano, gravata ou outro recurso que tenha à mão para amarrar a
compressa e mantê-la bem firme no lugar;
Caso não disponha de uma compressa, feche a ferida com dedo ou comprima com a mão, evitando uma hemorragia
abundante;
Após o controle da hemorragia, um curativo compressivo deve ser mantido no local da lesão;
Aplique torniquete principalmente em caso de membros amputados, esmagados ou dilacerados;
Conserve o torniquete no local mesmo cessada a hemorragia, apertando-o se necessário.

A hemorragia abundante e não controlada pode levar à morte em 3 a 5 minutos.

Como confeccionar um torniquete?


Com uma tira de pano larga, envolva o membro acima do ferimento;
Faça um nó e coloque um material rígido (pedaço de madeira, cano etc.) sobre o nó, fazendo outro nó;
Gire o material rígido até observar que a hemorragia parou;
Caso as extremidades de um membro dilacerado ou esmagado estejam presas ao corpo, deve-se observá-las
periodicamente, se estas estiverem cianóticas, deve-se afrouxar o torniquete até que a coloração das mesmas volte ao
normal e apertar em seguida;
Nunca utilize materiais finos, como fio, barbante etc. na confecção do torniquete devido à maior probabilidade de
causar danos às artérias e aos nervos superficiais.

Observação:
Em caso de membros amputados, não deixar de conduzir a parte amputada também para o hospital, pois pode ser
possível o seu reimplante.

A gravidade das hemorragias depende basicamente de três fatores fundamentais:


Quantidade de sangue perdido;
Rapidez da perda sanguínea;
Local da hemorragia.
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A avaliação da coloração da pele, temperatura e umidade, contribui para saber a gravidade e quantidade de sangue
perdido.

Estado de choque - Conceitos


O estado de choque é um estado de grande enfraquecimento do corpo ocorrido quando a descarga de sangue por parte do
coração não é suficiente para o enchimento das artérias, nem o sangue possui pressão suficiente para irrigar os órgãos
vitais, especialmente o cérebro.
O corpo humano tem entre 4 a 5 litros de sangue circulante. A perda de 20% desse volume acarretará danos muitas vezes
irreversíveis. Por isso, a necessidade premente do atendimento aos casos de hemorragias e da identificação dos tipos e
localização.

Causas
O estado de choque pode ser provocado por: queimaduras graves, ferimentos graves e extensos, esmagamentos, perda
excessiva de sangue, acidentes por choque elétrico, ataque cardíaco, exposição a extremos de calor ao frio, dor aguda,
infecções, intoxicações alimentar, fraturas, grande perda de líquidos (diarreia e vômitos).

Principais Tipos de Choque:


Choque hipovolêmico (perda de sangue e fluido, desidratação);
Choque cardiogênico (insuficiência de bombeamento do sangue);
Choque distributivo:
─ Psicogênico (emoções violentas e intoxicações por barbitúricos e tranquilizantes);
─ Séptico (por toxinas de bactérias circulantes no organismo durante processo infeccioso);
─ Anafilático (alérgico);
─ Neurogênico (hipotensão).

Choque hipovolêmico
O choque hipovolêmico é o mais comum e ocorre em casos de hemorragias (perda de plasma e hemácias) ou desidratação
(perda de líquidos em geral, em casos de vômitos, diarreias e nas grandes queimaduras).
A rapidez com que uma vítima desenvolve o choque depende da velocidade de perda de volume sanguíneo. Logo, uma
vítima aparentemente estável, caso não tenha sua hemorragia controlada, pode evoluir em pouco tempo para o estado de
choque.

Classificações do Choque Hipovolêmico


O choque hipovolêmico ou choque hemorrágico (choque decorrente da perda de sangue) pode ser dividido em quatro
classes, dependendo da gravidade da hemorragia:
Hemorragia classe I – perda de até 15% do volume sanguíneo (até 750 mL de sangue) pulso levemente acelerado e
ansiedade discreta;
Hemorragia classe II – perda de 15% a 30% do volume sanguíneo (de 750 a 1.500 mL de sangue), aumento da
frequência respiratória aumentada, pulso rápido e fraco, ansiedade branda;
Hemorragia classe III – perda de 30% a 40% do volume sanguíneo (1.500 a 2.000 mL de sangue), frequência
respiratória acelerada, pulso rápido e fraco, ansiedade e confusão mental (sinais clássicos de choque);
Hemorragia classe IV – perda de mais de 40% do volume sanguíneo (mais de 2.000 mL), frequência respiratória
acelerada, pulso rápido e fraco, confusão mental grave ou perda de consciência (estado de choque grave com risco de
evolução para óbito em poucos minutos).

Choque Cardiogênico

O choque cardiogênico, ou falha na atividade de bombeamento do coração, resulta de causas que podem estar diretamente
relacionadas à lesão do próprio coração (causas intrínsecas – arritmia; disfunção das válvulas cardíacas; lesão do músculo
cardíaco) ou relacionadas a problemas fora do coração (causas extrínsecas – presença de sangue no saco pericárdico
decorrente de trauma; pneumotórax hipertensivo, decorrente de lesão penetrante do tórax).
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Choque Distributivo

O choque distributivo pode ocorrer em virtude da perda do controle do sistema nervoso sobre a musculatura dos vasos
sanguíneos (psicogênico e neurogênico) ou em consequência da liberação de substâncias que causam vasodilatação em
resposta a reações alérgicas ou infecções graves (anafilático e séptico).

Principais Sinais de Choque


Embora diferentes entre si, tanto no aspecto fisiológico, quanto em sua origem, o choque deriva do mau funcionamento
dos sistemas do organismo, resultando num conjunto de sinais característicos, os quais incluem:
Redução do nível de consciência, ansiedade, desorientação, agressividade, comportamento bizarro;
Pulso rápido e fraco, hipotensão arterial;
Respiração rápida e superficial;
Pele fria e úmida, palidez ou cianose, sudorese intensa;
Náuseas e vômito.

Procedimentos de Socorro a Vítima:


Uma vez que a hemorragia é a causa mais comum de choque em vítimas de trauma, todo choque deve ser considerado
hemorrágico até que se prove o contrário, priorizando-se a identificação e controle imediato da hemorragia externa. Caso
não haja evidência de hemorragia externa, deve-se suspeitar da presença de hemorragia interna.
Avaliar o nível de consciência, acalmar a vítima, coloca-la deitada e efetuar hemostasia, se for o caso;

Afrouxar as roupas da vítima e aquecê-la;


Imobilizar fraturas se houver (fraturas fechadas podem se transformar em fraturas expostas, na ausência de
imobilização, rompendo vasos importantes e resultando em hemorragias);
Elevar os membros inferiores (caso não sejam evidenciadas fraturas).
No Atendimento sob Fogo, o uso de torniquetes em hemorragias de membros é o padrão. O "auto auxílio" e o "auxílio a
colegas" são componentes cruciais do atendimento sob fogo. A auto aplicação de um torniquete em uma lesão balística na
artéria femoral, com risco de morte, por exemplo, poderá salvar a vítima, assim como impedir a exposição desnecessária
dos profissionais de saúde ao fogo hostil. Os benefícios relacionados à mortalidade claramente compensam o baixo risco
de comprometimento nervoso ou vascular.

Conclusão
O estado de choque é resultado de um mau fornecimento de oxigênio aos órgãos. Pode ser cardiogênico, séptico,
anafilático ou resultante de hemorragias. Em geral, os sintomas são: pele fria, pegajosa e pálida; torpor; pulso fraco;
aumento da frequência cardíaca; suor exacerbado; inconsciência total ou parcial e respiração irregular, em geral curta e
rápida.Quando a hemorragia é de ferimento leve, pode-se controlá-la por meio de pressão local. Nos ferimentos graves,
deve-se colocar a região ferida em plano mais alto e pressionar o ponto com o uso do dedo ou mão. Em hemorragias
internas no abdômen, deve-se manter o paciente deitado com a cabeça mais baixa que o tronco, aplicar compressas frias
no provável ponto hemorrágico, afrouxar as roupas e retirar próteses ou alimentos do interior da boca. Em geral, lesões
abdominais e torácicas podem estar associadas ao choque hemorrágico. Nestes casos, na ausência de extravasamento de
sangue, deve-se suspeitar de hemorragia interna e priorizar os procedimentos para evitar o choque. No caso de
evisceração, devem-se cobrir as vísceras com compressas úmidas. Não se deve tentar recolocar as vísceras no interior do
abdômen.

TRAUMAS
O trauma pode ser definido como toda lesão corporal resultante da exposição à energia (mecânica, térmica, elétrica,
química ou radiação) que interagiu com o corpo em quantidade acima da suportada fisiologicamente.

Tipos de Trauma:

Traumatismo Crânio-Encefálico (TCE)


O TCE trata-se de uma lesão advinda de uma força externa, podendo ser acidental ou por um ato de violência, resultando
no rompimento anatômico do couro cabeludo, crânio, meninges e encéfalo, necessitando de cuidados de emergência e
atenção especial no intuito de evitar comprometimentos severos resultantes de possível lesão cerebral.
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As fraturas de crânio podem ocorrer na calota craniana (superfície) ou na base do crânio, atingindo as estruturas ósseas
internas. Havendo lesão cerebral, o TCE pode tornar-se bastante grave.

Sangramento e/ou saída de outros líquidos pelos ouvidos, nariz e boca (náuseas e vômitos) ou alteração na mobilidade
dos olhos e pálpebras, pupilas desiguais (anisocoria); Deformidade no crânio que podem ser palpáveis (depressão ou
abauluamento); Fraturas da base do crânio podem ser evidenciadas pela presença de equimose periorbital (“olhos de
guaxinin”) e/ou pelo Sinal de Battle (equimose retroauricular).

Sintomas: a vítima pode estar inconsciente ou apenas confusa, pode apresentar frequência respiratória e pulso acelerados,
bem como, alteração de movimentos. Convulsões e agressividade também podem ser observados.

Procedimentos:
Se a vítima estiver consciente – faça algumas perguntas, como: o seu nome, para onde estava indo, nome do pai, nome da
mãe etc. Se ela demorar a responder, deve-se começar a pensar em traumatismo craniano.
Em caso de inconsciência ou inquietação – deite a vítima de costas e afrouxe suas roupas, principalmente em volta do
pescoço, e a agasalhe. Coloque a cabeça da vítima mais elevada que o corpo. Se houver saída de líquidos, vire a cabeça da
vítima para o lado em que os líquidos estiverem saindo e não tente contê-los.
Havendo hemorragia em ferimento no couro cabeludo – coloque uma compressa ou pano limpo e seco, sem pressionar,
para proteger a ferida e conter a hemorragia. Mantenha desobstruídas as vias aéreas, acompanhe os sinais vitais todo o
tempo, principalmente o estado de consciência e os sinais neurológicos,

Traumatismo Raquimedular (TRM)


O TRM é um trauma comumente decorrente de quedas, choque no fundo de piscinas após mergulho de cabeça e fraturas
em chicotada (movimento brusco de frente para trás da cabeça) após acidentes de trânsito. Neste caso, pode haver o
comprometimento da estrutura da coluna vertebral e da medula espinhal.

Sinais: paralisia (falta de reflexos), perda ou aumento exagerado de sensibilidade, emissão involuntária de urina ou fezes,
ereção peniana contínua (priapismo), deformidade em topografia da coluna.

Sintomas: Dor, dor com movimentação, formigamento, amortecimento ou fraqueza, dificuldade para respirar, paralisias e
tetraplegias temporárias ou definitivas.

Procedimentos: Deixe a vítima deitada onde se encontra, promova a estabilização da cabeça e pescoço, impedindo os
movimentos da vítima. Mantenha as vias aéreas desobstruídas. Observe a respiração e esteja pronto para iniciar
respiração boca a boca. Acione o serviço de emergência e mantenha a vítima imóvel até a chegada do mesmo. Se
possível, a vítima deve ser mantida aquecida.

Procedimentos de improviso de imobilização da coluna cervical: Um colar cervical eficiente pode ser improvisado
utilizado peças do fardamento do policial militar ou da vestimenta da própria vítima. Para tanto, os seguintes
procedimentos devem ser observados:

A aba da cobertura deve ser posicionada entre o peito e queixo da vítima, limitando os movimentos da cabeça. Os
coturnos devem ser posicionados com os solados voltados para a cabeça da vítima, estabilizando-a.

O próprio calçado da vítima (tênis ou sapatos) pode ser empregado nas laterais da cabeça para estabilizá-la.
Pode-se utilizar ainda uma calça, uma toalha de banho ou um pedaço de papelão para improvisar o colar cervical.
Em todos os casos, um cinto deverá ser utilizado para fixar o colar cervical improvisado.

Vale a pena lembrar!


Quando há suspeita de fratura na coluna vertebral, toda movimentação deve ser evitada. Em hipótese alguma se deve
flexionar a coluna da vítima. O perigo desse tipo de fratura não é apenas a ruptura do osso, mas também a lesão da
medula espinhal pelos fragmentos ósseos produzidos. As consequências para o acidentado serão mais graves quanto mais
altas forem as vértebras atingidas.

Técnicas de retirada de capacete


A retirada do capacete de uma vítima de acidente faz-se necessária quando a mesma se encontra inconsciente, apresenta
respiração ruidosa ou suspeita de parada cardiorrespiratória. Entretanto, vale lembrar que nestes casos os sujeitos
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envolvidos tratam-se de vítimas de trauma, com possível lesão raquimedular. Desse modo, a simples retirada do capacete
pode movimentar a cabeça e piorar traumas no crânio e na coluna. Portanto, é imperativo manter essa região cervical
estável durante a retirada do capacete. Para isso, dois socorristas são necessários.

Procedimentos:
Um socorrista estabiliza o conjunto capacete/cabeça, enquanto o outro solta a presilha que prende o capacete na região
do maxilar;
Após a abertura desta trava, o socorrista irá estabilizar o maxilar da vítima com uma das mãos e proporcionar apoio
para a cervical passando sua outra mão ou antebraço por baixo da nuca da vítima, estabilizando todo o conjunto;
Em seguida o outro socorrista retira o capacete com movimentos suaves para cima e para baixo, tendo cuidado na
passagem do capacete pelo nariz da vítima;
Uma vez retirado o capacete, faz-se a abertura das vias aéreas e manutenção da permeabilidade das mesmas, sempre
com estabilização da coluna cervical e da cabeça.

Traumas de Tórax: Os traumas de tórax podem apresentar lesões associadas, como fratura de esterno e das costelas e
vértebras. Além disso, é nessa região que estão os grandes vasos, como a artéria aorta, cujo traumatismo pode levar a
óbito na maioria dos casos. Como ocorre com outras formas de lesão, o trauma torácico pode ser causado por mecanismos
contusos ou penetrantes. Podendo então ser classificados da seguinte forma:

Quanto ao Tipo de Lesão:


Lesão Penetrante (Trauma torácico aberto): Há perda da continuidade da parede torácica. Os mais comuns são os
causados por arma branca e por arma de fogo.
Lesão Contusa (Trauma torácico fechado): Não há rompimento da parede torácica. O tipo mais comum dessa
categoria de trauma é representado pelos acidentes automobilísticos.

Quanto ao Agente Causal


Arma de fogo (FAF);
Arma branca (FAB);
Acidentes Automobilísticos;
Outros.

Procedimentos de socorro aos principais tipos de trauma de tórax

Fratura de costelas – As fraturas de costelas são as lesões mais comuns do tórax. Costelas fraturadas podem levar a
perfurações pulmonares caso se movam.

Sinais e sintomas: dor no local da fratura, dor ao respirar (movimentos respiratórios curtos), crepitação óssea.

Procedimentos:
Na ausência de ferimento externo, posicione o braço da vítima em uma tipoia e oriente a mesma para evitar
movimentação e torção do tronco sobre o local da lesão. Estimule a vítima a manter inspirações profundas e a tossir para
evitar o colapso pulmonar. Deve ser evitada a imobilização de costelas com bandagem firme ou ataduras que envolvam
todo o tórax devido à predisposição ao desenvolvimento de
colapso pulmonar e pneumonia.
Havendo perfuração da parede do tórax, o pulmão se fecha, impedindo os movimentos respiratórios (pneumotórax).
Nesse caso, faz-se necessário fechar o orifício com curativo, coloque sobre o ferimento uma gaze, um pano limpo para
impedir a penetração de ar através do ferimento, fixando com um cinto ou atadura, que deve circundar o tórax sobre o
curativo, mantendo fechado o ferimento, sem apertar muito para não prejudicar os movimentos respiratórios da vítima.

Tórax instável – Ocorre quando duas ou mais costelas adjacentes são fraturadas em pelo menos dois lugares, fazendo
com que um segmento da parede torácica passe a não apresentar mais continuidade com o resto do tórax. Em geral está
associado à contusão pulmonar.
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Sinais e sintomas: Deformidade visível do tórax (afundamento), crepitação óssea, dor ao respirar, dificuldade para
respirar profundamente, respiração paradoxal (enquanto uma área contrai, a região fraturada retrai), dispneia e expressão
de ansiedade, pois o movimento respiratório paradoxal do segmento fraturado e a contusão pulmonar dificultam a
ventilação e as trocas gasosas.

Procedimentos:
Acalme a vítima e observe a frequência ventilatória estando atento para uma possível piora do quadro, acione o serviço
móvel de urgência para remoção imediata da vítima ao atendimento hospitalar;
Tentativas de estabilização do segmento instável devem ser evitadas devo ao risco de comprometer ainda mais a
movimentação da parede torácica.

Trauma penetrante – São traumas abertos do tórax, geralmente provocados por objetos capazes de atravessar a parede
do tórax (armas brancas, projeteis de armas de fogo ou outros) causando um ferimento através do qual o ar penetra no
tórax causando o colabamento do pulmão (pneumotórax).
Sinais e sintomas: insuficiência respiratória evidente, ansiedade, pulso fino e rápido, presença de orifício ou lesão na
parede torácica que pode produzir ruídos audíveis de aspiração durante a inspiração, com borbulhamento durante a
expiração.

Procedimentos:
Feche a lesão através da aplicação de um pedaço papel metálico ou um plástico, fixado em três lados na parede torácica
(curativo de três pontos), o qual irá permitir a saída do ar na expiração e ao mesmo tempo impedir sua entrada na
cavidade torácica durante a inspiração.
Acione o serviço móvel de urgência para transporte rápido da vítima ao atendimento hospitalar.

Objetos encravados no tórax (armas brancas, pedaços de vidro, lascas de madeira, ferragens, etc.) jamais deverão ser
removidos. Deve-se promover a estabilização do objeto através de um curativo compressivo volumoso firmemente preso
ao tórax e providenciar o transporte da vítima para o ambiente hospital.

Lesões Traumo-Ortopédicas: São aquelas que afetam as condições anatômicas e/ou funcionais do esqueleto e estruturas
associadas.

Entorse (rotação) – É o deslocamento temporário das superfícies de uma articulação. Caracteriza-se mais como um
traumatismo ligamentar.

Distensão (estiramento) – É a tração excessiva ou violenta de um músculo, nervo ou ligamento de uma articulação, que
provoca seu deslocamento temporário.
Luxação – É o deslocamento permanente da superfície que compõe uma articulação, a qual perde, assim, suas relações
anatômicas e funcionais.

Sinais: Em todos os casos citados os sinais serão semelhantes, com dor, edema e perda da função da articulação.

Procedimentos: Os procedimentos de socorros também serão semelhantes: imobilize a região afetada e aplique gelo (não
aplique nada quente).

Fratura – É a ruptura ou perda da solução de continuidade de um osso ou cartilagem. As fraturas podem ser simples ou
fechadas, nas quais a pele encontra-se íntegra, apesar de o osso ter sido quebrado, ou expostas ou abertas nas quais o osso
está exposto. Há perda da capacidade de movimento na região da fratura, dor intensa e edema local (inchaço por acúmulo
de líquidos).

Fratura simples ou fechada

Sinais: dor espontânea e ao toque, contratura muscular local, impotência funcional (dificuldade de movimentação),
sensação de atrito no local (entre as extremidades do osso quebrado). Em algumas fraturas fechadas, há alteração no
formato do membro, o que torna seu diagnóstico mais fácil (em crianças, muitas vezes não se observam deformidades).
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Procedimentos: Exponha o membro fraturado (cortando a roupa da vítima se preciso) e imobilize a fim de impedir o
deslocamento das partes quebradas para evitar maiores danos, já que as agudas arestas do osso quebrado poderão rasgar o
tecido e os órgãos adjacentes. Se possível eleve o membro para diminuir o edema e aplique gelo.

Fraturas expostas ou abertas

Sinais: o tecido é rompido estabelecendo-se uma comunicação com o ambiente, ocorre, ainda, a exposição ao meio
externo dos fragmentos ósseos quebrados (é muito grande a possibilidade de infecção nesses casos).

Procedimentos: Exponha o membro fraturado (cortando a roupa da vítima se preciso), faça de imediato, um curativo
oclusivo na região onde há o sangramento, para evitar hemorragia. Em seguida, imobilize o membro da mesma forma que
na fratura simples. Neste caso a extremidade óssea exposta não deve ser reposicionada de modo intencional a fim de
evitar contaminação local. Ocasionalmente, porém, os ossos retornam a sua posição quase normal quando realinhados
pelos espasmos musculares observados em casos de fratura,

Fratura da pelve

Este tipo de fratura é muito difícil de acontecer em um acidente, mas não é impossível. O osso que geralmente quebra ou
fratura é o osso da região pubiana, e faz com que esse tipo de fratura se torne mais grave, devido à perfuração de órgãos
internos, como bexiga, intestinos etc. Por isso a necessidade de todo o cuidado namovimentação ao primeiro sinal de
fratura desse tipo. Geralmente, nesses casos, as pernas tendem a se encontrarem em forma de “bailarinas”, uma para cada
lado, e não há por parte da vítima nenhum reflexo de rotação dos pés.

Procedimentos: imobilize os membros do jeito em que se encontram até a chegada da ajuda especializada.

Aplicação de técnicas de imobilização com improviso: Pode-se improvisar uma imobilização utilizando-se jornais,
revistas, papelão, um cinto, o cadarço do coturno ou da guia do armamento, faixas de tecidos, garrafas pet, etc.

Procedimentos:
Utilize papelão, revista ou qualquer objeto capaz de manter fixa a parte afetada. Passe em volta, com a técnica de nó de
“rabiola”, um cadarço, barbante, faixa de tecido ou gaze, evitando o nó no local do edema.
A imobilização da fratura deve impedir a movimentação de uma articulação acima e uma abaixo do local da fratura e,
quando a lesão for na articulação, imobilize um osso acima e um abaixo da articulação afetada.
No caso de fraturas expostas, deve-se controlar a hemorragia, utilizando um pano limpo sobre o ferimento e imobilizar
o membro lesado com o material disponível, deixando espaço para a extremidade óssea exposta a qual pode ser
estabilizada antes da imobilização.

Vale a pena lembrar!


A imobilização inadequada ou a manipulação não cuidadosa de um membro fraturado pode converter uma fratura fechada
em uma fratura exposta, bem como, aumentar muito a hemorragia interna das extremidades ósseas, do tecido muscular
adjacente ou de vasos lesionados.

Técnicas de Manipulação e Transporte Acidentados

Contudo, antes de escolher a técnica mais adequada para o transporte o socorrista deve certificar-se de que a respiração e
os batimentos cardíacos estão estáveis, de que as hemorragias estão contidas e de que lesões ortopédicas estão
imobilizadas. Além disso, deve-se considerar a gravidade das lesões, o estado geral da vítima (consciente ou inconsciente;
tipo de trauma) e a possibilidade de agravamento deste quadro. Na existência de apenas um socorrista e necessidade
extrema de remoção da vítima, o mesmo pode ser realizado com apoio lateral simples ou nas costas. Havendo dois
socorristas, o transporte da vítima pode ser realizado em uma cadeira ou no colo. Os socorristas podem, ainda, montar
uma cadeirinha com os braços ou segurando a vítima pelas extremidades. Entretanto, essas técnicas são usadas
preferencialmente quando a vítima está consciente e apresenta ferimentos leves.
Para vítimas traumatizadas, conscientes ou não, o melhor transporte é a maca ou padiola. Para isso, são necessários dois
socorristas. Na necessidade de montar uma maca improvisada, podem ser utilizados cabos de vassoura ou tubos de ferro
enrolados com um cobertor ou camisas abotoadas. A vítima deve ser transportada cuidadosamente em decúbito dorsal.
Havendo três ou mais socorristas disponíveis, o transporte pode ser feito com o uso de um lençol. Ou, de preferência,
sobre uma superfície plana, rígida e resistente. Independente da superfície em que será realizado o transporte, a
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manipulação de uma vítima de trauma deve ser realizada em bloco, como objetivo principal de resguardar a coluna
vertebral, bem como evitar danos ou agravamento de possíveis lesões existentes na medula espinhal. No entanto, as
vítimas nem sempre estarão ao solo na posição ideal para serem transportadas. Para tanto, podem ser utilizadas diferentes
técnicas de rolamento. Serão descritos a seguir os rolamentos de 90°, rolamento de 180° e a elevação a cavaleiro.

Rolamento de 90°
Indicado para vítimas que se encontram em decúbito dorsal, desde que haja espaço para circulação dos Socorristas ao seu
redor. Deve ser feito preferencialmente para o lado em que a vítima não apresente suspeita de lesão ou fratura. São
necessários no mínimo 3 socorristas para a realização desta técnica.

Procedimentos:
Um dos socorristas deve se colocar o mais próximo possível da cabeça da vítima, com joelhos apoiados no solo e
estabilizar a cabeça e cervical da vítima, mantendo o alinhamento da coluna vertebral.
Os demais se posicionam ao lado da vítima, ao longo de seu
corpo, na altura do tórax e da cintura pélvica, respectivamente. Um dos socorristas posiciona uma das mãos no ombro da
vítima e a outra na lateral da cintura pélvica, enquanto o outro posiciona uma das mãos também na lateral da cintura
pélvica e a outra logo abaixo do joelho da vítima.
A superfície a ser utilizada para o transporte deverá ser colocada do mesmo lado em que se encontram as lesões, oposto
ao rolamento, bem junto ao corpo da vítima.
Antes de iniciar o rolamento, um dos socorristas posiciona o braço da vítima, do lado que será realizado o rolamento,
alinhado acima da cabeça. O outro braço poderá estar alinhado ao longo do corpo ou cruzado sobre o tórax.
Os socorristas posicionados ao lado da vítima preparam-se para iniciar o rolamento segurando firmemente e aguardam
o comando daquele que segura a cabeça. O rolamento deverá ser realizado em sincronismo, movimentando o paciente em
bloco, tomando-se o cuidado para que não ocorra a rotação da cabeça.
Uma vez realizado o rolamento, a superfície a ser utilizada para o transporte deve ser posicionada ainda mais próximo
do corpo da vítima.
Finalmente o movimento oposto ao inicial do rolamento irá posicionar a vítima sobre a superfície de transporte.
Qualquer ajuste final do posicionamento da vítima também deverá ser realizado em bloco.

Rolamento de 180°
Indicado para vítimas encontradas em decúbito ventral (barriga para baixo), desde que haja espaço para circulação dos
Socorrista ao seu redor. Do mesmo modo que no rolamento de 90º, são necessários no mínimo 3 socorristas para a
realização desta técnica.

Procedimentos:
Esta técnica é realizada em dois tempos de 90°, atentando para o fato de que, no primeiro movimento, a cabeça
permaneça imóvel para ser alinhada ao corpo. Assim, no segundo movimento, a vítima será rolada em bloco.
Para que as mãos não fiquem invertidas no decorrer do movimento, é muito importante que o socorrista que segura a
cabeça da vítima, ao proceder com a estabilização da coluna cervical, o faça com os polegares apontados na direção do
nariz da vítima.
A superfície a ser utilizada para o transporte deverá ser posicionada do lado oposto ao rosto da vítima. Os Socorristas 2
e 3 se colocarão posicionados sobre este material, trazendo, ao final do rolamento, o corpo da vítima para cima desta
superfície.
As demais etapas do rolamento são semelhantes à realizada no rolamento de 90º. Lembrando-se de realizar o rolamento
no sentido oposto ao lado para o qual a cabeça da vítima se encontrar virada.

Elevação a Cavaleiro
Esta técnica é comumente indicada para vítimas com suspeita de fratura bilateral de fêmur, pelve e ainda em ambientes
onde se tornam inviáveis as técnicas de rolamento. Neste caso, especificamente, não é a vítima que será colocada sobre a
superfície de transporte, mas a superfície de transporte será colocada sob a vítima. Esta técnica proporciona menor
manipulação da vítima, sendo de execução mais simples que as técnicas de rolamento. Entretanto, serão necessárias 5
socorristas para efetuar a manobra.
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Procedimentos:
Um dos socorristas deve ficar responsável pela fixação da cabeça e estabilização da cervical, mantendo a coluna
vertebral da vítima alinhada. Este socorrista também será o responsável pelos comandos de movimentação da vítima.
Os outros socorristas se posicionam de pernas abertas, na altura do tórax, do quadril e da panturrilha da vítima,
respectivamente. Segurando firmemente estas regiões do corpo da vítima, aguardam o comando para elevá-la do solo.
A elevação da vítima deverá ser realizada em sincronismo, movimentando o paciente em bloco, tomando-se o cuidado
para que não ocorra a movimentação da cabeça.
Uma vez elevada a vítima, a superfície de transporte deverá ser posiciona embaixo da mesma, por entre as pernas dos
socorristas.
Por último os socorristas descem a vítima sobre a superfície de transporte. Este movimento também deve ser realizado
cuidadosamente e com sincronismo.

Elevação na Prancha
A superfície a ser usada para o transporte da vítima, idealmente, deverá ser transportada por no mínimo três socorristas. A
fim de evitar danos para a coluna dos socorristas, tanto para elevar a vítima, como também para colocá-la no solo, a ação
deve ser dividida em dois tempos. O socorristas deve tomar o cuidado de manter suas colunas retas e utilizar os músculos
de suas coxas para erguer ou descer o peso.
Sempre que possível, o deslocamento deverá ser feito na direção dos pés da vítima, mantendo seu tronco e cabeça menos
vulneráveis. Durante o deslocamento, caso seja necessário passar por terreno acidentado, ladeiras ou escadas, é
importante atentar para o nivelamento da vítima, ou seja, a cabeça e os pés da vítima devem andar num mesmo plano.

PARTO DE EMERGÊNCIA
Em geral reconhece-se que a grávida está em trabalho de parto quando apresenta fortes e frequentes contrações uterinas.
Além disso, a mulher apresenta enrijecimento do abdômen, perda de líquidos (quando rompe a bolsa), secreção
sanguinolenta vaginal e sensaçãode evacuação. Além, é claro, da observação da cabeça do bebê no canal de parto, que é
sinal inequívoco.
O parto de emergência divide-se em três etapas: pré-parto, trabalho de parto e expulsão da placenta.

Pré-parto: Esse período pode levar 7 horas nas multíparas (mulheres com mais de uma gestação) e 12 nas primíparas
(mulheres de primeira gestação).
São apresentados os seguintes sinais:

Maior frequência de micção e facilidade respiratória (iniciando a descida do bebê no útero e, consequentemente, o
fundo do útero também desce, pressionando a bexiga e liberando a respiração);
Aumento da lordose (dores lombares devido ao estiramento e relaxamento das articulações da cintura pélvica);
Aumenta o volume de secreção vaginal, o muco, pelas glândulas do colo do útero;
Início da dilatação do colo do útero;
Eliminação do tampão mucoso “catarrinho” (formação de muco espessa e gelatinosa com algumas raias de sangue);
Contrações uterinas inicialmente regulares, de pequena intensidade, com duração variável de 20 a 40 segundos,
podendo chegar a duas ou mais contrações em dez minutos.
Trabalho de parto
O trabalho de parto se divide em três estágios: dilatação, expulsão e secundamento.

1º Estágio – Dilatação
É considerado o período mais demorado, e consiste nas modificações que o colo uterino sofre (acontecem as contrações
que levam à dilatação do colo uterino). A dilatação indica a abertura do colo do útero e é expressa em centímetros. As
contrações forçam a descida do bebê, o que provoca a abertura do colo do útero e o aumento do ritmo e da intensidade das
contrações. No final dessa fase, o colo uterino atinge a dilatação máxima de 10 cm e forma-se um único canal entre o
útero e a vagina.
Esse é o período em que a parturiente experimenta desconfortos e sensações dolorosas e pode apresentar reações
diferenciadas como exaustão, impaciência, irritação ou apatia, entre outras.
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2º Estágio – Expulsão
O período de expulsão inicia-se com a completa dilatação do colo uterino e termina com o nascimento completo do bebê.
A parturiente menciona pressão no reto, vontade de evacuar e urgência em urinar. Ocorre distensão dos músculos
perineais e abaulamento do períneo. Nesse momento, inicia-se o coroamento (aparecimento da cabeça do bebê na entrada
da vagina). Esses sinais, observados pela pessoa que assiste o parto, indicam que o nascimento é iminente e o socorrista
deve preparar-se para auxiliar a parturiente. Ela deve ser colocada em posição ginecológica (deitada de costas, joelhos
flexionados e bem separados, pés apoiados na superfície que está deitada) e orientada a respirar tranquilamente,
repousando nos intervalos das contrações para economizar energia. No caso de mulheres em primeiro trabalho de parto
(primíparas), esse estágio pode demorar, em geral em torno de 1 hora. As multíparas tendem a apresentar uma fase
expulsiva rápida, entre 15 a 30 minutos. Ao constatar o coroamento, o socorrista realizará a “proteção do períneo”,
manobra que consiste em aplicar de forma constante um apoio firme, protegendo o períneo com uma das mãos aberta e
coberta por uma compressa (pano limpo), ao mesmo tempo em que a outra faz um leve apoio sobre a cabeça, com a
intenção de controlar a velocidade de desprendimento fetal. No momento do coroamento fetal, a parturiente deve ser
encorajada a realizar força para baixo, durante as contrações. Depois que a cabeça sair totalmente, deve haver um
pequeno movimento de giro (para a direita ou esquerda), e, então, sairão os ombros e o restante do corpo. Com a saída da
cabeça e ombros, o corpo desliza facilmente, às vezes acompanhado de um jato de líquido amniótico.

3º Estágio – Secundamento ou expulsão da placenta


Também chamado de dequitação, esse período tem início após a expulsão do feto e termina com a saída da placenta e
seus anexos. Após o nascimento, as contrações retornam com intensidade bem menor levando a placenta a desprender-se
do útero, saindo, finalmente, pela vagina, levando a bolsa de líquido amniótico vazia.
O desprendimento da placenta é considerado como um processo fisiológico, e deve ocorrer espontaneamente, evitando-se
manipulações e massagens uterinas (compressões no abdome). O Cordão umbilical jamais deverá ser puxado para
acelerar a saída da placenta. Após a saída da placenta, é comum a hemorragia através do canal vaginal. A contração
natural do útero deve diminuir gradativamente este sangramento. Entretanto, deve-se estar atento à perda sanguínea
anormal e ao estado geral da parturiente, até a chegada do serviço médico de urgência.

Possíveis Complicações do Parto


O cordão umbilical pode encontrar-se envolto no pescoço do bebê. Nesse caso, deve-se pedir a gestante para respirar
suavemente e não fazer força para baixo, enquanto que, com muito cuidado, o socorrista examina o estado do cordão. Se
frouxo ele deve ser desenrolado, usando-se os dedos, no sentido face-crânio do bebê, antes que os ombros saiam. Se
muito apertado, havendo a impossibilidade de se desenrolar o cordão, o bebê deve ser monitorado quanto à possibilidade
de hipóxia fetal (diminuição ou ausência do aporte de oxigênio para o feto). Após o nascimento, caso o bebê não esteja
respirando, segure-o, pelas pernas, com a cabeça para baixo, com cuidado para que não escorregue, e dê tapinhas nas
costas. Se ele continuar sem respirar, inicie manobras de reanimação. Outros problemas podem levar ao aumento
demasiado no tempo do trabalho de parto, como por exemplo, quando o bebê apresenta as nádegas em vez da região
craniana no canal de parto. Isso resulta sofrimento para o bebê, podendo haver alterações da frequência cardíaca e
hipóxia, por esse motivo, a parturiente deve ser encaminhada imediatamente ao ambiente hospitalar.

Quando for necessário transportar a parturiente até um hospital, deve-se colocá-la deitada voltada para o lado
esquerdo, com as pernas flexionadas, pois essa posição melhora a ventilação da gestante e do bebê, além de
diminuir as contrações.

Procedimentos de um Parto de Emergência


O parto só deve ser assistido fora do hospital em situação real de emergência, isto é, caso bebê já estiver coroando. Do
contrário, deve-se acionar o serviço médico de urgência e a parturiente deve ser levada para o hospital. Quando da
necessidade de assistência do parto fora da unidade hospitalar, o policial militar deve pedir autorização à parturiente ou
parente que esteja junto, o qual deve acompanhar o parto. Neste caso, os seguintes procedimentos devem ser observados:
Entrevista à gestante
Antes de qualquer procedimento, o policial militar deve, primeiramente, perguntar:
O nome e a idade da mãe;
Se ela realizou exame pré-natal;
Se há indicação de parto gemelar (múltiplo);

Se for o primeiro filho (se for primípara, o período de expulsão do bebê demorará cerca de 1h; este tempo será mais
curto a cada parto subsequente – multípara);
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A que horas iniciaram-se as contrações (checar e anotar);


Se já houve a ruptura do saco amniótico;
Se sente vontade de defecar ou urinar (a mãe não deverá ir ao banheiro se o bebê estiver coroando).

Preparação do ambiente
Coloque a parturiente de costas, com os joelhos dobrados e bem afastados e os pés apoiados sob a superfície em que
está deitada (posição ginecológica);
Não exponha a parturiente a curiosos. Cubra-a com lençóis limpos, se possível;
Se possível, lave bem as mãos, com água e sabão;
Providencie um barbante (cadarço do coturno ou da guia do armamento) para amarrar o cordão umbilical (NÃO
CORTE O CORDÃO);
Providencie um pano limpo para proteger a vagina de possíveis emissões de fezes. Normalmente, a criança nasce com
as vias respiratórias voltadas para baixo e a parturiente pode emitir fezes nesse momento.

Procedimentos
Aguarde que a criança saia gradativamente, com uma mão (entre o ânus e a vagina); segurando com firmeza;
Coloque a outra mão a fim de aparar a cabeça do bebê evitando que saia com violência, nunca tente puxá-la;
Verifique se há circular de cordão, caso haja, desfaça com cuidado;
Coloque a criança de cabeça para baixo, facilitando a saída de secreções;

Avalie a respiração do bebê, estimule-a, se necessário, massageando com movimentos circulares a região das costas
e/ou estimulando a planta dos pés;
Caso o bebê não esteja respirando, peça que a mãe aspire a secreção da boca e do nariz e oriente-a a fazer respiração
boca a boca;
Amarre um barbante (cadarço do coturno ou da guia do armamento) em volta do cordão umbilical, a cerca de 5 cm do
bebê (quatro dedos) para interromper a circulação sanguínea no cordão. A seguir, amarre outro barbante em volta do
cordão umbilical, a cerca de 10 cm do bebê (entre os dois nós, deve haver uma distância aproximada de 5 cm);
Envolva a criança em pano limpo e coloque-a sobre o colo da mãe;
Anote a hora do parto;
Mantenha mãe e filho aquecidos e monitore os sinais vitais;
Controle a hemorragia da mãe com absorvente higiênico ou pano limpo e mantenha suas pernas unidas e elevadas.

Cuidados
Não interfira no processo do parto;
Certifique-se de que a parturiente não apresenta nenhum distúrbio grave (hemorragia, dor de cabeça excessiva, perda
de consciência) e que mantém a respiração.
A partir do coroamento, a parturiente deve ser instruída a respirar profundamente nos intervalos das contrações e
superficialmente (respiração cachorrinho) durante as contrações;
Não lave a película de cor esbranquiçada que cobre o corpo do recém-nascido; ela é uma proteção para a pele dele;
Nenhuma medida deverá ser tomada com relação aos olhos e ouvidos do bebê;
Limpe as vias aéreas (nariz e boca) do bebê usando um pano limpo. Não use líquidos de qualquer natureza;

Não puxe a placenta pelo cordão umbilical; a expulsão desta se dará com a continuidade das contrações uterinas;
Após a saída da placenta, coloque-a em um pano úmido ou saco plástico;
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Tranquilize a mãe, fazendo-a sentir-se o melhor possível e registre todos os dados da ocorrência;
Transporte à mãe e a criança ao hospital e não deixe de levar a placenta.

ATENDIMENTO EM DESMAIO OU SÍNCOPE: Síncope ou desmaio é a perda súbita e transitória da consciência,


associada à incapacidade de manutenção do tônus postural, com recuperação total e espontânea, podendo ser resultado de
um grande número de alterações devido a uma redução transitória do fluxo sanguíneo cerebral e consequente redução da
oxigenação, suficiente para alterar as funções cerebrais normais.
Os sintomas são palidez generalizada e repentina, tontura, fraqueza, sudorese abundante, respiração e pulso fracos, enjoo,
náuseas e vertigem, pressão arterial baixa, extremidades frias, escurecimento da visão e, mais raramente, convulsões.
Classifica-se em cardíaca, quando ocorre redução do débito cardíaco efetivo, seja por arritmia, disfunção miocárdica ou
mesmo obstrução ao fluxo sanguíneo. As síncopes não cardíacas são classificadas como neurológica, psiquiátrica, por
disautonomia, hipotensão ortostática e vasovagal ou neurocardiogênica. Quando, apesar de extensa investigação não
invasiva, a causa não pode ser explicada, chama-se síncope de origem indeterminada.

Técnicas de Socorro ao Desmaiado: Caso a pessoa esteja apresentando os sintomas característicos da síncope, mas
ainda não tenha desfalecido, sente-a em uma cadeira, curve-a para frente com a cabeça baixa (entre as pernas),
pressionando-a para baixo. A pessoa deve ser solicitada a respirar profundamente até passarem os sintomas.
Se o desmaio já aconteceu, afrouxe as roupas, deite a vítima de costas e mantenha sua cabeça e ombros em posição mais
baixa em relação ao resto do corpo, elevando suas duas pernas a cerca de 30 centímetros do chão para facilitar a irrigação
sanguínea e consequente oxigenação do cérebro.
Caso haja vômito ou emissão de outras secreções pela boca, vire a cabeça lateralmente para evitar sufocamento.
Afaste curiosos, se preciso abra janelas para manter o ambiente arejado.
Se o desmaio durar mais de um ou dois minutos, agasalhe o paciente e procure um médico.
Caso você seja a vítima, sentindo que vai desfalecer ao ver uma hemorragia, ferimento, ou por qualquer outro motivo,
abaixe imediatamente a cabeça ou, então, sente-se e curve-se para frente com a cabeça entre as pernas, mais baixa que os
joelhos, e respire profundamente.

Cuidados no Socorro ao Desmaiado: Em geral, a vítima de desmaio rápido com recuperação de consciência pode ser
transportada apenas com um apoio, isto é, passando seu braço por trás da nuca do socorrista, o qual deve segurar a vítima
passando o braço, em diagonal, por trás das costas da mesma. Caso haja duas pessoas para o socorro, pode-se realizar o
transporte na posição descrita, com um socorrista posicionando de cada lado da vítima.
Entretanto, toda pessoa encontrada desacordada sem que alguém relate a cinemática de como ela caiu, deve ser tratada
pelo socorrista como traumatismo crânio encefálico e raquimedular, isto é, necessitando de cuidados e imobilização da
cervical, até que a vítima seja encaminhada a um centro especializado de trauma e seja submetida a exames que
comprovem a integridade do sistema nervoso central, pois a vítima que faz uma síncope cai ao solo sem defesa e acaba
traumatizando a cabeça com consequente reflexo na coluna vertebral.

CONVULSÕES E ATAQUE EPILÉTICO: Em geral, relacionamos convulsões aos ataques epiléticos, mas nem
sempre a correção é verdadeira. É possível que uma pessoa apresente convulsões devido a infecções e lesões cerebrais
(por exemplo, meningite, tumores, hemorragias e traumatismos), hipoglicemia, overdose ou abstinência de drogas, febre
muito alta, entre outras causas.
Convulsão: É uma contratura involuntária da musculatura, provocando movimentos desordenados e, geralmente,
acompanhados de perda da consciência.
Há dois tipos fundamentais de convulsão: tônica e clônica. Além disso, há um tipo que é a soma dos outros dois: tônico-
clônicas. As contrações tônicas se caracterizam por serem sustentadas e imobilizarem as articulações. As clônicas são
rítmicas, alternando-se contração e relaxamento.
Após a crise o paciente apresenta-se confuso por um período curto de tempo (cerca de 1 a 2 minutos ou mais), demonstra
fadiga e sonolência.
Os casos mais comuns de convulsão estão associados à febre alta (principalmente em crianças com menos de cinco anos),
insolação, infecções, AIDS, malária, raiva, sífilis, tétano, toxoplasmose, insuficiência renal ou hepática e hipoglicemia.
Alcoolismo, overdose ou abstinência de drogas ilícitas devem ser causas consideradas em indivíduos sem histórico de
convulsões.
Epilepsia: É uma condição neurológica crônica, de etiologia diversa, caracterizada por crises repetidas de
distúrbios nas funções elétricas cerebrais (as células cerebrais descarregam impulsos elétricos anormais),
resultando em atividade cerebral anormal, que se manifesta, em geral, na forma de contrações repetidas e
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espasmódicas dos músculos de partes distintas do corpo (as convulsões), podendo ser precedida de anomalias
sensoriais e psicológicas.
Os sinais de convulsão e epilepsia são muito parecidos, a pessoa apresenta perda da consciência, enrijecimento muscular,
principalmente do pescoço e extremidades, movimentos espasmódicos, alteração da posição dos olhos, salivação
excessiva.
Muitas vezes, há perda do controle dos esfíncteres urinário e anal. Em casos extremos, pode ocorrer cianose e até parada
respiratória.
Entretanto, convulsão não é sinônimo de epilepsia. Epilepsia é uma doença específica, que predispõe a pessoa a
convulsões, mesmo na ausência de problemas como febre alta, pancadas na cabeça, derrames ou tumores cerebrais, sendo
sua causa sempre de origem neurológica.

Procedimentos
Mantenha a calma e não procure impedir o ataque;
Se possível, procure evitar que a vítima caia e se machuque;
Posicione a vítima em uma superfície plana;
Afaste móveis e objetos duros ou pontudos a fim de evitar que a vítima se machuque com golpes espasmódicos;
Afrouxe as roupas da vítima;
Proteja a cabeça da vítima, faça a lateralização para evitar que sofra asfixia em caso de vômitos ou salivação excessiva;
Monitore a respiração e espere até que a crise passe;
Depois da crise procure mantê-la calma explicando o ocorrido, caso esteja consciente, e que deve receber ajuda
médica;
Coloque a vítima na posição lateral de segurança (vítima inconsciente) e/ou de lado (vítima consciente);

Resfrie crianças febris com toalhas molhadas com água em temperatura ambiente;
Não lhe dê tapas, não jogue líquidos de qualquer natureza, nem lhe ofereça qualquer coisa para beber;
Afaste os curiosos e proteja a privacidade da vítima, que muitas vezes encontra-se fragilizada e confusa;
Deixe a vítima dormir, caso queira e monitore os sinais vitais;
Em caso de crise de epilepsia, muitas vezes, após o primeiro episódio convulsivo, ainda que já tenha recobrado a
consciência, a vítima apresenta uma segunda crise convulsiva. (Crise que dura mais de cinco minutos ou diversas crises
recorrentes indicam uma situação de emergência neurológica conhecida como estado do mal epilético. Nesse caso, o
paciente precisa de atendimento médico imediato);
De qualquer modo, em ambos os casos o atendimento médico faz-se necessário, acione o serviço médico de urgência.

Lembre-se
Durante a crise convulsiva a vítima pode apresentar contratura muscular de velocidade equiparada a um veículo a 150
km/h, portanto, nunca introduza sua mão ou qualquer outro objeto entre os dentes da vítima nem tente segurá-la.
É preciso ficar claro que a vítima jamais conseguirá engolir a própria língua. O máximo que pode acontecer é mordê-la e
feri-la, mas ela cicatrizará sem problemas depois.
FERIMENTOS
Ferimentos são lesões traumáticas da pele ou dos tecidos adjacentes, podendo ocasionar um variável grau de dor,
sangramento, laceração e contaminação. O trauma causado pelos ferimentos penetrantes pode ser estimado pelo
socorrista, classificando os objetos penetrantes em três categorias, de acordo com o nível de energia que possuem:
Armas de baixa energia – são as usadas com a mão (faca, punhal, picador de gelo, tesoura etc.). Produzem lesão
somente com as pontas afiadas ou bordas cortantes.

Armas de média energia – são as armas de fogo como revólveres e alguns rifles (velocidade de até 300 m/s). Produzem
cavidade temporária 3 a 5 vezes maior que o calibre do projétil.
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Armas de alta energia – são as armas de fogo como fuzis, espingardas (velocidade superior a 600 m/s). Produzem
cavidade temporária 25 ou mais vezes, maior que o calibre do projétil.
Tipos de Ferimentos

Ferimentos Abdominais Abertos (Com Evisceração)


Procedimentos
Não toque nas vísceras expostas, nem tente recolocá-las no lugar (intestinos, estômago etc.); evite mexer nesses
ferimentos;
Mantenha-os como estiverem; se estiverem expostos, cubra-os com pano úmido, tomando o cuidado de manter úmido
todo o tempo, e passe uma tira de pano em volta com firmeza sem apertar (o objetivo é proteger os órgãos expostos por
meio de um curativo, evitar que ressequem e minimizar a contaminação);
Não remova corpos estranhos encravados (facas, punhais etc.), os mesmos devem ser estabilizados com auxílio de uma
atadura ou faixa de tecido e ao redor deste deverá ser feito um curativo compressivo, sem apertar;
Não dê à vítima qualquer líquido, pois pode haver extravasamento pelo intestino ferido, contaminando todo o
abdômen.
Caso necessário, a vítima deverá ser transportada com as pernas encolhidas.

Observação
Não oferecer líquidos às pessoas com feridas penetrantes, pois existe a chance de as mesmas serem submetidas à cirurgia
para assegurar a saída do derrame sanguíneo ou para investigação da cavidade. Se houver sede, apenas molhe os lábios
com pano limpo embebido em água.
Ferimentos Extensos ou Profundos
Os seguintes ferimentos exigem pronta atenção médica:
Quando as bordas dos ferimentos não se juntam corretamente;
Quando há presença de corpos estranhos;
Quando a pele, músculos, nervos e tendões estão dilacerados;
Quando há suspeita de penetração profunda de objeto causador do ferimento (projétil, faca, prego etc.);
Se o ferimento é no crânio ou na face.

Procedimentos
Providencie repouso da parte afetada, colocando compressas frias ou gelo sobre o local;

Atente para que a movimentação seja cuidadosa e conduza a vítima para o serviço médico de urgência;
Controle os sinais vitais e esteja pronto para iniciar a respiração artificial.

Ferimento Tipo Avulsão


É lesão que envolve rasgos ou arrancamento de uma grande parte da pele.

Procedimentos
Se possível, e se a pele estiver presa, deve ser recolocada sobre o ferimento, a hemorragia deve ser controlada e, em
seguida, deve-se cobrir o ferimento com curativo estéril fixado com bandagem ou ataduras;
Se a pele foi arrancada, proceder da mesma maneira que no caso de membro amputado, armazenar membro a parte
arrancada em saco plástico ou pano úmido;
Corpos estranhos, como fragmentos de vidro, madeira ou outros que estejam presos aos tecidos lesados e que ofereçam
resistência, não devem ser retirados. Proceda à limpeza ao redor com soro fisiológico, proteja a área afetada e encaminhe
a vítima para tratamento definitivo.
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Objetos Impactados ou Empalados

Procedimentos
Corpos estranhos presos ao corpo da vítima, como facas, estiletes, pedaços de ferro ou outro tipo de material, jamais
devem ser retirados, pois sua remoção pode causar hemorragia grave ou lesar nervos ou músculos próximos ao ferimento.
Estes objetos devem ser estabilizados com curativo volumoso, faixas, ataduras ou outros, se possível fazendo a limpeza
ao redor, e deve-se transportar a vítima

QUEIMADURAS
Queimaduras são lesões corporais produzidas pelo contato com agente térmico (frio ou calor), radioativo, químico,
biológico ou elétrico, podendo causar a destruição parcial ou total das camadas da pele, atingindo músculos, ossos e
órgãos internos. As causas mais frequentes das queimaduras são a chama de fogo, o contato com água fervente ou outros
líquidos quentes e o contato com objetos aquecidos. Menos comuns são as queimaduras provocadas pela corrente elétrica,
transformada em calor ao contato com o corpo, e queimaduras químicas, as quais são lesões cáusticas provocadas por
agentes químicos, em que o dano tecidual nem sempre resulta da produção de calor. A pele é frequentemente o órgão
mais afetado nas queimaduras. Considerada o maior órgão do corpo humano, a pele é a parte do organismo que recobre e
resguarda a superfície corporal, tendo algumas funções importantes, dentre as quais se destacam: controlar a perda de
água e promover a manutenção da temperatura geral do corpo. Além disso, a pele forma uma barreira protetora contra a
atuação de agentes físicos, químicos ou bacterianos sobre os tecidos mais profundos do organismo. A queimadura
compromete a integridade funcional da pele, a magnitude do comprometimento dessas funções irá depender da extensão e
profundidade da queimadura.
Procedimentos de Socorro
O primeiro cuidado é tirar a vítima do contato com a causa da queimadura. Deve-se remover a fonte de calor,
afastando a vítima da chama ou objeto quente. Se as vestes estiverem em chamas, a vítima deve ser orientada a
rolar no solo e nunca correr ou ser envolvida em cobertores que podem ativar as chamas (sempre que for
necessário apagar o fogo do corpo da vítima, o mesmo pode ser feito abafando-o com a devida atenção ao material
utilizado para abafar a chama) Em seguida, deve-se iniciar, o quanto antes, a interrupção do processo de queimadura,
irrigando com grandes volumes de água à temperatura ambiente durante cerca de 10 minutos, podendo chegar a 20
minutos, caso seja necessário.
As vestes devem ser retiradas, desde que não aderidas à pele. Relógios, pulseiras, anéis também devem ser retirados, pois
estes itens podem manter calor residual e continuar ferindo a vítima. Além disso, sua retirada se torna mais complicada
após o desenvolvimento de edema.
A seguir, deve-se verificar a respiração, os batimentos cardíacos e o nível de consciência da vítima. A dor dever ser
controlada cobrindo-se a área afetada com um tecido limpo (com gazes, compressas ou toalhas de algodão, úmidas, em
seguida cobertas por plástico ou outro material impermeável). Vítimas com grande extensão corpórea queimada podem
apresentar hipotermia e evoluir para o choque, portanto devem ser mantidas aquecidas (deve-se resfriar a queimadura mas
aquecer a vítima) e levadas para atendimento hospitalar o quanto antes.

Cuidados Com o Queimado: Não coloque gelo sobre a área afetada. Não estoure bolhas nem retire as roupas e
outros materiais aderidos à pele. Se as bolhas estiverem rompidas, não as coloque em contato com a água. Não
aplique pomadas, líquidos, cremes e outras substâncias sobre a queimadura.
Caso a vítima esteja consciente e sinta sede, deve-se dar água. No entanto, caso a área da queimadura seja muito extensa
(> 20%), a água deve ser recusada.
Nos queimados graves há perdas plasmáticas consideráveis, e a demora na reposição expõe a vítima a grande risco de
desenvolver choque hipovolêmico. Portanto, há urgência na reidratação parenteral em queimaduras de segundo e terceiro
graus superiores a 10% de superfície corporal queimada em crianças e a 15% superfície corporal queimada em adultos.
Assim, o serviço médico de urgência deve ser acionado mesmo antes do início dos primeiros socorros ao queimado.
Cuidado especial deve ser dado no socorro das vítimas de acidentes com eletricidade, as quais não devem ser tocadas
diretamente. A corrente elétrica deve ser desligada e deve-se estabelecer o isolamento. Se não for possível desligar a
corrente elétrica, deve-se tentar afastá-la com objeto isolante, seco. Nestes casos, deve sempre ser lembrado o risco de
parada cardiorrespiratória, devido a arritmias cardíacas resultante da descarga elétrica.
No caso de queimaduras por agentes químicos, deve-se retirar as vestes da vítima e só lavar a área afetada em água após
verificar a natureza da substância (em alguns casos o contato com a água pode agravar a lesão).
Queimaduras por agentes biológicos requerem atenção quanto ao desenvolvimento de reações alérgicas sistêmicas
(choque anafilático). Porém, na maioria das vezes, estas queimaduras podem ser aliviadas irrigando-se com grandes
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volumes de água. Em caso de lesão provocada por água-viva, no entanto, utiliza-se vinagre para alívio dos sintomas de
queimação local.
Independente da gravidade ou natureza da queimadura o atendimento médico jamais deve ser dispensado.

Biossegurança em Procedimentos de Queimados: Como a maior causa de morte entre os queimados é a infecção, esta
deve ser prevenida utilizando, se possível, luvas, máscaras e matérias estéreis para o socorro da vítima. O uso do EPI e a
manutenção da assepsia do local serão importantíssimos para o tratamento posterior da vítima. Além disso, assim como
em qualquer outra situação de emergência, o socorrista deve evitar o contato direto com as secreções da vítima, a fim de
previr contaminações e preservar sua própria integridade.

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